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1 História A Era Napoleônica e o Congresso de Viena. Objetivo Você aprenderá sobre a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder e as consequências políticas, econômicas e sociais da expansão das ideias liberais. Se liga Para mandar bem nesse conteúdo é de suma importância que você tenha visto a matéria sobre Iluminismo e Revolução Francesa ;) Curiosidade Você sabia que boa parte dos artefatos históricos que estão nos museus mais famosos do mundo foram roubados do continente africano, asiático e americano? Napoleão, inclusive, promoveu uma serie de saques no Egito quando empreendeu uma campanha militar na região, em 1798. O próprio museu do Louvre ainda possui várias peças que foram contrabandeadas do Egito e de várias outras regiões. Faz tempo que já existem discussões sobre a devolução dos artefatos roubados para o seu país de origem e cada vez mais os países espoliados vem reivindicando a devolução dos objetos históricos. Teoria O 18 de brumário Durante os conflitos da Revolução francesa, contra as coligações estrangeiras que tentavam impedir o movimento francês, um jovem militar, nascido na Córsega, em 1769, destacava-se a cada batalha e conquistava a admiração dos franceses e uma rápida ascensão. O jovem Napoleão Bonaparte, assim, tornou-se uma das figuras mais emblemáticas do período revolucionário francês e foi fundamental para a mudança nos rumos da revolução e para a disseminação dos ideais burgueses e iluministas pelo mundo. Apesar do período de terror dos jacobinos e das prisões sucessivas de líderes girondinos durante a Convenção, a alta burguesia, no entanto, conseguiu se fortalecer e iniciar o período do Diretório. Com o Diretório e o poder girondino estabelecidos, Napoleão Bonaparte, passou a ser cada vez mais enlevado e visto pelos militares e por grupos da gironda como uma figura essencial para realizar a difícil missão de exaltar o nacionalismo francês, frear o caos das ruas, assegurar algumas conquistas da revolução e ainda enfrentar as monarquias europeias. O sucesso do novo líder e sua popularidade foram tão celebrados que, no dia 9 de novembro de 1799 (o 18 de brumário no calendário revolucionário), com apoio militar e das elites girondinas, Napoleão Bonaparte tomou o poder em um plano orquestrado com Emmanuel Sieyès, estabelecendo na França o Consulado. 2 História O consulado Neste período, os desejos da alta burguesia de uma reorganização interna se consolidaram com a manutenção de um regime republicano, muito próximo aos militares e chefiado por Napoleão, Roger Ducos e Sieyés. Apesar dessa divisão inicial, Bonaparte passou a concentrar os poderes do consulado ao ser eleito primeiro-cônsul e, posteriormente, ao aprovar a Constituição do ano X, que ampliava ainda mais seus poderes. Assim, tinha domínio sobre o exército, sobre a criação das leis e das políticas externas. Essa fase da chamada era napoleônica, portanto, ficou conhecida pela conquista de uma maior estabilidade política, econômica e social, realizada através da criação do Banco da França (o franco como nova moeda), da organização de obras públicas, da construção de liceus, da reaproximação à Igreja Católica (concordata com o papa Pio VII, mantendo a igreja submissa ao Estado), do financiamento da indústria e da agricultura francesa e com a própria elaboração das Constituições de 1799 (Ano VII), de 1802 (Ano X) e de 1804 (Ano XII). Por fim, Napoleão, ainda no Consulado, também estabeleceu o chamado Código Civil Napoleônico (1804), que garantia diversas vitórias burguesas da revolução, como o direito à propriedade privada, ao casamento civil, a igualdade de todos perante a lei e o respeito às liberdades individuais. No entanto, apesar dos direitos conquistados e da liberdade, este governo ficou marcado também pela forte censura à imprensa, perseguição de opositores e pela proibição de greves. Pega a visão: é importante retomar a Revolução Haitiana porque foi durante a Era Napoleônica que a ilha conquistou de fato a sua independência. Napoleão visava restabelecer o controle sobre a colônia americana quando enviou o seu cunhado para capturar os revolucionários e retomar a escravidão, em 1801. Apesar do sucesso inicial da empreitada, em 1804, os revolucionários garantiram sua vitória ao se tornar a primeira república negra fora da África. Além disso, também se tornou um dos poucos países que conseguiram derrotar o exército napoleônico. Porém, o país já nasceu precisando pagar uma série de indenizações para os donos de escravizados e sofreu com a exclusão dos outros países que se assustaram com a dimensão (e o caráter radical) que tomou a revolução feita por escravizados, as elites coloniais passaram a temer que ela pudesse influenciar seus domínios. O Império Com o aumento da popularidade e o sucesso das conquistas, Napoleão, em 1804, através de um plebiscito, foi coroado Imperador dos franceses com a aprovação de 60% da população e, agora, com a força da nova Constituição de 1804 (Ano XII). Napoleão, assim, distribuiu títulos nobiliárquicos e cargos públicos para familiares e beneficiou a elite militar, a alta burguesia e a antiga nobreza na formação de uma nova corte. O novo Estado francês, assim, iniciava um período de glórias, marcado por obras faraônicas, pela expansão territorial, por batalhas e pela disseminação dos ideais iluministas. Pega a visão: apesar de ser considerado um dos grandes responsáveis pela expansão das ideias iluministas, Napoleão era extremamente autoritário, e, como vimos acima, privou uma parte considerável da população francesa de algumas liberdades essenciais. Portanto, vale se questionar: quais ideais foram passados a frente por Napoleão? A quem servia essas ideias? 3 História O rápido crescimento francês, as sucessivas vitórias e o poder do exército assustavam as nações vizinhas, sobretudo a Inglaterra, que temia a perda de seu posto como a grande potência mundial, e do Império Austríaco, que via ameaçado o modelo absolutista-monárquico. Vale ressaltar que o exército francês sob o comando de Napoleão se tornou um dos mais poderosos e temidos do mundo. Logo, os conflitos pela Europa se ampliaram, dando início ao período das chamadas Guerras Napoleônicas. Nesse contexto, territórios como o da Bélgica, Holanda, Espanha e as terras no norte da atual Itália foram conquistados pela Grande Armée e passaram ao controle de parentes ou pessoas próximas a Napoleão, como o caso de José Bonaparte, irmão do imperador francês, que foi Rei de Nápoles entre 1806 e 1808 e depois Rei da Espanha e das Índias, a partir de 1808. Apesar das conquistas, a disputa com a Inglaterra pela hegemonia europeia ainda enfrentava a resistência da gigantesca marinha britânica, que havia vencido os franceses em 1805 na Batalha de Trafalgar. Assim, como resposta ao poderio inglês e a derrota francesa, Napoleão, em 1806, declarou o chamado Bloqueio Continental, visando isolar a ilha britânica do continente Europeu, impedindo que seus navios realizassem comércio e punindo as nações que abrissem seus portos aos ingleses. O bloqueio continental, no entanto, não teve o sucesso esperado pelo império francês, que com uma indústria ainda incipiente não conseguiu ocupar o espaço deixado pela Inglaterra na exportação de bens manufaturados, levando, assim, muitos países a crises de abastecimento e outros a buscarem formas de furar o bloqueio, como Portugal e Rússia. Vale ressaltar que a quebra do bloqueio por parte dos portugueses também foi um imposição inglesa, haja vista que eles estavam profundamente endividados com os ingleses. O furo no bloqueio imposto por Napoleão levou a invasão da Península Ibérica e a mudança da família real portuguesa para sua colônia na América. Visto isso, a estratégia de Napoleão fracassou e o enfraquecimento do novo império francês teve início com a primeiragrande derrota napoleônica, na Rússia, em 1812, que contou com a perda de milhares de soldados. Assim, aproveitando o momento de crise da Grande Armée, uma nova coligação foi feita em 1813, sendo essa a grande responsável pela derrota de Napoleão na chamada Batalha de Leipzig (Batalha das nações), que tem como consequência a invasão de Paris das tropas rivais, a assinatura do Tratado de Fontainebleu (1814), a restauração da monarquia com Luís XVIII e o exílio de Napoleão na ilha de Elba. https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_reis_da_Sic%C3%ADlia_e_N%C3%A1poles https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_monarcas_de_Espanha https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_monarcas_de_Espanha 4 História O governo dos 100 dias Em fevereiro de 1815, com apoio de militares, Napoleão escapou do exílio e retornou à França com grande acolhimento da elite e do povo, prometendo restaurar o Império e as glórias francesas. No entanto, a nova fase de Napoleão Bonaparte como líder francês ficou conhecida como o governo dos 100 dias pelo curto período que durou. Napoleão foi derrotado pela coligação anglo-prussiana na Batalha de Waterloo, que marcou sua derrota definitiva e o exílio na ilha de Santa Helena, onde viveu até sua morte. Por fim, a derrota napoleônica em Waterloo atingiu com força o fluxo de um processo revolucionário que se iniciou com a Assembleia dos Estados Gerais, em 1789 e teve seu auge na formação do Império francês. Essa derrota, apesar de representar o sucesso das potências absolutistas e da nobreza, não significava a morte dos ideais liberais da revolução. A ruína de Napoleão, no entanto, estava acompanhada pelo sucesso de um projeto de expansão dos ideais burgueses que havia atingido todo o mundo ocidental, provocando novos movimentos revolucionários por todo o século XIX. O Congresso de Viena A queda de Napoleão Bonaparte e o Congresso de Viena Em 1814, com o fim das Guerras Napoleônicas e o exílio de Bonaparte, a difusão dos ideais burgueses e liberais pareciam dominadas pelas monarquias europeias, logo, a conjuntura era a ideal para reformas. Assim, três princípios eram idealizados pela nobreza europeia, que visava a restauração dos antigos monarcas e das antigas fronteiras (pré-revolução francesa), a manutenção da legitimidade e dos privilégios nobiliárquicos e a manutenção do equilíbrio político e econômico entre os impérios. Para garantir esses objetivos e afastar os ventos da revolução da Europa, o Tratado de Chaumont convocou diversos governantes, entre 1814 e 1815, a fim de debater os rumos da Europa pós-Napoleão, no chamado Congresso de Viena. Assim, Áustria, Reino Unido, Portugal, Rússia, Prússia, Espanha, Suécia e a própria França se uniram em uma série de reuniões do Congresso de Viena para tomar decisões importantes sobre a Europa e as colônias. Dentre elas, destaca-se principalmente a criação da chamada Santa Aliança, sugestão do Czar russo Alexandre I, que criou um exército único composto por soldados da Áustria, Prússia e Rússia (a Inglaterra defendia os ideais liberais e não participou). A Santa Aliança tinha como objetivo consolidar a força das potências que derrotaram Napoleão, garantir o poder dos impérios e do absolutismo monárquico no ocidente e combater novos focos revolucionários e possíveis inimigos, seja na Europa ou nas colônias. A Santa Aliança, portanto, se tornou a ferramenta dos monarcas absolutistas em uma luta que repercutiu ao longo do século XIX, entre as forças transformadoras (liberais, socialistas e anarquistas) e as conservadoras (nobres, clero e monarcas). Dentre outras medidas decretadas pelo Congresso de Viena, destacam-se também a restauração de dinastias tradicionais, como na Espanha, na França e em Portugal, a criação da Confederação Alemã, com a participação da Prússia, da Áustria e de principados germânicos, a regulamentação de atividades diplomáticas entre os países e punições a França como indenizações e perdas de territórios. No entanto, apesar dos esforços monárquicos para evitar novos focos revolucionários e conter a expansão do pensamento iluminista, o projeto napoleônico já havia contaminado diversas pessoas pelo ocidente e a burguesia desejava cada vez mais construir seu próprio mundo, sobre a base das ideias liberais. 5 História Exercícios de fixação 1. Napoleão chegou ao poder através de um golpe de Estado orquestrado pela alta burguesia, os girondinos. Esse golpe ficou conhecido como a) Diretório b) 18 do brumário c) Golpe de Fontainebleu d) Grande Armée 2. Pode ser considerado um dos grandes legados da Era Napoleônica: a) o bloqueio continental de 1806 b) o Código Civil de 1804 c) a concordata com o papa Pio VII d) a Declaração dos Direitos do Homem do Cidadão 3. Dentre os interesses de Napoleão na imposição do bloqueio continental à Inglaterra, podemos citar: a) o interesse de Napoleão de conquistar as possessões inglesas e portuguesas b) a criação de uma aliança entre franceses e italianos contra a Inglaterra c) a expansão do mercado consumidor para os produtos franceses d) a desavença religiosa devido ao intenso catolicismo defendido por Napoleão 4. Quais eram os três princípios defendidos pelo Congresso de Viena? a) legitimidade, restauração e nacionalismo b) restauração, positivismo e legitimidade c) equilíbrio, legitimidade e revolução d) restauração, equilíbrio e legitimidade 5. Napoleão foi o grande responsável pela expansão das ideias: a) liberais e burguesas b) absolutistas e conservadoras c) liberais e absolutistas d) absolutistas e burguesas 6 História Exercícios de vestibulares 1. (Cesgranrio) A criança deve ser protegida contra as práticas que possam levar à discriminação racial, à discriminação religiosa ou a qualquer outra forma de discriminação. Sabemos que, assim como na charge da Mafalda, também durante as diversas fases da Revolução Francesa discutiu-se a questão dos direitos humanos. Foi na Era Napoleônica (1799-1815) que alguns desses direitos foram assegurados e vêm até os dias de hoje, como, por exemplo, a(o): a) propriedade privada. b) organização sindical em todos os trabalhos urbanos. c) jornada de trabalho de 8 horas diárias. d) greve por parte de todos trabalhadores. e) voto universal, incluindo o direito de voto das mulheres 2. (FGV 2013) “Restauração é o nome do regime estabelecido na França durante quinze anos, de 1815 a 1830, mas essa denominação convém a toda a Europa. Ela é múltipla e se aplica a todos os aspectos da vida social e política.” (René Rémond, O século XIX: introdução à história do nosso tempo) Reconhece-se a Restauração no processo que a) restituiu o poder aos monarcas europeus alinhados a Napoleão Bonaparte, provocando a generalização da contrarrevolução na América colonial, que havia sido varrida pelas independências nacionais. b) alçou a Inglaterra a condição da nação mais poderosa do mundo, com capacidade de reverter a proibição do tráfico de escravos africanos para a América e de defender a recolonização de espaços coloniais espanhóis americanos. c) restabeleceu as bases do sistema colonial na América e na Ásia, com a recriação de companhias de comércio marcadas pela rigidez metropolitana. além da prática do ‘mar fechado’ e do porto único. d) permitiu a volta das antigas dinastias ao poder, que o haviam perdido com as guerras napoleônicas, e que criou a Santa Aliança, nascida com o intuito de reprimir movimentos revolucionários. e) ampliou os direitos trabalhistas em toda a Europa, condição que provocou as revoluções de 1820 e 1830, eventos fundamentais para a retomada dos valores políticos anteriores à Revolução Francesa. 7 História 3. (FMC 2017) Napoleão Bonaparte – uma das figuras mais emblemáticas do século XIX – empreendeu uma série de conflitosarmados entre os anos de 1803 e 1815 na Europa. Tais batalhas ficaram conhecidas como guerras napoleônicas e só terminaram em 1815, com a derrota de Napoleão em Waterloo. A política econômica de Napoleão pode ser mais bem sintetizada pelo seguinte processo: a) A criação de normas restritivas que inibiram a ampla circulação de produtos franceses na Europa. b) A fundação de uma política protecionista para os produtos franceses, que partia da imposição de acordos bilaterais com os Brasil. c) A institucionalização do Bloqueio Continental, que proibiu as nações europeias de estabelecerem relações comerciais com a Inglaterra. d) A instalação de manufaturas anglo-francesas em territórios coloniais que inviabilizaram a produção portuguesa na colônia. e) A edificação de portos comerciais em várias colônias portuguesas, que impulsionaram a economia dos países periféricos. 4. (Enem Digital 2020) O gesto representado no quadro simboliza uma diferença entre o império napoleônico e a monarquia absolutista, por a) reduzir a autoridade do clero. b) instaurar a censura da imprensa. c) controlar a organização judiciária. d) suspender as pensões da nobreza. e) desrespeitar a propriedade privada. 8 História 5. (Enem PPL 2016) A pintura Napoleão cruzando os Alpes, do artista francês Jacques Louis-David, produzia em 1801, contempla as características de um estilo que a) utiliza técnicas e suportes artísticos inovadores. b) reflete a percepção da população sobre a realidade. c) caricaturiza episódios marcantes da história europeia. d) idealiza eventos históricos pela ótica de grupos dominantes. e) compõe obras com base na visão crítica de artistas consagrados. 6. (ESPM 2019) No dia do golpe, 9 de novembro, a sucessão dos eventos é fulminante. Os episódios têm início já às 5 horas da manhã quando as convocações para uma reunião urgente, às 7, são expedidas aos anciãos (excetuados os poucos inclinados ao golpe). Às 6, Talleyrand preparava a carta de demissão do diretor Barras; às 7, um magote de oficiais se acotovela nas portas da casa de Napoleão, que lhes fala da situação difícil do país (...) Na cidade, vendem-se por toda parte panfletos que apresentam Napoleão como o salvador. (Carlos Guilherme Mota. A Revolução Francesa) O cenário descrito no texto deve ser relacionado com: a) o Período do Terror, ocorrido durante a Revolução Francesa; b) o Grande Medo, processo de violência desencadeado por camponeses, durante a Revolução Francesa; c) o Golpe do 9 Termidor, quando a alta burguesia reassumiu o poder através dos girondinos; d) a implantação da Monarquia hereditária, quando Napoleão se fez proclamar imperador; e) o Golpe do 18 Brumário, quando a burguesia encontra o braço forte armado para consolidar os seus interesses. 9 História 7. (UEFS 2012) O período pós-medieval foi um período de vastas demarcações e de consolidações em grande escala. Dentro dos limites definidos do novo domínio territorial, estabeleceram-se áreas unificadas de administração. [...] Na Idade Média, o mosaico histórico constituído pelos privilégios, deveres e direitos feudais e municipais, fundados em dedicatórias, preempções, conquistas, cartas, casamentos, quase dispensaria referência; fora da Igreja não havia campo contínuo de governo. Mas o novo domínio territorial, ao contrário, podia ser visto ou pelo menos imaginado; era um todo visível, e cada país que fosse politicamente unificado tornava-se, por assim dizer, um quadro completo em si mesmo. Essa imagem mental do poder só se tornou possível quando a continuidade territorial passou a ser um atributo do Estado soberano. Ali onde as fronteiras geográficas vieram reforçar essa imagem, como na Inglaterra, o Estado nacional se desenvolveu mais cedo e continuou por mais tempo o seu desenvolvimento. (MUMFORD, 1958, p. 192-193). A partir do texto e dos conhecimentos sobre a formação geopolítica europeia do início da Idade Média até a contemporaneidade, responda à questão a seguir. Do ponto de vista da geopolítica europeia no século XIX, o Congresso de Viena representou a) a busca do equilíbrio e da legitimidade, como caminhos para satisfazer aos interesses territoriais das grandes potências e restabelecer o Antigo Regime. b) a oportunidade para o reconhecimento dos direitos nacionalistas de pequenos estados aniquilados pela política napoleônica. c) a vitória do liberalismo divulgado pela Revolução Francesa e o combate sistemático aos governos orientados pelo “despotismo esclarecido”. d) o reconhecimento da legitimidade dos grandes impérios coloniais, cujas fronteiras foram desenhadas na Conferência de Berlim. e) a perda definitiva da autonomia política dos pequenos estados, como a Turquia, o Líbano e a Argélia. 8. (Cusc 2019) — De volta à França, Bonaparte é visto como o salvador por toda uma facção, mas também por um grande número de capitalistas. Ele, por sua vez, prepara o golpe de Estado, um golpe de Estado militar que acontece no dia 18 Brumário do ano VIII (9 de novembro de 1799), após o que os deputados são afastados e ele assume o cargo de primeiro cônsul. Um poder que ele vai consolidar entre 1800 e 1804, até se tornar imperador. — Então é o fim da Revolução? — Não e sim. (Michel Vovelle. A Revolução Francesa explicada à minha neta, 2007. Adaptado.) A ambiguidade da última frase é explicada pelo fato de que Napoleão Bonaparte a) preservou a democracia direta implantada pela Revolução, mas defendeu a ideia de uma França belicosa e expansionista. b) aboliu os resquícios do feudalismo que sobreviveram à Revolução, mas eliminou as pequenas propriedades rurais. c) assegurou a difusão das práticas mercantis liberais, mas restabeleceu o poder da aristocracia e da monarquia bourbônica. d) manteve a prática do terror e a perseguição aos adversários políticos, mas restaurou os privilégios do primeiro e do segundo estados. e) consolidou conquistas da Revolução e o poder da burguesia, mas limitou a participação e as liberdades políticas. 10 História 9. (FGV 2013) Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler, entre outros, sonharam com a pan-Europa que, com a inclusão de mais dez países, se tornou uma realidade irreversível. Os antecedentes da União Europeia são assim, alguns mais respeitáveis do que outros. Durante muito tempo depois da tentativa de Carlos Magno de substituir o império romano pelo seu, uma identidade europeia se definia mais pelo que não era do que pelo que era: cristã e não muçulmana, civilizada em vez de bárbara (e, portanto, com o direito de subjugar e europeizar os bárbaros − isto é, o resto do mundo). (Luis Fernando Verissimo. O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008) Ele destruiu apenas uma coisa: a Revolução Jacobina, o sonho de Igualdade, Liberdade e Fraternidade do povo erguendo-se em sua grandiosidade para derrubar a opressão. Este último foi um mito mais poderoso do que Napoleão, pois, após sua queda, foi isso, e não a memória do imperador, que inspirou as revoluções do século XIX, inclusive em seu próprio país. (Eric Hosbsbawm. A era das revoluções: Europa 1789- 1848. Trad. São Paulo: Paz e Terra, 2002. p. 113) O texto e o conhecimento histórico permitem afirmar que Napoleão contrariou ideais da Revolução Francesa, uma vez que, enquanto os seus exércitos travavam guerras por toda a Europa, a) colocou em prática propostas e atuação dos defensores da “ditadura dos humildes”, que reforçaram o distanciamento das ambições populares das da elite burguesa na França. b) impôs um regime despótico na França, suprimiu direitos individuais, perseguiu intelectuais e o nascente movimento operário e censurou a imprensa. c) implantou na França e no império o Regime do Terror, caracterizado por violenta ação contra inimigos do governo e pelo culto revolucionário, fundado na razão e na liberdade.d) elaborou uma Constituição que restabeleceu o critério censitário para as eleições legislativas na França e no império marginalizando, assim, grande parcela da população. e) empenhou-se em acabar com a supremacia da religião católica, e de seu clero, na França, desenvolvendo um culto revolucionário fundado na razão e na liberdade de expressão. 11 História 10. (Fuvest 2011) A cena retratada no quadro acima simboliza a a) estupefação diante da destruição e da mortalidade causadas por um tipo de guerra que começava a ser feita em escala até então inédita. b) razão, propalada por filósofos europeus do século XVIII, e seu triunfo universal sobre o autoritarismo do Antigo Regime. c) perseverança da fé católica em momentos de adversidade, como os trazidos pelo advento das revoluções burguesas. d) força do Estado nacional nascente, a impor sua disciplina civilizatória sobre populações rústicas e despolitizadas. e) defesa da indústria bélica, considerada força motriz do desenvolvimento econômico dos Estados nacionais do século XIX. Sua específica é humanas e quer continuar treinando esse conteúdo? Clique aqui para fazer uma lista extra de exercícios https://dex.descomplica.com.br/enem/historia/exercicios-a-era-napoleonica-e-o-congresso-de-viena 12 História Gabaritos Exercícios de fixação 1. B Napoleão já vinha conquistando prestigio junto a burguesia e a população devido as sucessivas vitórias militares, logo, no dia 9 de novembro de 1799, com apoio militar e da alta burguesia, Bonaparte tomou o poder e deu início ao período do Consulado. 2. D Após a derrota de Napoleão, as potências europeias se reuniram no Congresso de Viena e iniciaram um movimento conhecido como Restauração. Tal movimento possuía um intuito de restabelecer as antigas fronteiras europeias e reconhecer a legitimidade dos monarcas depostos por Napoleão. Tentando assim, restaurar as bases do Antigo Regime na Europa. 3. C Dentre os objetivos de Napoleão, podemos citar o interesse do líder francês em abastecer o mercado consumidor europeu após a proibição da comercialização com os ingleses. Porém, a indústria francesa ainda era muito incipiente e não deu conta de suprir a ausência dos produtos ingleses. 4. D O Congresso de Viena, ocorrido em 1815, foi uma reunião entre as principais monarquias absolutistas após a derrota de Napoleão Bonaparte que tinha a intenção de restaurar o absolutismo e os privilégios nobiliárquicos, dar legitimidade aos monarcas depostos e garantir a manutenção de um equilíbrio entre os Estados europeus. 5. A Apesar de terem sido derrotados na Batalha de Waterloo, as invasões napoleônicas expandiram os ideais liberais e burgueses pelos locais invadidos. O século XIX é conhecido como a Era das Revoluções, pelo escritor Eric Hobsbawm, pela eclosão de uma série de movimentos revolucionários, na Europa e na América, inspirados nos ideais da revolução francesa e pelos ideais liberais defendidos por Napoleão. Exercícios de vestibulares 1. A O Código Civil Napoleônico instituiu aspectos importantes para os direitos do homem, como igualdade de todos perante a lei, o respeito às liberdades individuais e a garantia da propriedade privada. 2. E As reformas promovidas por Napoleão, e asseguradas pelo Código Civil, serviram para fortalecer a burguesia francesa, sendo assim a instituição da propriedade privada, a proibição de greves e a perseguição a opositores foram fatores essenciais dentro desse contexto. 3. C Visando expandir a industrialização francesa e, consequentemente, o seu mercado consumidor, Napoleão decretou o bloqueio continental a Inglaterra visando ocupar o lugar de parceiro econômico das regiões que estavam proibidas de faze comércio com a Inglaterra. 13 História 4. A A autocoroação de Napoleão foi um gesto muito simbólico, uma vez que nas monarquias absolutistas os reis/imperadores eram coroados pela Igreja. Em grande medida, a ação buscava diminuir o poder do clero, mas buscava reforçar também que ele havia chegado ao poder legitimado pelo povo. 5. D A pintura confere um aspecto heroico a Napoleão, evidenciando um processo histórico e artístico de valorização de personagens considerados importantes pelos grupos hegemônicos. 6. E O texto faz referência ao golpe do 18 de brumário, no dia 9 de novembro de 1799, que ocorreu com apoio dos militares e das elites girondinas, levando Napoleão a tomar o poder na França e estabelecer o Consulado. 7. A O Congresso de Viena foi a tentativa das monarquias absolutistas de restabeleceram a ordem que existia antes das invasões napoleônicas, especialmente em quatro quesitos: a restauração dos antigos monarcas aos seus tronos, retomada das antigas fronteiras (pré-revolução francesa), a manutenção da legitimidade dos privilégios nobiliárquicos e a manutenção do equilíbrio político e econômico entre os impérios. 8. E O trecho destacado evidencia ambiguidade de Napoleão na França pós-revolução, uma vez que para assegurar os diretos conquistados pela alta burguesia e manter o poder político e econômico concentrado nas mãos da classe, o governante promoveu a supressão de algumas liberdades e direitos para a parcela mais pobre da população. 9. B Apesar de ser considerado um dos grandes disseminadores dos ideais liberais na Europa, quando ascendeu ao poder, Napoleão implantou um regime autoritário que defendia os interesses da alta burguesia e suprimia liberdades em nome de um bem maior. 10. A Para resolver essa questão é importante se atentar para a data da pintura retratada, 1808, que foi o ano em Napoleão invadiu a Península Ibérica. A imagem retrata a crueldade imposta pelo exército napoleônico, conhecido como “Grande Armée”, aos espanhóis que tentaram resistir ao domínio das tropas francesas. O exército napoleônico era famoso pela sua grande letalidade e crueldade para com os inimigos.
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