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EsFCEx 
 
1. A Organização do Espaço Brasileiro. ............................................................................... 1 
a. A integração brasileira ao processo de internacionalização da economia; o 
desenvolvimento econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil. .............................. 10 
b. O processo de industrialização brasileira, os fatores de localização e as suas 
repercussões: econômicas, ambientais e urbanas. ................................................................ 16 
c. A rede de transportes brasileira e sua estrutura e evolução. .......................................... 22 
d. A questão urbana brasileira: processos e estruturas. .................................................... 30 
e. A agropecuária, a estrutura fundiária e problemas sociais rurais no Brasil, dinâmica das 
fronteiras agrícolas e sua expansão para o Centro-Oeste e para a Amazônia. ...................... 38 
f. A população brasileira: evolução, estrutura e dinâmica. .................................................. 45 
g. A distribuição dos efetivos demográficos e os movimentos migratórios internos: reflexos 
sociais e espaciais. ................................................................................................................ 53 
2. A Questão Regional no Brasil a. A regionalização do país: sua justificativa socioeconômica 
e critérios adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); as regiões e as 
políticas públicas para fins de planejamento. b. As regiões brasileiras: especializações 
territoriais, produtivas e características sociais e econômicas. .............................................. 59 
3. O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio ambiente. a. 
Geomorfologia do território brasileiro: O território brasileiro e a placa sul-americana; as bases 
geológicas do Brasil; as feições do relevo; os domínios naturais e as classificações do relevo 
brasileiro. ................................................................................................................................ 90 
b. A questão ambiental no Brasil. ....................................................................................... 98 
c. Os recursos minerais ................................................................................................... 117 
d. As fontes de energia e os recursos hídricos. ................................................................ 124 
e. A biosfera e os climas do Brasil. .................................................................................. 131 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
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Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você 
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
cinco dias úteis para respondê-lo (a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
1 
 
 
 
A cartografia da formação territorial brasileira revela, em diferentes períodos, os processos que 
levaram o Brasil a chegar até a forma territorial e as divisões internas atuais. Desde 1500, o país passou 
por diversas conformações territoriais, fruto de diferentes organizações políticas e administrativas. 
Observe o mapa. 
 
Brasil: Capitanias Hereditárias (1534-1536) 
 
 
 
A doação de uma capitania era feita por meio de dois documentos: a Carta de Doação e a Carta Foral. 
Pela primeira, o donatário recebia a posse da terra, podendo transmiti-la para seus filhos, mas não vendê-
la. Recebia também uma sesmaria de dez léguas da costa na extensão de toda a capitania. Devia fundar 
vilas, construir engenhos, nomear funcionários e aplicar a justiça, podendo até decretar a pena de morte 
para escravos, índios e homens livres. Adquiria alguns direitos: isenção de taxas, venda de escravos 
índios e recebimento de parte das rendas devidas à Coroa. 
A Carta Foral tratava, principalmente, dos tributos a serem pagos pelos colonos. Definia ainda, o que 
pertencia à Coroa e ao donatário. Se descobertos metais e pedras preciosas, 20% seriam da Coroa e, ao 
donatário, caberiam 10% dos produtos do solo. A Coroa detinha o monopólio do comércio do pau-brasil 
e de especiarias. O donatário podia doar sesmarias aos cristãos que pudessem colonizá-las e defendê-
las, tornando-se assim colonos. 
O modelo de colonização adotado por Portugal baseava-se na grande propriedade rural voltada para 
a exportação. Dois fatores influíram nesta decisão: a existência de abundantes terras férteis no litoral 
brasileiro e o comércio altamente lucrativo do açúcar na Europa. 
Num primeiro momento os portugueses lançaram mão do trabalho escravo do índio e, depois, do negro 
africano. A colonização iniciou-se, então, apoiada no seguinte tripé: a grande propriedade rural, a 
monocultura de produto agrícola de larga aceitação no mercado europeu e o trabalho escravo. 
As dificuldades iniciais eram muitas. Bem maiores do que os donatários podiam calcular. Era difícil a 
adaptação às condições climáticas e a um tipo de vida totalmente diferente do da Europa. Além disso, o 
alto custo do investimento não trazia retorno imediato. Alguns donatários nem chegaram a tomar posse 
das terras, deixando-as abandonadas. 
 
 
1. A Organização do Espaço Brasileiro. 
 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
2 
 
A cartografia da formação territorial do Brasil 
 
Com a chegada de Cristóvão Colombo na América, em 1492, o território americano passou a ser 
cobiçado pelos principais países europeus. Em 1494, após anos de negociação mediada pela Igreja 
Católica, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, que repartia as novas terras entre 
esses dois países. Observe o mapa a seguir. 
 
Brasil: o Tratado de Tordesilhas 
 
 
 
Definiu-se que as terras situadas a leste da linha de Tordesilhas seriam de posse de Portugal e aquelas 
localizadas a oeste seriam de propriedade espanhola. Contudo, a existência do Tratado não garantiu na 
prática a posse dos territórios na América. Primeiro porque esses territórios não estavam vazios, ou seja, 
encontravam-se ocupados por diferentes grupos indígenas. Os portugueses e espanhóis teriam de 
conquistar suas terras, o que envolveu muitas batalhas. Em segundo lugar, outros Estados (como França, 
Inglaterra e Holanda) não reconheciam a legitimidade do tratado nem o direito de Portugal e Espanha 
sobre essas terras e também as disputavam. 
No caso português, a ocupação de suas terras na América ocorreu de fato a partir de 1530. Até então, 
Portugal limitou-se a criar postos de comércio no litoral para a comercialização de pau-brasil – as feitorias. 
Porém, devidoa constantes invasões de piratas e expedições estrangeiras, o rei viu-se obrigado a ocupar 
o território para garantir o seu domínio. 
Foi a partir de então que começaram as primeiras expedições de exploração e colonização do litoral 
brasileiro e de algumas regiões no interior mais próximas. Ao longo do século XVI, a exploração e o 
povoamento da colônia pouco avançaram em direção ao seu interior. No século XVII, o desenvolvimento 
da economia açucareira e de algumas atividades voltadas para abastecer o pequeno mercado interno 
proporcionou a exploração e ocupação de novos territórios – uma vez que era necessário espaço para 
desenvolvê-las. Observe o mapa a seguir. 
 
Brasil: povoamento no século XVI 
 
 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
3 
 
A exploração e a ocupação de novas terras na Colônia acompanharam o processo de desenvolvimento 
da economia local, conforme é possível observar o mapa anterior. É importante ressaltar que o 
desenvolvimento econômico e as consequentes possibilidades de enriquecimento serviam de estímulo 
para promover o povoamento da Colônia. 
É possível notar ainda que, no século XVII, a maior parte de cidades e vilas ainda se concentrava no 
litoral. Porém, graças às atividades como a pecuária e a procura pelas chamadas drogas do sertão, ervas 
encontradas na região amazônica, foi possível conhecer e ocupar novos territórios no continente – 
ultrapassando, inclusive, os limites da Linha de Tordesilhas. 
Porém, ainda havia uma grande parcela de terras a leste de Tordesilhas que não tinha sido explorada 
pelos portugueses. Por mais que, segundo o tratado, pertencessem à Portugal, na prática esses territórios 
ainda eram controlados por indígenas. Portanto, para serem conquistados, eles deveriam ser explorados 
e ocupados. 
A exploração desses territórios deu-se a partir do século XVII, por meio das entradas e bandeiras. As 
entradas eram expedições oficiais de exploração do território da Colônia, financiados pela Coroa 
Portuguesa. Já as bandeiras, apesar de também possuírem um caráter exploratório, eram expedições 
particulares, movidas por interesses econômicos e comandadas por homens conhecidos como 
bandeirantes. 
 
As Bandeiras e os Bandeirantes 
 
Grande parte das bandeiras originou-se das vilas de São Vicente e São Paulo. Devido às dificuldades 
econômicas enfrentadas no sul da Colônia, muitos homens viram-se forçados a explorar novos territórios 
em busca de riquezas minerais (como ouro e prata) e de escravos indígenas para vender. Outra atividade 
comum era a captura de escravos negros fugitivos. 
Os comandantes dessas expedições, os bandeirantes, foram responsáveis pela exploração de grande 
parte do atual território brasileiro. Apesar das contribuições dadas ao processo de expansão do território 
brasileiro, as ações dos bandeirantes são alvo de controvérsia. Não devemos esquecer que eles foram 
responsáveis pela escravização e morte de diversos povos indígenas. Observe o mapa a seguir, que 
mostra as principais bandeiras dos séculos XVII e XVIII. 
 
Brasil: principais bandeiras (séculos XVII e XVIII) 
 
 
Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1991 
 
Observando o mapa, é possível notar que as bandeiras que partiam de São Paulo tinham como direção 
o interior da Colônia, ultrapassando os limites do Tratado de Tordesilhas. Essas expedições foram 
responsáveis pela exploração de áreas e a criação de vilas nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte do país 
– que até então haviam sido nada ou pouco exploradas. 
É importante ressaltar que, entre 1580 e 1640, Portugal permaneceu sob domínio espanhol, época 
conhecida como a União Ibérica. Assim, durante todo esse período, o Tratado de Tordesilhas passou a 
ser invalidado de fato, o que facilitou a exploração e ocupação de territórios além de seus limites por parte 
dos bandeirantes. 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
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Foi apenas em 1750 que Portugal e Espanha assinaram um tratado que substituía o de Tordesilhas. 
Ambos os países reconheciam que os limites estabelecidos em Tordesilhas não foram historicamente 
respeitados. Assim, naquele ano foi assinado o Tratado de Madri, que teve como objetivo regularizar a 
fronteira entre suas colônias. 
Segundo os termos do Tratado de Madri, as fronteiras das colônias deveriam ser estabelecidas como 
base na lógica de Uti Possidetis, expressão em latim que significa que quem ocupa determinado território 
tem a posse sobre ele. O mapa a seguir mostra como ficou a fronteira brasileira após o Tratado de Madri. 
 
O território brasileiro após o Tratado de Madri (1750) 
 
 
 
Repare como o território brasileiro se expandiu para além dos imites do Tratado de Tordesilhas – 
aproximando-se, inclusive, de seus limites atuais. 
Pode-se dizer que a expansão territorial do Brasil ocorreu graças à ação exploratória dos bandeirantes, 
que foram responsáveis por explorar e povoar essas novas áreas e garantir a posse delas no Tratado de 
Madri, em 1750. 
Apesar do novo tratado, ele não significava o fim das questões referentes a territórios e fronteiras na 
região. Até o fim do período colonial, o Uruguai e parte do Rio Grande do Sul foram disputados entre 
Brasil e Espanha. 
 
A Organização Política e Administrativa do Brasil 
 
Em 1621, durante a União Ibérica, o rei Felipe III decretou a separação da Colônia portuguesa em dois 
estados: Estado do Maranhão, com capital em São Luís, e o Estado do Brasil, com capital no Rio de 
Janeiro. Cada um desses Estados encontrava-se dividido em várias capitanias, conforme representa o 
mapa que mostra a divisão das capitanias em 1709. Nesse ano, o Estado do Maranhão era composto 
pelas capitanias do Grão-Pará e do Maranhão, tendo sua capital transferida para a cidade de Belém. Em 
1763, foi a vez de mudar a capital do Estado do Brasil, passando de Salvador para o Rio de Janeiro. Em 
1774, a Coroa portuguesa decretou a reunificação da Colônia, que permaneceu assim até a sua 
independência. 
Observe e compare os mapas das divisões territoriais do Brasil em 1709 e em 1822, ano da 
independência do país. 
 
Divisão Territorial do Brasil (1709) - São Paulo no seu Máximo 
A partir de 1709, o Brasil já estava dividido em sete estados. Onde hoje abrange parte da Amazônia, 
no Norte do país, localizava-se a província do Grão-Pará. Abaixo, na área que pertence atualmente a 
Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Goiás, São Paulo e parte do 
Paraná, era dominada pelo Estado de São Paulo. O estado do Nordeste era ocupado apenas por 
Maranhão, Pernambuco e Bahia. Na região Sul, apenas a província de São Pedro. A Sudeste, o Rio de 
Janeiro. 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
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Divisão territorial do Brasil (1822) 
 
Em 1822, ano da independência brasileira, o território brasileiro configurava-se assim: 
 
Brasil em 1822 
 
 
 
Observe que, em 1822, os limites do território brasileiro assemelhavam-se aos atuais. Nesse caso, 
deve-se destacar a região da Cisplatina, que na época pertencia ao Brasil. Pouco tempo depois, a 
Cisplatina tornou-se independente do Brasil e passou a se chamar Uruguai. 
 
1823: Províncias Imperiais 
 
No ano de 1823, um ano após a Declaração da Independência, foram acrescentados ainda mais 
territórios. O Brasil ganhou os estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Ceará e 
Piauí. No Sul, houve o acréscimo do estado de Santa Catarina e da Província da Cisplatina, o atual 
Uruguai. 
 
Divisão territorial do Brasil (1889) 
 
 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
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Na época da independência, a divisão político-administrativa brasileira era baseada em províncias, e 
não em estados, como hoje em dia. Repare como as diversas províncias existentes em 1822, assim como 
suas fronteiras, deram origem a muitos estados atuais.Até o fim do Império e a formação da República, em 1889, o território brasileiro sofreu algumas 
pequenas modificações. Da mesma forma, alguns territórios deixaram de pertencer a algumas províncias 
e foram incorporados a outras, como mostra o mapa acima. 
Com a instauração da República, a divisão político-administrativa brasileira, que antes compunha 
várias províncias, passou a se basear em estados. Dessa forma, o Brasil tornou-se uma República 
Federativa, composta por diferentes unidades. 
Desde 1889 foram criados alguns estados novos, bem como uma nova divisão político-administrativa: 
os territórios federais. Esses territórios integravam diretamente a União, sem pertencer a nenhum 
estado. Em 1988, os territórios federais existentes foram extintos e suas áreas foram incorporadas a 
estados vizinhos. 
 
As Unidades Federativas do Brasil 
 
As unidades federativas são entidades político-administrativas e territoriais vinculadas ao Estado 
Nacional – no caso brasileiro, à República Federativa. 
Elas possuem autonomia no que diz respeito à eleição de seus governantes, à criação de determinadas 
leis e à cobrança de impostos. 
Atualmente, o Estado brasileiro é composto por 27 unidades federativas: 26 estados e o Distrito 
Federal, onde se localiza Brasília, a capital do país. 
O estado é composto por diversos municípios. Todos os estados possuem um governador e uma 
assembleia legislativa que são responsáveis por gerir e regular as políticas dentro de seu território. 
 
O Brasil no Mundo: Localização e Extensão 
 
Posição Geográfica e Noções Cartográficas do Brasil 
Os pontos extremos do Brasil são: setentrional – nascente do Rio Ailã, no Monte Caburaí (em Roraima, 
fronteira com a Guiana); meridional: Arroio Chuí (no Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai); oriental: 
Ponta do Seixas (na Paraíba); ocidental: a nascente do Rio Moa, na Serra do Divisor ou Contamana (no 
Acre, na fronteira com o Peru). 
 
O gigantismo do território brasileiro se confirma pelos 15.719 quilômetros de fronteiras que o Brasil 
possui com quase todos os países da América do Sul (exceto Chile e Equador), bem como pelos 7.367 
quilômetros de costa atlântica. 
Cerca de 90% de seu território se encontra entre a Linha do Equador e o Trópico de Capricórnio, e que 
o predomínio das terras nas baixas latitudes confere ao Brasil características típicas de um país tropical. 
A expressiva amplitude longitudinal do Brasil explica a adoção de diferentes fusos horários. 
 
A Posição Latitudinal do Brasil e suas Implicações 
A latitude corresponde ao ângulo formado pela distância de um lado paralelo em relação à Linha do 
Equador. 
A variação latitudinal implica mudanças da obliquidade, isto é, da inclinação com a qual os raios solares 
incidem sobre a superfície terrestre. 
No território brasileiro, dadas as suas grandes dimensões, essa mudança da inclinação da incidência 
solar é relativamente perceptível. 
O extremo sul do Brasil recebe raios oblíquos, que implicam temperaturas médias anuais mais baixas 
e, consequentemente, climas mais amenos em comparação àqueles dominantes na maior parte do país. 
Quanto a extensão latitudinal do Brasil e a localização espacial do extremo sul, essa porção do território 
brasileiro está situada ao sul do Trópico de Capricórnio, o que implica obliquidade maior. Por isso, é 
dominada pelo clima zonal temperado, cujas temperaturas médias estão entre as mais baixa registradas 
no país. 
 
A Posição Longitudinal do Brasil e suas Implicações 
A longitude corresponde ao ângulo formado pela distância de um ponto qualquer da superfície 
terrestre em relação ao meridiano de Greenwich, que, divide a Terra em dois hemisférios: o Ocidental e 
o Oriental. 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
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A longitude varia de zero a 180 graus a partir do Meridiano de Greenwich, tanto para o leste, como 
para oeste. O território brasileiro se localiza integralmente no Hemisfério Ocidental. 
 
Fronteiras Marítimas do Brasil 
 
Nas últimas décadas do século XX, uma nova fronteira chamou a atenção da sociedade e do governo 
brasileiro: e as águas do Oceano Atlântico que banham nosso território. 
Isso tem um motivo: a tecnologia desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial criou navios mais 
rápidos que os anteriores e com maior capacidade de carga, que podem viajar a grandes distâncias, 
explorando economicamente as águas longe de seus territórios de origem. Gigantescos navios frigoríficos 
japoneses e europeus, por exemplo, passaram a dispor de recursos que lhes permitem explorar, até a 
exaustão, os cardumes que se deslocam em alto-mar. 
Essa acelerada evolução tecnológica trouxe novas perspectivas às nações, que passaram a considerar 
o mar não só uma via de transportes ou fonte de alimentos, mas um grande gerador de riquezas e 
matérias-primas. Assim, os mares e oceanos tornaram-se estratégicos, e muitos países passaram a tentar 
incorporar áreas marítimas aos seus territórios. 
Depois da Segunda Guerra Mundial, a ONU patrocinou diversas reuniões sobre os limites marinhos. 
Elas ficaram conhecidas como Conferências das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Nessa época, 
muitos defendiam que os recursos dos fundos marinhos, situados além das jurisdições nacionais, fossem 
considerados patrimônio comum da humanidade. Dessa maneira, passou a ser necessário determinar os 
limites marítimos de cada Estado costeiro. 
Enquanto ocorriam essas negociações, o Brasil adotou, em 1970, para resguardar os interesses 
econômicos do país e por razões de segurança nacional, o limite de 200 milhas náuticas (cerca de 370 
quilômetros) para exploração das águas territoriais brasileiras. 
Nessas águas – cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados de superfície aquática – somente navios 
brasileiros e de empresas estrangeiras com autorização do governo brasileiro poderiam exercer alguma 
atividade. Navios estrangeiros sem licença pagariam multas e seriam apreendidos. 
Em 1982, na Jamaica, foi assinada a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM). 
Foi nessa convenção que os limites marítimos dos países foram definidos, da seguinte forma: 
 
* mar territorial: compreende a faixa de 12 milhas marítimas (cerca de 22 quilômetros) de largura, 
medidas a partir do litoral e das ilhas brasileiras. Nesse espaço marítimo, o Estado costeiro tem total 
controle sobre as águas, o espaço aéreo e o fundo do mar; 
 
* zona contígua: delimitada por 12 milhas além do limite do mar territorial. Essa faixa é importante, 
pois se trata de uma área de segurança, onde os países podem fiscalizar todas as embarcações que nela 
navegarem; 
 
* zona econômica exclusiva: área que se estende até 200 milhas além do mar territorial. Pela 
convenção da ONU, os Estados costeiros têm o direito de explorar e a obrigação de conservar os recursos 
(sejam eles minerais ou pesqueiros) que se encontram em toda essa região. Desde o início da década 
de 1980, o Brasil vem realizando estudos para identificar o potencial de pesca no Oceano Atlântico e zelar 
pela manutenção dele; 
 
* plataforma continental: conforme a convenção de 1982, corresponde ao leito e ao subsolo das 
áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial. 
 
Os países que tiverem intenção de ampliar sua atuação para além das 200 milhas devem apresentar 
um relatório para a Convenção da ONU, provando que a plataforma continental se prolonga para além de 
200 milhas. 
Para cumprir essa determinação, o governo brasileiro criou, na década de 1980, o projeto 
Levantamento da Plataforma Continental (Leplac). Cientistas, militares e técnicos da Petrobras 
participaram dessa empreitada, e o relatório em 2013 já havia sido praticamente todo aprovado pela 
comissão da ONU. Assim, o Brasil controlaria a área de 4,5 milhões de quilômetros quadrados no mar, o 
que praticamente equivale, em extensão territorial, a uma nova Amazônia. Foi por isso que muitos 
passaram a chamar essa região de Amazônia Azul.Nessa área ocorre quase 80% da exploração petrolífera brasileira. Muitos especialistas afirmam que 
em um futuro próximo será possível explorar outros minerais que existem no fundo do mar. 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
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Por esse tratado, o Brasil também é responsável, por exemplo, por operações de resgate em uma área 
muito maior que a Amazônia Azul. Trata-se de uma nova fronteira que ainda precisa ser muito estudada 
e conhecida. 
 
A Divisão Regional do IBGE 
 
Os primeiros estudos de divisão regional datam de 1941 e foram realizados sob a coordenação do 
engenheiro, geógrafo e professor Fábio Macedo Soares Guimarães (1906-1979). Ao avaliar as diversas 
propostas de divisão regional que já existiam naquela época, esse trabalho visava a elaborar uma única 
divisão regional do Brasil para a divulgação de dados estatísticos sobre a realidade socioespacial de 
nosso país. 
Foi assim que, em 1942, surgiu a primeira divisão regional do IBGE, que levava em conta sobretudo 
as características naturais. Era constituída por cinco grandes regiões: Norte, Nordeste, Leste, Sul e 
Centro-Oeste. A região Nordeste foi subdividida em Nordeste Ocidental e Nordeste Oriental. Por sua vez, 
a região Leste foi subdividida em Leste Setentrional e Leste Meridional. 
Em 1945, o IBGE divulgou uma nova divisão regional do Brasil, levando em consideração, agora, sub-
regiões denominadas zonas fisiográficas, baseadas no quadro físico do território, com vistas ao 
agrupamento de dados estatísticos municipais, em unidades espaciais de dimensão mais reduzida que 
as das unidades da federação. 
Desde então, uma sucessão de divisões regionais foi proposta pelo IBGE. 
Ressalta-se que, em todas as divisões regionais propostas pelo IBGE, há um aspecto importante em 
comum: os limites das regiões coincidem com os limites estaduais. 
Evidentemente, essas divisões regionais não levam em conta as especificidades naturais do nosso 
país. O norte de Minas Gerais, por exemplo, apesar de abrigar paisagens naturais típicas do Sertão 
nordestino, integra a região Sudeste. 
 
Lista do Estados e Capitais por região 
 
Região Norte 
Acre – Capital: Rio Branco. 
Amapá – Capital: Macapá. 
Amazonas – Capital: Manaus. 
Pará – Capital: Belém. 
Rondônia – Capital: Porto Velho. 
Roraima – Capital: Boa Vista. 
Tocantins – Capital: Palmas. 
 
Região Nordeste 
Alagoas – Capital: Maceió. 
Bahia – Capital: Salvador. 
Ceará – Capital: Fortaleza. 
Maranhão – Capital: São Luís. 
Paraíba – Capital: João Pessoa. 
Pernambuco – Capital: Recife. 
Piauí – Capital: Teresina. 
Rio Grande do Norte – Capital: Natal. 
Sergipe – Capital: Aracaju. 
 
Região Centro-Oeste 
Goiás – Capital: Goiânia. 
Mato Grosso – Capital: Cuiabá. 
Mato Grosso do Sul – Capital: Campo Grande. 
Distrito Federal – Capital: Brasília. 
 
Região Sudeste 
Espírito Santo – Capital: Vitória. 
Minas Gerais – Capital: Belo Horizonte. 
São Paulo – Capital: São Paulo. 
Rio de Janeiro – Capital: Rio de Janeiro. 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
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Região Sul 
Paraná – Capital: Curitiba. 
Rio Grande do Sul – Capital: Porto Alegre. 
Santa Catarina – Capital: Florianópolis. 
 
Questões 
 
01. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Julgue (C ou E) o próximo item, relativo à formação 
histórica do território brasileiro. 
A formação histórica do território brasileiro iniciou-se com a assinatura do Tratado de Madri, que 
determinou, por meio da criação de uma linha imaginária, o primeiro limite territorial da colônia portuguesa 
nas Américas. 
(....) Certo (....) Errado 
 
02. (TJ/SC – Analista Administrativo – TJ/SC) Sobre o território brasileiro, sua localização geográfica 
e sua organização política-territorial, todas as alternativas estão corretas, EXCETO: 
(A) O Brasil é uma república federativa formada por 27 unidades sendo, 26 estados e um Distrito 
Federal. 
(B) A divisão política do território brasileiro tem mudado no decorrer do tempo, assim até a Constituição 
de 1988 existia no Brasil a denominação de Território Federal. 
(C) Os Territórios Federais eram divisões internas do país administradas diretamente pelo governo 
federal. 
(D) Na divisão política-administrativa do Brasil, em 1988 é extinto o Território Federal de Fernando de 
Noronha, que passa a fazer parte do Estado de Pernambuco. 
(E) O Brasil ocupa a porção centro-ocidental da América do Sul, portanto, apresenta fronteiras com 
quase todos os países sul-americanos exceto, o Chile e Equador. 
 
03. (DPE/SP – Oficial de Defensoria Pública – FCC) O Estado Brasileiro organiza-se, política e 
administrativamente, sob a forma de 
(A) confederação democrática. 
(B) república parlamentarista. 
(C) república federativa. 
(D) federação parlamentarista. 
(E) confederação parlamentarista. 
 
04. (IF/PI – Assistente em Administração – FUNRIO) A organização político-administrativa da 
República Federativa do Brasil compreende 
(A) a União e os Estados, somente. 
(B) a União, os Estados e o Distrito Federal, somente. 
(C) a União e o Distrito Federal, somente. 
(D) os Estado, o Distrito Federal e os Municípios, somente. 
(E) a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 
 
Gabarito 
 
01. Errado / 02.E / 03.C/ 04.E 
 
Comentários 
 
01. Resposta: Errado 
A colonização foi um dos processos que definiram a formação populacional brasileira. 
A partir do século XV, os europeus – especialmente os portugueses, seguidos dos espanhóis – 
iniciaram a expansão marítima que os levou à conquista de terras até então desconhecidas – na África, 
na Ásia e na América. 
 
02. Resposta: E 
O Brasil é considerado um país continental, se encaixa entre os cinco maiores países do mundo. Ocupa 
a porção centro-oriental do continente, fazendo fronteira com quase todos os países sul-americanos 
(exceção do Chile e do Equador). 
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10 
 
03. Resposta: C 
A organização do Estado Brasileiro segue a seguinte fórmula: A forma de Estado é a Federação. A 
forma de governo é a República. O sistema de governo é o Presidencialismo e o Regime de Governo é a 
Democracia. 
Portanto, a organização do Estado política e administrativamente é na forma da República Federativa. 
 
04. Resposta: E 
Artigo 18, CF/88: A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende 
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. 
 
 
 
ECONOMIA BRASILEIRA APÓS A ABERTURA POLÍTICA1 
 
A Abertura Comercial, a Privatização e As Concessões de Serviços 
 
Ao longo da década de 1980, a ciranda financeira e as altas taxas de inflação, com a consequente 
perda do poder de compra dos salários, levaram a um período de estagnação na produção industrial e ao 
baixo crescimento econômico (o PIB brasileiro cresceu em média 2,7% nos anos 1980). A necessidade 
de controlar a inflação e ajustar as contas externas levou os governos, tanto o do general João Baptista 
Figueiredo (1979-1985) quanto o de José Sarney (1985-1989), a se preocupar com ajustes de curto prazo 
na política econômica. Essa prioridade significou uma década inteira sem planejamento econômico de 
longo prazo, o que levou a uma queda de 5% na participação da produção industrial no PIB brasileiro. 
Por causa da alta inflação, os preços eram remarcados diariamente e, por isso, as pessoas geralmente 
faziam suas comprar assim que recebiam o salário. 
A política econômica do governo de Sarney desenvolveu um incipiente processo de privatização de 
empresas estatais (dezessete, ao todo), começando a retirar o Estado do setor produtivo para concentrar 
sua ação na fiscalização e na regulamentação. 
No governo seguinte, de Fernando Collor de Mello (1990-1992), o primeiro presidente eleito pela 
população após o fim da ditadura, foi criado o Plano Collor, que, além do confisco dos depósitos bancários 
em dinheiro (superioresa 50 mil cruzeiros2), se apoiava em outros três pontos: 
→ Privatização de empresas estatais; 
→ Eliminação dos monopólios do Estado em telecomunicações e petróleo e fim da discriminação ao 
capital estrangeiro; 
→ Abertura da economia ao ingresso de produtos e serviços importados. 
Essas medidas tiveram continuidade durante os governos de Itamar Franco (que sucedeu a Fernando 
Collor) e de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). 
A abertura do mercado brasileiro aos bens de consumo e de capital exerceu grande influência no 
processo de industrialização do Brasil. A compra no exterior de máquinas e equipamentos industriais de 
última geração possibilitou modernizar o parque industrial e aumentar a produtividade, mas, por outro 
lado, acarretou o desemprego estrutural. 
No setor de bens de consumo, a entrada de produtos importados de países que aplicavam elevados 
subsídios às exportações e pagavam baixíssimos salários (com destaque para a China, nos setores de 
calçados, têxteis e de brinquedos) provocou a falência de muitas indústrias nacionais, contribuindo para 
elevar ainda mais o desemprego. De outro lado, a concorrência com mercadorias importadas fez a 
qualidade de muitos produtos nacionais melhorar e levou a uma significativa redução dos preços. 
A abertura econômica propiciou um aumento no número de empresas multinacionais e uma 
diversificação de marcas, além de uma dispersão espacial das fábricas (por exemplo, até então existiam 
indústrias automobilísticas apenas em São Paulo e Minas Gerais). 
A privatização de empresas estatais e a concessão de exploração dos serviços de transporte, energia 
e telecomunicações a empresas privadas nacionais e estrangeiras apresentaram aspectos positivos e 
negativos, dependendo da forma como foram realizadas as transferências e dos problemas relacionados 
à administração e à fiscalização. A maioria das empresas privatizadas, quando eram estatais, dependia 
 
1 NE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018. 
2 Cerca de R$ 3.238,79 em valores de abril de 2018, usando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) como indexador. 
a. A integração brasileira ao processo de internacionalização da economia; o 
desenvolvimento econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil. 
 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
11 
 
de recursos do governo e não pagava diversos tipos de impostos. Ao privatizá-las, os governos federal, 
estaduais e municipais passavam a arrecadar impostos. Por exemplo, no setor siderúrgico, a única estatal 
lucrativa era a Usiminas, que, estrategicamente, foi a primeira a ir a leilão, para que os investidores 
acreditassem na disposição de reforma estrutural do Estado brasileiro. 
Na indústria automobilística, embora num primeiro momento tenha havido grande redução no número 
de trabalhadores por unidade fabril, verificou-se significativo aumento no número de instalações 
industriais, com a entrada de novas fábricas, que até então não produziam no Brasil (Honda, Toyota, 
Renault, Peugeot, entre outras), e novos investimentos de outras empresas, que já estavam instaladas 
antes da abertura às importações, como a construção de uma nova fábrica da Ford em Camaçari (BA). 
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em 2017, além 
dos automóveis de passeio, a indústria automobilística brasileira produziu 728.091 veículos comerciais 
leves, 28.220 caminhões e 9.102 ônibus, totalizando 766.013 veículos. O aumento no volume de 
produção indicado na década de 1990 foi acompanhado por uma redução no número de empregos, que 
se recuperou somente a partir de 2010. Isso se explica pela modernização da linha de produção e pelo 
fato de as montadoras que se instalaram recentemente já empregarem tecnologia de ponta. A abertura 
comercial obrigou as indústrias a buscar uma melhor relação qualidade-preço para seus produtos. 
Entre 2014 e 2016, o país entrou em recessão, com PIB negativo, juros, inflação e taxas de 
desemprego em alta. 
Nos setores de transportes e telecomunicações, além de as empresas serem deficitárias, os sistemas 
estavam sucateados e o Estado tinha baixa capacidade de investimento para recuperá-los. As rodovias 
estavam malconservadas e uma linha telefônica era considerada um patrimônio pessoal, chegando a 
custar 5 mil reais (praticamente 5 mil dólares) no mercado paralelo em 1995. Além disso, as tarifas 
públicas, como energia elétrica, telefonia, pedágios, etc., estavam muito defasadas. Esses valores eram 
estabelecidos segundo conveniências políticas e manipulados para que não pressionassem as taxas de 
inflação. 
Com a privatização e a concessão de exploração dos serviços públicos, esses setores receberam 
investimentos privados, expandiram-se e passaram a operar em condições melhores que anteriormente, 
à custa de aumento nas tarifas. 
O aumento no preço dos pedágios, do pulso telefônico ou da energia elétrica obedece às condições 
estabelecidas nos contratos de concessão. Para aumentar os preços, as empresas concessionárias 
devem cumprir metas de investimento, comprovar aumento de custos ou registrar em contrato que o 
reajuste estará atrelado a algum índice de inflação. Em alguns casos, até o percentual de lucro que as 
empresas podem obter está estabelecido em contrato. 
Na década de 1990, os governos eram acusados pelos partidos de oposição de vender o patrimônio 
do Estado e abandonar a infraestrutura nas mãos da iniciativa privada, com prejuízo para a população. 
Daquela época até os dias atuais, o Estado continua comandando os setores concedidos e privatizados 
por meio de agências reguladoras: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional de 
Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), entre outras. 
O setor de energia elétrica, entretanto, constitui um dos casos de má gestão, tanto por parte do governo 
quanto das empresas concessionárias. Em 2001, foi imposto um racionamento à população e, em 2009 
e 2012, ocorreram colapsos no abastecimento que deixaram grande parte dos países sem energia elétrica 
por algumas horas (episódios conhecidos como “apagões”). 
Outro caso são as empresas de telefonia, que apesar de promoverem uma grande expansão no 
serviço, garantindo acesso quase universalizado à população, não mostraram melhorias técnicas e de 
atendimento ao consumidor, prestando serviços com qualidade inferior aos prestados por empresas 
semelhantes nos países desenvolvidos. Não é raro os sistemas dessas empesas entrarem em pane e 
ocorrer desrespeito às normas legais de atendimento ao cliente. Em razão disso, as regências 
reguladoras lavram multas, ou até proíbem a expansão do atendimento. 
Outro fator problemático é que, geralmente, os salários dos trabalhadores não são indexados, ou seja, 
não acompanham a inflação, fazendo com que os reajustes das tarifas, ano a ano, comprometam cada 
vez mais os orçamentos familiares. 
A forte expansão no setor de telefonia, no período de 1997 a 2017, demandou investimentos estimados 
em mais de 20 bilhões de dólares. Como havia interesse do setor privado em investir e o governo não 
possuía recursos ou preferia dar outro destino ao dinheiro, optou-se por privatizar o setor para atrair 
investimentos. 
Uma das principais críticas ao processo de privatização e concessão refere-se ao destino dado ao 
dinheiro arrecadado pelo governo nos leilões, direcionado ao pagamento de juros da dívida interna, sem 
amortização do montante principal, e à desnacionalização provocada por esse processo. 
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12 
 
Até 1998 o sistema de telefonia brasileiro era monopólio do Estado; a partir daí, porém, passou a 
receber investimentos do setor privado o que ampliou bastante a disponibilidadede linhas telefônicas 
fixas e móveis. 
As privatizações e a abertura da economia brasileira possibilitaram o ingresso do capital estrangeiro 
em setores produtivos anteriormente dominados pelo Estado e por empresas de capital privado nacional. 
Assim, a partir de 1990, foram obtidos superávits à custa de maior desnacionalização da economia. Isso 
fez a economia brasileira reduzir sua dependência do capital especulativo, o que a tornou mais sólida e 
mais bem estruturada, mas aumentou a saída de dólares na forma de remessa de lucros e pagamento 
de royalties às matrizes das empresas que se instalaram no país. Em contrapartida, a acelerada 
modernização de alguns setores da economia fez aumentar a competitividade da nossa produção agrícola 
e industrial no mercado internacional, embora o Brasil ainda tenha uma economia muito fechada do ponto 
de vista comercial quando comparada à de outros países. 
A partir de 2015, a China tornou-se um grande investidor de infraestrutura e outros setores na 
economia brasileira. Um exemplo disso é a usina hidrelétrica de Campos Novos no rio Canoas, em Santa 
Catarina. Essa usina pertence à CPFL, antiga empresa estatal comprada por empresa chinesa. 
 
Estrutura e Distribuição da Indústria Brasileira 
 
Em 2015, a indústria de transformação era responsável por 10% do PIB brasileiro. Segundo o IBGE 
(Pesquisa Industrial Anual, de Empresas), as atividades mais importantes nesse ano foram: 
→ 20% na fabricação de produtos alimentícios e bebidas; 
→ 10% de derivados de petróleo e biocombustíveis; 
→ 10% de produtos químicos e farmacêuticos; 
→ 8% na metalurgia e produtos de metal; 
→ 7% em máquinas e equipamentos e materiais elétricos; 
→ 6% na fabricação de veículos automotores; 
→ 2% em informática, eletrônicos e ópticos. 
Seguindo tendência mundial, o parque industrial se modernizou e ganhou impulso com a instalação de 
diversos tecnopolos espalhados pelo país. Há parques tecnológicos em todas as regiões, somando 94 
(em 2015: 28 em operação, 28 em fase de implantação e 38 em fase de projeto). Os principais estão 
localizados em: 
Sudeste: São Paulo, Campinas e São José dos Campos (SP); Santa Rita do Sapucaí e Viçosa (MG) 
e Rio de Janeiro (RJ); 
Nordeste: Recife (PE); Fortaleza (CE); Campina Grande (PB) e Aracaju (SE); 
Sul: Porto Alegre (RS); Florianópolis (SC) e Cascavel (PR); 
Centro-Oeste: Brasília (DF); 
Norte: Manaus (AM) e Belém (PA). 
 
Alguns aspectos positivos da dinâmica atual da indústria brasileira se destacam: 
Grande potencial de expansão do mercado interno, com desconcentração de produção e consumo; 
Aumento na produtividade; 
Melhora da qualidade dos produtos. 
 
A indústria ainda enfrenta, porém, vários problemas que aumentam os custos e dificultam a maior 
participação no mercado externo, como: 
Preço elevado da energia elétrica; 
Flutuação cambial: quando o dólar está alto em relação ao real, isso favorece as exportações de 
produtos industrializados, porque os exportadores recebem mais, em reais, por unidade vendida; porém, 
encarece as importações de máquinas e equipamentos para as indústrias. Quando o dólar está baixo, 
acontece o contrário: isso encarece as exportações, mas barateia as importações; 
Problemas de logística, como deficiências e altos preços nos transportes, com predomínio do 
rodoviário; 
Baixo investimento público e privado em desenvolvimento tecnológico; 
Insuficiente qualificação da força de trabalho; 
Elevada carga tributária (todos os impostos pagos aos governos municipais, estaduais e federal); 
Barreiras tarifárias e não tarifárias impostas por outros países à importação de produtos brasileiros. 
 
Esses problemas explicam, em parte, a redução da participação percentual do setor industrial na 
composição do PIB a partir da metade da década passada. 
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13 
 
Brasil: número de empregos por gênero de indústrias (mercado formal) – 2006/2015 
Discriminação 2006 2011 2015 
Indústria extrativa 
mineral 
183.188 232.588 228.997 
Indústria da construção 
civil 
1.438.713 2.810.712 2.853.635 
Indústrias de 
transformação 
6.253.684 7.681.193 8.263.436 
Industria (total) 7.875.585 11.161.199 11.346.118 
 
A abertura econômica do país na década de 1990 facilitou a entrada de muitos produtos importados, 
forçando as empresas nacionais a se modernizar e incorporar novas tecnologias ao processo produtivo 
para concorrer com as empresas estrangeiras. 
Apesar da modernização, continua havendo aumento no contingente de trabalhadores na indústria da 
maior parte dos gêneros. Porém, esse aumento não acompanhou o ritmo de ingresso de mão de obra no 
mercado de trabalho. 
A associação entre pesquisa tecnológica e empresas públicas e privadas atrai investimentos 
produtivos para todos os setores da economia. 
 
Desconcentração da Atividade Industrial 
Em função de fatores históricos e de novos investimentos em infraestrutura, o parque industrial 
brasileiro vem se desconcentrando e apresenta maior dispersão espacial dos estabelecimentos industriais 
em regiões historicamente marginalizadas. A tabela a seguir revela a redução da participação do Sudeste 
e o aumento das demais regiões no valor da produção industrial. Observe no mapa abaixo a concentração 
do parque industrial. 
 
Brasil: Distribuição Regional do Valor da Transformação Industrial – 1970-2015. Participação 
(%) 
Região 1970 1980 2000 2010 2015 
Sudeste 80,7 72,6 66,1 61,0 58,0 
Sul 12,0 15,8 18,2 18,2 19,8 
Nordeste 5,7 8,0 8,9 9,3 10,4 
Norte e 
Centro-Oeste 
1,6 3,6 6,8 11,5 11,8 
 
Desde o início do século XX até a década de 1930, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro abrangeu mais 
da metade do valor da produção industrial brasileira; mas mesmo assim a organização espacial das 
atividades econômicas era dispersa. As atividades econômicas regionais progrediam de forma quase 
totalmente autônoma. As atividades da região Sudeste, onde se desenvolvia o ciclo do café, quase não 
interferiam nas atividades econômicas que se fortaleciam no Nordeste (cana, tabaco, cacau e algodão) 
ou no Sul (carne, indústria têxtil e pequenas agroindústrias de origem familiar) nem sofriam interferência 
dessas atividades. As indústrias de bens de consumo, a maioria ligada aos setores alimentício e têxtil, 
escoavam a maior parte da sua produção apenas em escala regional. Somente um pequeno volume era 
destinado a outras regiões, não havendo significativa competição entre as empresas instaladas nas 
diferentes regiões do país, consideradas até então arquipélagos econômicos regionais. 
Embora ainda haja grande concentração industrial no Sudeste e no Sul do país, atualmente o parque 
industrial está se dispersando e já há várias localidades interioranas nas regiões Norte, Centro-Oeste e 
Nordeste que apresentam mais de cem empresas industriais. 
A crise do café e o impulso à industrialização, comandado pelo Sudeste, alteraram esse quadro. Os 
mercados regionais se integraram mais fortemente, comandados pelo centro econômico mais dinâmico 
do país, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro, interligando os arquipélagos econômicos regionais. A 
participação de produtos industriais do Sudeste nas demais regiões do país aumentou, o que levou muitas 
indústrias, principalmente nordestinas, à falência. 
Além do fator histórico, as atividades industriais tenderam a se concentrar no Sudeste por causa de 
dois outros motivos: 
→ A complementaridade industrial: as indústrias de autopeças tendem a se localizar próximo às 
automobilísticas; as petroquímicas, próximo às refinarias; etc.; 
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14 
 
→ A concentração de investimentos públicos no setor de infraestrutura industrial: o governo gasta 
menos concentrando investimentos em determinada região, em vez de distribuí-los pelo território 
nacional, sobretudo no início do processo de industrialização, quando os recursos eram mais escassos. 
A primeira grande açãogovernamental para dispersar o parque industrial aconteceu em 1968, com a 
criação da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e do polo industrial naquela cidade, 
o que promoveu grande crescimento econômico. Em seguida, estabeleceram-se os Planos Nacionais de 
Desenvolvimento dos governos Médici (1969-1974) e Geisel (1974-1979), e começaram a ser 
inauguradas as primeiras usinas hidrelétricas nas regiões Norte e Nordeste. Quando o governo passou a 
atender ao menos parte das necessidades de infraestrutura das regiões historicamente marginalizadas, 
começou a haver um processo de dispersão do parque industrial pelo território, não apenas em escala 
nacional, mas regional. 
Não só as indústrias se deslocaram, como também a mão de obra. Os donos das indústrias passaram 
a buscar mão de obra mais barata e lugares onde os sindicatos não eram tão atuantes. 
Seguindo uma tendência já verificada em países desenvolvidos e mesmo no estado de São Paulo, o 
mais equipado do país quanto à infraestrutura, tem ocorrido um processo de deslocamento das indústrias 
em direção às cidades médias em todas as regiões do país, como as que receberam a instalação dos 
parques tecnológicos. O desenvolvimento da informática e a modernização da infraestrutura de produção 
de energia, transporte e telecomunicação criaram condições de especialização produtiva por intermédio 
da integração regional. Nas regiões, buscam-se, atualmente, a especialização em poucos setores da 
atividade econômica e a aquisição, em outros mercados (do Brasil ou do exterior), dos bens de consumo 
que atendam ao cotidiano da população. 
 
Estrutura e Distribuição Espacial do Comércio e dos Serviços 
 
Desde o final do século XIX, as atividades terciárias (comércio e serviços) concentram a maior 
participação no PIB e no número de empregos no país, porque é nelas que circulam todos os bens 
produzidos nas atividades primárias e secundárias e são prestados os diversos tipos de serviços a 
pessoas e empresas de todos os setores. 
As empresas que exercem as atividades de comércio e serviços possuem grande diversidade e 
complexidade em termos de tamanho, qualidade, produtividade, número de empregados, faturamento, 
etc. 
No Brasil, segundo o Atlas Nacional de Comércio e Serviços (IBGE, 2013), em 2011, 99% das 
empresas que exerciam atividades terciárias eram micro oi pequenas, envolvendo ramos de atividade 
que atuam em pequena escala, como salões de beleza, oficinas de costura, pequeno comércio, 
manutenção de equipamentos domésticos, entre outros. No total, as micro e pequenas empresas 
ocuparam, naquele ano, 51,6% da mão de obra do setor, o que significa dizer que 1% das empresas que 
exerciam atividades terciárias era de médio e grande portes e ocupava 48,4% da mão de obra. Na maioria 
das empresas que exercem atividades terciárias, como alguns comércios e prestação de serviços, vigora 
o uso intensivo de mão de obra familiar e contratada em atividades nas quais há dificuldade de 
substituição de pessoas por “máquinas”. 
Alguns setores de comércio e serviços podem ser automatizados, substituindo trabalhadores por 
computadores, câmeras de monitoramento, etc., o que reduz a quantidade de empregos. Isso já acontece, 
há algum tempo, por exemplo, em bancos e empresas de segurança, entre outros. 
Observe a tabela abaixo e perceba que, em 2015, 84,3% das empresas brasileiras atuavam em 
comércio ou serviços, empregando 70,6% do pessoal ocupado no Brasil. 
 
Brasil: empresas e pessoal ocupado por setor em 2015 
Setores Empresas (em%) Pessoal ocupado (em%) 
Comércio 44,0 29,3 
Serviços 40,3 41,3 
Construção Civil 5,4 7,1 
Indústria 9,5 21,1 
Demais 0,8 1,2 
Total 100,0 100,0 
 
A distribuição espacial das atividades terciárias segue o padrão da distribuição da população pelo 
território, com concentração espacial no Centro-Sul do país e nas regiões de economia mais dinâmica. 
Segundo o Atlas Nacional de Comércio e Serviços, em 2011, as regiões Sudeste e Sul concentravam: 
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81,1% da receita bruta de prestação de serviços; 
81,3% do valor dos salários, retiradas e outras remunerações; 
60,3% do pessoal ocupado. 
Ainda segundo esse documento, a receita bruta do comércio brasileiro se concentrava no comércio 
por atacado nas regiões Norte (47,7%), Sudeste (44,4%) e Centro-Oeste (42,6%). Já o comércio varejista 
obteve maior representação na Região Nordeste (48,2%). Na Região Sul, o comércio por atacado (42,8%) 
e o varejista (42,7%) obtiveram percentuais praticamente equivalentes. No entanto, naquele ano, o 
comércio varejista foi responsável pelo maior número de pessoas ocupadas em todo o Brasil. 
O rendimento médio do trabalho também apresentava diferença em sua distribuição espacial. A região 
Sudeste apresentava a maior média, com 2 salários mínimos, acima da média brasileira, que foi de 1,8, 
enquanto as regiões Nordeste e Centro-Oeste ficaram abaixo (1,4 e 1,7, respectivamente). 
É interessante destacar que algumas empresas de prestação de serviços que não demandam 
presença física próxima ao cliente, como telecomunicação e tele atendimento, embora apresentem 
pequena participação percentual no conjunto total das atividades terciárias, estão se instalando em 
municípios de regiões distantes das quais se originaram. 
O comércio atacadista de alimentos está concentrado espacialmente nos médios e grandes centros 
urbanos e abastece tanto a população em geral como os varejistas espalhados por diversos bairros e 
outros municípios, onde só há comércio de pequeno e médio portes. 
 
Questões 
 
01. (GasBrasiliano – Economista Júnior – IESES/2017) A abertura da economia brasileira à 
concorrência internacional nos anos 90 resultou em vários aspectos, EXCETO: 
(A) Redução de tarifas de importação. 
(B) Introdução de inovações tecnológicas na economia nacional. 
(C) Redução da produtividade da economia nacional. 
(D) Aumento da competitividade na economia nacional. 
 
02. (IBGE – Tecnologista – FGV) O gráfico 1 apresenta a dispersão geográfica das multinacionais 
brasileiras no mundo. O gráfico 2 apresenta a década da primeira internacionalização das empresas 
brasileiras. 
 
 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
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Entre os fatores que explicam a dinâmica de internacionalização das empresas brasileiras nas últimas 
décadas, está: 
(A) a abertura econômica para as empresas brasileiras atuarem no mercado regional sul-americano 
na década de 1970; 
(B) a assinatura de tratados de livre comércio do Mercosul com outros blocos econômicos, como o 
NAFTA e a União Europeia; 
(C) as políticas protecionistas, que restringem a entrada de produtos estrangeiros, mas incentivam a 
internacionalização das empresas nacionais; 
(D) a criação de linhas de crédito voltadas especificamente para a internacionalização produtiva de 
empresas brasileiras desde a década de 1980; 
(E) a abertura da economia brasileira, a partir da década de 1990, criou condições para a 
internacionalização das empresas brasileiras. 
 
Gabarito 
 
01.C / 02.E 
 
Comentários 
 
01. Resposta: C 
Alguns aspectos positivos da dinâmica atual da indústria brasileira se destacam: 
Grande potencial de expansão do mercado interno, com desconcentração de produção e consumo; 
Aumento na produtividade; 
Melhora da qualidade dos produtos. 
 
02. Resposta: E 
A abertura econômica do país na década de 1990 facilitou a entrada de muitos produtos importados, 
forçando as empresas nacionais a se modernizar e incorporar novas tecnologias ao processo produtivo 
para concorrer com as empresas estrangeiras. 
 
 
 
A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA3 
 
No início do século XX era necessária uma grande quantidade de trabalhadores nas linhas de produção 
e as indústrias impulsionaram grandes transformações no espaço geográfico. Como por exemplo, o 
aumento dos fluxos migratórios, de produtos e de serviços, a construção de moradias,o surgimento de 
novos bairros, o investimento em transportes coletivos, etc. 
Para entendermos o atual estágio de desenvolvimento econômico brasileiro, é necessário conhecer o 
contexto histórico do processo de industrialização e de desenvolvimento das atividades terciárias no país. 
Desde o período colonial, o desenvolvimento econômico brasileiro, e consequentemente a 
industrialização, foram comandados por grupos e setores que pressionaram os governos a atender a seus 
interesses políticos e econômicos. 
Assim, só é possível entender as etapas da industrialização brasileira se for analisada a conjuntura 
econômica (brasileira e mundial) e política de cada momento histórico. 
Como exemplo, podemos citar os investimentos em infraestrutura de energia, transportes e 
comunicações, que impulsionaram diversos setores da economia. Entretanto, a construção de grandes 
usinas hidrelétricas sempre envolve questões socioambientais, como inundações de pequeno ou grande 
porte e deslocamento de povos indígenas e de moradores locais. 
 
 
 
 
 
 
3 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018. 
b. O processo de industrialização brasileira, os fatores de localização e as suas 
repercussões: econômicas, ambientais e urbanas. 
 
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Origens da Industrialização 
 
A industrialização brasileira teve início, embora de forma incipiente, na segunda metade do século XIX, 
período em que se destacaram importantes empreendedores, como o barão de Mauá, no eixo São Paulo-
Rio de Janeiro, e Delmiro Gouveia, em Pernambuco. 
Foi principalmente a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que o país passou por um 
significativo desenvolvimento industrial e maior diversificação do parque fabril, pois, em virtude do conflito 
na Europa, houve redução da entrada de mercadorias estrangeiras no Brasil. Observe a tabela abaixo. 
 
Brasil: estabelecimentos industriais existentes em 1920, de acordo com a data de fundação 
das empresas 
Data de fundação Número de estabelecimentos Valor da produção (%) 
Até 1884 388 8,7 
1885-1889 248 8,3 
1890-1894 452 9,3 
1895-1899 472 4,7 
1900-1904 1080 7,5 
1905-1909 1358 12,3 
1910-1914 3135 21,3 
1915-1919 5936 26,3 
Data desconhecida* 267 1,6 
*Corresponde a estabelecimentos industriais existentes em 1920 cuja data de fundação era desconhecida ou não informada. 
 
Em 1919, período posterior à Primeira Guerra Mundial, as fábricas brasileiras eram responsáveis por 
70% da população industrial nacional e produziam tecidos, roupas, alimentos e bebidas (indústrias de 
bens de consumo não duráveis, com predomínio de investimentos de capital privado nacional). No início 
da Segunda Guerra Mundial (1939), essa porcentagem caiu para 58%, porque houve ingresso de 
empresas estrangeiras em setores como aço, máquinas e material elétrico. 
Apesar da importância dos setores industrial e agrícola na economia brasileira, as atividades terciárias 
(como o comércio e os serviços) apresentavam índices de crescimento econômico superiores. Isso 
porque é no comércio e nos serviços que circula toda a produção agrária e industrial. 
A agricultura cafeeira, principal atividade econômica nacional até então, exigia a construção de uma 
eficiente rede de transportes. Assim, as ferrovias foram se desenvolvendo no país para escoar a produção 
do interior para os portos. Também se estabeleceram s]um sistema bancário integrado à economia 
mundial e um comércio para atender às crescentes necessidades nas cidades. 
Nessa época, as indústrias utilizavam muitos trabalhadores nas linhas de produção e impulsionaram 
importantes transformações, como o desenvolvimento de transportes coletivos. 
Embora tenha passado por importantes períodos de crescimento, como o da Primeira Guerra, a 
industrialização brasileira sofreu seu maior impulso apenas a partir de 1929, com a crise econômica 
mundial decorrente da quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Na região Sudeste do Brasil, 
principalmente, essa crise se refletiu na redução do volume de exportações de café e na perda da 
importância dessa atividade no cenário econômico, contribuindo para a diversificação da produção 
agrícola brasileira. 
Outro acontecimento que contribuiu para o desenvolvimento industrial brasileiro foi a Revolução de 
1930, que tirou a oligarquia4 agroexportadora paulista do poder e criou novas possibilidades político-
administrativas em favor da industrialização, ema vez que o grupo que tomou o poder com Getúlio Vargas 
era nacionalista e favorável a tornar o Brasil um país industrial. Apesar disso, a agricultura continuou 
responsável pela maior parte das exportações brasileiras até a década de 1970. 
A partir da crise de 1929, as atividades industriais passaram a apresentar índices de crescimento 
superiores aos das atividades agrícolas. O colapso econômico mundial diminuiu a entrada de mercadorias 
estrangeiras que poderiam competir com as nacionais incentivando o desenvolvimento industrial nacional. 
É importante destacar que o cultivo do café permitiu o acúmulo de capitais que serviram para dinamizar 
e impulsionar a atividade industrial. Os barões do café, que residiam nos centros urbanos, sobretudo na 
cidade de São Paulo, aplicavam enorme quantidade de capital no sistema financeiro, para cuidar da 
comercialização da produção nos bancos e investir na Bolsa de Valores. Parte desse capital aplicado 
ficou disponível para montar indústrias e investir em infraestrutura. Todas as ferrovias, construídas, com 
a finalidade principal de escoar a produção cafeeira para o porto de Santos, interligavam-se na capital 
 
4 Oligarquia é um regime político sob o controle de um pequeno grupo de pessoas pertencentes a um partido, classe ou família. O poder é exercido somente 
por pessoas desse pequeno grupo. 
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paulista e constituíam um eficiente sistema de transporte. Havia também grande disponibilidade de mão 
de obra imigrante que foi liberada dos cafezais pela crise ou que já residia nas cidades, além de 
significativa produção de energia elétrica. 
A associação desses fatores favoreceu o processo de industrialização, que passou a crescer 
notadamente na cidade de São Paulo, onde havia maior disponibilidade de capitais, trabalhadores 
qualificados e uma infraestrutura básica, mas também em algumas regiões dos estados do Rio de Janeiro, 
Rio Grande do Sul e Minas Gerais. 
Na instalação de novas indústrias predominava, com raras exceções, o capital de origem nacional, 
acumulado em atividades agroexportadoras. A política industrial comandada pelo governo federal era a 
de substituir as importações, visando à obtenção de um superávit cada vez maior na balança comercial 
e no balanço de pagamentos, para permitir um aumento nos investimentos nos setores de energia e 
transportes. 
 
O Governo Vargas e a Política de “Substituição de Importações” 
 
Getúlio Vargas governou o país pela primeira vez de 1930 a 1945. Tomou posse com a Revolução de 
1930, caracterizada pelo aspecto modernizador. Até então, o mundo capitalista acreditava no liberalismo 
econômico, ou seja, que as forças do mercado deveriam agir livremente para promover maior 
desenvolvimento e crescimento econômico. Com a crise, iniciou-se um período em que o Estado passou 
a intervir diretamente na economia para evitar novos sobressaltos do mercado. 
De 1930 a 1956, a industrialização no país caracterizou-se por uma estratégia governamental de 
criação de indústrias estatais nos setores de bens intermediários e de infraestrutura de transportes e 
energia. A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) foi uma das importantes indústrias que se destacaram 
no período, na extração de minerais. Outras de grande destaque foram a Petrobras, para extração de 
petróleo e petroquímica; a Companhia Siderúrgica Nacional(CSN); a Fábrica Nacional de Motores (FNM), 
que, além de caminhões e automóveis, fabricava máquinas e motores; e também a Companha 
Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), para produção de energia hidrelétrica. 
Foi necessário um investimento inicial muito elevado para o desenvolvimento desses setores 
industriais e para a infraestrutura estratégica. Entretanto, por dar retorno a logo prazo, esse investimento 
não interessava ao capital privado, seja nacional, seja estrangeiro. Por isso, o próprio governo o assumiu. 
A ação do Estado foi decisiva para impulsionar e diversificar os investimentos no parque industrial do 
país, combatendo os principais obstáculos ao crescimento econômico e fornecendo, a preços mais 
baixos, os bens intermediários e os serviços de que os industriais privados necessitavam. Era uma política 
de caráter nacionalista. 
Embora a expressão substituição de importações possa ser utilizada desde que a primeira fábrica 
foi instalada no país, foi o governo de Getúlio Vargas que iniciou a adoção de medidas cambiais e fiscais 
que caracterizaram uma política industrial voltada à produção interna de mercadorias. 
As duas principais medidas adotadas foram a desvalorização da moeda nacional (réis até 1942 e, em 
seguida, cruzeiro) em relação ao dólar, o que tornava o produto importado mais caro (desestimulando as 
importações), e a introdução de leis e tributos que restringiam, e às vezes proibiam, a importação de bens 
de consumo e de produção que pudessem ser fabricados internamente. 
Em 1934, Getúlio Vargas promulgou uma nova Constituição, que incluiu a regulamentação das 
relações de trabalho, como a criação do salário mínimo, as férias anuais e o descanso semanal 
remunerado, o que garantiu o apoio da classe trabalhadora. Com base no apoio popular, Vargas aprovou 
uma nova Constituição em 1937, que o manteve no poder como ditador até ser deposto, ao fim da 
Segunda Guerra, em 1945, período que ficou conhecido como Estado Novo. 
A intervenção do Estado possibilitou um forte crescimento da produção industrial, com exceção do 
período da Segunda Guerra. Durante os seis anos desse conflito, em razão da carência de indústrias de 
base e das dificuldades de importação, o crescimento industrial brasileiro foi de 5,4%, uma média inferior 
a 1% ao ano. Veja a tabela abaixo. 
Brasil: taxas de crescimento da produção industrial (em %) – 1939/1945 
Metalúrgicas 9,1 
Material de transporte -11,0 
Óleos vegetais 6,7 
Têxteis 6,2 
Calçados 7,8 
Bebida e fumo 7,6 
Total 5,4 
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Observe que houve um significativo crescimento na produção interna em diversos setores que 
sofreram restrições durante a guerra, mas o setor de transportes, cuja expansão não poderia ocorrer sem 
a importação de veículos, máquinas e equipamentos, sofreu forte redução. 
 
Política Econômica e Industrialização Brasileira do Pós-Guerra à Ditadura Militar 
 
O final da Segunda Guerra levou muitos países ao enfrentamento dos problemas que aconteceram 
durante os anos do conflito e que prejudicaram o desenvolvimento de muitas atividades econômicas. 
No caso brasileiro, entre o final da Segunda Guerra e o início da ditadura militar (1946-1964), houve 
alternância de diretrizes na política econômica e de estratégias de desenvolvimento ao longo dos 
governos que se sucederam nesse período: Dutra, retorno de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio 
Quadros e João Goulart. 
Políticas Econômicas 
 
O Governo Dutra (1946-1951) 
O general Eurico Gaspar Dutra assumiu a presidência em 1946 e instituiu o Plano Salte, destinando 
investimentos ao setores de saúde, alimentação, transportes, energia e educação. 
No decorrer do governo Dutra, as reservas de capital acumuladas durante a Segunda Guerra foram 
utilizadas com: 
a) importação de máquinas e equipamentos para as indústrias têxteis e mecânicas; 
b) reequipamento do sistema de transportes; 
c) incremento da extração de minerais metálicos, não metálicos e energéticos. 
Houve também abertura à importação de bens de consumo, o que contrariava os interesses da 
indústria nacional. 
Os empresários nacionais defendiam a reserva de mercado. 
 
O Retorno de Getúlio e da Política Nacionalista (1951-1954) 
Em 1951, Getúlio Vargas retornou à presidência eleito pelo povo e retomou seu projeto nacionalista: 
a) investiu em setores que impulsionaram o crescimento econômico, como sistemas de transportes, 
comunicações, produção de energia elétrica e petróleo, e restringiu a importação de bens de consumo; 
b) dedicou-se à criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES 
(1952) e da Petrobras (1953). 
O projeto nacionalista de Getúlio acabou sendo derrotado pelos liberais, que argumentavam que: 
a) com a economia fechada ao capital estrangeiro, a modernização e a expansão do parque 
industrial nacional tornavam-se dependentes do resultado da exportação de produtos primários; 
b) qualquer crise ou queda de preço desses produtos, particularmente do café, resultava em crise 
na modernização e na expansão do parque industrial. 
Em 1954, em meio à séria crise política, Vargas suicidou-se. Café Filho, seu vice-presidente, 
assumiu o poder, permanecendo até 1956. 
 
Juscelino Kubitschek e o Plano de Metas (1956-1961) 
Durante o governo de JK foi implantado o Plano de Metas, com as seguintes estratégias: 
a) investir em agricultura, saúde, educação, energia, transportes, mineração e construção civil para 
atrair investimentos estrangeiros; 
b) fazer o país crescer “50 anos em 5”; 
c) transferir a capital federal do Rio de Janeiro (litoral) para Brasília (centro do país), buscando 
promover a ocupação do interior do território; 
d) direcionar 73% dos investimentos aos setores de energia e transportes; 
e) facilitar o ingresso de capital estrangeiro, principalmente nos setores automobilístico, químico-
farmacêutico e de eletrodomésticos. 
O parque industrial brasileiro passou a contar com significativa produção de bens de consumo 
duráveis, o que deu continuidade à política de substituição de importações. 
Ao longo do governo JK consolidou-se o tripé da produção industrial nacional, formado pelas 
indústrias: 
a) de bens de consumo não duráveis, com amplo predomínio do capital privado nacional; 
b) de bens intermediários e bens de capital, que contaram com investimento estatal nos governos 
de Getúlio Vargas; 
c) de bens de consumo duráveis, com forte participação de capital estrangeiro. 
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Com a concentração do parque industrial no Sudeste, as migrações internas intensificaram-se e os 
maiores centros urbanos registram crescimento desordenado. 
O crescimento econômico acelerado e o aumento da dívida externa provocaram o aumento da 
inflação. 
A partir de 1959 foram criados diversos órgãos de planejamento com a estratégia de descentralizar 
investimentos produtivos por todas as regiões do país. 
 
O Governo João Goulart e a Tentativa de Reformas (1961-1964) 
João Goulart, conhecido como Jango, então vice-presidente, assumiu a Presidência do Brasil após 
a renúncia do presidente Jânio Quadros, empossado poucos meses antes. 
A renúncia de Jânio agravou os problemas econômicos herdados do governo JK, como a elevada 
dívida externa e a inflação. 
A posse de Jango, em 7 de setembro de 1961, ocorreu após a instauração do parlamentarismo, que 
reduziu os poderes do chefe do Executivo (presidente). 
Durante o período parlamentarista do governo João Goulart (até início de 1963), a inflação e o 
desemprego aumentaram, e as taxas de crescimento reduziram-se. 
Em 6 de janeiro de 1963 houve o retorno ao presidencialismo e foram encaminhadas as reformas 
de base, com as seguintes diretrizes: 
a) reforma dos sistemas tributário, bancário eleitoral; 
b) regulamentação dos investimentos estrangeiros e da remessa de lucros ao exterior; 
c) reforma agrária;d) maiores investimentos em educação e saúde. 
Tal política foi tachada de comunista pelos setores mais conservadores da sociedade civil e militar, 
criando as condições para o golpe de 31 de março de 1964. 
 
O Período Militar 
 
Em 1º de abril de 1964, após um golpe de Estado que tirou João Goulart do poder, teve início no país 
o regime militar, com uma estrutura de governo ditatorial. O Brasil apresentava o 43º PIB do mundo 
capitalista e uma dívida externa de 3,7 bilhões de dólares. Em 1985, ao término do regime, o Brasil 
apresentava o 9º PIB do mundo capitalista e sua dívida externa era de aproximadamente 95 bilhões de 
dólares, ou seja, o país cresceu muito, mas à custa de um pesado endividamento. 
O parque industrial se desenvolveu de uma forma bastante significativa, e a infraestrutura nos setores 
de energia, transportes e telecomunicações se modernizou. No entanto, embora os indicadores 
econômicos tenham evoluído positivamente, a desigualdade social aprofundou-se muito nesse período, 
concentrando a renda nos estratos mais ricos da sociedade. Segundo o IBGE e o Banco Mundial, em 
1960 os 20% mais ricos da sociedade brasileira dispunham de 54% da renda nacional; em 1970 passaram 
a contar com 62% e em 1989, com 67,5%. 
Entre 1968 e 1973, período conhecido como “milagre econômico”, a economia brasileira desenvolveu-
se em ritmo acelerado. 
Houve um crescimento acelerado anual do PIB brasileiro entre 1967 e 1975. Esse ritmo de crescimento 
foi sustentado por investimentos governamentais em infraestrutura, como energia, transporte e 
telecomunicações. No entanto, várias obras tinham necessidade, rentabilidade ou eficiência 
questionáveis, como as rodovias Transamazônica e Perimetral Norte e o acordo nuclear entre Brasil e 
Alemanha. Além disso, muitos investimentos foram feitos graças à captação de recursos no exterior, com 
taxa de juros flutuantes, o que levou a dívida externa. 
Quanto à construção da rodovia Transamazônica, a mesma foi construída numa época em que não 
existia preocupação com a sustentabilidade ambiental e sem planejamento eficiente para a promoção do 
crescimento econômico com justiça social, um dos eixos do desenvolvimento sustentável. 
O capital estrangeiro entrou em setores como o de telecomunicações, a extração de minerais metálicos 
(projetos Carajás, Trombetas e Jari), a expansão das áreas agrícolas (monoculturas de exportação), as 
indústrias química e farmacêutica e a fabricação de bens de capital (máquinas e equipamentos) utilizados 
pelas indústrias de bens de consumo. 
Como o aumento dos preços dos produtos (inflação) não era integralmente repassado aos salários, a 
taxa de lucro dos empresários foi ampliada com a diminuição do poder aquisitivo dos trabalhadores. 
Aumentava-se, assim, a taxa de reinvestimento dos lucros em setores que gerariam empregos, 
principalmente para os trabalhadores qualificados, mas as pessoas pobres eram excluídas, o que deu 
continuidade ao processo histórico de concentração da renda nacional. 
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Nesse contexto, pessoas de classe média com qualificação profissional viram seu poder de compra 
ampliado, quer pela elevação dos salários em cargos que exigiam formação técnica e superior, quer pela 
ampliação do sistema de crédito bancário, permitindo maior financiamento de consumo. Enquanto isso, 
trabalhadores sem qualificação tiveram seu poder de compra diminuído e ainda foram prejudicados com 
a degradação dos serviços públicos, sobretudo os de educação e saúde. 
No final da década de 1970, os Estados Unidos promoveram a elevação das taxas de juros no mercado 
internacional, reduzindo os investimentos destinados aos países em desenvolvimento. Além de sofrer 
essa redução, a economia brasileira teve de arcar com o pagamento crescente dos juros da dívida 
externa. 
Diante dessa nova realidade, a saída encontrada pelo governo para honrar os compromissos da dívida 
pode ser sintetizada na frase: “Exportar é o que importa”. Porém, em um país em desenvolvimento como 
o Brasil, que quase não investia em tecnologia, era muito difícil tornar seus produtos internacionalmente 
competitivos. 
A frase do então ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, em resposta à inquietação dos 
trabalhadores ao ver seus salários arrochados, ficou famosa: “É necessário fazer o bolo crescer para 
depois reparti-lo”. O bolo (a economia) cresceu, o Brasil chegou a ser a 9ª maior economia do mundo 
capitalista no início da década de 1980. No entanto, a renda permaneceu muito concentrada. Segundo o 
Censo Demográfico de 1980, naquele ano 33,3% da população recebia até 1 salário mínimo e detinha 
7,1% da renda nacional, enquanto 1,7% ganhava mais de 10 salários mínimos e detinha 34,3% da renda. 
As soluções encontradas, apesar de favorecerem a venda de produtos no mercado externo, foram 
desastrosas para o mercado interno: 
→ Redução do poder de compra dos assalariados, conhecida como “arrocho salarial”, para combater 
o aumento dos preços; 
→ Subsídios fiscais para exportação (cobrava-se menos imposto por um produto exportado do que por 
um similar vendido no mercado interno); 
→ Negligência com o ambiente, levando a diversas agressões ao meio natural; 
→ Desvalorização cambial, ou seja, a valorização do dólar em relação ao cruzeiro (moeda da época) 
facilitava as exportações e dificultava as importações. 
Assim se explica o aparente paradoxo: a economia cresce, mas o povo empobrece. 
Na busca de um maior superávit na balança comercial, o governo aumentou os impostos de importação 
não apenas para bens de consumo, como também para os bens de capital e intermediários. A 
consequência dessa medida foi a redução da competitividade do parque industrial brasileiro diante do 
exterior ao longo dos anos 1980. Os industriais não tinham como importar novas máquinas, pois eram 
caras, o que afetou a produtividade e a qualidade dos produtos. Com isso, as indústrias, com raras 
exceções, foram perdendo competitividade no mercado internacional e as mercadorias comercializadas 
internamente tornaram-se caras e tecnologicamente defasadas em relação às estrangeiras. 
Os efeitos negativos dessa política se agravaram com a crise mundial, iniciada em 1979. As taxas de 
juros da dívida externa atingiram, em 1982, o recorde histórico de14% ao ano. Durante toda a década de 
1980 e início da de 1990, a economia brasileira passou por um período em que se alternavam anos de 
recessão e outros de baixo crescimento, conhecido como ciranda financeira, na qual o governo imitia 
títulos públicos para captar o dinheiro depositado pela população nos bancos. Como as taxas de juros 
oferecidas internamente eram muito altas, muitos empresários deixavam de investir no setor produtivo, o 
que geraria empregos e estimularia a economia aumentado o PIB, para investir no mercado financeiro. 
Na época, essa “ciranda” criava a necessidade de emissão de moeda em excesso, o que levou os índices 
de inflação. 
O período dos governos militares no Brasil caracterizou-se pela apropriação do poder público por 
agentes que desviaram os interesses do Estado para as necessidades empresariais. As carências da 
população ficaram em segundo plano; as prioridades foram o crescimento do PIB e do superávit da 
balança comercial. O objetivo de qualquer governo é aumentar a produção econômica; o problema é 
saber como atingi-lo sem comprometer os investimentos em serviços públicos, que possibilitam a 
melhoria da qualidade de vida das pessoas. 
Apesar do exposto, durante esse período, o processo de industrialização e de urbanização continuou 
avançando, resultando em significativa melhora nos índices de natalidade, mortalidade e expectativa de 
vida. Esse fato deve-se, sobretudo, ao intenso êxodo rural, já que nas cidades havia mais acesso a 
saneamento básico, a atendimento médico-hospitalar, a remédios e a programas de vacinação em postos 
de saúde, o que garantiu uma melhora da qualidade de vida de muitaspessoas que migraram para os 
centros urbanos. 
Em 1984, a campanha por eleições diretas para presidente contou com a realização de comícios 
simultâneos em todas as capitais e grandes cidades brasileiras, reunindo milhões de pessoas. 
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O fim do período militar ocorreu em 1985, depois de várias manifestações populares a favor das 
eleições diretas para presidente da República. Os problemas econômicos herdados do regime militar 
foram agravados no governo que se seguiu, o de José Sarney, e só foram enfrentados efetivamente nos 
anos de 1990. 
 
Questão 
 
01. (Enem) Os textos abaixo relacionam-se a momentos distintos da nossa história. 
“A integração regional é um instrumento fundamental para que um número cada vez maior de países 
possa melhorar a sua inserção num mundo globalizado, já que eleva o seu nível de competitividade, 
aumenta as trocas comerciais, permite o aumento da produtividade, cria condições para um maior 
crescimento econômico e favorece o aprofundamento dos processos democráticos. A integração regional 
e a globalização surgem assim como processos complementares e vantajosos.” (Declaração de Porto, VIII Cimeira 
Ibero-Americana, Porto, Portugal, 17 e 18 de outubro de 1998) 
“Um considerável número de mercadorias passou a ser produzido no Brasil, substituindo o que não 
era possível ou era muito caro importar. Foi assim que a crise econômica mundial e o encarecimento das 
importações levaram o governo Vargas a criar as bases para o crescimento industrial brasileiro.” (POMAR, 
Wladimir. Era Vargas – a modernização conservadora) 
É correto afirmar que as políticas econômicas mencionadas nos textos são: 
(A) opostas, pois, no primeiro texto, o centro das preocupações são as exportações e, no segundo, as 
importações. 
(B) semelhantes, uma vez que ambos demonstram uma tendência protecionista. 
(C) diferentes, porque, para o primeiro texto, a questão central é a integração regional e, para o 
segundo, a política de substituição de importações. 
(D) semelhantes, porque consideram a integração regional necessária ao desenvolvimento econômico. 
(E) opostas, pois, para o primeiro texto, a globalização impede o aprofundamento democrático e, para 
o segundo, a globalização é geradora da crise econômica. 
 
Gabarito 
 
01.C 
 
Comentário 
 
01. Resposta: C 
O primeiro texto destaca a importância da integração regional entre os países e a globalização como 
processos complementares e vantajosos, que criam condições para um crescimento econômico mais 
intenso e valorização da democracia. Já o segundo texto destaca a importância da política de substituição 
de importações para dinamizar o processo de industrialização brasileira, no contexto da crise econômica 
que se iniciou em 1929. 
 
 
 
ESTRUTURAS DOS TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES5 
 
Os Transportes no Brasil 
 
O desenvolvimento econômico dos países relaciona-se ao seu sistema de transportes. Quanto mais 
desenvolvido, diversificado e eficiente o sistema de transportes, maiores são as possibilidades de 
circulação rápida de pessoas e mercadorias, o que implica maiores ganhos para produtores e 
consumidores. Por outro lado, um sistema de transportes pouco eficiente acaba por dificultar a circulação 
de pessoas e mercadorias em países mais pobres, que, por sua vez, incide e aumenta suas dificuldades 
econômicas. 
 
 
 
5 MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini; Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013. 
c. A rede de transportes brasileira e sua estrutura e evolução. 
 
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23 
 
Brasil – Redes de Transportes – IBGE/2014 
 
 
http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_redes_de_transporte.pdf. 
 
 
http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_redes_de_transporte.pdf. 
 
 
Tipos de Transportes Utilizados no Brasil 
 
Brasil – Evolução das Redes Ferroviária e Rodoviária - IBGE 
 
 
 
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24 
 
 
 
 
http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_evolucao_das_redes_ferroviaria_e_rodoviaria.pdf. 
 
Transporte Ferroviário 
 
O transporte ferroviário no Brasil começou a se expandir durante o Segundo Império, no final do século 
XIX, associado à expansão do café. Esse tipo de transporte é, em geral, 50% mais barato que o transporte 
rodoviário. 
Uma característica importante da malha ferroviária brasileira é sua pequena conectividade, ou seja, 
em geral, as ferrovias brasileiras foram construídas interligando as áreas produtoras aos portos, para 
facilitar a exportação das mercadorias. 
O maior adensamento dessa rede dessa rede de transporte também coincide com a principal região 
brasileira produtora de café no início do século XX: o estado de São Paulo. 
Mesmo ferrovias construídas recentemente mantêm essa característica de não se integrarem umas às 
outras, lingando apenas as áreas produtoras aos portos. 
A partir de 1996, as ferrovias brasileiras, sob o controle da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), foram 
privatizadas. 
 
Transporte Rodoviário 
 
As rodovias constituem o principal meio de transporte utilizado no Brasil, correspondendo a 60,5% de 
toda movimentação de cargas, apesar de seus elevados custos de manutenção. 
A implantação das rodovias teve por objetivo integrar rapidamente o vasto território brasileiro, com o 
intuito de consolidar o mercado consumidor interno, base para o modelo de industrialização adotado em 
nosso país (substituição de importações). 
Atualmente, são inúmeros os problemas enfrentados pelos trabalhadores do transporte rodoviário: 
roubos constantes de carga, violência, estradas mal conservadas e mal sinalizadas, baixo preço do frete, 
etc. 
Os prejuízos, às vezes, também são elevados e estão associados às longas distâncias a serem 
percorridas, ao péssimo estado de conservação das vias que, por sua vez, geram aumento do consumo 
de óleo diesel, gastos com consertos dos veículos danificados em função de buracos e elevado número 
de acidentes. 
De acordo com o DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, a situação da malha 
rodoviária federal brasileira em relação ao seu estado de conservação, em abril de 2003, era a seguinte: 
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A partir da década de 1990, o governo federal começou a fazer uma série de licitações com o objetivo 
de estabelecer concessões para que a iniciativa privada explorasse e mantivesse as rodovias federais. 
 
 
 
 
 
A segunda etapa de concessões abrangeu 680,6 Km, composto de um lote: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Transporte Hidroviário 
 
Brasil – Principais Hidrovias 
 
 
 
O transporte hidroviário é o que apresenta menores custos, desde que existam condições favoráveis 
à sua implantação, como rios potencialmente navegáveis, relevo mais ou menos plano e condições de 
navegabilidade nos rios. Caso essas condições não existam, é possível estabelecer a navegação a partir 
da construção de eclusas, como em Jupiá (SP) e Bom Retiro (RS). 
O Brasil possui cerca de 42.000 Km de rios navegáveis, localizados, sobretudo, na Região Norte. 
São vantagens do transporte hidroviário: transportar grandes volumes a grandes distâncias; preservar 
o meio ambiente; implantação e frete mais baratos que os de outros meios de transportes. 
 
Bacias Hidrográficas Brasileiras 
 
 
Principais Hidrovias Brasileiras 
 
Hidrovia do Madeira 
Localizada no Corredor Oeste-Norte, é navegável numa extensão de aproximadamente 1.056 Km, 
entre Porto Velho e sua foz, no Rio Amazonas, permitindo, mesmo na época de estiagem, a navegação 
de grandes comboios, com até 28.000 toneladas. Atualmente transporta cerca de 2 milhõesde toneladas 
ao ano. 
 
 
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Hidrovia do Guamá-Capim 
Localizada no Corredor Araguaia-Tocantins, transportando principalmente minérios. Hoje observa-se 
a formação de relevantes polos agropecuários, especialmente na região de Paragominas. 
 
Hidrovia do São Francisco 
Localizada no Corredor São Francisco, o Rio São Francisco é totalmente navegável em 1.371 Km, 
entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA) / Petrolina (PE), para a profundidade de projeto de 1,5 m, quando da 
ocorrência do período crítico de estiagem (agosto a novembro). A partir da implantação do sistema 
multimodal, o escoamento da produção agrícola do oeste da Bahia, com foco na cidade de Barreiras, 
banhada por um dos seus principais afluentes, o Rio Grande, é realizado por rodovia até a cidade de 
Ibotirama, na margem do São Francisco, descendo o rio pelo transporte hidroviário até Juazeiro/Petrolina, 
e deste, por ferrovia, para o Porto de Aratu (BA). No quilômetro 42 acima de Juazeiro/Petrolina situa-se 
a barragem de Sobradinho, cuja transposição é realizada através de eclusa. A movimentação anual fica 
em torno de 60.000 toneladas por ano. 
 
Hidrovia Tietê-Paraná 
Localizada nos Corredores Transmetropolitano do Mercosul e do Sudoeste, a hidrovia Tietê-Paraná 
permite a navegação numa extensão de1.100 Km entre Conchas, no rio Tietê (SP), e São Simão (GO), 
no rio Paranaíba, até Itaipu, atingindo 2.400 Km de via navegável. Ela já movimenta mais de um milhão 
de toneladas de grãos/ano, a uma distância média de 700 Km. Se computarmos as cargas de pequena 
distância como areia, cascalho e cana-de-açúcar, a movimentação no rio Tietê aproxima-se de dois 
milhões de toneladas. 
 
Hidrovia do Paraguai 
Localizada no Corredor do Sudoeste, essa hidrovia compõe um sistema de transporte fluvial de 
utilização tradicional, em condições naturais, que conecta o interior da América do Sul com os portos de 
águas profundas no curso inferior do Rio Paraná e no Rio da Prata. Com 3.442 Km de extensão, desde 
Cáceres até o seu final, no estuário do rio da Prata, proporciona acesso e serve como artéria de transporte 
para grandes áreas no interior do continente. As principais cargas transportadas no trecho brasileiro são: 
minério de ferro, minério de manganês e soja. Os fluxos de carga na hidrovia vêm crescendo nos últimos 
anos, respondendo à expectativa de interação comercial na região. No território brasileiro, a hidrovia 
percorre 1.278 Km e tem como principais portos: Cáceres, Corumbá e Ladário, além de três terminais 
privados com expressiva movimentação de carga. Entre 1998 e 2000, foram movimentadas mais de seis 
milhões de toneladas de cargas no trecho brasileiro. 
 
Fazem parte das Hidrovias do Sul as Lagoas dos Patos e Mirim, o canal de São Gonçalo, que liga o 
Rio Jacuí a seu afluente, o Taquari e uma série de rios menores, como Caí, Sinos e Gravataí, que 
constituem o estuário do Guaíba. O Rio Jacuí foi canalizado com a construção das barragens eclusadas, 
compreendo uma extensão de300 Km, para calados de 2,5 m. No rio Taquari foi implantada a barragem 
eclusada de Bom Retiro do Sul, que vence um desnível máximo de 12,50 m, dando acesso ao Porto 
Fluvial de estrela, para embarcações de 2,5 m de calado. 
 
Hidrovias do Tocantins-Araguaia e do Tapajós 
Importantíssimas para a viabilização da produção agrícola da região Centro-oeste, que será 
encaminhada aos portos do Norte do país, com grandes reduções de custos. 
 
As hidrovias, apesar de apresentarem um impacto ambiental menor que outros meios de transporte, 
também afetam o meio ambiente. 
Os principais impactos ambientais das hidrovias são de três ordens: impactos gerados a partir da 
implantação das obras, impactos resultantes das operações e impactos nas áreas de influência 
indireta (sobretudo nas áreas de mananciais). 
 
Impactos Quando da Implantação das Obras Necessárias 
A área de influência direta é, de fato, o próprio leito do rio, que é o local onde se efetuam as principais 
intervenções necessárias. Uma pequena faixa de margem é utilizada para implantação da sinalização, de 
forma pontual. As principais obras e de maior impacto são as dragagens de implantação e os 
derrocamentos. 
 
 
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Impactos quando da operação 
 
1. Dragagem de manutenção: feita com menores volumes e monitorada ambientalmente; 
 
2. Risco de acidentes com cargas perigosas: exigência de casco duplo para embarcações, para 
aprimorar as possibilidades de derramamento e aplicação de planos de emergência; 
 
3. Contaminação de águas por lançamento de dejetos: programas de educação ambiental e 
controle sanitário do sistema de coleta das embarcações. 
 
Impactos na área de influência indireta 
O impacto na área de influência indireta de uma infraestrutura de transporte é preocupação que 
inquieta a maioria dos ambientalistas. Estudos já comprovaram que o grande degradador dos recursos 
d’água é o mau uso da área de bacia de contribuição de manancial e não o seu uso como hidrovia. O 
controle é de responsabilidade da implantação de uma Política Institucional de Racionamento e 
Gerenciamento do Uso da Água. A dragagem tem por objetivo garantir uma profundidade mínima, para 
que as embarcações possam circular sem agarrar no fundo do canal. Essa via imaginária possui uma 
largura que varia de acordo com o tamanho da embarcação, e situa-se normalmente nos locais onde o 
rio é mais fundo, pois quase sempre coincide com seu canal natural. 
 
Sobre a hidrovia do Paraguai, há uma grande polêmica, uma vez que a realização de obras como o 
aprofundamento do leito dos rios poderia afetar o Rio Paraguai e seus afluentes, alterando as condições 
ecológicas do Pantanal Mato-grossense, considerado patrimônio ecológico da humanidade. 
Apesar de os rios dessa bacia serem de planície e naturalmente navegáveis, há ao longo de seus 
leitos bancos de areia e rochas, que tornam a navegação perigosa e atrasam a movimentação das cargas. 
O projeto de aprofundamento do leito dos rios previa a dragagem dos bancos de areia e a detonação das 
rochas, desimpedindo o fluxo das águas e aumento sua velocidade de escoamento. 
Porém, muitos grupos ambientalistas posicionaram-se contrariamente ao projeto, pois isso significaria 
a drenagem do Pantanal e o comprometimento do seu ecossistema. 
 
Corredores de Exportação 
 
Corredores de exportação são sistemas de circulação de mercadorias que integram hidrovias, 
rodovias e principalmente ferrovias e portos equiparados para exportação de determinados produtos. 
 
No início do século XXI, o Brasil se estabeleceu como um dos maiores provedores de soja do mundo. 
Em plena região amazônica, o arco do desmatamento funcionou como uma frente de expansão agrícola 
em que milhares de quilômetros quadrados de florestas e cerrados deram lugar ás pastagens e à cultura 
da soja. Desse modo, o Brasil entrou no segundo milênio incorporando vastas extensões de terras ao 
imenso espaço econômico internacional, mantendo um modelo econômico agrário-exportador que, acima 
de tudo, sustentou os pagamentos da dívida externa aos credores internacionais. 
O intenso desmatamento da Amazônia foi concentrado em dois estados: Mato Grosso e Rondônia. No 
primeiro, a área plantada de soja cresceu em 400% nos últimos dez anos. 
 
O crescimento dessas novas regiões produtoras está apenas no seu início, pois, justamente nos 
últimos anos, a iniciativa provada, juntamente com o Estado brasileiro, tem criado condições para o 
escoamento dessas imensas safras agrícolas. O estabelecimento do corredor de exportação Madeira-
Amazonas, baseado no transporte dos grãos pelos citados rios amazônicos, proporcionou aos 
agricultores do Norte e do Centro-Oeste do Brasil uma diminuição do custo do frete que se aproxima dos 
50%. E, com o custo de transporte reduzido quase pela metade, a soja das novas regiões produtoras do 
Brasilse tornou altamente competitiva (mais barata) no mercado internacional. 
Uma das razões do baixo custo e eficiência do corredor Madeira-Amazonas é justamente o 
aproveitamento do transporte fluvial, o mais competitivo que se conhece atualmente. Nesse contexto, os 
produtos agrícolas de grande parte do Mato Grosso, estado do Tocantins e Rondônia, são transportados 
por via terrestre até Porto Velho (RO), seguindo daí por embarcações até o porto flutuante de Itacoatiara 
(AM) e, daí, para o mercado internacional. 
A existência de portos bem equiparados e especializados é uma das características fundamentais da 
implementação dos chamados corredores de exportação. Abaixo, veremos a relação dos principais 
corredores de exportação do Brasil, juntamente com os principais produtos vendidos. 
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Entre todos esses corredores de exportação, o ligado ao porto de Santos é o que teve um grande papel 
histórico vinculado tanto ao ciclo do café como ao processo de industrialização da década de 1950 
(implantação da indústria automobilística na atual região metropolitana de São Paulo). 
Na década de 1970, com um forte investimento do Estado, surgiram e se desenvolveram outros 
corredores de exportação, ligados ao comércio de produtos agrários (porto de Paranaguá) ou de minérios 
brutos e semi-industrilizados, como no caso do porto de Tubarão, no Espírito Santo. 
O estabelecimento do porto de Itaqui, também como um exportador de produtos agrários, bem como 
a instalação do porto flutuante de Itacoatiara, estão ligados à recente expansão do agronegócio em novas 
áreas do Norte e Centro-oeste do Brasil. 
 
Corredor de exportação/ Principais produtos escoados 
 
 
 
Transporte Aéreo6 
 
Implantado no Brasil em 1927, o transporte aéreo é realizado por companhias particulares sob o 
controle do Ministério da Aeronáutica no que diz respeito ao equipamento utilizado, abertura de novas 
linhas, etc. 
A rede brasileira, que cresceu muito até a década de 1980, sofreu as consequências da crise mundial 
que afetou o setor nos primeiros anos da década de 1990. 
Há dez anos, o Brasil vive uma verdadeira revolução no setor da aviação. Antes privilégio de poucos, 
voar hoje é uma realidade para a grande maioria da população. Prova disso é que entre 2004 e 2014, o 
desenvolvimento expressivo do transporte aéreo no país levou à redução de 48% do custo da passagem 
aérea doméstica. A média anual de crescimento do setor foi três vezes o crescimento médio do PIB – 
Produto Interno Bruto – para o mesmo período (3,4%). Paralelamente, o número de passageiros cresceu 
170%, alcançando 117 milhões em 2014. 
E a qualidade do serviço também melhorou. O índice de atrasos nos aeroportos brasileiros, por 
exemplo, caiu 62% de 2007 a 2014, passando de 29,84% para 11,3%. Nesse mesmo período, a demanda 
de passageiros cresceu 88%. 
Nessa democratização do transporte aéreo, três fatores passaram a influenciar na escolha da forma 
de viajar dos brasileiros: custo, tempo e conforto. 
A infraestrutura aeroportuária também está passando por melhorias significativas. Entre 2011 e 2015, 
foram investidos R$ 15,6 bilhões no setor. 
 
 
 
 
 
6 http://www.aviacao.gov.br/obrasilquevoa/cenario-da-aviacao-brasileira.php. 
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Questões 
 
01. (TRT/8R – Analista – CESPE/2016) A respeito da infraestrutura rodoviária brasileira e suas 
implicações para o setor rodoviário nacional, assinale a opção correta. 
(A) A flexibilização das rotas e a possibilidade de movimentação de pequenos volumes são algumas 
das vantagens apresentadas pelo transporte de cargas rodoviário, se comparado aos demais tipos de 
transporte de carga. 
(B) A utilização do transporte rodoviário como meio de transporte complementar é inviabilizada devido 
ao elevado custo de transposição de carga que o transporte rodoviário apresenta. 
(C) O estado de conservação do pavimento das rodovias gera pouco impacto no custo total do 
transporte de cargas rodoviário. 
(D) O Brasil possui uma das malhas rodoviárias mais extensas do mundo, sendo grande parte dela 
pavimentada. 
(E) Em comparação com as rodovias de pavimento flexível, as rodovias de pavimento rígido acarretam 
maior custo de manutenção, menor segurança e maior consumo de combustível pelos veículos. 
 
02. (IPEA – Técnico – CESPE) Com relação à matriz brasileira de transportes e aos sistemas de 
transporte, julgue os próximos itens. 
Na competição entre os sistemas rodoviário e ferroviário de transportes, a ferrovia no Brasil perde 
espaço no transporte a longas distâncias, mesmo apresentando condições econômicas mais 
competitivas. 
(....) Certo (....) Errado 
 
Gabarito 
 
01.A / 02.Certo 
 
Comentários 
01. Resposta: A 
As principais vantagens do modal de transporte rodoviário: 
Acessibilidade, pois conseguem chegar em quase todos os lugares do território brasileiro; 
Facilidade para contratar ou organizar o transporte; 
Flexibilidade em organizar a rota; 
Pouca burocracia quanto à documentação necessária para o transporte; 
Maior investimento do governo na infraestrutura das rodovias se comparada aos outros modais. 
 
As principais desvantagens do modal de transporte rodoviário: 
Alto custo de frete, por causa do impacto direto que pedágios e alto valor do combustível geram; 
Baixa capacidade de carga; 
Menor distância alcançada com relação ao tempo utilizado para o transporte; 
Maiores chances da carga ser extraviada, por causa de roubos e acidentes. 
 
02. Resposta: Certo 
Apesar de o transporte ferroviário possuir custo variável baixo (Lembrando custo fixo é o referente à 
implantação → este é elevado; No entanto, para o transporte de mercadorias, importa o custo variável → 
este é baixo, de fato), o transporte rodoviário é o mais utilizado, pelo fato de ter maior flexibilidade. 
 
 
 
CIDADES E URBANIZAÇÃO BRASILEIRA7 
 
A fundação de Brasília, em 1960, e a abertura de rodovias integrando a nova capital ao restante do 
país provocaram significativas alterações nos fluxos migratórios e na urbanização brasileira. Os 
 
7 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018. 
d. A questão urbana brasileira: processos e estruturas. 
 
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municípios já existentes cresceram, outros foram inaugurados e, consequentemente, houve reflexos na 
malha municipal brasileira. 
 
O que consideramos Cidade? 
 
No mundo, atualmente, há cidades de diferentes tamanhos, densidades demográficas e condições 
socioeconômicas. Em algumas, apenas uma função urbana recebe destaque, enquanto em outras são 
desenvolvidas múltiplas atividades. Muitas se estruturaram há séculos, outras começaram a se 
desenvolver há poucos anos ou décadas. Há ainda cidades que apresentam grande desigualdade social 
e aquelas nas quais as desigualdades são menos acentuadas. Todos esses aspectos se refletem na 
organização do espaço e são visíveis nas paisagens urbanas. 
Dependendo do país ou da região em que se localiza, uma pequena aglomeração de alguns milhares 
de habitantes pode apresentar grande diversidade de funções urbanas ou, simplesmente, constituir uma 
concentração de residências rurais. Por exemplo, na Amazônia, onde a densidade demográfica é muito 
baixa, um pequeno povoado pode contar com diversos serviços, como posto de saúde, escola e serviço 
bancário, enquanto no inteiro do Estado de São Paulo, onde a rede urbana é bastante densa, o distrito 
de um município de pequeno porte pode se constituir apenas como local de moradia de trabalhadores 
rurais, com comércio de produtos básicos, sem apresentar outras funções urbanas. Quanto à população, 
uma cidade localizada em regiões pioneiras pode ter muito menos habitantes que uma vila ruralde um 
município muito populoso localizado em uma região de ocupação mais antiga. 
Na maioria dos países, tanto desenvolvidos como em desenvolvimento, a classificação de uma 
aglomeração humana como zona urbana ou cidade costuma considerar algumas variáveis básicas: 
densidade demográfica, número de habitantes, localização e existência de equipamentos urbanos, como 
comércio variado, escolas, atendimento médico, correio e serviços bancários. No Brasil, o IBGE considera 
população urbana as pessoas que residem no interior do perímetro urbano de cada município, e 
população rural as que residem fora desse perímetro. 
Entretanto, as autoridades administrativas de alguns municípios utilizam as atribuições que a lei lhes 
garante e determinam um perímetro urbano bem mais amplo do que a área efetivamente urbanizada. 
Dessa forma, muitas chácaras, sítios ou fazendas, inegavelmente áreas rurais, acabam registradas como 
parte do perímetro urbano e são taxados com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), e não com o 
Imposto Territorial Rural (ITR). Com o IPTU, o governo dos municípios obtém ima arrecadação muito 
superior à que obteria com o ITR. 
Em 2017, 94,5% dos municípios brasileiros tinham até 100 mil habitantes e abrigavam 43,5% da 
população do país; neles, as diversas atividade rurais ocupavam grande parte dos trabalhadores e 
comandavam o modo de vida das pessoas. 
Já que todos os municípios, independente de sua extensão territorial e população, têm, 
obrigatoriamente, uma zona estabelecida como urbana, algumas aglomerações cercadas por florestas, 
pastagens e áreas de cultivo são classificadas como áreas “urbanas”. Segundo esse critério, o estado do 
Amapá e de Mato Grosso têm índices de urbanização equivalentes ao da região Sudeste. Portanto, como 
não há um critério uniforme, a comparação dos dados estatísticos de população urbana e rural entre o 
Brasil e outros países fica comprometida. 
Alguns estados com grau de urbanização maior (acima de 70%) localizam-se em regiões de floresta, 
de expansão agrícola ou reservas indígenas e ecológicas (principalmente na região Norte do país), nas 
quais as atividades rurais, como agropecuária e extrativismo, são dominantes. Por exemplo, segundo o 
IBGE, o Amapá, que em 2017 possuía apenas 797 mil habitantes distribuídos em 16 municípios, sendo 
474 mil habitantes em Macapá, apresenta índices de urbanização igual ao de outros estados do Centro-
Sul. 
 
População Urbana e Rural 
 
A metodologia utilizada na definição das populações urbana e rural resulta em distorções. É 
inquestionável, entretanto, que os índices de população urbana tenham aumentado em quase todo o país 
em razão da migração rural-urbana, embora atualmente ela seja menos intensa do que nas décadas 
anteriores. 
Até meados dos anos 1960, a população brasileira era predominantemente rural. Entre as décadas de 
1950 e 1980, milhões de pessoas migraram para as regiões metropolitanas e capitais de estados. Esse 
processo provocou crescimento desordenado, segregação espacial e aumento das desigualdades nas 
grandes cidades, mas também melhoria em vários indicadores sociais, como a redução da natalidade e 
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dos índices de mortalidade infantil, além do aumento na expectativa de vida e nas taxas de escolarização. 
Veja a tabela a seguir. 
 
Brasil: Índice de Urbanização por Região (%) 
Região 1950 1970 2015 
Sudeste 44,5 72,7 93,1 
Centro-Oeste 24,4 48,0 89,8 
Sul 29,5 44,3 85,6 
Norte 31,5 45,1 75,0 
Nordeste 26,4 41,8 73,1 
Brasil 36,2 55,9 84,7 
 
Observe que o Centro-Oeste apresenta o segundo maior índice de urbanização entre as regiões 
brasileiras. Isso se explica por dois fatores: toda a população do Distrito Federal (cerca de 3 milhões de 
habitantes em 2017) mora dentro do perímetro urbano de Brasília, que é o único aglomerado urbano 
dessa unidade da Federação; e houve a abertura de rodovias e a expansão das fronteiras agrícolas com 
pecuária e a agricultura mecanizada (que usam pouca mão de obra), o que promoveu o crescimento 
urbano nas cidades já existentes e o surgimento de outras. 
Atualmente, a distinção entre população urbana e rural torou-se mais complexa, pois é considerável o 
número de pessoas que trabalham em atividades rurais e residem nas cidades, assim como moradores 
da área rural que trabalham no meio urbano. 
São inúmeras as cidades que surgiram e cresceram em regiões do país que têm a agroindústria como 
propulsora das atividades econômicas secundárias e terciárias. Ao mesmo tempo, vem aumentando e se 
diversificando o número de atividades econômicas secundárias e terciárias instaladas na zona rural, que, 
assim, se torna cada vez mais integrada à cidade. 
 
A Rede Urbana Brasileira 
 
Nas primeiras décadas da colonização foram fundadas várias vilas no Brasil. Em 1549, foi fundada 
Salvador, a capital do Brasil até 1763, quando a sede foi transferida para o Rio de Janeiro. As demais 
vilas da Colônia, assim que atingiam certo nível de desenvolvimento, recebiam título de cidade. A partir 
da República, as vilas passaram a ser chamadas de cidades, e seu território (perímetro urbano e zona 
rural) passou a ser designado município. 
Ao longo da história da ocupação do território brasileiro, houve grande concentração de cidades na 
faixa litorânea, em razão do processo de colonização do tipo agrário-exportador. 
Durante o auge da atividade mineradora, ocorreu um intenso processo de urbanização e uma 
efervescência cultural em Minas Gerais, além da ocupação de Goiás e Mato Grosso. Mas, com a 
decadência da mineração, essas regiões, mais distantes do litoral, perderam população. A forte migração 
para a então província de São Paulo, onde se iniciava a cafeicultura, possibilitou o desenvolvimento de 
várias cidades, como Taubaté, Bragança Paulista e Campinas. 
Além da cidade, os municípios podem conter outros núcleos urbanos, chamados distritos, que são 
subdivisões administrativas. Em alguns casos, esses distritos crescem e se tornam maiores que a cidade, 
incentivando movimentos de emancipação. Entretanto, muitos desses novos municípios não têm 
arrecadação suficiente para manter as despesas inerentes, como Prefeitura, Câmara Municipal e serviços 
públicos. 
Considerando a viabilidade financeira dos novos municípios, ou seja, a relação entre receitas e 
despesas, conclui-se que nem sempre há condições para sua autonomia econômica. Assim, muitos 
municípios acabam deficitários, dependentes do auxílio estadual e federal. 
Porém, para a população local, a criação de um novo município costuma parecer uma grande 
conquista, pois, em geral, sente-se marginalizada e reivindica mais atenção e investimentos. A partir de 
2001, essas emancipações diminuíram muito porque a Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu certa 
autonomia econômica aos distritos e regulamentou as condições de repasse de verbas entre as esferas 
de governo. 
O Brasil tinha em 1960, 2766 municípios; em 1980, 3991; em 2000, 5507; em 2010, 5565 e em 2017, 
5570. 
O processo de urbanização e estruturação da rede urbana brasileira pode ser dividido em quatro 
etapas. 
 
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Brasil: Integração Regional 
Até a década de 1930 as migrações e o processo de urbanização se organizavam predominantemente 
em escala regional, com as respectivas metrópoles funcionando como polos de atividades secundárias e 
terciárias. As atividades econômicas, que impulsionam a urbanização, desenvolviam-se de forma 
independente e esparsa pelo território nacional. A integração econômica entre São Paulo (região 
cafeeira), Zona da Mata nordestina (cana-de-açúcar, cacau e tabaco), Meio-Norte (algodão, pecuária e 
extrativismo vegetal) e região Sul (pecuária e policultura) era muito restrita. Com a modernização da 
economia, as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado único que, posteriormente, incorporou o 
Nordestee, mais arde, o Norte e o Centro-Oeste. 
A partir da década de 1930, à medida que a infraestrutura de transportes e telecomunicações se 
expandia pelo país, o mercado se unificava, mas a tendência à concentração das atividades urbano-
industriais na região Sudeste fez com que a atração populacional ultrapassasse a escala regional, 
alcançando o país como um todo. Os dois grandes polos industriais do Sudeste, São Paulo e Rio de 
Janeiro, passaram a atrair um enorme contingente de mão de obra das regiões que não acompanharam 
o mesmo ritmo de crescimento econômico e se tornaram metrópoles nacionais. Foi particularmente 
intenso o afluxo de mineiros e nordestinos para as duas metrópoles, que, por não atenderem às 
demandas de investimento em infraestrutura, tornaram-se centros urbanos com diversos problemas em 
setores como moradia e transportes. 
Entre as décadas de 1950 e 1980 ocorreram intenso êxodo rural e migração inter-regional, com forte 
aumento da população metropolitana no Sudeste, Nordeste e Sul. Nesse período, o aspecto mais 
marcante da estruturação da rede urbana brasileira foi a concentração progressiva e acentuada da 
população em grades cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais que cresciam 
velozmente. 
Da década de 1980 aos dias atuais observa-se que o maior crescimento tende a ocorrer nas 
metrópoles regionais e cidades médias, com predomínio da migração urbana-urbana-deslocamento de 
população das cidades pequenas para as médias e retorno de moradores das cidades de São Paulo e 
Rio de Janeiro para as cidades médias, tanto da região metropolitana quanto para outras mais distantes, 
até de outros estados. 
 
A Integração Econômica 
 
A mudança na direção dos fluxos migratórios e na estrutura da rede urbana é resultado de uma 
contínua e crescente reestruturação e integração dos espaços urbano e rural. Isso resulta da dispersão 
espacial das atividades econômicas, intensificada a partir dos anos 1980, e da formação de novos centros 
regionais, que alteraram o padrão hegemônico das metrópoles na rede urbana do país. As metrópoles 
não perderam a sua primazia, mas os centros urbanos regionais não metropolitanos assumiram algumas 
funções até então desempenhadas apenas por elas. 
Com novas funções, muitos desses centros urbanos geraram vários dos problemas da maioria das 
grandes cidades que cresceram sem planejamento. 
 
Principais Problemas Urbanos 
Moradia 
A especulação imobiliária tem tornado o solo urbano cada vez mais caro, excluindo a população de 
baixa renda das áreas com melhor infraestrutura, porque são as mais valorizadas. Assim, grande parte 
da população se instala em assentamentos irregulares, como encostas de morros e várzeas de rios, 
muitos deles consideradas áreas de risco para estabelecer moradia. 
 
Trânsito 
A necessidade de percorrer grandes distâncias diariamente no percurso casa-trabalho-casa, em 
função da distribuição desigual de empregos pela cidade, e a falta de um transporte público eficiente 
geram um número elevado de automóveis particulares nas vias públicas. Além disso, a verticalização8 
característica dos grandes centros urbanos, alternativa encontrada para o adensamento9, quando feita 
sem planejamento, influencia diretamente o aumento do transito de automóveis. 
O aumento da concentração de poluentes na atmosfera nos centros urbanos é causado pelo 
lançamento de partículas geradas, sobretudo, pela queima dos combustíveis dos veículos. Doenças 
 
8 Verticalização é um processo urbanístico que ocorre em metrópoles e consiste na construção de grandes e inúmeros edifícios, o que acaba, inevitavelmente, 
dificultando a circulação de ar, devido à diminuição do espaço físico plano para construção. Ademais, é decorrente a formação de ilhas de calor nesses locais. 
9 Fenômeno associado ao crescimento populacional das cidades, que resulta no uso intensivo do espaço urbano. Aglomeração de pessoas em um espaço 
pequeno. 
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cardíacas e respiratórias têm sido associadas à presença de partículas poluentes nos pulmões e na 
corrente sanguínea dos habitantes dos grandes centros urbanos, segundo a Organização Mundial da 
Saúde. 
 
Violência 
A violência em geral é maior nos grandes centros urbanos, onde a desigualdade social é mais 
acentuada. 
Na tentativa de diminuir a sensação de insegurança, proliferam os condomínios residenciais fechados 
e o setor privado de segurança. Fora dos condomínios residenciais, a busca por segurança incentiva a 
procura por prédios para moradia, o que contribui para a verticalização dos grandes centros urbanos. 
O crescimento do número de shopping centers nos grandes centros materializa o desejo de espaços 
mais seguros para o lazer e as compras. 
 
As Regiões Metropolitanas Brasileiras 
 
As regiões metropolitanas brasileiras foram criadas por lei aprovada no Congresso Nacional em 1973, 
que as definiu como “um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma 
cidade central, com serviços públicos e infraestrutura comum”, que deveriam ser reconhecidas pelo IBGE. 
A Constituição de 1988 permitiu a estadualização do reconhecimento legal das metrópoles, conforme 
o artigo 25, §3º: “Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, 
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para 
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum”. 
 
As Regiões Integradas de Desenvolvimento (Rides) também são regiões metropolitanas, mas os 
municípios que as integram situam-se em mais de uma unidade da Federação e, por causa disso, são 
criadas por lei federal. 
Em 2017, de acordo com a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), havia 74 
regiões metropolitanas no país, abrigando 115,9 milhões de pessoas, 55,9% da população brasileira. 
Veja a tabela a seguir, na qual estão listadas as quinze maiores regiões metropolitanas (incluída a 
Ride do Distrito Federal). 
 
Brasil: Maiores Regiões Metropolitanas e Rides - 2017 
Região Metropolitana População 
São Paulo 21.391.624 
Rio de Janeiro 12.377.305 
Belo Horizonte 5.314.930 
Ride DF e entorno 4.373.841 
Porto Alegre 4.293.050 
Fortaleza 4.051.744 
Salvador 4.015.205 
Recife 3.965.699 
Curitiba 3.572.326 
Campinas 3.168.019 
Vale do Paraíba e Litoral 
Norte 
2.497.857 
Goiânia 2.493.792 
Manaus 2.488.336 
Belém 2.441.761 
Sorocaba 2.088.321 
 
Na tabela acima estão listadas regiões metropolitanas reconhecidas por lei estadual que trata-se do 
reconhecimento legal como conjunto de cidades conturbadas com infraestrutura comum. 
À medida que as cidades vão se expandindo horizontalmente, ocorre a conturbação, ou seja, elas se 
tornam contínuas e integradas. Embora com administrações diferentes, espacialmente é como se fossem 
uma única cidade. Portanto, os problemas de infraestrutura urbana passam a ser comuns ao conjunto de 
municípios que formam a região metropolitana. 
Das 74 regiões metropolitanas existentes em 2017, duas, São Paulo e Ri ode Janeiro, são 
consideradas metrópoles nacionais, pelo fato de polarizarem o país inteiro. Ambas também são 
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consideradas cidades globais por estarem mais fortemente integradas aos fluxos mundiais. É nessas 
cidades, sobretudo em São Paulo, que estão as sedes dos grandes bancos e das indústrias do país, 
alguns dos centros de pesquisa mais avançados, as Bolsas de Valores e mercadorias, os grandes grupos 
de comunicação, os hospitais de referência, etc. 
A conturbação entre duas ou mais metrópoles não significa que as malhas urbanas sejam contínuas; 
ela envolve plena integração socioeconômica, com intensidade de fluxos entre os municípios, mesmo 
com a presença de zona rural entre eles. 
 
Hierarquia e Influência dos Centros Urbanos no Brasil - MobilidadeDentro da rede urbana, as cidades são os nós dos sistemas de produção e distribuição de mercadorias 
e da prestação de serviços diversos, que se organizam segundo níveis hierárquicos distribuídos de forma 
desigual pelo território. 
Por exemplo, o Centro-Sul do país possui uma rede urbana com grande número de metrópoles, 
capitais regionais e centros sub-regionais bastante articulados entre si. Já na Amazônia, as cidades são 
esparsas e bem menos articuladas, o que leva centros menores a exercerem o mesmo nível de 
importância na hierarquia urbana regional que outros maiores localizados no Centro-Sul. 
Outro fator importante que devemos considerar ao analisar os fluxos no interior de uma rede urbana é 
a condição de acesso proporcionada pelos diferentes níveis de renda da população. Um morador rico de 
uma cidade pequena consegue estabelecer muito mais conexões econômicas e socioculturais que um 
morador pobre de uma grande metrópole. A mobilidade das pessoas entre as cidades da rede urbana 
depende de seu nível de renda. 
Segundo o IBGE, as regiões de influência das cidades brasileiras são delimitadas principalmente pelo 
fluxo de consumidores que utilizam o comércio e os serviços públicos e privados no interior da rede 
urbana. Ao realizar o levantamento para a elaboração do mapa da rede urbana, investigou-se a 
organização dos meios de transporte entre os municípios e os principais destinos das pessoas que 
buscam produtos e serviços. 
O IBGE classificou as cidades em cinco níveis: 
 
Metrópoles – os doze principais centros urbanos do país, divididos em três subníveis, segundo o 
tamanho e o poder de polarização: 
a) Grande metrópole nacional – São Paulo, a maior metrópole do país (21,2 milhões de habitantes, 
em 2016), com poder de polarização em escala nacional; 
b) Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília (12,3 milhões e 4,3 milhões de habitantes, 
respectivamente, em 2016), que também estendem seu poder de polarização em escala nacional, mas 
com um nível de influência menor que o de São Paulo; 
c) Metrópole – Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Recife, Curitiba, Campinas e 
Manaus, com população variando de 2,6 (Manaus) a 5,9 milhões de habitantes (Belo Horizonte), são 
regiões metropolitanas que têm poder de polarização em escala regional. 
 
Capital regional – Neste nível de polarização existem setenta municípios com influência regional. É 
subdividido em três níveis: 
a) Capital regional A – engloba 11 cidades, com média de 955 mil habitantes; 
b) Capital regional B – 20 cidades, com média de 435 mil habitantes; 
c) Capital regional C – 39 cidades, com média de 250 mil habitantes. 
 
Centro sub-regional – Engloba 169 municípios com serviços menos complexos e área de polarização 
mais reduzida. É subdividido em: 
a) Centro sub-regional A – 85 cidades, com média de 95 mil habitantes; 
b) Centro sub-regional B – 79 cidades, com média de 71 mil habitantes. 
 
Centro de zona – São 556 cidades de menor porte que dispõem apenas de serviços elementares e 
estendem seu poder de polarização somente às cidades vizinhas. Subdivide-se em: 
a) Centro de zona A – 192 cidades, com média de 45 mil habitantes; 
b) Centro de zona B – 364 cidades, com média de 23 mil habitantes. 
 
Centro local – as demais 4.473 cidades brasileiras, com média de 8.133 habitantes e cujos serviços 
atendem somente à população local, não polarizam nenhum município, sendo apenas polarizadas por 
outros. 
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Plano Diretor e Estatuto da Cidade 
 
Em 10 de julho de 2001, foi sancionado o Estatuto da Cidade, documento que regulamentou itens de 
política urbana que constam da Constituição de 1988. O estatuto fornece as principais diretrizes a serem 
aplicadas nos municípios, por exemplo: regularização da posse dos terrenos e imóveis, sobretudo em 
áreas de risco que tiverem ocupação irregular; organização das relações entre a cidade e o campo; 
garantia de preservação e recuperação ambiental, entre outras. 
Segundo o Estatuto da Cidade, é obrigatório que determinados municípios elaborem um Plano 
Diretor, que é um conjunto de leis que estabelecem as diretrizes para o desenvolvimento socioeconômico 
e a preservação ambiental, regulamentando o uso e a ocupação do território municipal, especialmente o 
solo urbano. O Plano Diretor é obrigatório para municípios que apresentam uma ou mais das seguintes 
características: 
Abriga mais de 20 mil habitantes; 
Integra regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; 
Integra áreas de especial interesse turístico; 
Insere-se na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental 
de âmbito regional ou nacional; 
É um local onde o poder público municipal quer exigir o aproveitamento adequado do solo urbano sob 
pena de parcelamento, desapropriação ou progressividade do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). 
Os planos são elaborados pelo governo municipal – por uma equipe de profissionais qualificados, como 
geógrafos, arquitetos, urbanistas, engenheiros, advogados e outros. Geralmente se iniciam com um perfil 
geográfico e socioeconômico do município. Em seguida, apresenta-se uma proposta de desenvolvimento, 
com atenção especial para o meio ambiente. 
A parte final, e mais extensa, detalha as diretrizes definidas para cada setor da administração púbica, 
ou seja, habitação, transporte, educação, saúde, saneamento básico, etc., assim como as normas 
técnicas para ocupação e uso do solo, conhecidas como Lei de Zoneamento. 
Assim, o Plano Diretor pode alterar ou manter a forma dominante de organização espacial e, portanto, 
interfere no dia a dia de todos os cidadãos. Por exemplo, uma alteração na Lei de Zoneamento pode 
valorizar ou desvalorizar os imóveis e alterar a qualidade de vida em determinado bairro. 
Outro exemplo prático de planejamento urbano constante no Plano Diretor é o controle dos polos 
geradores de tráfego, uma vez que os congestionamentos são um sério problema para os moradores das 
grandes e médias cidades. Para isso, tem colaborado bastante a difusão dos Sistemas de Informações 
Geográficas (SIGs). 
Os SIGs permitem coletar, armazenar e processar, com grande rapidez, uma infinidade de dados 
georreferenciados fundamentais e mostrá-los por meio de plantas e mapas, gráficos e tabelas, o que 
facilita muito a intervenção dos profissionais envolvidos com o planejamento urbano. 
Antes de ser elaborado pela Prefeitura (Poder Executivo) e aprovado pela Câmara Municipal (Poder 
Legislativo), o Plano Diretor deve contar com a “cooperação das associações representativas no 
planejamento municipal”. A participação da comunidade na elaboração desse documento passou a ser 
uma exigência constitucional que prevê, ainda, projetos de iniciativa popular (geralmente na forma de 
abaixo-assinado), que podem ser apresentados desde que contem com participação de 5% do eleitorado, 
conforme inciso XIII do artigo 29 da Constituição. 
Além de um Plano Diretor bem-estruturado, é importante que o poder público e os cidadãos respeitem 
as regras estabelecidas, colaborando, assim, para que os problemas das cidades sejam minimizados. 
Entretanto, o planejamento das ações governamentais e a sua execução demandam um processo 
composto de várias fases, e algumas (como preparar uma licitação ou aprovar o orçamento no Legislativo) 
dificilmente podem ser organizadas pela população. 
Como o encaminhamento dessas fases exige uma ação administrativa complexa, na prática a 
participação popular no planejamento e na execução de intervenções urbanas só se concretiza quando a 
pressão popular e a vontade dos governantes convergem nessa direção. 
 
Aplicações do Plano Diretor 
Cada Plano Diretor trata de realidades particulares dos diversos municípios, mas maioria deles 
apresenta as seguintes aplicações práticas: 
 
Lei do Perímetro Urbano – Estabelece os limites da área considerada perímetro urbano, em cujo 
interior é arrecadadoo IPTU. 
 
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37 
 
Lei do Parcelamento do Solo Urbano – A principal atribuição dessa lei é estabelecer o tamanho 
mínimo dos lotes urbanos, o que acaba determinado o grau de adensamento de um bairro ou zona da 
cidade. Por exemplo, num bairro onde o lote mínimo tenha área de 200 m², a ocupação será mais densa 
que em outro onde ele tenha 500 m². 
 
Lei de Zoneamento (uso e ocupação do solo urbano) – Estabelece as zonas do município nas quais 
a ocupação será estritamente residencial ou mista (residencial e comercial), as áreas em que ficará o 
distrito industrial, quais serão as condições de funcionamento de bares e casas noturnas e muitas outras 
especificações que podem manter ou alterar profundamente as características dos bairros. 
 
Código de Edificações – Estabelece as áreas de recuo nos terrenos (quantos metros do terreno 
deverão ficar desocupados na sua parte frontal, nos fundos e nas laterais), normas de segurança (contra 
incêndio, largura das escadarias, etc.) e outras regulamentações criadas por tipo de construção e 
finalidade de uso, como escola, estádio, residência, comércio, etc. 
 
Leis Ambientais – Regulamentam a forma de coleta e destino final do lixo residencial, industrial e 
hospitalar e a preservação das áreas verdes: controlam a emissão de poluentes atmosféricos, normatizam 
ações voltadas para a preservação ambiental; 
 
Plano do Sistema Viário e dos Transportes Coletivos – Regulamenta o trajeto das linhas de ônibus 
e estabelece estratégias que facilitem ao máximo o fluxo de pessoas pela cidade por meio da abertura de 
novas avenidas, corredores de ônibus, investimentos em trens urbanos e metrô, etc. 
 
Questões 
 
01. (Enem) Subindo morros, margeando córregos ou penduradas em palafitas, as favelas fazem parte 
da paisagem de um terço dos municípios do país, abrigando mais de 10 milhões de pessoas, segundo 
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). MARTINS, A. R. A favela como um espaço da cidade. Disponível 
em: http://www.revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 31 jul. 2010. 
A situação das favelas no país reporta a graves problemas de desordenamento territorial. Nesse 
sentido, uma característica comum a esses espaços tem sido 
(A) o planejamento para a implantação de infraestruturas urbanas necessárias para atender as 
necessidades básicas dos moradores. 
(B) a organização de associações de moradores interessadas na melhoria do espaço urbano e 
financiadas pelo poder público. 
(C) a presença de ações referentes à educação ambiental com consequente preservação dos espaços 
naturais circundantes. 
(D) a ocupação de áreas de risco suscetíveis a enchentes ou desmoronamentos com consequentes 
perdas materiais e humanas. 
(E) o isolamento socioeconômico dos moradores ocupantes desses espaços com a resultante 
multiplicação de políticas que tentam reverter esse quadro. 
 
02. (Enem) Em um debate sobre o futuro do setor de transporte de uma grande cidade brasileira com 
trânsito intenso, foi apresentado um conjunto de propostas. Entre as propostas reproduzidas a seguir, 
aquela que atende, ao mesmo tempo, à implicações sociais e ambientais presentes nesse setor é 
(A) proibir o uso de combustíveis produzidos a partir de recursos naturais. 
(B) promover a substituição de veículos a diesel por veículos a gasolina. 
(C) incentivar a substituição do transporte individual por transportes coletivos. 
(D) aumentar a importação de diesel para substituir os veículos a álcool. 
(E) diminuir o uso de combustíveis voláteis devido ao perigo que representam. 
 
Gabarito 
 
01.D / 02.C 
 
 
 
 
 
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Comentários 
 
01. Resposta: D 
As aglomerações de moradias subnormais são construídas em terrenos públicos e particulares 
invadidos. Como as áreas de risco suscetíveis a enchentes e a desmoronamentos geralmente estão 
desocupadas, tornam-se alvo de invasão e construção de moradias para a população que não tem acesso 
aos programas habitacionais do poder público. 
 
02. Resposta: C 
A substituição do transporte individual por coletivo reduz a quantidade de veículos em circulação e, 
portanto, reduz os congestionamentos. 
 
 
 
AGROPECUÁRIA10 
 
Agropecuária é a denominação dada para as atividades que usam o solo com fins econômicos e que 
são voltadas à produção agrícola associada à criação de animais. 
 
Distribuição e Função Social da Terra no Brasil 
 
No Brasil, a distribuição de terras é considerada historicamente desigual. Uma das características mais 
marcantes das áreas de produção agropecuária é a concentração da propriedade de terras, também 
chamada de concentração fundiária. Isso significa que há grandes propriedades de terra, conhecidas 
como latifúndios, concentradas nas mãos de poucos indivíduos. 
As propriedades rurais brasileiras apresentam não só tamanhos diferentes, mas também distintas 
formas de organização do trabalho. Como a agricultura familiar, aquela em que a mão de obra 
predominante é composta por integrantes da família proprietária da terra. Geralmente trata-se de 
pequenas propriedades onde é praticado o policultivo, ou seja, o cultivo de diferentes espécies. 
Já nas grandes propriedades, onde se pratica o agronegócio11, a mão de obra é contratada, e a 
produção, altamente mecanizada. Além disso, uma característica marcante é o monocultivo, ou seja, o 
cultivo de uma única espécie. 
Embora as propriedades sejam menores, em termos gerais, na agricultura familiar trabalham mais 
pessoas do que na agricultura não familiar. 
Existem estabelecimentos rurais de propriedade familiar que vendem sua produção para grandes 
empresas agrícolas. No entanto, é a agricultura familiar que produz uma parcela significativa dos 
alimentos consumidos no Brasil. 
Pode-se dizer que a agricultura familiar garante o abastecimento de produtos básicos. Estes, porém, 
não geram muita renda aos produtores, motivo pelo qual não são cultivados pelos empresários do 
agronegócio. 
Os grandes latifúndios são destinados à produção em larga escala de mercadorias destinadas 
principalmente ao mercado externo, como soja, algodão, milho e cana-de-açúcar. 
 
Condições de Trabalho no Campo 
 
Estrutura Agrária Brasileira 
A propriedade de terras é uma questão importante no Brasil desde o período colonial. Devido ao papel 
da agricultura em nossa economia, é por meio da terra que historicamente se produziu e acumulou 
riquezas no país. Até hoje, é da agricultura e da pecuária que vem grande parte de nosso Produto Interno 
Bruto (PIB). 
 
 
 
10 FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015. 
11 Agronegócio é a denominação das atividades comerciais e industriais que envolvem a produção de alimentos em larga escala, desde o cultivo na propriedade 
rural até a chegada aos consumidores. 
e. A agropecuária, a estrutura fundiária e problemas sociais rurais no Brasil, 
dinâmica das fronteiras agrícolas e sua expansão para o Centro-Oeste e para a 
Amazônia. 
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Sesmarias no Período Colonial 
O primeiro mecanismo oficial de distribuição de terras no território brasileiro foi o sistema de doação 
de sesmarias, enormes parcelas de terra que eram concedidas pela Coroa Portuguesa ou pelo 
governador-geral, visando promover a colonização de terras e implantar o sistema de plantation na 
colônia. As sesmarias vigoraram no Brasil até 1822, ano de sua independência. 
Obviamente, essa concessão de terras abrangia apenas as pessoas nobres ou ricas – que possuíam 
algum tipo de relação com a Coroa portuguesa e teriam condições de desenvolver economicamente suas 
propriedades. Nesse caso, as doações de sesmarias correspondiam às áreas produtivas e já exploradas 
no litoral ou próximas dessa região. 
Ao receber uma sesmaria na Colônia e produzirem suas terras, o proprietário tinha o direito de posse 
por toda a vida, repassando-as para seus herdeiros depois da sua morte. Nesse contexto, a Colônia 
assistia à formação de uma elite, composta por famílias que concentravam em suas mãos as maiores 
terras e, consequentemente, a riqueza local oriunda da exportação do açúcar que produziam. 
Apesar da necessidade de concessão por parte da Coroa ou do governador-geral para obtenção de 
sesmarias, essa não era a única forma de se conseguir a posse de terras na Colônia. Devido à abundância 
de áreas inexploradas no território e ao baixo número de habitantes europeus na Colônia, as terras do 
interior não possuíam valor comercial. 
Outro aspecto referente à propriedade de terras nesse período diz respeito à mão de obra disponível. 
Para produzir em grande escala, era necessário o uso intenso de trabalhadores – os africanos 
escravizados. Os maiores proprietários rurais eram aqueles que possuíam maior número de escravos. 
Por isso, na condição de mais ricos da colônia, os maiores proprietários de terra eram aqueles que podiam 
comprar mais escravos. 
As pessoas que penetravam no interior do território e se mostravam dispostas a enfrentar indígenas e 
a desbravar as áreas virgens podiam ocupar um pedaço de terra, no qual podiam produzir a fim de 
conseguir a sua posse. Mesmo assim, apesar de ter a posse não contestada da terra, esses colonos não 
possuíam a propriedade legal, uma vez que ela só era obtida por meio de uma concessão oficial. 
A partir daí, surgiu no Brasil a figura do posseiro – pessoa que ocupa uma área territorial para obter a 
sua posse, mas sem ter a sua propriedade. Geralmente, os posseiros eram colonos que não possuíam 
capital para comprar escravos e, por isso, tinham uma produção de pequena escala voltada para a 
subsistência ou para o abastecimento do mercado interno. Dessa forma, no período colonial, coexistiam 
grandes latifúndios de famílias ricas ligadas ao poder local e pequenas propriedades pertencentes aos 
camponeses locais. 
 
Surgimento do Trabalho Assalariado e a Lei de Terras 
No dia 4 de setembro de 1850 foi assinada a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos 
no Brasil. Apesar de não ter surtido efeito prático imediato, a Lei Eusébio de Queirós foi um marco no 
processo de abolição da escravidão no país. Ao criar uma perspectiva de término desse tipo de relação 
de trabalho, ela estimulou o surgimento do trabalho assalariado no território brasileiro. 
Nesse contexto, a Lei de Terras foi assinada no mesmo mês. Mesmo com a independência do Brasil 
e a formação do Estado brasileiro, em 1822, não houve nenhuma política de regulamentação das 
propriedades rurais até a criação da Lei de Terras em 1850. Até então, deu-se continuidade ao processo 
de obtenção de terras por meio da posse, sem a sua devida documentação. 
Além de propor a regularização das propriedades não documentadas no país, a Lei de Terras buscou 
criar uma política para regulamentar a apropriação das terras não exploradas. Com ela, estabeleceu-se 
que as terras não exploradas passariam a pertencer ao Estado e só poderiam ser adquiridas por meio da 
compra – e não mais pela ocupação e exploração do território. 
Segundo a Lei de Terras, para realizar esse processo, os posseiros deveriam legalizar as suas terras 
em cartórios localizados nas cidades, os quais, na época, eram de difícil acesso para a população rural, 
pois não havia facilidades de deslocamentos como hoje em dia. Além disso, a maioria deles não possuía 
recursos para pagar taxas de registro e oficializar sua propriedade. 
Os proprietários não legalizados (os posseiros) deveriam registra-las em cartórios para regularizar a 
sua documentação. Caso contrário, a propriedade da terra não seria reconhecida. Ao definir a compra 
como a única forma de obtenção de terras, o Estado excluiu a possibilidade da população pobre como 
posseiros, ex. escravos, tornar-se proprietário rural. 
Em contrapartida, favorecia a minoria rica do país, que se via em condições de adquirir as maiores e 
melhores terras. Isso resultou no monopólio das terras nas mãos de uma minoria a abundância de 
trabalhadores livres necessária para substituir futuramente os escravos. 
Além de alto número de terras ocupadas sem registro legal, suas demarcações eram feitas de modo 
impreciso. Os limites das propriedades, eram, muitas vezes, vagamente definidos por elementos naturais 
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como rios, quedas d’agua ou morros. Esse cenário foi agravado pelo início de um intenso processo de 
apropriação ilegal de terras no país denominado grilagem de terra. 
Muitos apropriaram-se das facilidades políticas e dos conhecimentos legais que possuíam para 
registrar terras que não lhes pertenciam – fossem elas ocupadas por posseiros, indígenas ou de 
propriedade do Estado. Em um contexto no qual a grande maioria da população era analfabeta, os únicos 
aptos a produzir tais documentos eram os integrantes da minoria letrada do país. 
Em muitos casos, essas terras não foram incorporadas com fins produtivos. Ao se apropriarem delas, 
os grileiros tinham como objetivo esperar a sua valorização para, posteriormente, vendê-las a um preço 
alto. Devido ao seu caráter excludente com relação à distribuição de terras, a Lei de Terras resultou em 
uma estrutura fundiária extremamente desigual e que se perpetua até os dias de hoje no Brasil. 
 
Movimentos Sociais e a Reforma Agrária 
 
A má distribuição de terras foi responsável por uma série de problemas nas zonas rurais brasileiras. A 
difusão do processo de grilagem resultou na expulsão forçada de diversos posseiros de suas terras. 
Naturalmente, os posseiros não costumavam aceitar passivamente a expulsão das terras que 
ocupavam há anos, ou mesmo há gerações. Os conflitos envolvendo a disputa por terras costumavam 
ser resolvidos por meio da intimidação e, principalmente, da violência física. 
Outro aspecto relacionado à concentração fundiária no Brasil diz respeito à pobreza no campo. Esse 
fenômeno é consequência da existência de uma massa de trabalhadores rurais conhecidos como sem-
terra, que, para sobreviver, dependem de trabalhos com salários significativamente baixos. 
Além desse fator, as condições de vida do trabalhador rural são agravadas pelo desenvolvimento 
tecnológico no campo. O uso cada vez maior de máquinas reduz a necessidade de contratação de muitos 
trabalhadores, o que aumenta o desemprego no campo. 
 
Debate sobre a reforma agrária no Brasil 
Os problemas envolvendo a má distribuição de terras motivaram o debate sobre a necessidade ou não 
de se fazer uma reforma agrária no país. 
 
Reforma agrária consiste em uma proposta de mudança na política de distribuição de terras, feita 
com o objetivo de diminuir ou acabar com a concentração fundiária – e assim reduzir os impactos sociais 
negativos acarretados por ela. 
 
A questão da reforma agrária é abordada na atual Constituição brasileira, de 1988. Nela, afirma-se que 
as propriedades rurais que não cumprem sua função social, por serem improdutivas, devem ser 
desapropriadas pelo Estado e distribuídas para trabalhadores sem-terra. 
Com isso espera-se que haja diminuição da desigualdade social no campo e o aumento da 
produtividade agrícola no país. 
De fato, a concentração de terras pode acarretar em uma menor produtividade, já que, devido às suas 
condições econômicas e ao tamanho de suas terras, os pequenos agricultores veem-se obrigados a 
produzir o máximo em suas propriedades de modo a garantir a maior renda possível. Em contrapartida, 
muitos dos grandes produtores se dão ao luxo de não produzir em toda a área de suas propriedades. 
Devido ao caráter mercadológico que a propriedade fundiária adquiriu após a Lei de Terras, 
desenvolveu-se no país uma prática de especulação, por meio da qual grandes proprietários mantêm 
vastas áreas improdutivas, com o intuito de revende-las quando estiveremvalorizadas. 
Ao garantir maior produtividade agrícola, a reforma agrária também implicaria no aumento da oferta de 
alimentos no país e, com isso, poderia provocar uma diminuição do preço desses produtos. Enquanto a 
produção dos latifúndios é voltada para o mercado externo, são os pequenos produtores os responsáveis 
pela maior parte do abastecimento de alimentos no mercado interno nacional. 
 
Polêmicas da Reforma Agrária 
A vida e a economia no campo brasileiro carregam uma série de contradições. Por um lado, a produção 
agrícola para exportação apresenta um alto grau de desenvolvimento tecnológico e uso de mecanização. 
Essa atividade também possui grande participação na economia brasileira, sendo responsável por boa 
parte das exportações. 
Porém, é nas zonas rurais que se encontram as regiões mais pobres do país, onde as condições de 
trabalho são as piores. Da mesma forma, existem muitos pequenos produtores que não têm condições 
financeiras de desfrutar do desenvolvimento tecnológico nas suas produções, contrastando com os 
grandes produtores. 
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A proposta de reforma agrária implica uma distribuição mais justa das terras que, espera-se, resultar 
em um número maior de pessoas empregadas no campo. Como consequência, haveria uma diminuição 
significativa do êxodo rural12. 
Mesmo assim, apesar do alto número de terras improdutivas no país, pouco se fez pela reforma agrária 
ao longo da História brasileira. Obviamente, mesmo com os benefícios sociais que seriam alcançados, as 
políticas de distribuição de terras prejudicariam os interesses econômicos de diversos grupos. 
Não se pode esquecer de que a exportação agrícola baseada no cultivo em latifúndios ainda é 
responsável pela maior parte da economia brasileira. Por isso, alguns grupos defendem que a distribuição 
de terras seria prejudicial ao país, pois diminuiria a arrecadação obtida por meio da economia 
agroexportadora. 
Outra questão polêmica envolvendo a reforma agrária diz respeito aos critérios de classificação do que 
seriam terras improdutivas ou que produzem abaixo de sua capacidade. No caso da pecuária, por 
exemplo, os defensores da reforma agrária argumentam que existem muitas terras subaproveitadas. De 
fato, existe no Brasil um número alto de fazendas em que uma cabeça de gado ocupa, em média, uma 
área maior do que um minifúndio ou uma pequena propriedade. Por outro lado, os proprietários alegam 
que estão produzindo no local e, por isso, não deveriam perder sua terra. 
No Brasil, a desigualdade social no campo está diretamente relacionada à concentração fundiária e, 
assim como em outros lugares do mundo, tal desigualdade provocou uma série de mobilizações sociais. 
O principal movimento social organizado de camponeses no mundo é a Via Campesina. Essa 
organização internacional, criada em 1993, é composta por mais de 170 movimentos sociais ligados à 
terra de países da América, Ásia, Europa e África. Entre os seus integrantes estão milhões de 
trabalhadores rurais sem-terra, pequenos e médios proprietários, indígenas e migrantes que se opõem 
ao agronegócio vigente em muitos países pobres ou emergentes. 
Eles defendem o incentivo ao pequeno produtor e a distribuição de terras, de modo a atingir um modelo 
de produção socialmente mais justo e menos impactante ao meio ambiente. 
No Brasil, os movimentos sociais de luta pela terra foram historicamente combatidos tanto pelo Estado 
como pelos grandes proprietários de terra. Esses movimentos abrangem tanto comunidades indígenas 
como posseiros e trabalhadores rurais sem terra. Ao longo da história, as disputas por terra no país foram 
marcadas pela violência e pela apropriação à força dos territórios. 
Alguns dos primeiros expoentes dessa luta no Brasil foram as Ligas Camponesas, criadas pelo Partido 
Comunista Brasileiro (PCB). Elas tiveram uma atuação política intensa ao Nordeste durante as décadas 
de 1950 e 1960, período em que muitas de suas lideranças foram assassinadas. Com o governo militar 
(1964 -1985) a perseguição contra as Ligas Camponesas se intensificou e suas atividades rapidamente 
se extinguiram. 
Porém, apesar do fim das Ligas Camponesas, a luta pela terra continuou durante o período da ditadura 
militar. Nos anos 1970, os principais conflitos ocorreram na Amazônia, entre posseiros, indígenas e 
grileiros. Eles se deram, em grande parte, devido às políticas do Estado brasileiro de incentivo ao 
desenvolvimento da agropecuária na região, o que motivou o interesse de grandes empreendedores 
sobre as terras locais. 
Nessa época foram criadas importantes organizações sociais vinculadas à Igreja Católica, como a 
Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) – a primeira ligada aos 
colonos e posseiros, e a segunda, aos indígenas. 
Hoje em dia, a principal organização de camponeses do Brasil é o Movimento dos Trabalhadores 
Rurais Sem Terra (MST). Esse movimento social foi criado na década de 1980 e tem como principal 
bandeira a luta pela reforma agrária no país. 
A principal forma de ação do MST é a ocupação de terras. Essa prática costuma ocorrer em latifúndios 
considerados improdutivos ou com histórico de grilagem. Por isso, essas práticas costumam ser mais 
intensas na região Norte do país, onde os índices de grilagem e terras improdutivas são maiores. 
Ao ocupar as terras, os integrantes do MST constroem acampamentos nas propriedades, podendo se 
estabelecer lá por anos até conseguirem sua posse por meio do Estado ou serem expulsos pelos 
proprietários. 
Além das ocupações, o MST promove outros tipos de ações, como marchas, ocupações de prédios 
públicos, acampamentos em cidades e manifestações. Por ser a sede do poder político brasileiro, Brasília 
é geralmente escolhida para sediar esses atos. 
As ações políticas do MST são alvo de muitas críticas por parte de diversos setores da sociedade 
brasileira. A maior parte delas diz respeito às ocupações de terras que o movimento alega serem 
 
12 Êxodo rural é o termo pelo qual se designa a migração do campo por seus habitantes, que, em busca de melhores condições de vida, se transferem de 
regiões consideradas de menos condições de sustentabilidade a outras, podendo ocorrer de áreas rurais para centros urbanos. 
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improdutivas, condição tal negada pelos proprietários. Por isso, é comum os opositores do movimento 
chamarem esses atos de invasões e não de ocupações. 
A maior parte dos conflitos relacionados ao MST envolve os proprietários que tiveram suas terras 
ocupadas, ou invadidas, e o Estado na busca da garantia e da defesa do direito à propriedade provada. 
Esses conflitos costumam ser violentos e muitas vezes resultam em mortes. 
Se, por um lado, os movimentos sociais estruturam organizações para reivindicarem seus direitos, 
assim o fazem também os fazendeiros, chamados de ruralistas. Desde 1985 eles organizam-se na União 
Democrática Ruralista (UDR), associação de fazendeiros que luta pelos direitos da propriedade privada 
no campo. As entidades dos movimentos sociais e a UDR opõem-se declaradamente, pois seus objetivos 
são conflitantes. 
 
Interdependência entre Campo e Cidade 
 
Muitas vezes, cidade e campo são concebidos como lugares opostos. Assim, a cidade seria o espaço 
do desenvolvimento, das tecnologias e da modernização, onde se encontram as infraestruturas mais 
modernas e as condições de vida são melhores. Em contrapartida, o campo muitas vezes é idealizado 
como um lugar pouco desenvolvido, onde as infraestruturas e as tecnologias são menos avançadas e as 
condições de vida são piores. 
Porém, no campo, coexistem a riqueza e a pobreza, bem como a modernização associada ao 
desenvolvimento tecnológico. O mesmo ocorre nas cidades, onde é possível notar uma grande 
desigualdade social que se reflete nas condições de vida da população e nos tiposde serviços acessíveis 
a ela. 
Historicamente, zonas urbanas e zonas rurais sempre se relacionaram de alguma forma. Por serem 
locais de prática do comércio, é nas cidades que se comercializa a produção agrícola do campo. Por outro 
lado, elas dependem das regiões rurais para abastece-las com alimentos e outros tipos de produtos 
agrícolas indispensáveis à vida e ao dia a dia das pessoas. Das zonas rurais são obtidas as matérias-
primas utilizadas na fabricação de produtos que são consumidos principalmente pela população urbana. 
 
Áreas Produtivas e as Questões Ambientais 
 
Se, por um lado, a estrutura da produção agropecuária moderna envolve o uso de máquinas e técnicas 
com avançadas tecnologias, por outro implica em sérias questões ambientais. O modelo atual explora os 
recursos naturais de tal forma que muitas vezes leva-os ao esgotamento. 
O desmatamento é uma prática muito comum para a realização da agropecuária. A retirada da 
cobertura vegetal resulta em inúmeras consequências: redução da biodiversidade, erosão e redução dos 
nutrientes do solo, assoreamento dos corpos hídricos, entre outros. 
No caso da pecuária, além da retirada da cobertura vegetal e de sua substituição por pastagens, o 
pisoteio do rebanho de animais provoca a compactação dos solos, o que dificulta a infiltração de água no 
terreno. 
Além do desmatamento, em algumas áreas também é comum a utilização de queimadas, o que pode 
trazer inúmeros danos, como a perda de fertilidade do solo. 
Outro agravante muito discutido é a utilização de insumos químicos – fertilizantes, inseticidas e 
herbicidas, conhecidos como agrotóxicos -, que causam contaminação do solo e das águas. 
Os insumos são conduzidos pelas águas da chuva: uma parte penetra no solo, atinge o lençol freático 
e o contamina, e outra parte é levada até os mananciais. 
Desde 2008, o Brasil é o país que mais usa agrotóxicos no planeta. 
 
Sistemas Agroflorestais 
Com o crescimento dos danos ambientais provocados pelo modelo agrícola atual, muitas pessoas vêm 
buscando criar e resgatar alternativas de produção de alimentos de forma a gerar menos impactos ao 
meio ambiente. Uma dessas alternativas é chamada de agroflorestal. 
Um Sistema Agroflorestal, também chamado de SAF, é um tipo de uso da terra no qual se resgata a 
forma ancestral de cultivo, combinando árvores com cultivos agrícolas e/ou animais. 
A agrofloresta busca utilizar ao máximo todos os recursos naturais disponíveis no local, sem recorrer 
a agentes externos, como insumos químicos. Assim, torna-se um sistema extremamente benéfico ao meio 
ambiente, além de muito mais barato para o agricultor, já que elimina os gastos com insumos químicos. 
 
 
 
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Expansão da Fronteira Agrícola 
O conceito de fronteira agrícola é utilizado para designar as áreas limítrofes entre o chamado meio 
natural e o local onde se praticam atividades agropecuárias. 
A tendência dessas áreas é a de se expandir constantemente, acompanhando o ritmo da produção 
agrícola. 
A expansão da fronteira agrícola traz uma série de mudanças no espaço geográfico, implicando uma 
nova organização espacial. São ampliadas infraestruturas de transporte, comunicação e geração de 
energia, o que eleva a concentração populacional e impulsiona o desenvolvimento econômico das regiões 
em questão. 
No Brasil, a partir da década de 1960, houve o avanço da fronteira agrícola para a Região Centro-
Oeste, estimulados pelos projetos do governo federal de ocupação e desenvolvimento do interior do país. 
Nesse período, foram oferecidos diversos incentivos, como créditos agrícolas e vendas de lotes de 
terra a preços baixos, com o objetivo de atrair agricultores do Sul, Sudeste e Nordeste para a região. 
Atualmente, a fronteira agrícola expande-se em direção à Amazônia. 
A expansão traz sérios danos ambientais, como o desmatamento e poluição dos solos e dos rios. Além 
disso, como a expansão da fronteira agrícola geralmente é baseada na mecanização e na utilização de 
insumos químicos, o que agrava o problema da questão fundiária, já que pequenos proprietários rurais 
são obrigados a vender suas terras por não terem condições de arcar com os custos da produção. 
 
Revolução Verde 
A partir dos anos 1960, o espaço agrícola brasileiro passou por intensas mudanças, ligadas 
principalmente à implantação de novas tecnologias na agropecuária. Essas transformações estão ligadas 
a um processo mundial, conhecido como Revolução Verde. 
A Revolução Verde iniciou-se na década de 1950, nos Estados Unidos, e consistia na aplicação da 
ciência ao desenvolvimento de técnicas agrícolas com o objetivo de aumentar a produtividade da 
agricultura e da pecuária. 
Nas décadas seguintes, esse conjunto de mudanças foi implantado em vários países, inclusive no 
Brasil, com o objetivo de erradicar a fome por meio do aumento na produção de alimentos. 
A indústria química desenvolveu os agrotóxicos. Os laboratórios de genética criaram sementes 
padronizadas e mais resistentes a doenças, pragas e aos próprios agrotóxicos. A indústria mecânica 
desenvolveu tratores, colheitadeiras e outros equipamentos para o plantio, a colheita e a criação de 
animais. 
Esse conjunto de transformações tinha como objetivo aproximar a agricultura de um padrão industrial 
de produção. Portanto, uma das propostas da Revolução Verde era a adoção do mesmo padrão de cultivo 
em todos os lugares do mundo, desconsiderando as variações locais das condições naturais, como o 
clima ou a fertilidade natural do solo, e as necessidades e possibilidades dos agricultores. 
A adoção de monoculturas, largas propriedades de terra destinadas ao cultivo de uma única espécie, 
foi outra medida imposta pela Revolução Verde, já que a eficiência dos insumos químicos e do maquinário 
dependia da uniformidade do cultivo. 
No Brasil, a implantação da Revolução Verde foi estimulada por meio de políticas públicas que 
promoviam o financiamento e a assistência técnica aos produtores rurais, oferecendo créditos e 
subsídios. Houve um significativo aumento na produção, maior até que o aumento na área plantada. Isso 
porque os cultivos tornaram-se mais produtivos. 
No entanto, tal processo foi feito às custas de danos ao meio ambiente e de aumento de desemprego 
no campo, já que muitos trabalhadores foram substituídos por máquinas. 
Esse processo de modernização da agricultura não se deu de forma uniforme e igualitária ao longo do 
território brasileiro. Além disso, gerou desemprego e concentração de renda, beneficiando somente os 
grandes produtores. 
 
Transgênicos, biotecnologia e agroindústria 
Nas áreas onde se implantaram as técnicas agrícolas consideradas modernas, observou-se a 
concentração de indústrias de equipamentos agrícolas e de agrotóxicos e também de estabelecimentos 
comerciais. Além disso, houve a rápida instalação e expansão das chamadas agroindústrias, que têm 
como objetivo transformar gêneros agrícolas e pecuários em produtos industrializados. Por isso, 
geralmente, estão localizadas nas proximidades dos lugares onde se produz tais gêneros, o que reduz 
significativamente o custo com transporte da matéria-prima. 
Com o desenvolvimento e avanço da ciência, novas técnicas foram criadas e incorporadas às práticas 
agrícolas. Uma das mais polêmicas é a biotecnologia, o desenvolvimento de técnicas voltadas à 
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adaptação ou ao aprimoramento de características de organismos vivos, animais e vegetais, visando 
torna-los mais produtivos. 
Por meio dessas técnicas é possível, por exemplo, cultivar plantas de clima temperado em lugares de 
clima tropical, acelerar o ritmo de crescimento de plantas e animais, aumentar o tempo entre o 
amadurecimento e a deterioração das frutas, entre tantas outras mudanças. 
Em meados da década de 1990, surgiu um novo ramo dentro da biotecnologia, ligado à pesquisados 
genes dos organismos, o qual gerou um dos campos mais controversos da agricultura moderna: a 
produção e manipulação de transgênicos. 
Eles são gerados por meio de técnicas que possibilitam a introdução de um gene ou de um grupo de 
genes em um organismo. Esses genes podem ser de outra variedade, espécie, gênero, ou até mesmo de 
até mesmo de outro reino. 
Como por exemplo, a utilização de sementes transgênicas que está atrelada a um pacote tecnológico 
que envolve a utilização de maquinários, agroquímicos e monocultura associada a grandes propriedades. 
Os agricultores ficam condenados a utilizar esse pacote tecnológico no momento em que adquirem a 
semente transgênica, justamente para garantir a sua produtividade. 
Essas sementes modificadas são programadas para não se reproduzirem depois de determinada 
geração, o que obriga o produtor a adquiri novas sementes constantemente. Além disso, os laboratórios 
que desenvolvem tais técnicas fazem parte de grandes conglomerados agroindustriais que se fortalecem 
a cada dia. Muitas vezes, os fabricantes de sementes transgênicas são os mesmos que fabricam 
agrotóxicos e fertilizantes. 
Não existem estudos conclusivos sobre os impactos dos transgênicos na saúde humana. Depois de 
fortes pressões exercidas por movimentos sociais que lutam contra a difusão dos transgênicos, o governo 
federal criou uma lei que obriga as agroindústrias a identificar as embalagens dos alimentos que contêm 
transgênicos com um símbolo. 
 
Questões 
 
01. (IPERON/RO – Tecnologia da Informação – UERR/2018) O processo denominado de expansão 
da fronteira agrícola possui diferentes fases históricas de ocorrência. Atualmente, a expansão da fronteira 
agrícola promove diversas consequências, com maior ou menor impacto. Entre as alternativas a seguir, 
a que melhor apresenta a principal consequência da expansão da fronteira agrícola é: 
(A) ampliação das unidades de conservação ambiental para mais de 70% do território. 
(B) diminuição das áreas agrícolas e aumento das áreas urbano-industriais. 
(C) degradação ambiental com desmatamento das vegetações naturais. 
(D) manutenção permanente das paisagens naturais da floresta amazônica. 
(E) substituição da floresta amazônica pelas espécies típicas do cerrado. 
 
02. (IF/MT – Professor de Geografia – UFMT) Sobre a Geografia Agrária, assinale a afirmativa 
INCORRETA. 
(A) Dentre os agentes que compõem a questão agrária no Brasil, estão os latifundiários, os agricultores 
familiares/camponeses. 
(B) A Lei de Terras de 1850 possibilitou que o processo de acesso à terra no Brasil fosse facilitado 
para os nativos do país. 
(C) Dentro dos estudos da geografia agrária na geografia brasileira, muitos se concentram no 
Paradigma da Questão Agrária (PQA) e no Paradigma do Capitalismo Agrário (PCA). 
(D) A política fundiária brasileira assume que a função social da terra é produzir, portanto, se um 
estabelecimento não cumprir essa função, poderá ser desapropriado. 
 
03. (UNESP – Assistente em Engenharia Ambiental – VUNESP) O uso de agrotóxicos, sem dúvida, 
foi um dos fatores que contribuiu para o aumento da produção agropecuária por meio do controle de 
pragas e doenças. Hoje, porém, discute-se como aumentar a produção agropecuária orgânica, pois o uso 
de agrotóxicos 
(A) é uma tecnologia ultrapassada, somente utilizada em países subdesenvolvidos. 
(B) sempre intoxica os seres humanos que utilizam produtos dessa cadeia alimentar. 
(C) pode contribuir para contaminação ambiental em larga escala. 
(D) estimula o desenvolvimento de outras metodologias mais caras para produção de alimentos. 
(E) melhora a qualidade do solo e garante o aumento no número de empregos nas áreas rurais. 
 
 
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Gabarito 
 
01.C / 02.B / 03.C 
 
Comentários 
 
01. Resposta: C 
A expansão traz sérios danos ambientais, como o desmatamento e poluição dos solos e dos rios. 
 
02. Resposta: B 
Através da Lei de Terras a terra se transformava em uma mercadoria de alto custo, acessível a uma 
pequena parte da população brasileira. Com isso, pessoas com condição financeira inferior, como ex 
escravos, imigrantes e trabalhadores livres, tinham grandes dificuldades em obter um lote, legitimando o 
desmando e a ampliação de terras dos grandes proprietários. 
 
03. Resposta: C 
Um agravante muito discutido é a utilização de agrotóxicos, que causam contaminação do solo e das 
águas. Os mesmos são conduzidos pelas águas da chuva: uma parte penetra no solo, atinge o lençol 
freático e o contamina, e outra parte é levada até os mananciais. 
 
 
 
ASPECTOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA13 
 
A população do Brasil foi formada após a ocupação portuguesa, principalmente de povos nativos ou 
indígenas, africanos e europeus. Nesse período, a maior parte dos africanos tinha origem etnolinguística 
banto e ioruba, enquanto os europeus eram oriundos especialmente de Portugal, mas, em menor número, 
também da França, dos Países Baixos, do Reino Unido, entre outros. 
Desde meados do século XIX até os dias atuais, a população brasileira teve influência de variados 
povos que imigraram em épocas diferentes para o país em busca de melhores condições de vida. São 
exemplos os europeus, como italianos, espanhóis, alemães e poloneses; os asiáticos vindos do Japão, 
da Coreia do Sul e de países do Oriente Médio; os latino-americanos vindos principalmente da Bolívia, 
do Chile e do Haiti; além dos africanos de distintas nacionalidades, como moçambicanos, guineenses, 
angolanos e cabo-verdianos. 
 
Primeiros Habitantes 
 
A quantidade de indígenas que ocupava o que é hoje o território brasileiro antes da chegada dos 
portugueses ainda não é consenso entre os pesquisadores. As etnias com maiores populações e que 
ocupavam as maiores extensões territoriais eram a jê e a tupi-guarani. 
É inquestionável, entretanto, que, de 1500 aos dias atuais, os indígenas sofreram intenso genocídio. 
No passado, as causas principais foram as doenças trazidas pelos europeus, para as quais os nativos 
não tinham imunidade, e os conflitos com os colonizadores. Havia ainda as guerras entre diferentes 
nações indígenas, que se intensificavam quando alguns grupos fugiam das regiões ocupadas pelos 
europeus em direção a terras de outros povos, ou quando alguns grupos se aliavam militarmente a 
portugueses, franceses e holandeses para lutar contra nações inimigas. Muitos povos também sofreram 
etnocídio14, pois passaram a adotar hábitos dos colonizadores, como falar outra língua, professar uma 
nova religião e alterar o próprio modo de vida, como a vestimenta e a alimentação. 
De acordo com a Funai e o Censo demográfico do IBGE, em 2010, a população de origem indígena 
estava reduzida a 817 mil indivíduos (0,4% da população total do país), distribuídos entre 505 terras 
indígenas e algumas áreas urbanas e concentrados principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. 
Essas estimativas revelaram também que há pelo menos 107 referências de grupos isolados, isto é, que 
não estabeleceram contanto com a sociedade brasileira. 
 
13 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018. 
14 Etnocídio é a destruição da cultura de um povo. 
f. A população brasileira: evolução, estrutura e dinâmica. 
 
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Somente a partir da metade do século passado verificou-se uma tendência de aumento desse 
contingente, principalmente em razão da demarcação de terras indígenas que em 2018 ocupavam 12,5% 
do território brasileiro. 
A Constituição Federal assegura aos indígenas o direito à terra: “Art. 231. São reconhecidos aos índios 
sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras 
que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarca-las, proteger e fazer respeitar todos os seus 
bens”. Apesardisso, a invasão de terras indígenas é uma realidade que esses povos continuam 
enfrentando até os dias atuais. 
Em 2010, 39% dos indígenas viviam em áreas urbanas e 61%, na zona rural. A taxa de crescimento 
da população indígena, de 3,5% ao ano, era bem superior à média da população não indígena, de 0,8%. 
Entre as 305 etnias existentes no país, os Yanomami ocupavam a terra indígena mais populosa, com 
25,7 mil habitantes, distribuídos entre os estados do Amazonas e de Roraima. A etnia ticuna (AM) é a 
mais numerosa, com 46 mil pessoas distribuídas por várias terras esparsas, seguida dos Guarani Kaiowá 
(MS), com 43 mil membros. Os grupos indígenas isolados não foram contabilizados no Censo 2010 em 
razão da política de preservação cultural. 
 
Povos Indígenas: Condições de Vida 
 
Brasil: Terras Indígenas 2017/2018 
 
 
http://brasildebate.com.br/demarcacao-e-disputa-pelas-terras-indigenas/ 
 
A criação de parques e terras indígenas, onde ficam asseguradas as condições de vida em 
comunidade dos povos nativos, constitui o reconhecimento do direito de existência de culturas distintas, 
com valores e costumes próprios. O princípio que embasa a demarcação dessas terras é o fato de que 
os indígenas foram os primeiros habitantes desse território. 
Esse tipo de garantia é importante por causa da visão de mundo de diversas nações indígenas. A terra 
é considerada a base do grupo por ser o lugar onde reproduzem a cultura, desenvolvem sua organização 
social e jazem seus ancestrais. 
 
Formação da População Brasileira 
 
Desde o século XVI, início da colonização, os portugueses foram se fixando no Brasil. Entre 1532 e 
1850, os africanos foram trazidos forçadamente para o território brasileiro. Depois de 1870, a imigração 
de europeus, asiáticos e latino-americanos foi ampliada e, com isso, o país foi sendo povoado e novas 
famílias se formaram. Os descendentes de todos esses povos compõem o povo brasileiro atual. 
 
Como a População Brasileira se Identifica 
 
Segundo o IBGE, o percentual de pessoas que se consideram brancas tem caído e o número das que 
se consideram pretas caiu de 1950 a 1980 e voltou a aumentar em 2010. Já a auto identificação como 
parda está crescendo desde a década de 1950. Isso pode indicar que o processo de aceitação e de 
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valorização da identificação afrodescendente da população brasileira tem se ampliado nas últimas 
décadas. 
Os dados levantados pelo IBGE refletem a forma como as pessoas se identificam. Nem sempre os 
pardos se declararam como tal, havendo muitos que se declaravam como brancos. Além disso, o Censo 
2010 foi o primeiro a oferecer a opção “indígena” como auto identificador. Existem ainda muitas pessoas 
que, por particularidades culturais, não se identificam com nenhuma das cindo opções oferecidas para 
enquadramento da resposta (branca, preta, amarela, parda e indígena). 
A espécie humana é única, não existem raças. O conceito de raça (além do de cor, que seria expressão 
fenotípica de um indivíduo), como aparece nas pesquisas e relatórios do IBGE, não tem embasamento 
biológico; ele corresponde a uma construção social ao longo da história. 
 
Imigração Internacional (Forçada e Livre) 
 
Como a Coroa portuguesa não fazia registros oficiais do tráfico de pessoas escravizadas, não existem 
dados precisos sobre o número de africanos que ingressaram no Brasil, quais foram os anos de maior 
fluxo, por qual porto entraram e de que lugar da África vieram. Segundo estimativas, ingressaram no país 
pelo menos 4 milhões de africanos entre 1550 e 1850, a maioria proveniente do golfo de Benin e das 
regiões que atualmente compreendem os territórios de Angola (ao sul do continente, costa ocidental) e 
Moçambique (também ao sul, costa oriental). 
A participação brasileira no total de escravizados por destino mundial é muito grande, o mesmo 
ocorrendo com o Rio de Janeiro e São Paulo em relação à quantidade de escravizados para o Brasil. 
Entre as correntes migratórias livres a mais importante foi a portuguesa, que se estendeu até os anos 
1980 e voltou a acontecer depois da crise econômica mundial iniciada em 2008, com a vinda de 
profissionais qualificados em busca de empego. Além de serem numericamente mais significativos, os 
imigrantes portugueses espalharam-se por todo o território nacional. 
Até 1883, a segunda maior corrente de imigrantes livres foi a italiana, que nessa época se dirigiu aos 
cafezais do Sudeste; a terceira, a alemã, que se concentrou no Sul, em colônias; e a quarta, a espanhola, 
que se dirigiu a várias cidades do Sudeste e Sul do país. A partir de 1850, a expansão dos cafezais pelo 
Sudeste e a necessidade de efetiva colonização da região Sul levaram o governo brasileiro a criar 
medidas de incentivo à vinda de imigrantes europeus para substituir a mão de obra escravizada. Algumas 
das medidas adotadas e divulgadas na Europa foram o financiamento da passagem e a suposta garantia 
de emprego, com moradia, alimentação e pagamento anual de salários. 
Embora atraente, essa propaganda governamental revelou-se enganosa e escondia uma realidade 
perversa: a escravidão por dívida. A saída do imigrante da fazenda somente seria permitida quando a 
dívida fosse quitada. Como não tinha condições de pagar o que devia, ele ficava aprisionado no latifúndio, 
vigiado por capangas. Essa prática, de escravidão por dívida, é comum até hoje em vários estados do 
Brasil, sobretudo na região Norte. 
Além dos cafezais da região Sudeste, outra grande área de atração de imigrantes europeus, com 
destaque para portugueses, italianos e alemães, foi o Sul do país. Nessa região, os imigrantes ganhavam 
a propriedade da terra, onde fundaram colônias de povoamento. 
Os espanhóis não fundaram colônias; em vez disso espalharam-se pelos grandes centros urbanos de 
todo o Centro-Sul brasileiro, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. 
Em 1908, aportou em Santos a primeira embarcação trazendo colonos japoneses. O destino de quase 
todos foram as lavouras de café do oeste do estado de São Paulo e do norte do Paraná; alguns se 
instalaram no vale do Ribeira (SP) e ao redor de Belém (PA). Da década de 1980 até 2008/2009, porém, 
alguns descendentes de japoneses passaram a fazer o caminho inverso de seus ancestrais, emigrando 
em direção ao Japão como trabalhadores, e a ocupar postos de trabalho menos procurados por cidadãos 
japoneses, geralmente em linhas de produção industrial. Essas pessoas são conhecidas como 
decasséguis (do japonês deru, “sair”, e kasegu, “para trabalhar”). Com a crise econômica mundial que se 
iniciou em 2008 e o aumento do desemprego no Japão, esse fluxo se estagnou, e muitos decasséguis 
retornaram ao Brasil. 
As correntes imigratórias de menor expressão numérica incluem judeus, espalhados pelo Brasil e 
oriundos de diversos países, principalmente europeus; árabes, sírios e libaneses, também distribuídos 
pelo país; chineses e coreanos, mais concentrados em São Paulo; eslavos, sobretudo poloneses, lituanos 
e russos, mais concentrados em Curitiba e outras cidades paranaenses. Há também sul-americanos, com 
argentinos, uruguaios, paraguaios, bolivianos, venezuelanos e chilenos, a maioria na Grande São Paulo; 
e haitianos e pessoas de vários países africanos, com destaque para Angola, Cabo Verde e Nigéria. 
 
 
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Migração (Movimentos Internos) 
 
Segundo dados do IBGE, em 2015, 38% dos habitantes do Brasil não eram naturais do município em 
que moravam, e cerca de 15% deles não eram procedentes da unidade da federação em que viviam. 
Esses dados revelam que predominam os movimentos migratórios dentro do estado de origem. 
Atualmente há um crescimento dos fluxos urbano-urbano e intrametropolitano, isto é, aumenta o número 
de pessoas que migram de uma cidade para outra no mesmo estado ou em determinada região 
metropolitanaem busca de melhores condições de vida. Analisando a história brasileira, percebemos 
que, desde o século XVI, os movimentos migratórios estão associados a fatores econômicos. Quando o 
ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste decaiu, por exemplo, se intensificou o do ouro em Minas Gerais, e 
muitas pessoas foram atraídas para este estado. Esses grandes deslocamentos provocam um intenso 
processo de urbanização na nova centralidade econômica do país. 
Mais tarde, com o ciclo do café e o processo de industrialização, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro se 
tornou o grande polo de atração de migrantes, que saíam da região de origem em busca de emprego ou 
de melhores salários. Somente a partir da década de 1970, por causa do processo de desconcentração 
da atividade industrial e da criação de políticas públicas de incentivo à ocupação das regiões Norte e 
Centro-Oeste, a migração para o Sudeste começou a apresentar significativa queda. 
Se determinada região do país começa a receber investimentos produtivos, públicos ou privados, que 
aumentam a oferta de emprego, em pouco tempo ela se torna polo de atração de pessoas. É o que 
acontece atualmente com os municípios de médio porte em vária regiões do país. 
Municípios médios e grandes do interior do Estado de São Paulo, como Campinas, Ribeirão Preto, 
São José dos Campos, Sorocaba e São José do Rio Preto, e alguns menores apresentam índices de 
crescimento econômico maiores do que os da capital, o que gera atração populacional. Isso de deve ao 
desenvolvimento dos sistemas de transporte, energia e telecomunicações. 
 
Emigração 
 
Os movimentos de população sempre estão associados a fatores de repulsão e de atração e, muitas 
vezes, os emigrantes saem contrariados de seu país de origem. A partir da década de 1980, o fluxo 
imigratório do Brasil começou a se tornar negativo, ou seja, o número de emigrantes tornou-se maior do 
que o de imigrantes. 
Do início da década de 1980 até a crise mundial que começou em 2008, muitos brasileiros se mudaram 
para Estados Unidos, Japão e países da Europa (sobretudo Portugal, Reino Unido, Espanha e França), 
entre outros destinos, em busca de melhores condições de vida. Os principais motivos para a evasão 
eram os salários muito baixos pagos no Brasil, comparados aos desses países, e os índices elevados de 
desemprego e subemprego no país. 
Enquanto perdurou a crise econômica mundial iniciada em 2008, o Brasil passou a receber muitos 
imigrantes de países latino-americanos, com destaque para a Bolívia, Peru e Paraguai. Além disso, muitos 
brasileiros que moravam no exterior voltaram para o país. Dessa forma, naqueles anos, o Brasil deixou 
de ser um país onde predominava a emigração e passou a receber imigrantes em maior número, mesmo 
durante o período recessivo entre 2014 e 2017 e a crise econômica que se seguiu a ele. 
Há também um grande número de brasileiros estabelecidos no Paraguai, quase todos produtores 
rurais que para ali se dirigiram em busca de terras baratas e de uma carga tributária menor do que a 
brasileira. 
 
Aspectos da População Brasileira 
 
Nas últimas décadas o Brasil vem passando por significativas mudanças estruturais em sua 
composição demográfica, com uma tendência ao envelhecimento populacional. Isso ocorre, sobretudo, 
em razão da redução da taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de vida. Essas transformações 
que provocam grandes impactos na sociedade e economia. 
 
Crescimento Vegetativo da População Brasileira 
 
A sociedade brasileira vem passando por expressivas mudanças em seu perfil demográfico. Até a 
década de 1990, as taxas de fecundidade eram altas, o que contribuía para que a maior parte da 
população brasileira fosse jovem. Nos últimos anos, a quantidade de filhos por mulher diminuiu de forma 
expressiva gerando reflexos diretos no crescimento populacional. 
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Segundo os Indicadores de desenvolvimento sustentável 2017 do IBGE, em 2016 a taxa de 
fecundidade da mulher brasileira era de 1,7%, inferior aos 2,1% considerados pela ONU como nível de 
reposição. Essa é a média de filhos por mulher necessária para manter a população estável. 
Essa redução do número de filhos por mulher é consequência de uma série de fatores, como 
urbanização, desenvolvimento de métodos contraceptivos, melhoria de índices de educação, adoção de 
políticas públicas visando o planejamento familiar, maior ingresso das mulheres no mercado de trabalho, 
e mudanças nos valores socioculturais, com destaque para a emancipação feminina. 
Entre 1950 e 1980, a população brasileira cresceu em média 2,8% ao ano, índice que projetava sua 
duplicação a cada 25 anos. Já de 2010 para 2015, o crescimento populacional caiu para 0,8% ao ano, e 
a projeção para a população duplicar aumentou para 87 anos. 
Da década de 1940 para a de 2010, o número médio de filhos por mulher diminuiu de 6,2 para 1,8. 
Paralelamente à redução acentuada da natalidade, a esperança de vida ao nascer tem aumentado. 
Esse aumento se dá em razão da melhoria das condições de vida da população e dos avanços na área 
da medicina e da saúde pública. Assim, por causa desse movimento paralelo, o Brasil encontra-se em 
um período de transição demográfica, que se intensificou a partir dos anos 1980. 
O número de crianças no total da população brasileira tem diminuído, enquanto o de jovens, adultos e 
idosos tem aumentado, em consequência da redução da fecundidade e do aumento da esperança de 
vida. Nas próximas décadas, o número de idosos continuará crescendo, enquanto o de crianças e jovens 
cairá. 
Essas alterações na composição etária da população indicam que o Brasil ingressou num período 
especial conhecido como janela ou bônus demográfico. 
Ele ocorre quando há predomínio de adultos no conjunto total da população em relação a crianças (0 
a 14 anos) e idosos (65 anos ou mais). Isso aumenta o número de pessoas em idade produtiva e diminui 
a quantidade de dependentes, favorecendo o desenvolvimento econômico. 
Entretanto, o país não está aproveitando esse período de bônus demográfico de forma eficiente. 
Setores de saúde pública e educação básica, por exemplo, que poderiam criar condições estruturais 
melhores para o crescimento econômico, recebem poucos investimentos. O mesmo ocorre em setores 
de infraestrutura, como o de transportes. Estima-se que o percentual de brasileiros em idade produtiva 
deva aumentar até por volta de 2020 e depois comece a diminuir. 
O crescimento vegetativo no Brasil vem diminuindo, especialmente por causa do menor número de 
nascimentos. Em termos percentuais, a taxa de mortalidade brasileira já atingiu um patamar equivalente 
ao de países desenvolvidos, próximo a 6‰. Isso significa que seis habitantes morrem a cada grupo de 
mil ao ano. Segundo as projeções, a partir de 2042 a população brasileira deverá parar de crescer e 
passará a sofrer redução, porque o número de óbitos provavelmente será maior do que o de nascimentos. 
Conhecer essas mudanças no comportamento demográfico possibilita aos governos estabelecer 
planos de investimentos em áreas essenciais, como educação, saúde e previdência social, adequados 
ao perfil populacional. Por exemplo, saber que a população idosa vai aumentar expressivamente em 
relação à PEA leva à necessidade de o governo monitorar as regras da previdência social, uma vez que 
haverá menos trabalhadores contribuindo e um número maior de pessoas utilizando o sistema 
previdenciário (aposentados e pensionista). Além disso, o crescimento da população com idade acima de 
60 anos exige, cada vez mais, maiores investimentos no sistema de saúde, pois em geral os idosos 
requerem mais cuidados médicos. 
 
Esperança de Vida e Mortalidade Infantil 
A esperança de vida ao nascer e a taxa de mortalidade infantil são importantes indicadores da 
qualidade de vida da população de um país. Essas taxas podem revelar como está a qualidade do ensino, 
do saneamento básico e dos serviçosde saúde, como campanhas de vacinação, atenção ao pré-natal, 
aleitamento materno e nutrição, entre outros. 
 
Brasil: Esperança de Vida ao Nascer - 2016 
Regiões Total (em anos) 
Norte 72,2 
Nordeste 73,1 
Sudeste 77,5 
Sul 77,8 
Centro-Oeste 75,1 
Brasil 75,7 
 
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É importante observar que, no Brasil, os contrastes regionais são muito acentuados. Em 2016, na 
região Sul, a expectativa de vida ao nascer era 4,7 anos maior do que na região Nordeste. Embora tenha 
caído de 115% para 13% entre 1970 e 2016, a mortalidade infantil no Brasil ainda é alta se comparada 
com a de outros países com nível de desenvolvimento semelhante. Segundo o Banco Mundial, em 2015, 
na Argentina essa taxa era de 11% e no Chile, 7%. Com relação aos países desenvolvidos, a distância é 
ainda maior: Luxemburgo e Japão, 2%. Nesses países, os fatores da mortalidade infantil independem de 
políticas de infraestrutura social; já no caso do Brasil, o percentual de mortes associadas à carência de 
serviços públicos essenciais ainda é elevado. 
Apesar da grande queda no índice de mortalidade infantil nas regiões Nordeste e Norte, elas continuam 
a apresentar as maiores taxas do país. 
Os avanços nos serviços públicos de saúde contribuíram para a diminuição da mortalidade infantil. Um 
exemplo disso é a campanha de vacinação contra a poliomielite. 
 
Estrutura da População Brasileira 
 
O aumento da esperança de vida da população brasileira ao nascer e a queda das taxas de natalidade 
e mortalidade vêm provocando mudanças na pirâmide etária. Está ocorrendo um significativo 
estreitamento em sua base, que corresponde aos mais jovens, e o alargamento do meio para o topo, por 
causa do aumento da participação percentual de adultos e idosos. 
Quanto à distribuição da população brasileira por gênero, o país se enquadra nos padrões mundiais, 
nascem cerca de 105 homens para cada 100 mulheres. No entanto, a taxa de mortalidade infantil e juvenil 
masculina é mais elevada, e a expectativa de vida dos homens é mais baixa do que das mulheres. 
Em razão disso, é comum as pirâmides etárias apresentarem uma parcela ligeiramente maior de 
população feminina. Segundo o IBGE, em 2015, o Brasil tinha 99,4 milhões de homens (48,5%) e 105,5 
milhões de mulheres (51,5%). 
 
Mortalidade de Jovens e Adultos 
Um aspecto demográfico da população brasileira que se torna cada vez mais preocupante é o aumento 
das mortes de adolescentes e adultos jovens do sexo masculino por causas violentas, como assassinatos 
e acidentes automobilísticos decorrentes de excesso de velocidade, imprudência ou uso de drogas. Isso 
provoca impactos na distribuição etária da população e na proporção entre os sexos, além de trazer 
implicações socioeconômicas, com a diminuição da qualidade de vida da população em geral (em 
decorrência da insegurança generalizada) e o aumento de gastos com prevenção e coibição da violência, 
vigilância à venda de drogas, entre outros. 
Segundo o IBGE, se não ocorressem mortes prematuras da população masculina, a esperança de 
vida média dos brasileiros seria maior em dois ou três anos. O predomínio de mulheres na população 
total vem aumentado. Em 2000, havia 98,7 homens para cada grupo de 100 mulheres. Em 2010, esse 
índice reduziu para 97,9 homens para cada grupo de 100 mulheres. 
 
PEA15 e Distribuição de Renda no Brasil 
 
Relativo à distribuição da população economicamente ativa no Brasil em 2015, observou-se que 13,9% 
da PEA trabalha na agropecuária. Embora esse número venha diminuindo em razão da modernização e 
da mecanização do campo em algumas localidades, as atividades agrícolas também são praticadas de 
forma tradicional e ocupam significativa mão de obra nas regiões mais pobres do país. 
O setor industrial brasileiro, incluindo a construção civil, absorve 21,6% da PEA, número comparável 
ao de países desenvolvidos. Após a abertura econômica, iniciada na década de 1990, o parque industrial 
brasileiro se modernizou e algumas empresas ganharam projeção internacional. 
O setor terciário, embora ocupe mais da metade da PEA no Brasil, apresenta os maiores níveis de 
subemprego, uma vez que muitos dos trabalhadores exercem atividades informais, sem garantia de 
direitos trabalhistas, além de não contribuírem para a previdência social. 
No Brasil, 64,5% da PEA exercem atividades terciárias, somando-se serviços, comércio e manutenção. 
No setor formal de serviços (como escolas, hospitais, repartições públicas, transportes, etc.), as 
condições de trabalho e o nível de renda são muito variáveis: há instituições avançadas administrativa e 
tecnologicamente, ao lado de outras bastante tradicionais. Por exemplo, ao compararmos o ensino 
oferecido em escolas públicas, percebemos diferenças significativas de qualidade entre as unidades. 
Essa discrepância ocorre também no setor da saúde. 
 
15 PEA refere-se à população economicamente ativa. 
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51 
 
O comércio ambulante é uma atividade informal, pois não são recolhidos impostos e os trabalhadores 
não usufruem de direitos trabalhistas. 
 
Participação das Mulheres 
Quanto à composição da PEA por gênero, é possível notar certa desproporção: em 2015, 43% dos 
trabalhadores eram do sexo feminino. Nos países desenvolvidos, essa participação é mais igualitária, 
com índices próximos aos 50%. 
O aumento da participação feminina na PEA ganhou impulso com os movimentos feministas a partir 
da década de 1970, que passaram a reivindicar igualdade de gênero no mercado de trabalho, nas 
atividades políticas e em outras esferas da vida social. Além disso, muitas mulheres passaram a prover 
o sustento da família, inserindo-se cada vez mais no mercado de trabalho formal. 
O percentual de mulheres que são empregadas com baixa remuneração é mais alto do que o de 
homens. 
Apesar de, no Brasil, as mulheres apresentarem médias mais elevadas de anos de estudo em relação 
aos homens, ainda hoje muitas vezes elas recebem salários menores. Em 2015, as trabalhadoras 
recebiam, em média, 76,1% dos rendimentos dos trabalhadores do sexo masculino. Além disso, há 
predominância feminina em empregos de menor qualificação e salários mais baixos, como o trabalho 
doméstico e a operação de telemarketing. 
Nas sociedades em que a democracia está mais consolidada, e a cidadania, mais desenvolvida, existe 
maior igualdade de oportunidades de trabalho entre homens e mulheres. A redução da discriminação por 
gênero é um importante fator de combate à pobreza. 
 
Participação dos Afrodescendentes 
Para a avaliação do nível de desenvolvimento de um país, não basta considerar o crescimento 
econômico. É fundamental ponderar também como se dá a distribuição das riquezas entre sua população. 
Segundo o IBGE, em 2015, as pessoas que se declaravam pretas ou pardas recebiam cerca de 59% 
a menos do que aquelas que se classificavam como brancas, revelando uma grave distinção social entre 
grupos de cor ou raça no país, além da falta de equidade entre gênero. 
Embora as desigualdades entre gêneros e entre cor ou raça tenham sido reduzidas desde a década 
de 1970, elas ainda são muito acentuadas, e combatê-las é uma das ações fundamentais para diminuir 
a pobreza no país. 
A diferença na taxa de frequência escolar dos adolescentes brancos e pretos ou pardos caiu cerca de 
6,4% para 3,1% entre 2004 e 2015. E a melhora do índice foi crescente para todas as cores ou raças da 
população brasileira. 
 
IDH do Brasil 
 
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2016, publicado pelo Pnud em 2015, o Brasil 
possuía um índice de Desenvolvimento Humano elevado, ocupando a 79ª posição mundial. O país 
mantém o nível elevado de desenvolvimento humano desde 2005. 
Das três variáveis consideradas no cálculo do IDH (educação, renda e longevidade), a que apresentou 
maior contribuição para a melhora do índice brasileiro, nas últimasdécadas, foi a educação. Em 
contrapartida, a renda foi a variável que menos contribuiu nesse período. No item longevidade, que 
permite avaliar as condições gerais de saúde da população, os avanços também foram bastante 
significativos. 
Apesar de ter apresentado o maior avanço nas últimas décadas, o índice de educação é o mais baixo 
dos três, o único que se localiza abaixo de 0,700%. Em 2010, era de 0,637%, na faixa de médio 
desenvolvimento humano. 
 
Avanços na Educação 
De acordo com os dados do Relatório de Desenvolvimento Humano 2016 em comparação aos dados 
de 1990, observa-se que: 
→ Entre 1990 e 2015, a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais de idade aumentou 
de 82% para 92,6%; 
→ No mesmo período, a esperança de vida ao nascer cresceu de 67,6 para 77,5 anos; 
→ A renda per capita subiu de US$ (PPC) 7349 para US$ (PPC) 14145; 
→ De 1990 a 2015, a taxa de matrícula no Ensino Fundamental de crianças entre 7 e 14 anos 
aumentou de 86% para 98%. 
 
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Questões 
 
01. (AFAP – Assistente Administrativo – FCC/2019) Criado pelo Programa das Nações Unidas para 
o Desenvolvimento (Pnud), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é atualizado anualmente, visando 
permitir o conhecimento sobre as condições de vida das nações avaliadas. Este índice possui uma 
variação de 0 até 1, sendo que quanto mais próximo for de 1 a avaliação do país, melhor classificado ele 
será no IDH, ou seja, melhores condições de vida aquela população terá. 
Analise o IDH do Brasil mostrado na tabela abaixo. 
 
 
 
Os dados apresentados e os conhecimentos sobre o contexto socioeconômico brasileiro indicam 
(A) os elevados déficits em setores de importância socioeconômica, como é o caso da Previdência. 
(B) que, atualmente, o país tem apresentado significativa redução das desigualdades sociais. 
(C) que as condições de vida da população brasileira tiveram reduzida evolução. 
(D) o esforço do governo para manter políticas públicas destinadas às crianças e jovens. 
(E) a posição do Brasil como o país de maior IDH da América do Sul, superando a Argentina. 
 
02. (ABIN – Oficial de Inteligência – CESPE/2018) Acerca dos movimentos migratórios internos, da 
estrutura etária da população brasileira e da evolução de seu crescimento no século XX, julgue o item a 
seguir. 
A dinâmica da estrutura etária da população brasileira tende ao equilíbrio quanto à quantidade de 
crianças, jovens, adultos e idosos: a população de idosos com maior expectativa de vida cresce tanto 
quanto a população em idade infantil e jovem. 
(....) Certo (....) Errado 
 
03. (IFB – Professor de Geografia – IFB/2017) Há cerca de 50 anos, apenas 15% dos postos de 
trabalho no Brasil eram ocupados por mulheres. Atualmente, elas representam mais de 43% da 
População Economicamente Ativa (PEA). Esse dado mostra que o contingente de mulheres responsáveis 
pela renda familiar aumentou significativamente nas últimas décadas. A redução do tempo de convivência 
familiar em razão da permanência no trabalho, além dos altos custos com alimentação, saúde, lazer e 
educação; e os programas de planejamento familiar desenvolvidos pelo Estado por meio do Ministério da 
Saúde, fizeram com que ocorresse na dinâmica demográfica brasileira: 
(A) um aumento da expectativa de vida; 
(B) a queda gradual da taxa de natalidade; 
(C) o predomínio da população idosa; 
(D) a queda das taxas de mortalidade; 
(E) um aumento na renda per capita. 
 
Gabarito 
 
01.C / 02.Errado / 03.B 
 
Comentários 
 
01. Resposta: C 
Apesar de ter apresentado o maior avanço nas últimas décadas, o índice de educação é o mais baixo 
dos três, o único que se localiza abaixo de 0,700%. Em 2010, era de 0,637%, na faixa de médio 
desenvolvimento humano. 
 
02. Resposta: Errado 
Nas próximas décadas, o número de idosos continuará crescendo, enquanto o de crianças e jovens 
cairá. 
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03. Resposta: B 
A redução do número de filhos por mulher é consequência de uma série de fatores, como urbanização, 
desenvolvimento de métodos contraceptivos, melhoria de índices de educação, adoção de políticas 
públicas visando o planejamento familiar, maior ingresso das mulheres no mercado de trabalho, e 
mudanças nos valores socioculturais, com destaque para a emancipação feminina. 
 
 
 
MOVIMENTOS POPULACIONAIS16 
 
Movimentos Migratórios 
 
Movimentos migratórios referem-se aos diversos tipos de migração, a qual, por sua vez, é entendida 
como os deslocamentos de determinada população de um lugar para outro. Portanto, qualquer migração 
possui dois movimentos: o de saída de um lugar e o de entrada em outro. 
As migrações são muito variadas. Podem ocorrer dentro do mesmo território ou de um país para outro. 
Quando são realizadas dentro do mesmo país, são chamadas de migrações internas. Quando ocorrem 
de um país para outro, são chamadas de migrações externas. Observe a imagem a seguir: 
 
 
Migrantes nordestinos no Terminal Rodoviário do Tietê. Este é um grande fluxo de migração interna que existe no Brasil. São Paulo, SP, 2010. 
 
As migrações externas são caracterizadas por dois movimentos: emigração e imigração. 
O movimento de entrada de estrangeiros em um país é chamado de imigração. O movimento de saída 
de indivíduos de um país é chamado de emigração. 
Por exemplo, imagine que uma família está se mudando da Colômbia para o Equador. Em seu país de 
origem, a Colômbia, eles são considerados emigrantes. Já no país de destino, o Equador, eles são 
considerados imigrantes. Observe a imagem a seguir: 
 
 
Família de imigrantes espanhóis, São Paulo, cerca de 1890. 
 
Por que as Pessoas Migram? 
As migrações podem acontecer de forma forçada ou espontânea. A migração forçada é aquela em que 
a pessoa não migra por vontade própria, como foi o caso dos africanos que vieram para cá escravizados 
durante o período colonial. A ocorrência de fenômenos naturais, como grandes terremotos, tsunamis, 
 
16 FURQUIM JUNIOR, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015. 
g. A distribuição dos efetivos demográficos e os movimentos migratórios 
internos: reflexos sociais e espaciais. 
 
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explosões vulcânicas ou inundações, por exemplo, também pode provocar a migração forçada. Grandes 
guerras e perseguições políticas ou religiosas também são motivos que levam as pessoas a saírem de 
seu lugar de origem. 
A migração espontânea ocorre quando as pessoas migram por vontade própria. Ou seja, decidem 
deslocar-se de um lugar a outro em busca de melhores condições de vida. 
No entanto, devemos perceber que essa migração espontânea está baseada em um movimento de 
expulsão e atração. Ou seja, de alguma maneira, as pessoas sentem-se repelidas por um lugar e atraídas 
por outro. 
As condições econômicas e sociais de um país podem fazer que uma pessoa decida buscar melhores 
condições de vida em outro. A falta de emprego, a escassez de terras para os agricultores, a precarização 
das condições de trabalho, a mecanização da produção e outros processos similares são fatores que 
muitas vezes dificultam a vida do trabalhador, levando-o a se mudar. 
 
Migração Temporária e Migração Pendular 
A migração temporária é o deslocamento populacional que ocorre por determinado período. Por 
exemplo, no caso da construção de uma grande obra de engenharia, milhares de pessoas são atraídas 
para um lugar onde antes não havia oportunidades de emprego. Quando a construção terminar, essas 
pessoas retornarão ao seu lugar de origem ou irão procurar emprego em outros lugares. 
Outro exemplo de migração temporária é a que acontece em determinados períodos do ano, como na 
época da colheita de certos produtos agrícolas, que atrai pessoas de diferentes regiões para trabalhar 
durante esseperíodo. 
Já a chamada migração pendular consiste no movimento diário da população que se desloca de um 
lugar a outro para estudar ou trabalhar. Geralmente, ocorre entre municípios vizinhos. 
 
Imigração no Brasil 
Com o processo de colonização, iniciou-se um período de atração de diferentes povos para as novas 
terras. Uma boa parte da atual população brasileira é formada por imigrantes e seus descendentes. 
Os primeiros a chegar aqui foram os portugueses, seguidos pelos africanos trazidos na condição de 
escravos. Séculos depois, com o fim da escravidão, muitos outros imigrantes vindos da Europa e da Ásia 
estabeleceram-se no Brasil, principalmente a partir de meados do século XIX, para substituir a mão de 
obra escrava. 
Estudaremos a seguir alguns dos povos que vieram para o Brasil em períodos específicos. São 
milhares de pessoas que saíram de seus países de origem e vieram para cá, influenciando a cultura e os 
hábitos do povo brasileiro. 
Além deles, muitos outros povos vieram para o Brasil, como os libaneses, os poloneses e os russos, 
porém em quantidades menores e durante períodos mais curtos. 
 
Portugueses 
Os portugueses foram os colonizadores das terras que vieram a se tornar o Brasil. Sua entrada foi 
constante e contínua durante todo o período colonial. A migração dos portugueses trouxe sérios impactos 
para os povos indígenas que já habitavam aqui. Eles foram perseguidos, mortos e escravizados. Houve 
também uma intensa imigração portuguesa para o Brasil entre os anos de 1881 e 1967. 
 
Africanos 
 
 
Gravura que retrata o embarque de escravos em um navio negreiro. 
Negros no fundo do porão de navio, Johann Moritz Rugendas, Brasil, séc. XIX. 
 
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Entre os séculos XVI e XIX, de 2 a 4 milhões de africanos foram forçados a vir para o Brasil na condição 
de escravos. Eles pertenciam a diferentes povos, principalmente da região da África Central, cada um 
com costumes, língua e fisionomia diferentes. Contudo, as culturas desses povos não só influenciaram 
um a outro, mas também todos os demais que viviam na Colônia, como os próprios portugueses e até os 
indígenas. 
Todas essas pessoas que vieram para cá sofreram com as duras condições de vida, trabalhando em 
situações precárias - isso para dizer o mínimo - e privadas de sua liberdade. Desenvolveram diferentes 
tipos de trabalho, ligados principalmente à agricultura. 
 
Alemães 
 
 
Tradicional festa alemã em Blumenau (SC), 2013 
 
Os alemães começaram a chegar ao Brasil de forma expressiva em meados do século XIX. O primeiro 
grupo de imigrantes alemães chegou ao Brasil em 1824, mas o período mais intenso de imigração ocorreu 
entre 1848 e 1933. 
A grande maioria desses imigrantes estabeleceu-se nas serras dos estados do Sul do Brasil, formando 
as chamadas colônias, onde preservavam os hábitos e sua terra natal, inclusive muitas vezes sem falar 
o português. 
Dedicaram-se principalmente à agricultura e à criação de animais. 
 
Italianos 
Os imigrantes italianos chegaram ao Brasil após os alemães. Assim como eles, vieram em busca de 
promessas de uma vida melhor, fugindo das duras situações em que viviam na Europa. Dirigiram-se 
principalmente para os estados de São Paulo - a fim de trabalhar nas lavouras de café e, posteriormente, 
nas indústrias paulistas - e do Rio Grande do Sul, onde também formaram colônias. Observe a imagem 
a seguir. 
 
 
Embarque de italianos para o Brasil, Itália, 1910 
 
Japoneses 
A imigração maciça de japoneses teve início no século XX. Em 1908, aportou em Santos o primeiro 
navio de imigrantes japoneses, chamado Kasato Maru. A grande maioria deles estabeleceu-se no estado 
de São Paulo, trabalhando nas lavouras de café e, posteriormente, no cultivo de hortaliças e frutas. 
Observe a imagem a seguir. 
 
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Imagem do Kasato Maru, navio que trouxe os primeiros imigrantes japoneses ao Brasil. Santos, 1908 
 
Migração Interna 
No Brasil, há uma grande mobilidade da população de região para região. Isso significa que existem 
milhares de pessoas que não moram no lugar em que nasceram. De acordo com dados do Censo de 
2010, a cada 100 brasileiros, 37 não nasceram no município onde estão estabelecidos atualmente. 
 
Êxodo Rural 
O processo de urbanização no Brasil teve início no século XX, a partir do processo de industrialização, 
que atraiu milhares de pessoas da área rural em direção à urbana. Esse deslocamento do campo para a 
cidade é chamado de êxodo rural. Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em áreas 
urbanas. Observe o gráfico a seguir, que mostra a taxa de urbanização brasileira entre 1940 e 2010. 
 
 
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E Estatística, [s.d.] apud GOBBI, 
Leonardo Delfim. Urbanização brasileira. Globo. com, [s.d.]. Educação. Geografia. 
 
No gráfico acima, podemos observar progressivamente, os anos 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 
2000, 2010. A parte cinza representa a população urbana, e a parte verde, a população rural. 
 
O êxodo rural está ligado a um movimento tanto de expulsão dessa população do campo quanto de 
atração pela cidade. As condições de vida para a população rural tornaram-se cada vez mais difíceis, já 
que muitos trabalhadores perderam seus empregos e suas terras com a modernização da agricultura - a 
mão de obra de muitos trabalhadores do campo foi substituída por máquinas e tratores sofisticados. 
Por outro lado, as cidades surgem como uma grande oportunidade de melhoria de vida, ainda que 
muitas vezes isso não aconteça na prática. Na maioria dos casos, esses migrantes são obrigados a 
enfrentar situações muito precárias. 
 
Fluxos Migratórios Inter-Regionais 
A migração inter-regional, ou seja, entre as diferentes regiões do Brasil, começou a ser estudada com 
mais precisão a partir do estabelecimento da regionalização brasileira, em meados da década de 1930. 
A grande disparidade entre as regiões estimulou a continuidade de um fluxo regular de migrantes em 
diferentes períodos do século XX. 
 
Décadas de 1930-1940 
O principal fluxo inter-regional estabeleceu-se do Nordeste para o Sudeste. Milhares de migrantes 
dirigiram-se ao Sudeste em busca de melhores condições de vida, fugindo das secas que assolavam a 
região Nordeste. 
 
 
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Décadas de 1950-1970 
Nesse período foram realizadas grandes obras de integração regional, como a construção da nova 
capital do país, Brasília, inaugurada em 1960 no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-
1961), e da Rodovia Transamazônica no início da década de 1970 durante o período militar, sob o governo 
do general e presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). A construção de Brasília atraiu migrantes 
de todas as partes do Brasil para a região Centro-Oeste. A rodovia, por sua vez, estabeleceu um fluxo de 
trabalhadores do Nordeste para o Norte que se dirigiram principalmente às áreas de extração do látex 
para a fabricação de borracha nos chamados seringais. 
 
Décadas de 1970-1990 
O fluxo entre Nordeste e Sudeste se manteve. Além disso, muitos migrantes do Sul dirigiram-se para 
outras áreas da região Norte, como o Acre, e também para o Centro-Oeste, graças ao auxílio do governo, 
que estimulava esse Fluxo por meio do oferecimento de facilidades, como pequenos lotes de terra. Na 
década de 1990 intensificaram-se os fluxos no interior do país e inicia-se uma corrente de migração do 
Sudeste para o Nordeste. 
Observe abaixo os mapas que demonstram os principais fluxos migratórios entre os períodos de 1950 
a 1990. 
 
 
Fonte: Disponível em: <http://www.padogeo.com/atividade-migracoes.htrnl> 
 
A Migração Atual 
Nos últimos anos, houve uma profunda mudança no padrão das migrações internas brasileiras. As 
regiões ainda apresentam muita disparidadeentre si. No entanto, a saída de migrantes da região Nordeste 
em direção ao Sudeste diminuiu significativamente. 
Isso se deve principalmente à redução das ofertas de emprego nas indústrias e no setor de serviços 
no Sudeste e também à recente industrialização do Nordeste. Além disso, muitos migrantes estão votando 
para as suas regiões de origem, em um movimento conhecido como migração de retorno. 
Entre os grupos de imigrantes que se dirigem atualmente ao Brasil, podemos destacar os haitianos e 
os bolivianos. O Haiti sofre historicamente com a pobreza e a miséria. 
Em 2010, um terremoto dizimou o país, o que afetou a vida de milhões de habitantes e deixou milhares 
de mortos. Isso contribuiu para a decisão de vários cidadãos de buscar no Brasil trabalho e melhores 
condições de vida. A maioria dos haitianos entra no Brasil pelo estado do Acre, de onde se dirige para as 
demais regiões do país. 
Os bolivianos, por sua vez, também migram para o Brasil em busca de melhores condições de vida e 
ofertas de emprego. Como a Bolívia faz fronteira com o nosso país, o caminho mais comum é entrar pela 
cidade de Assis Brasil, também localizada no Acre. 
É importante destacar que esses imigrantes muitas vezes entram de foram ilegal no Brasil. Com isso, 
acabam tendo maiores dificuldade para arranjar emprego e bons salários, sendo obrigados, muitas vezes, 
a trabalhar em troca de salários muito baixos ou até em condições mais precárias, semelhantes à 
escravidão. 
 
Questões 
 
01. (DER/CE – Geografia – UECE/CEV) Sobre as migrações internas no Brasil, é correto afirmar que 
(A) houve um fluxo de nordestinos para o Sudeste, atraídos pela expansão industrial, e para a 
Amazônia, atraídos pelos projetos agropecuários, minerais e industriais. 
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(B) o maior fluxo migratório interno se deu dos estados da região Norte para a região Sul do Brasil, 
devido à expansão da soja e da cana-de-açúcar. 
(C) os movimentos migratórios internos ocorreram numa escala muito pequena e de forma isolada nas 
regiões metropolitanas das grandes metrópoles do Sudeste. 
(D) ocorreram apenas nas décadas de 1940 e 1950 do Nordeste para o Sudeste por causa das secas 
que castigavam a região. 
 
02. (IF/SP – Professor de Geografia – FUNDEP) Analise este gráfico: 
 
Brasil e regiões: participação relativa das regiões no total populacional do país 
(1960 – 2000) 
 
 
 
Considerando-se que, no Brasil, a quase totalidade dos movimentos migratórios ocorridos em sua 
história estiveram relacionados com condições socioeconômicas, a região brasileira que tem sido lugar 
de partida de grandes movimentos migratórios é 
(A) o Centro-Oeste. 
(B) o Nordeste. 
(C) o Norte. 
(D) o Sul. 
 
03. (IBGE – Pesquisa e Mapeamento – CESGRANRIO) No Brasil, durante muito tempo, as migrações 
internas, do Norte para o Sul e do mundo rural para as cidades, constituíram uma tentativa de resposta 
individual à extrema pobreza de algumas regiões. Fator de diversificação do tecido social e de 
desenvolvimento de associações e ONG, essa mobilidade contribuiu para a riqueza do Sul, assim como 
para a expansão das favelas urbanas. A esses efeitos devem-se acrescentar, hoje, fluxos populacionais 
mais diversificados. DURAND, M-F. et al. Atlas da mundialização. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 130. Adaptado. 
Na atual realidade brasileira, ocorre um novo e recente fluxo populacional denominado 
(A) movimento pendular 
(B) êxodo rural 
(C) migração de retorno 
(D) transumância 
(E) transmigração 
 
Gabarito 
 
01.A / 02.B / 03.C 
 
 
 
 
 
 
 
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AS REGIONALIZAÇÕES DO TERRITÓRIO BRASILEIRO17 
 
A regionalização pode ser entendida como a divisão de um território em áreas que apresentam 
características semelhantes, de acordo com um critério preestabelecido pelo grupo de pessoas 
responsáveis por tal definição: aspectos naturais, econômicos, políticos e culturais, entre tantos outros. 
Portanto, regionalizar significa identificar determinado espaço como uma unidade que o distingue dos 
demais lugares o seu redor. 
A divisão de um território em regiões auxilia no planejamento das atividades do poder público, tanto 
nas questões sociais quanto econômicas, já que permite conhecer melhor aquela porção territorial. 
O governo e as entidades privadas podem executar projetos regionais, considerando o número de 
habitantes de cada região, as condições de vida de sua população, as áreas com infraestrutura precária 
de abastecimento de água, esgoto tratado, energia elétrica, entre outros. 
 
Os Critérios de Divisão Regional do Território 
 
O Brasil é um país muito extenso e variado. Cada lugar apresenta suas particularidades e existem 
muitos contrastes sociais, naturais e econômicos. 
Como cada região diferencia-se das demais com base em suas características próprias, a escolha do 
critério de regionalização é muito importante. 
Um dos critérios utilizados para regionalizar o espaço pode ser relacionado a aspectos naturais, como 
clima, relevo, hidrografia, vegetação, etc. 
A regionalização também pode ser feita com base em aspectos sociais, econômicos ou culturais. Cada 
um apresenta uma série de possibilidades: regiões demográficas, uso do solo e regiões industrializadas, 
entre outras. 
 
As Regiões Geoeconômicas 
A fim de compreender melhor as diferenças econômicas e sociais do território brasileiro, na década de 
1960, surgiu uma proposta de regionalização que dividiu o espaço em regiões geoeconômicas, criada 
pelo geógrafo Pedro Geiger. 
Nessa regionalização, o critério utilizado foi o nível de desenvolvimento, características semelhantes 
foram agrupadas dentro da mesma região. De acordo com esse critério, o Brasil está dividido em três 
grandes regiões: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul, como pode observar-se no mapa a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015. 
TERRA, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil – Lygia Terra; Regina Araújo; Raul Borges Guimarães. 2ª edição. São Paulo: Moderna, 2013. 
2. A Questão Regional no Brasil a. A regionalização do país: sua justificativa 
socioeconômica e critérios adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE); as regiões e as políticas públicas para fins de planejamento. 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
60 
 
Brasil: regiões geoeconômicas 
 
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/normal_brasilgeoeconomico.jpg 
 
Os limites da Amazônia correspondem à área de cobertura original da Floresta Amazônica. Essa 
região é caracterizada pelo baixo índice de ocupação humana e pelo extrativismo vegetal e mineral. 
Nas últimas décadas, a Amazônia vem sofrendo com o desmatamento de boa parte de sua cobertura 
original para a implantação de atividades agropecuárias, como o cultivo de soja e a criação de gado. 
A região Nordeste é tradicionalmente caracterizada pela grande desigualdade socioeconômica. 
Historicamente, essa região é marcada pela presença de uma forte elite composta basicamente por 
grandes proprietários de terra, que dominam também o cenário político local. 
 
A região Centro-Sul é marcada pela concentração industrial e urbana. Além disso, apresenta elevada 
concentração populacional e a maior quantidade e diversidade de atividades econômicas. 
 
Essa proposta de divisão possibilita a identificação de desigualdades socioeconômicas e de diferentes 
graus de desenvolvimento econômico do território nacional. 
Seus limites territoriais não coincidem com os dos estados. Assim, partes do mesmo estado que 
apresentam distintos graus de desenvolvimento podem ser colocadas em regiões diferentes. Porém, 
esses limites não são imutáveis: caso as atividades econômicas, as quais influenciam as áreas do 
território,passem por alguma modificação, a configuração geoeconômica também pode mudar. 
 
Outras Propostas de Regionalização 
 
Regionalização do Brasil por Roberto Lobato Corrêa 
 
http://www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Rita/flg386/2s2016/Regionalizacoes_do_Brasil.pdf 
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Outro geógrafo, chamado Roberto Lobato Corrêa, também fez uma proposta de regionalização que 
dividia o território em três: Amazônia, Centro-Sul e Nordeste. 
No entanto, em sua proposta ele respeitava os limites territoriais dos estados, diferentemente da 
proposta das regiões geoeconômicas que acabamos de observar acima. 
 
Regionalização do Brasil por Milton Santos 
 
 
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1551&evento=5 
Os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira propuseram outra regionalização para o Brasil, que 
divide o território em quatro regiões: Amazônia, Nordeste, Centro-Oeste e Concentrada. 
Essa divisão foi feita com base no grau de desenvolvimento científico, técnico e informacional de cada 
lugar e sua influência na desigualdade territorial do país. 
A região Concentrada apresenta os níveis mais altos de concentração de técnicas, meios de 
comunicação e população, além de altos índices produtivos. 
Já a região Centro-Oeste caracteriza-se pela agricultura moderna, com elevado consumo de insumos 
químicos e utilização de tecnologia agrícola de ponta. 
A região Nordeste apresenta uma área de povoamento antigo, agricultura com baixos níveis de 
mecanização e núcleos urbanos menos desenvolvidos do que no restante do país. Por fim, a Amazônia, 
que foi a última região a ampliar suas vias de comunicação e acesso, possui algumas áreas de agricultura 
moderna. 
 
As Regiões do Brasil ao Longo do Tempo 
 
Os estudos da Divisão Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) tiveram início 
em 1941. O objetivo principal deste trabalho foi o de sistematizar as várias divisões regionais que vinham 
sendo propostas, de forma que fosse organizada uma única divisão regional do Brasil para a divulgação 
das estatísticas brasileiras. 
A proposta de regionalização de 1940 apresentava o território dividido em cinco grandes regiões: 
Norte, Nordeste, Este (Leste), Sul e Centro. Essa divisão era baseada em critérios tanto físicos como 
socioeconômicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
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Regionalização do Brasil → década de 1940 
 
 
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1557&evento=5 
 
IBGE e a Proposta de Regionalização 
O IBGE surgiu em 1934 com a função de auxiliar o planejamento territorial e a integração nacional do 
país. Consequentemente, a proposta de regionalização criada pelo IBGE baseava-se na assistência à 
elaboração de políticas públicas e na tomada de decisões no que se refere ao planejamento territorial, 
por meio do estudo das estruturas espaciais presentes no território brasileiro. Observe a regionalização 
do IBGE de 1940 no mapa acima. 
 
Regionalização do Brasil → década de 1950 
 
 
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1558&evento=5 
 
Na década de 1950, uma nova regionalização foi proposta, a qual levava em consideração as 
mudanças no território brasileiro durante aqueles anos. 
Foram criados os territórios federais de Fernando de Noronha, Amapá, Rio Branco, Guaporé, Ponta 
Porã e Iguaçu – esses dois últimos posteriormente extintos. 
Note também que a denominação das regiões foi alterada e que alguns estados, como Minas Gerais, 
mudaram de região. 
 
 
 
 
 
 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
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Regionalização do Brasil → década de 1960 
 
 
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1560&evento=5 
 
Na década de 1960, houve a inauguração da nova capital federal, Brasília. Além disso, o Território de 
Guaporé passou a se chamar Território de Rondônia e foi criado o estado da Guanabara. Observe o mapa 
a seguir. 
 
Regionalização do Brasil → década de 1970 
 
 
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1561&evento=5 
 
Na década de 1970, o Brasil ganha o desenho regional atual. É criada a região Sudeste, que abriga 
os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. 
O Acre é elevado à categoria de estado e o Território Federal do Rio Branco recebe o nome de 
Território Federal de Roraima. 
 
A regionalização da década de 1980 mantém os mesmos limites regionais. No entanto, ocorre a fusão 
dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro e a criação do estado do Mato Grosso do Sul. 
A mudança nas regionalizações ao longo dos anos é fruto do processo de transformação espacial 
como resultado das ações do ser humano na natureza. 
Assim, reflete a organização da produção em função do desenvolvimento industrial. 
 
 
 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
64 
 
Regionalização do Brasil → década de 1980 
 
 
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1562&evento=5 
 
A Regionalização Oficial do Brasil Atual 
 
A regionalização oficial do Brasil é a de 1990 e apresenta as modificações instituídas com a criação 
da Constituição de 1988. 
Os territórios de Roraima e Amapá são elevados à categoria de estado (o território de Rondônia já 
havia sofrido essa mudança em 1981); é criado o estado de Tocantins; e é extinto o Território Federal de 
Fernando de Noronha, que passa a ser incorporado ao estado de Pernambuco. 
Regionalização oficial do Brasil atual 
 
 
http://alunosonline.uol.com.br/geografia/regionalizacao-brasil.html 
 
É importante refletir sobre a regionalização atual proposta pelo IBGE, já que ela não apresenta uma 
solução definitiva para a compreensão dos fenômenos do território brasileiro. 
A produção do espaço é um processo complexo, resultado da interação de diferentes fatores e não 
pode ser encaixada dentro de uma categoria única e específica. 
A atual divisão regional obedece aos limites dos estados brasileiros, mas não necessariamente aos 
limites naturais e humanos das paisagens, os quais, muitas vezes, não são tão evidentes. 
É o caso, por exemplo, do Maranhão. Grande parte de seu território apresenta características naturais 
comuns à região Norte, principalmente devido à presença da Floresta Amazônica. Além disso, o estado 
apresenta fortes marcas culturais que também remetem ao Norte, como a tradicional festa do Boi-Bumbá. 
No entanto, segundo a regionalização oficial, o Maranhão faz parte da região Nordeste. 
 
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65 
 
Região e Planejamento 
 
A divisão do território brasileiro em regiões definidas pelo IBGE teve como objetivo facilitar a 
implantação de políticas públicas que estimulassem o desenvolvimento de cada região. 
Um dos aspectos marcantes do espaço geográfico brasileiro é a disparidade regional. Isso significa 
que as diferentes regiões possuem níveis distintos de desenvolvimento. Uma das principais causas dessa 
disparidade é a concentração da industrialização no Centro-Sul do país. 
Para promover o desenvolvimento de regiões consideradas socioeconomicamente estagnadas, o 
governo brasileiro empreendeu um programa federal baseado na criação de instituições locais fincadas 
nesse objetivo, como é o caso da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da 
Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). 
É o que veremos abaixo. 
 
O Estado Brasileiro e o Planejamento Regional 
No século XX, a concentração espacial das indústrias na região Sudeste impactou de maneira negativa 
as estruturas produtivas de outras regiões brasileiras. 
Para promover a desconcentração da economia, foram criadaspolíticas de integração e de 
desenvolvimento regional. 
 
Território e Políticas Públicas 
 
Por meio das políticas de desenvolvimento regional, propunha-se a implantação de infraestruturas nas 
regiões menos desenvolvidas, com a finalidade de atrair investimentos e aumentar a oferta de empregos. 
 
O desenvolvimento industrial iniciado na década de 1930 transformou, ao mesmo tempo, a economia 
e a geografia do Brasil. 
No plano da economia, o modelo agroexportador foi, aos poucos, sendo substituído pelo modelo 
urbano e industrial que vigora no país até hoje. No plano da geografia, as diferentes regiões brasileiras 
passaram a se articular de maneira cada vez mais intensa, de forma a prover tanto a matéria-prima quanto 
a força de trabalho necessárias à produção industrial fortemente concentrada na Região Sudeste. 
Esse novo contexto de industrialização e de integração nacional tornou, evidente a desigualdade de 
desenvolvimento entre as regiões brasileiras. O crescimento da economia da Região Sudeste contrastava 
vivamente com a estagnação da economia nordestina. No Nordeste, diante do desemprego resultante do 
declínio das atividades nas lavouras de cana-de-açúcar e nas indústrias têxteis, dos baixos salários e da 
concentração de terras nas mãos de poucos, muitos optaram por tentar a vida em outras regiões do país. 
A Região Nordeste transformou-se em grande fornecedora de mão de obra para os principais centros 
urbanos e industriais do país. São Paulo tornou-se o principal destino dos migrantes nordestinos: na 
década de 1940, eles foram responsáveis por cerca de 60 do incremento populacional ocorrido na cidade. 
Para combater a desigualdade, o governo federal lançou políticas de desenvolvimento regional. Por 
meio delas, esperava-se promover a desconcentração da economia, atraindo investimentos e ampliando 
a oferta de empregos nas regiões menos desenvolvidas. As regiões selecionadas receberiam 
infraestrutura (energia, estradas, portos) e incentivos fiscais, ou seja, o governo passaria a isentar ou 
cobrar menos impostos dos empresários que lá implantassem novos negócios. 
Em meados da década de 1950, começaram a ser implementadas as agências de desenvolvimento 
regional, órgãos federais que tinham o objetivo de centralizar e implementar essas políticas. A 
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a primeira delas, entrou em funcionamento 
em 1959. A Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) foi criada em 1966. Sudene e 
Sudam foram as mais importantes agências implantadas no Brasil. 
 
O Estado e a Valorização da Amazônia 
 
Para a valorização da economia regional da Amazônia e sua conexão aos centros mais dinâmicos do 
território brasileiro, o governo federal priorizou a construção de estradas e a implantação de projetos 
industriais (zona franca), minerais e de colonização. 
 
A Integração Nacional 
O propósito de integrar a Amazônia ao conjunto da economia nacional já estava na agenda do governo 
federal na década de 1940, mas foi apenas na década de 1950 que as políticas de planejamento 
começaram a atuar de fato na região. 
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Em 1953, nasceu a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), 
um órgão federal encarregado de valorizar a economia regional e conectá-la aos centros mais dinâmicos 
do território brasileiro. A área de atuação da SPVEA recebeu o nome de Amazônia Brasileira, uma região 
de planejamento. 
Na época, o processo de industrialização demandava a criação de um mercado interno de dimensões 
nacionais, o que exigia grandes transformações no território. A construção de estradas que 
possibilitassem o intercâmbio de mercadorias e pessoas entre as diversas regiões brasileiras era 
considerada uma tarefa prioritária para o governo federal. Uma nova capital, Brasília, estava sendo 
construída em um planalto situado no Brasil central, até então pouco integrado. 
Por meio de Brasília, pretendia-se integrar não apenas o Centro-Oeste mas também a Amazônia, 
escassamente povoada e detentora de imensos potenciais. O planejamento e a execução da Rodovia 
Belém-Brasília, por meio da qual o sistema viário brasileiro alcançou a Amazônia pela primeira vez, contou 
com a colaboração da SPVEA. 
 
Sudam: A Devastação Planejada 
A política de planejamento regional voltada para a Amazônia ganhou novos contornos após o golpe 
de 1960, quando os destinos do país passaram a ser comandados pela ditadura militar. Em 1966, a 
SPVEA foi extinta e substituída por outro órgão, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia 
(Sudam), cuja área de atuação recebeu o nome de Amazônia Legal. No ano seguinte, foi criada a 
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). 
 
A Indústria na Amazônia 
A implantação de complexos industriais figurava entre as prioridades do projeto de valorização 
econômica da Amazônia concebido pelos militares. 
Como vimos, a Sudam foi criada em 1966. No ano seguinte, seria a vez da Superintendência da Zona 
Franca de Manaus (Suframa). Com ela, Manaus foi transformada em zona franca. Essa nova condição 
significou para Manaus a isenção de taxas de importação das máquinas e matérias-primas necessárias 
à produção industrial, bem como dos impostos de exportação das mercadorias industrializadas. Com 
esses incentivos, indústrias transnacionais e nacionais foram atraídas para a cidade, e Manaus 
transformou-se em um polo industrial importante, principalmente no setor de bens de consumo duráveis 
(televisores, aparelhos portáteis e eletrodomésticos). 
Atualmente, o polo industrial instalado em Manaus dinamiza boa parte da economia regional e 
emprega diretamente cerca de 85 mil pessoas. A indústria local, no entanto, depende da manutenção da 
zona franca. As mercadorias produzidas em Manaus viajam milhares de quilômetros até chegar aos 
principais centros de consumo do país e incorporam em seu custo o preço desse transporte. 
Na década de 1970, teve início o processo de crescimento industrial de Belém. Nesse caso, 
predominam as indústrias de transformação mineral, em especial a siderurgia do ferro e do alumínio, 
atraídas pela presença de matérias-primas e da energia proveniente da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. 
Uma das siderúrgicas mais importantes do setor de produção de alumínio está instalada no Porto de 
Barcarena, situado nos arredores de Belém. 
 
A Amazônia Legal 
 
 
https://n.i.uol.com.br/licaodecasa/ensfundamental/geografia/mapa_amazonia_legal.gif 
 
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Na visão dos militares, a Amazônia era um imenso vazio demográfico que precisava ser conquistado 
e explorado, de forma a transformar seu enorme potencial natural em riquezas que iriam financiar o 
desenvolvimento do país. Para isso, eles propunham integrar a Amazônia implantando grandes projetos 
minerais, industriais e agropecuários. 
A população local, em grande parte concentrada nas margens dos rios e dos igarapés e vivendo do 
cultivo de pequenos lotes de terra, foi praticamente desconsiderada nos novos planos do governo para a 
região. 
A Sudam foi criada para ser uma espécie de intermediária entre o governo e os empresários no 
processo de valorização econômica da Amazônia. Além disso, o órgão também deveria formular projetos 
de atração de migrantes, para promover o povoamento e consolidar um mercado de trabalho regional. 
Muitos desses migrantes, a maior parte de origem nordestina, acabaram por se fixar nas periferias das 
cidades amazônicas, que conheceram um crescimento explosivo a partir da década de 1870. 
A Transamazônica, rodovia que corta a região no sentido latitudinal, foi planejada para ligar o 
Amazonas à Paraíba e viabilizar o assentamento dos migrantes recém-chegados e representar uma rota 
para os novos investimentos - ou, nas palavras do próprio governo, “a pista da mina de ouro”. 
A Transamazônica não cumpriuo papel almejado por seus planejadores. Encravada no meio da 
floresta e desconectada da rede viária nacional, a estrada não foi capaz de dinamizar os fluxos regionais 
e acabou por se tornar um imenso atoleiro. 
 
Nessas condições, os dois mais importantes eixos de penetração para a Amazônia passaram a ser as 
rodovias Belém-Brasília e Brasília-Acre. Em suas margens, foi implantada a maior parte dos projetos 
minerais e agropecuários incentivados pela Sudam. Não por acaso, esses eixos apresentam a maior taxa 
de desmatamento e de degradação ambiental. Além disso, também são palcos de violentos conflitos, já 
que posseiros, fazendeiros e madeireiros disputam a posse da terra valorizada pela presença das 
estradas. 
O eixo da Belém-Brasília se estende até a Serra dos Carajás, onde se encontra a maior reserva de 
minério de ferro do mundo. O ferro de Carajás, em exploração desde a década de 1970 pela Companhia 
Vale do Rio Doce (privatizada em 1997), é escoado pela Estrada de Ferro Carajás, até o Complexo 
Portuário de São Luís, no Maranhão. Nas margens da rodovia e da ferrovia, a floresta equatorial já foi 
quase toda derrubada. Em seu lugar, surgiram núcleos urbanos e os mais diversos empreendimentos. 
 
No outro extremo da Amazônia, o principal eixo de ocupação foi a Rodovia Brasília-Acre. O estado de 
Rondônia, atravessado por esse eixo, foi alvo de um grande projeto de colonização e recebeu milhares 
de migrantes, vindos especialmente das regiões Nordeste e Sul. Atualmente, Rondônia figura entre os 
estados mais devastados da região. 
A herança da Sudam permanece na realidade amazônica: está presente tanto na destruição do modo 
de vida tradicional das populações ribeirinhas e indígenas quanto na grande mancha de devastação 
ambiental produzida pelos empreendimentos aprovados pelo órgão. Definitivamente, esse modo 
predatório de ocupação está em descompasso com os parâmetros atuais de valorização do patrimônio 
ambiental amazônico, sobretudo no que se refere à enorme biodiversidade da formação florestal e à 
presença de imensos reservatórios de água doce. 
 
Planejamento Estatal e a Economia Nordestina 
 
As políticas públicas para o desenvolvimento do Nordeste, implantadas pela Sudene, consideraram o 
seu conjunto e não suas sub-regiões separadamente. 
Garantiram a disponibilidade de energia e realizaram investimentos industriais, em especial no setor 
petroquímico. 
 
As Sub-Regiões Nordestinas 
O Nordeste pode ser dividido em quatro sub-regiões: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-
Norte. Cada uma delas apresenta características naturais e econômicas particulares. 
 
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http://4.bp.blogspot.com/-a-BvOFZXprs/T8gu5KVAYAI/AAAAAAAAABM/WlZjI0_lOic/s1600/Meio+norte.jpg 
 
A Zona da Mata, quente e úmida, foi transformada pela implantação de grandes propriedades 
produtoras de cana-de-açúcar, ainda nos primeiros tempos de colonização. Os senhores de engenho, 
também conhecidos como barões do açúcar, continuaram a dominar a economia e a política após a 
independência. Em meados do século XIX, a economia açucareira entrou em crise, devido à concorrência 
exercida pelo açúcar produzido nas Antilhas. Mais tarde, a produção de açúcar com técnicas mais 
modernas na Região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, deu continuidade ao longo período 
de crise econômica no Nordeste. Atualmente, a Zona da Mata é uma região de economia dinâmica, 
concentrando grande parte da população e os maiores polos industriais do Nordeste; 
 
O Agreste, situado entre a Zona da Mata úmida e o Sertão semiárido, é tradicionalmente ocupado por 
pequenas propriedades, dedicadas ao cultivo de subsistência e ao abastecimento alimentar dos 
engenhos e cidades da Zona da Mata. Nessa sub-região, o padrão técnico rudimentar que caracteriza a 
maior parte dos estabelecimentos agrícolas resulta em baixa produtividade e em expressiva pobreza rural; 
 
O Sertão, dominado pelo clima semiárido, conheceu um primeiro movimento de valorização ainda 
durante a colonização, quando se transformou em espaço da pecuária extensiva, produzindo carne para 
os mercados da Zona da Mata. Depois, grandes latifúndios, de propriedade dos coronéis do sertão (nome 
pelo qual ficaram conhecidos os proprietários das grandes fazendas sertanejas), passaram a dominar a 
paisagem. Em meados do século XIX, o cultivo de algodão tornou-se uma atividade econômica de 
importância significativa no Sertão, em grande parte devido à crise na produção algodoeira dos Estados 
Unidos decorrente da Guerra de Secessão. Durante muito tempo, o gado e o algodão iriam dividir o 
espaço sertanejo; 
 
O Meio-Norte, situado na transição entre o Sertão semiárido e a Amazônia equatorial, foi durante a 
maior parte de sua história uma sub-região praticamente marginal no contexto da economia nordestina. 
A pecuária extensiva, prolongamento da criação de gado sertaneja, e o extrativismo, em especial das 
palmeiras babaçu e carnaúba, eram as atividades de maior destaque no Meio-Norte. 
Em momentos históricos diferentes, duas sub-regiões nordestinas - Sertão e Zona da Mata - já haviam 
sido objeto de programas governamentais de ajuda e de incentivo econômico muito antes da existência 
da Sudene. Em ambos os casos, porém, as elites sub-regionais foram as principais beneficiadas. 
 
Programas Pioneiros: Sertão 
No caso do Sertão, desde o período imperial existiram políticas de combate à seca e, principalmente, 
aos seus efeitos. Em 1881, após um período de estiagem que causou a morte de milhares de pessoas e 
de uma parcela considerável do gado, o imperador mandou construir um grande açude em Quixadá, no 
Ceará, visando reservar água e evitar futuras catástrofes. 
Nos primeiros decênios da República, essas políticas cresceram e tornaram-se institucionais. Em 
1909, foi criada uma Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (Ifocs), com o objetivo de espalhar 
açudes em todo o Sertão, além de construir estradas para facilitar o escoamento e a comercialização dos 
produtos sertanejos. 
Em 1945, a Ifocs passou a se chamar Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), 
mas sua linha de atuação continuou a mesma. Entretanto, além dos açudes, das barragens e das 
estradas, o Dnocs passou a organizar também frentes de trabalho. Quando ocorriam as secas, a 
população carente era recrutada para trabalhar nas obras federais, e, assim, ganhava um meio de 
sobrevivência, mesmo que muito precário. 
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Na maior parte dos casos, os açudes e as estradas construídos pelos sertanejos pobres acabavam 
por tornar ainda mais valiosas as terras dos coronéis, nas quais (ou nas proximidades delas) as obras 
eram realizadas. Além disso, os coronéis não precisavam se preocupar com a sobrevivência de seus 
trabalhadores durante a estiagem, já que o Estado cuidava disso. Quando as chuvas voltavam, era só 
aproveitar as melhorias de suas terras e recrutar de volta os trabalhadores. Desse modo, o governo 
ajudava a enriquecer os que já eram ricos e mantinha os pobres - a maioria da população - no limite da 
sobrevivência. 
 
Programas Pioneiros: Zona da Mata 
Os “barões do açúcar” da Zona da Mata também receberam auxílio do governo, ainda que de forma 
indireta. Na década de 1930, a agricultura canavieira paulista começou a se modernizar, ampliando sua 
base técnica, e passou a ameaçar a economia açucareira nordestina. 
Nesse contexto, o governo criou o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), com o objetivo de 
estabelecer cotas de produção de açúcar entre os estados brasileiros e garantir um preço mínimo para o 
produto. Assim, o IAA reservava uma parcela do mercado açucareiro aos produtores da Zona da Mata 
nordestina, além de garantir preços compatíveis com seus custos de produção relativamente elevados. 
Durante longos decênios, o IAA ajudou a garantir a presença do açúcarnordestino no mercado 
brasileiro, fornecendo-lhe condições de sobrevivência. Em longo prazo, porém, a estratégia revelou-se 
ineficiente: protegidos pelas cotas e pelos preços governamentais, os produtores nordestinos investiram 
pouco em modernização, e desde 1990, quando o IAA foi extinto, vêm perdendo parcelas crescentes do 
mercado para os produtores paulistas. 
 
A Sudene e a Industrialização do Nordeste 
A criação da Sudene modificou inteiramente a direção das políticas públicas de desenvolvimento do 
Nordeste. Em primeiro lugar, essas políticas ganharam uma nova dimensão: não era uma ou outra sub-
região, mas o conjunto do Nordeste que seria alvo do planejamento estatal. A lei que criou a Sudene 
delimitou também a área de atuação do órgão, que não coincide exatamente com a Região Nordeste 
definida pelo IBGE, já que incluiu o norte de Minas Gerais. Em 1998, parte do Espírito Santo também 
entrou para essa “região de planejamento”. 
Em segundo lugar, por estarem baseados em uma nova visão acerca dos problemas regionais, os 
planos da Sudene foram orientados para outra direção. 
Já estudamos que, até então, a intervenção governamental nos assuntos nordestinos tinha se 
destinado, sobretudo, a solucionar os problemas do campo, beneficiando os grandes proprietários da 
terra e reforçando a concentração fundiária tanto no Sertão quanto na Zona da Mata. A Sudene trouxe 
uma nova prioridade: de acordo com o diagnóstico de seus fundadores, o maior problema do Nordeste 
não era a falta de chuvas ou a baixa competitividade da produção açucareira, mas a falta de indústrias 
modernas, capazes de dinamizar a economia como um todo. A solução, portanto, estava no incentivo à 
industrialização. 
Para tanto, era preciso primeiro garantir a disponibilidade de energia. Essa tarefa ficou a cargo das 
Centrais Hidrelétricas do Rio São Francisco (Chesf), que transformou a Bacia do São Francisco em 
uma importante produtora de energia de origem hídrica. 
O governo federal também tomou para si a tarefa de realizar investimentos industriais, em especial no 
setor petroquímico. A criação do Polo Petroquímico de Camaçari, o principal complexo industrial 
nordestino, nasceu das políticas levadas a efeito pela Sudene. A Refinaria Landulfo Alves, de 
propriedade da Petrobras, abastece as empresas públicas e privadas que operam no polo. 
Além disso, foram concedidos financiamentos públicos e incentivos fiscais aos conglomerados 
industriais que implantassem fábricas na região. O setor de bens intermediários (tais como produtos 
químicos e metalúrgicos) foi o principal beneficiário, pois acreditava-se que ele seria capaz de dinamizar 
a economia regional e gerar mercado para o setor de bens de consumo (tais como alimentos e 
vestuário). Desse modo, esse setor também acabaria por implantar-se no Nordeste. Devido aos 
incentivos, diversos grupos empresariais inauguraram unidades produtivas no Nordeste. 
Com a Sudene, a economia industrial chegou às capitais nordestinas, em especial a Recife e Salvador. 
Mas sabe-se hoje que isso não bastou para eliminar as desigualdades entre o Nordeste e o Sudeste e/ou 
para melhorar a qualidade de vida da população regional. O Nordeste brasileiro ainda espera por políticas 
capazes de gerar crescimento econômico com inclusão social. 
 
 
 
 
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Questões 
 
01. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE/2017) No atual período histórico, caracterizado pela 
forte internacionalização do modo de produção capitalista, importantes transformações de ordem técnica, 
política e econômica têm promovido intensa reestruturação produtiva e regional do Brasil e do mundo. A 
intensificação do poder das empresas transnacionais sobre o espaço mundial é uma dessas 
manifestações. Iná Elias de Castro. Política pública e conflito no espaço urbano. In: GEOgraphia, ano 18, n.º 36, 2016 (com adaptações). 
Considerando esse texto, julgue o item a seguir. 
A divisão regional do Brasil em cinco macrorregiões de planejamento é uma referência para o ensino 
de geografia atualmente. Entretanto, para a compreensão das dinâmicas atuais de uso e reorganização 
do território nacional, é necessário abordar as novas regionalizações, como a divisão por complexos 
regionais (Amazônia, Nordeste e Centro-Sul) e a divisão em quatro regiões (Concentrada, Centro-Oeste, 
Amazônia e Nordeste). 
(....) Certo (....) Errado 
 
02. (Prefeitura de Sobral/CE – Agente Administrativo – UVA/2017) Entre as últimas alterações da 
divisão regional oficial do Brasil, podem-se destacar: 
(A) a extinção dos territórios federais e a criação do Distrito Federal. 
(B) a criação de Fernando de Noronha e a do território de Roraima. 
(C) a extinção do Distrito Federal e a criação do território federal de Tocantins. 
(D) a extinção dos territórios e a criação do Estado de Tocantins. 
 
03. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE/2017) Com relação aos processos de regionalização 
no Brasil e no mundo, julgue o item subsequente. 
Décadas depois da implementação do primeiro órgão responsável pelos estudos de planejamento 
macrorregional no Brasil, a SUDENE, os principais problemas e disparidades regionais do país persistem. 
(....) Certo (....) Errado 
 
Gabarito 
 
01.Certo / 02.D / 03.Certo 
 
Comentários 
 
01. Resposta: Certo 
A atual divisão regional obedece aos limites dos estados brasileiros, mas não necessariamente aos 
limites naturais e humanos das paisagens, os quais, muitas vezes, não são tão evidentes. 
 
02. Resposta: D 
Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou definida a divisão brasileira que permanece até os 
dias atuais. O estado do Tocantins foi criado a partir da divisão de Goiás e incorporado à região Norte; 
Roraima, Amapá e Rondônia tornaram-se estados autônomos; Fernando de Noronha deixou de ser 
federal e foi incorporado a Pernambuco. 
 
03. Resposta: Certo 
Um dos aspectos marcantes do espaço geográfico brasileiro é a disparidade regional. Isso significa 
que as diferentes regiões ainda possuem níveis distintos de desenvolvimento. Uma das principais causas 
dessa disparidade é a persistente concentração da industrialização no Centro-Sul do país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REGIÕES BRASILEIRAS18 
 
Introdução 
 
O que é Região? 
Provavelmente, você já ouviu alguém referir-se a algum lugar como região. Esse termo aparece 
bastante em nosso cotidiano. 
Para a Geografia, região é um conceito muito importante e que vem sendo debatido há muitos anos. 
Podemos entender região como uma área de determinado território onde se localizam lugares com 
características semelhantes, levando em consideração a combinação entre elementos naturais, a 
economia e aspectos sociais. 
Abaixo seguem as 5 regiões brasileiras e seus principais aspectos: 
 
Região Nordeste 
 
O Nordeste apresenta pontos de elevado dinamismo econômico, tanto no campo quanto nas cidades. 
Porém, a elevada concentração fundiária e a persistência de graves problemas sociais representam um 
entrave ao desenvolvimento regional. 
 
Obstáculos e Perspectivas 
Apesar de não se destacar em grande parte dos indicadores econômicos e sociais, a Região Nordeste 
passa por um processo de integração econômica com as outras regiões do país e com o mundo, 
apresentando alternativas para o desenvolvimento em diferentes setores. 
Se comparados o índice de desenvolvimento humano do Brasil com o dos estados do Nordeste, 
observamos que todos eles, apresentam IDH menor que a média nacional, o que evidencia a defasagem 
social dessa região em relação ao Brasil. 
Entre os estados nordestinos, a Bahia conta com a maior participação no PIB brasileiro. Sua economia 
é diversificada e produz riqueza com atividades da agropecuária, da indústria e de serviços. 
 
Ocupação Territorial 
A ocupação do Nordeste ocorreu paralelamente à implantação de atividades econômicas,como a 
produção de cana-de-açúcar nas áreas litorâneas e, posteriormente, a agricultura de subsistência no 
Agreste e a pecuária do Sertão. 
A Região Nordeste é formada por nove estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, 
Paraíba, Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual de Fernando de Noronha), Alagoas, Sergipe e Bahia. 
Com área de 1.554.257 km², equivalente a 18,25% do país, concentrava, em 2011, 27,77 da população 
brasileira, ou seja, 54.226.000 habitantes à época. 
Durante os séculos XVI e XVII, a produção de açúcar para exportação sustentou a economia colonial, 
baseada no latifúndio monocultor e no sistema escravista. A cana-de-açúcar desenvolveu-se bem nos 
solos de massapé presentes no litoral dos atuais estados de Pernambuco e Bahia. 
Entre as atividades complementares implementadas na América portuguesa estavam os cultivos de 
subsistência e a pecuária. A criação de gado, inicialmente feita na Zona da Mata (litoral), foi empurrada 
para o interior (Sertão) de Pernambuco, para o Vale do Rio São Francisco e para os estados do Piauí, do 
Ceará e do Maranhão, promovendo a ocupação efetiva dessas áreas. 
Nos séculos XVIII e XIX, a descoberta de minerais preciosos no interior do país e a transferência da 
capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), entre outros fatores, acentuaram o declínio da produção 
de açúcar e aumentaram os problemas econômicos e sociais da região. 
As grandes propriedades rurais sempre foram controladas por latifundiários ou coronéis, como ficaram 
conhecidos os grandes fazendeiros nordestinos. Ainda no século XX, a débil economia regional sob o 
domínio do coronelismo acentuou a extrema pobreza da população nordestina, em especial a do 
 
18 TERRA, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil – Lygia Terra; Regina Araújo; Raul Borges Guimarães. 2ª edição. São Paulo: Moderna, 
2013. 
b. As regiões brasileiras: especializações territoriais, produtivas e 
características sociais e econômicas. 
 
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sertanejo, habitante das vastas áreas de caatinga. Para a maioria dessa população, castigada pelo 
precário desenvolvimento econômico, não restou outra opção senão migrar para outras regiões do país. 
 
O Nordeste Atual: Economia, Recursos Naturais e População 
A implantação de polos industriais e de agricultura modernizada vem transformando a economia 
nordestina. Porém, apesar dos avanços econômicos, o Nordeste ainda figura abaixo da média nacional 
no que diz respeito ao desenvolvimento humano e à qualidade de vida. 
A economia nordestina mostrou-se mais dinâmica desde as últimas décadas do século XX. Entre as 
razões desse dinamismo estão o desenvolvimento industrial e o avanço dos setores agrário e de serviços. 
Com a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em 1959, o setor 
secundário ou industrial do Nordeste recebeu a maior parte dos investimentos. Como consequência, 
houve a montagem de importantes e modernos centros industriais. No entanto, apenas uma parcela muito 
reduzida da população nordestina foi beneficiada, já que as indústrias se concentraram principalmente 
em três estados (Bahia, Pernambuco e Ceará), particularmente nas capitais, com destaque para as de 
transformação e de confecções. 
Com a política de desconcentração industrial, a partir da década de 1990, os governos estaduais da 
Região Nordeste têm investido em infraestrutura e oferecido vantagens, como incentivos fiscais visando 
atrair indústrias para seus territórios. Entretanto, a implantação de uma indústria, em geral bastante 
automatizada, abre poucos postos de trabalho, quase sempre mais qualificados, além de contribuir com 
impostos reduzidos. Assim, apenas algumas empresas transnacionais ou de capital nacional acabam 
sendo as mais beneficiadas. 
Quanto ao setor agrícola, destacam-se duas importantes monoculturas cultivadas na Zona da Mata; 
a cana-de-açúcar, especialmente em Alagoas e Pernambuco, e o cacau, no sul da Bahia. 
No Meio-Norte, além da agricultura tradicional (cana, soja, mandioca, arroz) e do extrativismo 
vegetal (babaçu, carnaúba), têm crescido as plantações de soja no sul dos estados do Maranhão e do 
Piauí – cultivo que se estende até o sertão, chegando ao oeste da Bahia. 
No Sertão, caracterizado pelo clima semiárido, solos pedregosos e vegetação de caatinga, subsiste a 
agricultura tradicional cultivada nos vales mais úmidos e nas encostas e pés de serras. Milho, arroz, feijão, 
mandioca, algodão e cana-de-açúcar são as principais culturas. 
A fruticultura irrigada do Nordeste adquire cada vez mais importância não apenas no mercado 
interno, mas também para a exportação. É desenvolvida no Vale do Rio São Francisco (uva, manga), no 
Vale do Rio Açu no Rio Grande do Norte (melão, manga) e no Sertão do Ceará (acerola, melão). A maior 
região produtora de melão no país localiza-se no polo Açu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, e o polo 
Petrolina/Juazeiro firmou-se como grande exportador de manga, banana, coco, uva, goiaba, melão e 
pinha. 
Mão de obra barata e disponível, preços atrativos das terras e a localização da Região Nordeste em 
relação à Europa e aos Estados Unidos (reduzindo o tempo e o custo de transporte) conferem vantagens 
à fruticultura na região. O desenvolvimento de tecnologias (criação de variedades de frutas, produção 
integrada, produção de mudas sadias, entre outras) e o aperfeiçoamento de técnicas de irrigação foram 
essenciais para o crescimento da atividade. 
Na pecuária predomina a criação de animais de pequeno porte como asininos (jumentos, mulas e 
burros), caprinos (cabras), ovinos (ovelhas) e suínos (porcos). A criação de bovinos (bois), 
tradicionalmente desenvolvida no Sertão de forma extensiva, vem crescendo também em áreas do 
Agreste próximas ao Sertão, com solos de baixa fertilidade e pouca umidade, e em áreas do Maranhão. 
A pecuária leiteira, na modalidade extensiva e voltada para o abastecimento da Zona da Mata, é praticada 
no Agreste. 
No Agreste ainda se desenvolve a policultura comercial para o abastecimento da Zona da Mata, em 
médias e pequenas propriedades. É praticada em solos férteis com boas condições de umidade, na 
fronteira com a Zona da Mata. 
O turismo desenvolvido a partir das potencialidades naturais é outra atividade econômica de grande 
importância para a região. 
 
Turismo Garante Expansão Regional 
“No ranking das dez cidades mais visitadas do Brasil por estrangeiros em 2008, o Nordeste emplacou 
três capitais. Salvador, Recife e Fortaleza ocuparam o terceiro, o sexto e sétimo postos, respectivamente, 
na escolha dos visitantes internacionais. À sua maneira, com sol, praias e características culturais 
diferenciadas, a região contribuiu para que o país se tornasse o sétimo maior destino mundial dos turistas 
estrangeiros no ano de 2012 – e o mais movimentado ponto de desembarque de visitantes com origem 
na América Latina, desbancando o México. [...] A multiplicação dos voos regulares entre capitais como 
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Salvador e Recife – no ano 2000 havia apenas uma linha regular – e diferentes pontos da Europa e dos 
Estados Unidos contribuiu de maneira decisiva para o incremento do fluxo de turistas estrangeiros. Os 
desembarques internacionais na região cresceram 11,9% em 2008 em relação ao ano anterior. O maior 
volume de chegadas de estrangeiros teve um reflexo direto na elevação das taxas de emprego no setor 
de turismo na região, com um aumento de 5,7% no mesmo período”. (ROCHA, M.; DAMIANI, M. Turismo garante expansão 
regional. O Estado de São Paulo, São Paulo, 10 dezembro 2009). 
 
O Nordeste conta com diversos parques nacionais, entre eles o da Serra da Capivara (PI), com grande 
concentração de sítios arqueológicos e pinturas rupestres, o Parque Nacional Marinho de Fernando de 
Noronha (Distrito Estadual de Pernambuco) e o Parque Nacional daChapada Diamantina (BA). Entre os 
eventos culturais que atraem turistas estão o carnaval (com destaque para Salvador, Olinda e Recife), as 
festas juninas (Caruaru, Campina Grande, etc.), as danças e comidas típicas e o artesanato (rendas, 
cerâmicas) da região. 
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ligada à ONU, 
instituiu uma lista de sítios e monumentos de valor excepcional e de interesse universal, que integram o 
Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Humanidade. O objetivo é a preservação desses sítios para 
as gerações futuras. A Região Nordeste abriga grande número de Patrimônios Culturais e Naturais da 
Humanidade, como o centro histórico de Olinda (PE), de São Luís (MA) e de Salvador (BA), com o 
Pelourinho, além dos sítios arqueológicos de São Raimundo Nonato no Parque Nacional da Capivara 
(PI). 
Em relação aos recursos naturais, o Rio Grande do Norte se sobressai como o maior produtor de sal 
marinho do país. Destacam-se também o petróleo e o gás natural, extraídos no Ceará, Sergipe, Rio 
Grande do Norte e na Bahia. 
 
Indicadores Sociais e Urbanização 
A Região Nordeste ainda responde pelos índices de qualidade de vida mais baixos do país. Problemas 
sociais como elevadas taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo, baixos salários, grande 
concentração de renda e terras também alcançaram números que superam os de outras regiões. 
Em 2009, 6,8% das crianças de 7 a 14 anos de idade não sabiam ler e escrever no país. No Nordeste, 
esse percentual chegava a 11,8%. A média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais de 
idade, naquele mesmo ano, era mais baixa no Nordeste, de 6,3 anos, enquanto no Sudeste chegava a 
8,2 anos. Cerca de 36,3% dos núcleos familiares nordestinos tinham rendimento de até meio salário 
mínimo per capita, contra apenas 12,2% no Sudeste. 
De povoamento antigo, a Zona da Mata continua sendo a sub-região mais importante do Nordeste, 
concentrando seis capitais e a maior parte da população. Salvador e Recife são as principais cidades, 
destacando-se ainda como áreas industriais. 
 
As Sub-Regiões Geoeconômicas 
Considerando os aspectos econômicos, é possível identificar sete sub-regiões no Nordeste brasileiro. 
Em cada uma delas, existem polos de intensa modernização, que convivem com as atividades 
econômicas tradicionais: 
 
Litoral - concentra cerca da metade da maior parte da população e abriga os três maiores polos 
urbano-industriais nordestinos: Salvador, Recife e Fortaleza. Na Grande Salvador, o destaque é o Polo 
Petroquímico de Camaçari, principal complexo industrial do Nordeste, que integra o refino de petróleo, a 
petroquímica básica e intermediária e a produção de resinas. A Grande Recife, por sua vez, abriga o 
Porto Digital, principal polo tecnológico do Nordeste, e o Complexo Industrial-Portuário de Suape, 
instalado na década de 1970, com cerca de 100 empresas e no qual se encontram em implantação uma 
refinaria de petróleo, uma siderúrgica e um grande estaleiro. Em Fortaleza, destacam-se as indústrias 
intensivas em mão de obra, tais como a têxtil e a de calçados, e o Complexo Industrial e Portuário do 
Pecém, inaugurado em 2002 e concebido para receber indústrias de base tais como a Companhia 
Siderúrgica do Pecém, um consórcio entre a brasileira Vale e duas empresas coreanas, em implantação. 
 
Pré-Amazônia - inserida apenas no Maranhão, essa região geoeconômica apresenta predomínio de 
atividades agrícolas tradicionais, marcadas pela baixa produtividade. Entretanto, nos últimos anos, a 
região vem registrando aumento da área dedicada ao cultivo de grãos, em especial soja e milho, bem 
como uma intensa atividade de exploração madeireira. 
 
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Parnaíba - abriga o polo de Teresina, maior aglomeração industrial interiorizada do Nordeste, com 
destaque para as indústrias têxtil, de alimentos, de cerâmica e madeireira. 
 
Sertão - embora haja a predominância da pecuária e da agricultura tradicionais, abriga polos industriais 
modernos, tais como o setor calçadista em Sobral e Crato, no Sertão cearense, e o polo gesseiro do 
Araripe, no Sertão pernambucano. 
 
Agreste - o dinamismo econômico da sub-região vem crescendo com a implantação de indústrias 
têxteis, de calçados e de confecções, especialmente em Campina Grande (PB), Caruaru (PE) e Feira de 
Santana (BA), e pelo aumento da produtividade das bacias leiteiras, instaladas em Pernambuco e 
Alagoas. 
 
São Francisco - destaque para as práticas de fruticultura irrigada, especialmente nos polos geminados 
de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). 
 
Cerrado - sub-região de intenso crescimento econômico, devido à implantação da agroindústria da 
soja, do milho e do algodão. Alguns de seus centros urbanos, tais como Barreiras (BA), Luis Eduardo 
Magalhães (BA) e Balsas (MA), vêm apresentando grande crescimento econômico, graças à instalação 
de modernas indústrias de beneficiamento, produzindo principalmente óleo e farelo. A maior parte da 
produção destina-se à exportação e é escoada pelas ferrovias Norte-Sul e Carajás até o porto de Itaqui 
(MA). 
 
Nordeste: sub-regiões geoeconômicas 
 
 
 
Região Sudeste 
 
Grande parte do território da Região Sudeste é dominada por formações planálticas, com destaque 
para os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, constituídos pelos cinturões orogênicos, e 
os Planaltos da Bacia Sedimentar no Paraná. 
O surguimento da Placa Tectônica Sul-Americana, entre o final do Período Cretáceo e o início do 
Paleógeno, movimentou antigas linhas de falha e provocou a formação de escarpas acentuadas com 
elevadas altitudes, como as da Serra da Mantiqueira e da Serra do Mar. Assim, com exceção dos picos 
do Maciço das Guianas, no extremo norte do país, é no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais 
que se encontram os pontos mais altos do Brasil. Em 2004, o IBGE, em parceria com o Instituto Militar de 
Engenharia (IME), revisou as altitudes desses pontos, utilizando recursos mais modernos de sistema de 
navegação e posicionamento por satélites. 
A Serra do Espinhaço corta Minas Gerais desde as proximidades de Belo Horizonte até o Vale do 
Rio São Francisco, podendo ser subdividida em dois compartimentos de planaltos: o planalto meridional 
e o planalto setentrional, ricos em minérios (ferro, bauxita, ouro). Em 2005, a Unesco reconheceu esse 
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conjunto de planaltos da Serra do Espinhaço como Reserva da Biosfera, pela diversidade ambienta e 
histórica do local. Além de integrar pontos culturais importantes como Congonhas, Ouro Preto e 
Diamantina, é o divisor de águas entre as bacias hidrográficas do São Francisco, Doce e Jequitinhonha, 
e apresenta a biodiversidade florística mas risca dos campos rupestres do planeta. 
A superfície do Planalto Atlântico foi bastante desgastada pelos processos erosivos, formando um 
relevo dominante de morros com topos convexos, denominados mares de morros. Entre os Planaltos e 
as Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná e o Planalto Atlântico, encontram-se as depressões 
periféricas, superfícies bastante erodidas entre o Paleógeno e o Quaternário (há cerca de 70 milhões de 
anos). Nesses compartimentos do relevo da Região Sudeste, os terrenos apresentam altitudes menores, 
sendo delimitados pelos Planaltos Sedimentares da Bacia do Paraná por escarpas denominadas frentes 
de cuestas. 
Do norte do Espírito Santo ao sul do Estado de São Paulo, há um conjunto diversificado de ambientes 
costeiros. Nesse trecho do litoral brasileiro, de formação cenozoica, existem inúmeras restingas, baías 
e ilhas costeiras. Entre as primeiras, destacam-se as de Marambaia e Cabo Frio, ambas localizadas no 
litoral do Rio de Janeiro. Entre as baías, as mais conhecidas são as de Guanabara (RJ), Parati (RJ), 
Vitória (ES), Angra dos Reis (RJ) e Santos (SP). 
O clima tropical predomina naRegião Sudeste. No oeste paulista, parte do Triângulo Mineiro e na 
porção centro-norte de Minas Gerais, o padrão climático tropical apresenta duas estações bem 
demarcadas, com o verão muito chuvoso e o inverno seco. Na faixa litorânea, o volume e a frequência 
das chuvas são maiores. Ao contrário, no norte de Minas Gerais, as chuvas são escassas e irregulares. 
O clima tropical de altitude abrange as regiões serranas de São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas 
Gerais. Por fim, o clima subtropical ocorre no extremo meridional do território paulista, ao sul do Trópico 
de Capricórnio. 
Originalmente, a mata tropical era a cobertura de vegetação dominante no Sudeste, refletindo o 
padrão climático regional. Na depressão periférica e nas regiões mineiras com a estação seca mais 
acentuada, predominavam os cerrados. Tanto a Mata Atlântica como o Cerrado foram amplamente 
devastados no processo de formação territorial da Região Sudeste. 
 
População e Dinâmica Espacial 
O Sudeste é a região mais populosa do Brasil. Em 2011, contava com mais de 82 milhões de 
habitantes, o que representava 42% do total da população brasileira. No entanto, esse contingente 
populacional está desigualmente distribuído pelo território. São Paulo concentrava 41,3 milhões, Minas 
Gerais, 19,6 milhões e o Rio de Janeiro, quase 16 milhões de pessoas. Entre esses estados mais 
populosos, o Rio de Janeiro possuía a maior densidade demográfica (365,23 hab./km²), seguido por São 
Paulo (166,25 hab./km²). Ainda que a densidade demográfica média, na época, era de apenas 86,92 
habitantes por km², as regiões litorâneas são mais densamente povoadas, podendo atingir 10 mil 
habitantes por km² nas maiores cidades. 
A partir de 1940, São Paulo tornou-se o estado mais povoado do Brasil. Esse crescimento foi povoado 
pelos fluxos internos de migrantes em busca de trabalho, sobretudo do Nordeste. Na década de 1970, 
os migrantes foram responsáveis por mais de 40% do crescimento demográfico do estado. 
Além disso, houve também grande mobilidade populacional entre os estados da própria região. Entre 
2005 e 2010, mais de 500 mil pessoas de Minas Gerais se deslocaram em direção a São Paulo, um 
contingente superior aos migrantes da Bahia, que representaram 21% dos fluxos de chegada, cerca de 
230 mil pessoas. Apesar do registro de fluxos de regresso de São Paulo para os estados de origem, entre 
2005 e 2010 São Paulo registrou saldo migratório positivo, indicando que o território paulista ainda exerce 
atração da população migrante. Nesse intervalo, São Paulo foi o Estado que recebeu o maior número de 
migrantes (1,1 milhão), seguido do Rio de Janeiro (270 mil). Entretanto, a participação no componente 
migratório no crescimento da população do estado vem perdendo intensidade desde a década de 2000. 
Entre as regiões brasileiras, a Sudeste foi a primeira a se tornar majoritariamente urbana e é também 
a que apresenta a maior taxa de urbanização. Enquanto o cruzamento das curvas de crescimento das 
populações rural e urbana no Brasil ocorreu na década de 1960, essa reversão de proporcionalidade no 
Sudeste ocorreu já nos anos 1950. 
 
Região Norte 
 
Desafios Estratégicos 
O desenvolvimento socioeconômico da Região Norte é uma questão nacional estratégica que se 
relaciona com a exploração dos recursos da Amazônia brasileira. A região, que conta com mais de 15,8 
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milhões de habitantes, que produzem 5,3% do PIB brasileiro, ainda é defasada em muitos indicadores 
sociais. 
Referente ao conflito entre o modelo de desenvolvimento econômico da Região Norte e a preservação 
ambiental, observa-se que ao mesmo tempo que as atividades agropecuária e mineradora contribuem 
para a geração de riqueza na Amazônia, causam degradação ambiental de grandes áreas de floresta. 
Quanto à distribuição da população da Região Norte, ela se concentra, sobretudo, nas capitais dos 
dois maiores estados da região: Belém e Manaus. A ocupação mais efetiva de Rondônia, de Tocantins e 
da porção leste do Pará denota o avanço da atividade agropecuária sobre a Floresta Amazônica. 
A região amazônica pertence a sete países, além do Brasil. A construção de diversos eixos rodoviários 
garantiu a articulação da região ao território nacional. 
 
Evolução do desmatamento na Amazônia Legal (1988-2016) 
 
 
http://www.inpe.br/noticias/arquivos/imagens/img02_291116.jpg. 
 
A Conquista da Amazônia 
Colonizada inicialmente pelos espanhóis e cobiçada por ingleses, franceses e holandeses, a bacia 
amazônica foi ocupada pelos portugueses, o que garantiu a posse ao Império brasileiro. 
 
Com cerca de 7,8 milhões de km² que abrangem oito países - Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia, 
Venezuela, Guiana e Suriname - e a Guiana Francesa, a Amazônia Internacional é uma região natural 
formada pela floresta equatorial e por seus ecossistemas associados. A maior parte dessa área, marcada 
pelos climas quentes e úmidos, está assentada no interior da bacia fluvial amazônica. 
Com exceção da Guiana Francesa, departamento da França, os outros países firmaram em 1978 o 
Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), cujas metas são a cooperação científica, a preservação 
ambiental, o uso racional dos recursos hídricos e o desenvolvimento regional. O Brasil ocupa um papel 
de destaque nas políticas do TCA, pois abriga mais de 64% região. 
No sentido político, porém, a Amazônia começou a se configurar antes mesmo da independência 
desses países, quando a região passou a ser explorada pelas Coroas de Espanha e de Portugal. 
 
Amazônia Internacional 
 
 
http://2.bp.blogspot.com/-pqRZs_1PEjo/VqZlvt5749I/AAAAAAAACnI/acPXCXEwenE/s1600/amazonia-legal-brasileira-regiao-norte-2.jpg. 
 
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Na Amazônia Internacional há outros países com percentual maior de superfície territorial coberta pela 
Floresta Amazônica, como o Peru, a Guiana e o Suriname. Porém, o Brasil detém a maior parte do bioma 
amazônico. 
 
A Amazônia Internacional – Porção do bioma amazônico em cada país (% da superfície) 
 
 
 
A Amazônia Internacional – Repartição do bioma amazônico entre os países (em %) 
 
 
 
A Ocupação Portuguesa 
Nos termos do Tratado de Tordesilhas (1494), grande parte da Bacia Amazônica pertencia à Coroa 
espanhola. Em 1541, uma expedição comandada pelo espanhol Gonzalo Pizarro, irmão do conquistador 
do Império Inca, Francisco Pizarro, partiu de Quito em busca dos lugares lendários que supostamente 
havia nessas terras florestadas: o "País da Canela", onde a especiaria brotava em abundância, e o "EI 
Dorado", com suas enormes jazidas de ouro. 
Ninguém sabe ao certo quantas pessoas integraram essa expedição, mas estima-se que ela contava 
com algumas centenas de soldados espanhóis e milhares de indígenas, muitos dos quais padeceram de 
fome e de frio na travessia da Cordilheira dos Andes. 
Em algum ponto da viagem, quando os expedicionários já estavam bastante debilitados, Gonzalo 
encarregou um grupo, liderado por seu primo Francisco de Orellana, de seguir pelo rio em busca de 
alimentos. 
Entretanto, em vez de retornar com as provisões, o grupo de Orellana prosseguiu no curso do rio que 
hoje chamamos de Amazonas, viajando nove meses até alcançar a foz, em agosto de 1542. 
O diário de viagem do frei Gaspar de Carvajal, um dos integrantes do grupo, é o primeiro relato de uma 
jornada completa pelo Rio Amazonas, dos Andes até o Oceano Atlântico. Apesar de seu valor histórico, 
o diário não é um documento confiável, já que o frei se esforça em ressaltar os percalços enfrentados 
durante a viagem para justificar o descumprimento da ordem de regressar o mais rápido possível, levando 
alimentos para a expedição de Pizarro. A descrição do terrível combate travado com as guerreiras 
amazonas, que lutavam com a força comparada à de muitos homens e exerciam o poder sobre diversas 
tribos indígenas, reforçao caráter fantasioso do documento. 
Nos anos seguintes, diversas outras expedições comandadas pelos espanhóis percorreram trechos 
da Bacia Amazônica, sempre animadas pela busca de tesouros. Porém, o interesse pela região logo seria 
ofuscado pela descoberta das imensas jazidas de prata na região de Potosí (atual Bolívia), que atraiu 
grande parte dos exploradores e aventureiros espanhóis. 
Enquanto isso, franceses, ingleses e holandeses, inimigos tradicionais dos espanhóis, estabeleciam 
feitorias no baixo curso do Rio Amazonas. 
Durante a União Ibérica (1580-1640), período no qual Portugal e Espanha formaram uma única 
monarquia, os portugueses começaram a se estabelecer na foz do Amazonas. No início do século XVII, 
as expedições pelo Amazonas tornaram-se oficiais. Partiam da foz e eram organizadas para expulsar 
holandeses e ingleses, senhores de muitas feitorias ao longo do curso dos rios, e impedir o contrabando 
de produtos nativos, como madeira e pescado. 
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Com o fim da União Ibérica, a Coroa portuguesa intensificou a ocupação militarizada da região, 
erguendo uma rede de fortificações lusitanas ao longo da calha central do Rio Amazonas. Entre eles, 
destaca-se o Forte de São José do Rio Negro, criado em 1668, em torno do qual surgiu o arraial de Lugar 
da Barra, mais tarde elevado à categoria de vila e, depois, de cidade, com o nome de Barra do Rio Negro. 
Em 1856, a cidade foi rebatizada e passou a se chamar Manaus, em homenagem aos índios da etnia 
manaó. 
Para preservar a hegemonia na região, a Coroa ainda estimulou a ação das missões religiosas, que 
utilizavam a mão de obra indígena na coleta das "drogas do sertão" e na produção de alimentos. 
No entanto, foi em meados do século XVIII que o Império Português de fato consolidou sua soberania 
na área, criando o estado do Grão-Pará, com capital em Belém. Na nova estrutura política e 
administrativa, o Grão-Pará, marcado pelas baixas densidades demográficas e pelo extrativismo, passou 
a ser uma unidade distinta de Estado do Brasil. 
Com a independência do Brasil em 1822, o estado do Grão-Pará foi dissolvido e tornou-se parte do 
Império Brasileiro, cujo poder administrativo concentrava-se no Rio de Janeiro. No entanto, dada a 
precariedade das suas redes de transporte e comunicações, a região permaneceu durante muito tempo 
isolada do centro político e econômico do país. 
 
A Conquista da Fronteira Interna 
O empreendimento de conquista e incorporação efetiva da vasta porção setentrional do Brasil teve 
início após a Revolução de 1930, marcada pela centralização do poder, e prosseguiu nas décadas 
seguintes, quando a Amazônia Legal se tornou uma região de planejamento. 
As políticas que orientaram essa conquista geraram um conflito entre dois tipos de ocupação do espaço 
regional. O povoamento tradicional, em grande parte herdeiro das atividades missionárias, marcado 
pelo extrativismo e pela agricultura de excedente, consistiu numa ocupação linear e ribeirinha, assentada 
na circulação fluvial e na rede natural de rios e igarapés: a "Amazônia dos rios". O novo povoamento 
seguia a trajetória dos eixos de circulação viária, na qual eram implantados núcleos urbanos e projetos 
florestais, agropecuários e minerais; é a chamada "Amazônia das estradas". 
O conflito entre o modo de ocupação tradicional e o moderno, representado pelos eixos viários, 
expressou-se na tensão social que envolveu índios, posseiros e grileiros. Até os dias atuais, as disputas 
por terra configuram um "arco de violência" nos municípios da Amazônia Legal. 
De outro lado, a conquista da Amazônia resultou na modificação antrópica das paisagens e na 
degradação progressiva dos ecossistemas naturais. Um "arco da devastação" demarca as áreas de 
ocupação recente do Grande Norte. Nos estados de Tocantins, Pará e Maranhão, a devastação antrópica 
atinge formações do Cerrado, da Floresta Amazônica e da Mata dos Cocais. No Mato Grosso e Rondônia, 
manifesta-se com intensidade no Cerrado, na Floresta Amazônica e nas largas faixas de transição entre 
esses domínios. 
 
Focos de calor na Amazônia – 2000/2010 
 
 
 
Os focos de calor marcam a ocorrência das queimadas que abrem os terrenos para as atividades 
agropastoris ou minerais, resultando em um arco de devastação dos ecossistemas amazônicos. 
 
 
 
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Os Novos Eixos de Integração e a Ocupação do Espaço Amazônico 
A construção de rodovias foi fundamental para a inserção da região amazônica nos fluxos e circuitos 
econômicos nacionais. Belém e Manaus são os dois centros urbanos que polarizam a rede urbana 
regional. 
 
As políticas voltadas para a conquista integraram a Amazônia às dinâmicas territoriais nacionais. Esse 
processo se realizou por meio de dois vetores. 
Um primeiro vetor estruturou-se originalmente na década de 1960, em torno do eixo viário da Belém-
Brasília. Nas décadas seguintes, a exploração dos minérios da Serra de Carajás, a implantação da E. F. 
Carajás e do Porto de Itaqui e a construção da hidrelétrica de Tucuruí reforçaram esse vetor, estendendo-
o até São Luís (MA). 
Uma vasta mancha de povoamento, nucleada por áreas de intensa modificação das paisagens 
naturais, desdobrou-se de sul a norte no estado de Tocantins e avançou pelas porções meridional e 
oriental do Pará e por todo o oeste maranhense. 
Um segundo vetor estruturou-se a partir da década de 1970, em torno do segmento sul da Cuiabá-
Santarém (BR-163) e da Brasília-Acre (BR-364). Portanto, a integração viária com o Centro-Oeste 
ocorre através de Rondônia, até Rio Branco, no Acre. Ao longo desse eixo aparecem as principais áreas 
de desflorestamento, associadas à expansão da fronteira agrícola. 
No norte de Mato Grosso e em Rondônia, a colonização agrícola impulsionada por migrantes do 
Centro-Sul originou dezenas de novos núcleos urbanos. Ao mesmo tempo, a criação e consolidação da 
Zona Franca de Manaus (ZFM) transformava a capital amazonense em importante centro industrial e 
reforçava seus vínculos externos com os capitais e mercados do Centro-Sul. 
 
Os Novos Caminhos para Manaus 
Na década de 1980, a ocupação intensiva de Roraima foi facilitada pela pavimentação da rodovia 
Manaus-Boa Vista (BR-174), que atravessa a fronteira setentrional do país, interligando-se às rodovias 
da Venezuela. Ao longo do seu eixo, na porção central de Roraima e nas proximidades de Manaus, 
surgiram em poucos anos largas faixas de devastação. A construção dessa estrada e a concomitante 
implantação do imenso reservatório da hidrelétrica de Balbina desfiguraram a reserva indígena Waimiri-
Atroari, localizada no vale do Rio Jauaperi, a oriente do Rio Branco. A BR-174 foi a primeira rodovia 
pavimentada a alcançar Manaus, que até então só podia ser atingida por via fluvial ou aérea. 
O novo eixo destina-se a projetar a influência da ZFM para os países vizinhos. A produção industrial 
do enclave amazonense é parcialmente responsável pelo superávit do Brasil nas trocas comerciais 
realizadas com a Venezuela e pode impulsionar os fluxos de comércio do país com as economias centro-
americanas. 
No entanto, o isolamento físico do enclave de Manaus está sendo rompido em outra direção. O projeto 
de pavimentação da Porto Velho-Manaus (BR-319) pretende conectar a metrópole da Amazônia 
Ocidental e o vetor de ocupação estabelecido em Rondônia. Com a Hidrovia do Madeira, essa estrada 
tem como objetivo consolidar um corredor de exportação para os produtos agrícolas de Rondônia e Mato 
Grosso, através do Rio Amazonas. 
O eixo em implantação pode acarretar, porém, nova frente de devastação da Floresta Amazônica. A 
fronteira agrícola de Rondônia já se moveu até Humaitá, no sudoeste do Amazonas, primeira cidade 
alcançada pela pavimentação da BR-319. Em torno da cidade, uma larga mancha de desflorestamento 
assinala a abertura da floresta para a exploraçãoda madeira, acompanhada pelo avanço da 
agropecuária. 
 
Os Impactos da BR-319 
"Se por um lado a construção e a pavimentação de estradas na Amazônia geram benefícios na forma 
de redução de custos de transportes, por outro lado impulsionam o desmatamento, os conflitos sociais e 
a ilegalidade. A eficiência econômica e os efeitos diversos dos projetos precisam ser identificados e 
instrumentos que garantam uma distribuição mais equânime de custos e benefícios entre os atores 
afetados precisam ser implantados. 
Neste estudo, utilizamos a análise custo-benefício para avaliar a eficiência econômica do projeto de 
recuperação do principal segmento da Rodovia BR-319, localizado entre os quilômetros 250,00 e 655,70, 
no estado do Amazonas, de forma a contribuir com a discussão dessas questões. Este trecho encontra-
se fortemente deteriorado e virtualmente intransitável desde 1986. 
Planeja-se sua recuperação dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo 
Federal. 
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[...] As obras aqui analisadas, com custo de implantação de cerca de 557 milhões de reais, incluem a 
recuperação e a pavimentação da rodovia e a construção de quatro novas pontes entre Manaus e Porto 
Velho, o que viabilizará o tráfego continuado entre Manaus e o resto do país. 
A análise [...] demonstra que o projeto é inviável economicamente, gerando prejuízos de cerca de 316 
milhões de reais, ou 33 centavos de benefícios para cada real de custos, em valores atuais. Isso significa 
que para que o projeto alcance viabilidade econômica, os benefícios brutos estimados teriam de ser 
multiplicados por três. [...] 
Modelagens recentes indicam que o projeto provocará forte desmatamento no Interflúvio Madeira-
Purus, com a perda de importantes recursos naturais ainda em excelente estado de conservação, caso 
políticas eficazes de contenção do desmatamento não sejam implantadas. Estimamos que o custo 
econômico parcial do desmatamento [...] poderia alcançar aproximadamente 1,9 bilhão de reais, em 
valores atuais. Destes, 1,4 bilhão corresponderia ao efeito negativo do projeto sobre as mudanças 
climáticas globais, valor muito superior aos benefícios brutos gerados pelo projeto, de 153 milhões de 
reais." FLECK. Leonardo C. Eficiência econômica, riscos e custos ambientais da reconstrução da rodovia BR-319. Lagoa Santa: Conservação Estratégica, 2009. 
p. 19-20. 
 
Redes Urbanas Regionais 
Enquanto a Amazônia se integrava ao Centro-Sul, a rede urbana regional tornava-se mais complexa 
e diferenciada. Nesse processo, a influência vasta e difusa de Belém sobre todo o espaço amazônico 
desvanecia-se, em razão da emergência de Manaus. 
Na última década, configurou-se uma situação de dupla polarização, na qual se desenham esferas 
de influência distintas das metrópoles do Amazonas. 
Durante a década de 1970, com a fronteira agrícola avançando em Mato Grosso e em Rondônia, 
ocorreu o acelerado desenvolvimento de Porto Velho e, em grau menor, dos núcleos instalados junto à 
rodovia, como Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná e Ariquemes. 
Na década seguinte, a fronteira agrícola moveu-se até o sul do Acre, acompanhando o trecho 
pavimentado da BR-364. Nas áreas das cidades de Xapuri e Brasileia, as atividades madeireiras 
avançaram sobre os seringais, provocando conflitos e impulsionando a organização dos seringueiros. 
 
Cenários Futuros: Entre a Devastação e a Tecnologia 
Para romper o ciclo de devastação e desigualdade social será preciso o desenvolvimento de políticas 
territoriais que valorizem as comunidades locais e a preservação da biodiversidade. 
As políticas territoriais amazônicas implementadas pela ditadura militar nortearam-se pela meta 
geopolítica de “conquista” da Amazônia. O planejamento regional elaborado nesse contexto 
fundamentou-se num conceito distorcido de desenvolvimento, que estimula a acumulação de capital por 
grandes empresas e o uso predatório dos recursos naturais. Os largos e extensos corredores de 
devastação ambiental e as vastas manchas de desflorestamento, assim como a poluição de rios e 
igarapés pelos subprodutos do garimpo, são resultado das opções de planejamento adotadas nesse 
período. 
As políticas amazônicas dissociaram a noção de desenvolvimento de seu conteúdo social. A abertura 
de rodovias de integração e a implantação de grandes projetos geraram intensos fluxos migratórios para 
a Amazônia, além do esvaziamento demográfico de várzeas e igarapés. A exclusão social se materializa 
nas periferias das cidades médias, nos povoados miseráveis nascidos junto a empreendimentos minerais 
e florestais e no surgimento de populações itinerantes, que vagueiam à procura de escassas 
oportunidades de trabalho. 
O novo ciclo de obras rodoviárias na Amazônia, especialmente a Cuiabá-Santarém (BR-163) e a 
Porto Velho-Manaus (BR-319), visa estabelecer a ligação entre Manaus e Porto Velho, mas ameaçava 
reproduzir, em escala ampliada, os desastres sociais e ambientais do ciclo anterior. A alternativa consistia 
em redefinir o sentido do planejamento regional, priorizando o desenvolvimento social e a valorização dos 
ecossistemas naturais. A geração de empregos e a exploração sustentável dos recursos naturais são as 
metas a serem perseguidas por um planejamento regional renovado. 
 
Um Zoneamento Econômico e Ecológico 
O planejamento regional da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) baseou-
se em estudos de pequena escala, inadequados para a definição das realidades sociais e vocações 
ecológicas de áreas de médias e pequenas dimensões. Contudo, um planejamento regional voltado para 
o desenvolvimento sustentável não pode abrir mão do reconhecimento dessas áreas e suas 
peculiaridades. Atualmente, as imagens de satélite e as técnicas de cartografia computadorizada 
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fornecem os meios necessários para a elaboração de estudos em média e grande escala, produzindo um 
zoneamento econômico e ecológico do imenso espaço amazônico. 
A "conquista" da Amazônia deixou como herança um mosaico complexo, no qual vastas áreas de 
paisagens naturais quase intactas intercalam-se com zonas de garimpo, grandes projetos e corredores 
de devastação. Um zoneamento econômico e ecológico destina-se a elucidar a organização desse 
mosaico, criando bases para a seleção de políticas específicas para cada área. 
Um passo inicial consistiria em distinguir os espaços de preservação (reservas indígenas e unidades 
de proteção ambiental) dos espaços disponíveis para a valorização econômica, e cartografá-Ios nas 
escalas adequadas. Um segundo passo consistiria no planejamento das modalidades de uso do solo, das 
instalações de infraestrutura viária e energética e no desenvolvimento urbano dos espaços disponíveis. 
O incentivo ao aproveitamento econômico da biodiversidade também pode proporcionar vantagens 
econômicas. Os produtos naturais da floresta encontraram novas e sofisticadas aplicações nas indústrias 
farmacêutica, de cosméticos e de alimentos. Além disso, as universidades e os institutos científicos da 
Amazônia pesquisam técnicas adequadas para o cultivo de espécies como a seringueira e a castanheira. 
Esses projetos experimentais sugerem caminhos para a elaboração de modelos agrícolas a serem 
implantados em áreas degradadas dos corredores de ocupação. 
 
 
Desmatamento causado pelo garimpo de diamantes na reserva indígena Roosevelt, em Vilhena (RO, 2007) 
 
 
Transporte de carga na BR-155, no trecho que liga Marabá e Eldorado dos Carajás (PA, 2013) 
 
Região Sul 
 
Herdeira de uma padrão de colonização baseado em pequenas propriedades voltadas para os 
mercados internos, a Região Sul atualmente se destaca na produção industrial e agrícola e apresenta 
indicadores sociais acima da média nacional. 
Quanto à distribuição populacional, a Região Sul é a mais homogênea do país devido à área reduzida 
dessaregião e à sua ocupação em pequenas propriedades com produções diversificadas, o que pode 
ser relacionado com o processo de ocupação e desenvolvimento de núcleos populacionais no interior dos 
estados. 
Referente à distribuição de renda, a Região Sul apresenta uma distribuição menos desigual que a 
média do Brasil. Enquanto a parcela da população com rendimento mensal de até um salário mínimo é 
5,8% menor que a nacional, os percentuais das outras classes de rendimento dessa região são maiores 
do que os brasileiros. 
 
 
 
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Diversificação Econômica 
A diversificação em diferentes setores econômicos acarretou transformações sociais na Região Sul. A 
modernização da agricultura e o fortalecimento da agroindústria aceleraram o êxodo rural, aumentando a 
migração para outros estrados e a ocupação de áreas urbanas. 
Por ser a população bem distribuída no território, a estrutura fundiária é a menos desigual do pais. As 
terras parceladas em pequenas propriedades são características da agricultura familiar. 
Em 2011, mais de 2,7 milhões de pessoas trabalhavam na indústria, compondo na Região Sul o maior 
percentual regional de trabalhadores nessa atividade. 
Embora se destaquem as indústrias têxtil e alimentícia na Região Sul, o segundo maior polo industrial 
automobilístico brasileiro foi implantado na década de 1990 na Região Metropolitana de Curitiba. 
 
Região Sul: Domínios Naturais 
Entre os aspectos naturais da Região Sul destacam-se o clima subtropical, o relevo 
predominantemente planáltico e a presença de formações vegetais características, como a Mata das 
Araucárias e as pradarias. 
A Região Sul é formada pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A região faz 
fronteira com três países sul-americanos: a oeste com Paraguai e Argentina, e ao sul com Uruguai. Em 
2011, a população da região chegava a 27.875.000 habitantes, ou seja, 14,27% da população do país. 
O clima subtropical predomina na região. No inverno, as baixas temperaturas que ocorrem 
principalmente nas áreas serranas e planálticas provocam geadas e até neve. Regiões litorâneas e com 
menores altitudes, como os vales dos rios Paraná e Uruguai, apresentam temperaturas elevadas no 
verão. No norte do Paraná aparece o clima tropical. 
Nos três estados da Região Sul predominam os planaltos recobertos originalmente pela Mata das 
Araucárias. Os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná se estendem a oeste do Paraná até o Rio 
Grande do Sul, os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, a leste, e o Planalto Sul-Rio-
Grandense, no extremo sul. No centro, aparece a Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do 
Paraná, e mais ao sul a Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense. No litoral do Rio Grande do Sul 
predomina a Planície da Lagoa dos Patos e Mirim. 
Ao longo do litoral, os planaltos da Região Sul apresentam escarpas de altitudes mais elevadas: a 
Serra do Mar e a Serra Geral. No sudoeste do Rio Grande do Sul destaca-se a Campanha Gaúcha, com 
relevo de coxilhas (levemente ondulado) coberto por campos limpos. Essa unidade de relevo é parte 
brasileira da vasta planície platina, o Pampa, que abrange também o Uruguai e a Argentina. Nessas 
áreas, aprecem os banhados, ecossistemas úmidos ricos em espécies animais e vegetais. 
 
Região Sul – unidades da federação 
 
 
http://files.planetagaia.webnode.com/200000586-08de109d58/mapa-regiao-sul.jpg. 
 
Grande parte dos rios da Região Sul pertence à Bacia Platina, formada pelos rios Paraná, Paraguai 
e Uruguai e afluentes. O Rio Uruguai nasce em território brasileiro, da fusão dos rios Canoas (SC) e 
Pelotas (RS), e serve de divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Brasil e Argentina, e Uruguai 
e Argentina, desaguando no Estuário do Prata. O Rio Paraná, segunda maior bacia fluvial em área e 
potencial hidrelétrico do Brasil, oferece condições de navegabilidade. A Hidrovia Tietê-Paraná tornou-se 
um importante sistema de transporte, aproximando o Brasil dos seus parceiros do Mercosul. 
Outro problema ambiental que ocorre em áreas do sudoeste do Rio Grande do Sul é o processo de 
arenização dos solos, ou seja, o aumento dos depósitos arenosos, dificultando a fixação da vegetação. 
Em área subtropical úmida, onde o processo ocorre, a água e os ventos têm importante papel na 
mobilidade dos sedimentos. 
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As enxurradas provocam erosão e os ventos dispersam a areia, formando dunas e expandindo o 
processo. 
A substituição da vegetação nativa dos pampas e pela pecuária extensiva ou agricultura comercial 
explica a degradação dos solos na região. A arenização atinge quase 4 mil hectares, em áreas dos 
municípios de Alegrete, São Francisco de Assis, Santana do Livramento, Rosário do Sul, Uruguaiana, 
Quaraí, Santiago, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, São Borja, Unistalda e Cacequi. 
No oeste do estado do Paraná, na fronteira com a Argentina, o Parque Nacional do Iguaçu, criado 
em 1934 e tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade em 1986. Constitui uma grande reserva 
florestal e inclui parte da cabia hidrográfica do Rio Iguaçu, que percorre todo o estado do Paraná, e as 
Cataratas do Iguaçu. 
 
Ocupação Territorial 
Iniciada pelos portugueses no século XVII, a colonização da Região Sul ganhou impulso no século 
XIX, quando de estabeleceram os principais núcleos de povoamento fundados pr imigrantes europeus. 
O território que hoje pertence aos estados da Região Sul inicialmente não fazia parte da América 
portuguesa, tendo ficado fora dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. Expedições 
exploradoras haviam percorrido a costa no século XVI, mas somente no século XVII começaram as 
atividades colonizadoras na região. 
Com o domínio espanhol sobre Portugal (1580-1640), o Tratado de Tordesilhas perdeu sua validade, 
uma vez que todas as terras pertenciam ao monarca espanhol. Colonos portugueses então se 
estabeleceram em territórios espanhóis, adquirindo para Portugal soberania sobre essas áreas. Jesuítas 
ultrapassaram a linha de Tordesilhas ao sul, fundando missões em áreas da campanha gaúcha, onde 
índios aldeados criavam gado - trazido dos territórios que formaram o Uruguai e a Argentina - e plantavam 
erva-mate. Outros povoados também foram fundados, como o de Nossa Senhora do Desterro, atual 
Florianópolis. 
Ainda no século XVII, os bandeirantes pau listas iniciaram o apresamento dos índios aldeados nas 
missões - que se destinavam à sua proteção e catequese - para vendê-las às capitanias luso-espanholas, 
produtoras de açúcar. 
Com a expulsão dos holandeses do Nordeste (1654), o tráfico negreiro voltou a abastecer os 
engenhos. No entanto, quando o domínio espanhol chegou ao fim, as missões estavam praticamente 
destruí das; o gado, solto, começou a se reproduzir nos campos do sul. Tropeiros paulistas, índios 
aldeados e pessoas errantes passaram então a se dedicar à caça do gado selvagem e ao comércio de 
couro. 
Com a descoberta de ouro e o desenvolvimento das minas gerais durante o século XVIII, os tropeiros 
desenvolveram um novo negócio: caçavam os animais, reuniam estes em currais e os transportavam até 
as áreas mineradoras. 
À Coroa portuguesa, porém, interessava garantir a posse das terras do sul. Para isso, na metade do 
século XVIII, Portugal enviou casais de açorianos ao território do atual Rio Grande do Sul e de Santa 
Catarina, especialmente para a faixa litorânea, com o objetivo de povoar a região. Lotes de terras também 
foram doados a tropeiros, que, além de se fixar na área, deram início à criação do gado em grandes 
estâncias - atividade que se transformaria numa das mais importantes do atual Rio Grande do Sul. 
No século XIX, surgiram diversos núcleos de povoamento na Região Sul. Em 1808, famílias de 
açorianos fundaram a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Os primeiros imigrantes alemães se 
dirigirampara a atual cidade de São Leopoldo, no vale do Rio dos Sinos, em 1824. Os italianos chegaram 
a partir de 1875 e foram assentados em Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi. 
Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, os alemães formaram colônias de povoamento baseadas 
no cultivo de trigo e da policultura, ao passo que os italianos dedicaram-se ao cultivo da uva. No Paraná, 
imigrantes eslavos voltaram-se para o extrativismo de madeira. Estavam lançadas as raízes de uma 
economia rural diversificada, baseada na policultura e no trabalho familiar. 
 
Região Sul: Dinâmicas Econômicas 
Na Região Sul, os ramos industriais que mais se desenvolveram utilizam como matéria-prima os 
produtos da agropecuária. Porto Alegre e Curitiba, porém, destacam-se pela diversidade de seus parques 
industriais, que incluem também os setores metalúrgico e automobilístico. 
No século XVIII, teve início uma das primeiras e mais importantes atividades econômicas da Região 
Sul- a pecuária. Preocupada em garantir a posse das terras na área, evitando o avanço espanhol, a Coroa 
portuguesa passou a distribuir lotes de terras aos tropeiros, permitindo que os rebanhos soltos, quase 
dizimados pela caça e venda na região mineradora, passassem a ser criados em grandes estâncias, de 
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forma extensiva, espalhando-se pelo território do atual Rio Grande do Sul. Formava-se, assim, uma classe 
de grandes pecuaristas, que comercializavam charque ou carne-seca. 
Na região do atual Paraná, a extração das folhas dos arbustos de erva-mate teve início ainda no século 
XVII, e aos poucos se transformou em uma das principais atividades econômicas da Região Sul. Na 
segunda metade do século XIX, foi a vez do café. As primeiras fazendas já ocupavam o norte paranaense 
quando agricultores mineiros e paulistas levaram mudas para a região. 
No século XX, a Região Sul modernizou-se seguindo o contexto brasileiro e mundial, mas de acordo 
com características próprias resultantes da base econômica, social e cultural construída durante os 
períodos colonial, imperial e republicano, com importantes contribuições dos imigrantes. Nas áreas 
urbanas o artesanato familiar evoluiu para a moderna e diversificada atividade industrial. Nas áreas rurais, 
as pequenas e médias propriedades familiares se expandiram. Como resultado, a Região Sul apresenta 
indicadores sociais favoráveis em relação a outras regiões brasileiras. Em 2010, dados do IBGE 
indicavam menor taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais (5,5%), as menores taxas de 
mortalidade infantil (15,10%) e a mais alta esperança de vida ao nascer (75,2 anos). Observe a tabela. 
 
 
 
Agropecuária 
Em 2012, o Paraná respondia por 19.1 da produção agrícola nacional; o Rio Grande do Sul estava em 
terceiro lugar, com 12.1, e Santa Catarina, em nono lugar, com 3,6. No que diz respeito à produção de 
cereais, leguminosas e oleaginosas, o Sul perde apenas para o Centro-Oeste. 
Na Região Sul, a produção agropecuária pode estar associada à indústria: é o caso da cultura da uva 
à fabricação de vinhos, do cultivo do milho à criação de frangos e porcos ou da pecuária leiteira às usinas 
de leite e fábricas de laticínios. 
A modernização da agropecuária tem provocado mudanças na estrutura agrária em toda a Região Sul, 
com o aumento da concentração fundiária e dos movimentos de luta pela terra, a partir da década de 
1980. Pequenos proprietários e trabalhadores rurais perderam suas terras e trabalho, tendo como 
consequência o aumento de boias-frias e de migrações para as cidades, para outras regiões ou mesmo 
para outros países, como o Paraguai. 
Nas pastagens naturais da Região Sul desenvolve-se a pecuária extensiva de corte, geralmente em 
grandes propriedades e com poucos trabalhadores. 
 
Indústria e Tecnologia 
Os ramos industriais na Região Sul evoluíram inicialmente graças às matérias-primas fornecidas pela 
agropecuária - couro e calçados (pecuária), móveis (pinho), têxteis (algodão) e bebidas (uva, mate). 
O maior centro industrial da Região Sul é Porto Alegre. Bastante diversificado, conta com indústrias 
alimentícias, de fiação e tecelagem, de produtos minerais não metálicos, siderúrgicas, mecânicas, de 
material eletrônico, químicas, de couros e de bebidas. Rio Grande, Pelotas e Caxias do Sul destacam-se 
nos setores de alimentos, tecidos, móveis e calçados. O complexo metal mecânico desenvolveu-se em 
Gravataí, Canoas, Guaíba e Cachoeirinha. São Leopoldo e Novo Hamburgo são importantes pelos da 
cadeia produtiva de artigos de couro. Em São Leopoldo está se formando um importante polo de 
informática. A indústria automobilística ganhou força com a instalação de uma grande fábrica em Gravataí, 
na Grande Porto Alegre, em 2000. 
No Rio Grande do Sul, as aglomerações industriais se caracterizam por empresas que inovam e 
diferenciam produtos, ou seja, a dinâmica industrial nessa região é influenciada por empresas de maior 
conteúdo tecnológico. 
Pequenas e médias empresas têm se destacado na busca de alternativas competitivas. 
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O setor industrial de Santa Catarina também é muito importante; porém, ao contrário das outras 
capitais de estado no Brasil, a cidade de Florianópolis não ocupa o primeiro lugar na economia do estado. 
Essa posição cabe a Joinville, município mais populoso no norte catarinense, importante polo metal 
mecânico, além de centro de serviços. Com grandes empresas dos setores metal mecânico, químico, 
plástico e têxtil, tornou-se um dos mais dinâmicos polos industriais do sul do país. 
No Vale do Itajaí, onde se situam as cidades de Brusque, Blumenau, Pomerode, entre outras, 
estabeleceu-se um dos mais importantes parques têxteis do país, a partir de pequenas unidades fabris 
dos imigrantes europeus, sobretudo alemães. Blumenau destaca-se também por desenvolver um polo 
tecnológico. No eixo Chapecó-Seara-Concórdia, a produção industrial voltou-se para o setor alimentício 
de processamento de produtos suínos e avícolas. 
Apresentam ainda índice de industrialização alto os municípios de Criciúma, Lages e Joaçaba. A 
estrutura portuária concentra-se nos portos de Itajaí, Imbituba e São Francisco do Sul. 
Curitiba é o segundo maior centro industrial da Região Sul, com destaque para os estabelecimentos 
do setor mecânico e, mais recentemente, para as indústrias de ponta geradoras de maior valor agregado. 
Em 1999, uma importante montadora de carros alemã instalou-se na região de São José dos Pinhais 
(área metropolitana de Curitiba); em seguida, estabeleceram-se uma americana e outra francesa, 
consolidando um polo automobilístico na região. 
 
Turismo e Integração 
Com paisagens variadas e os invernos mais rigorosos do país, a Região Sul atrai grande número de 
turistas. Cidades com características europeias, como Canela e Gramado, ou centros produtores de 
vinho, como Bento 'Gonçalves e Caxias do Sul, são lugares procurados pela culinária e atrativos culturais 
no Rio Grande do Sul. 
Durante o verão, os litorais de Santa Catarina e do Paraná recebem muitos turistas estrangeiros. 
Tradições e festas típicas são eventos que tornam concorridos lugares como Blumenau, onde se realiza, 
em outubro, a festa da cerveja, chamada Oktoberfest, de origem alemã. 
No Rio Grande do Sul, as ruínas das povoações jesuítas do século XVII, em São Borja e São Migue 
das Missões, foram transformadas pela Unesco em patrimônio da humanidade. Em Ponta Grossa, no 
Paraná, o Parque Estadual de Vila Velha apresenta interessantes formações rochosas esculpidas pela 
erosão causada pelas chuvas e pelos ventos. 
Todos os estados da Região Sul contam com zonas de fronteira, ou seja, faixas territoriais localizadas 
de cada lado de um limite internacional. Nas zonas de fronteira desenvolveram-se diversas cidades 
cortadas por limites internacionais. Essas cidades-gêmeas geralmente apresentamgrande fluxo de 
pessoas e mercadorias e integração econômica e cultural. 
 
 
Oktoberfest em Blumenau (SC, 2010). A festa teve origem em Munique (Alemanha) no início do século XIX, e hoje é celebrada também em diversos municípios de 
Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. 
 
Região Centro-Oeste 
 
O Meio Natural e os Impactos Ambientais 
A Região Centro-oeste é formada pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e pelo 
Distrito Federal, ocupando cerca de 18% do território e abrigando pouco mais que 7% da população do 
país. 
O clima tropical é predominante na Região Centro-oeste, caracterizado por estação bem seca no 
inverno e outra chuvosa no verão. O norte da região está’ sob influência do clima equatorial úmido e da 
massa equatorial continental. 
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No extremo sul da região as frentes frias da massa polar atlântica causam instabilidades no inverno e 
queda da temperatura, ocasionando as friagens, quando a temperatura pode cair bastante. No verão, as 
temperaturas são mais elevadas, com máximas oscilando entre 30ºC e 40ºC. 
O Cerrado predomina na Região Centro-Oeste. Em seu limite oeste, localiza-se o Pantanal, enquanto 
o limite norte caracteriza-se pela presença da Floresta Amazônica; ao sul ocorrem remanescentes da 
Mata Atlântica. 
O Cerrado apresenta grande biodiversidade. Na vegetação, encontram-se formações florestais (mata 
ciliar, mata seca e cerradão), formações savânicas (cerrado no sentido restrito, arque de cerrado, 
palmeiral e vereda) e campestres (campo sujo, campo limpo e campo rupestre). 
Variações do tipo de solo e nas formas de relevo explicam essas diferenças: a mata galeria, por 
exemplo, formada por espécies arbóreas, ocorre nas margens de rios, em vales úmidos. 
Nas últimas décadas, a expansão rápida e intensiva da agropecuária tem provocado a destruição de 
matas ciliares e de reservas permanentes do Cerrado. Na região das nascentes do Rio Araguaia, por 
exemplo, a erosão provoca voçorocas (erosões profundas que atingem o lençol freático). O 
assoreamento dos rios e a poluição dos aquíferos também são problemas comuns no Cerrado. 
Iniciativas importantes do Governo Federal, como o Programa Nacional de Conservação e Uso 
Sustentável do Bioma Cerrado e o Programa Cerrado Sustentável buscam promover a conservação, 
a recuperação e o manejo sustentável desse bioma, além de incentivar a valorização e o reconhecimento 
das populações tradicionais. Entretanto, isso não tem sido suficientes para conter a devastação. 
Quatro bacias hidrográficas drenam a Região Centro-oeste: Amazônica (Rio Xingu e afluentes do 
Amazonas), do Paraguai, do Tocantins-Araguaia e Platina (rios Paraná e Uruguai). 
O relevo do Centro-Oeste é predominantemente planáltico. 
Nele, destacam-se os Planaltos e Serras de Goiás-Minas, os Planaltos e Chapadas dos Parecis, os 
Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná e as Serras Residuais do Alto Paraguai. Entre os Planaltos, 
estão encaixadas depressões como a Marginal sul-amazônica, e do Alto Paraguai-Guaporé e a do 
Araguaia. 
 
O Pantanal 
A planície do Pantanal Mato-Grossense e a do Rio Guaporé localizam-se a oeste da região. O 
Pantanal é uma planícies sujeita a inundações sazonais, em decorrência da pequena declividade de seu 
relevo e do padrão de drenagem da bacia do Rio Paraguai. A vegetação é mista (cerrados, florestas, 
campos, charcos inundáveis e ambientes aquáticos), e mais de mil espécies animais, incluindo cerca de 
650 tipos de aves aquáticas, vivem na região. 
No Pantanal, a expansão da agropecuária e as queimadas acarretaram a supressão de parte da 
vegetação e a contaminação dos corpos d’água por agrotóxicos. Além disso, o pantanal recebe os rejeitos 
da atividade mineradora de exploração de diamantes e de ouro, especialmente o mercúrio, altamente 
poluente. Diversos programas e políticas ambientais têm sido desenvolvidos pelo governo federal para 
proteger o bioma, prevendo o manejo correto de bacias hidrográficas, saneamento e apoio ao produtor. 
A Floresta Amazônica se estende pela metade norte do estado do Mato Grosso, e se encontra bastante 
ameaçada por desmatamentos e queimadas. A expansão da fronteira agropecuária nessa área, para 
plantio ou criação de gado, atinge áreas de conservação ambiental e provoca erosão e assoreamento 
nos rios. 
 
Ocupação Territorial e Dinâmicas Econômicas 
Originalmente, os territórios que hoje compõem a Região Centro-Oeste eram habitados por diversos 
agrupamentos indígenas, especialmente os bororo. Nos termos do Tratado de Tordesilhas, assinado 
em 1494, essas terras pertenceriam à América espanhola. Entretanto, a partir do século XVI, sucessivas 
ondas de bandeirantes paulistas se dirigiram para a região com a finalidade de aprisionar e escravizar 
indígenas, desbravando o interior do Brasil. 
No final do século XVII, estimulados pela descoberta de ouro em Minas Gerais, os bandeirantes 
passaram a se aventurar em terras cada vez mais distantes. Subindo o Rio Cuiabá e alcançando o 
território bororo, os bandeirantes encontraram ouro e iniciaram a conquista do território que atualmente 
corresponde ao Mato Grosso. Enquanto isso, expedições pelo sertão descobriam minas de ouro no 
território que hoje compreende o estado de Goiás, onde foi fundada a Vila Boa, embrião da atual cidade 
de Goiás. 
Em 1726, Rodrigo César de Meneses, capitão-geral de São Paulo, chegou às minas chamadas de 
Cuiabá, fundando, no ano seguinte, a Vila Real do Bom Jesus, que já contava com dois portos fluviais. 
Deles, partiam as expedições que visavam ao apresamento de indígenas no Pantanal. 
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A cidade de Goiás, conhecida como Goiás Velho, foi fundada em 1726 pelo filho do bandeirante 
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera. Em 2001 foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio 
Cultural da Humanidade. 
Em 1748, preocupada com a posse dessas terras, a Coroa portuguesa criou a capitania de Mato 
Grosso, com sede em Vila Bela da Santíssima Trindade, fundada pelo mineradores às margens do Rio 
Guaporé. Posteriormente, a sede da capitania foi transferida para a Vila de Cuiabá. A Capitania de Goiás, 
com sede em Vila Bela, também foi criada em 1748. 
Em 1750, a assinatura do Tratado de Madri entre Portugal e Espanha legalizou a posse efetiva da 
região pelos portugueses. Porém, com a anulação desse tratado, ocorrida em 1761, a Coroa portuguesa 
passou a implantar uma rede de fortificações para garantir a posse da margem direta do Rio Guaporé: o 
Forte de Conceição foi erguido em 1762 e o Forte de Príncipe da Beira, em 1776. O Tratado de Santo 
Idelfonso, firmado pelas coroas ibéricas em 1777, finalmente ratificou a soberania portuguesa sobre o 
território das duas capitanias ocidentais. 
A partir de então, o povoamento luso-brasileiro passou a avançar na direção do Rio Tocantins, 
dizimando os índios caiapó de Goiás, os xavante do Araguaia e, mais tarde, os canoeiro do Tocantins. 
Do século XIX em diante, com o declínio da mineração, as províncias de Mato Grosso e de Goiás 
conheceram um longo período de decadência econômica e de isolamento. Apenas as atividades agrícolas 
de subsistência, como a extração da borracha, a criação de gado e a exploração de erva-mate, 
sobreviveram na região. 
 
A Ocupação Moderna do Centro-Oeste 
Ao longo do século XX, porém, o isolamento da região foi sendo vencido gradativamente com a 
transformação dos estados do Centro-Oeste em área de atração populacional. 
A inauguração de Goiânia, em 1933, a Marcha para o Oeste, iniciada por Getúlio Vargas na década 
de 1940, a construção de Brasília, assim como as políticas de integração nacional consolidadas pela 
ditadura militar na década de 1970, incentivaram a migração para o Centro-Oeste, contribuindo para 
acelerar o povoamento da região. 
No início do século XX, a abertura da Estrada de Ferro Noroeste Brasil (Bauru-Corumbá)ajudou a 
intensificar os fluxos entre o Sudeste e o Centro-Oeste. A ferrovia abriu a fronteira para a pecuária do 
Mato Grosso, permitindo o transporte do gado vivo até os frigoríficos de São Paulo e do Rio de Janeiro. 
A partir da década de 1960, rodovias como a Belém-Brasília, a Cuiabá-Porto Velho e a Brasília-Acre 
transformaram-se em plataforma para a conquista da Amazônia. 
Em 1977 o estado de Mato Grosso foi desmembrado, e dois anos depois oficializou-se a criação do 
estado de Mato Grosso do Sul. 
Goiás, por sua vez, foi desmembrado em 1988, quando se criou o estado de Tocantins, que atualmente 
pertence à Região Norte. Em ambos os casos, as justificativas utilizadas para o desmembramento foram 
a grande extensão desses estados, as dificuldades de planejamento e de administração. 
 
Cenário Econômico Recente 
Na década de 1970, teve início um período de intenso desenvolvimento econômico nos estados do 
Centro-Oeste, motivado principalmente pela modernização da agricultura. A mecanização, a 
introdução de novas culturas e o desenvolvimento de tecnologias e técnicas como a adubação e correção 
dos solos de cerrados impulsionaram a produtividade da agricultura regional, que se tornou altamente 
competitiva nos mercados internacionais. 
No entanto, essa modernização tem sido responsável por diferentes impactos ambientais, em especial 
o desmatamento. 
Desde a década de 1980, o incremento da produção agropecuária e os incentivos fiscais atraem 
para o Centro-Oeste indústrias ligadas à transformação de matérias-primas de origem animal ou vegetal. 
É o caso dos frigoríficos, das empresas de avicultura, do setor sucroalcooleiro e das indústrias que 
processam os grãos de soja. Instaladas próximos aos polos produtores, essas indústrias lucraram com a 
redução de despesas com fretes. 
Sendo assim, o panorama industrial da região é pouco diversificado. 
A exceção fica por conta de alguns polos produtivos instalados no eixo Brasília-Goiânia, em especial 
em Anápolis, que concentra empresas do setor farmoquímico e farmacêutico. 
Nas últimas décadas, o Mato Grosso do Sul foi o estado da região que apresentou maior crescimento 
econômico. A agricultura, praticada principalmente na porção leste do estado, beneficiou-se da 
proximidade com os grandes mercados consumidores do Sul e do Sudeste. Dados do Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística indicam que somente no estado de Mato Grosso, o crescimento da área 
plantada de soja foi de 28,7% entre os anos de 2008 e 2011. 
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A expansão dos canaviais para o Centro-Oeste também é fato recente. Os maiores índices de 
crescimento da produção de cana-de-açúcar são encontrados em Goiás e Mato Grosso do Sul. 
Além do aumento da área cultivada, destaca-se a instalação de usinas na região, o que fortalece a 
cadeia agroindustrial sucroalcooleira. 
A indústria do turismo também tem apresentado rápido crescimento na Região Centro-Oeste. O 
pantanal é a área mais visitada, embora os parques nacionais da Chapada dos Guimarães, em Mato 
Grosso, da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e das Esmas, no sudeste goiano, também contribuam 
para o aumento do número de turistas, atraídos pelas chapadas, cânions, quedas-d’água, cavernas e 
diversos sítios arqueológicos. 
No Rio Araguaia, na época da estiagem (junho a setembro), o nível das águas cai formando praias, 
tornando a região uma atração turística. 
Cidades históricas como Pirenópolis e Goiás, antiga capital goiana, atraem visitantes pelos sobrados 
coloniais preservados e pelas igrejas de arquitetura barroca. 
Em direção ao sul do estado, a cidade de Caldas Novas recebe em média um milhão de turistas por 
ano, em busca de suas fontes de água quente. 
Brasília apresenta arquitetura moderna e é considerada Patrimônio da Humanidade. 
 
Os Centros Urbanos 
A rede urbana do Centro-Oeste desenvolveu-se de maneira linear, seguindo as rodovias de integração 
e as ferrovias que ligam à Região Sudeste. 
Brasília, metrópole nacional, Goiânia, metrópole, assim como Campo Grande e Cuiabá, capitais 
regionais, situam-se sobre os grandes eixos viários. As cidades que exibem forte crescimento – como 
Dourados (MS), Rondonópolis (MT) e Anápolis (GO) – estão também situadas nesses eixos. 
 
A Cidade-Capital 
Brasília representa um caso especial, entre as grandes cidades brasileiras. Não simplesmente por ser 
uma cidade planejada: Belo Horizonte, fundada em 1897, e Goiânia, fundada em 1933, constituem outros 
exemplos de cidades planejadas no Brasil. A singularidade de Brasília reside na finalidade específica que 
orientou seu planejamento urbano – a criação de uma cidade-capital, condição que determinou a 
expansão demográfica e econômica da região. 
O Plano Piloto constitui o cerne da nova capital. É ele que está submetido ao plano urbanístico, com 
seu rígido sistema de aprovação de plantas destinado a conservar as características originais da cidade. 
Ideologicamente, esse plano, de autoria de Lúcio Costa, vinculava-se à tradição de pensamento 
urbanístico do francês Le Corbusier e da escola arquitetônica da Carta de Atenas, cujos princípios 
remontam ao IV Congresso de Arquitetura Moderna, realizado em 1933. A cidade deveria ser, a um só 
tempo, funcional e harmônica: uma engrenagem de residências, consumo e trabalho. Para isso, os 
planejadores deveriam dispor da capacidade de organizar o espaço de forma absoluta, excluindo as 
incertezas e os conflitos inerentes ao desenvolvimento espontâneo das aglomerações urbanas. A ordem 
seria um produto da autoridade e do saber urbanístico. 
A base espacial do plano urbanístico reside na segregação funcional. No interior do Plano Piloto, 
definiram-se as áreas reservadas às diferentes funções urbanas – administração pública, residências, 
comércio local e central, etc. 
Um eixo viário retilíneo, chamado Eixo Monumental, foi implantado e reservado aos palácios e edifícios 
destinados aos órgãos de poder político, à administração e às embaixadas. Esse eixo é cortado por um 
outro, arqueado, chamado Eixo Rodoviário, destinado à circulação expressa. Com 13 quilômetros de 
extensão e cinco pistas sem cruzamentos, ele separa a circulação municipal da circulação local. Juntos, 
os dois eixos têm o formato de asas de avião. 
Ao longo do Eixo Rodoviário alinham-se as superquadras, destinadas à moradia. Nessas áreas 
encontram-se escolas, igrejas e espaços de comércio local. Esses serviços localizam-se no interior dos 
conjuntos de superquadras, direcionado a circulação de pessoas para dentro e não para as ruas. O 
comércio de grande porte foi alocado em uma zona separada, no cruzamento entre os dois grandes eixos 
da cidade. Todo o sistema de zoneamento e circulação da cidade prioriza o automóvel, a circulação 
expressa. 
Concebida por Oscar Niemeyer, a arquitetura da capital é coerente com o plano urbanístico, visando 
reforçar simbolicamente a função de sede dos órgãos de poder político, que constitui a razão de ser de 
Brasília. 
 
 
 
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A Cidade Polinucleada 
O plano urbanístico não eliminou a clássica estruturação espacial das grandes cidades brasileiras: o 
contraste entre as áreas centrais reservada às classes médias e às elites, de um lado, e as periferias 
populares, de outro. No entanto, operou uma transformação radical nesse esquema, abrindo um espaço 
vazio entre a área central (o Plano Piloto) e a periferia (as cidades-satélite). O elevado preço dos 
terrenos no Plano Piloto empurrou os mais pobres para os núcleos urbanos satélites, que cresceram 
como verdadeiras cidades-dormitório. 
Embora não estivessem formalmente previstas no plano, as cidades-satélite desenvolveram-se para, 
de certa forma, protege-lo, evitando a concentração da pobreza. Dessa maneira, a capital cresceu como 
cidade polinucleada: uma única aglomeração urbana dispersa territorialmente em diversosnúcleos 
separados. Esses núcleos são chamados de regiões administrativas, já que a Constituição impede a 
formação de municípios autônomos no Distrito Federal. 
A maioria da população ativa que reside nas cidades-satélite trabalha no Plano Piloto e consome horas 
diárias em deslocamentos entre o local de moradia e o local de emprego. 
A concentração de recursos financeiros no Plano Piloto – que abriga uma elite de políticos, burocratas 
da administração pública e diplomatas estrangeiros – dinamiza a economia do Distrito Federal, atraindo 
migrantes para as cidades-satélite. Assim, o crescimento demográfico dos núcleos urbanos ao redor é 
muito superior ao da área central: em 1960, o Plano Piloto concentrava cerca de metade da população 
do Distrito Federal; atualmente essa proporção é inferior a 15%. 
 
Questões 
 
01. (PGE/RO – Técnico da Procuradoria – FGV) O desenvolvimento econômico da região norte pode 
ser entendido a partir da criação de um projeto ferroviário para interligar a região amazônica entre o final 
do século XIX e a primeira metade do século XX. No entanto, com o advento do regime militar brasileiro, 
nos anos 60 do século XX, o projeto ferroviário foi abandonado em razão da prioridade dada pelo regime 
militar ao transporte: 
(A) pluvial na região norte; 
(B) naval pelo litoral da região norte; 
(C) aéreo na região norte; 
(D) misto aéreo e pluvial da região norte; 
(E) rodoviário da região norte. 
 
02. (PGE/RO – Técnico da Procuradoria – FGV) “A sensação térmica pode chegar a 38º C neste 
sábado (5) na capital de Rondônia. De acordo com o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), o tempo 
deve ser firme em todo o estado no final de semana”. 
A previsão é de céu claro sem chuvas em todo o centro sul. Já nas demais regiões, incluindo Porto 
Velho, céu claro a parcialmente nublado com pancadas de chuvas e trovoadas em áreas isoladas, 
podendo ser acompanhada de rajadas de ventos no período da tarde e noite. (Fonte: http://g1.globo.com/, 05/09/2015. 
Acesso em 20/09/2015). 
A descrição do tempo apresentada na notícia revela características de temperatura e pluviosidade 
comuns na região norte do Brasil, onde predomina o clima: 
(A) equatorial, com baixa amplitude térmica anual e estações bem diferenciadas em termos de 
precipitação; 
(B) tropical úmido, mesotérmico em termos de temperatura e de pluviosidade irregular; 
(C) tropical semiúmido, de baixa amplitude térmica anual e duas estações pluviométricas bem 
definidas; 
(D) equatorial, com pequena variação de temperatura ao longo do ano e total pluviométrico anual 
elevado; 
(E) tropical, com temperaturas médias elevadas ao longo do ano e precipitação distribuída de forma 
irregular ao longo do ano. 
 
03. (Prefeitura de Santana do Jacaré/MG – Psicólogo – Reis & Reis) O Brasil segue, atualmente, 
a divisão regional estabelecida em 1970, em quantas regiões se divide o território brasileiro? 
(A) 06 regiões; 
(B) 05 regiões; 
(C) 04 regiões; 
(D) 01 região. 
 
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90 
 
04. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPE/GO) A região Centro-Oeste é uma das cinco regiões do 
Brasil definidas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Sobre ela, é correto afirmar: 
(A) É a primeira região do país em superfície territorial. 
(B) É formada pelos Estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso. 
(C) É formada somente pelos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. 
(D) É formada pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal. 
(E) É formada pelos Estados de Goiás, Tocantins, Minas Gerais e pelo Distrito Federal. 
 
05. (CODAR – Motorista – EXATUS/PR) O Brasil é dividido em 5 Regiões Geográficas, estas abrigam 
26 Estados e 1 Distrito Federal. Dadas estas informações, assinale a alternativa que apresenta as 
Regiões Geográficas Brasileiras que são formadas por apenas 3 Estados? 
(A) Apenas, Centro-Oeste. 
(B) Centro-Oeste e Sul. 
(C) Sul, apenas. 
(D) Nenhuma alternativa responde corretamente ao enunciado da questão. 
 
Gabarito 
 
01.E / 02.D / 03.B / 04.D / 05.B 
 
 
 
ESTRUTURA GEOLÓGICA E FORMAS DE RELEVO19 
 
O relevo influencia as atividades agrícolas, os sistemas de transporte e a malha urbana. Em todos 
esses casos se evidenciam a interação entre a sociedade e a natureza e a transformação do meio 
ambiente pelo ser humano, também demonstrando como o conhecimento das características do relevo 
são indispensáveis ao planejamento das atividades rurais e urbanas. 
 
Geomorfologia 
 
O relevo da superfície terrestre apresenta elevações e depressões de diversas formas e altitudes. É 
constituído por rochas e solos de diferentes origens, e inúmeros processos o modificam ao longo do 
tempo. A disciplina que estuda a dinâmica das formas do relevo terrestre é a geomorfologia. Observe o 
planisfério e as imagens a seguir. 
Planisfério físico 
 
http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/galeria/imagens/index.aspx?d=geografia&a=5&u=4&t=mapa 
 
19 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018. 
3. O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio 
ambiente. a. Geomorfologia do território brasileiro: O território brasileiro e a 
placa sul-americana; As bases geológicas do Brasil; as feições do relevo; os 
domínios naturais e as classificações do relevo brasileiro. 
 
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91 
 
Os mapas que indicam altitude de relevo são chamados mapas hipsométricos. A hipsometria é a 
técnica que representa as diferentes altitudes da superfície por meio de uma variação de cores. Em alguns 
mapas, o relevo submarino também é representado em diferentes tonalidades de azul. 
A fisionomia da paisagem terrestre é extremamente variada. Abaixo, dois exemplos de formações de 
relevo da superfície da Terra. 
 
Cânion do rio São Francisco, na divisa entre os estados de Sergipe, Alagoas e Bahia 
 
 
https://www.modices.com.br/dicas-de-viagem/canions-sao-francisco/ 
 
Região montanhosa na Patagônia 
 
 
https://www.viajali.com.br/fotos-apaixonantes-patagonia/ 
 
O relevo é resultado da atuação de agentes internos e externos na crosta terrestre. 
 
Agentes internos, também chamados endógenos, são aqueles impulsionados pela energia contida 
no interior do planeta. Esses fenômenos deram origem às grandes formações geológicas existentes na 
superfície terrestre e continuam a atuar em suas transformações. 
Observe a imagem do Monte Osorno (Chile), originado pelo vulcanismo, um dos agentes internos que 
alteram a paisagem terrestre. 
 
 
https://br.pinterest.com/pin/17592254764573916/ 
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92 
 
Agentes externos, também chamados exógenos, atuam na modelagem da crosta terrestre, 
transformando as rochas, erodindo os solos e dando ao relevo o aspecto que apresenta atualmente. Os 
principais agentes externos são naturais, a temperatura, o vento, as chuvas, os rios e oceanos, as 
geleiras, os microrganismos, a cobertura vegetal, mas há também a ação crescente dos seres humanos. 
Entre os agentes externos, destaca-se o ser humano. Mineração, aterramento, desmatamento, 
terraplanagem, canalização e represamento são exemplos de ações humanas que alteram diretamente 
as formas do relevo, como o que ocorreu com o pico do Cauê, em Itabira, em decorrência de intensa 
mineração. Abaixo imagens de como era o pico na década de 1970, e como foi posteriormente 
transformado em cratera. 
 
 
http://somagui.blogspot.com/2015/11/itabira-e-um-retrato-na-parede.html 
 
As forças externas naturais são, portanto, modeladoras e atuam de forma contínua ao longo do tempo 
geológico. Ao agirem na superfície da crosta, provocam a erosão e alteram o relevo por meio de suas 
três fases: intemperismo, transporte e sedimentação. 
 
Intemperismo →é o processo de desagregação (intemperismo físico) e decomposição (intemperismo 
químico) sofrido pelas rochas. O principal fator de intemperismo físico é a variação de temperatura (dia e 
noite, verão e inverno), que provoca dilatação e concentração das rochas, fragmentando-as. Já o 
intemperismo químico resulta, sobretudo, da ação da água sobre as rochas, provocando, com o passar 
do tempo, uma lenta modificação na composição química dos minerais. Ambos os intemperismos atuam 
concomitantemente, mas dependendo das características climáticas um pode atuar de maneira mais 
intensa que o outro. 
 
Transporte e sedimentação→ o material fragmentado pelo intemperismo está sujeito a erosão. 
Nesse processo, as águas e o vento desgastam a camada superficial de solos e rochas, removendo 
substâncias que são transportadas para outro local, onde se depositam ou se sedimentam. O relevo se 
modifica tanto no local de onde o material foi removido como no local onde ele é depositado, que forma 
ambientes de sedimentação: fluvial (rios), glaciário (gelo e neve), eólico (vento), marinho (mares e 
oceanos) e lacustre (lagos), entre outros. 
 
A atuação do intemperismo é acentuada ou atenuada conforme características do clima, da 
topografia20, da biosfera, dos minerais que compõem as rochas e do tempo de exposição delas às 
intempéries21. 
Os diferentes minerais apresentam maior ou menor resistência à ação do intemperismo e da erosão. 
Em ambientes mais quentes e úmidos, o intemperismo químico é mais intenso, enquanto em ambientes 
mais secos predomina o intemperismo físico. 
As rochas que compõem os escudos cristalinos, por serem de idades geológicas remotas, sofreram 
por mais tempo a ação do intemperismo e da erosão, o que se reflete em suas formas. As altitudes 
modestas e as formas arredondadas, como nos montes Apalaches (Estados Unidos), nos alpes 
Escandinavos (Suécia e Noruega), na serra do Espinhaço (Brasil) e nos montes Urais (Rússia), mostram 
a ação desses processos modeladores nas formas do relevo. 
A exposição ao sol aquece as rochas provocando sua dilatação. Com a chuva e a ação das marés, há 
queda brusca de temperatura, o que provoca contração e desagregação mecânica de partículas. 
 
 
 
 
20 Topografia é a ciência que estuda todos os acidentes geográficos definindo a sua situação e localização na Terra. 
21 Intempérie é o substantivo feminino que significa mau tempo ou tempestade. 
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Costão rochoso na ilha do Farol, em Arraial do Cabo (RJ) 
 
 
https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g1056623-d1368438-i95639294-Prainhas_do_Pontal_do_Atalaia-
Arraial_do_Cabo_State_of_Rio_de_Janeiro.html 
 
A erosão é resultado da ação de algum agente, como chuva, vento, geleira, rio ou oceano, que provoca 
o transporte de material sólido. Na imagem abaixo, dunas nos Lençóis Maranhenses, em Barreirinhas 
(MA), um exemplo de ação do vento (erosão eólica). 
 
 
https://www.xapuri.info/ecoturismo/dunas-lagos-lencois-maranhenses/ 
 
Curvas de Nível 
Refere-se à prática que consiste em arar o solo e semeá-lo seguindo as cotas altimétricas do relevo 
(curvas de nível ou isoípsas22), o que por si só já reduz a velocidade de escoamento superficial da água 
da chuva. 
 
 
https://www.gedtopografia.com/services/calculo-de-curva-de-nivel/ 
 
 
22 Isoípsa ou ¨ curva de nível¨ é o nome que se dá à uma linha que em um mapa topográfico une os pontos que apresentam a mesma elevação ou cota. A isoípsa 
é considerada uma “isolinha”. A representação da isoípsa é indispensável em um mapa topográfico. É muito usada também na agricultura moderna. 
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94 
 
Classificação do Relevo Brasileiro 
 
Em 1940, foi elaborada uma classificação dos compartimentos do relevo brasileiro considerada até 
então a mais coerente com a geomorfologia do nosso território. Seu autor foi o geógrafo e geomorfólogo 
Aroldo de Azevedo (1910-1974), que, considerando as cotas altimétricas23, definiu planaltos como 
terrenos levemente acidentados, com mais de 200 metros de altitude, e planícies como superfícies 
planas, com altitudes inferiores a 200 metros. Essa classificação divide o Brasil em sete unidades de 
relevo, com os planaltos ocupando 59% do território e as planícies, os 41% restantes. 
Em 1958, Aziz Ab’Sáber (1924-2012) publicou um trabalho propondo alterações nos critérios de 
definição dos compartimentos do relevo. A partir de então, foram consideradas as seguintes definições: 
Planalto → área em que os processos de erosão superam os de sedimentação. 
Planície → área mais ou menos plana em que os processos de sedimentação superam os de erosão, 
independentemente das cotas altimétricas. 
Essa classificação divide o Brasil em dez compartimentos de relevo, com os planaltos ocupando 75% 
do território e as planícies, 25%. 
Em 1989, Jurandyr Ross (1947) divulgou a mais recente classificação do relevo brasileiro, com base 
nos estudos e classificações anteriores e na análise de imagens de radar obtidas no período de 1970 e 
1985 pelo Projeto Radambrasil, que consistiu em um mapeamento complexo e minuciosos do país. Além 
dos planaltos e das planícies, foi detalhado mais um tipo de compartimento: 
Depressão → relevo aplainado, rebaixado em relação ao seu entorno; nele predominam processos 
erosivos. 
O território brasileiro possui, ainda, uma grande diversidade de formas e estruturas de relevo, como 
serras, escarpas, chapadas, tabuleiros, cuestas24 e muitas outras. 
 
Diferença Entre Forma e Estrutura do Relevo Brasileiro 
O território brasileiro é formado por estruturas geológicas antigas. Com exceção das bacias de 
sedimentação recente, como a do Pantanal Mato-Grossense, parte ocidental da bacia Amazônica e 
trechos do litoral nordeste e sul, que são do Terciário e do Quaternário (Cenozoico), o restante das áreas 
tem idades geológicas que vão do Paleozoico ao Mesozoico, para as grandes bacias sedimentares, e ao 
Pré-Cambriano (Arqueozoico-Proterozoico), para os terrenos cristalinos. 
No território brasileiro, as estruturas e as formações litológicas25 são antigas, mas as formas do relevo 
são recentes. Estas foram produzidas pelos desgastes erosivos que sempre ocorreram e continuam 
ocorrendo, e com isso estão permanentemente sendo reafeiçoadas (mudando de forma). Desse modo, 
as formas grandes e pequenas do relevo brasileiro têm como mecanismo genético, de um lado, as 
formações litológicas e os arranjos estruturais antigos, de outro, os processos mais recentes associados 
à movimentação das placas tectônicas e ao desgaste erosivo de climas anteriores e atuais. Grande parte 
das rochas e estruturas que sustentam as formas do relevo brasileiro são anteriores à atual configuração 
do continente sul-americano, que passou a ter o seu formato depois da orogênese andina e da abertura 
do oceano Atlântico, a partir do Mesozoico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 Cota altimétrica é o número que exprime a altitude de um ponto em relação ao nível do mar ou a outra superfície de referência. 
24 Cuesta é uma forma de relevo em que colinas e montes têm um declive não simétrico, ou seja, suave de um lado e íngreme do outro. A palavra tem origem 
no idioma espanhol e significa encosta de uma colina ou monte. 
25 O termo litologia pode se referir ao estudo especializado em rochas e suas camadas e que estuda os processos de litificação, ou às categorizações referentes 
a esses mesmos processos e aos tempos geológicos em que ocorreram. Litologia está relacionada à rocha que irá formar o solo. 
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Classificação de Jurandyr L. S. Ross 
 
 
http://www.clebinho.pro.br/wp/?p=9992 
 
Bacia Sedimentar x Planície 
 
Não devemos confundir bacia sedimentar, denominação que se refere à estrutura geológica, com 
planície, que se refere à formado relevo. 
A estrutura sedimentar indica a origem, a formação e a composição de parte da crosta, ocorrida ao 
longo do tempo geológico. Durante sua formação, enquanto a sedimentação supera os processos 
erosivos, a bacia sedimentar é sempre uma planície. No entanto, uma bacia sedimentar que no passado 
foi uma planície pode estar atualmente sofrendo um processo de erosão, de desgaste, e, portanto, 
corresponder a um planalto ou a uma depressão, com as da Amazônia. Em contrapartida, bacias 
sedimentares que hoje ainda estão em processo de formação correspondem a planícies. Um exemplo: a 
planície do Pantanal. 
Na imagem abaixo pode-se observar um trecho do Pantanal, em Corumbá (MS), durante o período 
das cheias. Este é um exemplo típico de planície em formação, uma vez que durante as inundações 
anuais ocorre intensa sedimentação. 
 
 
http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2015/10/decreto-define-criterios-de-uso-sustentavel-do-pantanal-para-o-car.html 
 
Agora observe esse relevo de origem sedimentar que está sofrendo erosão e, portanto, é um planalto 
sedimentar, localizado na Chapada dos Guimarães (MT). 
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https://viagemeturismo.abril.com.br/cidades/chapada-dos-guimaraes/ 
 
Outras Formas do Relevo 
Ao estudarmos as formas do relevo brasileiro, encontramos ainda outras categorias: 
Escarpa → declive acentuado que aparece em bordas de planalto. Pode ser gerada por um movimento 
tectônico, que forma escarpas de falha, ou ser modeladas pelos agentes externos, que geram escarpas 
de erosão. 
Cuesta → forma de relevo que possui um lado com escarpa abrupta e outro com declive suave. Essa 
diferença de inclinação ocorre porque os agentes externos atuaram sobre rochas com resistências 
diferentes. 
Chapada → tipo de planalto cujo topo é aplainado e as encostas são escarpadas. Também é 
conhecido com planalto tabular. 
Morro → em sua acepção mais comum é uma pequena elevação de terreno, uma colina. Em sua 
classificação dos domínios morfoclimáticos, Ab’Sáber destacou os “mares de morros”. 
Montanha → os movimentos orogenéticos (enrugamento, dobra e soerguimento da crosta devido à 
ação das forças endógenas) deram origem às grandes cadeias montanhosas do planeta. Os dobramentos 
modernos do Cenozoico são o exemplo mais lembrado, pois são as maiores montanhas existentes, como 
os Andes e o Himalaia. No Brasil não ocorreram dobramentos modernos, mas sim dobramentos mais 
antigos que ao longo do tempo geológico foram modelados pelos processos exógenos, dando origem a 
formas rebaixadas e desgastadas (montanhas antigas), como o monte Roraima e as elevações dos 
planaltos e serras do Atlântico. 
Serra→ esse nome é utilizado para designar um conjunto de formas variadas de relevo, como 
dobramentos antigos e recentes, escarpas de planalto e cuestas. Sua definição e uso não são rígidos, 
sofrendo variação de uma região para outra do país. 
Inselberg → (do alemão, “monte ilha”), saliência no relevo encontrada em regiões de clima árido e 
semiárido. Sua estrutura rochosa foi mais resistente à erosão do que o material que estava em seu 
entorno. 
 
Questões 
 
01. (ENEM) Muitos processos erosivos se concentram nas encostas, principalmente aqueles 
motivados pela água e pelo vento. No entanto, os reflexos também são sentidos nas áreas de baixada, 
onde geralmente há ocupação urbana. 
 
 
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Um exemplo desses reflexos na vida cotidiana de muitas cidades brasileiras é 
(A) a maior ocorrência de enchentes, já que os rios assoreados comportam menos água em seus 
leitos. 
(B) a contaminação da população pelos sedimentos trazidos pelo rio e carregados de matéria orgânica. 
(C) o desgaste do solo nas áreas urbanas, causado pela redução do escoamento superficial pluvial na 
encosta. 
(D) a maior facilidade de captação de água potável para o abastecimento público, já que é maior o 
efeito do escoamento sobre a infiltração. 
(E) o aumento da incidência de doenças como a amebíase na população urbana, em decorrência do 
escoamento de água poluída do topo das encostas. 
 
02. (ENEM) As áreas do planalto do cerrado – como a chapada dos Guimarães, a serra de Tapirapuã 
e a serra dos Parecis, no Mato Grosso, com altitudes que variam de 400 m a 800 m – são importantes 
para a planície pantaneira mato-grossense (com altitude média inferior a 200 m), no que se refere à 
manutenção do nível de água, sobretudo durante a estiagem. Nas cheias, a inundação ocorre em função 
da alta pluviosidade nas cabeceiras dos rios, do afloramento de lençóis freáticos e da baixa declividade 
do relevo, entre outros fatores. Durante a estiagem, a grande biodiversidade é assegurada pelas águas 
da calha dos principais rios, cujo volume tem diminuído, principalmente nas cabeceiras. Cabeceiras ameaçadas. 
Ciência Hoje. Rio de Janeiro: SBPC. Vol. 42, jun. 2008 (adaptado). 
A medida mais eficaz a ser tomada, visando à conservação da planície pantaneira e à preservação de 
sua grande biodiversidade, é a conscientização da sociedade e a organização de movimentos sociais que 
exijam 
(A) a criação de parques ecológicos na área do pantanal mato-grossense. 
(B) a proibição da pesca e da caça, que tanto ameaçam a biodiversidade. 
(C) o aumento das pastagens na área da planície, para que a cobertura vegetal, composta de 
gramíneas, evite a erosão do solo. 
(D) o controle do desmatamento e da erosão, principalmente nas nascentes dos rios responsáveis pelo 
nível das águas durante o período de cheias. 
(E) a construção de barragens, para que o nível das águas dos rios seja mantido, sobretudo na 
estiagem, sem prejudicar os ecossistemas. 
 
Gabarito 
 
01.A / 02.D 
 
Comentários 
 
01. Resposta: A 
A erosão é um processo constituído por três etapas: intemperismo, transporte e sedimentação. As 
partículas das rochas são transportadas pelos agentes erosivos (água das chuvas, rios, ventos e outros) 
para as partes mais baixas do relevo e, quando o material sedimenta nos rios, provocam assoreamento 
e maior ocorrência de enchentes. 
 
02. Resposta: D 
As diferenças de altitude entre a planície do Pantanal e as serras e planaltos que o circundam o tornam 
uma área inundável. No tocante ao seu papel na manutenção do nível das águas, tanto no período 
chuvoso quanto no de estiagem, as agressões ambientais que acontecem no entorno do Pantanal 
causam impacto direito em seu interior, destacando-se a redução no volume de água disponível e o 
assoreamento. 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES AMBIENTAIS DO PLANETA26 
 
Os Problemas Ambientais: A Degradação Ambiental e seus Impactos 
 
Como introdução ao conteúdo de problemas ambientais mundiais, iniciemos observando a seguinte 
manchete: 
“As marcas da destruição do planeta - Nações Unidas radiografam em quinze fotos, a saúde da 
Terra e advertem que os Estados não estão no caminho certo para cumprir os principais tratados 
internacionais sobre meio ambiente”. (https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/13/album/1552476582_773089.html#foto_gal_5) 
Vamos observar abaixo as fotos chocantes e suas legendas: 
 
1) Caranguejo preso em um copo de plástico no mar na Passagem de Isla Verde, nas Filipinas, em 7 
de março de 2019. 
 
 
 
2) Algumas vacas atravessando a lagoa seca de Aculeo, em Paine (Chile), em 9 de janeiro de 2019. 
 
 
 
3) Poluição causada por veículos em uma rua em Nova Delhi (Índia), em 14 de novembro de 2017. 
 
 
 
 
26 TAMDJIAN, James Onning. Geografia: estudos para compreensão do espaço. 2ª edição. São Paulo: FTD, 2013. 
b. A questão ambiental no Brasil. 
 
Apostila gerada especialmente para: marcelo henrique swerei de souza 088.287.089-05
 
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4) Cão sobre uma montanha de lixo em Nova Delhi (Índia), em 5 de março de 2019. 
 
 
 
5) Casal junto a seus animais, resgatadosde uma inundação em Burgaw, Carolina do Norte (Estados 
Unidos), em 17 de setembro de 2018. 
 
 
 
6) Chaminés de uma refinaria de petróleo no estado de Utah (Estados Unidos), em 10 de dezembro 
de 2018. 
 
 
7) Voluntários limpando a baía de lixo de Lampung em Sumatra, em 21 de fevereiro de 2019. 
 
 
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100 
 
8) Edifícios envoltos por uma nuvem de poluição em Seul (Coréia do Sul), em 6 de março de 2019. 
 
 
 
9) Grupo de trabalhadores protegendo-se da poluição com máscaras durante uma manifestação em 
Seul (Coreia do Sul) em 6 de março de 2016. 
 
 
 
10) Vista aérea de uma área desmatada da floresta amazônica, no sudeste do Peru, causada pela 
mineração ilegal, em 19 de fevereiro de 2019. 
 
 
 
11) Bombeiros tentando apagar um incêndio na aldeia grega de Kineta, em 24 de julho de 2018. 
 
 
 
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101 
 
12) Vista aérea da ponte ferroviária derrubada por um deslizamento de terra após o colapso, em 25 de 
janeiro de 2019, de uma barragem em uma mina de minério de ferro em Brumadinho, Minas Gerais. 
 
 
 
13) Restos mortais de um urso polar morto como resultado da falta de comida devido à mudança 
climática, fotografado em julho de 2013, no oeste de Svalbard (Groenlândia). 
 
 
 
14) Vista aérea do desaparecimento do mar de Aral em 2018, no Uzbequistão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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102 
 
15) Mergulhadores nadando em uma cama de corais mortos na Ilha Tioman da Malásia, em 2018. 
 
 
 
Feita a análise das fotos acima, podemos concluir que a humanidade está diante de uma terrível crise 
ambiental. 
O modelo de desenvolvimento econômico calcado no avanço do industrialismo, no consumismo 
desenfreado e na exploração cada vez mais intensa dos recursos naturais do planeta tem levado tanto 
ao agravamento quanto ao surgimento de novos problemas ambientais. 
Diante dos problemas ambientais existentes no passado, os sintomas da crise ambiental 
contemporânea adquiriram proporções jamais alcançadas, atingindo, inclusive, as áreas mais remotas e 
inóspitas do planeta, como as regiões polares, que já sofrem os efeitos das alterações climáticas 
desencadeadas pela intensa poluição atmosférica. 
Esse exemplo do derretimento das geleiras polares no Ártico, decorrente do aquecimento atmosférico 
global, nos revela também outra face da problemática ambiental contemporânea, em que os problemas 
ambientais deixaram de se restringir no âmbito local ou regional para se tornarem questões de ordem 
planetária. 
 
As Origens dos Problemas Ambientais 
 
Desde a Antiguidade, o ambiente é um tema discutido pelas sociedades. Na Grécia antiga, por 
exemplo, os filósofos já debatiam sobre qual era a essência de tudo o que existe no mundo, especialmente 
da água, da terra, do fogo e do ar. 
As poucas, mas significativas, descobertas feitas por eles levaram-nos a acreditar que a Terra era 
perfeitamente harmônica, concebida por algo divino e de extrema inteligência. 
Aristóteles (c. 485 a.C-420 a.C.), um dos maiores pensadores gregos, defendia que todas as coisas 
na Terra, vivas e não vivas (como as rochas), tinham uma profunda ligação entre si e até mesmo uma 
essência comum, sendo úteis para a sobrevivência. Pouco a pouco se desenvolveu a ideia de que a Terra 
é um gigantesco ser vivo. 
Na Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), o ambiente passou a ser tratado isoladamente, como 
se fosse um conjunto de elementos que não tinham nenhuma relação com a sociedade e existiam apenas 
para atender às suas necessidades. 
Dentro desse contexto histórico, com suas características sociais, econômicas e políticas, os 
interesses econômicos privados tomaram-se explícitos e prevaleceram sobre qualquer alerta de 
problemas ambientais que poderiam surgir em longo prazo. 
De meados do século XIX até os nossos dias, ocorreu um verdadeiro saque aos recursos naturais e 
uma destruição de muitos elementos da natureza. 
 
A Sociedade de Consumo 
Vivemos em uma sociedade marcada e dominada pela lógica do consumo. Todos os seus 
componentes, jovens, adultos e idosos, sejam eles ricos ou pobres, estão inseridos nesse contexto. 
Grande parte dos meios de comunicação faz uma ligação entre o consumo e o prazer. São centenas 
de milhares de produtos apresentados como necessários para se alcançar a felicidade. 
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É cada vez mais comum observarmos que o ato de consumir é colocado como uma das formas que 
permite ao cidadão ou ao indivíduo sentir-se inserido na sociedade. 
A expansão acelerada do consumismo acarreta alta demanda de energia, minérios, água e tudo o que 
é necessário à produção e ao funcionamento dos bens de consumo. Esse padrão vem se difundindo em 
todo o globo, por uma espécie de globalização do consumo, que vem crescendo a cada ano. 
Extensos estudos feitos pela ONU, por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 
alertam para a velocidade de utilização dos recursos naturais, que já é muito maior que a capacidade de 
regeneração da natureza, uma vez que a reposição de alguns elementos é impossível, pois a escala de 
tempo para a sua formação é milhões de vezes maior que a da vida média dos seres humanos. 
 
O Consumo e seus Impactos no Espaço Urbano 
O consumo crescente também altera a paisagem urbana. As melhores áreas e as mais centrais, ou 
ainda com melhor acessibilidade, normalmente são dominadas pelo setor comercial, gerando uma 
hipervalorizarão dos imóveis em seu entorno. 
Essa especulação imobiliária nos grandes centros urbanos empurrou e ainda empurra um grande 
número de trabalhadores para locais distantes dos seus postos de trabalho. Quanto maiores forem os 
deslocamentos, maiores serão os custos de transporte e a poluição gerada. 
Um exemplo disso é a produção de veículos, que por sua vez está atrelada à produção de aço, 
petróleo, ferramentas e máquinas. Em uma sociedade de consumo, o investimento em transporte deve 
se manter vinculado à produção de mercadorias a serem transportadas. Portanto, mais consumo, maior 
produção; maior produção, mais transportes; mais transportes, maior emissão de poluentes. 
Por fim, a produção de energia deve também acompanhar o crescimento de todas essas atividades 
econômicas, o que demanda também maior produção de equipamentos. Note, portanto, que estamos 
praticamente em um ciclo vicioso. 
 
O Desenvolvimento Sustentável 
 
Apesar de relativamente recente, a ideia de desenvolvimento sustentável vem ganhando espaço com 
o desenvolvimento das relações internacionais intensificadas pelo aumento das trocas comerciais, 
principalmente nos últimos 200 anos. 
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é que essas preocupações ganharam relevância. 
Uma das principais razões para isso foi a tragédia das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki (1945), 
que mataram centenas de milhares de pessoas. Ao deixar um rastro de radioatividade, as bombas 
ampliaram muito as ocupações ambientais de uma considerável parcela da população mundial. 
Com a criação da ONU, em 1945, as relações internacionais passaram por uma mudança que também 
atingiu a questão ambiental. Em 1949 ocorreu a conferência das Nações Unidas para a Conservação e 
Utilização dos Recursos (Unscur), em Nova York. 
Em 1968, intelectuais, empresários e líderes políticos criaram uma organização voltada ao debate 
sobre o futuro da humanidade, o chamado Clube de Roma, que financiava pesquisas para publicação de 
relatórios importantes. 
Em 1972 eles lançaram o relatório Limites do crescimento, em conjunto com cientistas do 
Massachusetts Institute of Technology (MIT). Esse relatório gerou muita polêmica, pois basicamente 
afirmava que, se continuassem os ritmos de crescimento da população, da utilização dos recursos 
naturaise da poluição, a humanidade correria sérios riscos de sobrevivência no final do século XXI. 
 
Um Novo Patamar de Discussões a partir de 1972 
Em 1972, a ONU organizou a Conferência de Estocolmo, conhecida também como a Primeira 
Conferência Internacional para o Meio Ambiente Humano. 
Já se sabia que a economia do planeta consumia um volume cada vez maior de combustíveis fósseis 
e recursos não renováveis, lançando bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, criando 
assim, uma grande instabilidade climática. 
Era preciso reduzir o impacto das atividades econômicas, mas, para isso, fazia-se necessário reduzir 
o consumo e o desperdício. Começava, então, uma corrida para se atingir o desenvolvimento sustentável. 
Efetivamente, poucos avanços foram conseguidos ao final desse encontro em 1972. Porém, a 
sensibilização das lideranças da comunidade internacional acabou levando a ONU a criar, naquele 
período, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, conhecida pela sigla Pnuma. 
No entanto, tanto os países em desenvolvimento quanto os muito pobres não estavam interessados 
em abrir mão das vantagens do desenvolvimento econômico em nome da preservação ambiental. Assim, 
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como havia muitas discussões sem solução, foi adotado um primeiro conceito chamado 
“ecodesenvolvimento27”. 
Somente em 1987 o Pnuma divulgou o relatório Nosso futuro comum, sendo o primeiro grande 
documento científico que apresentou com detalhes as causas dos principais problemas ambientais e 
ecológicos. 
A grande contribuição desse documento foi a popularização do chamado desenvolvimento 
sustentável, como um aperfeiçoamento do ecodesenvolvimento. 
Para atingir o desenvolvimento sustentável seria necessário: 
→ A implantação de projetos econômicos baseados em tecnologias menos agressivas ao ambiente 
como uma forma de ajuda ao combate das instabilidades e do subdesenvolvimento, que representavam 
um risco para o equilíbrio ecológico, justamente pela falta de recursos para implementar as mudanças 
necessárias; 
→ O combate da pobreza humana, uma vez que populações desempregadas e desamparadas tendem 
a retirar recursos da natureza de forma descontrolada para sua sobrevivência, incluindo assim, o conceito 
de desenvolvimento social; 
→ A tomada de decisões sobre os caminhos a serem tomados, com ampla participação da sociedade, 
para que fossem revertidos em resultados positivos ao equilíbrio ambiental, incluindo assim, a 
democracia. 
Assim, definiu-se o conceito de desenvolvimento sustentável: 
Desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades da geração presente sem 
comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. 
 
Eco 92 
 
Em junho de 1992, a ONU organizou na cidade do Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), que ficou conhecida como Cúpula da Terra ou Eco 
92. 
Entre os objetivos principais dessa conferência, destacaram-se: 
→ Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações com o estilo de 
desenvolvimento vigente; 
→ Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não poluentes aos países 
subdesenvolvidos; 
→ Incorporar critérios ambientais ao processo de desenvolvimento; 
→ Prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais; 
→ Reavaliar os organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as 
decisões da conferência. 
Abaixo vamos conhecer algumas resoluções e documentos importantes da ECO-92. 
 
A Convenção do Clima 
A Convenção do Clima atribuiu aos países desenvolvidos a responsabilidade pelas principais emissões 
poluentes, dando a eles os encargos mais importantes no combate às mudanças do clima. Aos países 
em desenvolvimento, concedeu-se a prioridade do desenvolvimento social e econômico, mantendo, 
porém, a tarefa de controlar suas parcelas de emissões de poluentes na medida em que se 
industrializassem. As recomendações da convenção foram: 
→ Adotar políticas que promovessem eficiência energética e tecnologias mais limpas; 
→ Reduzir as emissões do setor agrícola; 
→ Desenvolver programas que protegessem os cidadãos e a economia contra possíveis impactos da 
mudança do clima; 
→ Apoiar pesquisas sobre o sistema climático; 
→ Prestar assistência a outros países em necessidade; 
→ Promover a conscientização pública sobre essa questão. 
Infelizmente os acordos da Eco 92 ficaram apenas no plano das boas intenções. 
 
 
 
 
 
27 O ecodesenvolvimento é um conjunto de ideias e procedimentos que dão prioridade ao processo criativo de transformação do meio em que vivemos, porém, 
com a ajuda de técnicas ecologicamente corretas e que sejam adequadas a da um dos lugares. São as populações desses lugares que devem se envolver, se 
organizar, utilizar os recursos naturais de forma prudente e procurar soluções que em a um futuro digno. 
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A Convenção da Biodiversidade 
Nessa convenção, estava prevista a transferência de parte dos recursos ou lucros obtidos com a 
exploração e comercialização dos recursos naturais para o seu local de origem, que receberia esse 
volume de dinheiro para aplicar em programas de preservação e de educação ambiental. 
Esse tratado visava a favorecer o diálogo Norte-Sul, ou seja, as relações entre os países desenvolvidos 
e as nações em desenvolvimento. Porém, muito pouco foi feito. 
A evolução dos estudos genéticos levou a biotecnologia a adquirir a capacidade de alterar e reproduzir 
organismos, como plantas e seres vivos em geral. Esse fato dotou os países ricos da possibilidade de 
explorar produtos naturais e modificá-los geneticamente, adquirindo o direito de patentear tais espécies. 
Isso abriu espaço para a biopirataria. 
 
A Agenda 21 
Esse documento, assinado pela comunidade internacional durante a Eco 92, assumiu compromissos 
para a mudança do padrão de desenvolvimento no século XXI. Ou seja, a Agenda 21 procurou traduzir 
em ações o conceito de desenvolvimento sustentável. 
O termo "agenda" teve, nesse caso, o sentido de intenções, isto é, de propostas de mudanças, visando 
a criar um modelo de civilização pelo qual sejam possíveis a convivência e a simultaneidade do equilíbrio 
ambiental com a justiça social entre as nações. 
A Agenda 21 buscava: 
→ Geração de emprego e de renda; 
→ Diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda; 
→ Mudança nos padrões de produção e consumo; 
→ Construção de cidades sustentáveis; 
→ Adoção de novos modelos e instrumentos de gestão. 
No entanto, para alcançar essas metas, era preciso mobilizar, além dos governos, todos os segmentos 
da sociedade. 
 
Uma Nova Etapa Pós Eco 92: o Protocolo de Kyoto 
 
Como estava previsto na Convenção do Clima, assinada durante a Eco 92, deveria ocorrer um novo 
encontro internacional para se discutir a redução da emissão de gases responsáveis pelo aumento da 
temperatura do planeta. 
Tal reunião ocorreu em 1997, em Kyoto, no Japão, onde líderes de 160 nações assinaram um 
compromisso que ficou conhecido como Protocolo de Kyoto. 
Esse documento previa, entre 2008 e 2012, um corte de 5,2% nas emissões dos gases causadores do 
efeito estufa, em relação aos níveis de 1990. 
Para entrar em vigência, o Protocolo de Kyoto deveria ser ratificado por, no mínimo, 55 governos, que, 
se somados, representariam no mínimo 55% das emissões de CO² produzidas pelos países 
industrializados. Essa porcentagem foi adotada para que os Estados Unidos, um dos maiores poluidores 
do planeta, não pudesse impedir, sozinho, a adoção dessas medidas. 
 
A Rio+10 
 
Em 2002, mais uma vez a ONU tentou estabelecer ações globais para a melhoria da qualidade de 
vida. Tal medida ficou conhecida como Rio+10, a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, 
que se realizou em Johanesburgo, na África do Sul.Os principais temas então abordados foram: 
Clima e energia: foi estabelecido o uso de energias limpas, mas não foram determinadas as metas. 
Por isso, os ambientalistas protestaram, afirmando que o texto permitia a inclusão da energia nuclear, já 
que incentivava as energias avançadas; 
Subsídio agrícola: segundo muitos críticos, a superficialidade do texto fortaleceu a OMC, controlada 
pelos países ricos, e esvaziou o papel mediador da ONU; 
Protocolo de Kyoto: desde o protocolo, pouco mudou, pois os países que não haviam assinado até 
então, apenas prometeram que estudariam o caso (exceto os Estados Unidos, que até mesmo abandonou 
a reunião antes de seu final); 
Biodiversidade: decidiu-se reduzir o ritmo de desaparecimento de espécies em extinção e repassar 
os recursos obtidos pela exploração de produtos naturais para seus locais de origem; 
Água e saneamento: foi decidido que se devia aumentar o número de pessoas com acesso à água 
potável. Os críticos afirmaram, porém, que o texto poderia ser mais específico quanto aos procedimentos 
conjuntos a serem adotados; 
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Transgênicos: foram objeto de polêmica, pois as organizações supranacionais recomendaram que 
regiões com fome crônica adotassem esses alimentos. Por outro lado, o mesmo documento dizia que os 
países teriam o direito de rejeitar os transgênicos até o surgimento de estudos mais conclusivos; 
Pesca e oceano: o tema constituiu a maior conquista da reunião, já que previa a criação de áreas de 
proteção marinha e a abolição imediata de qualquer subsídio à atividade pesqueira irregular. 
 
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) 
 
No fim dos anos 1980, aumentou-se a percepção de que as atividades humanas eram cada vez mais 
prejudiciais ao clima do planeta. A ONU convocou cientistas do mundo todo para acompanhar esse 
processo e, com a colaboração de 130 governos, criou-se o Painel Intergovernamental de Mudanças 
Climáticas (IPCC). 
O principal papel desse organismo foi o de criar relatórios e documentos para acompanhar a situação 
ambiental do planeta e também o de fornecer essas informações para a Convenção do Quadro das 
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, órgão responsável por essas discussões. 
Em 2007, o IPCC recebeu, junto com o ex-vice-presidente estadunidense AI Gore, o prêmio Nobel da 
paz, pelo trabalho de divulgação e busca de conscientização sobre os riscos das mudanças climáticas. 
Veja os principais alertas do IPCC: 
→ A temperatura da Terra deve subir entre 1,8ºC e 4ºC, nas próximas décadas, o que aumentaria a 
intensidade de tufões e secas, ameaçaria um terço das espécies do planeta e provocaria epidemias e 
desnutrição; 
→ O derretimento das camadas polares poderia fazer com que os oceanos se elevassem entre 18 e 
58 cm até 2100, fazendo desaparecer pequenas ilhas e, assim, obrigando centenas de milhares de 
pessoas a aumentar o fluxo dos chamados "refugiados ambientais". 
 
A Conferência de Copenhague 
 
Em dezembro de 2009, realizou-se em Copenhague, Dinamarca, a Cop-15 (Conferência da ONU sobre 
Mudanças do Clima), tendo como princípio norteador, as responsabilidades comuns, porém 
diferenciadas. Mas o que seria isso? 
Os países industrializados, que historicamente foram os primeiros a lançar uma quantidade maior de 
CO² e outros gases de efeito estufa na atmosfera, teriam uma responsabilidade maior no corte de 
emissões. Acreditava-se que eles fossem assumir plenamente uma meta de 25 a 40% de redução até 
2020. Os países emergentes seguiriam o mesmo caminho, mas com outras metas. 
 
A Rio+20 
 
Em 2012, o Rio de Janeiro foi sede de um evento para marcar o 20º aniversário da Conferência das 
Nações Unidas sobre Desenvolvimento do meio Ambiente, realizada em 1992, conhecida como Rio 92. 
O encontro foi popularmente chamado de Rio+20. 
A meta principal foi fazer um balanço dos últimos anos na busca de um modelo econômico baseado 
no desenvolvimento sustentável. Uma das principais resoluções foi transformar o Programa das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) numa agência da ONU, como por exemplos, a Organização 
Mundial da Saúde (OMS) ou a Organização Mundial do Comércio (OMC), o que lhe daria mais poderes 
e recursos. 
Um exemplo de avanço na Rio+20 foram acordos para a redução da emissões de gases causadores 
de efeito estufa. 
 
Os Principais Problemas Ambientais do Planeta 
 
Poluição Atmosférica 
A poluição do ar consiste no lançamento e acúmulo de partículas sólidas e gases tóxicos que se 
concentram na atmosfera terrestre alterando suas características físico-químicas. 
De maneira geral, os poluentes atmosféricos podem ser produzidos por fontes primárias ou 
secundárias. 
Os poluentes primários são aqueles liberados diretamente das fontes de emissão, como os gases que 
provém de queimadas em florestas ou da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão), lançados 
do escapamento dos veículos automotores e também das chaminés das fábricas, entre eles, monóxido 
de carbono (CO), dióxido de carbono (CO²), dióxido de enxofre (SO²) e metano (CH4). 
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Os poluentes secundários, por sua vez, são aqueles formados na atmosfera a partir de reações 
químicas entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera, como o ácido sulfúrico 
(H²SO4), ácido nítrico (HNO³) e ozônio (O³). A esses poluentes somam-se ainda materiais particulados 
que abrangem um grande conjunto de poluentes formados por poeiras, fumaças, materiais sólidos e 
líquidos, que se mantêm suspensos na atmosfera. 
Desde o início da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, o nível de poluentes na atmosfera 
terrestre vem aumentando exponencialmente com o avanço da industrialização, dos meios de transportes 
e demais atividades econômicas que se desenvolvem apoiadas na queima de combustíveis fósseis. 
Milhares de toneladas de gases poluentes são lançados todos os dias na atmosfera terrestre, 
desencadeando uma série de problemas ambientais, com impactos que ocorrem tanto em escalas local 
e regional (como o fenômeno das inversões térmicas e das chuvas ácidas) quanto em escala global (como 
a diminuição da camada de ozônio e a ocorrência do efeito estufa). 
A alta concentração de poluentes no ar forma uma camada de partículas em suspensão, parecida com 
uma neblina, conhecida como smog, fazendo com que a visibilidade diminua. Também causa muitos 
problemas de saúde, principalmente relacionados ao sistema respiratório e cardiovascular. 
Em grandes centros urbanos dos países industrializados, é frequente os níveis de poluição do ar 
ultrapassarem os limites estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esses gases 
poluentes são provenientes da queima de florestas e, em especial, de combustíveis fósseis (petróleo e 
carvão). Os principais agentes poluidores são os veículos automotores e as indústrias, sobretudo as 
termelétricas, siderúrgicas, metalúrgicas, químicas e refinarias de petróleo. 
Um exemplo disso é a população chinesa, que é aconselhada constantemente a usar máscara para 
sair às ruas, evitar exercícios ao ar livre e, em dias críticos, é alertada a permanecer no interior de suas 
casas, devido aos altos níveis de poluição do ar encontrados em diversas províncias do país. Foram 
registradas milhares de mortes, principalmente na última década, decorrentes de problemas respiratórios 
e cardiovasculares agravados pela poluição do ar. 
Inversão Térmica 
Em condições normais, o ar presente na Troposfera28 costuma circular em movimentos ascendentes, 
o que ocorre em razão das diferenças de temperatura entre o ar mais aquecido e, portanto, mais leve, 
nas camadas mais baixas, e o ar mais frio e mais denso, nas camadas mais elevadas. 
Em regiões afetadas por intensa poluição atmosférica, como os grandes centros urbanos, a fuligem e 
os gases poluentes lançados pelas chaminésdas fábricas e pelo escapamento dos veículos automotores 
tendem a se dispersar por meio dessas correntes ascendentes. 
Em dias mais frios, com baixas temperaturas e pouco vento, típicos do outono e do inverno, a ausência 
de corrente de ar dificulta a dispersão dos poluentes atmosféricos. Nessa situação, o ar em contato com 
a superfície mais fria também se resfria, ficando aprisionado pela camada de ar mais quente acima, o que 
impede a dispersão dos poluentes atmosféricos. 
 
 
https://www.todamateria.com.br/inversao-termica/ 
 
Tem-se, assim, uma inversão da temperatura do ar atmosférico, a chamada inversão térmica, 
fenômeno que pode ser observado na forma de uma faixa cinza-alaranjada no horizonte dos grandes 
centros urbanos. 
 
 
28 A troposfera é a camada mais baixa da atmosfera terrestre, sendo a região em que vivemos e onde ocorrem os fenômenos meteorológicos. 
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https://www.ecycle.com.br/4175-inversao-termica.html 
 
Com a ausência dos ventos ascendentes, os poluentes atmosféricos deixam de dispersar e 
concentram-se próximos à superfície, o que compromete a qualidade do ar e gera problemas de saúde 
aos habitantes das grandes cidades. 
Quando expostas aos altos índices de poluição, muitas pessoas apresentam sintomas como dores de 
cabeça, coceira na garganta e irritação nos olhos, crises alérgicas e pulmonares, problemas que afetam 
principalmente crianças e idosos, mais sensíveis à poluição. 
 
As Mudanças Climáticas 
A humanidade já passou por períodos mais quentes que o atual e por períodos muito frios também. 
Dessa forma, muitos podem afirmar que as preocupações com o aquecimento são exageradas e que 
a Terra vai passar por períodos de resfriamento tal qual já ocorreu. 
Isso não é verdade. O problema está no fato de que se ampliou muito a emissão de CO² na atmosfera 
desde o início da Revolução Industrial. 
As fábricas e as indústrias usavam e ainda usam carvão mineral para gerar energia. Com o avanço 
das tecnologias, o petróleo passou a ser usado também como matéria-prima e fonte de combustíveis para 
muitos sistemas de transporte. 
Apesar de a emissão de poluentes não ser igual em todos os países e de os mais industrializados 
terem responsabilidade maior nesse processo, hoje já é possível afirmar que se trata de um problema 
global. 
Grandes quantidades de poluição produzidas em um lugar podem atingir outras localidades do planeta, 
em função da circulação das massas de ar que transportam esses rejeitos. 
 
O Desequilíbrio no Efeito Estufa 
O principal problema causado pelo CO² e por outros poluentes é o desequilíbrio no efeito estufa. 
Efeito estufa é um fenômeno natural, em que alguns gases funcionam como retentores de calor, 
condição fundamental para manter a existência de vida no planeta. 
 
 
https://www.grupoescolar.com/a/b/A6A65.jpg 
 
As temperaturas médias no mundo subiram muito nos últimos 150 anos, e a explicação está no 
acúmulo de gases causadores do efeito estufa. 
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O metano é outro gás muito agressivo. Sua capacidade de reter calor na atmosfera é 23 vezes maior 
que a do gás carbônico. Cerca de 30% das emissões mundiais de metano estão ligadas à pecuária, mas 
o metano é liberado também por outras fontes, como a queima de gás natural, de carvão e de material 
vegetal e também por campos de arroz inundados, esgotos, aterros e lixões. 
Entre os exemplos mais bem-sucedidos de combate à poluição atmosférica podemos citar a 
estruturação de áreas urbanas com base na circulação de transporte público e bicicletas ao longo de 
corredores e ciclovias, o que contribui para reduzir as emissões provenientes dos automóveis. 
Promover o uso de combustíveis alternativos, como o etanol e o biodiesel, que emitem menos gases 
poluentes do que a gasolina e o diesel convencional, além do desenvolvimento de carros elétricos, 
também podem ser medidas válidas para minimizar a poluição; porém, elas não reduzem a dependência 
da população em relação ao automóvel, objetivo que deve estar na agenda de qualquer sociedade 
sustentável. 
 
O Buraco na Camada de Ozônio 
No final do século XVIII e início do século XIX, o cientista holandês Martin van Marum, descobriu um 
gás com cheiro muito forte durante algumas experiências com reações químicas. 
Anos depois, o cientista alemão Christian Friedrich Schönbein, chamou esse gás de ozônio, quando 
percebeu que ele era liberado nos processos químicos de purificação da água. 
Schönbein também notou que esse gás subia pelo ar rapidamente e adquiria uma cor azul bem pálida. 
Ele acreditava então que o ozônio existia em grande quantidade nas altas camadas da atmosfera, fato 
que veio a ser comprovado por Gordon Miller Bourne Dobson por volta dos anos 1920. 
Por meio dessas pesquisas foi possível perceber que a camada de ozônio é um filtro natural para a 
Terra. A constituição química do gás detém os raios solares nocivos à saúde humana, portanto, a camada 
de ozônio é um dos elementos mais importantes para a manutenção da vida. 
A destruição dessa camada tem relação direta com o modo de vida e o modelo produtivo adotado pela 
economia mundial nos últimos tempos. 
Para refrigerar os alimentos usavam-se, no início do século XX, gases extremamente perigosos, como 
a amônia e o enxofre. No final dos anos 1920, Thomas Midgley Jr. descobriu um gás proveniente da 
combinação do carbono com o flúor e o cloro, trata-se do clorofluorcarboneto (CFC), depois registrado 
pela empresa dona da patente como gás fréon. 
Com inúmeras vantagens em relação aos outros gases, o fréon passou a ser usado largamente e 
permitiu a popularização das geladeiras domésticas, que eram impensáveis quando se usavam os outros 
gases. 
As pesquisas também permitiram a fabricação de espumas, produtos de limpeza, sprays e uma 
quantidade infinita de derivados desse gás. 
Em meados dos anos 1980, descobriu-se a existência de uma falha nessa camada protetora da Terra. 
Cientistas britânicos e estadunidenses anunciaram que havia um buraco de milhões de quilômetros 
quadrados na atmosfera sobre a Antártida. 
As pesquisas apontavam que esse buraco era causado pela emissão de gases fréon, que, quando 
sobem às altas camadas, destroem o ozônio e permitem a passagem dos raios solares nocivos à vida. O 
problema reside no fato de que esses gases duram na atmosfera entre 20 e 90 anos. 
 
 
https://www.bbc.com/portuguese/geral-45558884 
 
Na imagem acima, observa-se a Camada de ozônio sobre o Polo Sul, em setembro de 2018. Em roxo 
e azul estão as áreas que têm menos ozônio, enquanto em amarelo e vermelho, as que têm mais. 
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O buraco está principalmente sobre a Antártica, mas já se notam pequenas falhas também no 
Hemisfério Norte. Sabe-se que existe um sistema mundial de circulação de ar que acumula os gases 
fréon sobre a Antártica em quantidade máxima justamente nos meses mais frios, quando o ar fica mais 
denso e circula somente nas proximidades dessa área. Quando os raios solares mais fortes chegam a 
essa região no verão, as reações químicas quebram o ozônio e permitem a passagem dos raios nocivos. 
A solução para esse problema está ligada à redução da emissão de gás CFC, fato que já foi registrado 
muitas vezes por cientistas credenciados pela ONU. Para se chegar a esse pequeno avanço, foi assinado 
em 1987 o Protocolo de Montreal (Canadá), que previa a erradicação gradual da produção de CFC. 
Entre 1988 e 1995, o consumo do gás diminuiu quase 80% em escala mundial. Mesmo assim, 
especialistas acreditam existir um mercado paralelo e ilegal de CFC que movimenta milhares de toneladas 
de gás por ano. 
Esse quadro influencia diretamente a saúde humana. Especialistas na área de medicina afirmam que 
problemas como casos de catarata e câncer de pele vêm se avolumandoem grande escala no planeta. 
 
A Devastação das Florestas 
As atividades agropecuárias, a urbanização e a industrialização podem ser caracterizadas de maneira 
geral como os processos que iniciaram a devastação das florestas. 
Com o desenvolvimento da tecnologia em todos os campos da ação humana, surgiram métodos que 
aceleraram o desmatamento e acabaram afetando vastas áreas ricas em biodiversidade. 
Como exemplos, podem-se citar extensas áreas florestais da Europa e dos Estados Unidos 
praticamente extintas no final do século XIX e início do século XX. Esse processo esteve ligado ao 
desenvolvimento e ao avanço das relações capitalistas que se materializavam no território. 
Infelizmente esse processo de destruição continua até hoje e de forma cada vez mais preocupante. A 
instalação de atividades econômicas sobre áreas praticamente intactas é resultado da expansão da 
indústria madeireira, das atividades mineradoras, em especial as ilegais, e da corrida por novas áreas 
pela agricultura comercial, fato que ficou conhecido como expansão das fronteiras agrícolas. 
A partir dos anos 1980, principalmente, a consciência ecológica levou muitos países, em especial os 
mais desenvolvidos, a realizar programas de replantio de espécies nativas, o que possibilitou a 
recuperação de antigas áreas devastadas. Em contrapartida, nos países mais pobres e nas nações em 
desenvolvimento, essa tragédia natural tem crescido ano a ano. 
A atuação de grandes empresas exploradoras que operam em regiões florestais do planeta gera outros 
graves problemas. As populações das regiões florestais extremamente pobres viviam dos frutos das 
florestas de forma racional, uma vez que o ritmo de exploração das matas permitia a sua regeneração. 
Com a chegada das grandes empresas exploradoras, ocorreu uma radical mudança na vida dessas 
pessoas. 
Desprovidos de áreas para exercer suas atividades, os trabalhadores pobres empregam-se nessas 
companhias, recebendo baixíssimos salários. Aqueles que não trabalham nessas empresas acabam 
derrubando a mata para vender a madeira de forma ilegal e assim obter recursos para sustentar suas 
famílias. 
Nos últimos anos as preocupações estão cada vez maiores, pois mapeamentos detalhados mostram 
que a devastação põe em risco principalmente as florestas localizadas em regiões úmidas do planeta. 
São áreas de mata inundadas ou saturadas de água, como as várzeas dos rios, manguezais, florestas 
em áreas costeiras e próximas de grandes bacias hidrográficas. 
Na Ásia, a maior parte das terras úmidas florestadas estão ameaçadas pela expansão da agricultura 
comercial do arroz e pela exploração de madeira, como no caso da Indonésia, que já perdeu grande parte 
de sua cobertura florestal original. 
Todos os relatórios e avisos feitos pelos cientistas alertam que essas áreas úmidas devem ser 
preservadas, pois ajudam a regular o fluxo e o abastecimento de depósitos subterrâneos de água. Caso 
essas regiões entrem em colapso natural, isso pode gerar um efeito desastroso para a sociedade, que 
ficaria sem água. 
Uma experiência que merece menção é a da Finlândia. Quase 80% do território finlandês é coberto 
por florestas, o que é a maior taxa de ocupação florestal da Europa, em razão de as florestas terem sido 
consideradas patrimônio ecológico, social, cultural e econômico do país. Nas últimas décadas, as áreas 
plantadas vêm superando as áreas cortadas em 20 a 30% anualmente. 
Um dos grandes segredos desse sucesso está no replantio de espécies nativas; na Finlândia somente 
podem ser replantadas madeiras originais daquela região. Isso permite uma atividade econômica mais 
sustentável e não tão agressiva ao solo, ao clima e aos animais que habitam essas matas. 
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Os defensores da silvicultura (atividade que se dedica ao manejo e estudo de florestas plantadas) 
finlandesa afirmam que a estrutura do replantio é semelhante à das florestas naturais e que os seres 
humanos a exploram desde sempre. 
Dessa forma, a indústria florestal é um dos maiores setores da economia do país, e a comercialização 
de madeira, papel, polpa de papel e outros derivados da celulose chega a representar cerca de 30% de 
suas exportações. 
Para combater o mercado clandestino de madeira e o desmatamento em todo o mundo, foi criada a 
certificação florestal pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC), uma entidade ambientalista mundial. 
Esse certificado garante ao consumidor final de madeira e de seus derivados que aquele produto é 
fruto de um reflorestamento não agressivo ou mesmo de uma exploração sustentável, que preserva e 
respeita o ritmo de regeneração da natureza. Já existem milhares de itens e produtos que contam com 
essa certificação. Portas, pisos, móveis e até mesmo papel higiênico são certificados para comprovar que 
não vieram de uma matéria-prima fruto da devastação. 
 
A Destruição dos Recursos Hídricos 
O modelo econômico que vigora em nossos dias é marcado por um consumo crescente de mercadorias 
das mais variadas. No entanto, para se produzir nessa larga escala, estamos assistindo a um desenfreado 
consumo de água. 
Em função desse modelo econômico, o processo de industrialização e de urbanização dá origem a um 
volume cada vez maior de esgotos domiciliares, lixo e outros resíduos, que são lançados nos rios e mares 
cotidianamente. Isso afeta qualidade das águas, tanto as superficiais quanto as dos aquíferos, em vários 
pontos do planeta. 
 
Escassez de Água: Uma Crise Anunciada 
Os rios e os lagos, que formam os ecossistemas de água doce, são considerados o meio de vida 
natural mais ameaçado do planeta. 
Embora ocupem apenas 1% da superfície terrestre, os ecossistemas de água doce abrigam cerca de 
40% das espécies de peixes e 12% dos demais animais. 
Para se ter uma ideia da diversidade desses ecossistemas, o Rio Amazonas, sozinho, possuiu mais 
de 3 mil espécies de peixe. 
Todos os estudos feitos recentemente apontam que 34% das espécies de peixes de água doce 
encontradas em todo o mundo correm o risco de extinção, ameaçadas, principalmente, pela construção 
de represas, canalização dos rios e poluição. 
Entre 1950 e os nossos dias atuais, o número de grandes barragens no mundo passou de 5.750 para 
mais de 41 mil, fato que alterou radicalmente a dinâmica da vida aquática. 
Esse cenário alarmante é agravado pela pequena disponibilidade de água para o consumo humano. 
Embora 75% da superfície terrestre seja recoberta por água, os seres humanos só podem usar uma 
pequena porção desse volume, porque nem sempre ela é adequada ao consumo. 
É o caso da água salgada dos mares e oceanos, que representa cerca de 97% da quantidade total de 
água disponível na Terra. 
Dos cerca de 3% restantes, apenas um terço é acessível, em rios, lagos, lençóis freáticos superficiais 
e na atmosfera. Os outros dois terços são encontrados nas geleiras, calotas polares e lençóis freáticos 
muito profundos. 
Além de ser um recurso finito, a água é cada vez mais consumida no mundo todo. Ao longo do século 
XX, por exemplo, a população mundial cresceu três vezes, enquanto as superfícies irrigadas cresceram 
seis vezes e o consumo global, sete vezes. 
Esse aumento exponencial do consumo mundial de água está gerando um fenômeno conhecido como 
estresse hídrico, isto é, carência de água. Segundo o Banco Mundial, essa situação ocorre quando a 
disponibilidade de água não chega a 1.000 metros cúbicos anuais por habitante. 
 
O Mal Uso da Água e a Salinização dos Solos 
São consideradas regiões que sofrem com a salinização aquelas que perdem seu rendimento 
econômico na agricultura. 
Salinização é a concentração de sais, provocada pela evapotranspiração máxima ou intensa, 
principalmente em locais de climas tropicais áridos ou semiáridos, onde normalmente existe drenagem 
ineficiente. 
Os solos apresentam sais em níveis diferenciados. Quando este nível se eleva, chegando a uma 
concentração muito alta, pode prejudicaro desenvolvimento de algumas plantas mais sensíveis, ou 
mesmo impedir o desenvolvimento de praticamente todas as espécies. 
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A salinização do solo pode ser causada pelo mau manejo da irrigação em regiões áridas e semiáridas, 
caracterizadas pelos baixos índices pluviométricos e intensa evapotranspiração. 
A baixa eficiência da irrigação e a drenagem insuficiente nessas áreas contribuem para a aceleração 
do processo de salinização, tornando-as improdutivas em curto espaço de tempo. 
Os solos mais sujeitos a esse problema são os que estão em regiões mais secas. Neles, qualquer tipo 
de irrigação mal conduzida pode gerar uma forte salinização se não estiver presente um adequado 
sistema de drenagem. 
Abaixo seguem dois exemplos de solos salinizados. 
 
 
https://alunosonline.uol.com.br/geografia/salinizacao-solo.html 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Saliniza%C3%A7%C3%A3o 
 
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e agricultura estima que, dos 250 milhões de 
hectares irrigados em todo o planeta, cerca de metade já tem problemas de salinização, e uma grande 
parte é abandonada todo ano por esse motivo. Por isso, a irrigação precisa ser feita com muito cuidado. 
Entendemos que a água está cada vez mais escassa em todo o globo. A combinação de fatores 
naturais e socioeconômicos como pressão demográfica e uso irracional gera desertificação, salinização 
e poluição desenfreada. 
O aumento do estresse hídrico já reduziu de forma considerável as reservas hídricas disponíveis no 
planeta. Em quase metade das localidades habitadas, já existem problemas de escassez, e cerca de 20 
a 30% da população mundial não têm acesso a redes satisfatórias de água e esgoto. Esse quadro fica 
ainda mais grave uma vez que a escassez desse recurso se soma a problemas políticos entre povos e 
nações. 
No Oriente Médio, por exemplo, há inúmeras disputas pela posse da água que se misturam a 
rivalidades criadas por décadas de conflitos. 
Israelenses e palestinos têm na água um dos maiores pontos de discórdia. Eles disputam as águas 
oriundas da nascente do Rio Jordão e do Lago Tiberíades nas proximidades das Colinas de Golã. Além 
disso, 90% dos canais de abastecimento de água são controlados por Israel. 
Organismos internacionais afirmam que a disponibilidade per capita de água é quatro vezes maior em 
Israel do que nos territórios palestinos, fato que potencializa epidemias, queda da produtividade agrícola 
e tantos outros problemas. 
Outro exemplo de tensão em razão da disputa pela água ocorre entre Síria, Turquia e Iraque. A Turquia 
tem um plano de desenvolvimento que inclui a construção de mais de 20 barragens ao longo dos rios 
Tigre e Eufrates. 
Essas obras de grande porte alteram radicalmente a vazão de água dos rios e ameaçam o 
abastecimento de grandes áreas em países vizinhos, como o Iraque e a Síria. Esses países discutem 
hoje um estatuto comum para a administração desses rios, visto que não foram poucas as vezes que eles 
entraram em alerta para uma possível guerra: um temendo perder o enorme volume de água, fundamental 
para seu povo, outro temendo perder as barragens, fundamentais para seu desenvolvimento. 
 
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A Destruição dos Oceanos 
A intensificação do comércio internacional nas últimas décadas tem deixado marcas negativas nos 
oceanos. 
Nos mares de quase todas as regiões do planeta existem gigantescas manchas de petróleo. Em parte, 
essas manchas ocorrem por descaso e pelo uso de equipamentos obsoletos que causam vazamentos. 
Além disso, muitos navios petroleiros chegam a lavar seus reservatórios nas costas de países pobres, 
especialmente africanos, que não têm sistemas de vigilância eficientes para evitar esse crime. 
Outro grave problema é a pesca predatória, que também contribui para o esgotamento dos estoques 
de pescados oceânicos. Cerca de 90% das espécies comerciais, ou seja, pescadas, processadas e 
vendidas, correm risco iminente de destruição em razão da pesca predatória. 
Grandes grupos econômicos ligados direta e indiretamente ao setor alimentício são os responsáveis 
por essa destruição. Eles permitem a prática da pesca predatória, que, na busca do lucro imediato, não 
respeita, em muitos casos, o período de reprodução das espécies, fato que minimamente garantiria a 
reposição dos estoques. 
O mar também sofre a partir das terras costeiras. Grupos imobiliários promovem a ocupação irregular 
de áreas litorâneas pela construção de casas, condomínios e hotéis em áreas de manguezal, alterando 
o equilíbrio ambiental. 
É importante lembrar que os oceanos são fundamentais para o equilíbrio ecológico de todo o planeta. 
Eles concentram 97% das águas e produzem cerca de um sexto do oxigênio da atmosfera, além de serem 
os principais responsáveis pela recomposição dos estoques de água doce, graças à umidade que geram. 
Por todos esses fatores, os oceanos são fundamentais para a manutenção das características climáticas 
do planeta. 
 
A Degradação dos Solos (Desertificação) 
A degradação do solo geralmente é causada pela associação de situações climáticas extremas, como 
exemplos, a seca ou o excesso de chuvas, práticas predatórias, como o desmatamento de áreas 
florestais, expansão das pastagens, utilização intensiva de agrotóxicos e a mineração descontrolada. 
Essas atividades alteram e destroem a cobertura vegetal natural do solo, deixando-o exposto à ação 
de ventos e chuvas, que gradualmente desgastam o solo desnudo de vegetação. 
Esse processo erosivo pode evoluir, e a rocha bruta, base do solo, chegar a ficar exposta. Quando 
isso ocorre, está se iniciando o processo de desertificação. 
O manejo agrícola inadequado é um dos grandes responsáveis pela degradação dos solos. Quase 
metade das áreas agrícolas do planeta tem algum problema que afeta a sua produção de alimentos. 
Esse problema está longe de ser somente ambiental. Ele tem profunda relação com a sociedade e a 
economia, uma vez que a perda de grãos com a desertificação chega a mais de 20 milhões de toneladas, 
cifra suficientemente grande para atenuar o problema da fome no mundo. 
As consequências nefastas da degradação do solo afligem também grandes contingentes 
populacionais. Calcula-se que 30 milhões de pessoas morreram, nas últimas décadas, de fome, 
ocasionada pelo esgotamento de suas áreas naturais, e mais de 120 milhões realizaram o êxodo rural 
nos últimos 50 anos. 
As soluções para esse problema passam sempre pela alteração do modelo produtivo ou pela aplicação 
de enormes recursos financeiros na recuperação de áreas. 
Em 1994 foi assinada a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação. A principal 
decisão foi a aplicação de vastos recursos financeiros para promover a educação ambiental, 
principalmente em sociedades agrárias, para que estas sejam reprodutoras das práticas e dos 
conhecimentos voltados à conservação dos solos. 
 
Resíduos Sólidos: Recurso e Problema 
Diariamente milhões de toneladas de resíduos sólidos são lançadas no ambiente. A prática de 
depositar resíduos ao ar livre, lançá-los na água, descartá-los em terrenos baldios e queimar os restos 
inaproveitáveis teve início nas civilizações antigas, em que os métodos de lidar com os descartes 
consistiam em depositá-los bem longe das moradias. 
Essa solução vigorou durante muito tempo e se incorporou à cultura cotidiana de muitas populações. 
Hoje é evidente que o crescimento populacional e o aumento do consumo levaram a humanidade a uma 
enorme produção de resíduos, que causam graves problemas quando manipulados e depositados de 
forma inadequada. 
Após a década de 1950, iniciou-se uma mudança de mentalidade em relação ao resíduo sólido, a 
princípio nos países mais ricos. Antes visto como desprezível e problemático, gradualmente ele passou 
a ser encarado como energia, matéria prima e parte da solução paraalguns problemas. 
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Atualmente, processos como a reciclagem reduzem o volume de resíduos sólidos descartado e 
interferem no processo produtivo, economizando energia, água e matéria-prima, além de reduzir 
sensivelmente a poluição da água, do ar e do solo. Mesmo assim, a quantidade de lixo reciclada é muito 
pequena perante a total. 
Uma das soluções que podem ajudar a solucionar esse problema é a coleta seletiva de lixo, ou seja, 
o processo pelo qual se separam os materiais encontrados no lixo. Essa separação é fundamental para 
o reaproveitamento dos resíduos, pois a coleta potencializa o reaproveitamento dos materiais. A 
reciclagem passou a ser uma obrigação em função do enorme volume de resíduos que a sociedade 
produz. 
 
As Consequências das Mudanças Climáticas e Ambientais 
 
A Chuva Ácida 
A atmosfera, como vimos, vem sendo contaminada por compostos químicos como o enxofre e o 
nitrogênio, que vão se concentrando no vapor de água e, consequentemente, nas nuvens. Estas, quando 
muito carregadas, despejam uma chuva extremamente ácida. 
Até a década de 1990, a chuva ácida era comum apenas nos países de industrialização mais antiga, 
mas depois, com a expansão mundial do processo industrial, ela passou a ocorrer em grande quantidade 
também na Ásia, em países como China, Índia, Tailândia e Coreia do Sul, que hoje são os grandes 
responsáveis pela emissão de óxido nitroso (NO) e dióxido de enxofre (SO²). 
Grande parte desse problema foi surgindo conforme a produção industrial se expandia. Isso significou 
maior uso de termelétricas que geram energia por meio do carvão e do petróleo (combustíveis altamente 
poluentes), maior circulação de carros e outros meios de transportes. 
Nos últimos anos há incidência de chuva ácida praticamente em todo o mundo. Em alguns lugares 
onde não existem atividades industriais poluentes, ela ocorre em razão do deslocamento das massas de 
ar vindas de países emissores de poluição. 
 
 
https://escolakids.uol.com.br/geografia/chuva-acida.htm 
 
Entre as consequências da chuva ácida, destacam-se: 
→ Alteração da composição do solo e das águas, tanto dos rios quanto dos lençóis freáticos; 
→ Destruição da cobertura florestal (No Brasil, isso é visível por exemplo, em trechos das encostas da 
Serra do Mar nas proximidades de Cubatão, no litoral de São Paulo, importante polo industrial 
petroquímico que já foi conhecido mundialmente pela péssima qualidade do ar); 
→ Contaminação das lavouras; 
→ Corrosão de edifícios, estátuas e monumentos históricos. 
Abaixo, uma imagem de um grande impacto ambiental, com destruição dos galhos e folhas de árvores 
de montanhas polonesas, causado pela chuva ácida. 
 
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https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-chuva-acida.htm 
 
Poluição Atmosférica e Aquecimento Global: O Aumento da Temperatura do Planeta 
As razões do aumento da temperatura do planeta ainda geram muitos debates entre os cientistas. 
Causas naturais e provocadas pelos seres humanos têm sido propostas para explicar o fenômeno. 
A principal evidência do aquecimento vem das medidas de temperatura de estações meteorológicas 
em todo o globo desde 1860. Os dados mostram que houve um aumento médio da temperatura durante 
o século XX. 
Para explicar essas mudanças, os cientistas usam ainda evidências secundárias, como a variação da 
cobertura de gelo e neve em certas áreas, o aumento do nível dos mares e das quantidades de chuvas, 
entre outras. 
Diversas montanhas já perderam enormes áreas geladas e nevadas, e a cobertura de gelo no 
Hemisfério Norte na primavera e no verão também diminuiu drasticamente. 
O aumento da temperatura global pode levar um ecossistema a graves mudanças, forçando algumas 
espécies a sair de seus habitats, invadindo outros ecossistemas, ou potencializando a extinção. 
Outra situação que causa grande preocupação é o aumento do nível do mar, de 20 a 30 cm por década. 
Algumas ilhas no Oceano Pacífico já sofrem com esse problema. 
Deve-se lembrar que a subida dos mares ocorre principalmente por causa da expansão térmica da 
água dos oceanos, ou seja, as águas dilatam. No entanto, as preocupações com o futuro incluem também 
o derretimento das calotas polares e dos glaciares, que guardam enormes quantidades de água na forma 
de gelo. Alguns cientistas afirmam que as mudanças podem ocorrer de forma sutil e mesmo imperceptível. 
Na imagem abaixo, um urso polar sofre com o derretimento das calotas polares. 
 
 
http://meioambiente.culturamix.com/recursos-naturais/derretimento-das-calotas-polares 
 
Tudo isso leva a uma situação preocupante. Previsões feitas pela ONU alertam que entre 50 e 100 
milhões de pessoas podem abandonar suas casas temporária ou definitivamente por problemas 
relacionados a questões ambientais nas próximas décadas, tornando-se refugiados ambientais. 
Nesses números estão incluídos grupos humanos, comunidades inteiras que serão levadas a migrar 
em razão da poluição das águas, de enchentes, do desgaste dos solos, do fim da disponibilidade de 
peixes e da subida do nível dos oceanos. 
É certo que essa situação exigirá uma legislação internacional, uma vez que países e regiões inteiras 
vão ser evacuados, e os refugiados poderão ser levados em circunstâncias emergenciais a outros países. 
 
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Sustentabilidade29 
 
A qualidade de vida das gerações atuais e futuras começou a se tornar preocupante, tendo em vista o 
estilo de vida e a relação que temos com o meio ambiente, provedor de matérias-primas para a nossa 
sobrevivência. Por causa disso, a sustentabilidade hoje é um tema bastante discutido em escolas, 
universidades, redes sociais e países de modo geral. 
 
O que é uma Sociedade Sustentável? 
A defesa de uma sociedade sustentável baseia-se na ideia de o ser humano estabelecer uma relação 
com o espaço que o rodeia de modo que seu estilo de vida não prejudique as futuras gerações. Ou seja, 
a sustentabilidade tem como premissa uma exploração do meio ambiente que respeite os limites do 
planeta e minimize os efeitos da ação do ser humano. 
Atualmente, pensar sobre esses limites é uma tarefa cada vez mais importante e emergencial, pois se 
o nível de consumo mundial dos recursos naturais continuar no mesmo patamar, será insustentável sua 
manutenção para, consequentemente, usufruto das gerações futuras. 
Mesmo garantindo nossa própria sobrevivência, a qualidade de vida de toda a população também deve 
ser um motivo de preocupação. Nesse sentido, a própria desigualdade social pode ser considerada 
insustentável, pois favorece uns em detrimento de outros. 
 
As Construções Alternativas 
As paisagens urbanas têm cada vez mais se distanciado da forma original da natureza, de modo que 
não proporciona um vínculo entre a dinâmica das cidades e o meio ambiente. Atualmente, 60% dos 
resíduos sólidos urbanos provêm da construção civil, o que também provoca grande demanda de 
madeira, contribuindo para o desmatamento de áreas de floresta. 
Inseridas no pensamento sustentável, as construções alternativas começam a ser disseminadas com 
o intuito de minimizar a desarmonia entre o ambiente natural e o construído, reduzindo os impactos 
ambientais envolvidos na construção civil. 
Essas construções são baseadas em uma arquitetura que considera a necessidade de transformar 
sem agredir o ambiente, promovendo a utilização de matérias-primas biodegradáveis e de maneira 
proveniente de reservas extrativistas sustentáveis, além do emprego de tecnologias que reduzam o 
desperdício de água e energia e que facilitem a reutilização. 
Para que essas construções atendam a esses objetivos, os elementos do clima local devem ser sempre 
considerados; assim, é possível executar um planejamento voltado à iluminação e ao

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