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Patologia: Lesão e Morte Celular Etiologia: refere-se às causas subjacentes e fatores responsáveis pelo início e progressão da doença. Patogenia: refere-se aos mecanismos de progressão da doença, que explicam as alterações celulares e moleculares que originam as anormalidades funcionais e estruturais específicas que caracterizam uma determinada doença. OBS: a etiologia refere-se à razão pela qual uma doença surge e a patogenia descreve o modo como uma doença se desenvolve. Respostas Celulares ao Estresse e aos Estímulos Nocivos: - Quando as células encontram um estresse fisiológico ou condições potencialmente prejudiciais, elas podem sofrer uma adaptação, alcançando um novo estado estacionário e preservando a viabilidade e a função. - Se a capacidade de adaptação for excedida ou se o estresse externo for inerentemente prejudicial ou excessivo, há o desenvolvimento de uma lesão celular. - Dentro de certos limites, a lesão é reversível, e as células retornam a um estado basal estável; no entanto, se o estresse for grave, persistente ou de início rápido, há a ocorrência de lesão irreversível e morte das células afetadas. ● Morte Celular: - É um dos eventos mais cruciais na evolução da doença em qualquer tecido ou órgão; - É resultado de diversas causas, incluindo isquemia, infecções, toxinas e reações imunes; - Também é um processo normal e essencial na embriogênese, no desenvolvimento dos órgãos e na manutenção da homeostasia dos tecidos. Causas da Lesão Celular: - Hipóxia e isquemia: Hipóxia, que se refere à deficiência de oxigênio, e isquemia, que significa redução do suprimento sanguíneo, estão entre as causas mais comuns de lesão celular. Ambas privam os tecidos de oxigênio, mas a isquemia, além disso, resulta em deficiência de nutrientes essenciais e acúmulo de metabólitos tóxicos. - Toxinas: Os agentes potencialmente tóxicos são encontrados diariamente no meio ambiente; entre eles podem ser incluídos poluentes do ar, inseticidas, CO, amianto (asbestos), fumaça de cigarro, etanol e drogas. - Agentes infecciosos: Todos os tipos de agentes patogênicos que causam doenças (incluindo vírus, bactérias, fungos e protozoários) lesam as células. - Reações imunes: Embora o sistema imune defenda o corpo contra agentes patogênicos, as reações imunes também podem resultar em lesão celular e tecidual. Elas provocam reações inflamatórias, que frequentemente constituem a causa de lesão de células e tecidos. - Anormalidades genéticas: Defeitos genéticos podem causar lesão celular como consequência da deficiência de proteínas, como os defeitos enzimáticos nos erros inatos do metabolismo, ou acúmulo de DNA danificado ou proteínas mal dobradas, o que desencadeia a morte celular quando são irreparáveis. - Desequilíbrios nutricionais: A insuficiência proteico-calórica entre as populações economicamente desfavorecidas continua a ser uma das principais causas de lesão celular, e deficiências vitamínicas específicas não são incomuns mesmo em países desenvolvidos com elevados padrões de vida. - Agentes físicos: Trauma, extremos de temperatura, radiação, choque elétrico e mudanças súbitas na pressão atmosférica exercem efeitos profundos sobre as células. - Envelhecimento: A senescência celular resulta em uma diminuição da capacidade de resposta das células ao estresse e, eventualmente, em morte das células e do organismo. Lesão Celular Reversível: - A função prejudicada e a morfologia das células lesionadas podem retornar ao normal se o estímulo prejudicial for removido. - A tumefação celular é comumente observada na lesão celular associada à maior permeabilidade da membrana plasmática. Quando afeta muitas células em um órgão, causa palidez (como resultado da compressão dos capilares), aumento do turgor e aumento do peso do órgão. - Alteração hidrópica ou degeneração vacuolar. - A alteração gordurosa manifesta-se pelo aparecimento de vacúolos lipídicos contendo triglicerídeos no citoplasma. - O citoplasma das células lesionadas também pode tornar-se mais avermelhado (eosinofílico). - O citoplasma pode conter as chamadas “figuras de mielina”, que são conjuntos de fosfolipídios semelhantes a bainhas de mielina derivados das membranas celulares lesionadas. Outras alterações intracelulares associadas à lesão celular: - Alterações da membrana plasmática, como bolhas, apagamento ou distorção das microvilosidades e afrouxamento de anexos intercelulares; - Alterações mitocondriais, como tumefação e aparecimento de densidades amorfas ricas em fosfolipídios; - Dilatação do RE com destacamento de ribossomos e dissociação dos polissomas; - Alterações nucleares, como condensação de cromatina. A irreversibilidade é consistentemente caracterizada por três fenômenos: - A incapacidade de restaurar a função mitocondrial (fosforilação oxidativa e geração de ATP) mesmo após a resolução da lesão original; - A perda de estrutura e das funções da membrana plasmática e das membranas intracelulares; - A perda de DNA e da integridade estrutural da cromatina. OBS: A lesão das membranas lisossômicas resulta na dissolução enzimática da célula lesionada, que é o ponto culminante da necrose. Morte Celular: - Quando são lesionadas, as células morrem por mecanismos diferentes, dependendo da natureza e gravidade do insulto. - Distúrbios graves, como a perda de oxigênio e suprimento de nutrientes e as ações de toxinas, causam uma forma de morte rápida e incontrolável que tem sido chamada morte celular “acidental”. - A manifestação morfológica da morte celular acidental é a necrose. - Quando a lesão é menos grave ou as células precisam ser eliminadas durante os processos normais, ativam um conjunto meticuloso de vias moleculares que culminam com a morte. Como este tipo de morte celular pode ser manipulado por agentes terapêuticos ou mutações genéticas, descreve-se como uma morte celular “regulada”. - O aspecto morfológico da maioria dos tipos de morte celular regulada é a apoptose. - A apoptose é um processo que elimina as células que apresentam vários tipos de anormalidades intrínsecas e promove a eliminação dos fragmentos das células mortas sem provocar uma reação inflamatória. Esta forma “limpa” de suicídio celular ocorre em situações patológicas quando o DNA ou as proteínas de uma célula são danificadas além da possibilidade de reparação ou a célula é privada de sinais de sobrevivência necessários. OBS: Ao contrário da necrose, que é sempre indicação de um processo patológico, a apoptose também ocorre nos tecidos saudáveis. Referência: Robbins patologia básica/Vinay Kumar, Abul K. Abbas, Jon C. Aster; [tradução Tatiana Ferreira Robaina] ... [et al.] – [Reimpr.]. – Rio de Janeiro: GEN | Grupo Editorial Nacional. Publicado pelo selo Editora Guanabara Koogan Ltda., 2021.
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