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Resumo do terceiro capítulo de Pedagogia da autonomia - Paulo Freire

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Resumo do terceiro capítulo de “Pedagogia da autonomia”:
Ensinar é uma especificidade humana
1. Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade
· O profissional que não leva sua formação a sério, que não estuda, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades. Isto não significa, porém, que a opção e a prática democrática sejam determinadas por sua competência científica. O que quero dizer é que a incompetência profissional desqualifica sua autoridade.
· Outra qualidade indispensável à autoridade em suas relações com as liberdades é a generosidade. Não há nada mais que inferiorize mais a tarefa formadora da autoridade do que a mesquinhez com que se comporte. A arrogância que nega a generosidade nega também a humildade. O clima de respeito que nasce em relações justas, sérias, humildes, generosas, em que a autoridade docente e as liberdades dos alunos se assumem eticamente, autêntica o caráter formados do espaço pedagógico.
· A autoridade docente mandonista, rígida, não conta com nenhuma criatividade do educando. A autoridade coerentemente democrática jamais minimiza a liberdade. Pelo contrário, aposta nela. Empenha-se em desafiá-la. A autoridade coerentemente democrática está convicta de que a disciplina verdadeira não existe na estagnação, no silêncio dos silenciados, mas no alvoroço dos inquietos, na dúvida que instiga. A autoridade coerentemente democrática reconhece que não se vive a eticidade sem liberdade e não se tem liberdade sem risco. Mas, por outro lado a autoridade coerentemente democrática jamais se omite. Se recusa, de um lado, silenciar a liberdade dos educandos, rejeita, de outro, sua supressão do processo de construção de boa disciplina
· É com a autonomia que a liberdade vai preenchendo o espaço antes habitado por sua dependência. O papel da autoridade democrática não é marcar lições de vida para as liberdades, mas, mesmo quando tem um conteúdo programático a propor, deixar claro que o fundamental no aprendizado do conteúdo é a construção da responsabilidade da liberdade que se assume
· No fundo, o essencial nas relações entre educador e educando, entre autoridade e liberdades, entre pais, mães e filhos é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia
· O saber da impossibilidade de desunir o ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos. De separar prática de teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, respeito ao professor de respeito aos alunos, ensinar de aprender
· O respeito que devemos como professores aos educandos dificilmente se cumpre, se não somos tratados com dignidade e decência pela administração privada ou pública da educação
2. Ensinar exige comprometimento
· Não é possível exercer a atividade do magistério como se nada ocorresse com o docente. Não é possível ser professor sem se colocar diante dos alunos, sem revelar a sua maneira de ser, de seu pensamento político.
· Saber que não pode passar despercebido pelos alunos, e que a maneira como percebem o docente o ajuda ou desajuda no cumprimento de sua tarefa como professor, aumenta nele os cuidados com seu desempenho. Deve estar atento à leitura que fazem de suas atividades com ele. 
· O espaço pedagógico é um texto para ser constantemente lido, interpretado, escrito e reescrito. Nesse sentido, quanto mais solidariedade exista entre o educador e educandos no trato deste espaço, tanto mais possibilidades de aprendizagem democrática se abrem no ensino
· Nunca o professor progressista precisou estar tão advertido quanto hoje em face da esperteza com que a ideologia dominante insinua a neutralidade da educação. Desse ponto de vista, que é reacionário, o espaço pedagógico, neutro por excelência, é aquele em que se treinam os alunos para práticas apolíticas
· Enquanto presença o professor não pode ser uma omissão, mas um sujeito de opções. Deve revelar aos alunos sua capacidade de analisar, comparar, a avaliar, de decidir, de optar, de romper. Sua capacidade de fazer justiça, de não falhar à verdade. Ético deve ser seu testemunho
3. Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo
· Outro saber é que, como a experiência especificamente humana, a educação é uma forma de intervenção no mundo.
· Neutra. A reprodução da ideóloga dominante ou de sua contestação, a educação jamais foi, é, ou pode ser. É um erro decretá-la como tarefa apenas reprodutora da ideologia dominante. É um erro tomá-la como uma força de desocultação da realidade, a atuar livremente, sem obstáculos e duras dificuldades. Erros que implicam diretamente em visões defeituosas da História e da consciência
· Não somos seres simplesmente determinados nem tampouco livres de condicionamentos genéticos, culturais, sociais, históricos, de classe, de gênero, que nos marcam e a que nos achamos referidos
· Do ponto de vista dos interesses dominantes, não há dúvida de que a educação deve ser uma prática imobilizadora e ocultadora de verdades.
· É uma imoralidade como se vem fazendo aos interesses radicalmente humanos, os de mercado. Interesses superiores aos de puros grupos ou de classes de gente. Nada justifica a minimização dos seres humanos, no caso das maiorias compostas de minorias que não perceberam ainda que juntas seriam a maioria
· Ao reconhecer que nós fizemos seres éticos e se abriu para nós a probabilidade de transgredir a ética, jamais poderíamos aceitar a transgressão como direito, mas como uma possibilidade. Possibilidade contra que devemos lutas e não diante da qual cruzar os braços.
· O operário precisa inventar, a partir do próprio trabalho, a sua cidadania que não se constrói apenas com sua eficácia técnica, mas também com sua luta política em favor da recriação da sociedade injusta, a ceder seu lugar a outra menos injusta e mais humana
· Assim como o professor não o pode ser sem se achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de sua disciplina, não pode, por outro lado, reduzir sua prática docente ao puro ensino de seus conteúdos. Tão importante quanto o ensino dos conteúdos é sua coerência entre o que diz, o que escreve e o que faz.
· É importante que os alunos percebam o esforço que faz o professor procurando sua coerência. É preciso também que este esforço seja de vez em quando discutido na classe
4. Ensinar exige liberdade e autoridade
· Há autoritarismo onde só houve o exercício legítimo da autoridade. Seria licencioso caso houvesses a permissão que a indisciplina de uma liberdade mal centrada desequilibrasse o contexto pedagógico, prejudicando assim o seu funcionamento.
· A liberdade sem limite é tão negada quanto a liberdade asfixiada.
· A liberdade amadurece no confronto com outras liberdades, na defesa de seus direitos em face a autoridade dos pais, do professor, do estado. Não é possível aprender a ser você mesmo se nunca fizer decisões. Por esse motivo é que a decisão é um processo responsável
· A autonomia vai se constituindo na experiência de várias decisões que são tomadas. A autonomia, enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir a ser.
5. Ensinar exige tomada consciente de decisões
· Quando se fala em educação como intervenção é referido tanto a que aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, à terra, à educação, à saúde, quanto à que, pelo contrário, reaccionariamente pretende imobilizar a História e manter a ordem injusta
· Estas formas de intervenção, com ênfase mais num aspecto do que no outro, nos dividem em nossas opções em relação a cuja pureza nem sempre somos leais.
· É impossível a neutralidade da educação. E é impossível, não porque é obra deste ou daquele educador baderneiro, mas é na medida mesmo em que a educação é deturpada e diminuída pela ação destes que ela, deixando de ser verdadeira educação, possa a ser política, sem valor
· O ser humano se faz um ser ético, um ser de opção, de decisão. Um ser ligado a interesses e em relação aos quais tanto podemanter-se fiel à eticidade quanto pode transgredi-la. É exatamente porque nos tornamos éticos que se crio para nós a probabilidade de violar a ética
· Para que a educação não fosse uma forma política de intervenção no mundo era indispensável que o mundo em que ela se desse não fosse humano
· “Lavar as mãos” em face da opressão é reforçar o poder do opressor, é optar por ele. Como é possível ser neutro diante da situação, não importa qual ela seja, em que o corpo das mulheres e homens viram puro objeto de espoliação e descaso?
6. Ensinar exige saber escutar
· Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele, mesmo que. Em certas condições, precise de falar a ele. O que jamais faz quem aprende a escutar para poder falar com é falar impositivamente. O educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o seu discurso ao aluno, em uma fala com ele.
· A insistência com que, em nome da democracia, da liberdade e da eficácia, se vem asfixiando a própria liberdade e, por extensão da criatividade e o gosto da aventura do espírito. A liberdade de mover-nos, de arriscar-nos vem sendo submetida a uma certa padronização de fórmulas de maneiras de ser, em relação às quais somos avaliados. É claro que já não se trata da asfixia realizada pelo rei despótico sobre seus súditos, mas pelo poder invisível da domesticação alienante que alcança a eficiência da “burocratização da mente”. É um estado refinado de estranheza, de “auto demissão” da mente, do corpo consciente, do conformismo do indivíduo, da acomodação diante de situações consideradas fatalistamente como imutáveis. É a posição de quem encara os fatos como algo consumado, vive a história como determinismo e não como possibilidade. Não há nesta maneira mecanicista lugar para decisão humana.
· O primeiro sinal de que o sujeito que fala sabe escutar é a demonstração de sua capacidade de controlar não só a necessidade de dizer a sua palavra, que é um direito de expressá-la, mas saber não ser o único a ter o que dizer.
· É preciso que quem tenha o que dizer saiba, que, sem escutar o que quem escuta tem igualmente a dizer, termina por esgotar a sua capacidade de dizer por muito ter dito sem nada ou quase nada ter escutado
· O papel do professor não é apenas o de se esforçar para, com clareza máxima, descrever a substantividade do conteúdo para que o aluno fixe. Seu papel fundamental, ao falar com clareza sobre o objeto, é iniciar o aluno a fim de que ele, com as matérias q esse oferece, produza com compreensão 
· Ensinar não é transferir a inteligência do objeto ao educando, mas instigá-lo no sentido de que, como sujeito cognoscente, se torne capaz de inteligir e comunicar o inteligido
· Se a estrutura de um indivíduo com um pensamento ser a única certa, este não pode escutar quem pensa e elabora seu discurso de outra maneira que não a dele
· Respeitar a leitura de mundo do educando não é também um jogo com que o educador procura tornar-se simpático ao educando. É a maneira correte que tem o educador de, com o educando e não sobre ele, tentar a superação de uma maneira mais ingênua por outra mais crítica de inteligir o mundo. Respeitar a leitura de mundo do educando significa tomá-la como ponto de partida para a compreensão do papel da curiosidade, como um dos impulsos fundantes da produção do conhecimento.
· No fundo, o educador que respeita a leitura de mundo do educando, reconhece na historicidade do saber, o caráter histórico da curiosidade, desta forma, recusando a ignorância cientificista, assume a humildade crítica. Respeitando a leitura de mundo, o educador fala, assim, deposita seus comunicados.
· É imprescindível que a instituição instigue a curiosidade do educando em vez de amaciá-la ou domesticá-la. É preciso, por outro lado, que o educando vá assumindo o papel de sujeito da produção de sua inteligência do mundo e não apenas o de recebedor da que lhe seja transferida pelo professor.
7. Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica 
· A ideologia tem que ver diretamente com a ocultação da verdade dos fatos, com uso da linguagem para penumbrar ou opacar a realidade ao mesmo tempo em que nos torna “míopes”
· Uma das eficácias da ideologia fatalista é convencer prejudicados das economias submetidas de que a realidade é assim mesmo, de que não há nada a fazer, mas sim seguir a ordem natural dos fatos
· O discurso da globalização que fala de ética esconde, porém, que a sua é a ética do mercado e não a ética universal do ser humano, pela qual devemos lutar bravamente se optarmos, na verdade, por um mundo de gente. Tal discurso oculta ou nela busca penumbrar a reedição intensificada ao máximo. O sistema capitalista alcança mp neoliberalismo globalizante o máximo de eficácia de sua malvadez intrínseca
· Necessária e urgente se fazem a união e a rebelião das gentes contra ameaça que nos atinge, a dos à “fereza” as éticas do mercado.
· A liberdade do comércio não pode acima da liberdade do ser humano. Se, de um lado, não pode haver desenvolvimento sem lucro este não pode ser, por outro, o objetivo do desenvolvimento, de que fim último seria gozo imoral do investidor
· O caminho autoritário já é em si uma contravenção à natureza inquietamente indagadora, buscadora, de homens e mulheres que se perdem a liberdade
· O discurso ideológico nos ameaça de anestesiar a mente, de confundir, das coisas, dos acontecimentos.
8. Ensinar exige disponibilidade para diálogo
· É no respeito das diferenças entre mim e eles, na coerência entre o que faço e o que digo, que me encontro com estes
· Segurança se alicerça no saber confirmado pela própria existência de que, se minha inconclusão, de que sou consciente, atesta, de um lado, minha ignorância, me abre, de outro, o caminho para conhecer
· Como ensinar, como formar sem estrar aberto ao contorno geográfico, social dos educandos?
· O mundo encurta, o tempo se dilui: o ontem vira agora, o amanhã já está feito. Tudo muito rápido. Debater o que se diz e o que se mostra na televisão parece algo cada vez mais importante
· Toda comunicação é comunicação de algo, feita de certa maneira em favor ou na defesa, sutil ou explícita, de algum ideal contra alguém, nem sempre claramente referido
9. Ensinar exige querer bem aos educandos
· É preciso que, permanecendo e amorosamente cumprindo o seu dever, não deixe de lutar politicamente, por seus direitos e pelo respeito à dignidade de sua tarefa
· É porque lidamos com gente, não podemos, por mais que nos dê prazer nos entregar à reflexão teórica e crítica, recusar a atenção dedicada e amorosa à problemática mais pessoal deste ou daquele

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