Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gotas de Sabedoria Livro II Silvio Dutra DEZ/2015 2 A474g Alves, Silvio Dutra Gotas de sabedoria: livro II/ Silvio Dutra Alves. - Rio de Janeiro, 2015. 184p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Amizade. 4. Esperança. 5. Graça. 6. Oração. I. Título. CDD 230 3 Sumário 1 – Esperança 6 2 - Amigo é Algo Raro e Precioso 10 3 - Espiritual 15 4 - Dom 21 5 - Fé, Crer e Confiar 26 6 - Glória 31 7 - Graça 38 8 - O Modo Comum de Operação da Fé 42 9 - Significado de Ser Redimido 46 10 - Para Obedecer é Necessário Conhecer a Si Mesmo 56 11 - Oração, Súplica e Intercessão 62 12 - A Palavra Que é Alimento 69 13 - Perseverança, Paciência e Longanimidade 74 14 - Profecia 80 4 15 - Prosperidade e Progresso 87 16 - Puro e Incontaminado 92 17 - Quebrantamento e Contrição 95 18 - Regeneração 106 19 - Ressurreição 112 20 - Salvação 116 21 - Significado de Ser Santificado 122 22 - Significado Bíblico de Renovação da Mente 132 23 - Submissão 142 24 - Unidade e Comunhão 152 25 - Vida Eterna 158 26 - Vigilância e Prudência 163 27 - Visão e Audição Espiritual 169 28 - Zelo e Fervor 177 29 - Renúncia e Abnegação 181 5 NOTA GERAL: As palavras associadas aos títulos de cada capítulo deste livro podem ser vistas em seu uso nas passagens da Bíblia em que ocorrem, sacadas do texto original em hebraico (Velho Testamento) ou grego (Novo Testamento). Para acessá-las basta acionar o link situado imediatamente ao final de cada capítulo. 6 1 - Esperança Juntamente com a fé e o amor, a esperança é citada pelo apóstolo Paulo como sendo os dons de Deus que permanecem e que são maiores do que todos os demais. A esperança é no que se fundamenta a fé, pois esta é a firme certeza do que esperamos, conforme nos é prometido por Deus. Já entramos na posse imediata e presente de muitas promessas que nos foram feitas por Deus em sua Palavra, como a nossa justificação, a regeneração, a operação do trabalho de santificação, tudo isto, realizado pelo Espírito Santo que habita em nós como um cumprimento da principal promessa, por termos crido em Cristo. Todavia ainda aguardamos por nossa herança na pátria celestial e a glorificação de nossos corpos para reinarmos juntamente com Cristo. Mas disto nos 7 apropriamos também pela fé, por meio da esperança que é gerada pelo Espírito Santo em nossos corações. Temos por certo de que tudo aquilo que ainda não vemos, certamente se cumprirá no tempo determinado por Deus, porque fiel é o que fez a promessa. O que ele disse que cumpriria antes de sermos arrebatados e que foi integralmente cumprido, especialmente pela vinda do Messias prometido, também cumprirá a seu tempo, todas as demais coisas que completarão o seu propósito eterno. Por exemplo, sabemos que todo aquele que crê em Cristo já não pode mais morrer eternamente, porque foi levantado dentre os mortos espirituais para a vida eterna. Sabemos que seremos perfeitos assim com Ele é perfeito e que o veremos do mesmo modo pelo qual ele nos vê. Sabemos que estaremos em comunhão eterna e perfeita tanto com Deus quanto com todos os santos, inclusive os que viveram no período do Velho Testamento. 8 Sabemos que seremos arrebatados e que este nosso corpo físico será transformado em um corpo celestial que já não mais enferma ou morre. E é a esperança cristã aperfeiçoada progressivamente pela fé, que nos faz estar cada vez mais convictos quanto à fidelidade de Deus em cumprir tudo isto. Por isso se diz que somos salvos na esperança do que haveremos de ser, ou seja, perfeitos em santidade assim como Deus é perfeito. Esperamos não somente a ressurreição futura de nossos corpos, mas também a execução da condenação eterna de Satanás e de todos os demônios; a bem-aventurança do nosso governo com Cristo no milênio; a glória dos novos céus e da nova terra; a nova Jerusalém e tudo o mais que se refira ao nosso estado eterno. Temos uma esperança que não é incerta. Não se trata de algo que aguardamos com a possibilidade de falhar. Mas é esperança no sentido de certeza de cumprimento 9 pleno de tudo o que é prometido e que por ela aguardarmos em Deus. Não é também uma esperança passiva de quem se resigna diante de tudo o que se lhe opõe e recua, mas é esperança ativa que nos leva a seguir adiante com fé que o nosso trabalho no Senhor não é vão e que ele é galardoador dos que o buscam e o servem em fidelidade. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas a palavra elpis (grego) – esperança; e outros textos bíblicos sobre esperar em Deus; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/es peranca.html 2 - Amigo é Algo Raro e Precioso http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/esperanca.html 10 A palavra amizade vem da raiz latina amicus, mas a palavra que temos para amizade no texto original grego do Novo Testamento é filos, que significa aquele que ama ou gosta de algo ou alguém. Agora, é óbvio que no sentido de amizade de intimidade e comunhão é impossível que esta seja estabelecida quando uma das partes envolvidas não o deseje, ou então o deseje sob a condição de jugo desigual, a saber, de comunhão das trevas com a luz, o que é impossível à citada comunhão. Daí Jesus definir como seus amigos íntimos, somente aqueles que guardam os Seus mandamentos, porque são estes que são nascidos do Espírito Santo, e tendo a Sua habitação podem partilhar da comunhão espiritual com o Senhor, o qual é espírito. A rigor, não se pode chamar de verdadeira amizade aquela que é fundamentada no mal, porque neste não pode existir verdadeiro amor, pois o que caracteriza uma amizade verdadeira é o amor. 11 Assim, há amigos íntimos, amigos não próximos, e em nossos dias até amigos virtuais, como os das redes sociais, que apesar de não se conhecerem pessoalmente, em alguns casos, podem manter laços de amizade pelo interesse comum de desejar o bem um do outro. Agora, devemos considerar que a amizade não é algo que seja necessariamente permanente, pois é possível que alguém assuma uma posição diferente e contrária a quem antes amava, por motivo justificável ou não. A Bíblia está repleta de exemplos relativos a isto, inclusive de amigos que se tornaram até mesmo traidores, como vemos por exemplo nas citações de Jeremias e de nosso Senhor Jesus Cristo, nos textos a seguir: “Pois ouço a difamação de muitos, terror por todos os lados! Denunciai-o! Denunciemo-lo! dizem todos os meus íntimos amigos, aguardando o meu manquejar; bem pode ser que se deixe enganar; então prevaleceremos contra ele e nos vingaremos dele.” (Jeremias 20.10) 12 “E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós;” (Lucas 21.16) Todavia, a par de toda a prudência que devemos ter, é necessário cumprir a ordenança bíblica de que no que depender de nós devemos ter paz com todas as pessoas, e não abrigar mágoas e ressentimentos em nosso coração, mesmo em relação aos que nos têm ofendido. E especialmente em relação aos nossos irmãos em Cristo devemos seguir a instrução apostólica que diz: “Finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, cheios de amor fraternal, misericordiosos, humildes,” (I Pedro 3.8) “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amorfraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros;” (Romanos 12.10) Mas mesmo neste caso devemos ter toda a prudência, sabendo que uma verdadeira amizade demanda dos que são amigos um caráter refinado e aprovado, pois o simples nome de crente não nos valerá quando não se 13 anda de modo reto e fiel, e com certeza, os laços de amizade sofrerão com isto, conforme somos alertados no seguinte texto de Provérbios: “O homem que tem muitos amigos, tem-nos para a sua ruína; mas há um amigo que é mais chegado do que um irmão.” (Provérbios 18.24) Há somente um amigo que nunca falha, mais chegado do que um irmão, que sempre nos é fiel, e este é Jesus Cristo. Todos os demais amigos falham ou podem vir a falhar... daí a necessidade que temos de praticar o perdão, para a continuidade com o relacionamento com aqueles que nos amam de fato e que são sinceros no seu proceder. Sigamos o exemplo de Jesus, conforme no caso da restauração do apóstolo Pedro, que apesar de tê-lo negado por ter sido pressionado pelas circunstâncias, todavia jamais o havia negado em seu coração, porque o amava verdadeiramente. 14 Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – sod (hebraico) – intimidade, assembleia, conselho (no sentido de ajuntamento); 2 – philadelfia (grego) – amor fraternal; 3 – philos (grego) - amigo; 4 – Outros versículos sobre amigo e amizade; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/a mizade-e-fraternidade.html 3 - Espiritual 15 A palavra “carne” (sarx, no grego) é usada no texto do Novo Testamento, tanto para designar o corpo físico natural, no qual não há inerentemente qualquer mal moral, senão o mau uso que se pode fazer do mesmo, e também, a condição da natureza terrena decaída no pecado que se opõe a Deus e à Sua vontade. A revelação bíblica apresenta um contraste entre o que é espiritual e o que é natural e carnal, e não propriamente material, como costumeiramente ocorre ao modo de se pensar em geral. Sendo que o carnal e o natural aqui referidos reportam, respectivamente, o primeiro ao que é pecaminoso, e o segundo ao que é pertencente à vida moral, que não é espiritual, celestial, sobrenatural e divina. O conceito de espiritual, conforme o encontramos especialmente no Novo Testamento, transcende o de espírito, porque os anjos caídos e o espírito de pessoas ímpias não são ditos espirituais, pois esta palavra indica a condição de espíritos que são conduzidos pelo Espírito 16 Santo de Deus, que se encontram a Ele voluntariamente sujeitos, a saber, os anjos eleitos e as pessoas que foram regeneradas pelo Espírito. A condição do espírito pode ser tanto de luz ou de trevas. A de luz identifica os que são espirituais, e a de trevas, os que são carnais, ou seja, os que não são de Cristo e não têm, por conseguinte o Espírito. Como a geração que viveu nos dias de Noé não atendia ao propósito da criação do homem por Deus, ou seja, viviam como carnais e não permitiam o trabalho do Espírito Santo em seus corações, então foi determinada a destruição pelas águas do dilúvio (Gênesis 6.3), como um sinal e aviso do que há de suceder a todos os que viverem como carnais, resistindo ao Espírito. Ao homem natural não ocorre o pensamento de ter sido criado para viver no e pelo Espírito Santo. Se Deus não abrir o seu entendimento para as coisas que são espirituais e celestiais, ele jamais poderá topar com o propósito da criação da humanidade por Deus. E, não há nenhum jogo de esconde-esconde nisto; nenhuma 17 vontade caprichosa de Deus envolvida nisto, senão a manifestação da vida eterna que está oculta em Cristo, e à qual Ele dá acesso somente àqueles que têm escolhido, e obedecem à Sua vontade. Evidentemente, para muitos propósitos úteis e convenientes à Sua exclusiva soberania e autoridade, bem como a nós próprios, fomos criados por Deus sendo espíritos dotados de um corpo natural, colocados a viver num mundo também natural. Por nossa relação com as realidades naturais, o nosso espírito pode ser exercitado em cuidados providenciais visíveis, que de outra forma, não poderiam ser manifestados, e importava que Deus manifestasse, segundo Seu propósito eterno, toda a Sua glória, em demonstrações de Seu amor, Sua bondade, misericórdia e justiça para com pecadores. O homem deve se interessar em saber o que fazer, para que seja encontrado como espiritual e não como carnal, pois temos este dever da parte de Deus para que possamos agradá-Lo. 18 O apóstolo Paulo afirma na parte final do quinto capítulo da epístola aos Gálatas, que devemos andar no Espírito Santo de modo a não satisfazer às cobiças da carne – carne aqui considerada, como na maior parte das passagens do Novo Testamento, como sendo a nossa natureza terrena decaída no pecado, da qual devemos nos despojar pelo trabalho de mortificação do pecado, pelo Espírito Santo. Essa vida espiritual, como já foi dito antes, não é pertencente à nossa natureza terrena, ela nos vem do Alto, descendo do Pai das luzes, e por isso, assim nos exorta o apóstolo Paulo: “Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” (Colossenses 3.1-3) O oitavo capítulo de Romanos e o segundo de I Coríntios discorrem sobre a verdade, de que o homem natural não 19 tem o pendor do Espírito Santo, porque a carne (aqui também com o significado de natureza terrena corrompida pelo pecado), não pode estar sujeita a Deus. Nisto se evidencia e cumpre a seguinte palavra de nosso Senhor Jesus Cristo: “o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós.” (João 14.17). Sem conversão, permanecendo carnal, o homem não pode receber o Espírito Santo para nele habitar. Então, o que nos torna espirituais é a habitação do Espírito Santo. Sendo feitos espirituais importa vivermos como espirituais, andando continuamente no Espírito, e não mais como carnais. Você pode ler alguns versículos bíblicos com as seguintes palavras destacadas do texto original: 1 – pneumatikos (grego) – espiritual; 2 – sarkikos (grego) – carnal; 20 3 – sarx (grego) – carne; 4 – pneuma (grego) – espírito; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/es piritual.html 4 - Dom 21 Um matuto estava sendo criticado duramente por um incrédulo enfatuado, por seu conhecimento secular, por causa da sua fé em Jesus. Enquanto isso, o matuto sequer proferia qualquer palavra e continuava chupando uma laranja. Quando a laranja acabou, ele perguntou serenamente ao incrédulo: “estava doce ou azeda?” – “como posso saber?” – respondeu asperamente, como se tivesse sido indagado de forma irracional. Então o matuto concluiu: “assim é a fé em Jesus, não dá para saber como é, se não for experimentada.” Introduzimos esta parte de nosso presente estudo com esta estória, porque ela é muito pertinente ao nosso assunto. O dom ao que se refere o Novo Testamento, com as palavras gregas “dorea” e “charisma”, abrange tudo o que temos que receber da parte de Deus para que possa ser conhecido. 22 Todavia, o dom espiritual e celestial não pode ser conhecido pelo mero exercício de nossos sentidos naturais – visão, audição, olfato e tato – como a laranja da nossa estória. Poderíamos dizer que necessitamos de que sejam concedidos e criados em nós, outros sentidos que sejam ajustados às realidades espirituais e divinas que necessitamosconhecer por experiência pessoal, para que sejam vinculadas às nossas vidas. Não podemos desejar aquilo que não vemos, não sentimos, não conhecemos, e que sequer pode ser imaginado por nós. Sendo realidades pertencentes a outra dimensão (espiritual, celestial e divina) sequer podem ser desejadas, caso este desejo não seja despertado também com um dom concedido por Deus (a fé). Então há muito mais a ser considerado neste assunto do que a simples palavra dom (presente, gratuito) possa sugerir, pois há realidades tremendas e sobrenaturais envolvidas nisto. 23 A própria pessoa de Jesus e a do Espírito Santo são dons de Deus para nós. Também, a graça, a fé, os poderes, serviços e virtudes espirituais citados por Jesus nos Evangelhos, por Paulo em Romanos e I Coríntios, por Pedro e João em suas epístolas, e pelos profetas do Velho Testamento e pelos demais escritores do Novo Testamento. A palavra dom extrapola, portanto em seu significado, conforme vemos nas várias passagens das Escrituras, os dons sobrenaturais extraordinários do Espírito Santo relacionados por Paulo em I Coríntios 12 e 14, os quais estão destinados a desaparecer quando não forem mais necessários para manifestar a glória de Cristo ao mundo através da Igreja. Um aspecto relevante ao qual devemos dar a devida atenção é o de que todos os dons devem ser exercitados para que possam ser mantidos avivados, pois vemos Paulo exortando a Timóteo que reavivasse o dom que havia nele para o exercício do ministério de evangelista, 24 que lhe fora concedido por Deus com a imposição de mãos dos presbíteros. Isto nos ensina que os dons são recebidos para serem usados para a glória de Deus, pela realização da obra que nos tiver designado; e que estes dons que recebemos serão ajustados às necessidades especificas do nosso ministério, também recebido de Deus. Tudo o que se refere ao reino espiritual e celestial deve ser recebido como um dom, porque não são realidades pertencentes ao mundo natural, ou seja, não se encontram à nossa disposição em nossa própria natureza – devem ser recebidas do Alto, descendo do Pai das luzes, e comunicadas a nós pelo Espírito Santo, através da nossa fé em Jesus Cristo. Há dons que são eternos, como as virtudes do fruto do Espírito Santo, e dons que não são eternos, como os dons extraordinários do Espírito Santo, conforme citados por Paulo em I Coríntios 13 (profecias, línguas – e a isto inserimos dons de curar etc., pois não serão 25 necessários quando tudo estiver consumado e for perfeito). Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – dorea (grego) – dom, presente; 2 - charisma (grego) – dom, presente; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/do m.html 26 5 - Fé, Crer e Confiar O texto de Habacuque 2.4, no qual se diz que o justo viverá pela sua fé, tem esta palavra “fé” vertida do hebraico emunah, que ocorre em outras 48 passagens do Velho Testamento com o significado de ofício ministerial ou fidelidade, e isto é muito instrutivo para entendermos que a qualidade de fé aludida pelo profeta, e que nos justifica para a vida eterna que está em Cristo Jesus, tem este caráter de fidelidade a Deus e de o servirmos ministerialmente conforme o ofício que tiver designado a nós. A fé salvífica bíblica, que é um dom de Deus, tem sempre a propriedade de gerar em nós esta ligação com Deus para que o sirvamos em fidelidade. Daí, etimologicamente, nossa palavra portuguesa fé vem do latim fides, raiz de fidelidade. Mas no original grego do Novo Testamento temos pistis, cujo sentido é bem mais amplo, pois significa crer, 27 confiar, assentir e concordar com algo como sendo verdadeiro, ficar firme e seguro Então, sempre que pensarmos na fé, ou falarmos da fé que procede de Deus, devemos ter em conta que não estamos tratando com algo que seja simplesmente nocional, ou uma afirmação de crença em algo ou alguém que não opere eficazmente no nosso interior, e que não nos conduza a buscar um aumento progressivo desta fé, pois ela sempre tem este caráter de busca de crescimento, pois o crescimento na graça e no conhecimento de Jesus é proporcional ao crescimento na fé, porque ela é o instrumento de recepção das graças e da intimidade com Deus. O povo de Israel nos dias do Velho Testamento, apesar de ser o povo da aliança, e ter recebido a revelação da Palavra de Deus, não chegou a alcançar em sua grande maioria, e em todas as gerações, o descanso de Deus, ou seja, a salvação da alma pela comunhão com Ele, pois segundo o autor de Hebreus, “a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram.”(Hebreus 4.2). 28 Quantas vezes se afirma no texto bíblico que eles creram em Deus e nos sinais que Ele fazia, e no entanto isto de nada lhes aproveitou porque tinham um fé morta, uma crença nocional, e não uma confiança e certeza interna na pessoa de Deus, que os levasse a observar os Seus mandamentos, a temê-lo e a Sua Palavra, por um firme impulso espiritual em seus corações. Por isso Deus não se fiava a eles pois bem conhecia a incredulidade dos seus corações. Tinham uma fé de boca mas não de coração. O apóstolo Paulo ensina em Romanos 10 que é por se crer em Cristo no coração que somos salvos, e não simplesmente por confessar com nossos lábios que Ele é o Salvador e Senhor. Não é forçoso pois reconhecer que a vida de fé em toda a sua plenitude, em todas as nações da terra, e não apenas em Israel, estava reservada para a dispensação da graça - para a glória e honra de Jesus Cristo, por quem recebemos a bênção de habitação do Espírito que fora prometida desde os dias de Abraão (Gál 3.14). 29 Esta fé evangélica é fruto do Espírito Santo que habita nos crentes (Gál 4. ), de modo que pode-se dizer que a rigor, a vida de fé dos crentes esperada por Deus haveria de ter cumprimento somente depois que o Espírito Santo fosse derramado para que o evangelho fosse anunciado em todas as nações. De modo que se afirma em Gálatas 3.23: “Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar.” Temos então a fé no Novo Testamento não apenas ligada à ideia de crer e confiar, pois ela é apresentada como algo que recebemos do alto, algo que não se encontrava inerentemente em nós, algo vivo e operante que realiza toda a dinâmica da vida espiritual e celestial em nós. Tal é o caráter da fé no Novo Testamento que em muitas passagens bíblicas ela é citada como fé objetiva, a saber, como sendo o próprio sistema do evangelho em toda a sua totalidade, como incorporado à vida do crente, e não apenas como sendo o dom subjetivo que opera no 30 interior do crente levando-o a experimentar o que é espiritual, celestial e divino. Graças a Deus portanto por nos ter dado Jesus Cristo e esta fé que nos mantém firmemente ligados a Ele em espírito. Graças a Deus por nos ter dado o Espírito Santo porque é Ele quem opera esta fé em nós. Sem a habitação do Espírito Santo não poderíamos ter esta qualidade de fé que nos desvenda e introduz aos mistérios da pessoa de Deus. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras 1 – pistis (grego) – fé; 2 – pisteuo (grego) – crer, confiar 3 – aman (hebraico) – ser fiel; 4 – emunah (hebraico) – fidelidade, verdade; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/fe- crer-e-confiar.html 31 6 - Glória Somente a glória de Deus é eterna e incomparável. A glória da criatura é passageira. Ela cessa por perda ou na morte. E se permanece é porque lhe é comunicada na medida designada porDeus para cada uma delas, como no caso dos anjos e dos santos glorificados. Importa que Deus Pai seja o comunicador e o concessor de toda a glória, para que ninguém se ensoberbeça. Nós vemos o próprio Senhor Jesus, apesar de ser Deus com o Pai e o Espírito Santo, orando para que o Pai o glorificasse. Se Ele assim orou, quanto mais importa que nós o façamos e esperemos somente pela glória de Deus, e nunca pela glória dos homens. O que torna um ser digno de glória é a soma de suas virtudes, na proporção em que elas se aproximam das virtudes do caráter do próprio Deus; de Sua santidade, 32 beleza, justiça, verdade, amor, bondade, misericórdia, enfim, em tudo que O torna digno de louvor e adoração. A ninguém pode ser comparado o Santo de Israel, na excelência de Sua grandeza e majestade, até mesmo porque tudo foi criado por Ele e para Ele. Foi dEle, que até mesmo as estrelas que brilham no céu receberam a luz com que brilham no universo. Foi dEle que os espíritos excelentes receberam sua sabedoria, amor e santidade. Importa, portanto que toda glória que a criatura receba, volte para Aquele que foi o doador, o iniciador e o causador desta glória recebida. Daí, que tudo o que façamos seja sempre para a glória de Deus, pois é nisto que somos honestos e verdadeiros. Como poderíamos furtar para nós, algo que não nos pertence? Aqui repousa a perfeição da paz e harmonia no plano da criação, pois tudo vertendo para a glória, honra, e louvor do Criador, ninguém se sentirá diminuído ou engrandecido em relação a seus semelhantes, por saber que tudo que qualquer pessoa possua, afinal, não é 33 propriamente seu, mas fora recebido da mesma e única Fonte da qual toda glória procede. Por isso, nosso Senhor Jesus Cristo rejeitou peremptoriamente toda iniciativa da parte dos homens em Lhe conferir honrarias, dizendo que não recebia glória da parte dos homens senão somente da parte de Deus Pai. Não o fizera por motivo de desprezar o louvor dos homens, mas porque ninguém pode glorificar a Deus colocando-o no lugar de honra e destaque que Ele merece. Isto é atribuição exclusiva de Deus Pai, conforme já comentamos anteriormente. Lembram da resposta do Senhor à mãe de João e Tiago, que lhe havia pedido que um deles se assentasse à Sua direita, e o outro à esquerda? Ele disse que isto já estava decidido pelo Pai, para todos os crentes, de modo que posições no reino de Deus não são conquistadas por nossos méritos ou maquinações para obtê-las, pois Ele tem um novo nome escrito numa pedra branca, para cada um, designando qual é a posição de honra que tem designado para cada um 34 deles. Ele pode fazê-lo porque é Deus presciente e onisciente. E para Ele tudo se encontra num eterno agora, como tendo sido consumadas todas as coisas que Ele chama à existência pelo Seu próprio poder. Jesus tem um nome que é sobre todo o nome, porque foi o que mais se humilhou para fazer a vontade do Pai. Ninguém pode superá-Lo nisto. E de igual modo, nós, seremos grandes no porvir na medida da proporção do serviço humilde que tivermos prestado para a glória de Deus neste mundo, e não pela importância e louvor que os homens nos atribuam. Também por motivo de Sua grande sabedoria, Deus tem fixado a glorificação do Seu povo para o porvir. Aqui temos que carregar uma coroa de espinhos. A coroa de glória é para depois do arrebatamento da Igreja. O corpo glorificado, também para a mesma ocasião, quando formos arrebatados. Isto, porque as obras dos santos continuam contando para o seu galardão futuro mesmo depois da sua morte, pois todos aqueles que foram salvos, abençoados ou edificados por elas, ainda que 35 pela intermediação de outros, será levado em conta para eles. Quão grande então, será o galardão de Paulo e dos demais apóstolos; de Spurgeon, que morto, ainda fala, e de todos que têm sido uma inspiração para o povo de Deus por causa fé que tiveram! De forma que toda busca de glorificação pessoal neste mundo é um grande erro por parte daqueles que assim procedem. E, deve ser tido em consideração que a glória não é contada pelo nosso interesse de obtê-la, mas pelo nosso amor voluntário e desinteressado ao Senhor e à Sua obra; ainda que estejamos conscientes que a nossa fidelidade estará sendo contabilizada por Ele, de maneira perfeitamente justa para o nosso galardão, pois é da Sua natureza galardoar os que procedem fielmente. Deveríamos sempre ponderar em que consiste principalmente, a glória de Deus. Sua glória está em ser compassivo, longânimo, misericordioso e perdoador. É principalmente pela exibição do Seu amor que é glorificado tanto pelos homens quanto pelos anjos. 36 Quando Moisés desejou ardentemente que lhe mostrasse a Sua glória, o próprio Deus passou por ele pronunciando as seguintes palavras: “Tendo o Senhor passado perante Moisés, proclamou: Jeová, Jeová, Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade;” (Êxodo 34.6) Foi o Seu caráter que Deus revelou a Moisés, como sendo a Sua glória. É deste caráter que decorre o brilho da Sua majestade. A glória dos que servem a Deus decorrerá da medida do mesmo tipo de caráter, e não de poder, grandezas terrenas e tudo o mais que o homem natural considera elevado e precioso. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras 1 – doxa (grego) – glória, honra, louvor; 2 – kabod (hebraico) – honra, glória; 37 3 – doxazo (grego) – glorificar, honrar, magnificar; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/gl oria.html 38 7 - Graça Há um grande paradoxo no entendimento carnal relativo à graça divina, uma vez que se costuma considerar como sendo graça exatamente o oposto daquilo que a graça que nos foi dada em Cristo é na verdade; pois os dons naturais e comuns de Deus para toda a humanidade são buscados por pessoas religiosas como se fossem o grande propósito da vida cristã. Geralmente visa-se tão somente ao que é externo, e não propriamente o que seja espiritual, celestial e divino, para ser aplicado à transformação do próprio caráter e vida, segundo o propósito de Deus na concessão da Sua graça que nos foi dada em Cristo. Todavia, a Bíblia não nos deixa cegos quanto a este importantíssimo assunto, conquanto podemos observar na grande maioria das passagens bíblicas referentes à graça, qual é o propósito de Deus quanto à sua concessão. 39 Antes de tudo a graça não é dogma, mas o poder de Deus para o atingimento do objetivo da fé, a saber, a nossa salvação. E é no conhecimento da mesma graça que devemos crescer com vistas ao nosso aperfeiçoamento espiritual. O maior dom que temos recebido da graça de Deus é a vida do próprio Cristo e a habitação do Espírito Santo em nós. As demais graças são consequência desta referida e gravitam em torno da mesma. Quando estamos na graça, esta produz um bom estado na alma que pode ser discernido em espírito tanto por nós, quanto por aqueles que estiverem na mesma condição. A graça divina é o maior poder operante neste mundo, pois somente ela é mais forte do que o poder do pecado. O nosso acesso a esta graça, na qual estamos firmes, e sem correr o risco de sermos rejeitados por Deus, custou um alto preço a nosso Senhor Jesus Cristo – o preço do 40 seu sofrimento e derramamento do seu sangue numa terrível morte de cruz. É impróprio, por conseguinte, o pensamento associado à palavra graça, de ser algo fácil ou barato. A salvação é de fato gratuita, mas custou o preço de morte para Cristo, carregando os nossos pecados, e para nós, ela exige o pagamento do preço da nossa consagração a Deus, uma vez tendo sido convertidos mediante a simples fé no Senhor.Fomos comprados por preço para vivermos para Deus. Com o advento de Jesus Cristo foi inaugurada uma nova dispensação para substituir a antiga que vigorou desde os dias de Moisés. Daí ser chamada de dispensação da graça, enquanto a antiga era chamada de dispensação da Lei. Deus está sendo longânimo nesta dispensação em relação a todos os pecadores, concedendo-lhes assim a oportunidade de se arrependerem e crerem em Cristo, de modo a serem livrados da condenação eterna. Esta é 41 uma das características essenciais da citada dispensação. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacada a palavra charis (no original grego) – graça; acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/gr aca.html 42 8 - O Modo Comum de Operação da Fé Nós temos fartamente exemplificado na Bíblia, em que consiste a vida prática de fé com Deus, notadamente nas muitas batalhas que a nação de Israel teve que travar no Velho Testamento. Apesar de estarmos na dispensação da graça e nos ser vedado tomarmos da espada aqui, contudo o princípio de operação continua o mesmo, pois se exige de nós que também batalhemos para vermos o cumprimento das promessas de Deus em resposta às nossas orações. É muito comum a ideia errônea de que basta orarmos, porque tudo o mais é por conta de Deus. Podemos dar vários exemplos sobre isto, porém é mais interessante que o façamos no sentido contrário, a saber, na demonstração prática da interação existente entre a ação sobrenatural do Senhor e os passos que devemos dar, para ver a realização do cumprimento das coisas que formos direcionados pelo Espírito Santo a fazer. 43 Primeiro, temos esta direção sobre o que deve ser feito. E oramos incessantemente para que Deus dirija os nossos passos e mova os corações daqueles que Ele levantará para solucionar nossos problemas. Depois saímos em campo para tomar as providências práticas necessárias, sabendo antes de tudo que a nossa paciência, sabedoria e discernimento estarão sendo colocados à prova pelo Senhor, de modo que poderemos encontrar nas portas em que batermos; resistências, e aparentes frustrações, que em vez de nos demoverem de seguir adiante, devem nos estimular a buscar novas alternativas. É possível que tenhamos a solução imediata logo de início, mas não é desta forma que Deus costuma agir para nos fazer vencer nas questões práticas da vida; senão, de outro modo, não aprenderíamos a ser perseverantes. Caso Ele fizesse tudo por nós, e nossa parte fosse apenas a de pedir-Lhe, certamente ficaríamos mimados e inexperientes para lidar com os problemas que a vida 44 nos apresenta, inclusive pela oposição que sofremos da parte de espíritos malignos. Assim, vemos Davi se esforçando, lutando e sofrendo enquanto fugia de Saul, mesmo quando era rei sobre todo o Israel. Ele era um homem de fé, mas sabia que deveria agir e lutar para que as vitórias fossem alcançadas com a ajuda de Deus. Não pensemos então, que a vida de fé seja cômoda e confortável, e tudo quanto se exige de nós é que apenas confiemos em Deus e fiquemos de braços cruzados esperando que Ele faça tudo por nós sem que precisemos mover sequer uma palha. Portanto, não duvidemos de Seu cuidado, bondade e ajuda quando as coisas não estiverem acontecendo conforme pensávamos que elas ocorreriam, e por estarmos enfrentando mais resistências do que pensávamos que teríamos que enfrentar, ou dificuldades além do ponto que pensávamos que poderíamos suportar. 45 Em todo este processo a nossa fé está sendo refinada, e no final, para a nossa a nossa perplexidade e a glória de Deus, veremos que Ele fará muito mais, além do que possamos imaginar. 46 9 - Significado de Ser Redimido É muito usado o título de Redentor sendo aplicado a nosso Senhor Jesus Cristo, mas poucos conhecem qual é o significado de tal adjetivo, e como ele define uma parte muito importante da Sua obra em relação a nós. No assunto da nossa redenção, nada há mais de descabido do que a falsa noção de que o preço que Jesus pagou com o Seu precioso sangue para nos redimir (comprar para Deus) teria sido feito a Satanás em razão de Adão ter transferido para ele a autoridade que havia recebido de Deus. Nada há para ser pago ao diabo, até mesmo porque ele nada possui de seu por um ato legítimo e reconhecido por Deus. Ele nada criou e nada governa legalmente com o consentimento do único e verdadeiro Criador de tudo e de todos. Ele é o grande rebelde e usurpador cujo pagamento que receberá é de uma condenação eterna. 47 A compreensão do real significado da redenção, remissão, resgate, compra que Jesus efetuou, é muito ajudada pelo conhecimento da lei de resgate de propriedades que foi prescrita por Deus à nação de Israel nos dias do Velho Testamento. Quando alguém perdesse uma herdade e não tivesse posses suficientes para reaver o bem perdido, este poderia ser resgatado pelo parente mais próximo da pessoa em seu nome. Nós vemos isto por exemplo no livro de Rute, quando Boaz resgatou a herança do marido de Noemi, que havia morrido na terra de Moabe, em favor de Noemi. “E eu resolvi informar-te disso e dizer-te: Compra-a diante dos habitantes, e diante dos anciãos do meu povo; se a hás de redimir, redime-a, e se não a houveres de redimir, declara-mo, para que o saiba, pois outro não há senão tu que a redima, e eu depois de ti. Então disse ele: Eu a redimirei.” (Rute 4.4) 48 Como este resgate era realizado por meio de um ato de compra, então a redenção por Cristo é também comparada a uma compra. Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso parente mais próximo, apresentou-se como resgatador, tal como Boaz, para resgatar o nosso direito de propriedade que havíamos perdido em razão do pecado, de modo que podemos herdar a vida eterna, e tudo o que se relaciona àquilo que temos da parte de Deus por direito adquirido em Jesus Cristo. Boaz resgatou a propriedade para Noemi. Jesus nos resgatou como propriedade para Deus. Jesus pagou o preço total da nossa redenção, de modo que nada temos que pagar para a nossa salvação, até mesmo porque não tínhamos como liquidar o alto preço exigido pela justiça e santidade de Deus para a nossa redenção. Esta é a razão de ser gratuita para nós, porque custou para Jesus um alto preço. 49 Afinal não nos pertencíamos, antes mesmo da queda no pecado, porque o homem foi criado para ser propriedade de Jesus Cristo e de Deus Pai. Deus não poderia jamais ser frustrado em Seu propósito eterno de ter muitos filhos semelhantes a Cristo, então o óbice do pecado deveria ser vencido pelo resgate efetuado pelo Senhor para que tal propósito pudesse ser cumprido. Não fomos vendidos por Deus a ninguém quando pecamos. Simplesmente perdemos a posse de nossa herança eterna por causa do pecado, mas em Jesus Cristo, pelo preço que Ele pagou com o Seu sacrifício, fomos resgatados da maldição da Lei, da condenação eterna, da miséria eterna, e fomos reintroduzidos, pela esperança e pela fé, à posse de tudo o que Deus planejou conceder àqueles que o amam. O fim da redenção, ou seja, o seu propósito, segundo Deus, é o de libertar os que estavam aprisionados para que pudessem usufruir da liberdade de verdadeiros filhos de Deus. 50 A causa de perda da nossa herança não foi Satanás, mas o nosso próprio pecado. E este pecado não poderia ser coberto com prata ou ouro, senão somente com o sangue de Jesus. Assim, Satanás não tem parte nesta transação que é realizada entre Deus Pai, nosso Senhor Jesus Cristo, e nós pecadores. Deus não tem que dar qualquer satisfação ao diabo para libertar qualquer alma que esteja debaixo da sua influência maligna. Lembremos que o próprio diabo e todosos demônios são também criaturas de Deus e já se encontram condenados por Ele para um sofrimento eterno no lago de fogo e enxofre. Mas os que foram redimidos por Cristo, aguardam a redenção final com a ressurreição de seus corpos por ocasião do arrebatamento da Igreja, quando o Senhor virá para reunir todo o Seu rebanho, de todas as épocas, no aprisco celestial. 51 1 – apolutrosis - resgatar, libertar Lucas 21.28 Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima. Romanos 3.24 Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção (apolutrosis) que há em Cristo Jesus. Romanos 8.23 E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção (apolutrosis) do nosso corpo. I Corintios 1.30 Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção (apolutrosis); Efésios 1.7 Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão (apolutrosis) das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, 52 Efésios 1.14 O qual é o penhor da nossa herança, para redenção (apolutrosis) da possessão adquirida, para louvor da sua glória. Efésios 4.30 E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção (apolutrosis). Colossenses 1.14 Em quem temos a redenção (apolutrosis) pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; Hebreus 9.15 E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para redenção (apolutrosis) das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. 2 – exagorazo – resgatar, redimir Gálatas 3.13 Cristo nos resgatou (exagorazo) da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; Gálatas 4.5 Para remir (exagorazo) os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. 53 3 – lutroo - redimir Lucas 1.68 Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu (lutroo) o seu povo, Lucas 2.38 E sobrevindo na mesma hora, ela dava graças a Deus, e falava dele a todos os que esperavam a redenção (lutroo) em Jerusalém. Lucas 24.21 E nós esperávamos que fosse ele o que remisse (lutroo) Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. Tito 2.14 O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir (lutroo) de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras. I Pedro 1.18 Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados (lutroo) da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, 54 Hebreus 9.12 Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção (lutroo). 4 – agorazo – comprar, redimir I Corintios 6.20 Porque fostes comprados (agorazo) por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. I Corintios 7.23 Fostes comprados (agorazo) por bom preço; não vos façais servos dos homens. II Pedro 2.1 E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou (agorazo), trazendo sobre si mesmos repentina perdição. Apocalipse 5.9 E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue nos compraste (agorazo) para Deus de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; 55 Apocalipse 14.3 E cantavam um como cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados (agorazo) da terra. Apocalipse 14.4 Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados (agorazo) como primícias para Deus e para o Cordeiro. 56 10 - Para Obedecer é Necessário Conhecer a Si Mesmo São inúmeras as passagens bíblicas que afirmam nosso dever de guardar e cumprir a Palavra de Deus. Estamos obrigados por um dever de consciência, a cumprir tudo o que nos é ordenado pelo Senhor, e aqueles que resistem à Sua vontade estão, por conseguinte sujeitos ao Seu juízo. Em nossa época se coloca mais ênfase nos direitos do que nos deveres, e isto explica, em parte, a decadência moral de nossa sociedade, porque sendo pecadores, o único direito natural que possuíamos era o de uma condenação eterna por Deus, da qual escapamos somente pelo cumprimento do dever de atender ao que nos é ordenado por Deus em Sua Palavra – por deixarmos nossos maus caminhos pelo arrependimento e fé em Jesus Cristo, para o perdão dos nossos pecados, de modo que possamos nos consagrar a Ele revestindo- nos de Suas virtudes. 57 Necessitamos de libertação para podermos nos dedicar à execução dos nossos deveres em relação a Deus e ao próximo, e esta libertação somente pode ser achada em Jesus Cristo. Aos pecadores que se achavam condenados fica bem se ocuparem continuamente em saber quais são seus deveres para com Deus, e para com seu próximo, de modo a se viver justa, sábia e piedosamente. A graça que nos é concedida em Cristo, e tudo mais que recebemos da parte de Deus não é por motivo de termos direitos naturais a isto, senão que somos alvo da exclusiva misericórdia de Deus, que nos concede Seus dons imerecidos. Dizemos que Jesus comprou para nós o direito de sermos filhos e herdeiros de Deus, e isto é verdadeiro; mas note-se que não é um direito de nascença, ou seja, um direito natural, senão um direito que foi adquirido para nós pelos méritos de outro, a saber, do nosso Salvador e Senhor. 58 É, por conseguinte, no cumprimento dos nossos deveres para com Deus, que entramos na posse dos direitos adquiridos por Jesus, mas isto é sempre feito por pura graça e misericórdia. Estamos todos colocados em determinadas relações; como marido e mulher, pais e filhos, irmãos e irmãs, senhores e servos. Há algumas relações sobre as quais não temos controle, e outras, que podemos controlar em certa medida; mas em ambos os casos não podemos fugir às responsabilidades. Cada nova posição traz uma nova responsabilidade com ela. Não deve haver nenhuma atitude de brincadeira ao entrar em um novo relacionamento, como o casamento, e não deve haver nenhuma esquiva das obrigações presentes que repousam sobre nós em qualquer relacionamento. Esposas, maridos; pais, filhos; servos, patrões são intimados a agir de acordo com seu lugar e função em suas respectivas esferas, mas não isoladamente. 59 Todo dever está associado a um direito; e todo o direito traz consigo um dever correspondente. Os deveres dos homens e mulheres nas relações da vida são mútuos; não são unilaterais, mas equilibrados em ambos os lados. A esposa deve respeitar o marido e o marido por seu turno deve amar a esposa. Os filhos devem obedecer a seus pais, e estes não devem irritar seus filhos. Os servos devem servir a seus senhores, mas estes devem ser justos e generosos em relação a eles. Ao pensarmos em nossos direitos devemos pesá-los com nossos deveres em relação àqueles dos quais cobramos esses direitos. Estendendo esta relação para seu nível mais elevado, que é o do homem para com Deus, vemos Deus executando com perfeição todos os deveres que atribui a Si mesmo, para nos fazer bem, então, em contrapartida, devemos servi-Lo em tudo, por amor e com zelo.60 Não é de se esperar do empregado que sirva bem ao patrão, que é generoso e justo para com ele? O direito adquirido não determina em contrapartida, e em consequência um dever? E leve-se em conta que Deus não age em relação a nós como um patrão, mas como um pai amoroso, portanto deveria receber de nossa parte uma maior aplicação em nossos deveres para com Ele, até mesmo porque Ele detém um direito legal sobre nós por ser não apenas o nosso Criador, como também o nosso Salvador. Para saber tudo isto e nos dispormos a obedecer a Deus voluntariamente em tudo o que é necessário para o nosso próprio bem e o de outros, especialmente os que se relacionam conosco, necessitamos ser convencidos e ensinados pelo Espírito Santo quanto à nossa real condição e o que necessitamos mudar em nossas vidas. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras 1 – teleo (grego) - cumprir, completar; 61 2 – peitharcheo (grego) – obedecer; 3 – hupakoe (grego) - obediência, submissão; 4 – tereo (grego) – guardar; 5 - dei (grego) – dever; 6 – mishemereth (hebraico) - encargo, mandado; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/ob edecer-guardar-cumprir-e-dever.html 62 11 - Oração, Súplica e Intercessão Petições podem ou não fazer parte de nossas orações, mas a oração não consiste meramente em pedir; porque ela é o principal meio de ligação do nosso espírito com a pessoa de Deus. Assim como o principal meio de comunicação entre pessoas é o da conversação, estando nela incluídas todas as demais formas de expressão por sentimentos, emoções e ideias, e tanto mais profunda e extensa será esta conversão quanto maior for a intimidade dos interlocutores, de igual modo se dá em relação a Deus, só que neste caso, necessitamos também da ajuda do Espírito Santo, pois somente Ele conhece a mente de Deus, e pode nos conduzir a orar da maneira que convém fazê-lo. E quanto for maior a intimidade do crente com Deus, maior será a sua comunicação com Ele através da oração, pois nos agrada estar na companhia da pessoa 63 amada, tendo comunhão com ela através da expressão de nossos pensamentos e sentimentos. Importa que a oração seja no Espírito (Judas 1.20) porque se presume que toda oração verdadeira implica uma real comunicação com Deus, e não uma mera articulação de palavras da nossa parte. Vemos assim que nem tudo o que é chamado de oração é verdadeiramente oração, por faltar este elemento essencial da ligação com Deus. A oração é muito mais do que uma simples ponte de ligação entre o crente e Deus – ela é o elo de ligação entre ambos– é como um imã de atração do espírito do crente com o espírito de Deus. Quando percebemos a presença de Deus se movendo pelo Espírito Santo em nosso espírito é quando podemos saber que estamos orando de fato. Não raro o próprio Espírito Santo trará motivos de intercessão às nossas mentes e inspirará nossos lábios 64 ao louvor e às petições que brotarão espontaneamente em nossos corações. Por isso importa continuar elevando o pensamento a Deus e implorando humildemente que atenda à nossa oração, até que sintamos a presença do Espírito Santo nos movendo a orar como convém. Por isso, a oração é designada muitas vezes nas Escrituras como sendo uma batalha que devemos empreender até que possamos prevalecer com Deus. Esta insistência em permanecer na presença do Senhor é uma das formas pelas quais Ele coloca à prova a nossa fé e o nosso sincero desejo de estar em comunhão com Ele. Que o Espírito Santo nos ajude a orar desse modo, e que nos mova da posição cômoda de se limitar a dirigir poucas palavras, muitas vezes repetitivas, e que chegam a se tornar para nós como sem sentido em algumas ocasiões, para que possamos estabelecer um canal de 65 comunicação verdadeiro com Deus em nossos espíritos – e assim, o adoremos em espírito e em verdade. Nosso Senhor, com as palavras que proferiu em Marcos 11.25, nos revela claramente que o propósito da oração é sobretudo o de estabelecer a nossa comunhão com Deus, tanto que se ao nos dispormos a orar, nos lembrarmos que temos motivo de queixa contra alguém, devemos nos dispor a perdoar, porque, certamente, um coração magoado e ressentido não pode manter comunhão com Deus que é totalmente amoroso e perdoador. Pressupõe-se portanto que toda oração verdadeira é aquela que procede de um coração puro, perdoador e amoroso, e de uma mente que busque ou esteja em paz. Importa que até mesmo em nossas orações, seja a paz de Cristo o árbitro da real condição de nossos corações. Ao promover a nossa comunhão com Deus por meio da oração, somos fortalecidos espiritualmente, de modo que somos exortados a orar continuamente – sem 66 cessar, porque a falta de oração indica que estamos fracos, e portanto, em vez de andarmos no Espírito, seremos vencidos pela carne. É por este fortalecimento espiritual que é promovido pela oração que podemos vencer as tentações (Lucas 22.40). Se a oração é o meio de nosso fortalecimento espiritual, seria então de se supor que os motivos em nossas intercessões, petições e súplicas a Deus deveriam estar sobretudo relacionados às bênçãos espirituais que temos em Cristo nas regiões celestiais, e não meramente para atender interesses seculares e materiais. Deus espera que pelas orações sejamos cada vez mais conformados à semelhança com nosso Senhor Jesus Cristo, e para tanto necessitaremos ser transformados e amadurecidos espiritualmente, pois adoramos ao Jesus que não vemos com os olhos da carne, senão com os olhos da fé, que permitem que não somente o contemplemos em espírito, como também a que participemos da sua própria vida. 67 Nós temos um exemplo prático desta verdade na oração sacerdotal de nosso Senhor no décimo sétimo capítulo do evangelho de João, na qual intercedeu principalmente pela santificação e unidade dos crentes. Nossas orações deveriam ter portanto em foco muito mais os interesses do reino de Deus e a sua justiça do que propriamente os nossos interesses – o que respeita ao progresso e triunfo do evangelho, do que às nossas próprias vitórias. Daí a importância de nos aprofundarmos no conhecimento da Palavra de Deus, de maneira que nossas orações possam ser feitas segundo a vontade do Senhor, e assim tenhamos a certeza de que somos ouvidos. Nossa vida espiritual está em Jesus Cristo, e a oração é o meio pelo qual nos apropriamos dessa vida espiritual, de modo que teremos mais desta vida tanto quanto mais orarmos. Isto explica a razão pela qual o próprio Senhor Jesus Cristo estava sempre em oração – para que a viva comunhão que tinha com Deus Pai fosse mantida. 68 Paulo também orava sem cessar porque havia aprendido que sem a oração não poderia viver em permanente comunhão com Deus, estando fortalecido em espírito para cumprir o ministério que lhe fora designado por Ele. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras 1 – proseuche (grego) – oração 2 – entugchano (grego) - interceder 3 – enteuxes (grego) – intercessão 4 – proseuchomai (grego) – orar,suplicar 5 – tephilah (hebraico) – oração, intercessão, súplica 6 – palal (hebraico) – orar, suplicar, interceder; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/or acao-suplica-e-intercessao.html 69 12 - A Palavra Que é Alimento “Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (Mateus 4.4) Por que o nosso espírito vive de toda palavra que sai da boca de Deus? Porque assim como o pão é alimento para a vida do corpo, a palavra de Deus é o alimento da vida do espírito. Em relaçãoa Deus, a Sua palavra é muito mais do que simples definição de objetos e realidades, pois somos informados que tudo foi criado por Ele mediante a expedição de Sua palavra de ordem. Ele ordenou: “haja luz” e a luz foi criada. E assim se fez em todos os atos da criação. Vemos então, que a palavra é a expressão operativa da Sua vontade e poder. 70 Isto foi visto no ministério terreno de Jesus quando operou milagres, expulsou demônios, e acalmou a fúria do mar, pelo simples uso da sua palavra de ordem. Deus possui, portanto o poder de dar à Sua palavra uma faculdade operativa e criativa. Por isso, Jesus afirma que Suas palavras são espírito e vida, e o apóstolo Pedro reconheceu que eram de fato, palavras de vida eterna. Se lermos a Bíblia ou a ouvirmos sendo pregada e ensinada, com espirito de reverência e devoção, com certeza a fé será despertada e tornará a palavra lida ou ouvida, em espírito e vida para nós, pela ação do Espírito Santo em nossas mentes e corações. Isto ocorre, porque as Escrituras foram produzidas pela inspiração do Espírito Santo. Elas possuem a vida que nelas foi insuflada pelas verdades ensinadas e reveladas pelo Espírito. Essas verdades enchem a alma de vigor, paz e alegria. Elas renovam a mente e santificam a vida. Elas elevam o 71 espírito à presença de Deus e o modelam à semelhança do caráter de Cristo. São palavras puras, poderosas, celestiais, espirituais e divinas. Elas inspiram bons sentimentos e propósitos. Inclinam o espírito a amar a Deus e ao próximo. A elas, assim se expressou o salmista: A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos. O temor do Senhor é limpo, e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e inteiramente justos. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o que goteja dos favos. 72 Também por eles o teu servo é advertido; e em os guardar há grande recompensa.” (Salmo 19.7-11) Ele havia aprendido e reconhecido a qualidade de vida que é achada na Palavra de Deus, quando observada e praticada por nós. Quando a nossa conversação se afasta do padrão divino estamos em sério perigo, pois é por nossas palavras que somos condenados ou justificados. A boca fala do que está cheio o coração. Nossa conversação revela o que somos de fato em nosso interior. Palavras fúteis procedem de um coração fútil. Palavras amargas, de um coração amargo. Palavras impuras, de um coração impuro. Então, pela torpeza do falar se conhece a torpeza do nosso interior. Precisamos da lavagem de purificação pela Palavra de Deus, para que o nosso coração seja feito uma fonte da qual procedam palavras abençoadoras e edificadoras. 73 Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – rhema (grego) – palavra; 2 – logos (grego) – palavra; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/pa lavra.html 74 13 - Perseverança, Paciência e Longanimidade A perseverança ou paciência ensinada pela Bíblia e que é esperada dos crentes é muito mais definida pela ação objetiva do Espírito Santo em levá-los em segurança à condição em que devem ser achados, sobretudo na glória, do que pela ação subjetiva dos crentes em atingi-la pelo próprio esforço deles. Obviamente, deve haver um esforço da nossa parte para que a perseverança tenha a sua obra perfeita, todavia, quem nos habilita à condição de permanecer na fé e em Cristo até o fim é o poder do Espírito Santo. Deus, que começou a boa obra de santificação dos crentes pelo Espírito Santo, há de completá-la, Ele mesmo, até o dia da volta de Jesus Cristo. Temos esta certeza e esperança conforme prometido amplamente nas Escrituras, de modo que não há o perigo de que algum crente venha a se perder definitivamente. 75 Quedas e interrupções no trabalho de santificação serão curadas no tempo próprio pela graça de Jesus, ainda que isto ocorra somente na glória. De modo que a segurança eterna da nossa salvação é apontada nas palavras de Jesus pela evidência da nossa perseverança até o fim, a saber, Ele ensina claramente que aqueles que salvou não serão rejeitados por Ele de modo nenhum, pois garantirá, pelo Seu próprio poder, que perseverem em amá-lo até o fim. Contra o testemunho das próprias Escrituras muitos afirmam que pecados eventuais podem levar um crente genuíno à perdição eterna, e se assim fora de fato, ninguém poderia ser salvo, pois não há quem não peque (I João 1.8,10 ). É o sangue de Jesus e o Seu trabalho Sacerdotal que nos garantem a eternidade da nossa salvação. Deve ser assim para que toda a glória seja dele, e para que ninguém se glorie diante de Deus quanto à obtenção e manutenção da sua salvação. 76 Pecados eventuais são tratados pela mesma graça que nos salvou quando nos convertemos ao Senhor, por meio da confissão e do nosso sincero arrependimento. A fraqueza momentânea do crente não pode diminuir o poder de Deus para restaurar. Quando o apóstolo Paulo declara que aquele que pensa estar em pé vigie para que não caia, nisto se expressa claramente que o poder de permanecer firme na graça não é propriamente de qualquer crente, senão exclusivamente do Senhor, de maneira que ninguém seja presunçoso em seu coração pensando que pode fazê-lo de si mesmo, gloriando-se na própria consagração. Ouvimos muitos dizendo que são mantidos firmes porque têm pago o preço exigido da consagração. Apesar de haver verdade em tal afirmação, deve-se ter o cuidado para que o coração não se eleve julgando que isto é propiciado pela própria consagração pessoal e não pela graça de Jesus, como efetivamente o é. 77 Agora, se é pela nossa perseverança na fé em santificação que se evidencia, que se comprova a nossa eleição (II Pe 1.10,11), então devemos nos armar do pensamento que a perseverança é o elemento atestador da nossa saúde espiritual, de modo que nunca abriguemos o pensamento errôneo de que podemos cruzar os braços desde que sabemos que a salvação do crente é segura e eterna. Tal modo de pensar é ofensivo à graça de Deus e ao alto preço que Jesus pagou para a nossa libertação. Sem perseverar, sem permanecer em Jesus, jamais poderemos ser santificados, e a santificação deve, obrigatoriamente, se seguir à conversão, porque fomos salvos para o propósito de sermos santificados por Deus. Como a fé do crente é provada, e em consequência, tribulações e aflições lhe aguardam neste mundo, ele necessitará de longanimidade e paciência no sofrimento, de modo que acrescentamos versículos bíblicos no final de nosso estudo que se referem a ambas, por serem irmãs siamesas da perseverança, pois 78 sem longanimidade e paciência, não é possível perseverar. Temos um grande exemplo de longanimidade, paciência e perseverança nos profetas e nos apóstolos, mas o maior exemplo de todos foi o do próprio Senhor Jesus Cristo pela muita paciência com que tudo suportou e sofreu, jamais se desviando do seu grande objetivo de obter a nossa salvação. Por isso somos chamados a imitá-lo sobretudo em seus sofrimentos para que com Ele reinemos, já que importa estarmos conformados a Ele em tudo, quer na Sua glória, quer nos seus sofrimentos. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as seguintes palavras do texto original: 1 – (hupomeno) (grego) – perseverar, permanecer 2 – (hupomone) (grego) – perseverança, paciência, constância 3 – makrotumeo (grego) – ser paciente, ser longânimo 79 4 – makrotumia (grego) – paciência, longanimidade; relativas ao assunto, acessando o seguintelink: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/pe rseveranca-paciencia-e-longanimidade.html 80 14 - Profecia O profeta é aquele que fala da parte de Deus aos homens, e o sacerdote é o que fala da parte dos homens a Deus. Quanto aos profetas temos que distinguir entre aqueles que o são por ofício de profetizar, daqueles que têm apenas o dom de profecia. Por exemplo, todos os profetas escritores do Velho Testamento eram profetas por ofício, assim como houve profetas por ofício nos primeiros dias da Igreja, entre os quais podemos citar Ágabo. Este ofício se estendeu ao início do Novo Testamento, em face da implantação da Igreja e do evangelho em todo o mundo, de maneira que os profetas confirmavam e antecipavam as coisas que seriam operadas pelo Espírito Santo, principalmente através dos apóstolos do Senhor. Uma vez estabelecido o evangelho em todo o mundo conhecido de então, pela confirmação da exatidão da Palavra revelada de Deus quanto ao cumprimento das 81 promessas, o ofício de profeta foi se extinguindo assim como o de apóstolo. Todavia, o dom de profecia permaneceu, e ainda continua na Igreja do Senhor para especialmente exortar, consolar e edificar os santos, para que sejam confirmados na fé, depois de terem se convertido a Cristo. Ora, se a finalidade principal do dom é a de exortar (incentivar, encorajar), consolar e edificar os santos na prática da Palavra de Deus podemos entender que este dom está distribuído principalmente, entre aqueles que labutam na pregação e ensino do evangelho, a saber, os pastores e mestres; pois não há maior e melhor profecia do que a Palavra revelada de Deus nas Escrituras. Assim, pregar e ensinar esta Palavra equivale a falar da parte de Deus aos homens, ou seja, profetizar. Nós podemos inferir isto, de textos como o de Atos 15.32 onde lemos “Depois Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram os irmãos com muitas palavras e os fortaleceram.” 82 Estas “muitas palavras” ditas por Judas e Silas, que acompanhavam Paulo em sua viagem missionária, estando na ocasião em Antioquia, evidentemente consistiram na pregação do mesmo evangelho que Paulo pregava, e havia recebido por revelação de nosso Senhor Jesus Cristo. Diz-se de ambos, que também eram profetas, e pelo contexto, podemos inferir que tal referência está vinculada ao exercício do ministério da Palavra. Mas, não podemos limitar o dom de profecia, sendo um dom sobrenatural extraordinário do Espírito, como outros relacionados em I Coríntios 12 e 14, pois servimos um Deus vivo que se comunica com Seu povo, e não raro, sempre que necessário, pode revelar Sua vontade através de visões, sonhos, e outras formas de revelação ao espírito daqueles que pretende usar para se comunicar com outros, que têm sido incapazes de discernir a Sua vontade através da Sua Palavra, e do ministério regular da Igreja. A importância de manter a verdade do evangelho entre os crentes é de tal ordem, que o apóstolo Paulo afirma 83 a necessidade de se julgar as profecias, de maneira que seja recepcionada pela Igreja somente aquilo que estiver em plena conformidade com a verdade revelada na Bíblia. Eu mesmo tive uma experiência da qual me recordo agora, em que me fora revelado em visão vários detalhes sobre a vida de uma pessoa que estava pensando em suicidar-se – pessoa que eu não conhecia - e foi-me revelado seu nome completo e telefone, pelos quais fiz contato com a mesma e lhe falei do amor de Jesus Cristo por ela. Todavia, a par do livramento, não houve nenhum mérito especial da citada pessoa para receber tal mensagem, daquela forma, porque se tivesse um coração mais sensível ao evangelho poderia ter se achegado ao Senhor, conforme sucede com a maioria dos que creem em Cristo sem necessitar de sinais extraordinários do poder de Deus. Os Tomés não têm de fato do que se gloriar, nem tampouco os que creem em Cristo sem tê-Lo visto. 84 Deus é soberano e onisciente, de modo que conhece os corações que necessitam de operações especiais para serem trazidos à fé. Então devemos deixar este assunto da ação sobrenatural em Suas mãos divinas, e ocupar- nos em sermos fiéis em anunciar a Palavra já revelada na Bíblia, porque a fé é por se ouvir esta Palavra, e não propriamente por se ver sinais e prodígios; os quais a propósito foram extraordinariamente abundantes nos dias apostólicos, em razão da implantação inicial, já citada, da Igreja e do evangelho no mundo, e geralmente sempre acompanham a pregação do evangelho em áreas pioneiras, como ocorreu na Coréia do Sul, no continente africano etc., bem como quando o Senhor promove avivamentos em igrejas, cidades e até mesmo em nações. Tenhamos a firme convicção de que se temos sido habilitados a conhecer e a proclamar o evangelho no poder do Espírito Santo, é porque temos sido contemplados com o dom de profecia, com o qual o corpo do Senhor pode ser edificado, muito mais do que 85 com o uso do dom de línguas, conforme o apóstolo se expressa a esse respeito na primeira carta aos Coríntios. Finalmente, lembremos na consideração sobre o assunto profecia, que Deus proibiu expressamente o espírito de adivinhação e a curiosidade para o desvendamento do futuro, que se encontra em Suas mãos. Quando pensamos na profecia com este espírito estamos indo na direção oposta à vontade do Senhor, pois tudo quanto nos importa saber em relação ao futuro é que devemos estar santificados para o retorno de Jesus. Que, os que se consideram profetas no meio da Igreja, se apliquem a despertar o povo para a necessidade de vigilância com vistas à santificação, porque o dia do arrebatamento da Igreja está muito próximo. E assim, a profecia cumpra o propósito de Deus de exortar, consolar e edificar os santos. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 86 1 - propheteia (grego) – profecia; 2 – textos sobre profetizar; e 3 – prophetes (grego) – profeta; relativos ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/pr ofecia.html 87 15 - Prosperidade e Progresso Ao se falar de prosperidade dos crentes, deve-se antes de tudo se falar do progresso (prosperidade) do próprio evangelho, porque a prosperidade individual de cada crente deve estar vinculada a isto, pois é assim que somos ensinados na Bíblia. O grande interesse do crente deve estar focado no aumento do reino de Deus, e é a isto que deve estar associado o seu interesse de crescimento pessoal. Até porque qualquer tipo de prosperidade pessoal terrena ficará por aqui mesmo e não poderá ser levada com o crente depois da sua morte. Fazer da vida um investimento prioritário nas coisas que são visíveis e passageiras não é de fato uma opção sábia para um filho de Deus. Jesus nos alerta sobre o perigo e o dano disto com a parábola que contou do rico que ajuntou em celeiros e 88 era pobre para com Deus, e que repentinamente perdeu a sua alma, deixando tudo para trás. Deveríamos então ser cautelosos com uma dita proclamação do evangelho que esteja centralizada tão somente em obtenção de prosperidade material, a bem do estado eterno de nossas almas. Somos ordenados na Bíblia a crescer na graça e no conhecimento de Jesus (II Pedro 3.8) e nunca nas coisas que são terrenas e passageiras. Somos ordenados a juntar tesouros no céu e não na terra. Somos ordenados a não servir a Mamom e a não amar o dinheiro, porque este amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Oseias 10.1: “Israel é vide frondosa que dá o seu fruto; conforme a abundância do seu fruto, assim multiplicou os altares; conforme a prosperidade da terra, assim fizeram belas colunas.” 89 Deus protesta contraIsrael neste versículo do profeta Oséias quanto a que tinham usado toda a prosperidade material que haviam recebido para construírem belas colunas e altares aos falsos deuses. Há que considerar este aspecto de que se é tão comum fazer-se um mau uso de toda a prosperidade mundana que possamos alcançar. O fruto que Israel dava como vide frondosa era riqueza material, pois foi somente isto o que buscaram, e como a abundância deste fruto era muito grande, multiplicaram a idolatria deles servindo àquilo que dominava seus afetos e corações. Servir a Deus com os nossos bens e a nossa fazenda é um imperativo bíblico. Mas quantos estão efetivamente dispostos a isto, mais do que acumular para si mesmo? Lembro-me ao escrever estas linhas de que há muitos anos atrás Deus me pediu que ofertasse o meu carro a um missionário que trabalhava em várias frentes de trabalho e que não tinha facilidade de se deslocar com 90 sua esposa e filhos que serviam juntamente com ele, integralmente, na obra do Senhor. Recordo como se fosse ainda hoje que o Senhor me disse que ofertar um carro era muito fácil, pois o que lhe interessava de fato era que eu lhe ofertasse a minha vida, que depositasse tudo o que tinha e sou em Suas mãos. Com lágrimas nos olhos pedi-lhe que aumentasse a minha fé para que o fizesse como convinha fazer. Não importa para mim o quanto Deus possa me dar das coisas deste mundo, mas quanto eu posso lhe dar de volta cada vez mais do tempo e de todos os dons, até mesmo os espirituais, que ele me tem concedido. Convém que Jesus e a Sua obra cresçam e que eu diminua. Somos informados que o crescimento (prosperidade) de Jesus foi o de ficar fortalecido em espirito diante de Deus e dos homens, e não que ele acumulou riquezas mundanas ou que andou buscando fama e aplauso dos homens para si. 91 Somos chamados a imitá-lo sobretudo nisto, a saber, a crescer em santidade pelo fortalecimento na graça. Somos convocados a tudo fazer e buscar para a exclusiva glória de Deus. Selecionamos várias passagens bíblicas em que podemos constatar claramente a qual tipo de prosperidade somos incentivados a buscar. Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras: 1 – eudoo (grego) – prosperar, progredir, ir bem; 2 – procope (grego) – progresso, avanço, proveito; 3 – procopto (grego) – avançar, progredir, crescer; 4 – auxano (grego) – crescer, aumentar; 5 – yatab (hebraico) – ir bem, prosperar; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/11/pr osperidade-e-progresso.html 92 16 - Puro e Incontaminado Depois de purificado pelo sangue de Jesus, na conversão, o crente permanece no mundo, apesar de não pertencer mais ao mundo. A manutenção e aumento desta purificação produzida pela conversão não significa portanto que o crente deve deixar o mundo e viver em reclusão, pois importa dar testemunho de Cristo a toda criatura e em todos os lugares. Não é o contato com o que é exterior que contamina o crente mas o que sai do seu próprio coração. De maneira que é o coração que deve ser mantido puro; pela edificação de uma consciência e um caráter puros, ou seja, que não sejam dominados pelo pecado, mas pela graça de Deus. Tão importante e vital é a nossa purificação do pecado, que a Lei de Moisés está repleta de mandamentos de Deus cerimoniais e figurativos da grande purificação 93 realizada pelo sangue de Jesus; sobretudo nos diversos tipos de sacrifícios ordenados e na distinção de coisas limpas e imundas. O alvo era o de que ficasse gravado na mente e no coração dos ofertantes e executores dos atos de purificação cerimonial a necessidade de se estar puro para que se pudesse ter aceitação da parte de Deus, e ter comunhão com Ele. Mesmo depois de ter sido lavado pela Palavra e pelo sangue do Senhor, o crente necessita se purificar continuamente dos resquícios do pecado que permanecem na carne; através da confissão e do arrependimento. Quando se esquece desta necessidade de purificação contínua, tudo o mais na vida espiritual fica seriamente comprometido e detido. Daí se afirmar que devemos guardar puro o nosso coração porque é dele que procedem as fontes da vida eterna e celestial. 94 Quando a consciência e o coração nos condenam, quanto a não estarmos santificados diante dos homens e do Senhor, nossas orações ficam impedidas, e toda a nossa religião torna-se sem significado e sentido. Você pode ler alguns versículos bíblicos com as seguintes palavras destacadas do texto original: 1 – katharos (grego) – puro, limpo; 2 – barar (hebraico) – puro, purgado, limpo; 3 – katharizo (grego) – purificar, purgar, limpar; 4 – taher (hebraico) – purificar; 5 – tohorah (hebraico) – purificação ceremonial ou moral; relativas ao assunto, acessando o seguinte link: http://palavrasnooriginal.blogspot.com.br/2015/12/pu ro.html 95 17 - Quebrantamento e Contrição Deveríamos dar uma atenção especial a este assunto uma vez que Deus afirma em Sua Palavra que em relação aos que têm o coração quebrantado e contrito, Ele habita, vivifica, salva, está perto, valoriza, e contempla. Salmo 34.18 Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito. Salmo 51.17 O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. Isaías 57.15 Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos. Isaías 66.2 A minha mão fez todas essas coisas, e assim todas elas vieram a existir, diz o Senhor; mas eis para 96 quem olharei: para o humilde e contrito de espírito, que treme da minha palavra. O sofrimento não tem o propósito de ser algo em vão nas nossas vidas, do ponto de vista de Deus, pois tem determinado principalmente que através dele sejamos transformados segundo a Sua vontade e Palavra, para que Ele seja glorificado. A paciência na tribulação, no sofrimento que ela produz, é de grande valor para Deus, e também para nós, porque é por meio disto que aprendemos a ser pacientes e perseverantes nas coisas do Senhor, ensinando-nos a amar com o mesmo amor de Deus, que é sofredor, isto é, longânimo em sofrer em razão do pecado que há no mundo. Uma visão correta da aflição é completamente necessária para um comportamento verdadeiramente cristão sob elas. Carregar a cruz voluntariamente faz com que ela se torne leve, mas carregá-la com a mente perturbada por inquietações à busca de respostas fora de Deus para aquilo que se esteja experimentando, quando estas 97 provas vêm da Sua parte, somente serve para aumentar o peso da cruz que carregamos. Ter um espírito contrito e quebrantado na aflição é algo muito apropriado para acalmar as agitações do coração, e nos fazer pacientes debaixo dela. Como Deus tem afirmado que que é com o coração quebrantado e contrito que Ele trabalha e dá sua especial atenção, então importa sabermos que Ele mesmo há de providenciar os meios para este quebrantamento e contrição, já que naturalmente não somos isto, senão altivos e autoconfiantes além da medida que convém. Por isso Jesus nos deixou um legado de aflição no mundo, para o propósito mesmo de sermos aperfeiçoados por Deus em santidade. Cruzes nos são trazidas no curso de nossas vidas para que as carreguemos, com o alvo de nos quebrantarem. Importa carregarmos pacientemente estas cruzes e ver a mão de Deus nisto, porque, efetivamente, não há 98 nenhuma aflição aqui embaixo que não tenha sido ligada ou permitida no céu. A Palavra ensina que tanto o dia da prosperidade
Compartilhar