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Lei x Graça

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Prévia do material em texto

Lei 
X 
Graça 
 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
 
 
DEZ/2015 
 
 
2 
Sumário 
 
Introdução 7 
 
É Irrevogável e Indissolúvel Porque é Eterna 
 
 10 
Deixar que a Graça nos Conduza 
 
 12 
Não é por Persuasão, mas por Graça 
 
 14 
A Graça Está Destinada a Vencer 
 
 16 
Senhor Justiça Nossa 
 
 22 
A Firmeza da Nossa Aliança com Cristo 
 
 26 
O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da Lei 
 
 32 
A Graça não Condena 
 
 37 
Graça Sobre Graça 
 
 40 
A Troca da Antiga Aliança pela Nova 
 
 42 
Jesus Não Veio Condenar Mas Salvar 
 
 54 
A Justiça do Evangelho Não é Juízo 
 
 57 
O Real Significado da Graça 60 
Uma Nova Aliança Diferente da Antiga 
 
 63 
3 
Uma Aliança Firmada em Graça 
 
 65 
A Bênção da Graça Perdoadora 
 
 71 
A Graça Está Sujeita a Decadências 
 
 78 
Alianças e Dispensações Para um Único 
Propósito 
 
 80 
A Graça Nunca Desconsidera o Viver 
Pecaminoso 
 
 90 
A Graça se Manifesta na Nossa Fraqueza 
 
 97 
A Justiça do Evangelho Testemunhada pela 
Lei e pelos Profetas 
 
102 
A Justiça Manifestada sem Lei 
 
107 
A Luz da Lei e a do Evangelho 
 
117 
É Pela Graça mas Não é Fácil Conforme 
Possa Parecer 
 
119 
Impossível para a Lei mas Não para a Graça 
que Opera pela Fé 
 
121 
Uma Graça que Cresce 
 
125 
Todo Mérito é da Graça 126 
4 
O Recebimento é Gratuito Mas é 
Condicional 
 
131 
Graça 
 
133 
Justa Cooperação da Graça com a Vontade 
Consciente 
 
136 
A Dispensação do Espírito Santo 
 
138 
A Graça Opera Pela Obediência 
 
142 
A Graça Supera a Aflição 
 
144 
Cobre como as Águas do Dilúvio 
 
146 
A Graça não Condena 
 
148 
O Modo de Concessão da Graça 
 
151 
A Aliança da Graça – 2 Samuel 7 
 
153 
Características do Evangelho Verdadeiro 
 
162 
Como Saber Qual é o Evangelho 
Verdadeiro? 
 
165 
O Evangelho Não Condena 
 
170 
Por Que Jesus Não Veio Condenar? 
 
173 
5 
O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da Lei 
 
176 
Aceitos por Causa da Justificação 
 
180 
Quem Condenará a Quem Deus Justifica? 
 
182 
Resgatados da Ira e da Maldição 
 
185 
Cristo, Nossa Redenção, Justiça e 
Santificação 
 
187 
O Que é a Antiga Aliança 
 
231 
O Que é a Nova Aliança 
 
234 
Todo Mérito é da Graça 
 
248 
A Graça Exige Perseverança 
 
253 
Pregar o Evangelho a Toda Criatura 
 
264 
Uma Nova Esperança para Adúlteros e 
Ladrões 
 
273 
O Que é a Caducidade da Letra 
 
283 
O Jugo da Lei de Moisés e o de Jesus 
 
287 
Fazer a Vontade de Deus é Mais do que 
Cumprir a Lei Moral 
 
294 
6 
Como o Crente Está Morto Para a Lei? 
 
299 
O Espírito Santo é uma Promessa da Nova 
Aliança 
 
303 
A Antiga Aliança Era Figura da Nova 
 
313 
A Finalidade da Lei 
 
316 
Jesus Livrou o Crente do Jugo da Lei 
 
322 
Breve Comentário de Gálatas 4 
 
326 
Breve Comentário de Gálatas 5 
 
352 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
Introdução 
 
Há cerca de vinte anos, em uma visão noturna, vi 
escrito em letras douradas gigantes as palavras do nosso 
título, como se estivessem em chamas, escritas 
exatamente na forma como as estamos apresentando. 
Junto com a visão fui instruído em espírito com as 
seguintes palavras: “você escreverá um livro sobre este 
assunto”. 
Ao que repliquei: “Senhor tu conheces a dificuldade que 
tenho para entender de modo adequado qual é a relação 
que existe entre a lei e a graça. 
Ao que simplesmente respondeu: “eu te darei 
entendimento”. 
Era uma madrugada fria de inverno, e por cerca de três 
horas despertei do meu sono, e ainda naquela mesma 
noite comecei a escrever, com a Bíblia aberta à minha 
frente, as coisas que me vinham à mente na referida 
ocasião. 
Animado pela visão comecei a estudar o assunto com 
maior afinco e recordo que cheguei a preparar um esboço 
de livro com cerca de cento e cinquenta página, todavia, 
sentia que algo de substancial faltava à minha exposição, 
de maneira que não tendo desistido de prosseguir 
8 
interessado no tema, abandonei a ideia de escrever o 
livro. 
Posteriormente, em nova revelação, cerca de dez anos 
depois da primeira, foi-me ordenado em sonho que 
“fosse aos puritanos e a Martyn LLoyd Jones”, sem que 
nada mais fosse acrescentado. 
Até a ocasião, por incrível que possa parecer, pois já 
havia sido ordenado ao pastorado, nunca tinha ouvido 
falar sobre os mesmos. 
Creio que esta instrução tinha a ver com a primeira visão, 
para que eu fosse conduzido a um melhor entendimento 
do significado do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, 
e como é que a Lei de Deus se relaciona a ele. 
Desde então, comecei a escrever abundantemente sobre 
o assunto em diversos artigos, sem no entanto condensá-
los em um livro – tarefa à qual estou me entregando 
neste fim do ano de 2015. 
Em vez de apresentar o assunto de forma didática e 
acadêmica, optei por uma forma mais direta e simples, 
sem me ater a qualquer arranjo prévio quanto à divisão 
do assunto em capítulos. 
Na verdade, se o fizesse, ficaria muito limitado no 
desenvolvimento do tema, pois quantos capítulos seriam 
suficientes para abranger de modo profundo um assunto 
que é em sua natureza infinito e eterno, a saber, o da lei 
e a graça de Deus? 
9 
Com a apresentação livre dos diversos artigos, cremos 
que poderemos observar melhor o assunto em seus 
diversos ângulos, de modo a obtermos uma maior 
compreensão de tudo o que é de vital importância para o 
nosso conhecimento. 
Estamos fazendo uma consideração prática do tema 
porque ele tem muito a ver com a nossa vida prática. 
Não se trata de algo para apenas satisfazer a nossa 
curiosidade ou desejo de ampliar nossos conhecimentos, 
mas temos diante de nós algo que se relaciona à vida ou 
à morte; à bênção ou à maldição eternas. 
Como poderíamos então trata-lo de modo descuidado ou 
não objetivo? 
Tenho testemunhado que muitos que andavam na graça, 
vieram a decair da mesma, e não acharam qualquer 
auxílio na Lei para serem reerguidos. 
Como pode ser então isto? 
Não é a Lei proveniente do mesmo Deus de toda a graça? 
Esta e muitas outras questões serão respondidas ao 
longo das páginas deste livro, que espero, seja de grande 
ajuda para reerguer os caídos e manter em firmeza os 
que continuam de pé na presença do Senhor. 
 
10 
É Irrevogável e Indissolúvel Porque é Eterna 
Deus fez uma aliança eterna com os cristãos, e 
prometeu isto desde os dias dos profetas, e o prometeu 
especialmente a Davi. 
Sendo eterna não pode ser anulada. 
E como aliança em seu caráter matrimonial onde Ele é o 
esposo, e a igreja a noiva, o que se requer então dos 
aliançados é que eles sejam fiéis. 
Deus sempre será fiel porque não pode se negar a si 
mesmo. 
Todavia, os cristãos, por causa do resquício de corrupções 
que remanescem na natureza terrena, são exortados a 
serem fiéis em tudo durante a sua peregrinação terrena, 
porque, tal casamento, do Criador com a criatura, requer 
isto. 
Deus continuará amando seus filhos adúlteros, mas os 
sujeitará à disciplina da aliança. 
Ele não os repudiará porque tem prometido manter o 
compromisso por toda a eternidade. 
Diante de tal caráter imutável da promessa que Ele fez, 
não resta aos aliançados senão a alternativa de serem 
também fiéis, de modo que se viva de modo agradável 
11 
Àquele com os quais se aliançaram numa união de amor 
indissolúvel e eterno. 
Ao falar do caráter eterno da Nova Aliança que faria com 
os crentes por meio da fé em Jesus Cristo, Deus disse que 
esta consistiria na fiéis misericórdias que havia 
prometido a Davi. 
“Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma 
viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que 
consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi.” 
(Isaías 55:3) 
Esta promessa de Isaías 55.3 foi confirmada em Atos 
13.34. 
Davi fizera menção ao caráter eterno desta aliança em 
suas últimas palavras antes de morrer: 
“Não está assim com Deus a minha casa? Pois 
estabeleceu comigo uma aliança eterna, em tudo bem 
definida e segura.Não me fará ele prosperar toda a 
minha salvação e toda a minha esperança?” (II Samuel 
23.5) 
 
 
 
 
12 
Deixar que a Graça nos Conduza 
“Por isso, pondo de parte os princípios elementares da 
doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é 
perfeito,” (Hebreus 6.1) 
Este “deixemo-nos levar para o que é perfeito” se refere 
à vocação de Deus para todos os cristãos de crescerem na 
graça e no conhecimento de Jesus Cristo, até a estatura 
de varão perfeito. 
Não que eles chegarão ao estado de perfeição moral 
absoluta sem qualquer pecado enquanto estiverem 
neste mundo, mas que devem chegar à perfeição 
espiritual, à plenitude do desenvolvimento das suas 
faculdades, para poderem discernir tanto o bem quanto 
o mal, o que é possível somente para aqueles que 
chegarem à plenitude do seu amadurecimento espiritual, 
de maneira a estarem aptos a darem um correto e 
adequado testemunho da verdade, no poder do Espírito 
(Pv 4.18; I Cor 2.6; II Cor 13.11; Ef 4.13; Fp 3.15; Col 1.28; 
2.6; 4.12; II Tim 3.16,17; Hb 5.12-14; Tg 1.4). 
Esta perfeição é atingida se aperfeiçoando a santidade no 
crescimento da graça e do conhecimento de Jesus Cristo 
(II Cor 7.1; Ef 4.12; Hb 13.21; I Pe 5.10). 
Do mesmo modo que há uma perfeição a ser esperada no 
porvir que é total e absoluta, sem qualquer pecado, há 
também uma perfeição que é para ser buscada e atingida 
13 
enquanto ainda estamos neste mundo e que se refere ao 
nosso amadurecimento espiritual pelo crescimento 
progressivo em santificação até atingir tal medida de 
perfeição que foi proposta por Deus aos cristãos, e 
conforme foi exigida ao próprio Abraão: “Anda na minha 
presença e sê perfeito.” (Gên 17.1). 
O cristão deve ser confirmado por Deus, depois de ter 
sido aperfeiçoado na fé, no amor e na esperança, pela 
renovação de sua mente e caráter, através do processo 
da santificação. Somente assim, poderá se achar 
fortificado e fundamentado (I Pe 5.10). 
Assim, o “deixemo-nos levar” do texto significa permitir 
e cooperar voluntariamente com trabalho da graça na 
nossa vida, especialmente pela paciência nas tribulações 
e aflições. 
Sabendo que tudo coopera juntamente para o seu bem o 
cristão perseverante na fé e na santificação há de 
experimentar graus cada vez maiores desta perfeição 
relativa ao seu amadurecimento espiritual, conforme 
lhes serão concedidos por Deus. 
 
 
 
 
14 
Não é por Persuasão, mas por Graça 
Uma pessoa não é salva por Cristo por meio de 
argumentos humanos persuasivos. 
Ainda que alguém pudesse compreender nocionalmente 
todos os mistérios espirituais concernentes à justificação 
pela fé, à regeneração e santificação do Espírito Santo, 
ele não poderia ser salvo e santificado a menos que estas 
realidades espirituais lhe fossem comunicadas de modo 
experimental pela graça divina. 
Sem uma experiência real de conversão, sem que o 
próprio Espírito Santo opere em nós esta salvação, 
continuaremos os mesmos de sempre, só que com a 
diferença de possuir agora conhecimentos religiosos. 
Por isso a fé não é apenas o assentimento da nossa mente 
às verdades reveladas, ou seja, a nossa aceitação de que 
a Palavra de Deus seja a verdade. 
Além deste assentimento é necessário a confiança em 
Cristo que nos leva a nos entregar inteiramente a Ele e ao 
Seu trabalho e cuidado. Isto consiste em se apropriar do 
conhecimento da verdade ao qual demos o nosso 
assentimento que se torna real e prático na nossa 
confiança no Senhor e na disposição de cumprir os Seus 
mandamentos e vontade. 
15 
Deus honrará este tipo de fé que é mais do que mero 
conhecimento e assentimento relativo à verdade. 
E responderá com a concessão da Sua graça e poder para 
operar a nossa transformação (conversão, santificação 
etc). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
A Graça Está Destinada a Vencer 
Satanás arremete contra nós, procurando nos destruir, 
quando estamos enfraquecidos e doloridos. 
Tal como Simeão e Levi deram sobre os siquemitas, 
quando estavam abatidos em dores, pela circuncisão 
(Gên 34.25). 
Todavia, Cristo nos fortalece na nossa fraqueza, e habita 
com o quebrantado de coração (Is 61.1). 
Não desprezemos o trabalho de humilhação de nossas 
almas, pelo qual o Senhor administra a nós a Sua graça 
em maior medida. 
Sempre é deixado algo para que os cristãos lutem, de 
modo que entendamos que necessitamos de Cristo, para 
que possamos exalar o Seu bom perfume. 
Mas ainda que possa parecer um paradoxo, são estes 
corações quebrados como canas, e estes pavios 
fumegantes que fazem as orações mais preciosas diante 
de Deus, por causa da dependência dos gemidos 
inexprimíveis do Espírito, através deles. 
Quão preciosas são para o Senhor as orações que 
fazemos com um coração quebrantado! 
17 
Assim, ao falarmos de pavio fumegante devemos ter em 
conta que isto tem o propósito de nos lembrar que a 
menor fagulha da graça é preciosa. 
Há uma bênção especial nesta pequena faísca. 
Jesus não veio salvar justos e sãos, mas pecadores e 
enfermos. 
Deus se agrada de que nos alegremos com os humildes 
começos. 
Ele se agrada em usar grãos de mostarda e formar 
grandes arbustos a partir destas pequenas sementes. 
Ele preferiu a pequena cidade de Belém Efrata, e não 
Jerusalém, para nos trazer o Salvador. 
Ele não começou a Igreja com pessoas notáveis, 
poderosas, nobres, importantes e nem mesmo com um 
grande número de seguidores. 
O Seu método é primeiro provar fidelidade no pouco, 
para depois conduzir ao muito. 
O Seu ministério é restaurador e nos deu um exemplo 
disto na reconstrução dos muros e portas de Jerusalém 
com Neemias. 
E muito mais do que muros e portas, Ele está interessado 
em restaurar vidas. E fará isto principalmente com 
paciência e amor. 
18 
Os pastores devem então, ser pessoas simples e 
humildes, seguindo o exemplo do Senhor deles, e 
exporem a verdade de maneira clara, e nunca de forma 
obscura. 
A verdade não teme algo tanto quanto o encobrimento, 
e não deseja algo tanto que seja exposta clara e 
abertamente à visão de todos. 
Daí Jesus ter dito que tudo o que ensinou 
reservadamente aos discípulos deveria ser proclamado 
de cima dos telhados. 
 Paulo era profundo, no entanto se tornou como ama 
acariciando seus filhos (I Tes 2.7), e se fez fraco com os 
fracos (I Cor 9.22). 
Cristo desceu do céu e se esvaziou de Sua majestade, 
para se oferecer a nós, como oferta suave de amor. E não 
desceremos de nossas elevadas vaidades para fazermos 
o bem a qualquer alma necessitada de salvação? 
Devemos nos guardar daquele espírito que em vez de 
exibir paciência, longanimidade, mansidão e misericórdia 
aos homens, demonstra fúria, exaltação e ira obstinada, 
ainda que em nome de fazer prevalecer a verdade. 
Devemos lembrar que não podemos fazer prevalecer a 
verdade agindo contra a verdade. 
19 
E devemos nos lembrar sempre que o fruto da justiça é 
semeado em meio à paz, sobretudo, a paz interior 
dos nossos corações, enquanto ministramos. 
No exercício da disciplina na Igreja devemos nos 
acautelar para não tentar matar uma mosca na testa de 
alguém com um martelo. O poder que é dado à Igreja é 
para edificação e não para destruição. 
 O amor cobre uma multidão de transgressões. Não foi 
exatamente isto que Deus fez conosco ao perdoar todos 
os nossos pecados, quando nos salvou em Cristo? 
O Espírito Santo está contente em habitar em almas 
fumegantes e ofensivas. Que nós pudéssemos reter algo 
desta mesma disposição misericordiosa! 
A graça não reside em almas perfeitas neste mundo. 
Lembremos sempre disto. 
Como nenhum cristão se encontra em estado de 
perfeição absoluta deste outro lado do céu, então nós 
temos que nos exercitar sempre em espírito de 
misericórdia, de perdão e mansidão. 
Por isso, nunca devemos nos julgar, de acordo com os 
nossos sentimentos presentes, porque nas tentações nós 
veremos muita fumaça desprendendo de pensamentos 
incorretos. 
20 
Nós devemos nos precaver do falso raciocínio, porque 
nosso fogo não écomo o dos demais, ou então por 
parecer que não há qualquer fogo em nós. 
As portas de Jerusalém estavam queimadas, mas Deus 
providenciou para que fossem restauradas através de 
Neemias, de forma que erraram todos aqueles que 
pensavam que Jerusalém permaneceria sem portas para 
sempre. 
 Devemos lembrar que estamos na Aliança da Graça, em 
que nem toda medida é como fogo pleno, pois há muita 
faísca, que deve ser também vista como chama. 
Todos os cristãos têm a mesma fé preciosa (II Pe 1.1) por 
meio da qual obtiveram a perfeita justiça de Cristo. 
Uma mão fraca pode pegar uma joia preciosa. 
Algumas uvas mostrarão que a planta é uma videira e não 
um espinheiro. 
Uma coisa é ser deficiente na graça e outra coisa não ter 
qualquer graça. 
Deus sabe que nós não temos nada de nós mesmos, 
então na aliança da graça Ele não requer nada além do 
que Ele dá, e que sempre nos dá o que Ele requer. 
Se não pudermos trazer um cordeiro, então permitirá 
que tragamos duas pombas e uma rola (Lev 12.8). 
21 
O evangelho é uma moderação misericordiosa, em que a 
obediência de Cristo é estimada como sendo a nossa 
(Rom 5.19). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
Senhor Justiça Nossa 
No capítulo 23 de Jeremias o Senhor repreende a 
infidelidade e a corrupção dos sacerdotes e anciãos de 
Israel (pastores do povo naquela dispensação) e os 
profetas que falavam em Seu nome sem terem sido 
levantados por Ele, os quais haviam feito o Seu povo se 
desviar da Sua presença. 
O protesto de Deus se fundamenta no fato deles nunca 
terem ensinado a Sua Palavra, conforme fora revelada e 
escrita para eles, senão, aquilo que eles afirmavam ser a 
Sua Palavra, quando na verdade, era a própria palavra 
deles, ensinada para atender aos seus propósitos 
cobiçosos, interesseiros, carnais e egoístas. 
Isto pode ser visto claramente nas palavras de 
repreensão dirigidas contra eles como as da seguinte 
passagem: 
“28 O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele 
que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. 
Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor. 
29 Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e 
como um martelo que esmiúça a pedra? 
30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o 
Senhor, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu 
próximo. 
23 
31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que 
usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse.” (Jer 
23.28-31). 
O efeito que era produzido no povo, de andarem 
contrariamente com o Senhor, era uma prova evidente 
de que a vida e o ensino destes pastores e profetas não 
eram segundo a verdadeira Palavra de Deus, porque o 
efeito dela é sempre o de produzir temor e santidade no 
Seu povo, como o próprio Senhor se expressou em 
relação a isto da seguinte maneira: 
“21 Não mandei esses profetas, contudo eles foram 
correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram. 
22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho, então 
teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras, e o 
teriam desviado do seu mau caminho, e da maldade das 
suas ações.” (v. 21,22). 
O que eles ensinavam e profetizavam não provinha do 
céu senão dos seus próprios corações enganosos e 
corrompidos: 
“25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas que 
profetizam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, 
sonhei. 
26 Até quando se achará isso no coração dos profetas que 
profetizam mentiras, e que profetizam do engano do seu 
próprio coração? 
24 
27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça 
do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao 
seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do 
meu nome por causa de Baal.” 
Isto é um grande alerta para os ministros do evangelho, 
para que não incorram no mesmo erro deles, deixando 
de pregar a genuína Palavra do Senhor, no poder do 
Espírito. 
Quando se desvia deste rumo os resultados sempre serão 
funestos. 
Há muitos sonhadores que desejam conduzir a Igreja de 
Cristo pelas visões do seu próprio coração, afirmando que 
são revelações recebidas da parte de Deus. 
Se estas visões não estiverem de acordo com a Palavra 
revelada na Bíblia, em gênero, número e grau, em vez de 
serem proclamadas, devem ser esquecidas e 
abominadas, porque não será apenas o povo que será 
prejudicado por elas, mas o próprio Deus terá a Sua ira 
despertada contra tais pastores ou profetas, como se vê 
neste capítulo de Jeremias. 
Como o quadro que havia prevalecido em Israel por 
séculos, sempre foi este de o povo não receber a devida 
instrução por parte da grande maioria de seus pastores e 
profetas, então o Senhor mesmo seria o Pastor do Seu 
povo, e o faria através de pastores que estariam debaixo 
da justiça de um Rei justo que procederia da 
descendência de Davi, nosso Senhor Jesus Cristo, e 
25 
estando assim justificados por Ele, tanto eles, seus 
pastores, quanto o rebanho de Deus sobre o qual seriam 
constituídos, seriam conhecidos pelo nome de O 
SENHOR JUSTIÇA NOSSA. 
Este Rei justo viria então a se manifestar em dias futuros 
para buscar as ovelhas perdidas da casa de Israel que 
haviam sido dispersadas por todos os maus pastores e 
profetas que haviam presidido sobre elas. 
“3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas de 
todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei 
voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão. 
4 E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e 
nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma 
delas faltará, diz o Senhor. 
5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi 
um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e procederá 
sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra. 
6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; 
e este é o nome de que será chamado: O SENHOR JUSTIÇA 
NOSSA.” (v.3 a 6). 
Esta promessa está vinculada à da Nova Aliança, 
constante do capítulo 31. 
 
 
26 
A Firmeza da Nossa Aliança com Cristo 
No sétimo capítulo de Romanos nós vemos o caráter 
firme e seguro da nossa aliança com Jesus, e pela qual 
somos libertados da condenação de uma aliança segundo 
a lei. 
Deus como o Grande Legislador e Juiz de todo o universo, 
criou o homem e fez com que ele fosse responsável 
perante Ele segundo a norma da lei moral que ele 
inscreveu em sua consciência, instalando ali um tribunal 
que age no próprio homem condenando-o naquilo que é 
reprovável e aprovando-o naquilo que é louvável. 
Mas, segundo a Lei Régia há a exigência da perfeita 
obediência, conforme foi revelado a Adão, e que a 
penalidade para qualquer ato de desobediência é a 
morte, e todo homem responde à referida Lei até hoje. 
Posteriormente, nos dias de Abraão, Deus acrescentou 
novos mandamentos para serem guardados pelas 
pessoas da descendência do patriarca, com as quais 
formaria um povo para Si, para se revelar ao mundo 
através do mesmo, e principalmente para que por este 
povo nos fosse dado o Messias. 
O caráter da obediência completa exigida de toda a 
humanidade da Lei Régia foi ainda mais detalhado com 
os mandamentos que foram dados através de Moisés. E 
desde então, até que viesse o Messias, o modo de 
27 
agradar a Deus, passava obrigatoriamente pelo 
cumprimento dos mandamentos da Lei. 
E a pena de morte espiritual e eterna para os 
desobedientes foi mantida porque se afirma na Lei de 
Moisés que é maldito todo aquele que não permanece 
em todas as coisas da Lei, para cumpri-las. 
Isto descreve a condição de miséria espiritual e de 
condenação que paira sobre toda a humanidade, porque 
todos são pecadores, e não têm em si mesmos a condição 
e o poder para obedecerem perfeitamente a todos os 
mandamentos da Lei. 
Como poderia então Deus se prover de filhos 
semelhantes a Cristo? 
Se todos estão obrigados à Lei, como poderão ter vida, 
estando mortos; como poderão ser livres, estando 
condenados? 
Só havia um modo de Deus nos libertar da condenação 
da Lei e nos dar vida eterna, permanecendo Justo, por 
não remover ou contrariar a Lei. Isto Ele fez nos 
considerando como mortospara a Lei, por ter feito com 
que a morte de Jesus na cruz fosse a nossa própria morte. 
Ele visitaria o Seu próprio Filho Unigênito com o castigo 
que era destinado a nós pecadores. Ele executaria a 
sentença de morte exigida pela Lei nEle, fazendo com que 
fosse feito pecado e maldição no nosso lugar. 
28 
E assim, a Lei não seria removida, mas nós seríamos 
resgatados por meio de Cristo de debaixo da sua 
condenação e maldição. 
É basicamente isto que Paulo expõe no sétimo capítulo 
de Romanos; de modo que toda a argumentação que ele 
fizera quanto à condição de não se fazer o bem que 
queremos, e fazer o mal que não queremos, pelo pecado 
que opera na nossa carne, é sobretudo uma condição que 
explica sobretudo a condição em que se encontram 
aqueles que permanecem debaixo da Lei e não da graça 
do evangelho, a saber as pessoas que não foram 
regeneradas pelo Espírito Santo. 
Elas podem dizer isto, por não terem encontrado a 
solução que Paulo havia encontrado: "miserável homem 
que sou". Isto porque não têm a Cristo que é o único que 
pode nos livrar do corpo desta morte. 
E este livramento que se obtém somente por Cristo e em 
Cristo, não é decorrente do fato de que agora os próprios 
crentes são perfeitos segundo a Lei, porque sempre 
haverá resquícios de pecado e de desobediência em sua 
natureza terrena que ainda carregam neste mundo, mas 
sim, e exclusivamente pelo fato de que foram resgatados 
da condenação da Lei por terem morrido para a Lei em 
Cristo. 
Uma Lei não tem autoridade sobre quem já está morto. 
Assim, os crentes já não são julgados ou condenados por 
Deus com base na Lei, porque não estão mais debaixo da 
29 
Lei, quanto ao que se refere ao seu poder de condenação 
daqueles que pecam contra os seus mandamentos. Eles 
são julgados agora pela lei da liberdade, respondendo, 
livres que são, não mais a um Juiz, mas a um Pai de amor, 
que os corrige e dirige como filhos amados, por causa de 
Jesus Cristo. 
Haverá ainda um grande conflito entre o Espírito e a 
carne, entre a velha e a nova natureza, em todos os 
crentes, mas juntamente com Paulo eles podem dizer em 
uníssono: "Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor." 
Não serão mais condenados por não serem tão bem 
sucedidos nesta guerra contra as suas almas, quanto 
gostariam de ser. Contudo, sabem que são amigos de 
Deus, que amam a Deus, que odeiam o diabo e o pecado, 
e que por fim serão transformados à perfeita imagem de 
Jesus, ainda que isto ocorra somente na glória. 
Todavia, esta grande verdade central do evangelho não 
deve servir de motivo para que abusemos da liberdade 
que foi conquistada para nós por um preço elevadíssimo 
de sangue, e não de um sangue qualquer, senão o puro e 
imaculado sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado 
do mundo. Preço este que foi pago para que livres do 
pecado, pudéssemos viver em novidade de vida 
santificada perante Deus. Afinal, foi para isto que fomos 
chamados e justificados. 
E para vivermos esta vida santa sem a qual não podemos 
manter nossa comunhão com Deus, necessitamos de 
poder do alto. 
30 
Veja que quando os apóstolos viram todos os sinais que 
Jesus havia realizado, Sua ressurreição e ascensão, a uma 
mente carnal pareceria que isto seria o suficiente para 
que eles saíssem pelo mundo afora dando testemunho 
das coisas que haviam visto e ouvido. 
Todavia, nosso Senhor lhes falou da necessidade de 
permanecerem em oração, e aguardando em Jerusalém 
o batismo do Espírito Santo, para que fossem revestidos 
de poder, pois quem dá e sustenta o testemunho de 
Cristo em nós é o poder do Espírito Santo. 
Por este motivo vemos o apóstolo Paulo dirigindo a 
Timóteo as seguintes palavras, para o cumprimento 
adequado do seu ministério: 
“Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em 
Cristo Jesus.” (2 Tim 2.1) 
E a todos os cristãos: 
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força 
do seu poder.” (Ef 6.10) 
Vemos assim a nossa necessidade vital de estarmos 
permanentemente fortalecidos na graça de Jesus, 
mediante o poder do Espírito Santo que em nós opera. 
Muitos pensam erroneamente que quando se fala em 
batismo do Espírito Santo, revestimento de poder do 
Espírito, ou enchimento do Espírito, que isto signifique 
simplesmente receber um poder sobrenatural que 
31 
operará em nossas vidas independentemente das 
condições morais e espirituais em que nos encontremos. 
Todavia, se examinarmos com mais cuidado não somente 
o texto bíblico, mas a nossa própria experiência prática 
em relação a este assunto, verificaremos que é muito 
mais do que isto o significado do poder da graça e do 
Espírito Santo atuando em nossas vidas. 
Antes de tudo, devemos lembrar que este poder nos é 
dado para sermos cheios do fruto do Espírito Santo, que 
tem a ver com as nossas atitudes, com o nosso 
comportamento, com a transformação progressiva do 
nosso caráter e coração. 
É um poder para nos habilitar a sermos obedientes aos 
mandamentos de Deus, para aprendermos a ser mansos 
e humildes de coração, a sustentarmos um bom 
testemunho de comportamento em nossa vida cristã, de 
modo a nos tornarmos exemplo para ser seguido por 
outros. 
Trata-se de ser cônjuges exemplares, filhos exemplares, 
servos exemplares, líderes exemplares, cidadãos 
exemplares, enfim, sermos achados em todas as áreas de 
relações humanas como homens e mulheres de Deus, 
que trazem estampada em suas vidas a imagem de Jesus 
Cristo, conforme veremos no estudo do oitavo capítulo 
de Romanos, no qual se afirma que fomos predestinados 
por Deus para tal propósito. 
32 
E nada disto poderá existir sem que haja uma 
transformação do nosso coração. E por isso necessitamos 
crucialmente deste poder do alto, porque como o próprio 
Senhor Jesus afirmou, sem Ele nada podemos fazer, 
notadamente no que tange às coisas que são celestiais, 
espirituais, e divinas. 
Em cumprimento à promessa que nos fez em relação à 
Nova Aliança (Jeremias 31.31-35) Deus já nos deu um 
coração de carne em substituição ao coração insensível 
de pedra às coisas concernentes ao reino dos céus que 
tínhamos antes da nossa conversão a Cristo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da 
Lei 
Não encontramos nas Escrituras a expressão pacto de 
obras, ou aliança de obras. 
Todavia, ambas as formas, especialmente a primeira é 
muito empregada para definir a condição de Deus como 
o Grande Juiz e Legislador que exige perfeição absoluta 
para que possamos estar eternamente em Sua presença. 
E a falta desta condição implica em morte espiritual e 
eterna. 
Em sua infinita sabedoria, bondade e misericórdia, o 
Senhor tem conhecido pela sua onisciência, que nenhum 
descendente de Adão está habilitado para atender a tal 
demanda desta Lei Eterna que emana da própria 
natureza perfeitamente santa e justa de Deus. 
Assim, entendemos que Ele não tem proposto a 
pecadores uma opção de salvação por este modo de se 
cumprir perfeitamente a Sua vontade e mandamentos. 
Isto sempre será feito por pura graça, misericórdia, e 
simplesmente mediante a fé, como foi proposto ao 
próprio Adão quando o Senhor foi procurá-lo com a 
promessa da redenção quando ele se escondeu 
envergonhado da sua nudez atrás das árvores do jardim. 
Não pode entretanto, ser removida esta lei que exige 
perfeição absoluta, e por isso Jesus não morreu apenas 
como nosso substituto para quitar a culpa do nosso 
pecado, como também para nos revestir dessa perfeição 
34 
requerida pela justiça divina, que há de ser absoluta na 
glória, e mediante o trabalho da santificação da graça 
pelo Espírito Santo e aplicação da Palavra de Deus aos 
nossos corações, conforme o penhor do trabalho da 
nossa transformação e purificação já iniciado aqui na 
Terra a partir da nossa conversão. 
O grande mandamento de Deus foi revelado por Jesus 
como sendo o amor de uns pelos outros com o mesmo 
amor com o qual ele nos amou; ou seja, o dever imposto 
é o de amar com o amor de Deus. 
Então quando Tiago alude a isto, elese reporta em sua 
epístola à questão da acepção de pessoas que estava 
ocorrendo na igreja em favor dos mais abastados e contra 
os pobres e necessitados do rebanho. 
Isto era um pecado claro e contundente contrário ao que 
Ele chama de Lei Régia, ou seja a Lei do Rei, esta Lei que 
está amarrada à própria natureza e essência de Deus, que 
é amor. 
“Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a 
Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis 
bem;” (Tiago 2.8) 
Não convinha que aqueles que foram resgatados da 
morte espiritual e eterna, inclusive e principalmente por 
se transgredir tal mandamento do amor, que é o principal 
de todos, continuassem transgredindo o mesmo. 
“Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como 
35 
aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade.” 
(Tiago 2.12) 
A esta lei da liberdade da condenação em Cristo, aludiu 
também o apóstolo Paulo em Rom 8.2: 
“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou 
da lei do pecado e da morte.” 
Então, se não fosse por Cristo, todo o nosso esforço em 
cumprir perfeitamente a Lei – ao qual devemos nos 
dedicar com sinceridade e amor – seria totalmente 
perdido caso viéssemos a transgredir um único ponto da 
lei que está indissoluvelmente ligada à natureza de Deus, 
porque é Legislador e Juiz conforme demanda a sua 
justiça que haja perfeita conformação à sua santidade e 
amor. 
 “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um 
só ponto, se torna culpado de todos.” (Tiago 2.10) – Este 
é o caráter da lei para aqueles que não estão debaixo da 
cobertura do sangue de Jesus. Daqui vemos quão ineficaz 
é a tentativa de se justificar por meio das obras da lei. 
Assim, devemos clamar e dar graças a Deus por nos ter 
dado Jesus Cristo, juntamente com o apóstolo quanto à 
nossa condição natural de sermos achados mortos em 
delitos e pecados que pode ser somente revertida por 
estarmos no Senhor: 
Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem me 
livrará do corpo desta morte? 
36 
Rom 7:25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. 
De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou 
escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do 
pecado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
A Graça não Condena 
Deus não está condenando a qualquer pessoa na 
presente dispensação da graça, conforme afirmação de 
Jesus de que não veio condenar, mas salvar. 
A natureza de Deus é longânima, perdoadora, 
misericordiosa, amorosa, e por isso uma 
das características do amor destacada em I Cor 13.5 é 
que ele não é facilmente provocado, ou seja, ele não se 
exaspera. 
Deus se ira contra o pecado, mas não tem qualquer 
prazer na morte dos ímpios, ou seja, de todos aqueles 
que não Lhe amam e aos Seus mandamentos. 
A ira pode ser definida como uma oposição séria e 
violenta de espírito contra qualquer mal, real ou suposto, 
ou devido a qualquer falta ou ofensa, porque isto está 
contra a natureza do amor. 
Nós somos chamados por Cristo a desejar o bem e a orar 
para o bem de todos, até mesmo de nossos inimigos, e 
até daqueles que zombam de nós e nos perseguem (Mat 
5:44); e a regra dada pelo apóstolo é: “Abençoai aos que 
vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.” (Rom 
12.14), quer dizer, nós devemos desejar o bem e orar 
para o bem de todos, e em nenhum caso desejar o mal. 
38 
Porque como imitadores de Deus, na busca da sua 
imagem e semelhança, é justamente o que devemos 
fazer, porque isto é parte da essência divina. 
Dizemos que é um dever porque o evangelho veio trazer 
a restauração em nós, da imagem e semelhança, não com 
Adão, antes da queda no pecado, mas a do próprio Cristo, 
conforme se afirma amplamente na Bíblia. 
E o que temos em Cristo, quanto ao trato com as 
imperfeições que há na humanidade? Graça, amor, 
bondade, misericórdia, perdão, reconciliação, e justiça (a 
sua justiça que nos justifica). 
Os próprios juízos divinos na presente dispensação, têm 
em vista contribuir para a continuidade da referida 
restauração, e são corretivos e decorrentes da rejeição 
obstinada da graça que nos está sendo oferecida. 
As obras más ou boas de todas as pessoas serão somente 
passadas em revista no grande dia do Juízo Final. 
Por isso toda vingança é proibida por Deus, já que Ele 
afirma que toda a vingança lhe pertence. 
A regra é: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os 
filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti 
mesmo: Eu sou o Senhor.” (Lev 19.18); e o apóstolo diz: 
“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar 
à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; 
eu retribuirei, diz o Senhor.” (Rom 12.19), de forma que 
39 
toda a ira que contém um desejo de vingança, é contrária 
ao cristianismo e proibida por Deus. 
Disto Cristo falou em Mat 5.22: “Eu, porém vos digo que 
todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão 
estará sujeito a julgamento;”. 
Se uma pessoa se permitir ficar muito tempo irada com 
uma outra, logo esta ira se transformará em ódio. 
E assim nós achamos que na verdade acontece com 
aqueles que retêm um rancor nos seus corações contra 
outros, durante semana depois de semana, e mês depois 
de mês, e ano depois de ano. 
Eles virão no fim, a odiar verdadeiramente as pessoas 
contra as quais se deixaram irar assim deste modo. 
E este é um pecado mais terrível à vista de Deus. 
Então, não é de se admirar que esta seja a principal 
estratégia do diabo para nos afastar de Deus, e para nos 
manter sob julgamentos em nossas almas, e ainda a 
ficarmos à mercê de sermos oprimidos por ele. 
Assim, toda vigilância e sabedoria é ainda pouco para ter 
um coração manso, sofredor, paciente, perdoador. 
E mais do que isto, necessitamos do derramar abundante 
do amor de Deus nos nossos corações que é operado 
sobrenaturalmente pelo Espírito Santo. 
40 
Graça Sobre Graça 
“12 E o Senhor vos aumente, e faça crescer em amor uns 
para com os outros, e para com todos, como também o 
fazemos para convosco; 
13 Para confirmar os vossos corações, para que sejais 
irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, 
na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus 
santos.” (I Tes 3.12,13). 
As graças operadas pelo Espírito Santo são a fonte da 
nossa santidade, no aumento delas em nós pelo trabalho 
da santificação. 
E nada se perde deste trabalho progressivo do Espírito 
nos cristãos, porque uma graça não é substituída por 
outra, senão acrescentada, conforme dizer do apóstolo 
Pedro: 
“5 E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, 
acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, 
6 E à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e 
à paciência a piedade, 
7 E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a 
caridade.” (II Pe 1.5-7). 
 
41 
O que foi conquistado será mantido por vigilância e 
oração, e será aumentado pelo recebimento de outras 
graças (virtudes e poder) que também serão 
aperfeiçoadas em seu crescimento. 
O que não aprendeu ainda a ser misericordioso será com 
certeza aperfeiçoado em misericórdia. 
O de mau temperamento será aperfeiçoado em 
mansidão. 
E o modo do Espírito Santo implantar estas virtudes é 
pela formação de hábitos. 
 Assim como aprendemos determinadas habilidades e 
comportamentos pelo hábito de repeti-las. 
A santificação é pois em seu progresso um hábito que é 
incorporado em nós, em relação a todos os nossos 
deveres espirituais, à medida que eles nos vão sendo 
ensinados e implantados em nós pelo Espírito Santo, 
consoante a aplicação da doutrina da Palavra de Deus. 
 
 
 
 
 
42 
 
A Troca da Antiga Aliança pela Nova 
“Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, 
aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes 
a desaparecer.” (Hebreus 8:13) 
Toda vez que abrirmos as páginas do Velho Testamento, 
devemos sempre colocar como pano de fundo o 
Evangelho de Cristo, para que não tomemos ao pé da 
letra, como mandamento divino ordenado aos discípulos 
de Jesus, muitos dos preceitos daantiga dispensação, 
que durou de Moisés a João Batista (Mt 11.13; Lc 11.16), 
os quais não podem e não devem ser aplicados na nova 
dispensação em que estamos vivendo há cerca de dois 
milênios. 
 A Lei Antiga, determinada por Deus para vigorar em 
Israel, por cerca de 1440 anos prescrevia: 
 . morte por apedrejamento em razão de determinadas 
transgressões daquela Lei dada por meio de Moisés. 
 . como maldito de Deus deveria se anunciar a si mesmo 
publicamente o leproso. 
 . proibidos estavam vários alimentos classificados como 
impuros. 
 . sacrifícios de animais oferecidos para cobrir o pecado. 
43 
 . e muitos outros preceitos civis e cerimoniais, além dos 
morais. 
Deus, pela Lei, revelava que era o Juiz do Seu povo e 
ensinava ao mesmo tempo o quanto é oposto ao pecado. 
Todavia, em sendo Juiz, é também pai bondoso, 
amoroso, misericordioso, perdoador e salvador. 
E como revelou isto, já que os preceitos da Lei antiga 
poderiam ofuscar tais atributos relativos à Sua completa 
longanimidade, amor e bondade? 
Ele o fez trazendo uma nova lei por meio de Cristo, para 
substituir a antiga. 
Jer 31:31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei 
nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. 
Jer 31:32 Não conforme a aliança que fiz com seus pais, 
no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra 
do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não 
obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR. 
Jer 31:33 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa 
de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, 
lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas 
inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. 
Jer 31:34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, 
nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao 
SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor 
44 
até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas 
iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei. 
 Heb 8:7 Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido 
sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado 
lugar para uma segunda. 
Heb 8:13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a 
primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e 
envelhecido está prestes a desaparecer. 
Heb 9:15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova 
aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão 
das transgressões que havia sob a primeira aliança, 
recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm 
sido chamados. 
 Heb 10:9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó 
Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer 
o segundo. 
Heb 10:10 Nessa vontade é que temos sido santificados, 
mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por 
todas. 
A Lei da nova aliança, do novo testamento, do evangelho, 
da graça, pela qual se revogou a primeira, é chamada pelo 
apóstolo de lei régia (Tg 2.8), porque prescreve o amor 
ao próximo, sem qualquer tipo de condenação legal, 
conforme ocorria na primeira, apesar de também 
prescrever o amor ao próximo. 
45 
Assim, a lei do amor de Cristo não vigora pelo 
cumprimento de ordenanças cerimoniais e civis, como a 
primeira, mas simplesmente por fé, graça, misericórdia e 
arrependimento. 
A punição dos malfeitores é designada para as 
autoridades civis de cada nação, conforme determinação 
da parte de Deus. 
Não é uma característica ou atribuição do evangelho, 
pelo qual se oferta a libertação do espírito do jugo e 
condenação do pecado. 
A lei do evangelho é amar a Deus acima de tudo e 
ao próximo como a si mesmo. 
O amor nunca busca o mal, ou que seja do próprio 
interesse, não se conduz inconvenientemente, não é 
preconceituoso, enfim, o amor faz somente o bem ao seu 
semelhante. 
Mat 22:35 E um deles, intérprete da Lei, 
experimentando-o, lhe perguntou: 
Mat 22:36 Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? 
Mat 22:37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu 
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo 
o teu entendimento. 
Mat 22:38 Este é o grande e primeiro mandamento. 
46 
Mat 22:39 O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu 
próximo como a ti mesmo. 
Mat 22:40 Destes dois mandamentos dependem toda a 
Lei e os Profetas. 
Rom 13:10 O amor não pratica o mal contra o próximo; 
de sorte que o cumprimento da lei é o amor. 
Poderia haver uma lei melhor do que essa? 
No episódio da mulher adúltera que Jesus livrou da 
condenação por apedrejamento, podemos constatar o 
quanto Ele realmente mudou a antiga lei por uma nova, 
porque pela antiga, ela deveria morrer apedrejada. 
É por isso que é ordenado por Cristo aos cristãos, na 
Bíblia, que façam o convite da salvação pelo evangelho a 
todas as pessoas e em todos os lugares da terra. 
Mar 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o 
evangelho a toda criatura. 
Este convite consiste basicamente no oferecimento 
gratuito que Ele está fazendo da Sua própria justiça 
divina, amor e misericórdia, para perdoar todos os 
nossos pecados e justificar a todos os que nEle crerem, de 
modo que sejam livrados da condenação, e para o 
recebimento da vida eterna. 
47 
Todavia, em havendo recusa em se ouvir a mensagem do 
evangelho, o próprio Cristo ordena que não haja 
insistência. 
Luc 10:16 Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem 
vos rejeitar a mim me rejeita; quem, porém, me rejeitar 
rejeita aquele que me enviou. 
Mar 6:11 Se nalgum lugar não vos receberem nem vos 
ouvirem, ao sairdes dali, sacudi o pó dos pés, em 
testemunho contra eles. 
O evangelho é o tempo da paciência, da misericórdia, da 
longanimidade de Deus para com todos os pecadores. 
A ninguém Deus está condenando, enquanto durar esta 
dispensação. Ao contrário, está salvando. 
João 12:47 Se alguém ouvir as minhas palavras e não as 
guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o 
mundo, e sim para salvá-lo. 
João 12:48 Quem me rejeita e não recebe as minhas 
palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho 
proferido, essa o julgará no último dia. 
 O evangelho é a lei divina, se assim podemos nos referir 
a ele, na presente dispensação da graça, e esta lei de 
justiça oferecida para a nossa justificação e perdão, a 
ninguém condena. 
48 
É a rejeição do evangelho, segundo nosso Senhor Jesus 
Cristo, que será o motivo da condenação no último dia, 
como Ele o afirma em João 12.48. 
João 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira 
que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele 
crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 
João 3:17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, 
não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo 
fosse salvo por ele. 
João 3:18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já 
está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito 
Filho de Deus. 
Mar 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o 
evangelho a toda criatura. 
Mar 16:16 Quem crer e for batizado será salvo; quem, 
porém, não crer será condenado. 
Esta nova dispensação do evangelho substituiu a 
chamada antiga dispensação da lei de Moisés, porque 
Jesus se ofereceu a si mesmo como sacrifício, em nosso 
lugar, para satisfazer a exigência da justiça divina. 
Não é do teor e essência do evangelho condenar as 
pessoas pelos seus maus atos e até mesmo pensamentos, 
porque até os próprios cristãos que fazem a oferta do 
evangelho também são pecadores, que foram remidos 
pela graça, mediante a fé em Jesus. 
49 
Aos que têm abraçado a fé no evangelho, Cristo lhes 
impõe a disciplina da nova aliança, pela admoestação 
mútua à prática do amor e das boas obras. 
Outra característica do convite do evangelho é que não 
se deve fazer distinção de qualquer pessoa, que não deve 
haver preconceito de raça, religião, condição social, ou de 
qualquer outra natureza. 
Desta forma, aqueles que têm sentimentos 
preconceituosos, não estão de modo algum anunciando 
o verdadeiro evangelho de Cristo, tal como ele se 
encontra registrado nas páginas da Bíblia. 
Rom 3:21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de 
Deus testemunhada pela lei e pelosprofetas; 
Rom 3:22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, 
para todos e sobre todos os que creem; porque não há 
distinção, 
Rom 3:23 pois todos pecaram e carecem da glória de 
Deus, 
Porque isto seria uma contradição, uma vez que não se 
pode conciliar preconceito com o fato de Jesus não fazer 
acepção, distinção de qualquer pessoa, e de igual modo, 
devem agir aqueles que falam em Seu nome. 
Por outro lado, deixar de anunciar o evangelho, em 
desobediência ao mandamento de Deus, para o bem 
eterno dos ouvintes que o receberem, por livrar o espírito 
50 
da condenação eterna a ser proferida no dia do Juízo 
Final, seria então uma grande prova de falta de amor e 
de misericórdia para com nossos semelhantes, esconder 
deles esta mensagem, ou então adulterá-la. 
Por isso é também ordenado nas Escrituras que se deve 
ter cautela com o ensino de falsos pastores, profetas e 
mestres que falam em nome de Cristo, e que se dizem 
cristãos, e mensageiros genuínos do evangelho, quando 
na verdade não são, e o fazem por motivo interesseiro e 
por torpe ganância. 
Mat 7:16 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos 
apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são 
lobos roubadores. 
2Pe 2:1 Assim como, no meio do povo, surgiram falsos 
profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, 
os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias 
destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano 
Senhor. 
2Pe 2:2 E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, 
por causa deles, será infamado o caminho da verdade; 
 Mat 10:16 Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio 
de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e 
símplices como as pombas. 
Mat 10:17 E acautelai-vos dos homens; porque vos 
entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas 
sinagogas; 
51 
Mat 10:25 Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao 
servo, como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono 
da casa, quanto mais aos seus domésticos? 
A prudência da serpente é recomendada pelo Senhor aos 
que se empenham na obra da pregação do evangelho, ao 
lado da simplicidade das pombas. 
As serpentes evitam confrontos desnecessários, mas 
atacam quando são atacadas. Por isso o cristão deve 
reter apenas a prudência da serpente, e associá-la à 
inofensividade das pombas, que nunca atacam quando 
são atacadas. 
Por fim, ao concluir esta breve explanação, deve ser dito 
que a ninguém deve ser imposto o evangelho como uma 
forma de obrigação a ser cumprida, e nem mesmo nas 
congregações de Cristo, porque Deus quer ser amado e 
adorado em espírito e de modo voluntário. 
Ninguém deve ser condenado ou acusado por conta da 
religião ou costumes que tenha adotado, evidentemente, 
é claro, desde que não infrinjam as normas legais e os 
costumes de cada sociedade à qual se pertença, mas isto 
não é um encargo dos cristãos enquanto cristãos, mas das 
autoridades constituídas. 
Os mensageiros do evangelho devem ser promotores da 
paz, e por isso é dito por Cristo que bem-aventurados são 
os pacificadores. 
52 
 Para este propósito, da promoção da paz e do bem estar 
dos seus semelhantes, devem orar em favor de todos os 
homens. 
1Tm 2:2 Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática 
de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em 
favor de todos os homens, 
1Tm 2:2 em favor dos reis e de todos os que se acham 
investidos de autoridade, para que vivamos vida 
tranquila e mansa, com toda piedade e respeito. 
1Tm 2:3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso 
Salvador, 
1Tm 2:4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos 
e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. 
Devem também os cristãos serem modelos de bom 
comportamento e de conduta, como pais, filhos, 
empregados, empregadores, ou o que for. 
Devem estar sujeitos às autoridades, porque conforme 
afirmado na Bíblia, não há autoridade genuína que não 
tenha sido instituída por Deus. 
Rom 13:1 Todo homem esteja sujeito às autoridades 
superiores; porque não há autoridade que não proceda 
de Deus; e as autoridades que existem foram por ele 
instituídas. 
 
53 
O evangelho não é pregado por mero dever de 
consciência ou por obediência ao mandamento divino, 
mas sobretudo porque os discípulos de Jesus são 
movidos em amor a fazê-lo, pelo mesmo Espírito Santo 
que neles habita, e que também atuava em nosso Senhor 
Jesus Cristo. 
“como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo 
e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem 
e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus 
era com ele;” (Atos 10:38) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 
 
Jesus Não Veio Condenar Mas Salvar 
Marcos 2:17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os 
sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim 
chamar justos, e sim pecadores. 
João 12:47 Se alguém ouvir as minhas palavras e não as 
guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o 
mundo, e sim para salvá-lo. 
Dê a devida atenção a estas palavras de nosso Senhor 
Jesus Cristo. 
Até que Ele volte, a porta da salvação estará aberta para 
todo aquele que se arrepender dos seus pecados e buscar 
viver para Ele. 
Amados leitores, nosso Senhor mesmo definiu a Sua 
principal missão em ter vindo a este mundo há cerca de 
2.000 anos atrás, como sendo a de salvar e não a de 
condenar pecadores. 
Então, enquanto perdurar esse tempo de graça até que 
Ele volte, Deus está abrindo uma grande oportunidade 
para todas as pessoas que queiram ser livradas da 
manifestação da ira vindoura, em forma de juízo de uma 
condenação eterna, que há de vir sobre todos os que 
viveram neste mundo, sem terem se convertido a 
Cristo. 
55 
Por isso, queremos ser muito claros, sinceros e diretos 
em todas as mensagens transmitidas aos amados 
leitores, mantendo o foco do evangelho que aponta 
somente para Jesus Cristo para que sejamos salvos de tal 
condenação em razão do pecado. 
É bom lembrar que um único pecado praticado ao longo 
de toda a vida já sujeita o seu praticante à condenação 
eterna. 
Portanto, não há um único justo, de si mesmo, pela sua 
própria justiça, diante de Deus. 
Por isso Jesus morreu em nosso lugar na cruz, carregando 
sobre si toda a culpa dos nossos pecados. 
Em suma, tudo o que se refere à necessidade de um viver 
reto, do dever de se guardar os mandamentos de Deus, e 
tudo o mais que se refira à santificação de nossas vidas, 
somente pode ser praticado e vivido caso sejamos 
convertidos a Cristo, e estando em comunhão com Ele, 
por meio do Espírito Santo. 
Assim, se a Lei santa de Deus lhe condena justamente por 
causa do pecado, lembre que pela fé em Jesus, nos está 
sendo oferecida gratuitamente a libertação de tal 
condenação, ao mesmo tempo que somos por Ele 
capacitados a viver de modo aprovado pela justiça divina, 
pelo poder da graça de Jesus, mediante o trabalho do 
Espírito Santo em nossos corações. 
56 
Não há qualquer condenação no evangelho, porque 
Jesus, pelo evangelho que nos trouxe, ou seja, por esta 
maravilhosa notícia, que é o significado desta palavra no 
original grego do Novo Testamento, tem se oferecido 
para ser a nossa justiça, de modo que Deus possa se 
agradar de nós e se reconciliar conosco. 
A rejeição do evangelho. Desta oferta de justiça da 
pessoa de Jesus, tão graciosa, é que traz condenação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
57 
A Justiça do Evangelho Não é Juízo 
O propósito de Deus, 
jamais pode ser frustrado. 
Então o que faria para tornar justo 
o pecador culpado? 
Que se opondo ao seu Criador 
e não querendo se sujeitar à sua vontade, 
segue o seu caminho de vaidade? 
Que resistindo a se entregar a Jesus 
resiste também ao recebimento da Sua graça? 
E sem a graça, sabemos, somente há ruína, 
perdição, ódio, desobediência e morte. 
Ah! Que situação difícil para ser resolvida! 
Difícil para nós, mas não para Deus, 
a quem tudo é fácil e possível. 
 
58 
Difícil e penoso seria sim, 
o único modo pelo qual 
o pecador poderia ser justificado. 
Deus visitaria o seupecado, 
com juízos, no Seu Filho Amado. 
Colocaria sobre Ele nossas transgressões, 
resistências e descaminhos, 
e com o grande golpe do seu juízo 
castigaria o próprio Cristo, 
fazendo com que a justiça exigida 
fosse por fim atendida. 
Jesus tem desde então justiça, 
e não juízo para oferecer, 
pelo Evangelho. 
Quem quiser ser justo, 
para receber a graça 
salvadora e transformadora, 
59 
basta vir a Cristo, 
com a mão do coração estendida, 
e Ele a concederá com agrado 
para apagar nosso pecado. 
Por isso Ele diz que não veio 
a este mundo para condená-lo, 
mas sim, para salvá-lo. 
Oh! Senhor amado! 
Muito obrigado por sua justiça! 
Felizes são os que têm fome e sede 
desta sua maravilhosa justiça, 
pela qual, nós perdidos pecadores, 
somos saciados, 
justificados e abençoados! 
 
 
60 
O Real Significado da Graça 
Há um grande paradoxo no entendimento carnal 
relativo à graça divina, uma vez que se costuma 
considerar como sendo graça exatamente o oposto 
daquilo que a graça que nos foi dada em Cristo é na 
verdade; pois os dons naturais e comuns de Deus para 
toda a humanidade são buscados por pessoas religiosas 
como se fossem o grande propósito da vida cristã. 
Geralmente visa-se tão somente ao que é externo, e não 
propriamente o que seja espiritual, celestial e divino, 
para ser aplicado à transformação do próprio caráter e 
vida, segundo o propósito de Deus na concessão da Sua 
graça que nos foi dada em Cristo. 
Todavia, a Bíblia não nos deixa cegos quanto a este 
importantíssimo assunto, conquanto podemos observar 
na grande maioria das passagens bíblicas referentes à 
graça, qual é o propósito de Deus quanto à sua 
concessão. 
Antes de tudo a graça não é dogma, mas o poder de Deus 
para o atingimento do objetivo da fé, a saber, a nossa 
salvação. E é no conhecimento da mesma graça que 
devemos crescer com vistas ao nosso aperfeiçoamento 
espiritual. 
O maior dom que temos recebido da graça de Deus é a 
vida do próprio Cristo e a habitação do Espírito Santo em 
61 
nós. As demais graças são consequência desta referida e 
gravitam em torno da mesma. 
Quando estamos na graça, esta produz um bom estado 
na alma que pode ser discernido em espírito tanto por 
nós, quanto por aqueles que estiverem na mesma 
condição. 
A graça divina é o maior poder operante neste mundo, 
pois somente ela é mais forte do que o poder do pecado. 
O nosso acesso a esta graça, na qual estamos firmes, e 
sem correr o risco de sermos rejeitados por Deus, custou 
um alto preço a nosso Senhor Jesus Cristo – o preço do 
seu sofrimento e derramamento do seu sangue numa 
terrível morte de cruz. 
É impróprio, por conseguinte, o pensamento associado à 
palavra graça, de ser algo fácil ou barato. 
A salvação é de fato gratuita, mas custou o preço de 
morte para Cristo, carregando os nossos pecados, e para 
nós, ela exige o pagamento do preço da nossa 
consagração a Deus, uma vez tendo sido convertidos 
mediante a simples fé no Senhor. 
Fomos comprados por preço para vivermos para Deus. 
Com o advento de Jesus Cristo foi inaugurada uma nova 
dispensação para substituir a antiga que vigorou desde os 
dias de Moisés. Daí ser chamada de dispensação da graça, 
enquanto a antiga era chamada de dispensação da Lei. 
62 
Deus está sendo longânimo nesta dispensação em 
relação a todos os pecadores, concedendo-lhes assim a 
oportunidade de se arrependerem e crerem em Cristo, de 
modo a serem livrados da condenação eterna. Esta é uma 
das características essenciais da citada dispensação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
63 
Uma Nova Aliança Diferente da Antiga 
Devemos ter o devido cuidado ao estudarmos a Bíblia, 
especialmente o Antigo Testamento, nas partes relativas 
ao Antigo Pacto, porque ali encontramos muitas figuras 
de realidades que se cumpriram em Cristo, e muitos 
preceitos que foram revogados e alterados por Cristo 
com a instituição da Nova Aliança, que revogou a Antiga, 
de modo que não pratiquemos na dispensação da graça 
aquelas coisas e atitudes que eram determinadas e 
aceitas por Deus no Antigo Pacto, mas que de modo 
algum podem ser aceitas nesta nova dispensação, em 
que novas diretrizes foram dadas para substituírem 
muitas das diretrizes antigas, como por exemplo a lei do 
olho por olho, dente por dente; o ofício sacerdotal com a 
apresentação de animais em sacrifício; as guerras santas 
ordenadas por Deus para extermínio de povos idólatras 
etc. 
A Nova Aliança não é ministério de morte, mas de vida. 
Isto é, os ministros de Deus estão encarregados de levar 
a vida de Cristo aos homens, e não a condenação e a 
morte. 
Isto fica agora exclusivamente nas mãos de Deus, e a 
Igreja de Cristo não é mais a espada de Deus, como Israel 
foi no mundo antigo para exercer juízos de Deus sobre o 
mundo de ímpios. 
Deus é o Juiz exclusivo do que se refere a tirar ou não a 
vida de qualquer pessoa, de modo que não deseja 
nenhuma cooperação da Igreja neste sentido, ao 
64 
contrário, foi vedado à Igreja na presente dispensação 
toda e qualquer forma de juízo, e daí Cristo ter 
determinado que o crente a ninguém deve julgar neste 
sentido, porque o juízo sobre vida ou morte está agora 
exclusivamente nas mãos de Deus. 
À Igreja cabe pregar o evangelho, e aqueles nos quais 
Cristo será cheiro de morte para a morte e não aroma de 
vida para a vida, é assunto que se encontra fora da alçada 
da Igreja, e que está totalmente nas mãos do Grande e 
único Juiz 
O dever do qual a Igreja está incumbida é o de levar a 
mensagem de salvação e se empenhar muito para a 
salvação de alguns, porque Jesus, na dispensação da 
graça, se empenha não em condenar os pecadores, mas 
salvá-los. 
 
 
 
 
 
 
 
65 
 
Uma Aliança Firmada em Graça 
Em Isaías 55 vemos que o evangelho é para os que têm 
fome e sede de justiça. 
A mesa do banquete está pronta e tudo o que de nós se 
exige é apetite. É tudo de graça. 
Por isso o convite da salvação é dirigido a todos os que 
têm sede para que venham às águas da salvação, e que 
poderão adquirir (comprar) o vinho espiritual da alegria, 
e o leite racional que nos alimenta que é a graça de Cristo, 
que acompanha o evangelho, para sermos alimentados 
por ela, sem dinheiro e sem preço (Is 55.1). 
Diz-se que todo esforço e gasto de dinheiro para obter a 
salvação é vão, porque a salvação verdadeira que Deus 
está operando pelo Filho, é completamente gratuita. 
A boa comida espiritual, e o tutano divino são achados 
somente na mesa de Cristo, e não nas mãos dos que 
fazem da religião ocasião de comércio (Is 55.2). 
A mensagem do evangelho deve ser ouvida atentamente, 
pela voz dos ungidos do Senhor, através dos quais Cristo 
fala, para que pessoas se convertam a Ele, para entrarem 
na aliança eterna, que Ele havia prometido como sendo 
firmes beneficências a Davi (v. 3). 
66 
Estas firmes beneficências a Davi são citadas também 
em passagens do Novo Testamento, como em At 13.34. 
“Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa 
alma viverá; porque convosco farei uma aliança 
perpétua, dando-vos as fiéis misericórdias prometidas a 
Davi.” (Is 55.3). 
É maravilhoso saber que as últimas palavras que Davi 
falou pelo Espírito, apontaram para esta aliança segura e 
eterna. 
Deus fez uma aliança conosco em Jesus Cristo, e nós 
aprendemos das Suas palavras pela boca de Davi que é 
uma aliança perpétua. 
Perpétua em si mesma e na forma do seu caráter, 
manutenção, continuação e confirmação. Deus diz 
também pela boca de Davi que é bem ordenada e segura 
(v. 5). 
Esta aliança está bem ordenada por Deus em todas as 
coisas que dizem respeito a ela. 
Esta ordenação perfeita trabalhará em meio às 
imperfeições dos cristãos e os aperfeiçoará 
progressivamente, para a glória de Deus, de modo que se 
a obra não for completada na terra, ele o será no céu. 
E para isso a aliança possui um Mediador e um 
Consolador para promover a santidade e o conforto dos 
cristãos. 
Está ordenado também QUE TODA TRANSGRESSÃONA 
67 
ALIANÇA NÃO LANÇARÁ FORA A QUALQUER DOS 
ALIANÇADOS. 
Por isso Jesus afirma que na lançará fora de modo 
nenhum, a qualquer que vier a Ele. 
Assim, a segurança da salvação não é colocada nas mãos 
dos cristãos, mas nas mãos do Mediador. 
E se diz que a aliança é segura porque está assim bem 
ordenada por Deus. 
Ela foi planejada de tal modo a poder conduzir pecadores 
ao céu. 
Ela está tão bem estruturada que qualquer um deles 
pode ter a certeza de que estará sendo aperfeiçoado na 
terra e a conclusão desta obra de aperfeiçoamento será 
concluída no céu. 
E uma das razões para que o aperfeiçoamento não seja 
concluído na terra, é para que se saiba que a aliança é de 
fato para pecadores, e não para quem se considera 
perfeitamente justo, embora todos os aliançados sejam 
chamados agora a se empenharem na prática da justiça. 
As misericórdias prometidas aos aliançados é segura, e 
operarão de acordo com as condições estabelecidas em 
relação à necessidade de arrependimento e fé. 
A aplicação particular destas misericórdias para santificar 
os cristãos é segura. 
É segura porque é suficiente. 
68 
Nada mais do que isto nos salvará, porque a base da 
salvação repousa na fidelidade de Deus em cumprir a 
promessa que Ele fez à casa de Davi, a todo aquele que 
for encontrado nela, por causa da sua fé no descendente, 
no Filho de Davi que é Cristo. 
É somente disto que a nossa salvação depende. 
Muitos podem pensar que quando se conclama, na 
profecia de Isaías, ao ímpio a deixar o seu caminho e o 
homem maligno os seus pensamentos para se voltar para 
o Senhor, para achar misericórdia e perdão, porque se diz 
que Deus é rico em perdoar, que isto não se aplique às 
pessoas perversas. 
No entanto, é um convite a todas as pessoas porque não 
há quem não peque, e Cristo veio salvar e justificar 
ímpios (Rom 4.5), de forma que aquele que se julgar justo 
e bom a seus próprios olhos jamais poderá ser salvo por 
Cristo, porque Ele salva aqueles que se reconhecem 
pecadores. 
Para esclarecer este ponto, para que ninguém fizesse 
uma avaliação errada relativa à sua real condição diante 
de Deus, Ele declarou que os seus pensamentos não são 
os nossos pensamentos, nem os nossos caminhos os seus 
caminhos (Is 55.8). 
Se nos compararmos com outras pessoas é possível que 
nos achemos bons e justos. 
Mas se contemplarmos os que estão no céu, 
especialmente ao próprio Deus em sua perfeita 
69 
santidade e glória, nós veremos quão imperfeitos somos. 
E clamaremos tal como Isaías fizera no capítulo sexto, 
quando viu a santidade e glória com que os serafins 
louvavam ao Senhor no Seu trono de glória. 
Por isso se ordena que olhemos para Cristo para que 
sejamos salvos, porque somente quando contemplamos 
a majestade da sua santidade, é que podemos enxergar 
qual é o nosso real quadro de miséria e de necessidade 
que temos de sermos salvos por Ele. 
Então esta salvação não será achada em nós mesmos. 
Porque ela nos vem inteiramente destes caminhos e 
pensamentos elevados de Deus que procedem do céu e 
não da terra. 
É do alto que a graça e o Espírito são derramados, e por 
isso somos conclamados a olhar para o alto, para Cristo, 
para o tesouro do céu e não para o que é terreno, quando 
o assunto se refere à nossa salvação. 
Esta salvação vem do alto, mas a Palavra que salva foi 
revelada por Cristo na terra, e está não apenas na Bíblia, 
mas junto da nossa boca e coração, para que façamos a 
confissão da fé no Seu nome e senhorio, para que 
sejamos salvos. 
Deus pôs esta autoridade para nos salvar na Sua Palavra. 
A palavra do evangelho é a semente que contém a vida 
eterna. 
De maneira que todo o que crê na Palavra da verdade 
será salvo, porque esta Palavra gerará em seu coração a 
70 
fé pela qual Deus o salvará. Por isso Ele afirma o que se 
lê em Is 55.10,11. 
Estes que crerem no evangelho e forem salvos sairiam 
dando testemunho por todas as partes com a alegria e a 
paz com que seriam guiados pelo Espírito Santo, e por 
onde passarem anunciando as boas novas, a maldição 
será transformada em bênção porque se diz que em vez 
de espinheiros e sarças, cresceriam a faia e a murta que 
são plantas ornamentais. E isto seria para o Senhor um 
nome e um sinal eterno que nunca se apagará (v. 12, 13). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
71 
A Bênção da Graça Perdoadora 
Se nada mais fosse dito além das coisas referidas nos 
capítulos anteriores ao 30º do livro de Deuteronômio, e 
o livro fosse fechado com as palavras do capítulo 
precedente (29º), não haveria nenhuma esperança para 
Israel prosseguir como povo da aliança feita com Abraão, 
Isaque e Jacó, e mesmo da aliança feita com eles no Sinai, 
porque a maldição da Lei os baniria para sempre da 
presença de Deus quando invalidassem a aliança com os 
seus pecados. 
Entretanto, o capítulo 30º de Deuteronômio é iniciado 
com a promessa de Deus de usar de misericórdia para 
com eles, quando na terra do seu cativeiro eles se 
voltassem arrependidos de seus pecados para Ele. 
A Lei colocou diante deles a escolha da bênção ou da 
maldição, conforme o seu comportamento diante do 
Senhor e dos Seus mandamentos. 
Haveria bênçãos no caso de obediência, e maldições no 
caso de desobediência. 
Servir ou não a Deus não seria uma opção que não 
afetaria as suas vidas. 
Ao contrário, seria uma questão de vida ou de morte. 
A Aliança que eles fizeram com o Senhor não gerou um 
compromisso de serem meramente religiosos, mas um 
compromisso que afetaria profundamente o rumo das 
72 
suas vidas; quer para o bem, quer para o mal. 
O bem por escolherem ouvir o Senhor e guardarem os 
Seus mandamentos, e o mal, em caso contrário. 
Mas eles são lembrados que não estavam diante de um 
Deus inflexível e implacável, pois Ele sabia perfeitamente 
que o homem é carnal e dado a se desviar dos Seus 
caminhos, e não andará neles caso não seja assistido pela 
Sua graça e misericórdia, e também pelo temor que Lhe 
é devido. 
Assim como Ele disse que não destruiria mais a terra com 
as águas do dilúvio, por saber que o homem é carnal; de 
igual modo Ele fez promessas de misericórdia para que 
Israel pudesse retornar para Ele depois que eles Lhe 
tivessem voltado as costas para servirem a outros 
deuses. 
Ele aceitaria a esposa infiel de volta, desde que esta 
deixasse os seus amantes e voltasse para o Seu marido. 
O Senhor sabia em todo o tempo que estava entrando em 
aliança com uma esposa que lhe seria infiel em várias 
ocasiões, mas nem por isso deixou de desposá-la (a nação 
de Israel) porque a amava. 
De igual modo, os cristãos da Igreja de Cristo, apesar de 
suas infidelidades para com o Senhor, não podem romper 
o laço matrimonial que têm com Ele porque são laços 
indissolúveis em razão da perfeita fidelidade do Senhor, 
que permanece fiel ao que nos tem prometido, apesar da 
nossa infidelidade. 
73 
Afinal, foram libertados da escravidão ao pecado, por 
Cristo, para viverem em obediência completa a Deus, 
mas como carregam a fraqueza da carne neste mundo, há 
esta ação da misericórdia restauradora do Senhor 
operando em suas vidas para serem curados de suas 
apostasias e pecados. 
Por esta promessa de misericórdia e restauração da 
Antiga Aliança, vemos que o caráter de Deus é realmente 
perdoador e compassivo. 
Nenhum pecador, por pior que seja, poderá se desculpar 
em juízo de não ter alcançado a salvação, porque a 
misericórdia do Senhor é infinita. 
Ele tem prometido que usa de misericórdia com qualquer 
um, independentemente de seus méritos. 
Isto significa que ninguém poderá impugnar a decisão de 
Deus de usar de misericórdia para com o pior dos 
pecadores, porque Ele determinou em Sua Soberania 
usar de misericórdia com quem Ele quisesse, isto é, 
conforme a Sua própria vontade, e nada mais. 
Ninguém poderá se desculpar pelo fato de se ter 
desviado e não ter buscado reconciliação com o Senhor e 
com a Sua Igreja, porque ninguém está excluído de 
alcançar misericórdia quando se arrepende e se volta 
para Deus.O verso 10 fala de conversão e do modo desta conversão: 
 
“quando obedeceres à voz do Senhor teu Deus, 
74 
guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, 
escritos neste livro da lei; quando te converteres ao 
Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua 
alma.” 
 
Os versos 11 a 14 falam da possibilidade e alcance 
próximo desta conversão, uma vez que a vontade 
revelada de Deus é conhecida na Sua Palavra, e o que crê 
na Palavra do Senhor e se dispõe a obedecê-la, será salvo. 
Estas palavras de Moisés citadas nos versos 11 a 14 são 
usadas pelo apóstolo Paulo em Rom 10.6-8 para se referir 
ao evangelho de Cristo, que salva mediante a mesma 
conversão em se dizer não ao pecado e se voltar para 
Deus e para a Sua Palavra: 
“Porque este mandamento, que eu hoje te ordeno, não 
te é difícil demais, nem tampouco está longe de ti. Não 
está no céu para dizeres: Quem subirá por nós ao céu, e 
no-lo trará, e no-lo fará ouvir, para que o cumpramos? 
Nem está além do mar, para dizeres: Quem passará por 
nós além do mar, e no-lo trará, e no-lo fará ouvir, para 
que o cumpramos? Mas a palavra está mui perto de ti, na 
tua boca, e no teu coração, para a cumprires.” (Rom 10.11 
a 14). 
O que tanto Moisés quanto Paulo querem se referir é que 
a Palavra de Deus para a salvação já foi revelada por Ele 
de uma vez para sempre e está registrada na Bíblia. 
Não precisamos de nenhuma nova revelação, de nenhum 
novo profeta, de nenhuma nova visão ou sonho para 
75 
sabermos qual é a vontade de Deus relativamente a nós 
para que possamos ser salvos. 
A Sua vontade já está revelada na Bíblia. 
O Espírito Santo abrirá o entendimento daqueles que Se 
aproximarem de Deus com todo o coração e alma, para 
que possam não somente entender a Sua Palavra, como 
também a serem transformados por meio dela em novas 
criaturas. 
Há uma ilustração interessante neste capítulo, quanto ao 
fato de que os povos inimigos que o próprio Deus trouxe 
para oprimir e desterrar os israelitas, por causa da sua 
desobediência, seriam repreendidos pelo Senhor assim 
que Seu povo buscasse se converter dos seus maus 
caminhos. 
O mesmo se dá com cristãos desobedientes que são 
entregues a Satanás para destruição da carne. 
Caso eles se arrependam dos seus pecados e voltem para 
Deus numa verdadeira conversão que implique na 
obediência à Sua Palavra, eles não são apenas 
restaurados à comunhão, como os espíritos malignos que 
os oprimiam são repreendidos e afastados pelo Senhor. 
Muitas das aflições que sofremos têm o propósito de nos 
conduzirem ao arrependimento e à conversão ao Senhor 
e à Sua Palavra. 
Ninguém deve contar com a aprovação e a bênção do 
Senhor quando vive na prática deliberada do pecado, 
mas pode e deve esperar a Sua bênção quando se 
arrepende e se converte dos seus maus caminhos. 
Isto é prometido pelo Senhor abundantemente em várias 
76 
passagens das Escrituras, como por exemplo em Jer 
31.18-20 e II Crôn 7.13,14. 
Verdadeiros penitentes podem ter grande 
encorajamento quanto às compaixões e misericórdias do 
Senhor, que nunca falham. 
Moisés fecha este capítulo 30º com uma convocação aos 
israelitas para que se apegassem verdadeiramente ao 
Senhor, porque nisto estava a felicidade e a vida deles. 
Não haveria nenhuma bênção vivendo longe do Senhor. 
Não haveria nenhuma vida aparte da comunhão com Ele. 
Seria marcante entre eles a diferença que haveria entre 
os que servissem e amassem a Deus e aqueles que não o 
servissem e amassem, porque o próprio Deus os 
distinguiria com o derramar da sua bênção e vida para os 
primeiros, e das suas maldições e castigos para os 
últimos. 
A adoração verdadeira ao Senhor traria vida, e a 
adoração aos falsos deuses lhes traria morte. 
É isto o que sempre ocorreu no mundo. 
Os que se voltam para Deus encontram a vida, e os que 
resistem a Ele à Sua vontade permanecem debaixo da 
Sua ira e mortos em seus pecados. 
A Palavra de Deus é um atalaia que adverte aos homens 
em toda a parte sobre a sua condição diante de Deus. 
Ela é uma Palavra de vida para os que nela creem e se 
arrependem de seus pecados, por darem crédito à 
Palavra do Senhor que é a verdade. 
E os que a ignoram ou que resistem a ela não lhe dando 
77 
a devida atenção permanecerão condenados em seus 
pecados. 
Por isso Jesus diz quanto à Palavra do evangelho: 
“Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já 
tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o 
julgará no último dia.” (Jo 12.48). 
O sentido do Novo Testamento é o mesmo, porque o 
evangelho coloca todo homem diante da vida ou da 
morte, da maldição ou da bênção. 
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer 
será condenado.” (Mc 16.16). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A Graça Está Sujeita a Decadências 
“Apo 2:25 - tão-somente conservai o que tendes, até que 
eu venha.” 
“Apo 3:11 - Venho sem demora. Conserva o que tens, 
para que ninguém tome a tua coroa.” 
“Gál 5:4 - De Cristo vos desligastes, vós que procurais 
justificar-vos na lei; da graça decaístes.” 
Estas passagens bíblicas, entre outras de igual teor, 
apontam para o fato de que a graça está sujeita a 
decadências. 
Se não nos exercitarmos espiritualmente todos os dias, e 
se nos tornamos negligentes no uso dos meios 
destinados a fortalecer a graça (oração, vigilância, 
meditação e prática da Palavra, comunhão dos santos 
etc), podemos ter como certo de que seremos achados 
enfraquecidos na fé, sofremos perdas em nossa 
santificação e comunhão com Deus. 
Daí a advertência apostólica: 
 “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” 
(I Cor 10.12) 
Ele diz: o “que pensa”, porque é possível pensarmos que 
estamos fortificados na graça do Senhor, quando na 
verdade podemos estar enfraquecidos. 
79 
Todavia, caso estejamos fortificados nesta graça em que 
estamos firmes por causa da obra de Jesus em nosso 
favor, é importante prestarmos a devida consideração à 
referida advertência, porque é possível a qualquer santo 
que venha a ficar enfraquecido na graça, por falta de 
diligência espiritual, e cair da comunhão com o Senhor, 
ainda que não para uma queda final, que signifique a 
perda da sua salvação. 
A coroa que podemos perder citada por nosso Senhor em 
Apo 3.11 refere-se ao galardão futuro, e para que tal não 
suceda devemos guardá-la por não permitir que o 
fascínio do mundo, as tentações de Satanás, um viver 
segundo a carne, a furtem de nós. 
Decadências na graça são comuns na vida da maioria dos 
crentes, em uns são mais graves e constantes do que em 
outros, todavia, importa que sempre nos levantemos no 
caminho estreito em que nos encontramos pela fé, toda 
vez que nele cairmos, de modo que retomemos a nossa 
caminhada e nos fortifiquemos na graça que está em 
Jesus Cristo, de modo a permanecermos e perseverarmos 
na nossa jornada neste caminho estreito que nos conduz 
a uma mais íntima comunhão e conhecimento do Senhor, 
e por fim ao céu. 
 
 
 
80 
Alianças e Dispensações Para um Único 
Propósito 
Deus interage com a humanidade através de 
dispensações e alianças ou pactos, previamente 
prefixados por Ele em Sua onisciência e soberania, para 
conduzir-nos até a conclusão da história da nossa 
redenção, quando todas as coisas serão restauradas em 
Jesus Cristo com a criação de um novo céu e de uma nova 
terra. 
Se nos detivermos examinando com paciência estas 
dispensações e alianças a partir da perspectiva do próprio 
Deus ao planejá-las tendo o grande fim em vista de 
glorificar em Cristo uma humanidade que havia caído no 
pecado, podemos entender que não se trataram de 
dispensações e alianças independentes e para fins 
particulares, senão, partes integrantes visando ao 
mesmo fim. 
Então, quando a primeira aliança foi feita com Adão, 
baseada na obediência perfeita do homem e toda a sua 
descendência para a vida, ou da desobediência para a 
morte, o grande alvo era o de encerrar a todos sob o 
pecado (Gál 3.22), de forma a possibilitar que a promessa 
da salvação pudesse ser fosse

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