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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2-EBMSP Farmacologia- Drogas Antitireoidianas e Levotiroxinas Introdução Diagnóstico do Hipotireoidismo Diagnóstico da Tireotoxicose Primário: T4 livre baixo e TSH alto Primário: T4 livre alto, T3 livre alto e TSH baixo Central: T4 livre baixo, TSH baixo, normal ou alto Central (Muito raro): T4 livre alto, T3 livre alto e TSH alto. OBS: No hipotireoidismo primário haverá uma falência da glândula e o T4 livre estará diminuído e o TSH aumentado na tentativa de compensar esse T4 baixo. OBS1: Já no hipotireoidismo central, existem 3 possibilidade: deficiência hipofisária de TSH (isso leva a uma diminuição do TSH e consequentemente do T4), TSH normal (anormalmente normal), TSH elevado (muito raro e acontece devido a um defeito de feedback fisiológico). OBS2: Na tireotoxicose primária, há uma lesão folicular direta na tireoide, levando a um aumento do T3 e T4, que por feedback negativo, reduz a produção de TSH. OBS3: Já na tireotoxicose central, há um TSH alto e isso leva a um aumento de T3 e T4. Valores de referência: - TSH: 0,5-5 um/L; - T3 livre: 2,5-4 pg/ml; - T4 livre: 0,8-1,8 ng/dl. OBS: Dieta de restrição de carboidratos (Dieta de Atkins): o metabolismo energético desvia para o consumo de lipídios reação cetogênica redução da ação das enzimas desiodase redução dos hormônios tireoidianos. Tratamento do Hipotireoidismo Primeiramente precisamos nos lembrar como é o diagnóstico do hipotireoidismo. Logo, é mandatório que exista uma redução do T4 livre. O tratamento do hipotireoidismo é feito com Levotiroxina, onde a dose varia de acordo com a idade: maior a idade maior a dose. - 1 a 3 anos: 4 a 6 mcg/kg/dia; - 3 a 10 anos: 3 a 5 mcg/kg/dia; - 10 a 16 anos: 2 a 4 mcg/kg/dia; - >17 anos: 1 a 2 mcg/kg/dia. Contudo, existem situações em que as necessidades diárias podem estar alteradas, ou seja, pacientes que fogem a essa regra de 1-2 microgramas/kg/dia. Essa necessidade pode estar aumentada de hormônio tireoidiano: - Pacientes com má absorção; - Gestantes; - Pacientes que usam drogas que reduzem a absorção da Levotiroxina: sulfato ferro, hidróxido de alumínio, colestiramina, etc; - Pacientes que usam drogas que aumentam o metabolismo hepático do T4 livre: estrogênio, fenobarbital, estatina, etc; - Situações que bloqueiam a síntese de desiodase: cirrose, deficiência de selênio (está ligado à biossíntese da desiodase). Ou necessidade diminuída por hormônio tireoidiano: - Envelhecimento (>65 anos); - Terapia androgênica em mulheres. A orientação ao paciente deve ser ingerir a droga diariamente, em jejum, pelo menos 30 minutos antes de comer. É necessário reavaliar os níveis dos hormônios tireoidianos em 45 dias e, após estabilizar, a cada 6-12 meses. Em pacientes idosos, cardiopatas e hipotireoidismo grave de longa data é recomendado iniciar a metade da dose recomendada e fazer aumentos graduais a cada 15-30 dias, pois os pacientes são mais hipometabólicos. Ao dar hormônio, ligamos eles na tomada e eles podem sofrer isquemia. Os efeitos colaterais mais comuns do uso de Levotiroxina são: FA, osteoporose, pseudotumor cerebral e espessamento ventricular. Tratamento do hipotireoidismo subclínico Primeiro precisamos lembrar do diagnóstico laboratorial, o qual teremos: T4 normal e TSH elevado, porém abaixo de 10. É como se a glândula estivesse pegando no tombo, ou seja, não está funcionando corretamente, mas a hipófise está jogando muito TSH para ver se a tireoide funciona. - TSH >5 e T4 livre baixo: hipotireoidismo; - TSH entre 5-10 e T4 livre normal: hipotireoidismo subclínico; - TSH >10 e T4 livre normal: hipotireoidismo manifesto. Quando tratar? - Pacientes com TSH >10; - Gravidez; 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2-EBMSP - Crianças; - História de eventos cardiovasculares; - Doença tireoidiana autoimune; - Idosos. Tratamento coma mixedematoso O como mixedematoso é uma forma de hipotireoidismo bastante severo, sendo composto por: fator precipitante (AVC, infarto, infecção) + alteração do nível de consciência + hipotermia. O tratamento é composto por: - Suporte: volemia, aquecimento; - Hidrocortisona 300mg/d em um acidente grave, grande queimadura ou grande cirurgia, há uma resposta metabólica endócrina a esse trauma, que é: adrenal passa a produzir bastante cortisol. O corticoide é bastante importante porque é hiperglicemiante, porém precisamos colher o cortisol (deve estar acima de 18 em jejum) antes de dar a hidrocortisona. Essa hidrocortisona é necessária porque o paciente em coma mixedematoso tem risco para insuficiência adrenal relativa, onde a adrenal não consegue aumentar a produção do cortisol. - Levotiroxina em dose alta: 300-600 microgramas/dia. Tratamento hipertireoidismo O tratamento do hipertireoidismo consiste no controle dos sintomas adrenérgicos e o tratamento da produção exacerbada de hormônios tireoidianos. - O controle dos sintomas adrenérgicos é feito com betabloqueador, buscando o conforto do paciente. Propanolol é a droga de escolha, seguida pelo atenolol. Agem inibindo as desiodase e, portanto, reduzindo a conversão de T4 em T3. Tratamento da Doença de Graves: Drogas antitireoidianas: O uso de drogas antitireoidianas é a primeira opção terapêutica. São elas: - Metimazol: droga de escolha; Mecanismo de ação: inibe a organificação do iodeto na tireoide; Benefícios: dose única diária e efeito dose- dependente; Contraindicação: gravidez e amamentação. OBS: Carbimazol: sofre efeito de primeira passagem no fígado e vira metimazol. Então não é utilizado na prática. - Propiltiouracil: droga de escolha na gestação, amamentação e crise tireotóxica; Mecanismo de ação: inibe a captação do iodeto pela tireoide e, em altas doses, inibe a desiodase tipo 1 (T4 T3). OBS: Diferença entre o propiltiouracil e metimazol: o metimazol impede que haja absorção de iodo e liberação de T3 e T4 nas células da tireoide, enquanto o propil faz as mesmas coisas, só que também impede a ação da desiodase tipo 1 na periferia, ou seja, impede a conversão de T4 em T3. - Tionamidas: Mecanismo de ação: inibem a ação da tireoperoxidase, diminuindo a organificação do iodeto na tireoide e, consequente, produção dos hormônios tireoidianos. Os fatores favoráveis ao uso dessas drogas são: sexo feminino, idade 20-40 anos, títulos elevados de anti- TPO, bócio pequeno, TRAb <30, Hiper leve a moderado. Já os desfavoráveis são: Oftalmopatia, bócio volumoso e menores de 20 anos. Os efeitos colaterais são: prurido, urticária, artralgias, febre, anemia, vasculite e hepatotoxicidade. O uso dessas drogas é feito por 1-2 anos, pois com um tempo inferior a 1 ano, os pacientes recidivam mais rapidamente e não superior a 2 anos, pois se não teve resposta ainda, provavelmente não vai responder a droga. Após esse período, devemos determinar o valor do TRAb e caso ele continue positivo, partiremos para terapia definitiva: iodoterapia ou cirurgia. Iodoterapia: Terapia definitiva É a administração elevada de iodo radioativo. Então quando ele é captado pela célula, ela entra em apoptose. Ou seja, é como se tivessem queimando as células da tireoide. A radiação com iodo causa destruição tecidual, com intenso processo inflamatório local até a fibrose, levando a diminuição da produção dos hormônios tireoidianos até chegar ao hipotireoidismo. OBS: A Oftalmopatia de graves pode exacerba-se após o uso do radioiodo devido à exposição maior a antígenos liberados com o processo inflamatório. Logo, é contraindicada a radioterapia na presença de Oftalmopatia em atividade e Oftalmopatia grave. Além disso, é contraindicado em gestantes e em crianças <7 anos. Deve ser evitada ainda em pacientes com 3 Luana MascarenhasCouto 18.2-EBMSP câncer de tireoide e na presença de citologia suspeita ou indeterminada. Drogas antitireoidianas Iodoterapia Melhora em 2-4 semanas Melhora com 4-6 semanas; 60-70% de recidiva 5-20% de recidiva Complica com hipo 10- 15% dos casos em 15 anos Complica 10-30% dos casos em 2 anos e 50% dos casos em 10 anos. Cirurgia: Terapia definitiva A tireoidectomia é indicada para pacientes: - Alérgicos às drogas antitireoidianas; - Presença de nódulos indeterminados; - Impossibilidades ao uso do radioiodo (gestação); - Tiromegalia com sintomas compressivos. Quando não há possibilidade do preparo pré- operatório do paciente com a droga antitireoidianas é preconizado o uso de propranolol. Como complicações temos: - Hipotireoidismo; - Hipoparatireoidismo; - Lesão do nervo laríngeo recorrente. Tratamento Hipertireoidismo subclínico Primeiro, vamos entender o que seria: é quando temo um TSH baixo e T4 livre normal. Sobre o tratamento, ainda não é um consenso. Contudo, deve-se tratar pacientes que tem: - FA; - DAC; - Diagnóstico de osteoporose; - Mulheres na pós-menopausa. OBS: Paciente que apresenta TSH baixo e T4 livre normal, precisamos pedir o T3, pois às vezes o T4 livre está normal, pois a conversão (T4 T3) está tão elevada que normalizou o meu T4 T3 toxicose (hipertireoidismo). OBS1: Já um paciente com TSH baixo, T3 normal e T4 normal hipersubclínico. Tratamento Crise tireotóxica É uma entidade rara, porém com alta mortalidade. Acontece quando há exacerbação dos sintomas da tireotoxicose + disfunção orgânica (ICC, confusão mental, icterícia, náuseas, diarreia, vômitos). O Diagnostico é feito com base na clínica: - Febre elevada com sudorese profusa; - Taquicardia; - Agitação; - Confusão, delírio ou psicose; - Coma. Os sintomas do hipertireoidismo são exacerbados, podendo incluir: taquicardia, comprometimento neurológico, disfunção gastrointestinal e hepática. OBS: O tratamento muda entre uma Hiper grave e uma crise tireotóxica. Na hipergrave: maneja com DAT e betabloqueador. Para tratar a crise tireotóxica, é necessário: - Inibição da formação do hormônio: PTU (200 mg 4/4 horas); - Inibição da liberação do hormônio tieoidiano: iodo (lugol 10 gotas 3x/dia, iodeto de potássio 5 gotas 6/6 4 Luana Mascarenhas Couto 18.2-EBMSP horas, iodeto de sódio 0,5-1 g IV 12/12 horas ou carbonato de lítio 300 mg 6/6 horas); - Bloqueio adrenérgico: propranolol 40-80 mg 4/4 horas e segunda opção: diltiazem 30-60 mg 4 ou 6 horas; - Medidas de suporte: hidrocortisona 300 mg/d devido risco de insuficiência adrenal relativa. Contudo, o raciocínio é diferente. O paciente está tão hipermetabólico que consome corticoide muito mais rápido, então, pode ser que mesmo ele produzindo, não consiga manter corticoide necessário para manter a reposta endocrinológica ao estresse. - Correção da desidratação, da ICC, terapia do fator precipitante. Por que usa Iodo? Por causa do Efeito Wolff- Chaikoff. Ou seja, há um bloqueio da tireoide. O excesso de iodo leva à inibição de proteólise do coloide, por saturação da glândula e não liberação de T3 e T4. Porém, quando uso iodo, corremos o risco do paciente usá-lo como matéria prima no hipertireoidismo Efeito JodBasedown. Para evitar tal processo, eu uso o PTU antes. Efeito do Lítio na tireoide: Pacientes que usam lítio são aqueles com diagnostico de transtorno bipolar e mania, sendo ele um estabilizador de humor. Têm pacientes que usam lítio cronicamente, devido a patologia de base deles. Então 50% desses desenvolvem bócio, 20% hiposubclínico e 20% hipo manifesto. São raros casos de hipertireoidismo e crise tireotóxica. - O hipo ocorre em pacientes que possuem predisposição genética; - O Hiper (tireotoxicose) pode ocorrer por destruição da glândula. Amiodarona (Inibe a desiodase tipo 1)- Antiarrítmico: É um antiarrítmico, no qual o iodo corresponde a 36% do peso molecular. Cerca de 15-20% dos pacientes desenvolvem disfunção tireoidiana, onde a predisposição genética vai determinar se vai evoluir com hipo ou Hiper. - Tireotoxicose tipo 2: mesma coisa que acontece com o lítio. Há destruição do parênquima da glândula por efeito direto da droga; - Tireotoxicose tipo 1: Efeito de JodBasedown; - Hipotireoidismo: Efeito de Wolff-Chaikoff. OBS: Condições que inibem a desiodase tipo 1: doenças agudas ou crônicas (excesso de metabolismo), privação calórica, especialmente carboidrato, desnutrição, glicocorticoides.
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