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PROCESSO CIVIL I - RECONVENÇÃO

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Reconvenção 
Conceito: a ação do réu contra o autor, proposta no mesmo feito em que está sendo demandado. Ao contrário da contestação, que é simples resistência à pretensão do autor, a reconvenção é um contra-ataque, uma verdadeira ação ajuizada pelo réu (reconvinte) contra o autor (reconvindo), nos mesmos autos. 
Da reconvenção resulta um cúmulo de lides, representado pelo acréscimo do pedido do réu ao que inicialmente havia sido formulado pelo autor. Ambas as partes, em consequência, passam a atuar reciprocamente como autores e réus.
O fundamento do instituto está no princípio de economia processual. 
A reconvenção, todavia, é mera faculdade, não um ônus como a contestação. Da sua omissão, nenhum prejuízo decorre para o direito de ação do réu, pois, se não formulou a resposta reconvencional, pode, mesmo assim, ajuizar ação paralela diante do mesmo juiz, até depois de vencido o prazo de reconvir, para ajuizar o pedido contra o autor que poderia ter sido objeto da reconvenção. 
CONTESTAÇÃO RECONVENCIONAL
Quem fixa o objeto do processo e delimita a prestação jurisdicional é a demanda, ordinariamente formulada pelo autor. Dela não pode se afastar a sentença, nem para ultrapassá-la. 
É bom advertir, porém, que a demanda não é privilégio do autor, pois ao réu também é dado formular, em sua resposta, pedidos com poder de ampliar o objeto litigioso. Isto se dá no caso típico da reconvenção, mas não só nele. 
Exemplo: ações possessórias, que podem redundar em tutela à posse do réu, em lugar da do autor, chegando mesmo a condená-lo a perdas e danos em favor do demandado, sem que este tenha formulado, formalmente, uma reconvenção (art. 556) e das ações de consignação em pagamento, quando o demandado arguir insuficiência do depósito, caso em que o juiz, acolhendo a defesa, condenará o autor ao pagamento da diferença em favor do réu, sem que este tenha reconvindo (art. 545, § 2º). Esse fenômeno deita raízes em terreno que vai além do processo, atingindo o plano de direito material disputado em juízo.
Pode-se reconhecer que em todos os casos de exceções substanciais, cuja invocação na defesa do réu importa exclusão ou redução do direito que o autor pretendeu fazer valer contra o excipiente, a contestação tem aptidão para assumir o feitio reconvencional, ou seja, provoca ampliação do objeto do processo e, consequentemente, dilata os limites objetivos da coisa julgada.
Exemplos dessa contestação de força reconvencional podem ser entrevistos nas arguições de prescrição, decadência, nulidade ou anulabilidade de negócio jurídico por vício de consentimento, cláusula resolutória etc. 
Porém, para que tal ampliação do objeto litigioso ocorra, é necessário que a pretensão do réu seja expressa em sua contestação.
Para que a defesa do réu vá além da resistência passiva ao pedido do autor, é necessário que assuma a forma e o conteúdo de reconvenção, ou, pelo menos, veicule, expressamente, alguma exceção substancial. Em qualquer caso, a demanda do réu há de ser identificada por manifestação inequívoca de pretensão de obter um bem da vida, no sentido de instaurar ou ampliar o objeto litigioso do processo. Sem esse propósito explícito, a defesa sempre se limitará à mera resistência. 
Se o réu limitar-se a provar seu prejuízo, sem pedir explicitamente a condenação do autor a repará-lo, a sentença, ainda que reconheça a improcedência da demanda do autor, não terá como condená-lo a indenizar os danos infligidos à contraparte.
O que, porém, não se tolera é o julgamento sem demanda ou fora da demanda (seja esta do autor ou do réu), por se configurar mácula da sentença extra ou ultra petita. 
PRESSUPOSTOS DA RECONVENÇÃO
I – Cabimento da reconveção:
Dada a sua natureza especial, a reconvenção exige alguns requisitos específicos, de par com aqueles que se observam em qualquer ação. Com efeito, dispõe o art. 343, caput, do NCPC que é lícito “ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa”. 
II – Pressupostos específicos da resposta reconvencional
Art. 343
1 - Legitimidade de parte. Não apenas o réu é legitimado ativo para ajuizar a reconvenção; e nem apenas o autor pode ser reconvindo. Ao polo ativo ou passivo da reconvenção podem ser incluídos terceiros legitimados em litisconsórcio com a parte originária (art. 343, §§ 3º e 4º).
Ampliou, expressamente, a reconvenção ao dispor que a reconvenção pode ser proposta tanto contra o autor e terceiro, como manejada pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
Por outro lado, tanto na ação como na reconvenção, as partes devem atuar na mesma qualidade jurídica, de sorte que, se um age como substituto processual de terceiro, não poderá figurar em nome próprio na lide reconvencional. 
2 - Conexão. Só se admite a reconvenção se houver conexão entre ela e a ação principal ou entre ela e o fundamento da defesa. 
A conexão entre as duas causas (a do autor e a do réu) pode ocorrer por identidade de objeto ou de causa petendi. 
Há identidade de objeto quando os pedidos das duas partes visam ao mesmo fim. 
Há identidade de causa petendi quando a ação e a reconvenção se baseiam no mesmo ato jurídico, isto é, ambas têm como fundamento o mesmo título. 
A conexão pode ocorrer entre a defesa do réu e o pedido reconvencional, quando o fato jurídico invocado na contestação para resistir à pretensão do autor sirva também para fundamentar um pedido próprio do réu contra aquele. 
3 - Competência. Obviamente, o juiz da causa principal é também competente para a reconvenção. Por exemplo, é impossível formular reconvenção diante de juízo estadual, com base em relação jurídica que se pode ser apreciada pela justiça federal ou pela justiça do trabalho.
4 - Rito. O procedimento da ação principal deve ser o mesmo da ação reconvencional. Embora não haja previsão expressa da compatibilidade de rito para reconvenção, essa uniformidade é exigência lógica e que decorre analogicamente do disposto no art. 327, § 1º, III, que regula o processo cumulativo em casos de conexão de pedidos, gênero a que pertence a ação reconvencional. Por conseguinte, só há de se admitir reconvenção quando seja possível atribuir-se à causa, após a contestação, o procedimento comum.
Quanto ao rito, é bom lembrar, ainda, que não cabe a reconvenção nas ações dos juizados especiais, não só por sua estrutura simplificada, como também pelo fato de a lei conferir-lhe natureza de ação dúplice, isto é, o réu na contestação pode formular pedido contra o autor, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia (Lei 9.099/1995, art. 31).
Quanto à ação executiva, também não há que se falar em reconvenção, porque simplesmente não mais existe, no Código, essa ação especial. Agora, só há o processo de execução, que não se presta a nenhuma resposta do demandado, mas apenas a atos executivos, de modo que não enseja, por isso mesmo, o pedido reconvencional. Nos embargos do devedor, que têm a natureza de ação de cognição, também não se concebe a reconvenção, por parte do embargado, dado o procedimento especial que devem observar. Outrossim, no que toca ao executado, não deverá usar a reconvenção para pleitear possível compensação de crédito; bastará se valer, para tanto, dos embargos à execução. Não cabe reconvenção, também, por absoluta desnecessidade, em ações dúplices, como as possessórias (art. 556), pois, pela própria natureza dessas causas, a contestação do demandado já tem força reconvencional. 
REVONVENÇÃO E COMPENSAÇÃO
A compensação é uma figura de direito material, como forma de extinção de obrigações recíprocas entre as mesmas partes (Código Civil, art. 368), e a reconvenção é um instrumento de direito processual, para permitir ao réu demandar o autor no mesmo processo. 
É frequente, por exemplo, a indagação em torno de ser, ou não, necessário o uso da ação reconvencional para submeter o autor a compensar seu crédito com outro que lhe opõe o réu. A resposta é negativa, uma vez que a compensação é causa legal de extinção das obrigações recíprocas, desde que líquidas,certas e fungíveis (Código Civil, arts. 368 e 369). Basta, portanto, que o réu a invoque em simples contestação.
Se de parte a parte as obrigações se apresentem líquidas, vencidas e de coisas fungíveis, a compensação poderá ser arguida em contestação (só haverá necessidade de reconvenção se o crédito do autor for menor que o do réu, e este pretender condená-lo ao pagamento do excesso, depois de consumada a compensação, na parte em que as dívidas se neutralizaram);
Obrigações incertas ou ilíquidas não se compensam, senão depois de acertamento por sentença, razão pela qual somente podem ser pleiteadas por via de reconvenção. Por força de sentença, se for o caso de procedência do pleito contraposto, ocorrerá o que se costuma chamar de compensação judicial.
PROCEDIMENTO
Agora, a reconvenção será proposta na própria contestação.
É importante ressaltar, porém, que, a despeito da alteração procedimental, a reconvenção continua a ser uma ação autônoma e, não, um simples meio de defesa. 
Da autonomia da reconvenção decorre a possibilidade de o réu deixar de oferecer a contestação e limitar-se à propositura da primeira resposta (art. 343, § 6º). Todavia, como a reconvenção não substitui a contestação, em tal hipótese ocorrerá revelia quanto à ação principal, o que não impede a apreciação do pedido formulado na ação incidental. 
Proposta a reconvenção, na forma de incidente do processo em curso, não se procede à citação formal do autor reconvindo. Este é apenas intimado na pessoa de seu advogado para apresentar resposta no prazo de quinze dias. Essa intimação, no entanto, produz todos os efeitos da citação (art. 240).
A resposta do reconvindo deverá ser redigida com observância de todas as exigências aplicáveis à contestação comum, e que se acham contidas nos arts. 335 a 342. 
Após a resposta, a reconvenção integrará a marcha normal do processo e, afinal, será julgada, de forma explícita, juntamente com a ação, numa só sentença, que, todavia, tratará do pleito incidental, em dispositivo específico. A necessidade de um julgamento explícito, na espécie, decorre de ser a reconvenção não um simples meio de defesa, mas, sim, uma ação autônoma, embora cumulada com a contestação. A inobservância da regra, que impõe esse julgamento distinto e expresso, conduz à nulidade da sentença.
O pedido reconvencional pode ser indeferido liminarmente nos mesmos casos em que se permite a rejeição da petição inicial (art. 330)
A decisão que não admite a reconvenção não está expressamente incluída no rol das interlocutórias sujeitas a agravo, nos termos do art. 1.015. Entretanto, corresponde a um caso de extinção de parcela do processo, hipótese prevista no parágrafo único do art. 354 como impugnável por meio de agravo de instrumento.
A sucumbência na reconvenção equivale à que ocorre na ação. Assim, rejeitado o pedido por carência ou por improcedência, deve o reconvinte arcar com os honorários do advogado do reconvindo. 
RECONVENÇÃO SEM CONTESTAÇÃO
Mesmo se omitindo quanto à contestação, pode o demandado, que não tem defesa contra a ação ou que não deseja simplesmente resisti-la, ter matéria conexa para reconvir. 
Nesse caso, será revel na ação principal e nela sucumbirá. Poderá, no entanto, diminuir o efeito da condenação obtendo êxito na pretensão reconvencional conexa. Por exemplo: o réu que não tem como negar a falta de pagamento de uma prestação a seu cargo pode, no entanto, ter direito a cobrar multa contratual por descumprimento por parte do autor de outra prestação relacionada ao mesmo contrato, que este realizou fora do prazo convencionado. A reconvenção, nesse quadro, terá vida própria, sem depender do manejo simultâneo da contestação. 
EXTINÇÃO DO PROCESSO PRINCIPAL
A desistência da ação principal, ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito, não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção, visto que é ação autônoma. 
Contrario sensu, a desistência da reconvenção ou sua extinção, sem apreciação do mérito, também não atinge em nada a marcha do processo principal.

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