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AMPLIAÇÃO REFERENTE P ART 09 DO CPM

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Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO PROJEÇÃO 
ESCOLA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – ECJUS 
CURSO DE DIREITO 
ÍTALO ALENCAR ROCHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR 
FRENTE A LEI Nº 13.491/2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA/DF 
2021
 
 
 
 
ÍTALO ALENCAR ROCHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR 
FRENTE À LEI Nº 13.491/2017 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado 
perante a Banca Examinadora do curso de Direito 
da Escola de Ciências Jurídicas e Sociais da 
Universidade Projeção como pré-requisito para 
aprovação na disciplina de “TCC 2” e para a 
obtenção do grau de bacharel em Direito. 
 
Área de concentração: Código Penal Militar. 
 
Orientador: Prof. Leandro Lara Moreira 
 
 
 
 
BRASÍLIA/DF 
2021 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esse trabalho aos meus avós falecidos que 
sempre me incentivaram a estudar e conquistar meus 
objetivos. 
A conclusão deste trabalho resume-se em dedicação e 
esforço, pensando nos meus familiares e amigos que 
me ajudaram ao logo desta caminhada a difícil etapa 
da vida acadêmica, que hoje posso concluir o meu 
curso. 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço aos meus familiares e amigos que estiveram ao meu lado, que me incentiva-
ram e me apoiaram durante todo o período do curso. 
 A todos os professores, que com suas competências e dedicação, conseguiram passar-
me confiança e aprendizado sobre as legislações brasileiras. 
A todos que contribuíram de forma direta e direta para conclusão deste curso. 
Agradeço, por fim, ao meu orientador pelas diretrizes passadas ao desenvolvimento 
desse trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia de autoria de ÍTALO ALENCAR ROCHA, intitulada A AMPLIAÇÃO 
DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR FRENTE A LEI Nº 13.491/2017, apresentada 
como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharelado em Direito da Faculdade Proje-
ção, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: 
 
Aprovado em: ____ de _______ de _____. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
__________________________________________ 
Dr. Leandro Lara Moreira. (orientador) - Centro Universitário Projeção 
 
 
__________________________________________ 
Nome do professor Avaliador - instituição 
 
 
__________________________________________ 
Professora Orientadora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA/DF 
2021 
 
 
 
 
ROCHA, Ítalo Alencar. A ampliação da competência da justiça militar frente a Lei nº 
13.491/2017. 2021. Monografia (Bacharel em Direito). Faculdade Projeção, Brasília, 2021. 
 
RESUMO 
 
 
Uma Lei contendo três artigos alterou aspectos importantes no direito castrense, a Lei nº º 
13.491 de 13 de outubro de 2017 que modificou alguns trechos do Código Penal Militar (De-
creto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969). As principais modificações foram identificadas 
como a nova definição de crime militar, trazendo um rol maior de responsabilidade para a 
Justiça Militar da União em julgar crimes cometidos por militares da União (exército, marinha 
e força área). Consigo, algumas críticas foram advindas, como o temor da impunidade, tendo 
em vista que militares serão julgados por militares em crimes que réus (militares da União) 
atentarem contra a vida de civil em seu exercício da função, com a descontinuidade de pro-
cessos já iniciados e com o aumento da demanda do Poder Judiciário Militar. Porém, tal novel 
legislativo foi um clamor das forças militares quando foram utilizados massivamente nas 
ações na garantia da Lei e da Ordem, inicialmente proposta para o uso de militares para exer-
cerem o poder de polícia nos jogos das olimpíadas sediadas no estado do Rio de Janeiro. Vis-
to tal panorama, se faz necessário abordar questões sobre quais são as competências absolutas 
ou relativas em processos que envolvem a Justiça Militar e se houve alguma inconformidade 
na ampliação dessa competência, bem como se houve conflito com outro texto. Ao trazer a 
discussão, verificou-se que a Lei 13.491 visou corrigir uma inércia legislativa no direito mili-
tar, que na urgência de aprovação da mesma, não se respeitou o rito legislativo necessário, por 
ser uma lei que altera texto constitucional. Por outro ângulo, não se criaram novos crimes mi-
litares, apenas foram incluídos e equiparados os já existentes no Código Penal, que pode tra-
zer morosidade para temas menos complexos e que seriam tratados de maneira célere na justi-
ça comum. Conclui-se, portanto, que a norma não afronta o processo legislativo adequado, 
sendo ela constitucional formal e materialmente correta. 
 
 
Palavra-chave: Justiça militar; Ampliação de competência; Crime doloso contra a vida. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
A Law containing three articles altered important aspects of Castro law, Law No. 13,491 of 
October 13, 2017, which modified some sections of the Military Penal Code (De-creto-Lei nº 
1,001, of October 21, 1969). The main changes were identified as the new definition of 
military crime, bringing a greater role to the Union Military Justice in judging crimes 
committed by Union military personnel (army, navy and air force). With you, some criticisms 
have arisen, such as the fear of impunity, considering that military personnel will be tried by 
military personnel in crimes that defendants (Union military personnel) attempt against 
civilian life in their exercise of their function, with the discontinuity of proceedings already 
started and with the increase in demand from the Military Judiciary. However, such a 
legislative novel was a cry from the military forces when they were used massively in actions 
to guarantee Law and Order, initially proposed for the use of the military to exercise police 
power in the Olympics games based in the state of Rio de Janeiro. In view of this scenario, it 
is necessary to address questions about what are the absolute or relative competences in 
processes involving the Military Justice and if there was any non-conformity in the extension 
of that competence, as well as if there was a conflict with another text. By bringing the 
discussion, it was found that Law 13,491 aimed to correct a legislative inertia in military law, 
which in the urgency of its approval, the necessary legislative rite was not respected, as it is a 
law that changes the constitutional text. On the other hand, no new military crimes were 
created, only those already existing in the Penal Code were included and assimilated, which 
can bring morosity to less complex issues and which would be dealt with quickly in the 
common justice. It is concluded, therefore, that the norm does not confront the adequate 
legislative process, being it constitutionally formal and materially correct. 
 
Keyword: Military justice; Expansion of competence; Willful crime against life. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8 
1 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA MILITAR .................................................................... 10 
1.1 DISTINÇÃO ENTRE A JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO E DA UNIÃO................... 11 
1.2 CRIME MILITAR (CONCEITOS LEGAIS E CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA) .... 15 
1.2.1 A CLASSIFICAÇÃO DOUTRINARIA DOS CRIMES MILITARES (ANTERIOR Á 
SANÇÃO DA LEI Nº 13.491/2017) ........................................................................................ 18 
1.2.2 COMPETÊNCIA ABSOLUTA X COMPETÊNCIA RELATIVA ................................ 19 
2 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR X TRIBUNAL DO JURI ......................... 22 
2.1 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. ..................................................................... 22 
2.2 ALTERAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR COM A LEI Nº 
13.491/17 ..................................................................................................................................25 
2.3 POSSICIONAMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA AOS PROCCESSO 
EM CURSO. ............................................................................................................................. 27 
3 CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS ..................................................................................... 30 
3.1 LIMBO ENTRE ESTA ALTERAÇÃO ............................................................................. 32 
3.2 HÁ QUESTIONAMENTOS SOBRE SUA VALIDADE CONSTITUCIONAL? ............ 33 
4 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 37 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 39 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
INTRODUÇÃO 
 
Uma norma de apenas três artigos, sendo um destes vetado, foi capaz de causar uma 
profunda alteração no estado do direito Código Penal Militar, a Lei nº º 13.491 de 13 de 
outubro de 2017 que alterou o Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código Penal 
Militar). 
Com as modificações do código penal militar pela Lei nº 13.491/2017, nos mostra a 
mais relevante e recente mudança no Direito Militar. A ampliação do conceito de crime 
militar trouxe reflexos imediatos a Justiça Militar e à atividade de polícia judiciária militar. 
No contexto da mudança em seu artigo 9º, II, e do parágrafo único, tenha almejado 
uma maior segurança jurídica nas ações de garantia de lei e da ordem prestadas pelas Forças 
Armadas, com bastante frequência nos últimos anos, ficar inevitável o estudo da norma em 
vigor no ordenamento jurídico brasileiro. 
Com isso a nova redação dada ao dispositivo passou a ser tratada como crimes 
militares, alterando os tipos penais previstos em legislação estranha ao CPM, sem 
correspondência em sua parte especial, desde que praticados nas hipóteses previstas na alínea 
“a” a “e”, do inciso II, do artigo 9º. 
Sabendo que a redação anterior não permitia a tipificação como militar daquele crime 
previsto na lei penal comum que não tivesse correspondência no CPM. Entretanto, com 
alteração legislativa, mesmo que não estejam tipificados no CPM, possa ser enquadrado como 
crime militares se cometidos naquelas mesmas circunstâncias do inciso II do artigo 9º. Esta 
mudança substancial atrai para a esfera da competência da justiça militar inúmeros casos 
concretos, antes na justiça comum. 
Tais discussões ainda não foram resolvidas no âmbito legislativo, porém o judiciário e 
alguns pesquisadores juristas possuem opiniões que defendem e atacam o texto de 2017, 
permeando uma névoa no entendimento geral. 
Portanto, definir aspectos do direito penal militar, processo penal militar, antes e após 
a alteração através da Lei nº 13.491/2017, discutir sua constitucionalidade e possíveis 
consequências desta aprovação pode repercutir, se faz de extrema importância. Concentrando 
as discussões em pontos sensíveis, em especial, no §2º do art. 9º do código penal militar, o 
que retira a competência do tribunal do júri nos crimes contra a vida de civil, praticado por 
militares das forças armadas em seu exercício militar. A análise do que cerne a competência 
da justiça militar, referente aos militares da união, a partir da modificação da legislação e seu 
papel quanto órgão jurisprudencial brasileiro. 
9 
 
Considerando o interesse na compreensão e discussão da ampliação da justiça militar 
face às alterações impostas pela referida Lei e outros dispositivos legais, apresenta-se a 
seguinte pergunta norteadora desse trabalho: Militares que atentam contra a vida de civis 
devem ser julgados pelo tribunal do júri ou pela justiça militar? 
Essa questão parecia ter sido equacionada há décadas diante texto da Constituição de 
1988, entretanto tornou-se mais complexa nos últimos anos em função da escalada da 
violência urbana, tornando a interação e intervenção das Forças Armadas mais comuns, 
provocando situações sensíveis diante policiamento urbano, cumprimento de prisões em 
flagrante, revistas da população e outras tantas situações comuns, antes exclusivas das forças 
de segurança pública. Além do emprego das tropas federais por meio das chamadas operações 
de garantias da lei e da ordem (GLO). 
Deparado com tal questionamento, a hipótese seria o desfazimento da aprovação deste 
texto, pois um ponto questionável seria se a Lei que ampliou a competência da justiça militar 
seria inconstitucional, por ferir a soberania do júri, conforme art. 5º, XXXVII, d, CF 
(BRASIL, 1988). A questão a ser discutida nesta hipótese, seria a forma como a lei foi 
aprovada que a tornaria inconstitucional. 
10 
 
 
1 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA MILITAR 
 
Inicialmente, pontua-se o que está inserido no Direito Militar brasileiro, dentre eles as 
seguintes legislações: Regulamento disciplinar do Exército, Marinha e Aeronáutica; 
Legislações que cernem sobre o Serviço Militar e seus regulamentos; Legislações que cernem 
sobre promoção de oficiais e praças; Normas gerais para a organização preparam e emprego 
das Forças Armadas; entre outras legislações, porém incluem-se também seus 
correspondentes no tocante às Forças auxiliares (polícias militares e os corpos de bombeiros). 
Iniciando o estudo, faz-se primordial, que conhecemos um pouco sobre a Justiça 
Militar no Brasil, visto ter sido o poder estatal mais afetado com a inovação legislativa da Lei 
nº 13.431/2017. 
A Justiça Militar, usada para entender a jurisdição penal militar, é subdividida entre 
justiça militar estatual e Justiça Militar da União. No tocante a responsabilidade estadual, 
especificamente nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, a Justiça 
Militar é estruturada em duas instâncias: a Primeira constituída pelos Juízes de Direito do 
Juízo Militar e os Conselhos de Justiça, os quais atuam nas auditorias militares; já na 
Segunda, pelos Tribunais de Justiça Militar, composto por Juízes que integram esses órgãos. 
Porem-nos outros estados da Federação, os Tribunais de Justiça estaduais funcionam como 
órgão de segunda instância da Justiça militar (BRASIL, 1992). 
Em primeiro grau, os julgamentos são dos conselhos de justiça que funcionam nas 
auditorias militares. O Conselho especial de Justiça julga oficiais acusados de crimes militares 
(exceções dos Generais, que são levando obrigatoriamente pelo STM), e o Conselho 
Permanente de Justiça julga Praças e civis. Tendo a formação pelo encontro de juízes civis e 
militares – escabinado (BRASIL, 1992). 
Este conselho é divido entre duas categorias: Conselho Permanente de Justiça (CPJ); 
Conselho Especial de Justiça (CEJ). Cabendo ainda a criação de conselhos extraordinários de 
justiça. 
CPJ: competente em processos envolvendo praças e praças especiais, definida pela Lei 
Lei de Organização Judiciária de Minas Gerais nº 59, de 18 de janeiro de 2001. Este 
colegiado é formado a cada trimestre por três oficias de posto compreendendo até Capitão, 
que serão dispensados de atividades militares, desde que esse não seja requisitado (TJMMG, 
2001). 
CEJ: competente em processos envolvendo oficiais e é composto por quatro juízes, 
11 
 
destes, um superior aos demais juízes ou mais antigo com posto semelhante aos demais e três 
oficias com posto maior do que o do réu (TJMMG, 2001). 
Já o órgão de segunda instância é o Superior Tribunal Militar, o qual tem suas 
competências elencadas no rol do art. 6º da Lei 8.457/92, como por exemplo, processar e 
julgar originariamente: os oficiais generais das Forças Armadas, no tocante aos crimes 
militares dispostos em lei; os pedidos de HC (Habeas Corpus) e HD (Habeas Data) contra ato 
de juiz federal da Justiça Militar, de juiz federal substituto da Justiça Militar, do Conselho de 
Justiça e de oficial-general; o mandado de segurança contra seus atos, os do Presidente do 
Tribunal e de outras autoridades da Justiça Militar; a representaçãopara decretação de 
indignidade de oficial ou sua incompatibilidade para com o oficialato, dentre outras 
(BRASIL, 1992). 
A Justiça Militar da União tem jurisdição sobre todo o território nacional estabelecer a 
sua estrutura conforme o dispositivo da Lei nº 8.457/92, sendo composta pelos seguintes 
órgãos: O Superior Tribunal Militar; a corregedoria da Justiça Militar; o Juiz-Corregedor. Os 
Conselhos de Justiça; os juízes federais da Justiça Militar e os juízes federais substitutos da 
Justiça Militar (BRASIL, 1992). 
Na JMU os juízes civis são chamados de juízes auditores, tal justificativa para o 
escabinado é o equilíbrio formado pela união da experiência da caserna dos juízes militares 
com o conhecimento técnico do juiz togado (BRASIL, 1992). 
Na JMU existe 12 Circunscrições Judiciárias espalhadas pelo Brasil, e o 2º grau de 
jurisdição é exercido pelo Superior Tribunal Militar (STM), composto de 15 Ministros entre 
integrantes do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e civil. Sendo que 10 Ministros são 
militares e apenas 05 são civis, sendo quedos militares não é exigido nem mesmo que sejam 
bacharéis em Direito, o que faz a visão militar imperar sobre a visão jurídica, nos casos 
julgados (BRASIL, 1992). 
 
1.1 DISTINÇÃO ENTRE A JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO E DA UNIÃO 
 
Há que se ressaltar que a Justiça Militar não julga militares pela prática de qualquer 
crime, mas apenas e tão-somente pela prática de crime militar, definido por lei. Sendo assim, 
a Justiça Militar não é foro para delito dos militares, mas sim para os delitos militares. 
(Exemplo: são as transgressões disciplinares que não são levadas ao poder judiciário, são 
apuradas e aplicadas pelos Comandantes dos Quarteis Brasileiro, entendendo como prisão 
administrativa). 
12 
 
A Justiça Militar da União difere um pouco da justiça dos estados, apesar de 
utilizarem o mesmo código penal militar e código processual penal militar, portanto há o 
aspecto comum no campo da tipificação criminal, havendo apenas um Código Penal Militar 
para ambas as justiças militares, não havendo subordinação entre ambas às justiças castrenses. 
A justiça militar da união julga os militares e civis, enquanto que a justiça militar dos 
estados julga apenas os militares. Por isso, se um civil matar soldado do Exército para roubar 
o fuzil, poderá ser julgado pela JMU, mas se matar policial militar ou um bombeiro militar 
para roubar sua arma usada no serviço, será julgado pela justiça comum (CARVALHO, 
2010). 
Outro exemplo que pode ser destacado o caso de um militar estadual, policial militar 
ou militar que é integrado ao corpo de bombeiros, praticar crimes dentro do seu quartel (como 
furto e ameaça), este terá como foro a justiça militar do seu estado. Porém, caso o mesmo 
crime for praticado por um civil, a justiça comum será a responsável no caso, mesmo que não 
seja evidente a conexão, permanecendo assim a separação absoluta dos processos. O Conflito 
de Competência nº 169.135 - PE (2019/0322072-1) julgado pelo STJ exemplifica 
fatidicamente o trecho anterior: 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO 
X JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. MILITAR DO EXÉRCITO NO EXERCÍCIO 
DA FUNÇÃO DE ARMEIRO. CONFISSÃO QUANTO AO FURTO DE FUZIL E 
MUNIÇÃO DE USO EXCLUSIVO DO EXÉRCITO BRASILEIRO. 
DESCOBERTA FORTUITA DE DROGAS E ARMA CALIBRE 8 NA BUSCA E 
APREENSÃO FEITA EM RESIDÊNCIA PARTICULAR. AUSÊNCIA DE 
CONEXÃO OU LITISPENDÊNCIA. CONDUTA POSTERIOR AO ADVENTO 
DA LEI 13.491/2017. AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
CASTRENSE RESTRITA ÀS HIPÓTESES DESCRITAS NO ART. 9º DO 
CÓDIGO PENAL MILITAR – CPM. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL 
QUANTO AOS CRIMES RELATIVOS ÀS DROGAS E ARMA CALIBRE 38. 1. 
O presente conflito de competência deve ser conhecido, por se tratar de incidente 
instaurado entre juízos vinculados a Tribunais distintos, nos termos do art. 105, 
inciso I, alínea d da Constituição Federal – CF. 2. Discute-se no presente incidente 
se compete à Justiça Militar ou à Justiça Comum a análise e julgamento da prática 
dos delitos relacionados com drogas e um revólver calibre 38 apreendidos, em razão 
de possível conexão com delitos cuja apuração tramita perante a Justiça Castrense. 
Em brevíssima síntese, o denunciado era suspeito de subtrair armas de uso exclusivo 
do exército, valendo-se de sua função de armeiro. Foi preso no quartel, ocasião em 
que confessou a prática delituosa, e conduzido à residência de sua prima, esposa de 
outro denunciado, onde foram encontradas novas armas do exército e também um 
revólver calibre 38 e entorpecentes (353 g de crack e 12 g de cocaína). É 
incontroversa nos autos a competência da Justiça Militar para apuração do delito de 
peculato furto, falsificação documental em detrimento da administração militar bem 
como, do delito tipificado no artigo 16 da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do 
Desarmamento), no que diz respeito aos fuzis pertencentes ao Exército Brasileiro. O 
núcleo da controvérsia diz respeito às drogas e revolver calibre 38 apreendidos em 
residência particular quando do cumprimento de mandado de busca e apreensão. 3. 
Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, a verificação dos crimes no mesmo 
contexto fático não implica necessariamente conexão probatória ou teleológica entre 
13 
 
eles, em outras palavras, a descoberta dos delitos na mesma circunstância, por si só, 
não é fundamento válido para justificar que a Justiça Militar julgue crimes de 
competência da Justiça Comum. Precedentes. 4. A ampliação da competência da 
Justiça Castrense, para abarcar crimes contra civis previstos na Legislação 
Penal Comum (Código Penal e Leis Esparças) abrange apenas os crimes 
praticados por militar em serviço ou no exercício da função, conforme art. 9º, II, 
da Lei 13.491/2017, situação que não se identifica quanto à arma calibre 38 e drogas 
apreendidas. Precedentes. (STJ, 2020). 
 
A competência da Justiça Militar Estadual está dissertada no art. 125, §§ 3º a 5º da 
Constituição, todos incluídas pela Emenda Constitucional nº 45/2004, de maneira ampla, é 
resumida em ações que visam processar, julgar crimes militares e é fixada de acordo com a 
matéria e pessoa do réu, sendo estes policiais militares e bombeiros militares. Sua 
competência não se resume em matéria criminal, mas também cível em assuntos que 
dissertam sobre atos disciplinares dos militares estaduais e sua provocação se dão diante 
acusação do Ministério Público Estadual (BRASIL, 1988). In verbs: 
 
[...] 
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça 
Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos 
Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por 
Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte 
mil integrantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, 
nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares 
militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao 
tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da 
graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, 
os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos 
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de 
direito, processar e julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) (BRASIL, 1988) 
 
Na JMU consideram-se militar apenas os integrantes das forças armadas (Exército, 
Marinha e Aeronáutica), enquanto na estadual são os policiais militares e bombeiro militar, 
também são chamados de militares por terem nomenclaturade forças auxiliares. 
Já a competência da JMU está dissertada no art. 122 a 124 da Constituição, bem como 
a JME em ações que visam processar, julgar crimes militares e é fixada de acordo com a razão 
da matéria. Diferentemente da Justiça Militar Estadual, a JMU não possui competência cível e 
sua provocação se dá diante membro integrante do Ministério Público Militar (BRASIL, 
1988). In verbs: 
 
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: 
I - o Superior Tribunal Militar; 
14 
 
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. 
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, 
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo 
Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre 
oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da 
ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis. 
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República 
dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo: 
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de 
dez anos de efetiva atividade profissional; 
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério 
Público da Justiça Militar. 
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos 
em lei. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a 
competência da Justiça Militar (BRASIL, 1988). 
 
Porém não é evidente a diferença de foro quando dois militares são envolvidos em 
crimes. No Conflito de Competência Nº 107.148 - SP (2009/0155417-5) julgado pela Ministra 
Maria Thereza de Assis Moura do STJ, aonde foi citado dois militares (um policial militar e 
um capitão do exército) que se envolveram em luta corporal em ambiente militar que pertence 
a união (batalhão de infantaria), foi decido que em função da ocupação militar de ambos e 
pelo local, a competência do julgamento foi incumbida para a JMU, conforme observado 
abaixo: 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL 
E FEDERAL. LESÕES CORPORAIS CULPOSAS. POLICIAL MILITAR 
CONTRA CAPITÃO DO EXÉRCITO. BATALHÃO DE INFANTARIA. LOCAL 
SUJEITO À ADMINISTRAÇÃO MILITAR FEDERAL. COMPETÊNCIA DA 
JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO. 1. Lesões corporais praticadas por policial militar 
contra capitão do exército, dentro de um batalhão de infantaria, local sujeito à 
Administração militar federal, é crime militar de competência da Justiça Militar da 
União, em face da qualificação dos envolvidos e também pela proteção que merece 
o local onde acontecidos os fatos. 2. Aplicação da letra "a" do inciso II do art. 9º do 
Código Penal Militar. 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo 
Auditor da 1ª Auditoria da 2ª Circunscrição Judiciária Militar da União em São 
Paulo, o suscitado. (STJ, 2010). 
 
Já a segunda instância de cada justiça é definida em texto constitucional (art. 123 e art. 
125, § 3º, da CF). Na JMU o órgão é o Superior Tribunal Militar e na JME é o Tribunal de 
Justiça Militar (existente apenas nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo) 
ou o Tribunal de Justiça (nos demais estados que não possuem Tribunal de Justiça Militar). 
(BRASIL, 1988). 
Portanto, considera-se que a justiça castrense federal e estadual possuem objetivo a 
tutela sobre a natureza dos bens jurídicos, sabendo disso, a Justiça Militar estadual protege as 
instituições do corpo de bombeiro militar e da polícia militar de maneira restrita, por sua vez 
15 
 
as forças armadas e suas instituições são tuteladas pela justiça militar federal. 
 
1.2 CRIME MILITAR (CONCEITOS LEGAIS E CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA) 
 
A definição de crime militar está atribuída nos temos da Constituição da República 
que dispõe, em seu art. 124, caput e 125, § 4º que a Justiça militar compete “processar e julgar 
os crimes militares definidos em lei” (BRASIL, 1988). 
Nesse sentido fica claro que o conceito de crime militar é ratione legis, a lei que 
conceitua o crime militar. 
A conceituação de crime militar apresenta uma complexidade devida a existência de 
vários critérios para definir a natureza do delito para que então seja considerado um crime 
militar. Tanto que os artigos 9º e 10º do Código de Processo Penal estabelecem os crimes 
militares em tempo de paz, portanto crime são aqueles cometidos nas circunstâncias, lugares e 
tempo, por militar ou civil, e tipificado na legislação penal (BRASIL, 1941). 
 Nas palavras de Jorge César de Assis (2010, p. 45), crime militar e definido: 
 
Crime Militar – é toda a violação acentuada ao dever militar e aos valores das 
instituições militares. Distingue-se da transgressão disciplinar porque esta é a 
mesma violação, porém na sua manifestação elementar e simples. A relação entre 
crime militar e transgressão disciplinar é a mesma que existe entre crime e 
contravenção penal. 
 
Tais crimes militares são definidos pelo Código Penal Militar (CPM), porém, 
especificamente nos artigos 9º e 10º. Que a Lei nº 13.491/17 alterou substancialmente o art. 
9º do diploma penal castrense, como observado nessa exposição. Antes disso, há de se 
observar algumas diferenças que marcam a distinção entre o crime militar e o crime comum. 
O direito militar, de acordo com doutrinadores, é a expressão utilizada para definir 
apenas dois aspectos, o direito penal militar e direito disciplinar militar, ambos tendo em vista 
a busca dos princípios básicos das forças armadas e do militarismo como a disciplina militar, 
soberania, respeito à dignidade da pessoa humana, patriotismo, honra e lealdade 
(ZAFFARONI; CAVALLERO, 1980; FARIA, 2018). 
A fim de seguir os princípios básicos militares, o Estatuto dos Militares constituído no 
ano de 1980 através da Lei nº 6.880 disserta que a violação dos deveres e obrigações militares 
se resulta em “crime, contravenção ou transgressão disciplinar”, e ainda conceitua “que 
transgressão disciplinar é qualquer violação dos preceitos da ética, dos deveres e das 
obrigações militares, na sua forma elementar e simples” (BRASIL, 1980). Porém, continua 
16 
 
dissertando que tal transgressão disciplinar se difere das previstas nas legislações penais que 
distingue o crime militar e comum. 
Tal característica inerente bélica reflete em algumas diferenças básicas e marcantes na 
diferenciação dos crimes militares e dos crimes comuns, bem como sua aplicação e pena. 
Dentre o rol exemplificativo que Assis (2009) pontuou, destaca-se a: Punibilidade da 
tentativa; Tratamento mais severo ao erro de direito; Maior severidade ao tratamento dado à 
suspensão condicional da pena; Tratamento mais severo ao crime continuado; 
Inaplicabilidade do juizado especial criminal aos crimes militares. 
Punibilidade da tentativa: O Código Penal comum do Brasil adota a teoria objetiva 
em seu artigo 14, inciso II, o qual em seu texto descreve a redução de 1 a 2 terços sua pena, 
quando o fato não foi consumado e sim apenas uma tentativa. Enquanto o Código Penal 
Militar (art. 30, parágrafo único) prevê a punição levando em conta a teoria subjetiva, a qual 
prevê a punição por tentativa (a mesma punição para crimes perfeitos), bem como a 
severidade particular nela mencionada, a critério do juiz. Assim como na Apelação 
2003.01.049308-5-SP impetrado diante do STM, que vai de encontro com a punibilidade 
subjetiva. 
Tratamento mais severo ao erro de direito: Nos dois códigos, o tratamento dos 
erros é diferente, é importante notar que não existe uma correspondência exata entre os erros 
jurídicos e os erros ilegais factuais. Portanto, o comum “Código Penal” tratava em seu artigo 
21 do erro de ilegalidade factual, que excluía o engano em circunstâncias inevitáveis ou 
invencíveis, e, portanto, o autor estava isento de punição. 
De acordo com o artigo 17 da exposição de motivos do Cód. Penal, a evitabilidadede 
erros é definida em virtude de potenciais violações. Por outro lado, o CPM tratou os erros 
jurídicos de maneira duplamente dura em seu Artigo 35. Se o agente acredita que os fatos são 
legais por desconhecimento ou incompreensão da lei, e pode justificar (ou invencivelmente) a 
pena, o CPM pode ser reduzido ou substituído por outro menos grave, e se isso for uma 
violação das obrigações militares, o erro jurídico não vai tirar proveito disso, conforme 
exemplificado na Apelação nº 1986.01.044632-1-RS. 
Maior severidade ao tratamento dado à suspensão condicional da pena: No direito 
penal comum, a pessoa condenada não precisa ser reincidente em uma conduta criminosa 
dolosa (art. 77, I do CP). De acordo com a legislação penal castrense, a pessoa condenada não 
deve ser um criminoso que já cumpriu pena privativa de liberdade (art. 84, I do CPM) sendo 
crime deliberado ou culposo, que significa que a gravidade aumentará. 
Tratamento mais severo ao crime continuado: Em crimes continuado, tratado no 
17 
 
art. 80 do CPM de maneira similar no CP comum em sua teoria que presume a prática de 
apenas um crime, porém o CPM trata com maior severidade tais crimes, aplicando penas mais 
severas. 
Inaplicabilidade do juizado especial criminal aos crimes militares: O juizado 
especial criminal instituído pela Lei nº 9099/1995 possui como objetivo conciliar julgamentos 
e execuções penais de pequeno potencial ofensivo, todavia não inclui a justiça militar. Após 
ampla discussão, o STF pacificou que em casos de lesões culposas e leves dolosas, o juizado 
especial poderá ser aplicado à justiça militar. Vislumbrando um dispositivo legal que 
resolvesse tal questão, legisladores aprovaram a Lei nº 9.839/1999 que retirava por definitivo 
a Lei de Juizado Especial na justiça penal castrense, seja federal ou estadual. 
Sabe-se que os crimes comuns estão dispostos no Código Penal sob Decreto-Lei nº 
2.848, de 7 de dezembro de 1940, dispondo de atualizações constantes (Lei nº 1.521/1951; 
Lei nº 5.741/1971; Lei nº 5.988/1973; Lei nº 6.015/1973; Lei nº 6.404/1976; Lei nº 
6.515/1977; Lei nº 6.538/1978; Lei nº 6.710/1979; Lei nº 7.492/1986; Lei nº 8.176/1991). 
Assis (2021, p. 10) acrescenta a inobservância de penas alternativas no direito 
castrense, de tal maneira: 
 
A Lei nº 9.714, alterando toda a seção II, do Capítulo I, do Título V, do Código 
Penal comum, ampliou o rol das penas restritivas de direitos e as hipóteses de suas 
substituições às penas privativas de liberdade não superiores a 4 anos, se o crime 
não foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, ou, qualquer que seja a 
pena aplicada se o crime for culposo, atendido os demais requisitos do art.44, e 
atendendo-se ainda ao que dispõem os arts.46 a 48 do CP comum. 
 
Já para crimes militares, estes estão dispostos no Código Penal Militar sob Decreto-
Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969, sendo estes divididos entre propriamente militares 
(elencados no CPM, na Constituição e no Código Penal em seu art. 64, II), impróprios (os que 
possuem relação direta com o código penal comum) ou de tipificação indireta (expostos em 
legislação penal comum diante o Código Penal e legislações extravagantes). 
Em crimes que são praticados em conexão (crimes comuns e crimes militares) a 
Justiça Militar se incumbirá em julgar apenas o crime militar, sendo o crime comum julgado 
pela Justiça Estadual, seguindo o art. 79 do CPP “a conexão e a continência importarão 
unidade de processo e julgamento, salvo no concurso entre a jurisdição comum e a militar” 
(BRASIL, 1941) e a súmula 90 do STJ “compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar 
o policial militar pela prática do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum 
simultâneo àquele” (STJ, 1993). 
18 
 
O CPM em seu art. 9º inciso I descreve os crimes militares em tempos de paz que 
serão criados e incluídos de maneira diversa a legislação penal comum, alterado com a Lei nº 
13.491/2017. Já o inciso III, disserta sobre crimes de militares da reserva e o art. 10 sobre 
crimes cometidos em tempos de guerra. 
 
1.2.1 A CLASSIFICAÇÃO DOUTRINARIA DOS CRIMES MILITARES (ANTERIOR Á 
SANÇÃO DA LEI Nº 13.491/2017) 
 
Para o doutrinado Guilherme de Souza Nucci, crime militar próprio e improprio: 
 
Consideram-se delitos militares próprios (autenticamente militares) os que 
possuem previsão única e tão somente no Código Penal Militar, sem 
correspondência em qualquer outra lei, particularmente no Código Penal, destinado 
à sociedade civil. Além disso, somente podem ser cometidos por militares – jamais 
por civis. Denominam-se crimes militares impróprios os que possuem dupla 
previsão, vale dizer, tanto no Código Penal Militar quanto no Código Penal comum, 
ou legislação similar, com ou sem divergência de definição. (NUCCI, 2014, p. 46, 
grifo nosso). 
 
Os crimes militares próprios seriam somente aqueles tipificados na legislação 
castrense pelo decreto nº 1.001/69, sendo independentemente de o sujeito ativo militar ou não, 
como exemplo de crimes próprios: a Conspiração (artigo. 152) Violência Contra Superior (art. 
157), a Insubmissão (art. 183), a Deserção (art. 187), dentre outros no CPM (NUCCI, 2014). 
Os crimes impróprios, independentemente de serem cometidos por civis ou militares, 
são aqueles tipificados na legislação penal militar e no código penal, entretanto definidos de 
modo diverso ou não. Como exemplos de crimes militares impróprios: o homicídio (art. 121 
do CP e art. 205 do CPM), lesão (art. 129 no CP e 209 do CPM). 
Portanto, tal classificação é oriunda de doutrina, mas a Constituição de 1988 determina 
que cera crime militar aquele definido em Lei (sentido estrito), sendo o critério ratione legis 
(BRASIL, 1988). 
O Superior Tribunal de Justiça nos casos envolvendo a ampliação de competência da 
Justiça Militar da União, em decorrência da Lei 13.491/2017, deve ser imediatamente 
remetido da justiça comum para a justiça castrense. Esse é o entendimento do Superior 
Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar um conflito de competência entre a justiça federal e a 
justiça militar (STJ, 2018). 
Com a decisão, o STJ determina que os inquéritos e processos que tramitam na Justiça 
Comum – e que passaram a ser de competência da Justiça Militar com a nova legislação – 
19 
 
devem ser imediatamente remetidos à justiça castrense, salvo se, à época da vigência da nova 
Lei, já houver sido proferida sentença de mérito. 
Devido ao impasse legal e jurídico, há de compreender alguns conceitos que permeiam 
a competência absoluta e competência relativa. 
 
1.2.2 COMPETÊNCIA ABSOLUTA X COMPETÊNCIA RELATIVA 
 
Inicialmente, há a necessidade de esclarecer alguns conceitos utilizados neste estudo, 
como o de aderência, que se trata da atividade jurisdicional estabelecida por lei dada ao juiz e 
ao tribunal de ser competente no caso em questão, e a competência se trata dos limites legais 
que esses dois agentes (juiz e/ou tribunal) possuem para exercer suas atividades (LIMA, 
2016a). 
Essa competência é determinada no ato do registro ou distribuição da petição inicial, 
que caso não suprima órgão judiciário ou altere sua competência absoluta, conforme Art. 43 
do CPC (2015, s.p.): 
 
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da 
petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito 
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a 
competência absoluta. 
 
Sendo assim, devemos identificar as diferenças entre Competência absoluta da 
Competência relativa, para identificar qual competência a Lei nº 13.491/2017 alterou na 
Justiça Militar. 
Competência Absoluta: permite expansão e se trata de regra fixada por considerar o 
interesse público e não regulada por ordenamento público, não observando o interesse das 
partes. Caso haja violação dessa competência, este poderá ser reconhecida de ofícioou 
alegada a qualquer momento por não incorrer em sua prorrogação (LIMA, 2016a). 
Tal competência ocorre em matéria penal quando a jurisdição ou a razão da matéria 
(crimes que são tipificados como eleitorais dolosos ou militares, por exemplo) se dividem, 
podendo também ser devido à prerrogativa de função a depender do cargo (como 
governadores e desembargadores são julgados e processados pelo STJ e STF). Há também a 
jurisdição de juízes da Infância e da Juventude, que são responsáveis por tomar diferentes 
medidas contra delinquentes juvenis, e a jurisdição de tribunais criminais especializados. O 
Juizado Especial é regido pela Lei nº 9.099 / 1995 e julga e condena os crimes com pena 
20 
 
máxima não superior a dois anos (artigo 61 da Lei) (MEDEIROS, 2020). 
A invalidação por incompetência absoluta não depende de objeções oportunas, e pode 
ser reconhecida mesmo depois de a sentença ter se transformado em sentença, mesmo por 
meio de habeas corpus. Isso porque a competência é um comportamento estrutural essencial 
no processo, e a incompetência significa que a perda presumida é absolutamente inválida. 
Competência Relativa: é prorrogável e se trata de regra fixada por considerar o 
interesse das partes do processo, podendo ser alegado em momento oportuno a sua violação, 
cabendo a pena da prorrogação de competência neste caso (LIMA, 2016a). In verbs: “Art. 54. 
A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência [...]” (BRASIL, 
2015). 
Quando observada a incompetência, tal fato pode constituir nulidade no processo 
(seguindo o art. 564, inciso I do CPP) e a execução de incompetência deve respeitar o prazo 
definido no art. 396, parágrafo primeiro do CPP. Se a suposta incompetência estiver 
relacionada ao município ou filial onde o litígio é conduzido, a perda da parte pode estar 
relacionada à distância entre o local onde os fatos ocorreram e o local onde as provas foram 
encontradas, o que é difícil de determinar a verdade (MEDEIROS, 2020). 
Art. CPP 567: “A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o 
processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente” (BRASIL, 1941). 
Obviamente, esta disposição envolve invalidez relativa; no caso de invalidez absoluta, 
todas as ações tomadas pelo tribunal impotente são inválidas, esclarecedoras e decisórias. 
Geralmente, ao considerar a localização do crime, a residência do réu e a natureza do crime 
estão relacionadas à determinação da lei, distribuição, contato ou prevenção e prevenção da 
organização judiciária, a jurisdição relativa deve ser verificada. 
A prorrogação da competência está nos arts. 54 a 63 do CPC (2015), instituindo suas 
regras apenas sob critérios de competência relativa. Tais regras incluem a ampliação da esfera 
competente do órgão ou do juiz que não foram observadas anteriormente, sendo ela 
voluntária (solicitado pelas partes, ou inexistência de alegação preliminar de contestação, ou 
impugnação sob conceitos presentes em convenção de arbitragem) ou legal (imposição da lei, 
ou em casos de dois pedidos sob a mesma causa). (BRASIL, 2015). 
Cintra, Dinamarco e Pellegrini (2012) afirma que existe apenas uma competência 
relativa ao se tratar sobre o processo penal, que é a territorial, porém Lima (2016b) inclui a 
razão da matéria predita em texto infraconstitucional ao se referir sobre violência doméstica. 
O princípio do Juiz Natural garante procedimentos e julgamentos perante juízes 
competentes, sem distinguir entre competência absoluta e relativa, portanto, a violação ao 
21 
 
princípio dos juízes naturais, pode causar a nulidade absoluta, extinguindo todo o processo 
(LIMA, 2016b). 
Para ser declarada a incompetência o CPC de 2015 disserta que, in verbs: 
 
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão 
preliminar de contestação. 
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de 
jurisdição e deve ser declarada de ofício. 
§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação 
de incompetência. 
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao 
juízo competente. 
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de 
decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, 
pelo juízo competente. 
Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência 
em preliminar de contestação. 
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público 
nas causas em que atuar. 
Art. 66. Há conflito de competência quando: 
I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes; 
II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a 
competência; 
III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação 
de processos. 
Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada deverá suscitar o 
conflito, salvo se a atribuir a outro juízo (BRASIL, 2015, s.p.). 
 
O que não for observado no processo de competência das justiças militar, Federal e 
eleitoral, por haver competência residual, este o será da Justiça Estadual. Portanto, a Justiça 
estadual possui competência antecipada e residual na legislação. 
Tendo os conceitos explorados, há de se observar quais são as competências absolutas 
ou relativas em processos que envolvem a Justiça Militar e se houve alguma inconformidade 
na ampliação dessa competência, bem como se houve conflito com outro texto. 
 
 
22 
 
2 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR X TRIBUNAL DO JURI 
 
As competências das duas modalidades foram inicialmente inseridas no texto 
constitucional em 1988 e no Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código Penal 
Militar). Algumas características devem ser elencadas em cada uma das modalidades. 
No art. 5º, XXXVIII, “d”, a competência de julgamento do Tribunal do Júri foi 
estabelecida da seguinte maneira, in verbs: “XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, 
com a organização que lhe der a lei, assegurados: [...] d) a competência para o julgamento dos 
crimes dolosos contra a vida” (BRASIL, 1988). 
Portanto, de maneira consumada ou tentada, o Tribunal do Júri fica responsável por 
julgar homicídio, infanticídio, induzimento ou instigação de aborto e auxílio ao suicídio, 
sendo competência absoluta ratiore materiae e não apresentando conexão nos crimes 
eleitorais e militares (LIMA, 2016a). 
Já os princípios que regem o Tribunal do Júri, são: independência dos jurados com 
qualquer Poder ou influência externa; desobrigando da validade das provas e da construção de 
argumentos em sua decisão; apresentação da votação de maneira sigilosa; conferência da 
defesa plena para seus acusados; em crimes dolosos contra a vida, a presença da competência 
mínima para com seus julgamentos (BRASIL, 1988). 
Quando a vítima for tipificada como civil e o réu for militar estadual seguindo o art. 
125, parág. 4º da CF, a JME processa e julga o militar nacional, incluindo crimes militares e 
ações judiciais contra as ações disciplinares militares previstas na lei, exceto quando a vítima 
for civil, a jurisdição do júri é excluída. O CPPM em seu art. 82 estipula que os foros 
militares são especiais, exceto para os crimes contra civis que ponham em perigo a vida de 
forma deliberada, neste caso, os autos serão encaminhados aos tribunais comuns. 
Levando em consideração o art. 125, parág. 4º, VIII da Constituição, envolvendo 
tribunais estaduais e juízes, foi apresentado um argumento explicativo de que os materiais 
submetidos ao júri não se aplicam às Forças Armadas. De acordo com a Lei nº 13.491 / 2017, 
os novos poderes dos juízes militares, as súmulas do Tribunal Superior Militar e as súmulas 
do Supremo Tribunal Federal, no sentido constitucional, são os veredictos de crimes 
deliberados contra a vida de soldadosamericanos A Castro Justice prestou serviços sem 
remeter estes crimes ao júri. 
 
2.1 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. 
 
23 
 
Para a Justiça Militar, como informado anteriormente, foi inserido em suas 
competências, julgar: 
 
I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei 
penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição 
especial; 
II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição 
na lei penal comum, quando praticados: […] 
III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra 
as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no 
inciso I, como os do inciso II [...] (BRASIL, 1969, s.p.). 
 
A Constituição Federal, veio em seu art. 124 e 125 confirmando suas competências 
ratione legis, desde que definidos em Lei e com a EC n° 45, de 08 de dezembro de 2004 
(reforma do Poder Judiciário) estabeleceu a nova estrutura dos órgãos judiciários militares, 
sem alterar sua competência, apenas transferindo da JMU para a JME (BRASIL, 1988). 
 
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos 
nesta Constituição. 
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, 
nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares 
militares ressalvadas a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao 
tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da 
graduação das praças (BRASIL, 1988, s.p.). 
 
Tratando da justiça estadual, analisar a natureza do crime e a condição pessoal do 
acusado, na medida em que julga somente os militares. Portanto, a competência da justiça 
militar estadual é definida em razão da matéria e em razão do pessoal. 
Alguns outros dispositivos também tratam sobre o tema, como a Lei nº 6.544/78 
(alterando aspectos das penas, do recolhimento à prisão e concessão de alguns benefícios), a 
Lei nº 9.299/96 (inserindo a competência para julgar militares que estejam “atuando em razão 
da função” e transferindo para a justiça comum para crimes dolosos contra civis praticados 
descritos no Art. 9º), a Lei nº 9.764/98 (alterando aspectos da deserção especial), a Lei nº 
12.432/2011 (inserindo à alteração da Lei nº 9.299/96, a exceção da transferência da justiça 
comum quando praticados em ações militares ou contexto semelhante) e finalmente a Lei nº 
13.491/2017 (BRASIL, 1978; 1996; 1998; 2011). 
De maneira estratificada, a justiça militar da união analisa somente a natureza do 
crime cometido para definir a sua competência, seja o acusado civil ou militar, portanto a 
competência da justiça militar da união, somente da matéria (crime militar), é ratione 
materiae. 
24 
 
Medeiros (2020, s.p., grifo do autor) a fim de exemplificar a competência da justiça 
castrense elencou um rol de julgados que magistrados tiveram ao interpretar os artigos 82 a 
120 do Código de Processo Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969): 
 
Policial de corporação estadual que pratica delito em outro estado: “Compete à 
Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito 
tenha sido praticado em outra unidade federativa” – Súmula 78 do STJ. 
Delito decorrente de acidente com viatura da Polícia Militar: “Compete à Justiça 
Comum Estadual processar e julgar o delito decorrente de acidente de trânsito 
envolvendo viatura da Polícia Militar, salvo se autor e vítima forem policiais 
militares em situação de atividade” – Súmula 6 do STJ. 
Civil acusado de crime contra instituição militar: “Compete à Justiça Comum 
Estadual processar e julgar civil acusado de prática de crime contra instituições 
militares estaduais” – Súmula 53 do STJ. 
Acusação de facilitação de fuga de presídio: “Compete à Justiça Comum Estadual 
processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de 
preso de estabelecimento penal” – Súmula 75 do STJ. 
Crime de abuso de autoridade: “Compete à Justiça Comum processar e julgar 
militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço” – Súmula 
172 do STJ. 
Crime praticado por militar contra civil com arma da corporação: O artigo 9o, 
inciso II, letra f do Código Penal Militar considerava crime militar aquele praticado 
em situação de atividade ou assemelhado que, embora não estando em serviço, use 
armamento de propriedade militar ou qualquer material bélico sob guarda, 
fiscalização ou administração militar para a prática de ato ilegal. A Súmula 47 do 
STJ enunciava: “Compete à Justiça Militar processar e julgar crime cometido por 
militar contra civil com emprego de arma pertencente à corporação, mesmo não 
estando em serviço”. A Lei no 9.299/1996 revogou a letra f do inciso II do artigo 9o, 
e a Súmula 47 do STJ encontra-se cancelada. 
Competência para julgamento de crime cometido por militar em serviço contra 
militar reformado: A Justiça Militar é competente para julgar crime de homicídio 
praticado por militar em serviço contra militar reformado (HC 173.131-RS, Rel. 
Min. Jorge Mussi, julgado em 6/12/2012 – Informativo nº 0514). 
A mera condição da vítima e do agressor não tem a virtude de acionar a 
competência da Justiça Militar: A mera condição da vítima e do agressor não tem 
a virtude de acionar a competência da Justiça Militar (HC 125.326, rel. min. Rosa 
Weber, julgamento em 17-3-2015, acórdão publicado no DJE de 21-5-2015 – 
Informativo 778, Primeira Turma). 
Competência para julgar militar acusado de alterar dados corretos em sistemas 
informatizados e bancos de dados da administração pública com o fim de obter 
vantagem indevida para si e para outrem: Compete à Justiça Comum Estadual 
processar e julgar policial militar acusado de alterar dados corretos em sistemas 
informatizados e bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter 
vantagem indevida para si e para outrem (art. 313-A do CP) (CC 109.842-SP, Rel. 
Min. Alderita Ramos de Oliveira – Desembargadora convocada do TJ-PE-, julgado 
em 13/3/2013 – Informativo nº 0517). 
Hipótese de incompetência da justiça militar: Compete à Justiça Comum Estadual 
– e não à Justiça Militar Estadual – processar e julgar suposto crime de desacato 
praticado por policial militar de folga contra policial militar de serviço em local 
estranho à administração militar (REsp 1.320.129-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti 
Cruz, julgado em 20/11/2014, DJe 11/12/2014 – Informativo 553). 
 
Com a nova redação do art. 9º do CPM, conferida pela Lei nº 13.491/17, ampliou a 
competência das justiças militares ao aumentar o rol de crimes militares, originando uma nova 
denominação além das adotadas pela doutrina (SILVA, 2019). Trazendo os crimes próprios 
25 
 
aqueles somente previstos no código castrense, e os crimes militares impróprios que são 
aqueles tipificados no código penal. 
 
2.2 ALTERAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR COM A LEI Nº 
13.491/17 
 
Em 13 de outubro de 2017, as casas legislativas brasileiras aprovaram a Lei nº 13.491 
trazendo algumas alterações substanciais para o Código Penal Militar, dentre elas, a alteração 
dos conceitos para a identificação de crimes militares em tempos de paz, repercutindo 
diretamente nas atividades da Justiça Militar e da Polícia Judiciária Militar. In verbs: “II – os 
crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados [...]” 
(BRASIL, 2017). 
A justificativa para a alteração consistiu na realização dos jogos olímpicos e 
paraolímpicos que foram realizando no Brasil no ano de 2016. O Superior Tribunal Militar 
(STM) se manifestou pela preservação da competência da justiça militar da união para 
julgamento de crimes dolosos contra a vida de civis, haja a vista a necessidade de se garantir 
aos militares uma justiça especializada e com conhecimento específico. A regrano sentido de 
limitar a competência da Justiça Militar unicamente para um período específico pode ter sido 
interpretada como o estabelecimento de um tribunal de exceção, o que é vedado pelo art. 5º, 
inciso XXXVII da Constituição Federal (ROMANO, 2018). 
Tais mudanças legislativas trazem a polêmica da ampliação do papel das forças 
armadas na segurança pública urbana e das fronteiras, e do aumento dos poderes das 
organizações criminosas. Pois, os militares têm sido utilizados pelo governo federal em 
operações de garantia da lei e da ordem (GLO), potencializando conflitos com civis, 
criminosos ou não (LIMA, 2018). 
De acordo com Medeiros (2020, s.p.), o crime militar após a alteração da legislação 
será praticado quando: 
 
(1) por militar em situação de atividade ou assemelhado contra militar na mesma 
situação ou assemelhado; (2) por militar em situação de atividade ou assemelhado 
em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva ou reformado, ou 
assemelhado, ou civil; (3) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em 
comissão de natureza militar ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à 
administração militar contra militar da reserva ou reformado, ou civil; (4) por militar 
durante o período de manobras ou exercício contra militar da reserva ou reformado, 
ou assemelhado, ou civil; (5) por militar em situação de atividade ou assemelhado 
contra o patrimônio sob a administração militar ou a ordem administrativa militar. 
 
26 
 
No entanto, nota-se que a nova alteração legislativa visou na verdade somente, 
transferir a competência para julgar crimes com dolo contra a vida de civis cometidos por 
militar das forças armadas, nas hipóteses do § 2º do art. 9º do Código Penal Militar, como nas 
operações de garantia da lei e da ordem confirmando o discurso que o Supremo Tribunal 
Federal sempre tratou a competência da justiça militar de maneira restritiva. (LIMA, 2016a). 
Em suma, os crimes militares antes previstos no CPM foram ampliados para todos os 
presentes no Código Penal Brasileiro, não dependendo da tipificação da figura típica, porém, 
manteve-se o texto que determinava o crime militar, contidos no inciso II do art. 9º, in verbs: 
 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
[...] 
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por 
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar 
da União, se praticados no contexto: 
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da 
República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; 
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, 
mesmo que não beligerante; ou. 
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da 
ordem ou de atribuição subsidiária (BRASIL, 2017, s.p.). 
 
Antes da redação legislativa, doutrinadores e jurisprudências já haviam entendimento 
sobre o que se tratava de crime militar em tempos de paz, sendo este definido na violação 
direta do dever militar em exercício das forças, bem como destaca Silva (2006, p. 588): 
 
São definidos em lei. Mas, como dissemos acima, há limites para essa definição. Tem 
que haver um núcleo de interesse militar, sob pena de a lei desbordar das balizas 
constitucionais. A lei será ilegítima se militarizar delitos não tipicamente militares. 
Assim, por exemplo, é exagero considerar militar um crime passional só porque o 
agente militar usou arma militar. Na consideração do que seja “crime militar” a 
interpretação tem que ser restritiva, porque, se não, é um privilégio, é especial, e 
exceção ao que deve ser para todos [...] 
 
O novel dispositivo inseriu o § 1º e § 2º no mesmo referido art. da legislação (CPM), 
transferindo consigo a competência nos julgamentos de crimes contra a vida por militares 
federais pertencentes às Forças Armadas, Marinha, exército e Aeronáutica da Justiça Comum 
(Tribunal do Júri) para a justiça castrense, trazendo questionamentos jurídicos consigo. 
Alterou consigo também dois parágrafos do art. 9 do CPM, dizendo que quando 
militares colocam vidas em perigo deliberadamente e têm como alvos civis, isso cairá sob a 
jurisdição do Tribunal do Júri. Já no segundo parágrafo, afirma que, quando esses crimes são 
cometidos por militares contra civis, se forem cometidos no contexto de (1) cumprimento da 
atribuição que lhes foi estabelecida pelo Presidente da República ou pelo Ministro da Defesa, 
27 
 
esses crimes estarão sujeitos à jurisdição do Superior Tribunal Militar (2) Operações que 
envolvam a segurança de instituições militares ou tarefas militares, mesmo que não sejam 
beligerantes, serão de atribuição da JMU (3) Atividades militares, operações de paz, garantias 
da lei e da ordem ou atribuições acessórias conduzidas de acordo com o disposto nos arts. 
Artigo 142º da Constituição Federal e as formas legais determinadas (Lei 7.565/1986; LC 
97/99; DL 1.002/1969; Lei 4.737/1965), serão de atribuição da JMU (MEDEIROS, 2020). 
Por um lado, a perícia da jurisdição do júri não atende a previsão da jurisdição militar 
nacional, mas também a previsão da jurisdição militar estadual. Também pode ser encontrado 
no XXXVIII, letra C do Artigo 5º da Constituição. De acordo com esta disposição, a 
instituição do júri tem o direito de proferir uma sentença sobre o crime de homicídio doloso. 
Esta é a autoridade absoluta estipulada pela constituição. Nos termos do artigo 142º da 
Constituição, as forças armadas têm por objeto a defesa da pátria, a garantia dos poderes 
constitucionais e a manutenção da ordem pública por iniciativa de qualquer uma delas. O uso 
de forças armadas para outros fins é um abuso de propósito (BRASIL, 1988). 
Tal discussão se faz presente nos posicionamentos demostrados nos tribunais 
superiores e jurisprudências referentes ao tema em questão, discutindo a respeito da 
compreensão e limitação do que é o crime militar dado pela nova redação, passando a 
abranger neste conceito crimes do código penal e legislação penal extravagante. 
Para Cavalcante (2017) o novo dispositivo mudou as características do crime militar 
ratione legis (em razão da lei) por ser previsto no CPM e ratione personae (em razão da 
pessoa), pois limitava o sujeito em sua atividade laboral, passando a ser ampliada a concepção 
do crime militar e também da competência da Justiça Militar. 
Tais discursos apresentam argumentos a favor da modificação e críticas contra 
alterações, pois retira a soberania dos crimes contra a vida, para que o réu seja julgando pelo 
tribunal do júri e não na esfera castrense. Dando ênfase em especial alteração da competência 
do tribunal do júri ao julgar crime contra a vida praticada pelos militares das forças armadas, 
realizando análise sobre a sua inconstitucionalidade na aplicada na nova redação do inciso II, 
do art. 9º do CPM. 
 
2.3 POSSICIONAMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA AOS PROCCESSO 
EM CURSO. 
Após a vigência da lei nº 13.491/2017, sendo sua aplicação imediata o STJ decidiu que 
aplicação da lei deveria ocorrer de imediato aos processos em curso, sendo remetido as 
remessa dos processos para justiça militar mesmo que os fatos tenham ocorrido antes da 
28 
 
vigência da nova lei. 
A Justiça militar, ao receber esse processo, deverá aplicar a legislação penal mais 
benéfica que vigorava no tempo do delito, seja militar ou comum. Imagina uma situação 
hipotética na qual se discutiu aplicação da lei, ou seja, antes da Lei nº 13.491/2017, Felipe, 
militar, no exercício de suas atribuições pratica crime de abuso de autoridade descrito no art. 
3º, “b” e no art. 4º, “b”, da Lei nº 4.898/65. 
 
Art. 3º Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: 
(...) 
b) à inviolabilidade do domicílio; 
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: 
(...) 
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimentonão 
autorizado em lei; 
No caso descrito, o processo deverá ser remetido para justiça militar, na competência 
da justiça castrense poderão ser aplicadas normas despenalizadores da lei nº 9.099/95 e, em 
caso de condenação podendo se aplicação a substituição da penal privativa de liberdade por 
restritiva de direitos, nos termos do artigo 44 do código penal. 
O Superior Tribunal de Justiça, decidiu sobre conflito de competência em favor da 
justiça militar em um delito cometido em área sujeito administração da justiça militar, antes 
do advento da lei em discursão no momento 
a fim de exemplificar a o posicionamento da STJ elencou julgados que na terceira 
turma decidiu. 
A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que compete à 
Justiça Castrense processar e julgar os crimes licitatórios praticados por militar contra 
patrimônio sujeito à administração militar (art. 9º do Código Penal Militar – CPM). A 
decisão (CC 160902/RJ) teve como relatora a ministra Lauriza Vaz. 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL E PROCESSUAL 
PENAL. CRIME CONTRA A LEI DE LICITAÇÕES PRATICADA POR MILITAR 
EM SITUAÇÃO DE ATIVIDADE CONTRA PATRIMÔNIO SOB A 
ADMINISTRAÇÃO MILITAR. SUPERVENIÊNCIA DA LEI N.º 13.491/2017. 
AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA CASTRENSE. APLICAÇÃO DA 
LEI NO TEMPO. PRINCÍPIO DO TEMPUS REGIT ACTUM. SENTENÇA DE 
MÉRITO NÃO PROFERIDA. NÃO APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA 
PERPETUATIO JURISDICTIONIS. CONFLITO CONHECIDO PARA DECLARAR 
COMPETENTE O JUÍZO SUSCITANTE. 1. Hipótese em que a controvérsia apresentada 
cinge-se à definição do Juízo competente para processar e julgar crime praticado, em tese, por 
militar em situação de atividade contra patrimônio sob a administração militar antes do 
advento da Lei n.º 13.491/2017. 2. A Lei n.º 13.491/2017 promoveu alteração na própria 
29 
 
definição de crime militar, o que permite identificar a natureza material do regramento, mas 
também ampliou, por via reflexa, de modo substancial, a competência da Justiça Militar, o que 
constitui matéria de natureza processual. É importante registrar que, como a lei pode ter caráter 
híbrido em temas relativos ao aspecto penal, a aplicação para fatos praticados antes de sua 
vigência somente será cabível em benefício do réu, conforme o disposto no art. 2.º, § 1.º, do 
Código Penal Militar e no art. 5.º, inciso XL, da Constituição da República. Por sua vez, no 
que concerne às questões de índole puramente processual – hipótese dos autos -, o novo 
regramento terá aplicação imediata, em observância ao princípio do tempus regit actum. 3. 
Tratando-se de competência absoluta em razão da matéria e considerando que ainda não foi 
proferida sentença de mérito, não se aplica a regra da perpetuação da jurisdição, prevista no 
art. 43 do Código de Processo Civil, aplicada subsidiariamente ao processo penal, de modo que 
os autos devem ser remetidos para a Justiça Militar. 4. Conflito conhecido para declarar 
competente o Juízo Auditor da 4.ª Auditoria da 1.ª Circunscrição Judiciária Militar do Estado 
do Rio de Janeiro, ora Suscitante. (CC 160.902/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, 
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2018, DJe 18/12/2018) 
 
 
 
 
30 
 
3 CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS 
 
Há quem afirma que o texto do art. 9° do CPM ampliou exageradamente a 
competência incumbida na Justiça castrense, por trazer hipóteses que tornam singular a regra 
positivada no §1° do mesmo dispositivo, a qual apresenta as competências incumbidas no 
Tribunal do Júri no tocante a crimes dolosos contra a vida de civis quando praticados por 
militares. 
O §2° apresenta as hipóteses que são equiparadas à regra e não exceção legal por 
serem exaustivas e não superficiais, portanto a regra geral de competência para processo e 
julgamento dos crimes em análise é do Tribunal do Júri. Porém para Cavalcante (2017), a 
exceção passou a ser regra, pois adiciona novas situações em que militares (Exército, Marinha 
e Aeronáutica) responderão na justiça militar e não mais no Tribunal do Júri, baseado no §2º, 
I ao III da Lei nº 13.491, de 2017, como em situações em que militares tentam contra a vida 
de civis. 
O autor (CAVALCANTE, 2017) elenca situações em que militares, por solicitação 
presidencial ou pelo Ministro de Estado de Defesa seguindo diligências contidas em missões 
de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), ao patrulhar locais ermos que são marcados pelo 
controle de facções criminosas, entrem em confronto com tais meliantes e por descuido vir a 
cometer crime doloso contra a vida de um civil, esse militar responsabilizará a Justiça Militar 
da União em processar e julgar o caso. Sabendo que atividades que elencam a GLO são 
relacionadas no dispositivo hodierno. 
Para Faria (2018) o novel respeita a defesa da propriedade e integridade de militares e 
suas instituições quando quartéis, vilas, escolas militares e bases são violados, pois caso um 
civil invada tais instituições e o militar tentar contra sua vida, esse militar será julgado pelo 
Tribunal Militar, caso ocorra após a validação da 13.491/2017, fato que ocorre também 
quando se tratar de cometimento de crime em período eleitoral durante o desempenho de suas 
funções militares. 
A nova lei excede a competência do júri, a Súmula 172 do STJ foi superada por 
incumbir à justiça comum em “processar e julgar militares por crimes de abuso de autoridade, 
ainda que praticado em serviço" (LOPES JÚNIOR, 2017). 
Por outro lado, com a equiparação de crimes comuns com crimes militares, a Justiça 
Militar (seja ela federal ou estadual) deverá julgar todo o rol de crimes previstos no CPM e no 
CP (comum). Portanto, com tal ampliação, o juiz castrense será competente em analisar 
provas, processar e julgar crimes como os contidos na Lei Maria da Penha e no porte e uso de 
31 
 
drogas. Nestes casos, há uma questão a ser superada, pois o juiz neste caso não é entendedor 
desta matéria e poderá incumbir pena e restrições incompatíveis com o crime, além do alcance 
da análise e solicitações de provas (LOPES JÚNIOR, 2017). 
A Lei Maria da Penha é adequada para esta situação quando outro militar comete 
violência contra uma mulher do exército e ambas são relacionadas com a família ou relação 
familiar. A justiça militar limita-se ao campo penal, sendo que a Lei Maria da Penha abrange 
os aspectos criminais (aumentando as penas), processuais (instituindo cerimônias 
diferenciadas) e de tutela (estabelecendo medidas protetivas), portanto tem caráter misto por 
envolver aspectos criminais e civis, extrapolando a Jurisdição da justiça castrense 
(OLIVEIRA, 2017). 
Outra característica da justiça militar é que punições adicionais podem ser impostas. 
Portanto, os infratores condenados pela Lei n. 11.340/06 (Lei Maria da Penha) podem estar 
sujeitos a outras sanções em decorrência da aplicação das penas principais. Por exemplo, se 
for condenado à liberdade restritiva por mais de dois anos, o oficial perderá seu cargo e 
patente, e seu posto será excluído das forças armadas (OLIVEIRA, 2017). 
Além da alteração da Lei n. 11.340/06 (Lei Maria da Penha), a responsabilidade da 
Polícia Judiciária Militar de conduzir a investigação passou para diversos outros crimes que 
não eram de sua responsabilidade, como por exemplo, a Lei n. 10.826/03 (porte e posse ilegal 
de arma de fogo, bem como seu disparo e comércio ilegal, seja ele praticado em sua atividade 
laboral ou em local administrado pelos militares da União), Lei n. 4.898/65 (abuso de 
autoridade militar e suas tipificações como violação de domicílio, constrangimento ilegal, 
homicídio e agressão), Lei n. 9.455/97 (tortura decorrente de ações militares) e Lei n. 
8.666/93 (fraudes e demais delitos praticados em concursos de instituições militares) 
(OLIVEIRA, 2017). 
Para os militares estaduais (bombeiros e policiais militares) o tribunal do Júri em nada 
foi alterado, pois continua responsável por processar e julgar crimes que abrangem osparágrafos em análise e por se tratar de texto constituído em carta magna (artigo 125, §4°, 
CF/88). 
Souza (2020) explica a competência de cada justiça de tal maneira. Devido Juiz 
federal militar ter poder de decisão monocrática em processar e julgar civis e militares por 
crimes previstos no § I e III do art. 9º do CPM pode inferir que a competência de julgar 
crimes dolosos contra a vida de um militar ainda pertence à Justiça castrense (da União caso 
seja praticado contra um militar das forças armadas e estadual caso seja praticado contra 
bombeiro e policial militar), seja o réu civil ou militar de qualquer esfera. 
32 
 
Souza (2020) continua dizendo que militares das forças armadas ao cometer crimes 
contra a vida (doloso ou não), este terá como fórum para se defender a JMU, não sendo 
observada nenhuma hipótese. 
Portanto, todos os crimes típicos do Código Penal Comum não previsto na CPM, 
porém implementados nas condições do CPM em seu art. 9º, incisos II e III, tomam 
implicação militar, portanto, seu processamento e julgamento serão de responsabilidade de 
tribunais militares e terão sob responsabilidade de investigação, a Polícia Judiciária Militar. 
 
3.1 LIMBO ENTRE ESTA ALTERAÇÃO 
 
Por se tratar de lei que altera o processo penal, sua aplicação se dá de maneira 
imediata (LOPES JÚNIOR, 2017). Sabe-se que a Justiça Militar é uma justiça especializada e 
não possui grandes recursos pessoais e financeiros para o provável deságue de processos, o 
que pode causar por consequência, a inevitável demora em processos em curso e nos que vão 
ser abertos, o que poderá aumentar a sensação de corporativismo e impunidade na justiça 
castrense. 
Por englobar os demais crimes, os militares infratores poderiam ser favorecidos pela 
iminente demora processual quando se tratar de crimes contra a vida, porém no que tange 
outros tipos penais que o CPM englobou, como crimes que podem ser associados à ocupação 
militar (porte ilegal de arma, tortura, abuso de autoridade, entre outros), estes não seriam 
favorecidos, pois o afastamento de suas atividades seria imediato até o fim do processo 
(LOPES JÚNIOR, 2017). 
Outro limbo observado seria na linha de investigação que poderia aparecer, pois a 
polícia judiciária que é mais equipada e preparada poderia estar convicta e observando 
possíveis desfechos até a determinada Lei alterar sua atribuição para a polícia judiciária 
militar, que pode observar outros interesses, como investigação social para possíveis 
manipulações. 
Neste sentido Hoffman (2016, p. 83) afirma que: 
 
[...] A escuridão da caserna não é lugar adequado para se apurar crimes comuns. A 
garantia de ser investigado apenas pela autoridade de Polícia Judiciária devida, em 
respeito ao princípio do delegado natural, revela-se verdadeiro direito fundamental 
do cidadão. Os fins não justificam os meios no campo da devida investigação 
criminal, em que forma significa garantia condição necessária da confiança dos 
cidadãos na Justiça. 
 
33 
 
Portanto, o tratamento esperado correspondente à efetividade, não poderia ser 
observada na sociedade e nem para os militares em geral. 
 
3.2 HÁ QUESTIONAMENTOS SOBRE SUA VALIDADE CONSTITUCIONAL? 
 
Antes da promulgação da Lei nº 13.491/17 sobre o denominado crime militar indevido 
no artigo 9º do CPM, seriam necessárias duas condições cumulativas para que o crime 
pudesse ser tipificado como crime militar: estar tipificado no CPM; estar previsto nas alíneas 
do inciso II do art.9º, do CPM (FARIA, 2018). 
Foram evidenciadas que a definição de crime militar e a capacidade em julgar crimes 
que atentam à vida são questões que ainda permeiam a discussão na doutrina militar e debates 
políticos, o que respinga sobre debates na limitação ou não da atuação da justiça militar. 
Porém, antes de todos estes debates, a discussão acerca da presença de vícios constitucionais 
no novo texto legislativo permeia as casas legislativas brasileiras. 
De acordo com a doutrina constitucional, elencada por Silva (2019), não há ressalva 
legal ou constitucional na determinação de competência da justiça castrense da União em 
julgar crimes dolosos à vida de militares por civis, tampouco há competência constitucional 
expressa na determinação da justiça castrense estadual nos casos que são de competência 
constitucional do Tribunal do Júri. 
Dado os pactos e declarações internacionais brasileiros firmados com outros países na 
observância da restrição da jurisdição militar (Declaração Universal de Direitos Humanos em 
1992; Convenção Americana sobre Direitos Humanos em 1992; Convenção Europeia para a 
Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais em 1950) e na garantia de 
julgamentos independentes e imparciais, alguns questionamentos parlamentares sobre sua 
inconstitucionalidade foram observadas. 
Dentre elas, a do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) que ajuizou a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) 5901 no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar 
dispositivos do Código Penal Militar, inseridos pela Lei nº 13.491/2017. Questionando assim, 
a competência da justiça militar para julgar integrantes das forças armadas no caso de morte 
de civis. 
 
Na ADI, a legenda afirma que o texto constitucional não dá margem para outra 
interpretação ao determinar, sem qualquer exceção, que “a competência para o 
julgamento dos crimes dolosos contra a vida” é do Tribunal do Júri. “Dessa forma, a 
Lei 13.491/2017 é inconstitucional quando modifica o parágrafo 2º e incisos do 
artigo 9º do Decreto-Lei 1.001/1969 [Código Penal Militar] determinando que os 
34 
 
crimes dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças Armadas contra 
civil serão da competência da Justiça Militar da União”, ressalta o partido. 
O PSOL pede liminar para suspender a eficácia da alteração legal até que o mérito 
da ADI seja julgado pelo Plenário do STF (STF, 2018, s.p.). 
 
Em outro ponto com fortes argumentos, em sentido de sua inconstitucionalidade, de 
que o julgamento de crimes dolosos contra a vida de civis por juízes auditores ou por 
colegiados militares representaria essa, uma supressão da competência da soberania do júri 
(art. 5º, XXXVII, d, CF). Nesse posicionamento os militares teriam de ser julgados por júris 
federais, no que tange os crimes dolosos contra a vida de civis, assumindo assim que a Lei 
13.491/2017 em questão seria inconstitucional neste ponto. 
Por outro lado, questiona-se sua constitucionalidade material e formal, pois se 
questiona a existência de violação de sua diplomação, por não ter sido discutida e aprovada no 
Congresso Nacional como manda o rito para textos que violam ou sobrepõem a Carta Magna. 
Tal fato foi validado por haver um sentimento de urgência na aprovação da Lei e de 
apresentar caráter temporário, incumbindo à competência da justiça castrense em ações 
militares que visavam a GLO, bem como apresenta o voto do Deputado Júlio Lopes: 
 
Essa é uma situação transitória, em função da realização, no Rio de Janeiro, das 
Olimpíadas e dos Jogos Paraolímpicos e do maior deslocamento militar já feito no 
Brasil. Deslocar–se–ão para o Rio de Janeiro, Deputado Miro Teixeira, 23 mil 
homens das forças militares brasileiras. Essa excepcionalidade se dará até o dia 31 
de dezembro de 2016, para que os militares possam exercer suas funções, dentre 
suas prerrogativas, na garantia da Justiça Militar. Assim foi acordado e acertado 
entre as Lideranças da Câmara e as lideranças militares, a pedido de S. Exa. o 
Presidente da República, a fim de se proteger não só o povo do Rio de Janeiro e 
aqueles que nos visitam, mas também as Olimpíadas, o patrimônio que foi 
construído, que ficará como legado do nosso País. (LIMA; PIETZSC, 2017, p. 73). 
 
Entretanto, sua temporalidade foi vetada pelo então Presidente da República Michel 
Temer, trazendo como consequência sua indefinição de validade temporal e constitucional, 
conforme

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