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Questão 2/10 - Geografia política Leia o trecho a seguir: “Nos oito ou dez milênios depois que surgiu o primeiro casal, as cidades e os estados oscilaram entre o amor e o ódio. Conquistadores armados muitas vezes arrasaram cidades e chacinaram os seus habitantes apenas para erguer novas capitais em seu lugar. O povo da cidade resguardou a sua independência e reclamou da interferência do rei nas questões urbanas, mas solicitou a proteção de seu rei contra os bandidos, os piratas e os grupos rivais de mercadores. A longo prazo e a certa distância, as cidades e os estados revelaram-se indispensáveis um ao outro. Durante a maior parte da história, os estados nacionais - aqueles que governam múltiplas regiões adjacentes e as suas cidades por intermédio de estruturas centralizadas, diferenciadas e autônomas — surgiram muito raramente. A maioria deles eram não-nacionais: impérios, cidades-estado, ou algo semelhante. Para nosso pesar, o termo "estado nacional" não significa necessariamente estado-nação, um estado cujo povo compartilha uma forte identidade linguística, religiosa e simbólica. Embora alguns estados, como a Suécia e a Irlanda, se aproximem hoje desse ideal, pouquíssimos estados nacionais da Europa se qualificaram algum dia como estados-nação (TILLY, 1996).” Fonte: TILLY, Charles (1996). Coerção, capital e estados europeus (990-1992). São Paulo: EDUSP. Tendo como base a contextualização acima e os conteúdos da disciplina de Geografia Política, assinale a alternativa que expõe, corretamente, como se deu a formação dos Estados nacionais europeus: Nota: 0.0 A Ela se deu de forma regular e linear ao longo dos séculos e ao mesmo tempo. B Ela se deu como um efeito colateral da atividade de guerrear dos governantes europeus. A história europeia é de guerras praticamente incessantes, que não apenas foram constantes ao longo da história do continente, mas também, quando ocorriam, frequentemente envolviam quase todos os Estados da região. Príncipes e reis europeus estavam todos emaranhados em uma rede de alianças por parentesco, casamento ou conveniência. Todos tinham algo a ganhar ou a perder em uma guerra. Se não fossem ganhos territoriais diretos, seriam ganhos indiretos por meio do fortalecimento de um aliado ou enfraquecimento de uma ameaça. Sucessões incertas, com a morte de um monarca que não deixa um herdeiro direto, por exemplo, eram um convite para que outros intervissem, apoiando candidatos ao trono alinhados consigo e escalonando a crise, que, eventualmente, resultava em guerra civil e internacional. Nesses casos, a primeira raramente acontecia sem a segunda. A guerra era o jogo em que se desenrolavam as ambições da nobreza real europeia. Esse ponto é central para o surgimento dos Estados nacionais. Como explica Tilly (1985; 1993), os Estados nacionais surgiram como um efeito colateral da atividade de guerrear dos governantes europeus. Para fazer e vencer guerras, estes precisaram tomar uma série de decisões e resolver inúmeros de problemas. A cada momento, tomaram um curso de ação quando havia outros disponíveis. Essas escolhas influenciavam quais cursos estariam disponíveis dali em diante. Algumas trajetórias tomadas dessa forma se mostraram bem-sucedidas no longo prazo; outras, não. Houve, ainda, aquelas que pareceram bem- sucedidas por muito tempo, até que deixaram de ser. Tudo isso, contudo, aconteceu em um prazo muito mais longo do que aqueles que os governantes que adotaram esses cursos de ação tinham em mente. Eles estavam apenas tomando as melhores decisões para que pudessem ganhar as guerras em que estavam envolvidos ou as próximas e, dessa forma, sobreviverem. Referência: SILOTTO, Graziele; GELAPE, Lucas; CASTRO, Pedro Vicente de; SILVA, Glauco Peres da. Poder e território: uma abordagem a partir da Ciência Política. Curitiba: Editora InterSaberes, 2021, Capítulo 2. C Ela se deu como resultado da ampliação do leste europeu, em acordos de paz com o sul. D Para vencer as guerras, os governantes desejavam organizar a sua estrutura e com isso criaram as cidades-estados. E Ela se deu como um resultado da conquista e autonomia da Prússia e do Império Romano-Germânico, sendo esses os únicos do continente.