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PARAOLIMPÍADAS

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Estamos numa sociedade dita inclusiva, mas na qual o preconceito para com o deficiente, além do racismo e da xenofobia é 
 ainda muito grande, o preconceito da sociedade se revela de inúmeras e discretas formas. É indispensável 
 para a psicologia do esporte, compreender a questão do preconceito envolto na atuação esportiva, para 
 melhor lidar com os atletas e todas as questões que envolvem o esporte (GREGÓRIO; MELO, 2015). Assim, 
 por mais que existam leis que regulamentem a inclusão no esporte, nota-se diversas situações de preconceito como veremos: 
 
 
 
 
é mundial, inclusive pelo esporte paraolímpico (MARQUES et al., 2009). 
 
Uma forma, que cresce em importância a cada dia, objetiva a inserção 
de pessoas com deficiência no mundo esportivo, a partir da 
adaptação de suas práticas (DUARTE; SANTOS, 2003 apud MARQUES 
et al., 2009). O esporte adaptado é um exemplo dessas iniciativas de 
inclusão, podendo ser definido como o fenômeno esportivo modificado 
ou criado para suprir as necessidades dos envolvidos (PACIOREK, 
2004 apud MARQUES et al., 2009). 
 
Existe um movimento que se destaca dentre as formas de inclusão 
do esporte, que é o chamado esporte paraolímpico, ou também 
conhecido atualmente como paralímpico, principal meio de divulgação 
do esporte adaptado, que tem nos Jogos Parolímpicos seu principal 
evento em nível mundial (MARQUES et al., 2009). Inicialmente, não 
foram desenvolvidos para atletas com deficiência especificamente, 
hoje, são disputadas a cada quatro anos nos mesmos locais das 
Olimpíadas, com 19 modalidades de disputa por atletas portadores de 
deficiências, divididos em categorias funcionais de acordo com a 
limitação de cada um para que haja equilíbrio. 
 
De acordo com Marques et al (2009), a versão dos Jogos Olímpicos 
para o esporte adaptado, surge a partir do final da segunda guerra 
mundial, visto que, foi considerável o número de combatentes que 
sofreram lesões, ficando paraplégicos ou tetraplégicos, e assim em 
1948, foram realizadas as primeiras competições, a principio com 
fins de “movimentar o corpo”, de basquete, atletismo, natação e arco 
e flecha com pessoas portadoras de deficiência (MARQUES et al., 
2009). 
 neurocirurgião alemão, foi influenciado 
a iniciar um trabalho de reabilitação médica e social de veteranos de 
guerra por meio de práticas esportiva, no Centro Nacional de 
Lesionados Medulares de fundado pelo próprio cirurgião (MARQUES 
et al., 2009). 
 
 
O sucesso do projeto, motivou o Doutor Guttmann a organizar a 
primeira competição para atletas em cadeiras de rodas, com 16 
atletas paraplégicos na disputa de arco e flecha (MARQUES et al., 
2009). Em 1952, os jogos organizados, já tinham um caráter 
internacional com 130 inscritos, em 1960 o comitê organizador 
dos jogos de Stoke Mandeville realizou as competições em Roma, 
Itália, logo após os Jogos Olímpicos, utilizando os mesmos espaços 
esportivos e o mesmo formato das Olimpíadas. 
 
 Ainda em 1960, Quatrocentos 
atletas de 23 países participaram dos primeiros Jogos 
Paralímpicos, participando de 8 esportes (MARQUES et al., 2009). 
Esses jogos ocorriam de quatro em quatro anos, e eram 
exclusivos para atletas com lesão medular, posteriormente, foram 
inseridos atletas cegos, amputados e com paralisia cerebral. 
 
No Brasil, o histórico dos jogos paralímpicos, tem início mais ou 
menos em 1958, nos clubes de esportes adaptados no Rio de 
Janeiro; em 1972, a primeira delegação Brasileira é formada para 
a paralimpíada de Heidelberg (Lembrando que a participação foi de 
20 atletas); em 1975, foi fundado o comitê paralímpico Brasileiro 
(CPB). 
 
No esporte paraolímpico o atleta com deficiência, pertence a seis 
diferentes grupos no Movimento Paraolímpico (COMITÊ 
ORGANIZADOR DOS JOGOS PARAPANAMERICANOS, 2007): 
Atleta com paralisia cerebral; Atleta com lesão medular, 
poliomielite; Atleta com amputação; Atleta com deficiência visual; 
Atleta com deficiência intelectual. Sendo o atletismo paralímpico, 
a principal modalidade (MARQUES et al., 2009). 
 
 É composto por três 
formas geométricas que simbolizam: mente, corpo e espírito. 
 
DECRETO Nº 3.298, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1999. 
A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora 
de Deficiência compreende o conjunto de orientações normativas 
que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais 
e sociais das pessoas portadoras de deficiência. 
 
 
 
 
 
Estudar esporte na cultura atual signifi 
ca tentar compreender o seu papel, 
suas formas de manifestação e os 
valores que transmite para a sociedade. 
Nessa questão insere-se, entre outros 
objetos, os esportes em um âmbito que 
 Para os efeitos deste Decreto, considera-se: 
 toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou 
função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para 
o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado 
 normal para o ser humano; 
 
 aquela que ocorreu ou se 
estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir 
recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos 
tratamentos; e 
 
 uma redução efetiva e acentuada da 
capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, 
adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora 
de deficiência possa receber ou transmitir informações 
 necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou 
atividade a ser exercida. 
 
Deficiência física, auditiva, deficiência visual e deficiência mental 
 
Lacerda (2007), apresenta um olhar ampliado acerca das 
representações de corpos que circulam pela mídia e o ambiente 
esportivo, que assim como as outras indústrias dessa sociedade do 
consumo, tem o objetivo comum de rejeitar o corpo velho, fraco, doente, 
incapaz ou deficiente. Ou seja, o esporte apresenta silhuetas variadas, 
muitas vezes antagônicas dependendo da modalidade praticada, porém 
a ideologia e simbologia do corpo ideal permanecem (LACERDA, 2007). 
Temos exemplos, das mulheres que praticam esportes como futebol ou 
levantamento de peso, de negros etc... que são literalmente esquecidos 
pela mídia, por não representarem o padrão de corpo ideal. 
 
O corpo considerado “deficiente” só foi aceito no esporte, quando trata-
se da reabilitação, podemos citar como exemplo, as mulheres que 
inicialmente eram excluídas das competições em virtude da fragilidade 
de seus corpos (HARGREAVES, 1985). A pessoa com deficiência colocada 
na arena esportiva, é algo inesperado, visto que, o esporte é um local 
que espera e busca eficiência e habilidade, o que contribui para o 
preconceito. 
 
A inserção da pessoa deficiente no 
contexto esportivo, pode ser de grande contribuição para um 
ressignificação desse corpo, visto que, um corpo deficiente, mas que 
está ativo e é eficiente, em comparação com a ideia de corpo inativo e 
inerte que normalmente é atribuído a esses indivíduos pode auxiliar na 
diminuição do preconceito. 
 
Nós como psicólogos do esporte, não podemos esquecer que, os atletas 
com “deficiências” precisam cumprir todas as demandas de atletas que 
 
são “convencionais”, com intensos treinamentos, cobranças, 
desempenho, restrições, treinamento mental, disciplina. Todos os 
atletas tem como característica psicológica, muita determinação, 
com o esporte eles se sentem parte de algo maior. Assim, a 
psicologia do esporte, para ser inclusiva e trabalhar da melhor 
maneira possível, precisa compreender que a suas práticas 
devem ser “moldadas” a necessidade do atleta. 
 
 Atletas com deficiência visual, em esportes como 
o judô em seu treinamento mental, ao invés de utilizarem o treino 
da imagem mental, que já foi explicado, precisam de outra 
abordagem psicológica para esse treinamento, como é o caso da 
utilização do Tato, audição.... 
 
 
É importante deixar clara, a definição 
 de preconceito, de acordo com Diniz(2010), 
consiste em tratar desigualmente aqueles 
 que pertencem a raça, cor ou religião 
 diversa, sendo um ato condenável e punível 
A discriminação enquanto preconceito seria 
 um comportamento que despreza o grupo, 
 o trata mal etc... 
 
A análise do preconceito racial no esporte visa evidenciar a 
situação da população negra nesse campo social, além disso, a 
exclusão social é evidente no ambiente esportivo, sendo 
acompanhada por essa exclusão étnico-racial, o acesso e 
participação da população negra, em certas modalidades, são 
desiguais se comparados à população branca, em algumas 
modalidades esportivas praticamente não há pessoas negras, e 
nas que existem são evidentemente alvo de diversas situações de 
racismo (GREGÓRIO; MELO, 2015). 
 
 
Ainda de acordo com Gregório e Melo (2015), alguns cientistas 
questionam o mérito do atleta negro. Segundo eles, o bom 
desempenho em competições seria fruto de sua genética. Estes 
estudos ignoram a capacidade mental e física do negro, atribuindo 
seu sucesso a características inatas e não ao esforço, ignora os 
processos culturais, sociais e geográficos e toda a história dos 
Negros, evidenciando o racismo presente na modalidade. 
 
 (A conferência resultou em 
uma Declaração e um Plano de Ação na luta contra o Racismo, 
Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância, com atletas e não 
atletas), campanha (campanha 
contra o racismo, com venda de pulseiras, que tiveram seu lucro 
revertido para pesquisas sobre o racismo no esporte).

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