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Isadora Scheer – 4P – 2020 Macrossomia fetal e suas Complicações Macrossomia na Diabetes Gestacional. 2014. Universidade de Coimbra1 Obstetrícia Williams2 Obstetrícia Rezende3 DATASUS4 Definição - 2 Definições de distribuição matemática do peso ao nascer e por critério empírico: - Distribuição matemática do peso ao nascer: crianças acima do percentil 90 para uma dada semana de gestação são consideradas no limiar da macrossomia ou GIGs (gigantes para idade gestacional); - Critério empírico com limite de 4.000 g para definir macrossomia, mas outros usam 4.250g ou até 4.500 g. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Fatores de Risco - 1 Fatores não modificáveis: Genes (80% ligados à insulina, IGF e receptores); altura dos pais (estatura elevada); paridade e idade materna (multíparas com mais de 35 anos); parto prévio macrossômico (32%); gênero do feto (masculino); DM prévia; pré-eclâmpsia; maior escolaridade; - Fatores modificáveis: metabolismo da glicose materna; obesidade pré-concepcional (4x maior); ganho ponderal excessivo na gravidez (superior a 11 kg* ou 16 kg); idade gestacional (avançada) e dislipidemia (independente de IMC e glicemia materna). - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Mecanismo de macrossomia o Hipótese de Pedersen - 1 Hiperglicemia materna passagem de hidratos de carbono pela placenta hiperglicemia fetal estimulação do pâncreas hiperinsulinemia crescimento fetal somático se ligando aos seus receptores de fatores de crescimento insulina sílime (IGF-1) divisão celular de vários órgãos e porções; - 3 Produção excessiva de leptina pela palcenta no diabetes mobilização de reservas adiposas maternas transporte transplacentário de lipídeos; - Lipases placentárias metabolizam triglicerídeos no sangue materno ácidos graxos livres transferidos para o crescimento do feto. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Epidemiologia - 1 No Brasil, segundo o Ministério da Saúde e o SINASC, em 2012, teve incidência de cerca de 5% de casos de neonatos com peso acima de 4.000 g; - Em 30% de gestações com diabetes gestacional ocorrem complicações de macrossomia; - 4 Em 2018, no Brasil, foram 9.831 partos com 4000 g ou mais de um total de 263.640, sendo 3,72 %dos nascimentos. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Complicações - 1 Para o RN: hipoxemia fetal (o aumento do metabolismo fetal aumenta o consumo de oxigênio, mas há aumento de disponibilidade do mesmo), distócia de ombros, lesão do plexo braquial, fratura clavicular, dificuldade respiratória (deve-se à prematuridade, menor produção de surfactante mesmo após 37 semanas e cesárea eletiva acima antes de 39 semanas), cardiomiopatia hipertrófica (além de acúmulo de adipócitos e glicogênio), distúrbios Fases do Parto Diabetes Gestacional Puerpério eletrolíticos e metabólicos tais como hipoglicemia (dificuldade de mamar, cianose, apneia, taquipneia, hipotonia, instabilidade térmica, irritabilidade, tremor, coma), hiperbilirrubinemia (consequência secundária à prematuridade e por reabsorção de hematomas associados ao parto) e hipomagnesiemia, índice de Apgar menor, ou mesmo morte fetal; - Para a mãe: a curto prazo, ocorre trabalho de parto prolongado, lacerações perineais, atonia uterina e hemorragia grave, com baixa estatura sendo um fator de risco*na hora do parto; - Complicações futuras para o RN: risco aumentado de desenvolver diabetes mellitus tipo 2, excesso de peso, asma, lesões persistentes do plexo braquial e complicações cardiovasculares (aterosclerose por consequência de hipercolesterolemia materna) e metabólicas; - Complicações futuras para a mãe: defeitos perineais e disfunção anal, prevalência de obesidade e síndrome metabólica. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Parto - 3 Cesárea eletiva para evitar distocia dos ombros em mulheres não diabéticas com peso fetal >5000 ou diabéticas com peso fetal >4500 g; - Indução do parto entre 37 e 38 semanas para mulheres com fetos GIG reduz o risco de distocia dos ombros e morbidades, sem aumentar a incidência de cesariana. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Diagnóstico - 3 – Ultrassonografia: colocar o diâmetro biparietal, a circunferência cefálica, a circunferência abdominal e o comprimento do fêmur em um modelo de regressão para calcular o peso fetal estimado; - Alguns autores falam que a medida isolada de circunferência abdominal é precisa igual ao peso fetal estimado. - - - - - - - - - - - - - - - - Diabetes Gestacional Rastreamento e Diagnóstico de DMG. FEBRASGO; SBD. 20171 Rezende Obstetrícia2 Zugaib3 Definição - 2 Qualquer grau de intolerância a carboidratos diagnosticado pela primeira vez na gestação; - 1 DMG: mulher com hiperglicemia detectada pela primeira vez na gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnósticos para DM; - Overt diabetes (DM diagnosticado na gestação): mulher sem diagnóstico prévio de DM, com hiperglicemia detectada na gravidez e com níveis glicêmicos sanguíneos que atingem os critérios da OMS para DM na ausência de gestação. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Diagnóstico - 1 Todas devem realizar glicemia de jejum ( de 20 a 28 semanas) com glicemia de jejum <92 mg/dl devem realizar TOTG com 75 g de glicose na 1ª e 2ª hora de 24 a 28 semanas: 1. Jejum: 92 a 125 mg/dl; 1ª hora > 180 mg/dl e 2ª hora de 153 a 199 mg/dl DMG; 2. jejum: >126 mg/dl; 2ª hora >200 mg/dl DM; Já com glicemia de jejum >126 mg/dl DM. - A tolerância à glicose se normaliza rapidamente após o parto, mas o risco de desenvolvimento de DM e intolerância à glicose é relativo, então é preciso fazer uma reclassificação na puérpera 6 semanas após o parto; - TOTG 75 g de jejum e na 2ª hora: - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Fatores de risco - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Classificação por White - 1 Separação do diabetes em classes de A-H, sendo 90% das mulheres diabéticas da classe A; - Classe A: DMG com intolerância à glicose somente durante a gestação, retornando ao normal após esse período algumas necessitam de reposição insulínica (A2); - Classes B e C: diabetes pré-gestacional recente sem complicação vascular; - Classes D-T: diabéticas com complicação vascular de longo prazo. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Fisiopatologia - 1 Fisiologicamente, a gestação já apresenta um acréscimo na resistência à insulina e incremento de produção de insulina pelas células beta do pâncreas quando a função pancreática não é suficiente para vencer a resistência diabetes mellitus gestacional (DMG); - Primeira fase anabólica: glicemia das gestantes diminui, principalmente em jejum prolongado; - Segunda fase catabólica: aumento da resistência à insulina, para que a glicose não seja captada pela mãe e seja transferida para o feto; - Resistência à insulina a partir do 2º trimestre: transferir o metabolismo de energia materna da oxidação de carboidratos para o de lipídeos glicose disponível para o feto; - A secreção de insulina eleva gradativamente de 200 a 250 % para compensar a redução de, aproximadamente 50% na sensibilidade; - Os hormônios placentários contrainsulínicos (lactogênio placentário humano (Hpl) e hormônio do crescimento placentário humano (Hpgh)) contribuem para a resistência à insulina; - Também ocorre ação das adipocinas: elevação do fator de necrose tumoralalfa e diminuição da adiponectina concorrentes que aumentam a resistência. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Epidemiologia - 2 Mulheres diagnosticadas na gravidez com DM apresentam maior frequência de malformações fetais que aquelas sabiamente diagnosticadas; - PNS 2013, prevalência de excesso de peso em adultos é 56,9% enquanto obesidade 20,8%; - Prevalência de DMG varia de 1 a 37,7% com uma média mundial de 16,2%; - Um em cada seis nascimentos ocorra em mulheres com hiperglicemia, sendo 84% desses casos decorrentes de DMG; - Prevalência de DMG no SUS é 18%; - 3 Ocorre aumento gradativo da prevalência da DMG relacionado com aumento da média de idade e frequência de obesidade nas gestantes. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Complicações - 2 A diabética tem risco de hipertensão, pré-eclâmpsia, parto cesáreo e comorbidades; - O feto tem risco de macrossomia, distocia de ombros, tocotraumatismo, hipoglicemia e hiperbilirrubinemia; Influências do diabetes na gestação - Malformação fetal: mau controle glicêmico no período de organogênese nas primeiras 8 semanas, associado a níveis de hemoglobina glicada >6,5% no 1º trimestre, que pode gerar defeitos cardíacos, do SNC e esqueléticos; - Macrossomia fetal; - Maturidade fetal: síndrome da angústia respiratória (SAR) no DMG não controlado; - Abortamento e pré-termo; - Pré-eclâmpsia em diabetes com proteinúria e insuficiência renal; - Morte fetal por macrossomia (hiperinsulinemiametabolismo anaeróbio acúmulo de ácido lático acidose/hipoxemia) ou crescimento intrauterino restrito (insuficiência placentária); - 2 Síndrome do desconforto respiratório: hiperinsulinemia inibe a ação do cortisol no pulmão fetal inibição da produção de lecitina (fosfolipídeo presente no surfactante que estabiliza o alvéolo na expiração) pelo pneumócito tipo 2; Influências da gestação no diabetes - Exacerbação de complicações do diabetes: nefropatia, retinopatia, doença coronária, hipertensão crônica, cetoacidose e cetose de jejum; Pós-parto - Nos primeiros 7 a 10 dias, ocorre redução na dose de insulina para valores similares aos do 1º trimestre. Ao fim desse período, as necessidades retornam à valores pré-gestacionais risco de desenvolver DM; Filhos da mãe diabética - Policitemia (concentração de Hb >20g/dl e hematócrito >65%) e hiperviscosidade: hiperglicemia é estímulo para produção de eritropoietina, mediada pela diminuição de Po2 obstrução vascular, isquemia, infarto de órgãos; - Hipoglicemia: o hiperinsulinismo mesmo com baixas doses de glicose após o nascimento pode levar à hipoglicemia convulsões e sequela neurológica; - Hipocalcemia (cálcio plasmático <7 mg/dl) e hiperbilirrubinemia: decorrente de prematuridade e policitemia; - Malformações congênitas: principalmente do SNC; - Cardiomiopatia e cardiomegalia. - - - - - - - - - - - - - - - - Fisiologia do Parto Obstetrícia Williams 1 Obstetrícia Zugaib 2 Determinismo do Parto - 2 Com a progressão do parto, o parto apresenta dominância não fúndica próximo do parto ocorre a dominância fúndica com coordenação de contrações; - Antes da dominância fúndica ocorre amadurecimento cervical: diminuição da concentração de colágeno; alteração da solubilidade dele, alteração de degradação e síntese com estrutura mais fraca, e aumento da colagenólise; - Franca resposta inflamatória: macrófagos, neutrófilos e eosinófilos e aumento de interleucinas (IL-8) e prostaglandinas; - A ativação uterina é realizada pelas uterotropinas, cuja principal função é tornar o útero responsivo aos estímulos contráteis determinados pelas uterotoninas início da dominância fúndica. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Teorias2 Ocitótica - A ocitocina ao se ligar a um receptor de membrana nas células miometriais, ativa a formação do trifosfato de inositol, que libera cálcio armazenado no retículo sarcoplasmático e deflagra contrações uterinas; - A ocitocina é inativada na circulação sanguínea pela enzima ocitocinase: se permanece alta até o momento do parto; - O acetato de atosibana é um bloqueador dos receptores da ocitocina, que compete com ela; - Antes do parto há acréscimo dos receptores miometriais de ocitocina; * A deflagração do trabalho parece não ser determinada por uma maior liberação de ocitocina, que está mais relacionada à expulsão e dequitação; - Há maior ativação de receptores da ocitocina na presença de estrógenos e prostaglandinas. Gangorra - O parto ocorre em virtude do estiramento miometrial crescente (volume excessivo) determinado pelo crescimento do concepto; - Lei de Frank-Starling, a distensão excessiva da fibra muscular leva a sua contração reflexa - é inibida pela alta concentração de progesterona que mantém o útero refratário às contrações; *Mas não há queda da progesterona antes do trabalho de parto suporte científico não aceito; - Porém, no parto, há aumento da expressão de IL-8 e de gap junctions, que estavam sob inibição progestagênica, e do fator Kappa B antiprogesterona, que pode permitir a expressão de IL-8 e da enzima COX-2; - Diminuição da enzima 15- desidrogenase hidroxiprostaglandina, que ativada pela progesterona e responsável por metabolizar prostaglandinas produzidas por membranas fetais. Prostaglandínica - As prostaglandinas são produzidas pela decídua, miométrio e membranas fetais (âmnio); - COX-2 (conversão do ácido araquidônico em prostaglandina) está aumentada devido as citocinas e fatores de crescimento mais próximo ao parto responsável pela liberação de prostaglandinas pelas membranas fetais; - O aumento da sensibilidade uterina é decorrente do aumento na expressão de receptores de prostaglandinas. Fetal - O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal do concepto, no trabalho de parto, incrementa a síntese de estrógeno, com consequente diminuição na concentração sérica de progesterona “mensagem fetal”; - Porém, a enzima que medeia essa reação é a 17-alfa- hidroxilase, que não está presente na placenta humana; - Há produção de hormônio corticotrófico pela placenta em níveis elevados durante o parto e ajuda a deflagrar o parto cortisol ativa 17-alfa-hidroxilase e 17,20-liase, enzimas dependentes do citocromo p450 aumento das prostaglandinas com modificações cervicais e aumento da contratilidade uterina; - Não há provas científicas do envolvimento do feto na deflagração do trabalho de parto acredita-se que a participação do feto esteja mais relacionada a modificações locais nas membranas fetais. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Diagnóstico do Trabalho de Parto - 2 Presença de contrações uterinas com ritmo e peculiares, combinadas (mínimo 2 contrações em 10 minutos); - Alterações progressivas no colo uterino (dilatação mínima de 2 centímetros); - Formação da bolsa das águas; - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Parturição - 2 Dividida em quatro fases após modificações fisiológicas e bioquímicas locais concomitantes com o aumento da frequência de contrações determinismo do parto; Fase 1: Quiescência - 2 Inicia com a implantação do zigoto e perdura por quase toda a gestação, até que ocorra a ativação uterina; - 1 Progesterona inibe a parturição: expressão do fator inibitório de transcrição ZEB1, da conexina 43 e do receptor de ocitocina, recrutamento de fatores correguladores como PSF e Sin3A, que inibe expressão de gene que codifica a conexina 43; - Estrogênio promove a reatividade à progesterona, induzindo a síntese do receptor de progesterona e ampliando a função dela; - Receptores acopladosà proteína G agindo com esteroides sexuais; - Receptores b-adrenérgicos de sinalização por AMPc favorecendo relaxamento do miométrio; - Receptores de LH e hCG ativados, reduzindo a frequência e força de contrações e o número de junções comunicantes das células miometriais; - Relaxina com genes H1 na decídua e trofoblasto e H2 no corpo lúteo inibindo contrações, amolecendo a cérvice e alongando o ligamento pubiano; - CRH com receptor CRHR1 ativa sinalização Gs- adenilato-ciclase-AMPc inibe a síntese de trifosfato inositol(IP3) estabilização de Ca2+; - Prostaglandinas E2 e I2 convertidas por isomarases tecido-específicas mantém a inatividade miometrial, amplicando AMPc; - Peptídeo Natriurético Atrial, peptídeo natriurético cerebral e óxido nítrico aumentam níveis celulares de GMPc; - Aumento da atividade das enzimas que degradam ou inativam uterotoninas endógena: PGDH e prostaglandinas; ocitoquinase e ocitocina... Fase 2: Ativação - 2 Prepara o útero e canal cervical (descida do fundo uterino) para o trabalho de parto e dura de 6 a 8 semanas; - 1 Abstinência clássica de progesterona e funcional: alteração de receptores nucleares e acoplados à membrana, modificações pós-transducionais, alterações de correceptores, síntese de antagonista, regulação de metabolizantes de microRNA de prog; - Ação da mifepristona antagonista esteroide clássico, tendo efeito sob o amadurecimento cervical e a sensibilidade à uterotoninas; - Receptores de ocitocina aumentados por ação do estradiol e maior transcrição do gene; - Relaxina medeia síntese de proteoglicanos para degradar macromoléculas da matriz; - Estiramento uterino por estresse tensional e pressão do líquido amniótico estiramento aumenta conexina 43 e receptores de ocitocina; - CRH sintetizado pela placenta por feedback do cortisol e ativação de fatores de transcrição Kb, estimulam a síntese de cortisol suprarrenal fetal e DHEA-S, tendo um feedback positivo com o CRH placentário acumulação de estresse; - Ocitona estimula CRH que aumenta a força contrátil em resposta à PGF2a; - Proteína surfactante A ativam macrófagos do líquido a migrar para o miométrio e induzir fator de transcrição Kb, que ativa genes de resposta inflamatória e contrai o útero. Fase 3: Estimulação: Trabalho de Parto - 2 Período de contrações uterina efetivas de regularidade 2-5 contrações a cada 10 minutos, intensidade de 20 a 60 mmHg e duração de 30-90 segundos; Dilatação - Começa com as primeiras modificações cervicais e termina com a dilatação completa do colo (10 cm); - Abrange o esvaecimento ou apagamento cervical (incorporação do colo à cavidade uterina, terminando com a formação de um degrau ao centro da abóboda cervical: alteração da concentração de glicosaminoglicanas) e a dilatação do orifício externo do colo (amplia o canal do parto); - Multíparas ocorre simultaneamente esse processo; - Surge espaço entre o polo cefálico e membranas ovulares, onde ficará o líquido amniótico (bolsa das águas) e sua rotura causa a saída parcial do conteúdo, quando a dilatação é maior que 6 cm; - Dilatação dividida em: fase latente (contrações eficazes, mas sem dilatação significativa de 0,35 cm/h, dura 8 horas) e fase ativa (inicia com 4 cm, dura 6 horas e 1,2 cm/h nas primíparas e 3 horas e 1,5 cm/h nas multíparas), subdividida em aceleração (curva se eleva); aceleração máxima (passa de 2-3 cm para 8-9 cm) e desaceleração (precede dilatação completa); Expulsão - Ação voluntária de contrações uterinas e dos músculos abdominais; - Dilatação completa útero imobilizado pela contenção de ligamento largo, redondo e uterossacro resultante de forças convergindo para orifício interno do colo uterino; - A descida do polo cefálico tem a fase pélvica com dilatação completa e apresentação acima do plano +3 de De Lee; e a fase perineal com a cabeça rodada e um plano inferior a +3; Dequitação - Útero expele placenta e membranas em virtude da diminuição do volume uterino e expulsão fetal, associado às contrações uterinas vigorosas e indolores; - Existe o deslocamento central A (visualiza-se primeiro a face fetal, frequente, sangramento após, hematoma) e o deslocamento periférico B (visualiza-se primeiro a face materna, infrequente, escoamento de sangue antes); - Ocorre entre 10 -60 minutos após o parto, mas fisiologicamente deve ocorrer dentro de 20 a 30 minutos; - 1 Ativação de uterotoninas como: ocitocina, serotonina, prostaglandinas, histamina, PAF, angiotensina II acoplamento com proteína G; - Receptores de ocitocina aumentados nos tecidos miometriais e deciduais, estimulam prostaglandinas e sintetizada em membranas fetais também; - Receptor de PGF2a aumentado na decídua: miométrio sintetiza PGHS-2: membranas fetais produzem PGE2: líquido amniótico contém PGF2a; - Endotelina I e A expresso na musculatura lisa provoca aumento do cálcio intracelular e induz outros mediadores contráteis; - Angiotensina II ao receptor AT1 provoca contração; - Âmnio tem resistência elástica avascular e sintetiza bioativos e prostaglandinas, com fosfolipase A2 e PGHS-2 aumentadas; - Cório se rompe e perde as enzimas que inativam uterotoninas prostaglandinas podem atuar; - Decídua produz uterotoninas de maneira parácrina com o miométrio e expressam enzimas que metabolizam esteroides que regulam abstinência local de progesterona, além de aumentar células pró- inflamatórias. Fase 4: Involução - 2 Retorno ao estado pré-gravídico, com início após dequitação e contrações persistentes que promovem a involução uterina em 1 hora; - Ocorrem fenômenos de miotamponamento, trombotamponamento, indiferença miouterina e contração uterina fixa; - Redução do volume uterino causa angulação das artérias uterinas e ovarianas reduz perfusão uterina; - Contração do útero oclui vasos miometriais; - Contração uterina fixa após 1 hora: maior tônus uterino mantém hemostasia pós-parto involução uterina; - 1 Processos de reparação para reverter respostas inflamatórias e remover os GAGs, proteoglicanos e colágeno comprometidos. Ao mesmo tempo componentes da matriz são sintetizados para se recuperar o tecido. - - - - - - - - - - - - - - - - Puerpério Rezende Obstetrícia Definição - Período pós-parto que tem início após a dequitação e se estende até o momento em que alguns órgãos já retornaram ao estado pré-gravídico comumente se usa o período de 6 a 8 semanas completas após o parto (alguns autores até 12 semanas). - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Classificação 1. Puerpério imediato: até o término da 2ª hora após o parto; 2. Puerpério mediato ou remoto: do início da 3ª hora até o final do 10º dia após o parto; 3. Puerpério tardio: do início do 11º dia até o retorno das menstruações, ou 6 a 8 semanas nas lactentes. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - *Extra: Modificações 1. Involução Uterina - Imediatamente após dequitação, o útero já começa a involuir, mas com aparência isquêmica pela compressão de vasos sanguíneos intramiometriais e calibrosos pela contração uterina, a fim de prevenir hemorragia pós-parto; - 2ª Semana o útero não é mais palpável no abdome, atingindo dimensões normais entre 6 e 8 semanas peso decresce 1000 g logo após e 60g até o fim; - 3 primeiros dias ocorrem contrações que causam cólicas, intensificando-se com a sucção do RN; - A porção basal da decídua se divide em duas: superficial que descama e profunda que regenera o endométrio até o 16º dia; - Primeiros dias ocorre eliminação de exsudatos e transudatos vermelhos com eritrócitos (lochia rubra), após 4 dias acastanhados com hemoglobina semidegradada (lochia fusca), depois do 10º dia amarelados com leucócitos(lochia flava) e posteriormente esbranquiçada (lochia alba) volume total de loquiação de 200 a 500 ml em 4 semanas; 2. Colo uterino - Amolecido logo após, com pequenas lacerações nas margens do orifício externo, dilatado dilatação regride, colo fica espesso e reconstruído; 3. Tubas uterinas - Pela diminuição de hormônios, ocorre diminuição de células ciliadas e não ciliadas salpingite aguda sem bactérias; 4. Vagina e vulva - Vagina alargada e lisa raramente se iguala ao anterior; - Hímen cicatriza em nódulos carúnculas himenais; - Lacerações resultam em frouxidão da musculatura pélvica; 5. Tremores - 25 a 50% das mulheres com parto vaginal, iniciam-se de 1 a 30 min e tem duração de 2 a 60 minutos; 6. Parede abdominal - Frouxa, mas readquire os tônus, podendo ocorrer diástase do músculo reto; - Pele também fica frouxa; 7. Sangue e plasma - Ascensão de hemoglobina e hematócrito em 15%; - Leucocitose com 25.000 leucócitos/ml; - Plaquetocitose (aumento já nos primeiros dias), linfocitopenia, eosinopenia; 8. Cardiovascular - Diurese escassa 2º dia eliminação da hipervolemia diurese excessiva; - FC e DC elevados até 24 a 48 horas e normais em 10 dias; - Resistência vascular reduzida até 48 horas; 9. Endócrino - Hcg normal em 2 a 4 semanas; - Esteroides sexuais normais em não lactentes de 7 a 9 semanas, e em lactentes com atraso variável pela inibição do GnRh pela prolactina; 10. Perda ponderal - Metade perdido nas primeiras 6 semanas; - Perda imediata de 4,5 a 6 kg; - Restante entre 6 semanas e 6 meses; 11. Alterações ósseas - Diminuição da densidade do osso normalidade entre 12 a 18 meses; 12. Alterações dermatológicas - Manutenção das estrias, desaparecimento do cloasma, queda de cabelos persistente entre 1 e 5 meses após o parto; 13. Urinário - Mucosa vesical edemaciada, maior capacidade, distensão excessiva, esvaziamento incompleto, retenção infecções; 14. Mamas e lactação - Colostro alcalina e amarelado nutritivo presentes nos últimos meses de gravidez ou nos primeiros 2 a 5 dias; - Leite maduro gorduroso e nutritivo pela prolactina em 72 horas descida do leite (apojadura) ingurgitamento mamário; - Lactação só inicia após queda de estrogênio, progesterona e hcg, quando ocorre aumento da alfalactoalbumina estimulando secreção da lactose; - Prolactina é liberada em pulsos quando ocorre sucção, que também inibe dopamina; - Manutenção da ejeção depende da sucção ocitocina contração de células mioepiteliais nos alvéolos; - Galactopoese depende de GH, T4, cortisol e insulina; - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Orientações Hospitalares - Aferição de temperatura, PA, bpm, FC, abdome, mamas, trato urinário, perineal, membros e fundo uterino até o término da 1ª hora; - Queixas de desconforto, cólicas, dor na episiorrafia e cicatriz, ingurgitamento mamário, cefaleia; - Deve ser estimulada dieta geral e deambulação precocemente para evitar complicações urinárias e constipação, trombose venosa e pulmonar risco diminui com 12 semanas; - Cuidados com retenção urinária, podendo ser tratamento não invasivo ou cateterismo vesical; - Doença hemorroidária; - Alojamento conjunto incentivado com amamentação logo nas primeiras horas; - Uso de sutiãs de alças largas e firmes para manter posição de ductos, tratamento de traumas com cremes analgésicos; - Comum mastite em segmentos da mama, com infecção bacteriana por fissuras dos mamilos, sendo tratada com esvaziamento e manutenção da amamentação em casos leves; - Sem exames laboratoriais, vacinação se necessário mãe Rh -, não sensibilizadas e com RN Rh+, devem receber imunoglobulina anti-D até 72 horas; - Alta de normal em 24 horas e de cesárea em 48 horas; - Não lactentes podem receber anticoncepção só de progesterona após 2 a 3 semanas, com combinados após 28 dias; - DIU pode ser inserido imediatamente, mas pode ser expelido, então se aconselha após 6 semanas; - Licença maternidade de 120 dias e paternidade de 5 dias; Domiciliares - Disfunção sexual, desinteresse, diminuição da libido volta após 6 semanas da atividade sexual; - Atrofia do epitélio vaginal e diminuição da lubrificação em mulheres que amamentam exclusivamente ou que usam anticoncepcionais só de progesterona melhora com lubrificantes ou cremes de estrógeno; - Predisposição de tireoidite: detecção de anticorpos antitireoglobulina, antecedente de doença tireoidiana, DM e outras doenças autoimunes; - Retorno ambulatorial entre 7 e 10 dias após o parto com avaliação da episiorrafia, infecções e hematomas; pontos de cesáreas retirados. - - - - - - - - - - - - - - - - Depressão pós-parto Depressão pós-parto, psicose pós-parto e tristeza materna. Rev. Ped. Moderna. 20051 Depressão pós-parto. Site MS2 Obstetrícia Zugaib3 Obstetrícia Williams4 Definição - 1 Quadro clínico severo e agudo que se considera o uso de medicação devido à gravidade dos sintomas; - Atinge de 10 a 20% das mulheres, podendo começar na primeira semana após o parto e perdurar até dois anos; - 3 Incidência no primeiro ano de 17% em adultas e 26% em adolescentes; - 2 Se distingue da Tristeza Materna (baby blues) pela gravidade do quadro e o que ele tem de incapacitante, afetando funcionalidade da mãe e pondo em perigo seu bem-estar e do bebê acomete 80% das mulheres, geralmente a partir da primeira semana depois do parto, benigno; - DPP é fator de risco para saúde mental do bebê; - Freud: ódio da mãe pelo filho: tabu cultural: o sendo comum tende a esconder a real natureza da tarefa de vir a ser mãe; - Transformação do ciclo gravídico-puerperal em três momentos: 1. Transformação da filha em mãe; 2. Transformação da autoimagem corporal; 3. Relação entre sexualidade e maternidade; - 3 Diagnóstico com apresentação de sintomas na maior parte do dia, todos os dias, durante pelo menos 2 semanas, distinguindo-se dos sintomas normais pós- parto (perda de peso, alteração de sono, menor disposição). - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Fatores de risco - 1 Sintomas depressivos durante ou antes da gestação; - Histórico de transtornos afetivos; - TPM; - Problemas de fertilidade; - Dificuldades na gestação; - Cesariana; - Primigestas; - Vítimas de carência social; - Solteiras; - Luto por pessoas ou filhos anteriores; - Bebê com anomalias; - Desarmonia conjugal; - 4 Menor escolaridade e baixo nível socioeconômico; - Tentativa de interromper a gravidez; - Abortamento prévio; - Diabetes gestacional; - Não amamentação. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Sintomas - 3 Os sintomas aparecem na terceira ou quarta semana de puerpério, com intensidade máxima em 6 meses; - 1 Irritabilidade; - Mudanças bruscas de humor; - Indisposição; - Doenças psicossomáticas; - Tristeza profunda; - Desinteresse pelo bebê e por tudo; - Sensação de incapacidade de cuidar do bebê; - Pensamentos suicidas; - Pensamentos homicidas; - 2 Choro frequente; - Desinteresse sexual; - Transtornos alimentares. -- - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Causas - 1 O próprio ciclo gravídico-puerperal já é considerado um período de risco para o psiquismo; - 2 Privação de sono; - Isolamento; - Alimentação inadequada; - Sedentarismo; - Falta de apoio do parceiro; - Falta de apoio da família; - Depressão, ansiedade, estresse ou transtornos; - Vício em crack, álcool ou outras drogas; - Em homens, pode surgir pela preocupação em educar um recém-nascido; - 3 Baixos níveis de esteroides ovarianos no puerpério, após um longo período de elevadas taxas na gestação diminui atividade serotoninérgicacentral vulnerabilidade maior ao desenvolvimento de transtornos de humor. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Consequências - 2 Amamenta pouco; - Não cumpre o calendário vacinal; - Bebê com baixo peso e transtornos psicomotores; - Mãe não se interessa pela criança; - Transtornos de linguagem; - Suicídio; - 3 Infanticídio é raro e está ligado à psicóticas e com antecedentes de internação psiquiátrica. - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Vínculo mãe-filho - 2 Vínculo negativo, podendo causar problemas familiares, muitos irreversíveis; - - - - - - - - - - - - - - - - Partograma Parto, Aborto e Puerpério Assistência Humanizada à Mulher. FEBRASGO. 2001.1 Histórico - Friedman (1954): padrão de dilatação cervical; - Hendricks (1969): fase ativa: dilatação, pequena variação, não há desaceleração; - Philpott (1972): identificação de desvios da normalidade, intervenção precoce e partograma. -- - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Definição - Representação gráfica do trabalho de parto; - Visa acompanhar sua evolução, documentar, diagnosticar alterações e indicar a tomada de condutas apropriadas para a correção destes desvios, ajudando ainda a evitar intervenções desnecessárias; -- - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Preenchimento - Identificação e idade; - Começar a preencher quando estiver com, no mínimo 3 cm de dilatação e 2 contrações efetivas a cada 10 minutos; - Sempre registrar em examinador quem está realizando o exame a cada vez; - Cada quadradinho representa 1 hora; - Realizar toque a cada 2 horas; - Hora real é a hora do dia: 16, 17, 18...; - Hora de registro é após o início do trabalho de parto: 1, 2, 3...; Relembrando: 1. Fase latente (contrações eficazes, mas sem dilatação significativa de 0,35 cm/h, dura 8 horas) 2. Fase ativa (inicia com 4 cm, dura 6 horas e 1,2 cm/h nas primíparas e 3 horas e 1,5 cm/h nas multíparas). 2.1 Aceleração (curva se eleva); 2.2 Aceleração máxima (passa de 2-3 para 8-9 cm); 2.3 Desaceleração (precede dilatação completa); - Possui linha de alerta: representa uma observação maior, mas nada brusco/ e a linha de ação após 4 horas: intervenção, mas não necessariamente cesárea só serve para a dilatação; - Começar a preencher a partir da linha de alerta, pois antes representa a fase latente; = dilatação uterina; - Começar preenchendo pela esquerda segundo a medida de dilatação do colo uterino em centímetros; = altura do polo cefálico - A altura possui variações da bolinha de acordo com a posição cefálica: mais comum a apresentação cefálica esquerda anterior; - A altura é preenchida segundo o Plano de De Lee A ou segundo o Plano de Hodge B fixados à direita; A B - Auscultar com sonar doppler os batimentos cardíacos fetais (FCF) a cada 30 minutos ou 1 hora com ponto padrão entre 110 e 160 batimentos por minuto; - Preencher as contrações a cada 1 hora com: = contrações efetivas; = contração entre 20 e 39 segundos; = contração entre 1 e 19 segundos; - A quantidade de retângulos representando o número de contrações e o preenchimento a efetividade x contrações/10 min; - Preencher se a bolsa está íntegra (I) ou Rota (R); - Se realizou amniotomia, registrar com AT, e RA se houve ruptura acidental; - Se estiver rota, preencher se o líquido amniótico (LA) está claro (LC) ou meconial (LM); C c/ GRS: claro com grumos sanguinolentos. C s/ GR: claro sem grumos. - Registrar se foi necessário ocitocina, medicamentos ou anestesias; - Registrar observações de necessário -- - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Interpretação - Ocorrem distócias diagnosticadas pelo partograma, a partir de linhas de ação: Período de Dilatação 1. Fase ativa prolongada: dilatação lenta, menor que 1cm/hora. A curva da dilatação ultrapassa a linha de alerta e, às vezes, a linha de ação X decorre de contrações uterinas não eficientes uso monitorado de ocitocina; 2. Parada Secundária dilatação: diagnosticada por dois toques com intervalo de 2 horas com dilatação igual, ultrapassando a linha de alerta e, por vezes, a de ação associado à sofrimento fetal; 3. Parto precipitado: dilatação e descida ocorrem em 4 horas ou menos contratilidade taquissistólica que pode levar à sofrimento fetal ou lacerações; Período Pélvico 1. Período Pélvico Prolongado: descida progressiva, porém lenta com dilatação já completa contratilidade deficiente; 2. Parada secundária descida: diagnosticada por dois toques sucessivos com dilatação completa e descida igual por pelo menos 1 hora; --- - - - - - - - - - - - - - -
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