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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 343 virtude da diferença de concentração. O processo de crescimento apenas por difusão requer cerca de um dia para que um gotí- cula possa atingir o tamanho característico de uma gota de chuva (0,5mm de diâmetro). A experi- ência mostra, no entanto, que uma nuvem quente pode se formar e iniciar precipitação em poucas horas, fato muito comum na Região Tropical, por exemplo. É evidente, portanto, que outros meca- nismos devem estar envolvidos no crescimento das gotículas. As gotículas possuem um movimento desordenado, o que aumenta a probabilidade de colisões, seguidas de aglutinação, processo que se denomina acreação. Esse efeito é maior em nuvens cumuliformes devido à turbulência em seu interior. Por outro lado, gotas grandes desen- volvem velocidade de queda maior e varrem um volume claramente cônico, englobando várias gotículas em sua trajetória. Durante o movimento ascendente, por serem mais pesadas movem-se mais lentamente e podem ser atingidas por gotículas (mais velozes). Duas gotinhas que tenham trajetórias paralelas e próximas são atraídas (pela descompressão do ar que flui entre elas) e ten- dem a coalescer. O mecanismo de acreação (colisão-coalescência) é importante para explicar o crescimento de gotas, mas sozinho não justifica as chuvas torrenciais. I. Langmuir desenvolveu uma teoria explicando que, em seu movimento vertical, as maio- res gotas normalmente se fragmentavam e as gotinhas resultantes, não tão pequenas, continua- vam a crescer por colisão-coalescência com as gotículas circunjacentes, numa verdadeira reação em cadeia (Peixoto, 1970). O efeito multiplicador desse processo seria suficiente para justificar como as nuvens cumuliformes conseguem desenvolver aguaceiros em tão pouco tempo. 7. Estimulação artificial de nuvens. As nuvens mais propícias à estimulação artificial são precisamente os cúmulos e cumulo- nimbos. Uma nuvem convectiva (cumuliforme) deve ser entendida como uma fábrica de chuva em potencial. A matéria prima é o vapor d'água e as partículas capazes de se tornarem ativas. Estas são, em geral, tão abundantes na atmosfera que aparentemente não chegam a constituir fator limitante. É, então, o suprimento de vapor d'água que vai condicionar a produção de precipitação. No caso de nuvens cumuliformes em desenvolvimento, o suprimento é o assegurado pela umida- de do ar que ascende, penetrando na base da nuvem. Ao atravessá-la, uma considerável quanti- dade de vapor d'água se condensa, de maneira que o ar estará muito menos úmido ao ultrapassar o topo da nuvem. Sob o ponto de vista dinâmico, o requisito básico para que essa fábrica funcione é a exis- tência de instabilidade atmosférica, favorecendo o desenvolvimento de correntes ascendentes intensas as quais irão facilitar o crescimento das gotas. Caso não existam mecanismos capazes de assegurar a requerida instabilidade, a nuvem formada certamente não conseguirá produzir precipitação, ou o fará em quantidades insignificantes. Tampouco haverá precipitação abundante na ausência de um suprimento adequado de vapor d’água. Diversas tentativas têm sido feitas no sentido de provocar a formação de gotas grandes, capazes de desencadear precipitação. A técnica mais comum, no caso de nuvens quentes, con- siste em aspergir nelas (a partir de uma aeronave) grandes gotas de solução salina,. A hipótese assumida é a de que tais gotas irão iniciar a reação em cadeia. Em nuvens frias costuma-se efe- tuar a estimulação mediante a dispersão de neve carbônica (CO2 congelado), visando à geração
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