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mais complexo a estimar, pois depende de numerosos parâmetros exteriores, não domináveis pela mutualidade. Quando a mutualidade determinou os serviços de saúde que irá cobrir, deve estimar, para cada um deles, o montante anual das des- pesas em prestações. Este montante é calculado segundo a fórmula geralmente utilizada: = × × Aquando da elaboração do seu primeiro orçamento, a mutualidade não pode basear-se senão em hipóteses, muitas vezes aleatórias, resultantes, nomeadamente, do estudo de viabilidade e de inquéri- tos junto das famílias e dos utilizadores das formações sanitárias. No primeiro ano de funcionamento, essas hipóteses serão testadas e afi- nadas, graças, nomeadamente, ao acompanhamento das actividades. Assim, mês a mês, depois ano a ano, a mutualidade adquire cada vez maior experiência e domínio deste título de despesas. Número estimado de beneficiários (Custo médio do serviço – co-pagamento a cargo dos pacientes) Taxa de utilização do serviço Despesas em prestações para um serviço A estimativa das despesas Parte V • A gestão provisional 183 Contudo, será sempre preciso realizar projecções para estabelecer as suas previsões orçamentais, tendo em conta diferentes parâme- tros, tais como: ✔ evolução do número de beneficiários; ✔ a evolução da utilização dos serviços de saúde; ✔ a evolução do a preço dos serviços de saúde e dos medica- mentos; ✔ a inflação. Por razão da incerteza que pesa sobre o conjunto desses parâmetros, muitas vezes é acrescentada uma margem de segurança ao total das despesas estimadas em prestações de doença. Esta margem é geral- mente fixada em cerca de 10% no arranque das actividades, podendo, depois, ser diminuída progressivamente (até 5% por exem- plo), quando a mutualidade atingir um funcionamento estável. No caso de um sistema de terceiro pagador, uma outra forma de ter previsões mais seguras é prever, em colaboração com os prestado- res de cuidados, os possíveis aumentos do preço dos cuidados no decurso do ano. Para esse fim, um importante preliminar para a pre- paração do orçamento anual é a negociação com os prestadores sobre as tarifas dos diferentes serviços cobertos, o que é feito todos os anos, no quadro da renovação dos convénios. ✔ Esta negociação permite fixar: – quer uma tarifação fixa para todo o ano, independentemente da inflação; – quer modalidades de repercussão das altas de preços das tari- fas no decurso do ano sobre as prestações facturadas à mutualidade (prevendo por exemplo uma diferença de vários meses na alteração das tarifas aplicadas). Os custos de funcionamento Este título compreende todas as despesas que entram no funciona- mento normal da mutualidade, além das prestações de doença. Trata-se, nomeadamente: ✔ dos salários ou abonos do pessoal; ✔ das despesas de deslocação; ✔ dos alugueres; ✔ dos fornecimentos de escritório; das despesas de manutenção corrente. As despesas de investimento Os investimentos são objecto, em princípio, de um orçamento parti- cular que respeita à sua duração de vida. No ano do investimento, o custo de aquisição do bem será previsto no orçamento principal. Por consequência, aparecerão nos orçamentos as despesas anuais 184 Guia de gestão das mutualidades de saúde em África BIT/STEP relativas a esse investimento, por exemplo, as anuidades dos empréstimos ou os custos de manutenção. Os custos diversos A mutualidade pode escolher distinguir certos títulos de despesas, tais como, os custos de formação e de animação, que, muitas vezes, constituem actividades específicas. As principais receitas de uma mutualidade provêm: ✔ das quotizações; ✔ dos direitos de adesão; ✔ de prestações de serviços auxiliares (transporte de doenças, etc.); ✔ dos subsídios, doações e legados; ✔ dos produtos financeiros sobre as aplicações; ✔ de outras fontes: – actividades promocionais (tômbolas, espectáculos culturais, etc.); – prestações de serviços facturados a utilizadores externos (alu- guer de salas, material, etc.). As quotizações O cálculo das quotizações constitui um dos aspectos mais comple- xos da implementação de uma mutualidade de saúde, o que deter- minará, em grande parte, a viabilidade futura. O método de cálculo das quotizações foi apresentado no capítulo 1 da parte 1. Não é inútil sublinhar uma vez mais que este cálculo assenta num equilíbrio a encontrar entre o montante da quotização e, portanto, o nível da cobertura e a acessibilidade da mutualidade às pessoas que consti- tuem o público-alvo. Está última etapa consiste em apresentar, num quadro, uma síntese de todas as estimativas de receitas e de despesas precedentemente efectuadas. Aquele apresenta, num lado, as despesas e, no outro, as receitas; mas deve estar equilibrado: sendo o total da coluna “Receitas” igual ao total da coluna “Despesas”. Para atingir esse equilíbrio, a mutualidade deverá, talvez, rever certas hipóteses de partida: diminuição dos custos de funcionamento, aumento dos direitos de adesão, até mesmo das quotizações, etc. Dado poderem verificar-se despesas imprevistas no decurso do fun- cionamento, deve ser acrescentado um montante para “imprevis- tos”ao total das despesas provisionais. A elaboração do orçamento A avaliação das receitas Parte V • A gestão provisional 185 186 Guia de gestão das mutualidades de saúde em África BIT/STEP Exemplo A Federação dos Pescadores de la Lagune criou uma mutualidade de saúde que cobrirá a 100% os partos nas maternidades convencionadas e a 80% as despesas de internamento nos centros de saúde (CS) e nos hospitais civis, igualmente convencionados. Antes de iniciar o seu primeiro exercício, os promotores da mutualidade elaboraram um orçamento pre- visional que será submetido para aprovação à Assembleia Geral Constituinte. As principais bases de cálculo deste orçamento são as seguintes: a) As receitas � No primeiro ano, são esperados 500 aderentes. Com um número médio de 6 pessoas por família, isso representa 3000 beneficiários. � As quotizações – O custo médio de um parto é estimado em 5000 UM (incluindo o acto, os cuidados ao recém nascido e os medicamentos para a mãe e a criança). A taxa de utilização é esti- mada em 4,5%. O prémio por beneficiário para os partos será: 5000 × 4,5% = 225 UM /ano. – O custo médio de um internamento num centro de saúde é de 7 000 UM. A taxa de utili- zação é estimada em 6%. O prémio para este serviço e por beneficiário será (7 000- -(7000 x 20%)) × 6% = 336 UM. – O custo médio de um internamento num hospital civil é de 35 000 UM. A taxa de utiliza- ção é estimada em 4%. O prémio por beneficiário para estes internamentos será (35 000- (35 000 × 20%)) × 4% = 1 120 UM. – O prémio eleva-se ao total de 225 + 336 + 1120 =1681 UM / ano / pessoa. – A margem de segurança é fixada em 10% do prémio, ou seja: 1681 × 10% = 168 UM / pessoa. – O custo unitário de funcionamento é fixado à razão de 10% do prémio + a margem de segurança, ou seja: (1681 +168) × 10% = 185 UM / ano / pessoa. – O total eleva-se portanto a: 1681 + 168 + 185 = 2034 UM/ ano / pessoa. – Uma margem de 5% deste total é acrescentada, tendo em vista libertar excedentes para constituir reservas, ou seja: 2 034 × 5% = 102 UM. – A quotização anual total será, portanto: 2 034 + 102 = 2136. É decidido arredondar para 2150/ ano / beneficiário. � Os direitos de adesão são fixados em 1 000 UM por aderente, ou seja, receitas previsionais de 500 × 1 000 = 500 000 UM. b) As despesas � A AG Constituinte terá lugar em 5 Janeiro 2002. As adesões e o pagamento das quotiza- ções terão lugar até ao fim de Janeiro. Os beneficiários deverão respeitar um período de observação de quatro meses (incluindo Janeiro), antes de terem direito às prestações da mutualidade. � Em função deste número de beneficiários e do período de observação, as despesas em pres- tações previsionais serão as seguintes: – Partos: 3 000 × 225 × 8/12 = 450 000 UM. Parte V • A gestão provisional 187 – Internamentos no CS: 3000 × 336 × 8/12 = 672 000 UM. – Internamentos em hospitais civis = 3000 × 1120