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- Comportamento Humano no trânsito by Maria Helena Hoffmann Roberto Moraes Cruz ok

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Maria Helena Hoffmann Roberto Moraes Cruz Joao Carlos Alchieri
organizadores
Comportamento Humane noTrinsito
COMPORTAJ\1ENTO
1-IUMANO NO TR.A.NSITO
0 RGA.t IZADORES
Maria Hele11a Ho{fma11111 Roberto Moraes Crnz e Jotlo carlos Alcbieir
COMPORTAJ\1ENTO
1-IUMANO NO TR.A.NSITO
Ailria11e Piccbetto Macbaoo, A11a Pa1ila Porto Noro11ba, A11llre Luiz Picolli oa Silva, Cristia11e Sa11goi K.luse11er, Cristina Pilla De!la Mea1 Ebirajara Correa Len1es, Eiluaroo Jose Legal, Hart111ut Gu11tber, Jotlo Bosco oe Assis Rocba, Juarez Perfeito,
Juliane Viecili, Luis Mo11toro Go11za(es, Neusa Corassa,
Rei11ier Joba1111es A11to11ius Rozestrate11, Silvio Sera mi)a Luz Filbo, Talzan1ara i>e Oliveira Duarte e Va11essa Domi119ues rlba
Casa do Psic61ogo 8
0 2003. 2011 Casaps i Livraria c Editom Lida.
Ep roibida;;i reproduc5o 101al ou parci:\I dcsrn publicac?io, 1>ara qu :ilqucr finalidadc.
sem au1ori1..ac;iioporescritodos editores.
1• Edi .iio
2003
I"' Edi(':io Rt , 'isada
]004
Z- Edi io
2007
3• Ed i1.;ao Rt , 'is:ada
1011
£dilorcs
J,igo Bemd G,imert ,, Julimw de Villemor A.G1inten
A$Si.s1e111e -f. d ilorial
Ap(1reclda Fern,: da Silva
Edilora t ilo £1ctr0n ic.a
Sergio G;,•sdumik
ProdutUo Gn'\fica
Fabio Afrl'.f Melo
Cap•
N11ow> Design
Dados l ntcrn otionais de Cataloga(':io na Publicatilo (CJP) (C.l mara Brasileira do t.ivro.SP.Brasil)
Componumcnto humano no lninsito / Org:miw:dorcs
Moria Hclcnn Ho ffmann. Robcr10 Moraes Cru-z. Jo.lo Carlos Alchicri. -- 3. ed.•· Slio
Paulo: Casa do PsicOlogo• . 20 11.
Vflrios au1ores.
Bibliogrnfia.
IS BN978-85-62553-46-2
I. Motoristas • J>' sicologia2. Motorisrns • Testes 3. Tni.nsi10 • Aipectos psicol6gicos
I. li offimmn.Mnrfo Helena. II. Cruz, Roberto Moracs. Ill. Alchicri. JoiioCarlos.
10-06726	CD0 -155.92
ind ices p11r.1 cat.\logosistematico:
I. Componamentohumano no trilnsito : Psicologia 155.92
2. Tninsito : Comportamcnto hunmno: Psicologia ISS.92
l m1>r('S SO n o Brasil
Primed;,, Bra-:ll
As opilliiiese.tp,-e. ·as 11este /ivro.bem como seu rontetido,:i:(lode 1Y?.\' J)m1s,1hilid,ule ,leseusauto1Y!:.,
mio 11e<.¥.$$t1ritm1e11tecorrespQ1u/e,ul,>t1Q po11w de- vi.tttJ Ju e,/it()ra.
Rcscn •ados todos os dircitos de public.ac;il.ocm lingua ponuguesa a
a	Ca s aps i l h•ra rio c Ediiortt Ltda .
Rua Santo Ant6nio, 1010
fardimMCXico • CEP 13253-400
ltatiba!SP- Brasil
Tel. Fox: (11) 4524-6997
www.easadopsicloogo.com.br
SUM.ARIO
S OBRE OS AUTORES . ... .•. ..•. . .. .,...•,....,.....•. ...,..•. ,..•. ,...•.•. .. .•, .. .,...•,....,.•....•...,...•. . ... , 	•. 9
A PR ESENTA <;A: O .•..
·••·· •·····•••··•···••·· ·••······•·•·••··••···••···· •·•···•··•·•·· ·••···· •••·· •·•·•·•••. · •... ••...
•. 13
CAPJTULO 1
S iNT ESc HISTORICA DA Ps1COLO(ilA DO TRANSITO NO B RASIL. .• .. ..••. ... •.• .. •.•.. .•. .. .•. ... •.•.. . 17
Maria Helena Hojf111a1111. RobertoMoraes Cmz
CAPITULO 2
A M BIENTE, TRANSiTO E PSICOLOGIA . .. ... ..• ..• ,. .•••. ..•• .• .. ,.•...,....,..•. ,..•. ,.•..,.••. .,...•,..• 	29
Reinier J. A. Rozestraten
C APiTL'LO 3
A M131ENTE,	P S I COLOCI	A E T RANSIT◊ : REFLEX◊ ES SOllRE
UM/\ INTEGRACAO NECESSARIA . ... .. ... .. ... ..• .. ... .. ... .. . .. ... ... .. ... .. .,. ... ,. ... ,.. .. ,.. .. .,. ... ,. .•	41
flart111111 Gunther
CAPiTULO 4
Uso DO CARRO COMO UMA EXTENSAO DA CASA E OS CONFLITOS NO TRANSITO . ..• .. ..•.	49
Neuza Corassa
CAPJTULO s
M ARKETING SOCIAL E CIRCULACAO HUMANA .. .. ... ..• ,. ... ..• .. ... .. .,. ..• ,. ... .. ... .•. .. ... .. .,. .•	61
Juarez Pe, feiro, Maria Helena flojfinann
CAPiTULO 6
A EDUCACAO COMO PROMOTORA OE COMPORTAMENTOS SOCIALMENTE SIGNIFICAT I VOS
NO TRANSiTO. ...•. ... .. .•. .. .•. ... .. ... ... .. .•. .. ... ..•..•.. .. ... ... ..••. ..• .. ... .. ... ... .. ... ..•..•.. .. ... .. ...••	81
Maria Helena flojfi11a11n. Silv io Serajim da Luz Fi/ho
CAPiTULO 7
UM OLiiAR DA PSICOLOGIA SOCIAL SOBRE O TR/\NSITO . •.•. •. ,...•,...••. ..•,••.. •. •.. .,..••,...•..•	93
Adriane Picchetto Ma cha do
C APiTl lLO 8
T RANSIT◊ E COMUNIOAOE: UM ESTUDO PROSPECTIVO NA BUSCA PELA REDU<;:AO
DE ACIOE!s'TES	03
Ebirnjara Correa Lemes
C APITULO 9
M ETODOLOGIA DA PESQUISA DO TRANSIT◊ 	117
Roberro Moraes Cruz, Maria Helena Hojf111011n
C APITOLO 10
PSICOLOGIA NO TRANSITQ: POSSIBILIOADES DE ATUACAO E BENEFiCIO SOCIAL. ... .. ,	13)
Andre Luiz Pico ffi do Sil va. Maria Hele na Hojjina,111, Roberto Moraes Cruz
C APIT ULO 11
COMPETENCIAS SOCIAISE TECNICAS DOS PSIC6LOGOSQUE REALIZAM
AVALIA<;:AO DE CONOUTORES	143
Roberto Momes Cruz. Maria Helena Hoffinann. Cristiane Sangoi Kh1se11er
C APiT ULO 12
A SPECTOSCOMPORTAMENTA IS DOS CONDUTORES £ 0 USO DO CINTO 0£ SEGURANCA	155
Mt1ria Helena Hojfi11a1111
C , \P IT ULO 13
A TROPELAME NTO INFANTIL: UM INFORTUNIO RESERVADO AS CL.ASSES SOCIAIS MENOS FAVORECIOAS?	167
Joiio Bosco de Assis Rocha
C APIT ULO 14
P ROGRAMA PREVENTIVO PARA CONDUTO RES ACIDENTADOS E INFRATORES	177
Maria Helena Hojji11a11n
C APill JLO 15
CONSIDERA<;:◊ESSOORE A PRATICA DA AVALIACAO PSICOL6GICA DE
CONDUTORES NO B RASIL.. .... . ... ... .. ... .. ... .. ... ... ... .. ... .. ... ... .. ... .. ... .... . ... ... .. ... .. ... .. .,	193
Joiio Carlos Alchieri
Ci \P ITULO 16
P ERCEP<;:AO DE PSICOLOGOS DO TRANSIT◊ SOBRE A AVALIACAO DE CONDUTORES	205
Cris1i11a Pilla Della Mea. Vanessa Domingues Jft,a
C APiTl lLO 17
AVALIACAO PSICOL6GICA 01; MOTORISTAS. .. ... ...• . ..•. .. .•. .. .. ... .. .•. ..•. . ..•. .. .. ... .. .•. ..•	225
Talzamara de Oliveira Duarte
C APIT ULO 18
CARACTERIZACAO TECNICA DOS INSTRUMBNTOS 1>S1COL◊ GICOS UTI LI ZAl)O S NA
AVALIACAO PSICOL◊GICA 00 TR,\NSITO	24]
Jo(IO C arlos Afcl,ieri, Ana Paula Porto Noronha
C ,w iTULO 19
S ONOLENCLA, ESTRESSE, DEPRESSAO E ACIDENTES DE TRANSITO 	263
Maria Helena Hojfma1111. Eduardo Jose legal
CAPiTULO 20
A NSIEOAOE E COMPORTAMENTO OE DI RIGIR .. .. ..•. . ..•. .. .. •.. .. .•. .. .•. ..•. . ..•. . ... ... .. .•. .. .•	277
Juliane Viecili
C APiTLJLO 21
ACIDENTES DE TRANSITO E FATOR HUMANO	289
Maria Hele11a Hojjinann, Luis Mo11toro Gonzalez
C APiTLILO 22
COM PORTAMENTO AGRESSIVO E ACIDENTES NO TRI\NSITO .. ... ..•. . .. ... ..•. . ... ... ..•. . ..•	30 ]
M(1ria Hele11a Hojfinann, Eduardo Jose legal
80BRE OS AUTORES
Maria Helena Hoffmann e psic61oga, especialista em Psicodrama, mestre em Preven9ao de Drogadependencia e doutora em Psicologia (Comportamento Humano no Transito), ambos pela Universidad de Valencia, Espanha. Psic61oga do Detran/
SC. Professora da Universidade do Vale do Itajai, SC. Pesquisadora do Nucleo de Estudos sobre Comportamento Humano no Triinsito , do Departamento de Psicologia da Unive rsidade Federal de Santa Catarina. mhhoft@ matrix.co m.br
RobertoMoraesCrnz epsic61ogo, espec ialis ta em Ergonomia eem Gestlio de Recursos Humanos, mestre em Educa9iio e doutor em Engenharia de Produ9lio. E professor do
curso de gradua9ao em Psicologia e dos Programas de P6s-Gradua9ao em Psicologia e em Engenharia de Produc;lio (UFSC), nas areas de Psicologia do Trabalho e Medidas Psicol6gicas . Coordena o Laborat6r io de Psicologia do T rabalho e Ergonomia e o Nucleo de Referencia em Avalia<;ao e Pericia em Psico logia (UFSC). rcruz@cfl1.ufsc.br
Jotio Carlos Alcbieri e ps ic61ogo, mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontificia Universidade Cat61ica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e doutorando
em Psicologia do Desenvolv imento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E professor da area de avalia<;lio psicol6gica da UFRGS e UNISINOS
(RS) e coordenador do Laborat6rio de Inst rnmentos de Avaliac;ao Ps icol6gica (LLAP­ UN ISI NOS). alc hieri@ci rrus.unissinos.br
AilrianePicc/,,etto Mac/;,ailo epsic6 1oga fonnada pela Universidade Federal do Parana (UF PR), especialista em Psicologia Soc ial e Triinsito (PUC- PR) e professora do Curso
de Especializac;ao em Triinsito da PUCPR. Atualmente e presidente do CETRAN-PR.
adrianc_machado @uol.c o m.br
Ana Paula Porto Noronba edoutora em Psicologia ciencia e profissao pela Pontificia Uoivers idade Cat6licade Campinas, e docente do Programa de Estudos P6s-Graduados em Psicologia da Unive rsidade Sao Francisco. ananoronha@saofrancisco @edu.br
A11ilre Luiz Picolli oa Silva e ps ic61ogo fonnado pela Univers idade	Federal de Santa Catarina (UFSC), mestrando do Programa de P6s-Graduac;iio em Psicolog ia da
Unive rsidade	Fede ral de Santa Catarina, com pesquisa sob re forma9ao de psic61ogos na area de Avalia9iioPsico l6gica. kuluzan@hotmai l.com
Co ;-.1. 1)(>1t1 \ 11: NT<> I n 1M AN0 NO· r ANsrr o
Cristiane SantJ(li r<lusener e rela<,:oes pt1blicas formada pela Unive rsidade Federal de Santa Maria (UFS M), mestranda do Programa de P6s-Gradua<;ao em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina, corn pesquisa sobre competencia social nos
grupos de trabalho. crissk@infoway .com.br
Cristina Pilla Della M.ea eps ic6 loga formada pela Universidade de Passo Fundo, RS (UPF), p6s-graduanda em Psicoterapias Cognitivo-Cornportarnentais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, RS (UNISINOS), pesquisadora em Psicologia de Transito.
pillapf@ terra.com.br
Ehirajara Correa Le1nes e ps ic61ogo, per ito examinador de transito, mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina, professor em cursos sequenciais de admi nistra<;iio e segu rarn;:a de transito. psicobira@brturbo.com
EOwarlloJose Lef)alepsic6 1ogo, doutorem Psicologia Experimental (USP/SP) e leciona
na Universidade do Vale do ltajai (UNIVALI)e no Jnstituto Catarinense de P6s-Gradua9iio (ICPG) em disciplinas ligadas a area de processos basicos. edulegal@ccs.univali.br
Hartfnwt Guntber e doutor e professor no lnstitutode Psicologia da Unive rsidade de Bras ilia ( UnB). Coordena o Laborat6rio de Ps icolog ia Ambiental [ www.unb.br/ip/ lpa). hartmut @unb.br
JoiioBosco /leAs.sisRocba epsic61ogo , mestre em Psicologia e professordo Depaitamento
de Ps ico logia Social e Escolar da UFPA na area de Psicologia Organizacional e do Trabalho. Atualmente e doutorando em Psicologia na UFPA. bosco@ufpa.br
Juarez Perfeito e administrador, doutor em Administra,;iio (Marketing) pela Uni­ versidad de Valencia, Espanha e professo r do curso de mestrado em Administra,;ao da Funda<;iio Universidade Regional de Blumenau (FURB) e do curso de Administra<;iio
da Unive rsidade do Vale do ltajai (UNIVALI-SC). mhhoff@ matr ix.co m.br
Jwliane Vieci/i e ps ic6 loga, mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professora do curso de Psicologia da Univers idade do Pianalto Catarinense (UNTPL AC), atuando nas i1reas de Pesquisa em Psicolog ia e Psicologia da
Aprendizagem. jviecili@uniplac.net
Luis Montoro Gonzalez e doutor em Psicologia, Catedratico de Seguridad Vial e diretordo Institute Universitario de Trafico y Seguridad Vial da Univers id ad de Valencia, Espanha. luismontoro@ uv.es
11
Son r: os A1n-0R1:s
NeusaCorassa epsic61oga pela Unive rsidade Tu iuti do Parana (UTP) e especia lista em Transite pela Pontificia Universidade Cat61ica do Parana (PUCPR). Fundadora do Centro de Psicologia Especializado em Medos (CPEM), Curitiba , PR. cpe medo@cwb .
matrix.com.br
Reinier Johannes Antonius Rozestraten e fil6sofo, te61ogo e doutor em Psico logia, coordenador do Grupo de Pesquisas em Psicologia do Transite e vice-coordenador e orientador do Mestrado em Psicologia da Universidade Cat61ica Dom Bosco, Campo
Grande, MS. reinierr@ terra.com.br
Silvio Serafim /la LHz Filb o e ps ic61ogo, espec ialista em Orienta9ao Educacional e Ps icologia Escolar, mestre em Administra91io e doutor em Educa,;:lio. E P rofessor do
Depaitamento de Psicologia da Univers id ade Federa lde Santa Catarina, noqua! coordena o Nucleo de Estudos sobre Comportamento Humane no Transite e o Nuc leo de Se le,;:lio e Orienta,;:ao Profissional. silvioserafim@ bol.co m.br
Talza,nara oeOliveira Duarte Talzamara de Oliveira Duarte e psic61oga , Mestre em Psicologia do desenvolvimento pela UFRGS , professora de Psicologia Escolar do curso de Psicologia da Universidade de Passo Fundo. talza@ginet.com.br
Vanessa Domin9ues IUJaepsic61oga formada pela Un iversidadede Passo Fundo( RS) e Pesq uisadora em Psicologia de Transite. paiquere@ginet.com.br
A.PRESENTA<;AO
Os proble mas da circula9ao humana siio tao antigos como a inven9ao da roda, mas foi no ano 1886 quando se realizou um acontecimento de vital importancia para o trans­
porte rodado ea humanidade. Em 26 de janeiro daquele ano, Karls Benz patenteava , na Alemanha , o primeiro veiculo propulsado por um motor a explosao.
Esse fato haveria de se conve rter em um dos feitos mais significativos e influentes da sociedade do seculo XX. 0 usogeneralizado e massivo de veiculos automotores serviu para multiplicar as possibilid ades de intercambio comercial, com o consequente aumento da riqueza; difundir a cultura de maneira rapida, contribuindo para o progresso da socie­ dade e dos povos e acabar definitivamente com o isolamento em que se encontravam os seres humanos.
Hoje podemos afinnar que a massificac,:aodo uso de veiculos automotores influenciou na rnudanc;a de valorescultura is, no conceito de distiincia , entre espac,:o e tempo, cidades c paises, nas relac;oes humanas, nos padroes de co mportamento social e nos ava nc;os tecnol6gicos e cientificos . Entretanto, com essas importantes e evidentes mudanc;as desenvo lvimentistas, os veiculos tambem trouxeram uma serie de graves problemas, que ainda requerem so luc,:oes: alterac;oes eco l6gicas e conta mina9aodo meio ambie nte natural, ruidos, redu,;iio do espa90 destinado aos pedestres e, principalmente, os acidentes. Esses problemas colocam a sociedade hoje, mais do que nunca, diante da necessidade
de prio rizar a seguran,;a da circula,;iio humana, que significa a libe rdade moto rizada de movimentos , na tentativa de diminuir o risco a integridade fisica e psicol6gica das pes­
soas. A mobilizac;ao da sociedade para cnfrentar os problemas dos acid e ntes c do risco no transito pode encontrar, na Psico logia e nas de mais ciencias que estudam Compor­ tamento hwnano 110 transito, co laboradores importantes.
Este livro nasce da constata c,ao de q ue, infelizmente, siio pouquissimas as obras
cientificas brasileiras que tratam especificamente do comportamento humano no tran­ sito. Ele eo resultado de experiencias oriundasda pratica profiss ional, reflexoes te6ricas
e pesquisas que resultaram em dissertac;oes e teses a partir de diferentes contribuic;oes
da Psicologia e suas interfaces.
0 objetivodesta obraeinstigar os professores, pesquisadores, profissiona is e alunos
a construirem o conhecimento e as estrategias de interve n9ao profiss ional sobre os pro­ blemas e os desafios das ciencias do comportamento humano no transito. Neste campo, apresenta reflexoes e dive rsos aspectos que podem ser esn1dados e pesqu isados: his­ t6ria, interface ambiente-triinsito, fator humano , competencias sociais, educacionais,
C o ;-.1. 1)(>1t1 \ 11: NT<> I n 1M AN0 NO· r ANs rr o
tecnologicas e psicologicas, metodos e tecnicas de pesq uisa e avalia9lio ps ico logica do compo rtamento humano no transito.
Portanto, o estudo aq ui apresenta do e uma fonte basica e acessive l ao leitor niio espec ializado nos assuntos tratadose, tambem, um produto social e cientifico de interesse dos profissio na is e pesquisa dores das cienc ias d o co mportamento hurnano no transito.
u
C AP fT U L O 1
SiNTESE HISTORICA DA P SICOLOG IA
DO TRA1 sr r o NO BRASIL
Maria HeleHa Hoft111aHH
Roberto Moraes Crnz
1. I NTROOU<;:AO
A tradic;:iio da Ps icologia ap licada ao estudo dos transportes terrestres, primeira­ mente as ferrovias e, poster ior mente, a circulac;:ao sobre rodas, remonta a meados do
sec ulo XX, mais precisamente a decada de 1920. Esta tradic;1: io marca uma das primeiras
competencias profissionais de interveni;:iio legalmente regulamentada e mantida ao Iongo de toda a hist6ria da Psicologia no Brasil (Hoffmann, 1995).
Tomando como pontode partida os fatos mais relevantes ocorridos ao longo dessa hist6ria, a evo luc;:ao da P s icologia do Tr iinsito no Brasil pode ser estruturada em quatro grandes etapas: a primeira comp reende o periododas primeiras aplicac;:oes de tecnicas de
exame psicol6gico ate a regulamentac;:iio da Psicologia como profissiio; a segunda co r­ respondea co nso lidac;:ao da Psicologia do Transito como disc iplina cie ntifica; a terce ira
podeser caracterizada como aquela em que foi verificado um notavel de se nvo lvimcnto da Psicologia do Tri\nsito em varios iimbitos e sua presenc;:a marcante no meio interdis­
ciplinar; a quarta c tapa e marcada pela aprovac;:ao do C6digo de Tri\nsito Brasileiro (Lei
9.503, de 23/09/97) e por um periodo de maior seosib iliza9iio da sociedade e dos pr6-
prios psic6logos do tri\nsito na discussiio sobre politicas publicas de saude, educac;:ao e segura nc;:a relac ionadas a c ircula9iio humana.
2. P RIM EIRA ETAPA : OAS PRIM EI RAS APUCA(◊ES l'SICO L◊ G ICAS A REGULA IENTA(:1\ 0 DA P s tCO LOG I.A CO MO PROFISSAO (1924-1962)
A gestac;:iio da Psicologia cientifica no Brasil deu-se ao redor das decadas de 1920 e 1930 quando foram criadas, as cond ic;:oes iniciais pa ra o desenvo lvimento da Psico­ logia como ciencia e profissao, que seriam marcadas por tres vertentes distintas:
· a primeira vertente inclui a instrumentalizac.;ao do conbecimento psicol6gico no meio pedag6gico, com a utiliza9aode uma serie de conceitos e instrume ntos de exarne das condi9oes cog nitivas para a apreodizagem e para a avalia1yiio do desenvolvimento
da linguagem;
· a segu nda esta ligada a produc;:ao cientifica no meio academico das faculdades
e universidades em pleno processo de criai;ao no Brasil, masque nao demorou a gerar processos de intervern;i:io nas clinicas psiquiat rica e psico l6gica (hosp itais, manicomios e demais inst ituic;:oes ass istenciais de saL1de);
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· a terceira emergiu do mundo soc ial do trabalho, por meio da introdu9iio progres­ s iva do conhccimento oriundo da psicologia industrial c do trabalho, de tradi9iio inglesa, e dos principios da administra<;iio cientifica nas organiza<;oes (taylorismo); cabe situar historicam e nte o traba lho do engenheiro Roberto Mange na se le,;:iio e orientac;iio de fer­ roviarios, cm Sao Paulo, que se const ituiu num marco potencial ao desenvolv imento da Psicologia do Transite (Hoffmann, 1995; Cruz, 2002).
Essas vertentes traduzem, efetivamente, os grandesconjuntos de demandas sociais (educa9ao, saude mental, trabalho) decis ivos a c o ns tru9aoda Ps ico logia na vida bra­
sileira, niio por acaso um tripe de demandas sociais que vai auxi liar na defini<;ao dos principais dominios de aplica<;iio da Psicologia como ciencia e profissao e, ao mesmo tempo, dirigir os principa is projetos de caracteristica assiste nc ial, de orienta9ao e de diagn6stico.
Um dos primeiro s seto re s do mundo social do traba lho em que houvea apl ica <;iio da Ps icologia , rea lizada ainda por profissionais niio espec ializados, mas precursores neste tipo de empreendimento , foi o setor de transportes - origem, nesse sentido , do campo de atua9iio da Psicologia do Transito. As caracteristicas mais importantes destaprimeira etapa hist6rica foram as que se seg uem.
Em primeiro lugar, a cria,;:ao de ins1itui9oesde sele9ao e treinamento industrial e de transito, entre as quais se destacam: o Laborat6rio de Ps icotecnica na Estrada de Ferro Sorocabana; o Tnstituto de Organiza<;iio Racional do Trabalho (! DORT), o Centro Ferro­ viariode Ensinoe Se lec;ao Profiss ional (CFESP) e o Servic;o Nacional de Aprendizagem Industrial (SENA!). Todos eles sob a dire<;1io de Rob erto Mangue, considerado o pri­ meiro expoente da Psicolog ia de Transite no Brasil (Care lli, 1975). Em segun do lugar,
a cria91io da Co mpanhia Municipal de Transporte Coletivo (CMTC) em Siio Paulo, onde foi instalado o Servic;o Psicol6gico destinado a selec;iio de condutores de veiculos.
Posterionnente, a Funda9ao Getu lio Vargas cria o Institutode Sele9aoe Orienta9ao Profissional (!SOP) sob a direi;:aodo " hispano-brasileiro" Emilio Mira y Lopez. 0 !SOP
se converteria no principal agcnte dinamizador da Psicologia brasileira, assim como numa institui9ao modelo para toda a Amer ica Latina (Campos, 1 966).	Com respeito a
Ps icologia da Segurans;a Viar ia , Mira y Lopez do !SOP destaca-se como precursor de uma atividadc preventiva direcio nada a todo tipo de condutores e profissionais da co11- du9ao (Hoffu1ann, Tortosa & Carbo nell, 1994). Em abril de 1951, o ISOP come9ou a exami nar os ca ndidato s para a obten9iio da Carteira Nacional de Habilita9iio por meio de entrevistas, provas de aptidao e personalid ade.
E importante destacar a aprova<;ao , em 8 de junho de 1953,pelo Conselho Nac ional
de T ransite (CONT RAN), de uma resolu9iio que tornou obrigat6rio , em todo o Pais, o Exame Psicotecnico para todos os aspirantes a p rofissao de motor is ta(Hoffma nn, 1994a,
1995). Naquela epoca,somente o Departamento de Transite (DETRAN) de Minas Gerais pode cumprir a decisao do CONTRAN, posto que nele ja havia sido instalado o Gabi­ nete de Psicotecnica de Triins ito .
23
CA l'iTl Jt.o .I - SfN·n 3s1: 111sT<u 1c A DA P s1co 1..()G1A1>0 TR.\Nsrro NO B R.-,s 11.
Efetivamente, Minas Gerais foi o Estado pioneiro em organiza r e sistematizar um servic;o de psicologia na area de avaliac;ao de co ndutores. Ao longo da hist6ria do mode­ lo de avalia9iio de con dutores, es te servi90 foi tomado como referencia de atua9iio ser ia, inovadora e progressista a ser seguida pelos Servic;os de Ps icologia do Transito dos de­ mais Estados brasileiros. Foi cr iado, ate mesmo, um veiculo maximo de expressiio das atividades, estudos e pesquisas desenvolvidos em seu seio: a Revis/a do Gabinete de Psi­ cotecnica em Tronsito, primeira revista de que se teve noticia gerada no ambito de um Departamento de Triinsito.
De outro modo, como conseq uencia da resoluc;iio que aprovou o exame psico­ tecnico para condutores profiss ionais no ano de 1953 e a boa acolhida que a renovada interven9ao teve na administrar;ao, principalmente do exce le nte trabalho desenvolvido pela equ ipe de p rofissionais do Gabinete de Psicotecnica de Minas Gerais , em 1962 o CONTRAN estendeu o exame psico tecnico a todos os candid atos a Carteira Nacional de Habilita9iio (CNH).
Por fim, ressalta-se o marco hist6r ico mais important e do tcrmino desta primeira etapa: o reconhecimento da Psico logia como profissao em 27 de agosto de 1962. Haque se destacar, ig ualmente , que o Brasil foi o primeiro pais latino-americano a regula mentar a profissilo de Psic61ogo e um dos primeiros em todo o mundo (Ard ila, 1971; Hoffmann, 1994a e 1994b) . Por mais de trinta anos, esse fato foi precedido de lutas por parte dos profiss ionais que atuavam como psic61ogos. Neste mesmo ano de 1962 , tambem foram fixados o curriculo minimo e o tempo de dura9ilo dos cursos de Psicologia.
3. S EGUNDA	ETAPA : A CONSOLIDA<;:,\O DA P stCOLOGIA DO T RJ\NS JTO (1963-1985)
Esta etapa esteve marcada por um momento politicoe social muito importante,pois oco1-rcu o go lpe militar de 1964 e o inicio de um periodo de ditadura militar no Brasil.
No que se refere a Psico logia como ciencia e profissiio, observa -se que o conceito de psicologia " aplicada" com o passar dos anos foi perdendo seu sentido tradicional, uti­ lizando-se cada vez menos essa denornina9iio em seu se ntido geral. Esta mctamorfose niio se deu apenas no nome (dado que houve uma disse mina9iiode disciplinas na Psi­ co logia que passaram a exerce r um certo dominio da pratica psico16gica) , mas tambem porque os problemas psicol6gicos passaram a scr enca rados segundo condi9oes meto­ dol6gicas diferenciadas. Assim, o exame das aptidoes ou dos imeresses (psicotecL1ico) e reconhecido como uma das possibilidades de avaliar a personalidade, mas niioo (111ico metodo disponivel para o exercicio da Psico logia aplicada as demandas da sociedade.
0 uso da palavra " psicotecnico", no sentido em que foi difund id a e ntre os paises de lingua latinae na Europa, diminuiu progressivarnente entre os psic6 1ogos , espec ial­ mente nas invest iga <;oes para verificar aptidoes e prognosticar eficiencia no trabalho,
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seja em orienta<;a o ou se lei,lio profissional. A excessiva preocupa<;lio com tra<;os, a pti­ does, " habi lidades" especificas e substituida aos poucos por uma cnfase nos mult ip los fatores que concorrem na avalia9lioda personalidade (Santos, 1980).
lncreme ntam-se os cruzamentos da Psicologia Industrial com outras areas da Psi­ cologia e siio modificados os rnetodos de atua9iio, para aperfei9oar a insen;:ao de praticas psicol6gicas no mundo do trabalbo. 0 tratamento clinico passa a se desenvolver como uma das principa is areas de interessc e intervens;ao do psic61ogo em meio ii gera9iio de necess idades sociais de tratamentos psicol6g icos. Ve rifica-se um aumento11as pesquisas sobre novos materiais para exame psicol6gico, especialmente sobre a validade e fide­ dignidadedos testes psicol6gicos comercializados. A Psicologia amplia seus horizontes de preocupa9oes sociais com o desenvolvimento de um conjunto de estudos e interven­ i,oes sobre o cotidiano e problemas comunitarios. As organiza9oes governamentais e niio govemamentais buscam soluc io nar alguns problemas sociais com a aplica9iio de programas de aten9iio psicol6gica e socia l, usando o trabalho babitual dos psic61ogos ou com sua assessoria (Santos, 1975) . Neste contexto politicoe social, as ca racteristicas mais marcantes para a Psicologia do Transito foram as delineadas a seguir.
Primeiramcnte, a aprova9iio do C6digo Nacional de Triinsito em 1966, em subs­ titui9iio ao de 1 94 1. 0 novo C6digo viria ratificar com mais fors;a a obr igatoriedade da introdw;:ao dos exames psicol6gicos para a obten9iio da carteira de habilita9iio em
todos os Estados brasileiros. Ale m disso, este C6digo foi ext remamente importante na medida em que proporcionou os conceitos de unifica9ao e uniform idade em rela9iio a
a valia<;1: io de condutores.
Em segundo lugar, a cria9iio do Conselho Federal.de Psicologia (CFP) e dos Con­ sell1os Regionais de Psicologia (CRP). Muito embora sua participa9iio e apoio tenham
so frido varia9oes ao longo da hist6 ria, o CFP e os CRPs foram, desdc a sua cria91io, 6 rg1ios - c have de incentivo a luta e ao desenvolvimento da Psicologia do Transito no Brasil, principalmente nas questoes de ordem legal, ale m de controle e observa<;iio a
e t ica na atividade de avalia<;iio de condutores pelos psic61ogos.
De outra parte, no fim de 1981 o CFPcom o prop6sito de obterdados e criterios em rela<;iio ao Exame Psico16gico para condutores, de oferecer ao CONTRAN uma proposta
de reformula9ao da nonnativa vigente a epoca, nomeou os psic61ogos Reinier Rozes­
traten, Efrain Rojas-Boccalandro, J. A. Della Coleta para que compusessem a Comiss1io Espec ial do Exame Psicol6gico para Conduto res sob a presidencia do primeiro.
Em quarto lugar, destaca-se o importante papel que come9ou a ter a figura do pro­ fessor e pesquisador Dr. Reinier Rozestraten na Psicologia do Triinsito no Brasil. Para Hoffmann (1994, 1995), Rozestraten e o marco hist6rico div isor destadisciplina: ha uma Psicologia do Transito antes e outra depois dele. Ta lvez ser ia mais acertado dizer que anterior a ele havia uma Psicotecnica Aplicada, ea partir de sua atuai,iio e desenvolvi­ mento cientifico, de fato, se pode falar com propriedade de uma Psicologia do Transito e da Segura119a Yia ria no Brasil.
Efetiva mente, como principais precursores da Psicologia do Trans ito se destacam Roberto Mange, Emilio Mira y Lopez, Alice Galland de Mira, Jose Astolpho Amo­ rim, Roberto Suchaneck, Jose Nava, Alfredo Oliveira Pereira, Jose Silve ira Pontual,
Suzana Ezequie l Cunha, para citar alguns. Entretanto, a grande maioria deles limita o papel da Psicologia do Transito a natureza instrumental da avaliac;ao da personalidade e das habilidades do condutor e, em menor grau aos ac identes de transito. 0 processo
da psicogenese do compo11amento do condutor no transito e sua relac;ao com os fatores cognitivos e ambientais praticameote nao sao conside rados nos seus trabalhos.
Assim, ecom o professor Reinier Rozesh·aten que a Psicolog ia do Transito come<,:a
a criar profundas raizes ea ser a mpla mente conhecida no contex to brasileiro, por suas publica9oes nacionais e internacionais , participa9oes em congressos e realiza c;oes de
cursos para os psic61ogos dos DETRANS , empresas, universidades, policias, etc. lne­ gavelmente, a Psicologia do Transito, no seculo XX, esta intimamente ligada a figura
deste profiss ional. Sob sua direc;iio foram criados no ambito universitario diversos 111'1.cleos de pesquisa em Psicologia do Trans ito, bem como cursos em nivel de p6s-gra­ dua9iio (Hoffmann, 1995).
Como (lltima caracteristica desta etapa, a partir dos anos oitentas do seculo XX comec;a a se notar mais fortemente a presen9a dos temas da Psicologia do Trans ito e Seguran9a Yiaria no meio un iversitario.
4. T ERCEIR;\ ETAPA: 0 DESENVOLVIMENTO E EJ(PANSAO DA P SICOLOGIA DO TRI\.J.'<SffO EM A<;:◊ES I NTERDI SCIPLINARES(1985-1998)
Esta etapa pode ser caracterizada como importante aumento na sensibilidade da soc iedade brasileira e da administrac;ao publi ca para avaliar o fator humano nos ac i­ dentes, e mobiliza9iioda categoria dos psic61ogos do transito, fundamentalmente aqueles vinculados aos DETRANS, com vistas a assumirem o papel de profissionais responsa­ veis por pensar a seguran9a viaria brasileir a. Ta mbem, e uma etapa na qua! se produz uma c ritica reflexiva sobre os r6tulos " psico metrista" e " test61ogo", que se construiram acerca do psic61ogo dos departamcntos de transito, e sobrea desgastada c desacred itada imagem de sua atividade nos DETRANS: o exame psicotecnico.
Entre os aspectos mais importantes que ocorreram nesta etapa, destaca-se o que segue.
- A realiza9ao do IU Co□gresso Brasileiro de Psicologia do Transito em Sao Paulo,
no anode 1985 , que contou com o Dr. Reinier Rozestraten como seu diretor cientifico. Ele provocou um reaviva mento das discussoes entre psic61ogos do transito sobre as co n­ dic;oes tecnicas e politicas ea necessidade urgente de reformular a Resoluyao 584/81, de I 6/09 / l 98 I.
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· Em 1986 foi dado um impo1t ante passo pelo Governo do Estado de Santa Cata­
rina, por meio da Secretaria de Seguranc;a P(1blica , ao introduzir concurso publico para psic6logos atua rern no DETRAN e nas circ unsc ri9oes regionais de transito.
· Como conseq uenc ia da as;ao conjunta do CFP e CONTRAN veioa luz, finalmente,
a Resoluc,ao 670, de 14 de setembro de I987, que trouxe no seu texto reivind.ica9oes ant igas dos psic6logos que aruam na area. Neste rnesmo ano foi criado o "Premio Volvo de Segu ram;a do Tra nsito" pela emp resa Volvo do Brasil - Motores e Veiculos S.A., que tern corno objetivo premiar anualmente os melhore s trabalhos e tema s de transito, em diversas categorias.
· Especialmente releva nte, nesta etapa, foi a realizac;iio do I° Congresso Inter­ nac ional de Seg uran9a no T ransito em Uber li\ndia, Minas Gerais , promovido pela Univer sidade Federal de Uberlandia em parceria com a Universidade de Valencia, Espanba. Entre os espanh6is que participaram deste Coogresso, cabe destacar os pro­ fessores da Universi dade de Valencia, doutores Francisco Tortosa, Jose Soler, Helio Carpintero, Maria Victoria del Barrio, Abilio Reig, e os representantes da Associac;iio Espa nhola de Centros de Reconhecimento Medico-Psicotecnico, psic6logos Dr. Boni­ fac io Martfo e Carlos Bustillo. Entre os brasileiros e importante sa lientar a presenc;a da psic6loga Maria Hele na Hoffmann considerada, hoje, uma das maiores especia listas do pais em Psicolog ia do Triins ito.
· lgualmente irnpo rtantes forarn o 5° Co ngresso Brasileiro de Psicologia do Tran­ s ito e o I° Congresso de Educac;iio e Fiscaliza9iio do Triinsito realizados em Goiania, em 1989. Neles, pela primeira vez reuniram-setres categorias profissionais que parti­ cipam da interdisciplinaridade que compoe o sistema triinsito , prornovendo um ava1190 cientifico sobre esta dificil, complexa e inesgotavel tematica.
· De outro lado, fruto das intensas carnpanhas gestadas por variossetores, ratificadas em encontros e congressos, o Ministerio da Justi9a aprovou o projeto para cons iderar o anode 1989como o "Ano Brasileiro de Seguran9a no Trilnsito".
· Por (iltimo, cabe ressaltar tres faios relcvantcs para a Psicologia do Transito:
(I) a cria9ao da Assoc ia9ao Nacional de Psicolog ia do Triinsito, cuja dire<;iio cientifica ficou nas rniios do Dr. Reinier Rozestraten; (2) a cria<;iio do pr imeiro curso interdisc i­ plinar de triinsito na Univers idade Cat6lica Dorn Bosco, cm Campo Grande, MS; e, (3) o anteprojeto de lei propondo novo C6digo de Transito Brasileiro, enviado em 1993 ao Congresso Nac ional.
5. Q UAlff A ETAPA: OIVERSJOADE DE CAMJNHOS PARA A<;:OES
EFETrvAs DA P s1c o t.oc 1A oo TRJ\.NSITO (1998)
Esta etapa teve inicio com a aprova9iio do C6digo de Triinsito Brasileiro em sctembro de 1997, em vigor desde janeiro de 1998. Este C6digo proporcionou um
grande debate nac ional sob re as questoes ligadas a circulac;:iio humana e se constituiu num marco importante para os psic61ogos repensarem seu papel frente as decorrencias soc ia is e tecnicas dele advindas. Este repensar significou intensificar os estudos e ana­ lises da circulac;:iio humana niio mais a partir do autom6vel, do metro, do aviiio, mas a partir dos seres humanos. Ou seja, esta etapa vem sendo marcada pela produc;:iio de uma visao mais humanizada da circulac;:ao (Hoffmann, 2000).
Os problemas da circulac;:iio humana comec;am a ser fo1teme nte debatidos e tra­ tados nas unive rsidades, principalmente nos cursos de Psicolog ia, passando a ser percebidos como uma realidade que demanda politicas de saude e de educac;iio, e niio mais somente de seg uram; a pt'1blica. Os dados alann antes sobre acidentes, os eventos estressantes e os transtornos socioeconomicose psicol6g icos relacionados ao ca6tico transito do mundo moderno siio fatores que vem motivando a inserc;:iio da Psicologia no debate sabre politicas publicas acerca da circulac;:iio humaoa.
Nesta etapa, destacam-se os seguintes fatos:
a) 0 papel e o maior eovolvirnento das universidades no que diz respeito a ensino, pesquisa e extensiio na area de comportamento humano no transito:
· oferecimento de cursos de p6s-graduac;:iio (lato sensu) em transito (Educac;ao, Psicologia, Administrac;:ao);
· oferta de curso Psic61ogo Perito Examinador de Transito (cond ic;:iio exigida no CTB e Resoluc;iio n. 80/98 para atuar na avaliac;iio psicol6gica de candidatos a obtenc;iio
da Carteira Nacional de Habilitac;ao);
· criac;iio de nt'1cleos de estudos e pesquisa sobre Psicologia do Transito (Nt1' cleo de Psicologia do Tr iinsito, Universidade Federal do Parana; Nucleo de Estudos sobre Com­ portamento Humano no Transito, Universidade Federal de Santa Catarina);
· incremento de disse1ta9oes e teses em temas ligados ao transito e transporte em programas de p6s-graduac;:iio de diversos centros e areas do conhecimento;
· inclusao de discip linas optativas ou de t6picos especiais na matri z curricular dos cursos de graduac;;iio em Psico logia (Universidade do Vale do Itajai/SC; Universidade Cat61ica de Brasilia/OF; Universidade Cat61ica Dom Bosco/MS; Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Universidadc Federal de Santa Catarina);
· incremento de formac;iio especifica em materias interdisciplinares de trans ito e de avaliac;:ao psico l6gica, provavelmence provocado pela tomada de coosciencia de
parcela dos profiss ionais sobre as responsabilidades inerentes a avalia iio da comple.­
xidade da situac;:iio de transito, especialmente ao considerar o chamado fator humano e os riscos erwo lv idos.
b) 0 maio r envolvimento dos Conselhos Fede ral e Regionais de Psicologia na dis­ cussao sobre a responsabilidade social da Psicologia e dos ps ic6 1ogos	em relac;:ao as ques	t ocs	do tra nsito e da circulac;;iio humana, espec ialmente aquelas ligadas a politicasde planejamento urbano, meio ambiente, saude e educac;ao, de fonna que contribuam para
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uma melhoria continua da qualidade da intervern;:iio profissional do psic6logo especia­ lista em triinsito. Deis aspectos merecern destaque:
· cria9iio deciimaras ou comissoes de Avalia9iio Psicol6g ica e de Transite nos Con­
se lhos Regionais de Psicologia, arnpliando o espa90 de interloc w,iiocom os profiss ionais e, de certa forma, auxiliando ria or ganiza9iio de eventos regionais na segunda rnetade dos anos noventas e culminando com o l F6rum Nac ional de Psicologia do Transite reali zadoem Brasilia, em novernbro de 1999. Este F6rum teve come objetivo discutir e deliberar politicas e normatiza9oes a serem imple mentadas na area da Psicologia do Transite no Brasil, ampliando a not;iio, ate entiio construida, de uma Psicologia vollada ao Transito, baseada ape nas no exercicio do exame psicotecnico;
· realiza91io do Semina rio " Psico logia, Circ ulat;iio Humana e S ubjetividade", novernbro de 200I , na cidade de Sao Paulo, aberto a psic6logos, profissionais e estu­ dantes de areas afins, que se propos a discutir o papel da Psicologia no desenho de um future para a circ ula91io humana que seja vi{rvel e que promova a cidadania, dadas as atuais condi9oes de agravamento do uso unilateral do veiculo automotor corno meio de desloca mento.
6. CONCLUSAO
Encont ramo-nos, nesta primeiradecada do seculo XXI, numa epoca em que neces­ sitamosconstruir novas referencias e perspectivas de avanc;o da Psicologia nasquestoes
relativas a circ ular;:iio hurnana. E precise ressaltar que a Psicologia e os psic6logos pre­
cisam avan9ar qualitativamente na discussao acerca dos aspectos sociais, economicos, eticos e tecnol6gicos que envolvem e determinam a pratica da Psicologia do Triinsi to corno urn exercicio profissional soc ial e cientifica rnente cornprometido .
Asac;oes e interven9oes deverao estar pautadasem pri.nc ipios estruturados em con­
ceitos clararnente definidos c estrategicamente orientados para possibilitar urn quadro de referencia te6rico e tecnico que de suporte a pratica profiss io nal daqueles que esco­ lheram trabalhar pela promo9iio de comportamentos hurnanos seguros no transito.
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C AP f TU L O 2
A .MBIENTE, TRA.NSITO E PsICOLOGlA
Reinier J. A. Rozestraten
1. l NTRODU(;'.AO
Discutir as inter-rela9oes entre o Arnbiente, o Transite e a Psicologia significa demonst rar o quiio sao abrangentes os ele mentos envolvidos na caracteriza c;ao dos pro­ cesses de transito. Comei;amos com o Ambiente ea Psicologia Ambiental, depois com o que o homem inventou - o Transite e o Ambiente dele - e, por fim, a Psico logia de T ransite, sua inte1face com a Psicolog ia Ambiental e suas tarefas aniais e potenciais.
2. 0 A"1BIF.NT I:
0 homem sem o arnbiente e quirnerico. Nossa ex istencia e impensavel sern ambiente, pois somos vivos grai;as ao ambiente . Comei;amos no ambiente dentro da nossa mae. Entramos mais ou menos traumaticamente num outro ambiente, com luz, corn formas, corese movimento, com ar para respirar, com le ite para nossa nutri9iio.A partirde entao, viver e uma constante explora9ao do a mbie nte.
Mais do que um ser social o ser humano e um ser ambienta l, ligado tao inti­ mamente corn seu ambiente que cinco minutes fora dele, cinco rnioutos sem ar, e]e morre. 0 ambiente e nidopara n6s. Funcionamos em um ambiente onde recebemos os estimulos para nossos 6rgiios de sentidos, as imagens visuais, senoras e tateis (Levy­ Leboyer, 1980).
Nossos pensamentos referem-se a coisas do ambiente, nossa vontade somente age dcntro dele c nosso comportamento sempre se processa nele. Todas as nossas a9oes reali za m-se no ambiente, permitindo traba lhar, cantar, construir (Rozestraten, 1988). A dependencia do arnb ie nte mantem os seres humanos num tipo de insen;iio tal como um peixe no oceano . Espa90 e tempo, oxigenio e a limento. Nao apenas vivemos noambie nte, mas pertencemos a ele. Vivemos no ambiente e, ao mesmo tempo, somos parte dele. 0 ambiente determina-nos, pois somos frntos de urna longa evolw;:iio a mbie ntal, desde o
Big Bang. Esse ambieote, atraves de bilhoes de anos, se construiu ate chegannos a con­
dii;ao intelectual de pensannos a superai;iio das dificu ldades de sobrevivencia.
E fato que com o homem o ambiente mudou. Enquanto os outros animais se satis­ faz iam com se us a brigos em cavernas, cavando suas pequenas tocas, construindo seus ninhos nas arvores, o homem come9ou a cultivar a terra, domesticar os animais,constrnir suas habita9oes. Com o homem, a terra comei;ou a mudar, transformando o a mbie nte para servir as suas necessidades.
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A noc;:ao de ambiente permite distinguir: um a,nbieflle material natural consti­ tuido por toda materia que nos cerca - o ccu, o sol, a lua, os astros, o cosmos, o vento, as chuvas e todos os fenomenos climatol6gicos, os oceanos, rios, praias, montanhas e planicies e milhoes de outras coisas mais; um ambiente material construido, querdizer, tudo o que a cu ltura humana construiu em habitac;:ocs, paliicios, monumentos, ed ificios
e vias; um ambiente vivo, com centenas de milhares de especies de plantas, de insetos, de peixes, de aves, de mamiferos. Dentro deste ultimo, temos o ambiente social, cons­ tituido por bilhoes de pessoas, que percebem, sentem, pensam, desejam e que buscam o equ ilibrio entrc o quc see e o que pode fazer, uma espec ie de homeostase somiitica e psiquica. De toda a forma, assim como os outros fazem parte do nosso ambiente social n6s fazemos parte do ambiente social dos o utros: somos ambiente.
A sociedade humana tornou-se evolutivamente mais complexa em termosda relac;:iio eotre os diversos ambie ntes, particularmeoteem defesa das necessidades humanas, seja em busca de uma paz ecol6gica, seja de manutern;:iio de ins tintos egoistas que preju­ dicam a conv ivenc ia no ambiente.
Muitas vezes, no triinsito, surgem conflitos de interesses de um grupo na socie­ dade contra outro(Vasconcelos, 1985). Criam-se leis, normas e regras para o rcspeito e
para a convivencia. Nao ha sociedade humana que nao possua formas de controle para o compo rtamento social, da mesma forma que e pos s ivel afirmar que nao ha nenhuma
ativ idade humana, com algum grau de importiincia, que niio tenha regras para exerce-la. Ate para assoar o nariz ou para tossir temos regras.
0 ser humano construiu uma imensa constelac;:iiode leisque constituem o ambiente normativo. Vivemos num ambiente que solic ita uma adaptac;iio constante - exigencias mais gerais ou especificas sobre como ser, a conduta ind ividual, mesmo considerando os difcrentes graus de isolamento aos quais os ind ividuos possam ser submetidos.
Quase toda a nossa educac;iio e vo ltada ao ensino de regras: de como falar, de como se comportar nas diversas situac;:oes, na igreja, na festa, na empresa, ao fazer com pras em um supermercado. A crian<;a e educada para a cidadania, quer dizer, para se compo rtar conforme as condic;oes queo ambienteoferecepara o exercicio do seu potencial de apre ndi­ zagem e a iio. S01110s ce rcados por normas, ass im comosomos ce rcados pelo ar. Entramos
em piinicoquandoessas regras siioquebradas por meios violentos. Epelo ambiente nor­
mativo, que as vezes nos sufoca, que procuramos seguranc;a e bem-estar.
3. A P s,c o LOGIA AMBIENTAL
Se a Psicologia Ambie nta l estudasse o homem como um ser ambiental seria uma especie de psicologia geral dandoconta de todosos ambientes que estiio em relac;:iio com o homem. Porem, em primeiro lugar, e uma psicologia e, como tal, se ocupa do com­ portamento e suas causas, com as capacidades perceptivas, cogn itivas, volitivas e
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CAPfTtn.o 2 - AMn 11N·r 1: , TRANsrro 1: P s1c o 1JX; 1A
emocionais. Em segundo lugar , niio interessam a Psicologia Ambie nta l todos os
ambic ntes. 0 ambiente material interessa muito aos engenheiros, arquitetos e urbanistas e somente nos interessa a medida que possa influenciar nosso compor ta mento ou ser
influenciado por ele. 0 ambiente social constituido pelos comportamentos, especial­ mente dos seres humanos, e tambem o campo dos psic6Jogos soc iais. A interac;:iio dos animais dentro do seu ambiente, sua maneira de agir sobre este ambiente vivo e de inte­
resse dos et61ogos. 0 campo da Psicologia Ambie nta l res tringe-se mais a maneira como
os ambientes material e vivo agem sobre o homem e como o comportamento do homem infl uencia esses ambientes.
E muito dificil dizer onde corre exatamente a linha divis6ria entre a psicolog ia
social, a psicologia ambiental ea cie ncia dos urbanistas, arquitetose engenheiros, naquilo que se refere aos conhec ime ntos do ambiente social. As diferentes disciplinas da Psi­
cologia, apesa r de procurarem distinguir seus campos te6ricos e metodol6gicos,devem sat isfazer a condi9iio iuequivoca de compreender o complexo do ambiente social. Edo
interesse dessa compreensiio ate mesmo fomentar o dialogo e a reflexiio com outros campos da ciencia no sentido de afirmar promover a reflexiio sobre a realidade que nos cerca ea qual influenciamos.
A verdade, pela quaI se or ie ntao espirito reflexivo humano, e construida na histori­ cidade dos eventos do ambiente. Para as diferentes ciencias que estudam a inter-relac;:ao homem -ambiente, as verdade.s siio hip6teses que pretendem ser confirmadas ou refutadas
pelo conhec imento permanentemente construido. Talvez seja por isso que e possivel afirmar que a ciencia progride. Um grande passo dado foi a constatar;iio da relativ idade
das verdades - a ide ia de que a ciencia deva se orientar pela avalia9ao <las te ndencias dos acontecimentos ou pelo seu futuro provavel (Seminerio, 1977; Cruz, 2002).
4.0	T l¼ 'I SITO E O AMBIENT E
Muito antes de inventar a roda - mais ou menos 5000 anos a.C.-, os comerciantes do Oriente levavam seus produtos no lombo de animais por lo ngas jornadas, para efetuar trocas nas aldeias. Ao comparannos esscs comerciantes com o automobilista, hoje, que dirige seu autom6vel sobre autoestradas, podemos ver que ba tres elementos essenciais no transito ou no transporte : a) o homem quedirige e que busca alcall(;ar um objetivo; b) algo que se move e carrega, seja veiculo ou animal; e c) uma via que permite ir de um lugar para o outro. Homem, veiculo e via siio os elementos essencia is, todo o resto provem do desenvo lvimento cultural e economico.
0 que o ambiente tem a ver com isto? 0 homem que e transportado se serve de
um elemento do ambiente; um anima l ou um autom6vel constitui seu ambiente em movimento, seu ambiente mais pr6ximo. Mais claro, talvez, e o ambiente do carro, um
ambiente que protege, masque tambem se mo vimen ta, segundo as condi9oes de direc;:iio
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comandadas pelo proprio homem. Condic;oes essas que podem facilitar ou dificu ltar o comportamento de dirigir, pelo grau de conforto, de seguranc;:a ou de eficacia .
0 cond utor, com seu ambiente a mbulante ou rolante, se movimenta num out ro ambiente, a via; e, para o seu proprio bem-estar, deve obedecer as ca racteristicas da via,
seg uir as curvas, subir aclives, regular a velocidade do veiculo, conforme o cstado de conservac;iio da via e do ve iculo. As diferent.es condic;oes da via dimensionam o com­ portamento de dirigir. Basta imaginar um condutor dirigindo sozinho em uma estrada tranqui la ou no meio da via Anhang liera ou da via Dutra, em pleno rush. Evid e nciam-se,
entao, e de forma instantanea, um ambiente social e o ambiente normativo. 0 condutor deve saber em que pis ta deve ficar, deve saber como ultrapassar um car ro a sua frente e dar passagem a outros carros, nao pode ficar zig ueza guea ndo a vontade ou dirig ir a 150 km/h, quando nao e possivel realizar essa operac;iio.
0 ambiente material tambem se modifica e se espec ializa em termos de sinaliza c;ao ver tical - indica c;1io de limitede velocidade, semaforos, placas regulamentares, de adve r­ tencia, indicativas de direc;iio e servic;os auxil iares - e horizontal - desenho de li nhas
d ivis6rias no chiio, "DEVAGAR, ESCOLA", indicac;iio do limjte lateral <la es trada .
A via e um arnbiente de transito, indicando ao condutor do veiculo o que ele pode
e nao pode fazer, o que ele deve e nao deve fazer. Apesar disso, a circulac;ao nas vias niio flui tranqui lame nte e, apesar de serem s ina lizadas para conferir maio r grau de segu­ ranc;a para cond utores e passagei ros, dezenas de milhares de pessoas morrem todo ano no transito brasileiro, pois a sinalizac;iio, mesmo que eficiente, niio garante o controle do conj U11to dos comportamentos que compoe a atividade de dirigir. Um deles e parti­
culannente importa nte: a tomada de decisiio frente as condic;oes adversas, inusitadasou emergentes a situac;iio de triinsito.
Ha, porem, no ambiente, uma se rie de condic;oes adversas que facilmente podem
provocar um acidente (DETRA N/DF, 1994):
· condic;oes de luz: luz solar intensocontrario, ofoscamento a noire, passar de um
ambicnte de luz para esc uro (como por cxemplo, num t(mcl).
· cond ic;oes de tempo: chuvas com pista alagada	ou poc;as de agua com perigo de hidroplanagem, ventos fortes depois de barrancos, neblina, serra9iio e nevoeiro.
· condic;oes de v ia: ac li ves e dec lives com muitas cu1v as fec hadas, pista mal sina­ lizada, pista estreita ou escorregadia, pontes e viadutos, t(meis e areas urbanas.
· condic;oes de transito: engarrafamento, caiTos em alta velocidade, "costuradores", entre meia noite de sa bado e q uatro horas de madrugada de domiJ1go .
· condic;oes de veiculo no seu ambiente mais interior: nivel de comb ustive!, de agua, de oleo e de fluid o de freio, correias, freios, pneus, excesso de carga.
0 conduto r, com o se u carro, em um ambiente que ex ige aten9ao, concentrac;ao e d irec;:ao seg m·a, e ntra, inevitavelmente , em conflito com as caracteristicas desse ambiente ao dirigir sob influe nc ia de s ubstancias psicoat ivas, estressado, emocionado, fatigado ou so nolento.
CAPfTtn.o 2 - AMn 11N·r 1: , TRANsrro 1: Ps1co1JX;1A
5. A P SJCOLOG IJ\ 00	T RAi'IS ITO	E AS POSSlBIU 0 , \D ES OE INTERFACE COM A P SICOLOGIA ANBIENTAL
A Psicolog ia do Transito tem por seu objeto o comportamentodos cidadiios que participam do transito. Ela procura entender esse comportamento pela observa,;:iio e exper imenta,;:iio, do inter-relacionamento com outras cie ncias que estudam o transito e ajudar, por meio de metodos cie ntificos e didaticos, na forma,;:iio de comportamentos rnais seguros e condizentes corn o exercicio de urna perfeita cidadania.
A Psicologia do Transito nasceu em 19 I0. Seu precursor foi Hugo Miinsterberg, aluno de Wundt, quea convite de William James foi para os Estados Unidos para ser o diretor do laborat6rio de demonstra,;:iiode psicologia experimental da Universidade de
Harvard. Lnicialmente se opondo a tendencia americana de tirar a psicologia dos labo­
rat6rios e mostrar sua aplicabilidade na socicdade, alguns anos ap6s, se tornou o arauto da psicologia ap lica da.Criou a Psicologia Forense e foi o primeiro psic61ogo asubmeter os rnotoristas dos bondes de Nova York a uma bateriade testes de habilidade e de inte­ ligencia (Schultz & Schultz, 1999).
0 sucesso dos testes Army Alphae Anny Beta, durante a Primeira Guerra Mun­ dial, de certa fonna facilitou a introdtu;iio das tecnicas psicometricas (oschamados testes psicol6gicos) nas industriascom o fim de diminuir os acidentes e aumentar a produtiv­i dade. Das industrias, os testes psicol6g icos invadiram mais e mais o campo do transito. 0 objetivo era diminuir os acidentes por intermedioda testagem dos candidatos a moto­ rista em geral e de candidatos a motoristas nas empresas, selecionando os individuosque
apresentavam capacidadesaruali zadaspara desempenho intelectual, motor, reacio nal e ernocional satisfat6rios e necessarios a opera,;:iio de transitar.
A interface da Psicologia doTransito com a Psicologia Ambiental esta exatamente nopr6prio arnbiente. Sem ambiente niio ha transito. 0 triinsito desenrola-se noarnbiente do veiculo e da via, sendo que ambos influenciam e determinam o comportamento do condutor, dadoque qualquer mudan,;:a na via provoca altera,;:oes no seu comportamento.
0 ambicnte da via e, tambem, o ambie ntc espccializadodo transito constrangem o com­ portamento do condutor a produzir a,;:oes seguras.
lnfelizmente, o autom6vel niioe muito gratoao arnbie nte em que elese movimenta,
haja vista a poluis;iio provocada pela combustao e pelo ruido provocado por mil hoes de carros que trafegam nas cidades e o modo como afetam os seres vivos e os recursos naturais (Bom1ans & Hamers, 1985) .
Di.rig ir um autom6vel ou mesrno andar na cal,;:ada siio compo11amentos conti­ nuamente regulados e orientados pelo ambiente. Podemos dizer que existem poucos comportamentos que siio tao continuamente e comple tamente reg idos pelo a mbie nte como oscomportamentos no transito. Um momento de distra,;:iio podera ser fatal. Ex.istem poucos comportamentos tao estreitamente ancorados no ambiente. lsso apenas quando se fala do ambie nte material ou o ambie nte rnais especifico de transito, com semaforos, faixas e placas.
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Apesar desta atua9lio ser a face mais visive) da cont ribui9iio dos psic61ogos ao
estudo do comportamcnto no transito ea partirdela que podese afirma rque nos ult imos 40 anos pouco mudou na atua9iio do psic6logo de trilnsito. Ha uma desatua liza9ao em
re lai;iioao usode materiais de testagem (os processos de valida9iio e padronizai;iio para a realidade de triinsito siio ainda escassos), os programas de capacita9iio profissional para a atua9iio na area do triinsito siio raros, assim como a participa9lio de psic6logos brasileiros nos congressos internacionais de trilnsito'.
Uma proposta para introduzir o sis tema frances de avalia9iio psico16g ica do moto­ rista acidentado foi mal interpretada e levo u a e limina9ao do exame psicol6gico pelo
vetodo presidente Fernando Henrique Cardoso, quandoda assinatura da nova leg islac;iio de trilnsito (C6digo de Transito Brasileiro, 1997) , mas que foi logo em seguida revo­
gado, grai;as a mobilizai;aopolitic.a dos psic6 1ogos ps ico tecnicose do Conselho Fede ral
de Psicolog ia. Apesar de vencida a batalha, resta continuar questionando: como avaliar a eficac ia dos exam-es psicol6g icos obrigat6rios para candidatos a motoristas, tendo em vista os diferentes perfis profissionais e obje tivos de uso dos veiculos? 0 exame psico­ l6gico tern contribuido para evitar ou reduzir os acidentes no transito? 2
Esses questionamentos nos levam a avaliar as possiveis a9oesque podem ser desen­ volvidas por psic61ogos em rela9ao ao trilnsito, para alem dos recursos usuais:
· trabalhar com as fobias de pessoas que, apesar de possuirem a Carteira Nacional
de Hab ilitai;ao e terem carro na garagem, nao tem coragem de trafegar na via publica. Ja existem metodos psicoterapeuticos realizados no pr6prio can-o ou em situa9oes simi­ lares que procuram dessensibilizar compo1iamentos f6bicos e suas variantes;
· propor interven9oes com alco61icos, dado que eles frequentemente se envolvem em acidentes e que estatisticamente 50% dos acidentes fatais nas rodovias ocorrem em virtude da ingestao de alcool. Nao e a toa que em alguns paiscs motorista alcoolizado
perde a carteira de habilita9iio;
· desenvo lver atividades e estudos com vic iados em drogas. Ainda que os efeitos das drogas sobre o compot1amento no transito niio sejam totalmente conhecid os , se m di'.1vida os efeitos de euforia e o aumento de trai;os de agressividade tern reflexos evi­ dentes sobre o compo11a mento do adictoao volante, com consequencias inevitavelmente desagradave is;
· trabalhar nas comunidades de bai1To, a va liando com a popula9iio quais as difi­ culdades enfrentadas em rela1yao ao transito, de que fonna ocorrem os acidentes, como e o servii;o dos transportes coletivos;
1 Pamouu·osdc1alh eshis16ricossobrca panici1>a {10 dospsic16ogosno1ransito e sobre aconsln.i iio da disciplina Psi­
cologia doTriinsito. vero caphulo 1>riineirode.sic livro: "Slmese hi s16ricada Psicologia doTninsito no13rasil...
: Essesqucstionamcntos 1150 siio objcto denos.so artigo. PorCm, muitos aspect-Os sobrc ascompcCt nciasdospsic61ogos qucrealizam avalia to psieol6gica para o trtinsitoe sobrc o uso c validadcdosinstrumcntospsico16gicos.atualmcntc comcrcializados.sao objctode disc ussiio cm varioscapitulos dcstc livro.
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Co M1'<.>1t 1\:--1:1NTO I n 1M AN O NO ·r !\.Ns rr o
· trabalhar junto as empresas que operam onibus e outros veiculos que atendem a pop ula<;iio. Munir-se de videos e outros meios para mostrar as situa<;oes e as manobras perigosas, nas quais muitos motoristas e pedestres morreram ou se acidentaram;
· p romover a educac;iio e motivar os profossores a falar sobre o transito; organizar conferencias ou discussoes sobre o CTB nas ultimas series do Ensino Funda menta l ou no Ensino Medic de forma a preparar os jovens para o tri\nsito. A maioria das vitimas fatais de transito esta mama faixa de I 7 a 28 anos;
· ajudar na promo9ao da educa9ao ambiental na qual tambem deve ser incluida a educa<;iio ambiental para o transito (Abreu, 200I);
· promove r, na area da psicologia hospitalar, terapia de apoio para os aciden­ tados de transito. Os eventos traumaticos associados ao luto (perda de entes quer idos) ea sequelas de acidentes niio tern merecid o o tratamento devido. Quem esta cuida ndo disso e de que fonna tern atuado?
· lutar pela introduc;ao ou reintroduc;ao de medidas que mundia lmente siio reconhe­ cidas como boas, como a colocar;iio das luzesvennelhas que acusam frenagem a altura dos
olhos do motorista que segue. A frenagem corre ta e, as vezes, questao de segundos;
· lutar pelo melhoramento das calc;adas nas nossas cidades, sobre o qualja falamos neste texto, e de acostamentos nas estradas e rodovias;
· pesquisar, junto a grupos ativos de c idadiios e profissionais, quais os pontos de alto risco na cidade e movimentar os 6rgiios e instanc ias oficiais a tomarem medidas para sanar e prevenir os problemas detectados;
· formar, nas unive rsidades, nucleos interdisciplinares de estudo sobre os pro­ blemas do tri\nsito, de forma a conduzir pesquisas avanr;adas ea cont ribuir com cursos e palestras sobre as responsabilidades das universidades para o bem-estar da sociedade frente a problematica do tri\nsito;
· promover o interci\mb io e ntre nucleos e labora tories de estudos e pesquisa na a rea do transito visando intensificar traball10s conjuntos ea acelerar a difusao dos resul­ tados de pesquisas. Cr iar um espa<;o v i1tua l (site na Internet) que possa congregar esses 111'.1cleos e laborat6rios e no qual se possa publicar artigos e informar a respeito de co n­ g ressos nacionais ou internacionais da area. Com um minimo de coordena9iio pode-se pensar em organizar uma associa9iiode pcsquisadorcs do transito, quc possa ser interli­ gada a professores, profissiollaise estudantes de gradua9iio e de p6s-gradua91io. Existem espa90s em congresses nacionais que podem ser utilizados, como por exemplo, aquele que nos oferece anualmente a Sociedade Brasileira de Psicologia para fazer workshop, simp6sio ou outro tipo de reun iiio cientifica na q ua l todos possam se conhecer e trocar experiencias.
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7. C O NCLUSAO
A Psico logia do Transit<> esta ligada ao tema de saude em geral ea saude mental em partic ular. A Psicologia de Transito nasceu do estudo do acidente, mas avan9ou na dire9ao da avalia,;ao dos fatores que levam ao acidente e, em particular, dos conflitos associados.
Esperamos que esse texto possa proporcio nar uma leitura orientadora aos interes­ sados em se dedicar ii Psicologia do T ransito, que deverao acentuar cada vez mais os vinculos te6rico-metodol6gicos com a Psicologia Ambiental, a Psicologia Socia l, a Psi­ cologia do Trabalho ea Ergonomia, sem se esquecer da pesquisa basica em Psicologia. Esse conjunto de contribuir;oes ce1tamente auxi liara no aperfeir;oamento do diagn6s­ tico e da in terveo,;aosobre a complexidade dos aspectos compo11amentais do transito e, desta forma, poder colaborar no aumento da seguran<;a para o transito.
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C o MPORl \ 11:NTO 1n 1MANO NO ·n ANsrro
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C AP iT U LO 3
A.ivtB!ENTE, P S ICO LOG IA E TRJ-\NSITO: REI LEX◊ ES SOBRE UNA INTEGRA(,;J-\O NECESSJ\RIA
Hartn,ut Gil11tber
1. I NTRODUc;,::AO
0 C6digo de Triinsito Alemao considera doisaspectos basicosem seu paragrafo pri­ meiro: "(I) A partic ipa,;:iio no triinsito exigecuida dos constantes e considera9iio mC,tua.
(2) Cada participante do triinsito deve comportar-sede tal maneira, que nenhum outro possa ser prejudicado, co locado em per igo, ou, conside rando as c irc unstilncias inevi­ taveis, impedido ou incomodado mais do que o necessa rio" (Stral3enver kehrso rdnung
· S tV O, Lei de Tri\nsito da Alemanha).
Este primeiro paragrafo do C6digo de Transito da Alemanha se transforma em in(une ros paragrafos da legis la,;:ao , especificando como os participantes devem se co m­ portar. Como, entretanto , conseguir que o comportamento real se aproxime a este ideal? Ai esta a tare fa basica da Ps icologia do Triinsito.
Po r que?
Num recente artigo , Gladwell (200 I ) observa que a cada tres quilometros o moto­ rista realiza 400 observa9oes, toma 40 dec isocs e comete um erro. A cada 800 km um desseserros vira uma quase colisiio ea cada I00.000 km um desseserros vira um evento ' desag radave l'. Uso o tenno ' desagradavel' de prop6sito. No original ingles consta a palavra crash, isto e, colisiio, palavra esta que n.ao identifica , de antcmao, um respon­ savel pelo evento, mas tambem niio exclui a possibilidade para tal.
No Brasil, usamos, de maneira generica, a palavra acidente cuja primeira defini9iio e " aco ntec imento casual, ,fo tu ito, inesperado, ocorrenc ia (...) qualquer acontecimento, desagradavel ou infeliz,que envolva dano, perda, lesiio, so frimento ou morte" (Houaiss & Villar , 200I , p . 55). A no<;iio de acaso implicita nes ta defini<;iio ("fortuito, que acon­ tece por acaso", Ho ua iss & Villa r, 200 I, p. 1.378) refere-se a uma "ocor re ncia, acontecime nto casual , incerto ou imprevisivel" (Houaiss & Villa r, 2001 , p. 46) ou a um " conjunto de causas imprevisiveis e independentes entre si, que nao se prendern a um encadeamento 16g ico ou racional, e que dete,m inam um acontecimento qualquer" (Fer­
reira, 1999 , p. 26). A inferenc ia possivel, a pa,tirdesta conceitua,;:iio, ede que, no fundo,
niio ha responsavel pelo acidente, ja que e fruto de um conjunto de causas imprevisiveis, sem encadeamento 16gico ou racional.
Se, por outro lado, usassemos palavras especificas para denominar os eventos 'desa­ gradaveis' , tais como colisao, contraven,;:ao,desobediencia, erro ou lapso se ria possivel identificar a a<;iio (o u omissiio- que tarnbem niio deixa de ser uma ai;;iio) por pa,tede um ou mais responsaveis, alem de poder estabelecer um encadeame nto de eventos interde­ pendentes de maneira 16gica e racional.
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Podemos constatar que pensamos em muitos dos eventos do transito como impre­ visiveis, ao mesmo tempo em que tentamos lidar com esses eventos como sc fossem algo previsfvel e, portanto, potencialmente controlavel.
2. 0 COMPORTANENTO DO PARTICIPANTE E
ANTECEOENT l':5 005 ACONTECIMENTOS 00 TRANSITO
Rozestraten (1988) afirma que o transito consiste em uma conste lai;:ao de tres eixos
· o comportamento do participante do transito, da via e do veiculo. Continuamos , por enquanto , com o primeiro eixo, o comportamento do participante. Como compreender, prever e, na medida do possivel, controlar o compo1iamento do pa1ticipante do transito? Podemos identificar tres dim ensoes de antecedentes a partir das quais se tenta predizer
o comportamento: conhecimentos, praticas e atitudes.
0 primeiro preditor do compo1iamento no transito eo grau de conhecimento sobre
o que diz respeito ao transito e pode ser verificado de maneira bastaote objetiva. Resta saber, entretanto: o que e relevante para ser conhecido, com que grau de profundidade e
para quaI nivel de participai;:iio no transito? Embora o conhecimento das regras de tran­ sito e de certas leis da fisica constitua o sine qua 11011 para atuar como partic ipante no transito, ele esta longe de ser suficiente, pois antes de mais nada o conhecimento pre­
cisa ser colocado em prittica , na hora certa.
Ass im, pratica eo segundo preditor de comporta mento. Pr{1tica e uma habilid ade que se adquire no decorrer do tempo. Tip icamente, antes de conceder a pessoa a per­
missao para dirigir um veiculo motorizado , exige-se que ela reali ze um certo Dumero de horas de treino e seja submetida a uma prova prMica.
As atitudes configuram o terceiro preditor. A definii;:iio c lassica de atitude foi dada, em 1935 , por Allport: "es tado neuropsiquico de prontidiio para atividade mental e fisica" (Allport, I935 , p. 799). Esta defini9iio aponta, no caso do transito, para a questao da prontid1io , pre s teza ou disposi9iio de uti lizar o conhecimento ea pratica em beneficio de um compo1tamento no transito de tal manei ra "que nenhuma outra pessoa passa ser prejudicada, colocada em perigo, ou, considerando as circunstancias inevitaveis, impe­ didaou incomodadamaisdo que o necessario" (StraJ3enverkehrsordnung-StVO,C6digo de Transito da Alemanha).
Ate este pooto das nossas reflexoes, consideramos o eixo ' pa11icipante' da div isao entre participante, veiculo e via, que Rozestralen esta belece, procurando os antecedeotes
dos acontecimentos do transito no individuo. Vale lembrar, entretanto, uma outra inda­ ga9ao classica da psicolog ia social, tambem de Allpo1t "Como eque o indiv iduo pode
ser tanto causa quanto consequencia da sociedade?" (1954 , p. 8).
T raduzindo esta quest1io para a psicologia do transito, uma das muitas ' enteadas', para nao dizer ' filhas ' da psicolog ia social, temos a seguinte indaga9iio: Considerando
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o participante do transito como causa e consequencia da sociedade, do arnbiente social e fisico, ondc temos de procurar os antecedentes dos acontecimcntosde transito, espe­ cialmente a desobed ie nc ia, erros, lapsos e demais comportamentosque viram viola9oes do c6digo do transito e, ate, colisoes, fatais ou niio?
Expandimos a conceitua9iio de Rozestratcn dos tres eixos da Psicologia de Tran­ sito participant,eveiculo e via inc luindo urn quarto: as regras e normas da sociedade. Desta maneira, podemos reflet ir sobre as seguintes perspectivas:
· partic ipante, veiculo e via (para fala r nos termos de Rozestraten e da Psicolog ia do Tri\nsito);
· individuo e sociedade (para falar nos terrnos de Allport e da psicologia social);
· individuo e meioambiente, composto pela sociedade, istoe, vias, veiculos, normas socia is e, incidentalmente, outros participantes do trans ito.
0 pontocomum a essas tres perspectivas e que a rela9ao indiv iduo e meio ambiente (vias, veiculo, nonnas sociais, etc.) e reciproca. Em outras palavras, o comportamento
da pessoa, pedestre ou motorista, tem raizes tambem extemas a ela, raizes estas que, por sua vez, siio consequencia do seu comportamento e de outras pessoas. Reciproci­ dade entre o comportamento do ator e os eventos do arnbiente fisico e social surnariza os preceitos da psicologia a mbiental.
3. A,,tBIENTES E P stCOLOGIAA,,rn1ENTAL
0 co mportamento do ator refere-se ao complexo de tudo o que o ser humano rea­ liza para pensar, sentir, agir. No contexto de tri\nsito, interessa principalmente a a9ao,
o comportamento adequado e seguro.
A no9iio de ambiente e, antes de tudo, uma constata9iio fisica - o ambiente co ns­
truido, que pode ser percebido no nive l micro (quarto, sa la de trabalho ou aula, casa) e no macro (uma cidade), ou natural, que pode variar em extensiio desdc o quinial de nossa casa ate um parque naciona l. No caso do transito, especifica mente, varia desde o
interior de um carro a uma rua ou um sistema viario.
0 essenc ial para a Psicologia Ambiental e esn1da r as rela9oes reciprocas entre o
comportamento- nosentido amploda palavra - do individuo e o ambiente: como o com­ portamento impacta o ambiente e como o ambiente impacta o comportamento.
Vale ressaltar, a.inda, que estas duascircunstancias niiosao independentes e isoladas, masintegradas:o ambiente influencia o individuo, que influencia o ambiente, que influencia
o indiv iduo,e ass im pordiante. Este movimento de circularidade revela um aspecto impor­ tante: o fato de que niio e possivel pensar a influencia em uma (mica dire9ao e de forma
d icotomica (a perspectiva de ver o ser humano ora como ativo e ora como passivo).
Essa anaLise pode muito bem ser estendida a atividade do pesquisador, que tambeme
um ator e, ao rnesmo tempo, consumidor dos resultadosda pesquisa e pela qua!esta sendo
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modelado. Quando atuamos como pesquisadores, coletando dados, o objeto de estudo esta no outro lado da mesa, da prancheta, la na ma. 0 comportamento do pesquisador deve se orie ntar pelo rigor da objetividade. Uma vez coletados - niio construidos - os dados slio analisados , segundo algum contexto que consiste, em nivel micro, dos resultadosde pes­ quisas anteriores e em nive l macro , do contexto sociocultural.
Trabalhar , portanto, com Psicologia Ambiental significa levar em conta o exame rigoroso e objetivo: a) do ambiente fisico; b) das relac;oes reciprocas entre individuo e ambiente; (c) dos aspectos socioc ult urais e normativos .
Essas considerac;oes sobre a Psicologia Ambiental permitem revelar a nossa preo­ cupa c;iio: que os antecedentes dos eventos do transito niio devam se restringir ao estudo do part icipante, dos eventos privadosou, usando um term o moderno, da subje tividadedo partic ipante, mas da sua inserc;iio no contexto ambiental, do impacto do seu compo1t a­ mento sobre o ambiente e do ambiente sobre seu comportamento.
4. P ERSPECfl VAS DE INTEGRAc;AO DA P sICOLOGIAA.Nl3IENTAL
COM A PsrcoLOGIA oo T1 srro
0 queparece ser 6bvio: (a) o psic61ogo do trilnsito cuida da "cabec;a" do par tici­ pante; (b) o engen be iro do transito da via; (c) o engenheiro mcca nico e o ergonomista do veiculo, e (d) o legislador da legislac;iio tern de deixar de ser 6bvio. 0 que nos inte­ ressa enquanto psic61ogos, e que o psic6 1ogo do triinsito cuide , alem das questoes individuais do motoris ta, da inte rac;ao de todos os participantes com o vciculo, a via, a politica ea legislac;iio.
0 psic61ogodo triinsito deve ampliar o leque de suas preocupac;oes e atuac;oes. Os antecedentes do compo1tamento do pa11icipante no transito nao se restringem a eventos privados. Sendo o comportamento o objeto de estudo do psic61ogo, ele precisa niio somcnte preocupar-sc com todos os anteccdentes, mas, especialmente como pesqui­ sador, com a interdependencia destes com o comportamento.
0 desafio e o potencial da perspectiva da psicologia ambiental, da recip rocidade entrc individuo e ambientc, subjacente a pergunta de Allport , e grande quando consi ­
deramos a questao do transito. A conceitua<;ao de comportamento do participante no transito como causa e consequencia do veiculo, da via e das normas sociais implica nece ssidades de expansiio das atividades do psic61ogo para alem da tradicional atuac;ao como psicotecnico. Vejamos alguns exemplos:
· uma via niio esta boa ou ruim em algum sentido absoluto, objetivo ou mecanico. As suas caracteris ticas tecnicas siio mais ou menos adequadas diante das caracteris­
ticas do usuario. Se niio ha cor respondencia entre as condic;oes da via e as necess idades do usuario, cabe ao psic61ogo ver ificar de que maneira a via niio satis faz as nece ss i­
dades humanas e informar ao engenbeiro para que este possa fazer o que esta dentro
das suas possibilidades. A titulo de exemplo, uma rua es buracada irrita o motorista porter de reduzir a ve locidade do veiculo, algo q ue, dependendo das circunstancias, e
muito apreciado pela ma ioria dos cidadaos que niio dirigem. A rua asfa ltada larga nao some nte fac ilita o triinsito, mas convida a correr e aumenta a necessidade de redobrar a atenc;iio;
· da mesma maneira, o veiculo nao esta born ou ruim em algum se ntido absoluto, objetivo ou mecilnico. As suas caracteristicas tecnicas siio mais ou menos adequadas diantedas caracteris ticas do usuario . Mais uma vez, cabeao psic6logo informar ao enge­ nheiro responsavel pela sua const ruc;iio. Diga-se de passagem, que esta importante tarefa niio possa ser deixada apenas para os psic61ogos que trabalham em marketing de pro­ dutos mais atraentes e mais vendaveis aos eventuais clientes;
· ainda mais ser ias siio as nonnas sociais, as regras e leis do trans ito. A rua e asfaltada sem obstaculos. 0 animcio promete: " Basta in cinco toques no Tiptronic do volante parachega r iiq uinta marcha ea uma velocidade fit1a lde 228 km/h" (A udi A3, na revista VEJA, 7 de nov. 200 I , p. 68-71); e avisa, em letras bem menores: " Respeite os limites de velocidade e o C6digo Nacional de Trans ito". Cabe perguntar: Ot1de e q ue o C6digo de Triinsito Brasileiro permite uma velocidade ac ima de 110 km/b em territ6rio nac ional? Outro exemplo: estac ionar em locais proibidos por niio haver outras alterna­ tivas liv res para deixar veiculo, especialme nte em torno de banco, comercio e 6rgiios pt1blicos e privados. Assim, cabe uma co labo rac;:iioentrc o psic61ogo, que est uda o com­ portamento da maneira como ele se apresenta, o jurista que estuda o comportamento da maneira como devia ser, e o engenheiro que cria as condic;:oes ambientais para o com­ portamento ocorrcr.
5. C ONCLUSAO
Argumentamos que o papel do psic61ogo do transito co nsiste niio somen te em estudar e avaliar as caracteristicas do participante no tri\nsito, isto e, do grau de sua ade­ q uac;:iio e adaptac;:iio ,\s condic;:oes d adas pelos engenhe iros e politicos, tarefa tradicional da avalia9ao psicol6gica para o transito .
A atuac;ao do psic61ogode transito prec isa se expa ndir para realizar pesquisas sobre as condic;oes soc iais e mccanicas com as quais o pa1t ici pante do transito se envolve no momento q ue coloca ope oa freote da sua porta. Obviamente, isto inclui todos os pa rtici­ pantesdo tri\nsito, nao somente os motoristas que, pe lo jeito, muitas vezes se comportam como se nunca co locassem o pe na frente da sua porta, mas diretamente para dentro do carro. Em outras palavras, o psic61ogo do trilns ito precisa colabora r:
· com o desenhista industrial, enge nhe iro mecanico e ergonomista para estudar e avaliar as condic;oes de seguranc;a, conforto e eficiencia dos veiculos, desde patins ate caminhoes;
C o MPORl \ 11:NTO 1n 1MANO NO ·n ANsrro
· com o urbanista e enge nheiro de triinsito para estudar e avaliar as vias - desde trilhas e calc;adas ate vias expressas;
· com o leg is lador para estudar, avaliar e propor regras de transito exe qu iveis.
Voltando ao exemplo: niio basta proibir estacionamento numa rua quando nao se providencia es tac ionamento fora da via apropriada ; niiobasta proibir e multar a alta velo­ cidade ao mesmo tempo em que se constroem vias cada vez melhores e mais rapidas e
sea potencia do veiculo constitu i um argumento para a venda.
Na perspectiva da reciprocidade e da psicologia a mbie ntal eimp, o t ante comp reender
que o psic61ogo de tr iins ito niio fac;a apenas uma coisa ou out,ra quer dizer, ou estuda e
avalia o individuo,ou estuda e avalia o veic ulo ou a via ou as normassociais. 0 impor­ tante eque tudo isto seja realizado de maneira integrada para niio perde r a perspectiva
da recip rocidade entre o comportamento do pa ri icipa nte do trans ito e seu ambiente.
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C AP iT U LO	4
Uso DO CARRO COMO UMA EXTENSAO DA CASA
E OS CONFLITOS NO Tl&\.t'1SITO
NeuzaCorassa
l. h n RODU<;:AO
Dados anuais moslram um n(,mero alto

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