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Gametogênese nas Fêmeas

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Biotecnologia e Reprodução Animal - Jennifer Reis da Silva - É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO 
 
Gametogênese nas Fêmeas 
Introdução 
A gametogênese, como o nome já nos 
sugere, é o processo de formação dos 
gametas. Nas fêmeas podemos dividir a 
gametogênese em duas partes: 
 
Oogênese: estudo da formação, 
crescimento e maturação do gameta 
feminino, no caso, o óvulo que também 
pode receber o nome de oócito ou ovócito. 
 
Foliculogênese: processo de formação e 
maturação do folículo ovariano que, nada 
mais é, do que um conjunto de células que 
tem a função de envolver o óvulo. 
 
Ambos os processos ocorrem 
simultaneamente para que ocorra a 
maturação correta do óvulo e sua liberação 
para a tuba uterina para que então ocorra 
a fecundação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os Ovários 
 
O trato reprodutivo feminino é composto 
por ovários, tubas uterinas, útero, vagina e 
vulva, mas é nos ovários que a 
gametogênese acontece. 
Além da produção e liberação de gametas, 
os ovários também tem função endócrina 
em que há a esteroidogênese, que nada 
mais é do que a produção dos hormônios 
progesterona (P4) e estrógeno (E2). 
 
Histologicamente, dividimos o ovário em 
CÓRTEX e MEDULA. No Córtex, região 
periférica, encontramos o epitélio 
germinativo composto pelos folículos, 
túnica albugínea e corpo lúteo. 
 
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Na imagem acima vemos um corte histológico da 
região cortical contendo o epitélio germinativo (mais 
externo). As setas apontam os folículos contendo 
oócitos. 
 
Já na Medula, região interna, podemos 
observar tecido conjuntivo e vasos 
sanguíneos que servem como sustentação 
para os ovários. 
 
Na imagem acima observamos a região medular, 
contendo tecido conjuntivo e vasos sanguíneos 
garantindo sustentação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OVOGÊNESE 
Durante o desenvolvimento embrionário e 
fetal há a migração de células germinativas 
para os ovários. Ao chegar nos ovários, 
essas células sofrem mitoses (uma célula 
mãe dá origem a duas células filhas iguais, 
ou seja, não há redução do número de 
cromossomos). A partir disso, as células 
germinativas começam a se diferenciar em 
oogônias/ ovogônias, que são células 
diplóides (2n) que sofrem sucessivas mitoses 
colonizando os ovários das fêmeas. 
Ainda durante o desenvolvimento 
embrionário, a oogônia começa a sofrer 
meiose, porem o processo é interrompido 
na prófase I. Essa célula é chamada então 
de Oócito/ Ovócito Primário (2n) que 
permanece em estase. 
 
Por etapas... 
1. Migração de células germinativas para os 
ovários; 
2. Mitoses sucessivas e diferenciação das 
células germinativas em oogônias (2n) que 
colonizam os ovários. 
3. Oogônia sofre meiose que é interrompida 
na Prófase I e então recebe o nome de 
Oócito Primário. 
 
 
 
 
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 É importante lembrar que a partir do 
nascimento, grande parte dessa reserva 
vai sofrendo atresia folicular em que 
ocorre a degeneração de folículos e 
também há degeneração de óvulos. 
Essas ocorrências são fisiológicas. Então 
podemos concluir que uma fêmea até a 
puberdade já terá perda de cerca de 
20% de folículos e oócitos. 
 
Nas ilustrações acima podemos observar o 
desenvolvimento do óvulo e do folículo. 
 
Vemos que tudo começa na célula 
germinativa diplóide (2n) que sofrem 
diversas mitoses colonizando o ovário 
recebendo o nome de oogônias. A partir da 
formação do total limite de células que 
servirão de reserva, as mitoses cessam. 
Ainda durante o desenvolvimento fetal, as 
oogônias começam a crescer, 
principalmente seu citoplasma, como 
vemos na ilustração anterior. Quando as 
células crescem e começam a entrar na 
primeira meiose, o desenvolvimento para e 
as células recebem o nome de oócito 
primário. 
Quando a fêmea entra na puberdade, há 
influência intraovariana de diversos 
hormônios que estimulam a continuidade 
da maturação dos oócitos. É a partir daí 
que é finalizada a primeira meiose dando 
origem ao oócito secundário que é uma 
célula haplóide (n) como também 
podemos observar na ilustração. 
Nas fêmeas, a meiose ocorre de forma 
desigual. Isso quer dizer que uma célula 
não se reparte igualmente então haverá 
somente um óvulo funcional enquanto a 
outra célula que não se desenvolveu será 
chamada de corpúsculo/ corpo polar (n). 
 
 O corpúsculo polar é uma célula que 
não está apta a ser fecundada. Todavia, 
tem sua devida importância na 
biotecnologia, como fertilização in vitro 
em que a partir da extrusão do 
corpúsculo polar (visualização), podemos 
identificar que o oócito secundário está 
maduro já que a primeira meiose está 
concluída pois há tanto o corpúsculo 
polar (n) quanto o oócito secundário (n). 
 
O oócito secundário está apto a ser 
fecundado, porém ainda é necessário que 
conclua a segunda meiose. 
Há, então, o início da segunda meiose que é 
bloqueada na metáfase II até que ocorra a 
liberação do oócito secundário, o que 
chamamos de ovulação. 
 
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Na ovulação, o ovócito secundário é 
liberado para tuba uterina onde será 
fecundado pelo espermatozoide (caso haja). 
Com a fecundação, haverá diversas 
alterações bioquímicas fazendo com que o 
oócito secundário conclui a meiose e há a 
extrusão do segundo corpúsculo polar. 
 
 FOLICULOGÊNESE 
Os oócitos são envolvidos por uma camada 
de células denominada Folículo que tem a 
função de manter o ambiente ideal para 
que haja a manutenção da viabilidade, 
crescimento e maturação do oócito por 
conter receptores de gonadotrofinas (FSH e 
LH). 
A proteção e suporte dos gametas se dá 
pela presença das células da membrana 
granulosa que nada mais são do que células 
que rodeiam o oócito no folículo. 
Há também as tecas da teca que são células 
somáticas presentes no folículo em 
desenvolvimento. Essas células são 
encontradas externamente a membrana 
granulosa e, quando os folículos são 
ativados, as células da teca são recrutadas 
para de diferenciarem e produzirem 
andrógenos importantes para a maturação 
folicular. 
 
Os folículos são classificados em 5 tipos 
conforme seu grau de evolução. São eles: 
1. Primordiais de reserva; 
2. Primário; 
3. Secundário; 
4. Terciário ou Antrais; 
5. Pré-ovulatório ou de Graaf; 
As três primeiras classificações podem ser 
agrupadas em pré-antrais já que na fase 
anterior a formação do antro, que nada 
mais é do que uma cavidade repleta de 
fluido folicular que aparece a partir do 
folículo terciário. 
Folículos Primordiais 
É o primeiro folículo a ser formado, logo, 
sabemos que sua formação é durante o 
desenvolvimento fetal servindo como 
unidade de reserva. Esses folículos ficam 
estacionais até o momento da puberdade. 
Esses folículos ainda não possuem 
receptores para gonadotrofinas. 
Podemos caracterizar o folículo primordial 
como um agregado de células contendo 
apenas uma camada de células planas 
envolvendo o oócito. Nessa fase o oócito 
ainda é primário estando estacionado na 
prófase I. 
 
Na imagem acima é possível observar os ovócitos 
sendo rodeados por células planas, o que chamamos 
de folículo primordial 
Folículo Primário 
A partir da puberdade o folículo primordial 
se desenvolve por conta de estímulos 
intrínsecos nos ovários formando o folículo 
 
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primário. No folículo primário, o oócito 
ainda é envolvido por uma única camada 
de células foliculares, porém agora elas 
possuem o formato cubóide recebendo o 
nome de Células da Granulosa. É nessafase 
também que há início da diferenciação das 
células da Teca a partir do estroma, porém 
ainda não há receptores para 
gonadotrofinas. 
Nessa fase o oócito primário ainda está em 
prófase I. 
 
Podemos observar na imagem acima que o ovócito 
primário ainda é revestido por uma camada de 
células que agora adquire um formato cuboide 
(Camada Granulosa). Além disso, podemos ver 
resquícios de células da Teca se formando ao redor 
da Camada Granulosa. 
Folículo Secundário 
Nessa classificação podemos observar que 
há diversas camadas da Granulosa além da 
presença de Teca Interna (mais 
vascularizada) e Externa (oferece 
sustentação e formato do folículo). 
Além disso, também notamos a presença 
da ZONA PELÚCIDA que é uma camada 
acelular e gelatinosa formada por 
glicoproteínas, polissacarídeos e proteínas 
(inclusive receptores). A zona pelúcida se 
encontra situada entre a superfície do 
oócito e células da granulosa que tem a 
função de reconhecer o espermatozoide 
(SPTZ) sendo espécie específica além de 
proteger contra antígenos. 
No folículo terciário também podemos ver 
o fluído folicular. No folículo secundário há 
a conclusão da formação da zona pelúcida 
É importante destacar que nessa fase já há 
receptores para hormônios gonadotróficos 
(FSH e LH) na camada Granulosa. 
A partir da chegada dos hormônios FSH e 
LH nos ovários haverá a indução da 
produção de estrógeno que irá contribuir 
com o desenvolvimento e maturação 
folicular. 
 
 
Acima podemos observar o folículo secundário, 
caracterizado pela presença de diversas camadas 
compondo a Granulosa além da presença de Teca 
interna (coloração mais arroxeada) e Teca externa 
(mais rosada). É possível observar também a zona 
pelúcida (porção branca ao redor do ovócito). Dentro 
do folículo podemos observar a presença de algumas 
“ilhas” que são o fluído folicular que está sendo 
formado para formar o antro que poderá ser visto a 
partir do folículo terciário. 
 
 
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Folículo Terciário – Antral 
Esse é o momento em que o ovócito já 
concluiu a primeira meiose, se tornando 
um ovócito secundário (n). Houve a 
retomada da meiose, como vimos, que foi 
interrompida na metáfase II. 
Podemos caracterizar o folículo terciário 
com a conclusão da formação do antro 
folicular formado pelo fluido folicular que 
no folículo secundário eram diversas ilhas, 
lembra? 
Podemos observar também que o oócito 
migra para a periferia da parede folicular e 
é contido por um agregado de células que 
denominamos Cúmulos Oophorus. Já as 
células que envolvem diretamente o oócito, 
estando presas à zona pelúcida recebem o 
nome de Corona Radiata. 
 É importante lembrar que no momento 
da ovulação, o óvulo sai do folículo 
juntamente com a corona radiata. 
 Tanto o Cumulos Oophorus quanto a 
Corona Radiata são formadas pelas 
células da Granulosa. 
 
 
Na imagem acima, podemos perceber que o oócito 
está voltado para a periferia sendo contido pelo 
cumulos oóphorus e é revestido pela corona radiata. 
 
Folículo Pré-Ovulatório/ de Graaf 
O folículo pré ovulatório nada mais é do 
que o folículo terciário que se desenvolveu 
até ovular. Em termos histológicos não há 
alterações além do tamanho que aumenta 
em razão do desenvolvimento. 
 
 
Nas ilustrações acima podemos ver uma 
esquematização do desenvolvimento folicular. Nesse 
esquema, o folículo primário é dividido em duas 
classificações: unilamilar e multilamilar, porém 
alguns autores já classificam o multilamilar como 
secundário. 
 
 
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UM POUCO MAIS SOBRE AS CÉLULAS DA 
GRANULOSA... 
As células da granulosa são primeiramente 
planas, mas adquirem formato cuboide. 
Sofrem mitose em resposta ao estrogênio e 
fatores intra-ovarianos. 
A partir do folículo secundário, as células 
da granulosa adquirem receptores para 
FSH que faz com que haja uma 
reorganização para haver a formação do 
antro, em razão da formação do fluido 
folicular. 
O fluido folicular é importante para 
desenvolvimento e maturação, transporte 
do oócito até a tuba uterina além de 
auxiliar na captação de espermatozoides. 
 
UM POUCO MAIS SOBRE AS CÉLULAS DA TECA... 
As células da Teca se tornam mais 
evidentes a partir do Folículo Secundário e 
é essa a fase em que ganha receptores para 
LH que a estimula a produzir andrógenos. 
A Teca interna é extremamente 
vascularizada enquanto a Externa possui 
natureza fibrosa. 
 
TEORIA: 
DUAS CÉLULAS – DOIS HORMÔNIOS 
Essa teoria gira em torno do hormônio 
estrógeno que necessita tanto do LH 
quando do FSH para sua produção. 
As células da Teca, a partir do folículo 
secundário ganham receptores para LH, 
que ao chegar, induzem a conversão 
colesterol em andrógeno. O andrógeno 
passa então para a célula da granulosa que 
está próxima e então o FSH atua nas 
células da granulosa promovendo a 
conversão de andrógeno em estrógeno. É 
por isso que para a produção do estrógeno 
é necessária a ação do LH e FSH que 
dependem das células da Teca e da 
Granulosa. 
 
Onda Folicular 
Onda folicular é o crescimento de um 
grupo de pequenos folículos sendo seguido 
por um folículo dominante e da regressão 
de folículos subordinados. 
 
É dividida em 3 fases: 
 
1ª fase: Recrutamento folicular 
 
 
A partir da puberdade, inicia-se o ciclo 
estral e, consequentemente, o início da 
onda folicular. 
O recrutamento é caracterizado por um 
grupo de folículos primordiais que estavam 
estacionários começam a se desenvolver. 
Como esses folículos não possuem 
receptores para gonadotrofinas, os 
estímulos para seu desenvolvimento são os 
fatores intra ovarianos. 
Os folículos primordiais recrutados 
começam a crescer e se tornam Folículos 
 
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Primários que se desenvolvem e se tornam 
Folículos Secundários. 
 
2ª Fase: Seleção Folicular (FSH e LH)/ 
Divergência 
 
 
Por fatores internos, um dos folículos 
cresce mais que os outros se tornando o 
Folículo Dominante e começa a produzir 
inibina, hormônio que faz com que cesse a 
produção de FSH (hormônio que auxilia no 
crescimento folicular). Além disso, o folículo 
dominante possui mais receptores para LH 
permitindo seu desenvolvimento. Logo, os 
outros folículos entrarão em atresia já que 
não há presença de FSH e nem o LH será 
destinado ao Folículo Dominante que possui 
mais receptores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3ª Fase: Dominância Folicular 
 
 
O Folículo Dominante continua crescendo e 
se desenvolvendo, dando origem ao folículo 
pré ovulatório que irá ovular. 
 
 
Na imagem acima podemos ver um corte histológico 
de um folículo em atresia. A atresia folicular pode 
ocorrer por fatores reguladores, tais como: idade, 
fase do ciclo, gestação, lactação, genética, nutrição, 
isquemia balanço esteroidogênico ou também por 
processos e mecanismos dependendo do estagio de 
desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Corpo Lúteo 
Após a ovulação há a formação do corpo 
lúteo que é um órgão endócrino temporário 
produtor de progesterona sendo uma 
preparação do corpo para uma gestação. O 
nome temporário é dado pois se não há 
fecundação, o corpo lúteo sofre luteólise. 
A formação do corpo lúteo se dá pela ação 
do LH que luteiniza as células da granulosa 
fazendo com que produzam progesterona 
enquanto as células da teca se degeneram. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na imagem acima podemos ver um corte histológico 
do corpo lúteo. Vemos que há um corpo hemorrágico 
em decorrênciada ruptura do folículo para liberação 
do óvulo. 
 
O corpo lúteo se caracteriza por ser uma 
estrutura mais rígida por ser mais 
organizado e, com exceção da égua, o 
corpo lúteo é maior do que o folículo pré 
ovulatório sendo comparado a um iceberg e 
podendo ser palpado nas vacas. 
 
Como as éguas têm um ovário com uma 
conformação diferente, tendo o epitélio 
germinativo presente na fossa da ovulação. 
Por conta disso, podemos confirmar a 
ovulação por meio de ultrassonografia. 
 
 
 
Para que ocorra a luteólise há a produção 
de prostaglandina pelo endométrio (no 
caso dos ruminantes, a prostaglandina F2α 
é muito oxidada nos pulmões. Logo a 
chegada no ovário se dá pela circulação 
útero-ovariana ao invés de passar por toda 
a circulação sistêmica a prostaglandina 
passa da veia uterina para a artéria 
ovariana). A prostaglandina F2α irá atuar 
diminuindo aporte sanguíneo, causará 
diminuição da granulação citoplasmática e 
vacuolização celular. Nos ruminantes 
haverá a formação de um tecido cicatricial 
denominado Corpo albicans que irá se 
desintegrando enquanto nas éguas haverá 
somente a desintegração sem formação de 
tecido cicatricial.

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