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1 www.soenfermagem.net/cursos 2 www.soenfermagem.net/cursos Sumário Introdução........................................................................................................ Fisiopatologia da diabetes............................................................................... Fisiopatologia da diabetes gestacional .......................................................... Intervenção clínica pre natal dos Enfermeiros ................................................ A importância do pré- natal de alto risco ........................................................ A contribuição do enfermeiro no tratamento de pacientes com diabetes mellitus gestacional ..................................................................................................... Conclusão ....................................................................................................... Referências Bibliográficas .............................................................................. 3 www.soenfermagem.net/cursos Introdução O nascimento trata-se de um evento natural, que com o passar do tempo sofreram inúmeras transformações, onde passa a ser comemorado como um fato marcante na vida da parturiente e de todos que a cercam. Santos (2002), descreve o início da vida como: “A história não procura julgar, mas compreender. Não deve importar ao historiador julgar os homens, mas compreendê-los. Não seria possível julgá-los desde que o historiador, deslocado no tempo e no espaço, não está capacitado para fazê-lo, mas pode compreendê-los, se compreender as razões que os moveram. Não julgar, mas compreender, colocar-se dentro do juízo dos contemporâneos, dos acontecimentos, e não dentro do seu próprio juízo de historiador. A este cabe apenas desentranhar e recompor os fatos, buscar suas causas e suas consequências.” (SANTOS,2002). O corpo da mulher está programado para a reprodução de sua espécie, as práticas e os costumes que envolvem todo este processo acaba por variar conforme o passar do tempo e difere das culturas em que estão inseridos. A gravidez, quando é desejada, é uma vivência única na vida de uma mulher. No entanto, nem todas as gravidezes são vividas desta forma e muitas mulheres vivem este período em situação de alto risco o que causa grande sofrimento e apreensão. (SANTOS,2002). Um dos tipos de gravidez considerada de alto risco é aquela em que a mulher desenvolve diabetes durante a gestação. Diabetes Gestacional é a intolerância aos carboidratos, de graus variados de intensidade, diagnosticada pela primeira vez durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto (ALBERTI et al,2008) Cada vez mais, os cuidados de enfermagem prestados às mulheres com DMG ganham destaque durante a atenção pré-natal, pois esta é uma doença que apresenta altos índices de prevalência. Aproximadamente 7% de todas as gestações no mundo são complicadas pelo diabetes que ocorre na gravidez, resultando em mais de 200.000 casos 4 www.soenfermagem.net/cursos por ano e representando 90% dos casos dessa doença. A prevalência pode variar de 1 a 14%, dependendo da população estudada e dos testes diagnósticos empregados (ADA, 2014). Tais dados demonstram a relevância do DMG, tanto por ser uma intercorrência adquirida no decorrer da gravidez, quanto por ser um problema de saúde pública. Além disso, ao contrário do que acontece com as mulheres que possuem diabetes prévio à gestação (DM tipo I ou II), aquelas que se descobrem diabéticas no decorrer da gravidez atual, têm o acréscimo de uma condição de risco que extrapola as peculiaridades inerentes a qualquer gestação de baixo risco. A diabetes é uma das doenças que causa maior preocupação quer às grávidas quer às suas famílias, sobretudo quando são conhecidas e reconhecidas as consequências da doença no desenvolvimento do feto e na saúde da mãe, pois está associada a altos índices de morbilidade, perinatal, principalmente macrossomia e malformações fetais. A diabetes e seu tratamento afetam o quotidiano das portadoras de maneiras diversas, em todas as áreas da vida e dos seus ritmos. Implica uma modificação de hábitos de vida, afetando a vida familiar, profissional e emocional da grávida. Estas alterações do quotidiano das gestantes assim como o sofrimento e ansiedade que vivenciam, merecem por parte das equipas de saúde uma atenção especial tanto no seguimento e vigilância da gestação como aos cuidados relativos à educação em saúde. (MEDINA et al,2013) Diante do exposto, e, considerando-se o que é agregado ao diagnóstico da doença, que costuma ser feito no final do segundo ou no início do terceiro trimestre da gravidez, quando a resistência à insulina aumenta (Cashion et al, 2002), é fundamental que o cuidado prestado à mulher com DMG seja rigoroso, tendo em vista todas as complicações e efeitos adversos que a patologia pode acarretar à saúde materno-infantil. Posteriormente ao diagnóstico, avaliações frequentes do profissional que realiza o pré-natal objetivam a identificação de qualquer alteração, e devem se estender durante todo o acompanhamento da gravidez, só finalizando após o parto. Esse cuidado, além de minimizar os riscos relacionados à doença, visa também favorecer um melhor prognóstico para o binômio mãe-bebê. Da 5 www.soenfermagem.net/cursos mesma maneira, os cuidados de enfermagem visam à minimização dos riscos e complicações relacionadas ao DMG, por meio de orientação e trabalho em conjunto com a gestante. Com isso a motivação para a escolha do tema advém da nossa preocupação em analisar as condições e os procedimentos adoptados pelas estruturas de Saúde no despiste, atendimento e seguimento das grávidas diabéticas, o que tem sido um grande desafio para os profissionais de Saúde e despertado no meio dos mesmos uma angústia e um certo entusiasmo. A assistência no pré-natal constitui um recurso fundamental na prevenção e/ou controle de problemas de saúde podendo interferir na saúde da mulher em seu ciclo gravídico-puerperal, consequentemente contribuindo para a redução da morbimortalidade materna e fetal. Essa assistência oportuniza e dispensa um cuidado integralizado à gestante, em um amplo contexto, em que se articulam os aspectos biológicos, socioeconômicos, educacionais, políticos e familiares. 6 www.soenfermagem.net/cursos Fisiopatologia da diabetes Conceito de diabetes Mellitus A diabetes faz parte de um grupo de doenças metabólicas caracterizada por hiperglicemia e associada a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogénicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de Insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros. “A Diabetes Mellitus é uma doença sistémica, crónica, caracterizada por desordens no metabolismo da insulina, carbohidratos, gorduras e proteínas, bem como na estrutura e função dos vasos sanguíneos” (Galloway, 1967 cit. In Pitanga, 2004: 132). Para Arduíno (1963 cit. in Netto, 2000: 34), Diabetes Mellitus é uma doença hereditária crónica caracterizada pelo nível anormal elevado de glicose sanguínea. Arduíno continuou dizendo que Diabetes Mellitus é uma condição na qual o organismo perde, parcialmente, o poder de "metabolizar" os açúcares fornecidos pelos alimentos ingeridos. Como resultado, o açúcar que não é metabolizado acumula-se no sangue e não se transforma em energia. Da ingestão dos alimentos resulta um açúcar denominado glicose,que é absorvido pelo sangue. Essa glicose pode ser "metabolizada" imediatamente, ou acumulada em forma de glicogénio no fígado e nos músculos, como fonte energética. No diabético, a perturbação desse mecanismo causa excesso de açúcar no sangue, com consequente falta de produção de energia. “Quando a taxa de açúcar se eleva no sangue, uma parte dela escapa pela urina, perdendo-se assim grande quantidade de água do organismo e, consequentemente a abundância de urina e a sede exagerada, que são dois sintomas comuns no diabetes” (Valle, 1965, apud Pitanga, 2004: 132). Diabetes Mellitus é uma doença que resulta da incapacidade do pâncreas em segregar insulina. É causado por degeneração das células beta 7 www.soenfermagem.net/cursos das ilhotas de Langerhans, mas o mecanismo básico desses efeitos ainda é desconhecido (Guyton, 1988). A concentração esperada de glicose sanguínea em indivíduo que não se alimenta durante três ou quatro horas é aproximadamente 90 mg/dl, e mesmo após uma refeição a menos que o indivíduo tenha diabetes. Além disso, o Ministério da Saúde (1996 apud Pitanga, 2004: 132) cita que os valores normais para os níveis de glicose em jejum seriam de até 100 mg/dl, quando elevado estaria em valores entre 100 e 125 mg/dl e considere diabético maior de 126 mg/dl. 8 www.soenfermagem.net/cursos Fisiopatologia da diabetes gestacional Segundo Clode cit in Graça (2010: 555), as gestantes cuja gravidez é complicada por DB podem dividir-se em três grupos, sendo o grupo maioritário (> 90%) por aqueles que só desenvolveram intolerância aos hidratos de carbono durante a gravidez (ou em que apenas durante a gravidez essa intolerância é reconhecida) e que é designada por diabetes gestacional. A gravidez é um fenómeno normal em que, desde o inicio ocorrem alterações metabólicas do organismo da mulher grávida face as necessidades que esse processo se impõe para a maturação e crescimento do feto. As necessidades do feto são prioritárias às da mãe para que a glicose e alguns aminoácidos lhe sejam fornecidos de forma ininterrupta. Só poderá atingir esse objetivo através de uma ação hormonal que promove uma diminuição da glicose de aminoácidos pelo organismo materno, o que passa a assegurar o seu metabolismo energético de preferência a custa dos ácidos gordos (Clode cit in Graca, 2010:554). “No início da gestação aumento de consumo de glicose e de aminoácidos por parte do embrião-feto associado a estimulação das células beta pancreáticas maternas pelos estrogenio e pela progesterona placentário assim como por um aumento de sensibilidade, a insulina leva a que grávida apresentar hiperinsulinemia, hipoglicemia em jejum, hipoaminoacidemia e lipolise acentuada com tendência para cetoacidose que se agrava com o jejum. Assim que a gravidez avança assiste-se as seguintes modificações do metabolismo materno: Resistência progressiva a ação periférica da insulina endógena, Mediada quer por ação hormonal (hormona lactogénica placentárias -HLP-,) cuja secreção se torna significativa pelas 14/16 semanas e atinge o seu máximo as 34 semanas (estrogenio, progesterona, prolactina e glicocorticoides) quer por mediadores humorais produzidos pela placenta (leptina, factor de necrose tumoral) Incremento da degradação da insulina pelo rim materno e pela placenta. Aumento da lipolise materna (mediada pela HLP) e da glicogenolise hepática (suscitada pelos corticosteroides) ” (Clode cit 9 www.soenfermagem.net/cursos in Graça 2010:554) Na grávida com diabetes Mellitus prévia à gestação há um aumento de glicemia materna, levando a que o feto produza mais insulina. Neste caso, o feto fica hiperinsulinemio e como essa hiperinsulinemia é um factor de crescimento, vai aumentar o tamanho devido ao aumento do tecido adiposo e vai acelerar o crescimento ósseo. Isso obriga a um maior consumo de oxigénio e, como a passagem é a mesma, pode levar a hipoxia fetal e consequentemente a morte súbita. Na primeira metade da gravidez o feto actua como consumidor da glicose e dos aminoácidos. As necessidades de insulina descem e há uma tendência para a hipoglicemia materna. Na segunda metade, as hormonas placentárias exercem uma acção diabetogenica aumentando as necessidades de insulina e evidenciando a tendência para acidose. Segundo Clode cit. in Graça (2010:l), diabetes gestacional é uma condição patológica que com maior frequência complica a gravidez, com influência no futuro da mulher e do filho. Em 2 a 3% de todas as grávidas se descobre que a mulher já tinha diabetes antes da gestação. A diabetes gestacional complica em 1 a 14% da gravidez e uma grande parte das complicações podem ser reduzidas com um pré-natal adequado. O rastreio deste tipo de Diabetes é universal. Apesar de várias opiniões sobre o rastreio e o diagnóstico da diabetes gestacional, existe um consenso sobre as necessidades do controle glicémico apertado, com dieta e Insulinoterapia para melhorar o prognóstico. O acompanhamento deve ser feito com uma equipa multidisciplinar. A terapêutica tem várias vertentes, que incluem tanto medidas farmacológicas como as relacionadas com nutrição, educação e programas de educação física. A 6ª e 8ª semanas após o parto deverá ser efetuada uma T.P.O.G. (prova de Tolerância à Glicose Oral) com 75gde glicose para reclassificação da Diabetes Gestacional. 10 www.soenfermagem.net/cursos As mulheres com diabetes Gestacional têm um risco de desenvolvimento no futuro de diabetes Mellitus tipo II, superior em 50% ao da população em geral. 11 www.soenfermagem.net/cursos Intervenção clínica pré natal dos enfermeiros O pré natal é o momento adequado no qual as gestantes devem ser informadas sobre as patologias que podem aparecer. Sem causar pânico, mas chamar a sua atenção para alguns sintomas, considerados de menor importância, que poderão anunciar situações difíceis e que podem ser evitadas ou minimizadas. A entrevista ajuda-nos a identificar as situações de risco e atuar precocemente. Para que as gestantes identificadas com diabete gestacional tenham condições de aprender sobre a sua patologia e conseguir desenvolver os cuidados, é necessário o comprometimento de todos os profissionais que as atende. A enfermagem deve estar em condições de desenvolver a educação em saúde no pré natal, pois é nesse período que a gestante tem de ser esclarecida, para conseguir compreender o que ocorre em seu corpo e realizar o auto cuidado em saúde. O objetivo primordial da intervenção da equipa multidisciplinar numa grávida com diabetes pré-gestacional é obter um melhor equilíbrio metabólico, o mais cedo possível; idealmente desde o período anterior á concepção, dado que existe uma estreita correlação entre estes e simultaneamente, complicações maternas e perinatais. Devido aos riscos atrás enunciados é necessário uma vigilância materno-fetal rigorosa no sentido de detectar complicações metabólicas maternas, fatores de agravamento da sua doença basal, diagnosticar precocemente malformações fetais, asfixia intra-uterina e sinais de parto pré termo. Como a vigilância e o controle da gravidez na mulher diabética é complexo e obriga a colaboração de uma equipa multidisciplinar e a utilização de tecnologias diferenciadas, as grávidas podem ser referenciadas para centros, tais como centro de cuidados especializados em medicina materno fetal e em neonatologia (Clode cit in Graça, 2010:559) Como regra geral, a grávida com Diabetes pré gestacional deve ser avaliada e classificada consoante os critérios de P.White (1980), deve 12 www.soenfermagem.net/cursos suspender a eventual medicação com fármacos antidiabéticos orais e ser instruídae educada de forma a entender os benefícios da Insulinoterapia, da dieta e do exercício no controle metabólico e treinada em relação a auto administração da insulina e a auto controle da glicemia. Apesar das várias opiniões sobre o rastreio e o diagnóstico da Diabetes Gestacional existe um consenso sobre as necessidades do controle glicémico apertado (com dieta e Insulinoterapia) para melhor prognóstico. O acompanhamento deve ser feito com uma equipa multidisciplinar. A terapêutica tem várias vertentes, que inclui tanto medidas farmacológicas como as relacionadas com a nutrição, educação e programas de educação física. 13 www.soenfermagem.net/cursos A importância do pré natal de alto risco O pré-natal é o nome dado ao acompanhamento médico e de enfermagem dedicado a gestante e ao bebê durante todo o período gestacional. Neste acompanhamento o enfermeiro oferece instruções à futura mamãe, como cuidados com a alimentação, formas de se manter confortável, estimulação do bico do seio, polivitamínicos a serem ingeridos, realização de exames oferecendo respostas e apoio aos sentimentos de medo, dúvidas, angústias, fantasias e a curiosidade de saber sobre o que acontece com o seu corpo nesse processo de transição (RICCI,2008). A assistência ao pré-natal é o primeiro passo para o parto e para um nascimento humanizado. A consulta de pré-natal envolve procedimentos simples, podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar as necessidades da gestante, transmitindo nesse momento o apoio e confiança necessária para que ela se fortaleça e possa conduzir com mais autonomia a gestação e o parto. O pré-natal deve ser organizado para atender às reais necessidades das gestantes, mediante utilização de conhecimentos técnico-científicos existentes e dos meios e recursos disponíveis mais adequados para cada caso (PETRONI,2012). A adesão das mulheres ao pré-natal está relacionada com a qualidade de assistência prestada pelo serviço e pelos profissionais de saúde, o que, em última análise, será essencial para redução dos elevados índices de mortalidade materna e perinatal verificados no Brasil (LAMDIM ET AL,2008). A finalidade da consulta de enfermagem é acolher a mulher respeitando sua condição emocional em relação à atual gestação, esclarecer suas dúvidas, medos, angústias ou simplesmente curiosidade em relação a este novo momento em sua vida; identificação e classificação de riscos; confirmação de diagnóstico; adesão ao pré natal e educação para saúde estimulando o auto cuidado (FREITAS ET AL,208). As altas taxas de morbimortalidade materna ainda permanecem como um desafio a vencer, e a atenção qualificada no pré-natal pode contribuir significativamente na redução dessas taxas e promover uma maternidade 14 www.soenfermagem.net/cursos segura. No entanto, o oferecimento de uma atenção qualificada está na dependência do desempenho qualificado por parte dos profissionais de saúde que assistem as mulheres na sua gestação. 15 www.soenfermagem.net/cursos A contribuição do enfermeiro no tratamento de pacientes com diabetes mellitus gestacional Como já foi percebido, o diabetes trata-se de uma doença detectada em uma parcela significativa da população brasileira, requerendo cuidados em relação ao tratamento necessário para que os indivíduos possam ter uma qualidade de vida satisfatória, frente ao fato de que, ainda não foi encontrada a cura, mas já se promove a convivência com a mesma, por meio da realização das atividades relacionadas ao seu controle (CARDOSO, 2003). Dessa maneira, enfatiza-se a importância do enfermeiro como agente transformador da consciência dos pacientes referindo-se à questão da realização da prevenção e do tratamento, possibilitando-os dar continuidade às suas atividades de maneira a promover sua satisfação, principalmente em relação ao diabetes gestacional (BARCELLOS, 2011) É fato que, a assistência de enfermagem apresenta-se fundamental para o paciente portador de diabetes, desde a ação de orientação, acompanhamento e até mesmo o acolhimento ao paciente, promovendo ao mesmo, incentivo, educação à saúde para a aprendizagem da convivência com a doença (SILVA JC, 2009). A assistência de enfermagem ao paciente portador de diabetes deve estar voltada a prevenção de complicações, avaliação e monitoramento dos fatores de risco, orientação quanto à prática de autocuidado. Sendo de competência de o enfermeiro realizar a consulta de enfermagem, solicitar exames e realizar transcrição de medicamentos de rotina de acordo com protocolos ou normas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal, desenvolver estratégias de educação em saúde e fazer encaminhamentos quando necessário (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2010, p. 42). A consulta de enfermagem apresenta-se como uma ação eficaz para que se inicie o processo de educação à saúde, essencial para que os pacientes portadores de diabetes possam compreender a necessidade da realização do tratamento e das atividades que são propostas para a melhoria de sua qualidade de vida. Ao enfermeiro, apresenta-se a missão de acolher de forma efetiva o 16 www.soenfermagem.net/cursos portador de diabetes, possibilitando a sua aproximação, como meio de orientar e sanar as dúvidas e questionamentos apresentados pelos indivíduos que em um primeiro momento, se encontram abalados frente ao diagnóstico da existência do diabetes. Ao enfermeiro cabe educar os pacientes para que eles obtenham conhecimento sobre sua condição e os riscos a saúde, incentivando a aceitação da doença e a implementação das medidas de autocontrole, tais como: Controle dos níveis glicêmico através de mudança nutricional, prática de exercícios físicos, terapêutica medicamentosa, além das medidas preventivas como cuidados com os pés, aferição da pressão arterial regularmente e evitar maus hábitos, como alimentos ricos em gordura, tabagismo e etilismo. O enfermeiro deve informar ao paciente dobre a sintomatologia da hipoglicemia e hiperglicemia para o mesmo saber como agir diante dessas situações (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2010, p. 44). Percebe-se que as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro junto aos portadores de diabetes, principalmente com os sintomas do diabetes gestacional, enfatizando o incentivo ao tratamento, bem como a orientação frente às diferentes informações que são necessárias para que os mesmos possam desenvolver de forma eficiente as práticas relacionadas à mantença de sua saúde. Além disso, salienta-se o fato de que, o paciente necessita ser acompanhado de maneira eficiente, salientando a questão de que, a perda de peso, além dos demais sintomas existentes relacionados à diabetes gestacional pode ser amenizado mediante a intervenção dos enfermeiros no que se refere a conscientização dos pacientes sobre o controle do nível de glicemia. Compete ao enfermeiro identificar precocemente os fatores de riscos, vulnerabilidade do indivíduo e o ambiente em que ele está inserido, através disto o profissional pode intervir de forma sistematizada para minimizar os riscos e os agravos a saúde. A intervenção de enfermagem consiste na educação em saúde, com incentivo para mudanças no estilo de vida, nos hábitos alimentares e proporcionando ao indivíduo o conhecimento sobre sua patologia OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2010, p. 45). 17 www.soenfermagem.net/cursos Salienta-se ainda, o fato da importância da relação do enfermeiro para com o paciente portador de diabetes gestacional, a necessidade da aproximação do enfermeiro é evidenciada principalmente no que se refere aos aspectos emocionais, psíquicos e, em relação à própria família, uma vez que, esses fatores são primordiais para que os pacientes possam enfrentar demaneira mais saudável a nova realidade, a qual implica no convívio do monitoramento do tratamento realizado. Faz-se necessário salientar ainda que, mediante o foco do estudo seja a diabetes gestacional, a atuação do enfermeiro é enfocada como sendo fundamental para a orientação e controle das consequências dessa doença, já que, um dos principais sintomas encontra-se relacionados à perda de peso levando a desnutrição que pode acarretar a internação dos pacientes. Sendo assim, por meio dessa breve reflexão, salienta-se o fato de que o papel desenvolvido pelo enfermeiro junto aos portadores de diabetes se apresenta fundamental, ressaltando os aspectos de que, a sua importância nos momentos relacionados à consulta de enfermagem, bem como na educação à saúde, e no acompanhamento de suas ações individuais e familiares, é uma contribuição fundamental para que os pacientes possam se sentir amparado para continuar a desempenhar suas atividades cotidianas. 18 www.soenfermagem.net/cursos Conclusão A Diabetes Gestacional trata-se de uma das patologias mais frequentes, inclusive durante a gestação, porém é uma doença crônica não transmissível e seus altos índices estão presentes por todo o mundo, ou seja, necessita de um acompanhamento para que não haja complicações tanto para a mãe quanto para o feto e acima de tudo mantenha os níveis corporais para que a paciente consiga ter uma melhor qualidade de vida. Os cuidados de enfermagem prestados às mulheres com DMG merecem destaque, dada a sua relevância perante a atenção pré-natal. Como visto, o enfermeiro desempenha um papel fundamental no cuidado a esses sujeitos, colaborando no controle da patologia, desfecho gestacional sem intercorrências e de maneira satisfatória, assim como no nascimento de um bebê saudável e sem complicações neonatais. As orientações durante o acompanhamento pré-natal à gestante diabética devem contemplar aspectos relacionados à gestação e à doença e o enfermeiro precisa se certificar se as informações estão sendo transmitidas de forma simples, contribuindo para o tratamento das mulheres com DMG. Conclui-se que as intervenções de enfermagem para a gestante DMG são: acompanhamento da gravidez de risco, oferecer suporte e apoio emocional, orientar as gestantes diabéticas sobre o plano alimentar, fazer o controle glicêmico, orientar quanto aos sinais e sintomas de hipo e hiperglicemia, orientar quanto a utilização de insulina, realizar exercícios físicos e consultas de pré natal. Finalmente, considera-se que cada gestante vivencia a gravidez e o diagnóstico de DMG de maneira distinta. Assim, faz-se necessário promover um cuidado congruente com a realidade e a cultura de cada gestante, atentando para as suas dificuldades e necessidades. Sabe-se, conforme já discutido nesse estudo, que o pré-natal gera implicações positivas não apenas para a gestante e sua família, mas para a Enfermagem como profissão e para a equipe interdisciplinar. Espero, por intermédio dessa pesquisa, ter contribuído para que outros acadêmicos de 19 www.soenfermagem.net/cursos Enfermagem e enfermeiras despertem para a importância da realização de um pré-natal de qualidade e a que através dos grupos de gestantes, possam como enfermeiras, de alguma forma orientar e na medida do possível identificar as gestantes que tenham potencial para desenvolver uma gestação de alto risco. Envolvendo-se cada vez mais e criando um vínculo com as mesmas e assim refletindo sobre o poder que esse momento confere ao profissional, ao apontar os caminhos que levam à humanização da assistência ao pré-natal. Diante dos fatos evidenciados nesta pesquisa, finalizo dando ênfase de que é somente por meio de um método de trabalho sistematizado e fundamentado cientificamente é que as enfermeiras alcançarão seu espaço e sua independência profissional, definindo um saber que é exclusivamente seu e o seu lugar insubstituível na equipe de saúde. 20 www.soenfermagem.net/cursos Referências bibliográficas American Diabetes Association (ADA). Diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes care. 2014; 37(Supl 1):81-90. American Diabetes Association (ADA). Gestational diabetes mellitus. Diabetes care. 2014; 37(9):103-5 Andrade ES, Oliveira G, Medeiros DL, Santos ML, Ghelfi A, Matos GSR. Percepção de sedentarismo e fatores associados em adolescentes grávidas no Município de Coari, Estado do Amazonas, Brasil. Rev. Pan- Amazonica Saud. 2010; 1(4):35-41. Araujo MFM, Pessoa SMF, Damasceno MMC, Zanetti ML. Diabetes gestacional na perspectiva de mulheres grávidas hospitalizadas. 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