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SOCIOLOGIA PRÉ-VESTIBULAR 79PROENEM.COM.BR KARL MARX04 AS CLASSES SOCIAIS Um dos sociólogos mais importantes que se preocuparam em estudar as sociedades de classes foi o alemão Karl Marx, que ao longo do século XIX observou as revoluções burguesas com maestria e criou uma complexa teoria para explicar todo o processo que foi alterado. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/a/a2/Marx_old.jpg Marx observa a sociedade capitalista em evolução no século XIX e critica o ideário de igualdade promulgado por setores com maior poder econômico, em sua obra busca demonstrar como a sociedade capitalista não possibilita real condição de melhora para determinados setores da sociedade. O autor alemão realiza uma divisão em duas classes sociais existentes naquele contexto histórico: aqueles que detêm controle dos meios de produção (burguesia) e aqueles que vendem sua força de trabalho em troca de uma remuneração (proletariado). Assim então,Marx inicia o desenvolvimento do seu conceito de “luta de classes”, já que a burguesia vai constantemente se apropriar do trabalho do proletariado, pagando uma remuneração que não é condizente com a riqueza produzida. A “luta de classes” para Karl Marx é um dos motores da história já que altera a realidade social desde sempre. As classes sociais estabelecem entre si uma relação de antagonismo, de oposição de interesses e visões de mundo que se mostram inconciliáveis. Esse antagonismo promove um confronto entre as classes que estabelece as condições para uma mudança drástica nas condições da produção da vida material. O MATERIALISMO HISTÓRICO No contexto temporal abordado pelo autor, deve-se observar que a divisão das classes se dá pela posição que cada indivíduo ocupa no processo de produção. Essa visão da história é chamada de “Materialismo Histórico”, na qual as relações materiais são o fator determinante para a ocorrência de modificações no contexto social. Para Marx, as relações econômicas e de produção são chamadas de infraestrutura da sociedade, já que determinam as demais variáveis da sociedade, como cultura, política, religião ou o estado, as demais variáveis são chamadas de superestrutura. Sendo assim, observamos que para Karl Marx as relações econômicas (infraestrutura) determinam todas as outras possibilidades e aspectos da vida em sociedade. Marx é muito famoso por suas ideias referentes ao Socialismo e ao Comunismo, no entanto, para entendermos a teoria Marxista devemos buscar a compreensão acerca das condições da classe operária no século XIX. Marx está buscando demonstrar de forma clara as variadas formas de dominação aplicadas por setores privilegiados. O Marxismo evolui como um formato de análise da realidade social, sempre utilizando a “luta de classes” como fator relevante para as contradições presentes na sociedade. A perspectiva materialista, expressa por Marx, por exemplo, entende que o indivíduo só tem valor quando está inserido, quando é visto como parte orgânica de uma sociedade, quando é útil para a manutenção de uma ordem capitalista de busca pelo lucro; a partir do seu trabalho, ele, então, faz parte de algo maior. A Sociologia, para Marx, tem como pretensões a transformação e produção de indivíduos conscientes, críticos acerca do seu poder de atuação, de contestação e participação na sociedade. Assim, como sujeitos da própria história e atuantes na vida política, na relação com os demais, pretende-se construir uma sociedade organizada, plena e, principalmente, a partir de indivíduos sãos em seus processos de ser e estar no mundo. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/86/Communist-manifesto.png A perspectiva marxista da Sociologia e do lugar do indivíduo é a de que ela tem função à medida que é útil a essa sociedade, através do seu trabalho. Dessa perspectiva materialista trataremos mais tarde. É preciso entender que estamos todos inseridos dentro de uma dada lógica, nesse caso capitalista, e que, por esse motivo, estamos relacionados por aspectos, como quantidade de bens acumulados, semelhantes pensamentos e ideias. Também esses mesmos elementos nos separam uns dos outros enquanto grupos e, inseridos na lógica do capital, são chamados de classes. O surgimento da própria Sociologia se dá nesse momento, contexto pós-Revolução Industrial, quando Marx repensa a posição de indivíduo e de coletivo e, por esse motivo, a disciplina surge na tentativa de encontrar respostas para tais problemas sociais. FALA DO AUTOR “Uma vez desaparecidos os antagonismos de classe no curso do desenvolvimento, e sendo concentrada toda a produção propriamente falando nas mãos dos indivíduos associados, o poder público perderá seu caráter político. O poder político é o poder organizado de uma classe para a opressão de outra. Se o proletariado, em sua luta contra a burguesia, se constitui forçosamente em classe, se converte por uma revolução em classe dominante e, como classe dominante, destrói violentamente as R ep ro du çã o pr oi bi da A rt. 1 84 d o C P. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR80 SOCIOLOGIA 04 KARL MARX antigas relações de produção, destrói juntamente com essas relações de produção, as condições dos antagonismos entre as classes e as classes em geral e, com isso, sua própria dominação como classe. Em lugar da antiga sociedade burguesa, com suas classes e antagonismos de classes, surge uma associação onde o livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre desenvolvimento de todos.” (Karl Marx - Manifesto do Partido Comunista) PROTREINO EXERCÍCIOS 01. Defina classes sociais para Karl Marx. 02. Qual o principal papel da luta de classes na visão de Marx? 03. Aponte as principais características do chamado Materialismo Histórico. 04. Diferencie os conceitos de infraestrutura e de superestrutura na teoria marxista. 05. Fale sobre a principal função da Sociologia na perspectiva de Marx. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (UFU) Temos um trabalhador numa determinada indústria. Suponhamos que ele conheça o dono da pequena indústria em que trabalha e que tenha até uma boa amizade com ele. Em determinado momento, porém, acontece uma greve. Apesar da amizade entre o trabalhador e seu patrão, provavelmente durante a greve ambos estarão colocados em lados opostos. TOMAZI, Nelson. Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 1993. p. 13-14. Este exemplo, tomado para introduzir uma reflexão sobre conceitos elaborados por Marx, em sua crítica à sociedade capitalista, remete, claramente, à noção de “classes sociais”, entendida no marxismo como a) grupos de indivíduos que compartilham os mesmos motivos para realizarem ações sociais. b) grupos de indivíduos que agem de forma semelhante em face de um mesmo fato social. c) grupos de indivíduos que possuem a mesma crença com relação aos valores que precedem suas ações. d) grupos de indivíduos que ocupam uma mesma posição nas relações sociais de produção. 02. (UNICENTRO) De acordo com as análises de Karl Marx, a divisão social do trabalho revela duas classes que se contrapõem. Na produção capitalista, as duas classes antagônicas são as indicadas em a) senhor e escravo. b) clero e burguesia. c) servos e senhores. d) nobreza e burguesia. e) burguesia e proletariado. 03. (UNISC 2013) Karl Marx se notabilizou como o cientista social que fundou as bases epistemológicas do Materialismo Histórico a partir das categorias Capital e Trabalho e do método dialético. Segundo o pensador, a história da humanidade se desenvolve a partir da tensão entre essas duas categorias e todas as formas históricas de sociedade, a partir do comunismo primitivo, expressam em si mesmas uma organização específica do trabalho com vistas à produção de bens e acúmulo de riquezas. Nesse sentido, o capitalismo seria uma das formas sociais que se caracteriza pela organização da produção a partir da relação entre capital e trabalho, de tal modo que os donos dos meios de produção (a burguesia) exploramo trabalho objetivando a obtenção do lucro. A categoria econômica que denota o lucro obtido a partir desse processo de exploração do trabalho é denominada por Karl Marx de a) expropriação. b) exploração. c) capitalismo. d) mais-valia. e) comunismo. 04. (ENEM) Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade — fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social. MARX, K. “Prefácio à Crítica da economia política.” In: MARX, K.; ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado). Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia. b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material. c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano. d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico. e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe. 05. (UNIOESTE 2016) “I. Burgueses e proletários. A história de todas as sociedades até hoje existente é a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, mestre de corporação e companheiro, em resumo, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das classes em conflito”. (MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010, p. 40) Assinale a alternativa CORRETA: para Karl Marx (1818-1883) como se originam as classes sociais? a) As classes sociais se originam da divisão entre governantes e governados. b) As classes sociais se originam da divisão entre os sexos. c) As classes sociais se originam da divisão entre as gerações. d) As classes sociais se originam da divisão do trabalho. e) As classes sociais se originam da divisão das riquezas. 06. (UFU 2000) De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se explica a) pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de cada um no desempenho de seu trabalho. b) pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e não proprietários dos meios de produção. c) pelas diferenças de inteligência e habilidades inatas dos indivíduos, determinadas biologicamente. d) pela apropriação das condições de trabalho pelos homens mais capazes em contextos históricos, marcados pela igualdade de oportunidades. R ep ro du çã o pr oi bi da A rt. 1 84 d o C P. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 04 KARL MARX 81 SOCIOLOGIA 07. (UFU) E se, em toda ideologia, os homens e suas relações aparecem invertidos como numa câmara escura, tal fenômeno decorre de seu processo histórico de vida, do mesmo modo porque a inversão dos objetos na retina decorre de seu processo de vida diretamente físico. MARX, Karl, A ideologia alemã. São Paulo: Hucitec, 1987. p. 37. Com essa famosa metáfora, Marx realiza a defi nição de ideologia como inversão da realidade, da qual decorre para ele a) a alienação da classe trabalhadora. b) a consciência de classe dos trabalhadores. c) a existência de condições para a práxis revolucionária. d) a defi nição de classes sociais. 08. Karl Marx viveu entre 1818 e 1873. Muitos dos seus escritos e conceitos nos servem para compreendermos o funcionamento do sistema capitalista de produção. A partir de sua abordagem, assinale a alternativa que apresenta, de forma correta, a explicação do conceito de “mais-valia”. a) É a consciência de classe do proletariado, que serve como modelo simbólico a partir do qual pode existir a revolução. b) É o resultado da luta de classes. Corresponde ao modelo econômico de transição para o comunismo. c) É o elemento oposto à ideologia, servindo como forma de desalienação do proletariado. d) É a mercadoria no seu valor de uso. e) É o excedente da produção do trabalhador, que popularmente é chamado de lucro. Esse excedente pertence ao burguês capitalista. 09. (UEMA 2014) A história da cultura brasileira é pontuada pelo “jeitinho brasileiro” e pela cordialidade, frutos da colonização portuguesa. Sérgio Buarque sugere que nossa cultura tem algumas singularidades, tais como: aversão à impessoalidade, forte simpatia e rejeição ao formalismo nas relações sociais. Tais singularidades se refletem no ordenamento da sociedade expresso no fragmento da música Minha história de João do Vale e Raimundo Evangelista, que trata da educação como base da estratifi cação social na sociedade burguesa. E quando era noitinha, a meninada ia brincar. Vige como eu tinha inveja de ver Zezinho contar: “o professor ralhou comigo, porque eu não quis estudar” (bis) Hoje todos são doutor, E eu continuo um João Ninguém Mas, quem nasce pra pataca nunca pode ser vintém. Ver meus amigos doutor basta pra mim sentir bem (bis)... João do vale; Chico Evangelista. “Minha história”. In: álbum, João do Vale. Rio de Janeiro: Sony, 1981. Conforme a contribuição de Karl Marx sobre a análise da sociedade capitalista, os conceitos sociológicos expressos nessa música são a) superestrutura, anomia social, racionalidade, alienação. b) ação social, infraestrutura, solidariedade orgânica, coesão social. c) divisão do trabalho, mais-valia, solidariedade mecânica, burocracia. d) sansão social, relações de produção, organicismo, forças produtivas. e) ideologia, classe social, desigualdade social, relações sociais de trabalho. 10. (UEG 2011) Algumas pessoas conseguem mais do que outras nas sociedades – mais dinheiro, mais prestígio, mais poder, mais vida, e tudo aquilo que os homens valorizam. Tais desigualdades criam divisões na sociedade – divisões com respeito a idade, sexo, riqueza, poder e outros recursos. Aqueles no topo dessas divisões querem manter sua vantagem e seu privilégio; aqueles no nível inferior querem mais e devem viver em um estado constante de raiva e frustração [...]. Assim, a desigualdade é uma máquina que produz tensão nas sociedades humanas. É a fonte de energia por trás dos movimentos sociais, protestos, tumultos e revoluções. As sociedades podem, por um período de tempo, abafar essas forças separatistas, mas, se as severas desigualdades persistem, a tensão e o conflito pontuarão e, às vezes, dominarão a vida social. TURNER, Jonathan H. Sociologia: Conceitos e aplicações. São Paulo: Pearson, 2000. p. 111. (Adaptado). A observação da fi gura e a leitura do texto permitem inferir: a) no plano social, a igualdade humana está explícita em dois setores bem defi nidos: na Justiça, segundo a qual todos são iguais perante a lei, e na educação, em que todos devem ter oportunidades iguais; essas práticas são vivenciadas pela sociedade brasileira. b) segundo Karl Marx, aqueles que possuem ou controlam os meios de produção têm poder, sendo capazes de manipular os símbolos culturais através da criação de ideologias que justifi quem seu poder e seus privilégios. c) a estratifi cação de classes existe quando renda, poder e prestígio são dados igualmente aos membros de uma sociedade, gerando, portanto, grupos culturais, comportamentais e organizacionais semelhantes. d) a estratifi cação, na visão de Karl Marx, mostra que a luta de classes não se polariza entre o ter e o não ter e envolve mais do que a ordem econômica 11. (UNICENTRO 2010) Para Karl Marx o conceito de Classes Sociais se desenvolve com a formação da sociedade capitalista. Dessa forma, é correto afi rmar que a) as classes sociais formadas no capitalismo estabelecem intransponíveisdesigualdades entre os homens, relações de exploração e antagonismo. b) para Marx, a história humana é a história passiva da luta de classes e da aceitação do antagonismo entre burgueses e proletários. c) as classes sociais são independentes entre si de tal forma que a diferenças entre elas não são sentidas pelos indivíduos de uma sociedade. d) o capitalista divide com a classe de trabalhadores a mais-valia produzida por seu trabalho sem que haja a exploração de mão de obra. e) as classes sociais não são opostas entre si, mais sim complementares e interdependentes. R ep ro du çã o pr oi bi da A rt. 1 84 d o C P. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR82 SOCIOLOGIA 04 KARL MARX 12. (UNIOESTE 2014) A teoria do Materialismo Histórico, desenvolvida por Karl Marx, engloba um conjunto de conceitos que perpassam um novo entendimento do sistema capitalista, das classes sociais e do Estado. Sobre os principais conceitos que compõem a teoria do Materialismo Histórico, é CORRETO afi rmar que a) não há na teoria do Materialismo Histórico uma preocupação sobre o processo de circulação de mercadorias no capitalismo. b) no processo de formação do capital, o prejuízo nasce no momento no qual o produtor fabrica sua mercadoria. c) Marx defi ne a mais-valia como o excedente do valor produzido pelo empresário que é apropriado pelo trabalhador. d) segundo Marx, as mercadorias nada mais são do que a materialização do trabalho que foi pago ao empregado. e) o empresário, ao pagar o salário aos trabalhadores, nunca paga a esses o que eles realmente produziram. 13. (Enem 2ª aplicação 2016) Texto I Cidadão Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição Eram quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar Hoje depois dele pronto Olho pra cima e fi co tonto Mas me vem um cidadão E me diz desconfi ado “Tu tá aí admirado Ou tá querendo roubar?” Meu domingo tá perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer. BARBOSA, L. In: ZÉ RAMALHO. 20 Super Sucessos. Rio de Janeiro: Sony Music, 1999 (fragmento). Texto II O trabalhador fi ca mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua produção cresce em força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria ainda mais barata à medida que cria mais bens. Esse fato simplesmente subentende que o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, agora se lhe opõe como um ser estranho, como uma força independente do produtor. MARX, K. Manuscritos econômicos-fi losófi cos (Primeiro manuscrito). São Paulo: Boitempo Editorial, 2004 (adaptado). Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo de produção capitalista é a) baseada na desvalorização do trabalho especializado e no aumento da demanda social por novos postos de emprego. b) fundada no crescimento proporcional entre o número de trabalhadores e o aumento da produção de bens e serviços. c) estruturada na distribuição equânime de renda e no declínio do capitalismo industrial e tecnocrata. d) instaurada a partir do fortalecimento da luta de classes e da criação da economia solidária. e) derivada do aumento da riqueza e da ampliação da exploração do trabalhador. 14. O estudo da religião é uma atividade desafi adora, que impõe demandas muito especiais à imaginação sociológica. Ao analisar práticas religiosas, temos que compreender as muitas crenças e rituais diferentes encontrados nas diversas culturas humanas. GIDDENS, A. Sociologia. 6ª edição. Porto Alegre: Penso, 2012, p. 483. A abordagem sociológica acerca do fenômeno da religião é bastante variada. Karl Marx, ao analisar a função da religião na sociedade capitalista, faz uma interpretação bem diferente daquele de Durkheim e de Weber. Que abordagem é essa adotada por Marx? a) Marx relaciona a religião com a alienação e a ideologia. Segundo ele, a religião conforma os homens no regime de dominação no qual eles vivem, destituindo-os da sua capacidade de transformação da realidade e justifi cando desigualdades e injustiças em nome de deuses que são, na verdade, fruto da criação humana. b) Marx faz uma abordagem otimista acerca da religião. Segundo ele, todas as religiões, em um sistema capitalista mundial, tendem a se sincretizar em um único modelo religioso de valorização do homem enquanto ser fundamental. c) Marx considera a religião como elemento fundante do capitalismo moderno. Para ele, a religião oferece a base sobre a qual a moral burguesa irá se constituir. A essa base ele deu o nome de espírito do capitalismo. d) Marx analisa a religião a partir do totemismo australiano. É desse modelo religioso que ele extrai a importância da religião para a solidariedade orgânica no capitalismo. e) Marx compreende a religião como um produto da indústria cultural. Tal como os produtos culturais de massa, a religião tem a característica de inebriar a população, fazendo com que ela não perceba os problemas sociais. É por isso que ele afi rmou que “a religião é o ópio do povo”. 15. (UEL 2008) Sobre a exploração do trabalho no capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é correto afi rmar: a) A lei da hora-extra explica como os proprietários dos meios de produção se apropriam das horas não pagas ao trabalhador, obtendo maior excedente no processo de produção das mercadorias. b) A lei da mais valia consiste nas horas extras trabalhadas após o horário contratado, que não são pagas ao trabalhador pelos proprietários dos meios de produção. c) A lei da mais-valia explica como o proprietário dos meios de produção extrai e se apropria do excedente produzido pelo trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das horas trabalhadas. d) A lei da mais valia é a garantia de que o trabalhador receberá o valor real do que produziu durante a jornada de trabalho. e) As horas extras trabalhadas após o expediente constituem-se na essência do processo de produção de excedentes e da apropriação das mercadorias pelo proprietário dos meios de produção. 16. Observe as fi guras a seguir e responda à questão. Peter Bruegel, O velho – "Pequena" Torre de Babel, 60,0x74,5 cm, óleo sobre tela, 1563. R ep ro du çã o pr oi bi da A rt. 1 84 d o C P. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 04 KARL MARX 83 SOCIOLOGIA Cildo Meireles, Babel, instalação, 2001-2006 A imagem de um edifício alude à existência de uma estrutura ordenada. De modo análogo, a compreensão e a explicação sobre a organização de uma sociedade também podem invocar o tema da ordem e sua antítese, o caos, como, por exemplo, as questões relativas à harmonização social e às revoluções. No caso da teoria de Karl Marx, a metáfora espacial de um edifício é utilizada para exemplifi car seu entendimento sobre a dinâmica dialética da sociedade. Com base nos conhecimentos sobre Karl Marx a respeito das relações entre infraestrutura e superestrutura, assinale a alternativa correta. a) Os conflitos entre grupos sindicais mais politizados e de status mais elevado, na produção, geram a eliminação das desigualdades sociais. b) O controle das ideias e das instituições de uma época é insufi ciente para estabelecer o valor do trabalho e a igualdade de oportunidades no mercado. c) O aparato político e estatal é a base sobre a qual se articulam as disputas pelo controle e pela apropriação dos meios de produção. d) A ordem partidária e jurídica que compõe o estado burguês determina a emergência das forças revolucionárias dos trabalhadores. e) A consciência social e o sistema jurídico contradizem a existência material na medida em que pretendem anular o antagonismo das relações de produção. 17. O dinheiro alterou enormemente as relações sociais e, no desenvolvimento da história econômica da sociedade, atingiu o seu ápice com o modo de produção capitalista. Com base nos conhecimentos sobre os estudos de Karl Marx, assinale a alternativaque apresenta, corretamente, as explicações sobre a produção da riqueza na sociedade capitalista. a) A mercantilização das relações de produção e de reprodução, por intermédio do dinheiro, possibilita a desmistifi cação do fetichismo da mercadoria. b) Enquanto mediação da relação social, o dinheiro demonstra as particularidades das relações entre indivíduos, como as políticas e as familiares. c) O dinheiro tem a função de revelar o valor de uso das mercadorias, ao destacar a valorização diferenciada entre os diversos trabalhos. d) O dinheiro é um instrumento técnico que facilita as relações de troca e evidencia a exploração contida no trabalho assalariado. e) O dinheiro caracteriza-se por sua capacidade de expressar um valor genérico equivalente, intercambiável por qualquer outro valor. 18. Uma das importantes preocupações sociológicas é a questão a respeito dos fatores que tornam possível a existência e a evolução das sociedades. A ideia de “conflito” assume uma posição contraditória, por este ser considerado ora como “motor das transformações”, ora como fator que “deixa a sociedade estagnada” e impede a evolução. Em relação às consequências do conflito para sociedade, é CORRETO afi rmar: a) Para Karl Marx, o regime capitalista é capaz de produzir cada vez mais. A despeito desse aumento das riquezas, a miséria continua sendo a sorte da maioria. Essa contradição irá gerar conflitos que, mais cedo ou mais tarde, desencadearão um processo de reforma da sociedade que a reorganizará com critérios científi cos. b) Para Karl Marx, a supressão das contradições de classe deve levar logicamente ao desaparecimento do Estado, pois este é um dos subprodutos ou a expressão dos conflitos sociais. c) O marxismo exclui a possibilidade de haver um paralelismo entre o desenvolvimento das forças produtivas, a transformação das relações de produção, a intensifi cação da luta de classes e dos conflitos que marcam a marcha para a revolução. d) Durkheim diz que os conflitos entre trabalhadores e empresários demonstram a falta de organização ou a anomia parcial da sociedade moderna, que deve ser corrigida com uma revolução do proletariado, que restaure o consenso social. e) Durkheim acredita que a forma como os indivíduos se organizam socialmente para produzir determina a sua visão de mundo. Ou seja, ele acredita que não é a consciência dos homens que determina a realidade, mas, ao contrário, é a realidade social e principalmente seus conflitos que determina a consciência coletiva. 19. Segundo Karl Marx, a sociedade capitalista conhece basicamente duas classes: a burguesia e o proletariado. Na abordagem marxista, como se dá a relação entre elas? a) As duas classes estão em harmonia. Ambas se complementam em um processo produtivo: os burgueses oferecem empregos, enquanto os proletários trabalham contribuindo para o progresso da civilização. b) Elas estão em constantes disputas políticas. Tais disputas aparecem, no Brasil, na polarização entre PT e PSDB, sendo o PT o partido dos trabalhadores (proletários) e o PSDB o partido dos empresários (burgueses). A alternância entre esses dois partidos no poder é o que defi nirá o modelo econômico da nação. c) Essas duas classes estão em luta. Enquanto os burgueses tentam exercer sua dominação sobre o proletariado, estes procuram resistir e fugir dessa relação de opressão. d) As duas classes estão em relação de solidariedade orgânica. O capitalismo surge em uma sociedade moderna, marcada por uma complexa divisão do trabalho. Longe de produzir desagregações, essa complexidade favorece a coesão social devido à dependência mútua de todos os indivíduos. e) As classes sociais estão em processo de fusão. Devido à mundialização do capital, não haverá mais classes sociais. Todos serão híbridos de empreendedores e trabalhadores, em uma sociedade regulada pelo mercado. 20. (UFFS 2011) O Estado tem sido defi nido como um conjunto de instituições políticas, jurídicas e administrativas com jurisdição sobre a população de um país. Hegel suge ria que o estado seria uma criação racional, represen tando a “coletividade social”. Essa concepção foi rejeitada por Marx e Engels, que concebiam o Estado como: a) Como curador da sociedade, ou seja, aquele que zela pelos interesses de outra pessoa ou instituição. b) Um instrumento que molda a sociedade; ele existe antes da sociedade, ou seja, ele é não histórico, transcende a sociedade. c) Um instrumento capaz de manter a ordem natural da sociedade, colaborando para o bem comum de diferentes classes sociais. d) Um instrumento essencial de dominação popular, estando acima dos conflitos de classe, com interesses legítimos de dominação comum. e) Um instrumento que serve aos interesses da classe dominante em qualquer sociedade. Não é o Estado que molda a sociedade, mas a sociedade que molda o Estado pelo modo de produção. R ep ro du çã o pr oi bi da A rt. 1 84 d o C P. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR84 SOCIOLOGIA 04 KARL MARX 05. APROFUNDAMENTO EXERCÍCIOS DE 01. Até hoje, como vimos, todas as sociedades sempre se assentaram na oposição entre as classes opressoras e oprimidas. MARX, Karl. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Penguin Classicis/Companhia das Letras, 2012, p. 57. a) Como Marx chama a oposição entre classes opressora e oprimida? b) Quais são as classes sociais no sistema capitalista? Qual delas é a opressora e qual é a oprimida? O que diferencia uma da outra? 02. Um dos aspectos mais importantes da teoria do conhecimento surgida a partir da abordagem marxista é o grande valor atribuído à noção de ideologia. De maneira sintética, explique o significado de ideologia, segundo Marx. 03. Esse controle tecnológico pleno do ambiente em que vivem as pessoas acaba, por consequência, alterando seus comportamentos. Nessa sociedade altamente mecanizada, são os homens e mulheres que devem se adaptar ao ritmo e à aceleração das máquinas, e não o contrário. SEVCENKO, Nicolau. A corrida para o século XXI: No loop da Montanha-russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 62. A partir do texto acima e dos seus conhecimentos sobre a abordagem marxista, responda: de que forma o sistema capitalista de produção acaba por modificar a forma como as pessoas se relacionam com a máquina? 04. (UFPR) Os processos históricos cumprem um papel de fundamental importância na teoria social marxista. A história e suas diferentes formas de representação auxiliaram Karl Marx e Friedrich Engels na composição de suas análises sobre as sociedades capitalistas, bem como na elaboração de conceitos como de “alienação”, “dialética”, “materialismo”, “práxis” ou mesmo “capital”. Noutras palavras: qualquer teoria, por mais abstrata que possa nos parecer, somente fará sentido se compreendida a partir dos processos históricos que a engendram e a tornam necessária no momento em que é formulada. Assim, segundo argumento de Tânia Quintaneiro, “os economistas do tempo de Marx não reconhecem a historicidade dos fenômenos que se manifestam na sociedade capitalista, por isso suas teorias são comparáveis às dos teólogos, para os quais ‘toda religião estranha é pura invenção humana, enquanto a deles próprios é uma emanação de Deus’. Ele questiona a perspectiva para a qual as relações burguesas de produção são naturais, estão de acordo com as leis da natureza, como se fossem ‘independentes da influência do tempo’, sendo por isso consideradas como ‘leis eternas que devem reger sempre a sociedade. De modo que até agora houve na história, mas agora já não há’. Assim, as instituições feudais teriam sido históricas, ironiza, mas as burguesas seriam naturais e, portanto, ‘imutáveis’. Para Marx, tanto os processos ligados à produção são transitórios, como as ideias, gostos, crenças, categorias dos conhecimentos e ideologias, os quais, gerados socialmente, dependem do modo como os indivíduos se organizampara produzir. Portanto, o pensamento e a consciência são, em última instância, decorrência da relação homem/natureza, isto é, das relações materiais” (QUINTANEIRO, Tânia et. al. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim, Weber. Belo Horizonte, 2003, p. 31). A partir da passagem acima, explique como esse entendimento de Marx sobre a história e seus processos materiais de produção oferece-nos uma explicação sobre a formação do capitalismo moderno, bem como das teorias que o consideram “natural” no processo de “evolução” das sociedades humanas. 05. Em Marx, a noção de ideologia designa a “falsa consciência” que resulta da posição de classe dos sujeitos sociais: eles veem a realidade das relações sociais deformada por seus interesses e, mais geralmente, pela visão parcial a que os condena sua posição no sistema de produção. [...] Para Marx, as teorias sociais desenvolvidas pelo proletariado – dever-se-ia dizer, em nome do proletariado - podiam ser marcadas com o cunho da verdade, em oposição às teorias burguesas, tidas por ele como do domínio da ideologia e da falsa consciência. BOUDON, R.; BORRRICAUD, F. Dicionário crítico de Sociologia. São Paulo: Editora Ática, 1993, p. 275. Segundo Marx, por que somente as teorias sociais “em nome do proletariado” deveriam ser consideradas como verdadeiras? GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01.D 02.E 03.D 04.B 05.D 06.B 07.A 08.E 09.E 10.B 11.A 12.E 13.E 14.A 15.C 16.B 17.E 18.B 19.C 20.E EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO 01. a) Chama de luta de classes. b) No sistema capitalista, há basicamente duas classes sociais, segundo Marx: a burguesia e o proletariado. Por ser a detentora dos meios de produção, a burguesia oprime o proletariado, que, por sua vez, se vê obrigado a trabalhar para a burguesia na medida em que somente possui sua força de trabalho para garantir sua sobrevivência. 02. Ideologia, segundo Marx, corresponde a uma concepção invertida da realidade, que serve para justificar a dominação de uma classe sobre outra na sociedade. Ela se torna presente, sobretudo, quando os membros da classe trabalhadora internalizam o modo de pensar da classe burguesa. 03. O sistema capitalista acaba por inverter a relação das pessoas com as máquinas. Desta maneira, são as pessoas que têm de se adaptar ao ritmo das máquinas, e não o inverso. Isso é determinado, sobretudo, pelo tempo da produção. Sendo assim, no interior de uma fábrica, por exemplo, os trabalhadores devem acompanhar a velocidade da esteira e da produção, e, fora dela, acompanham o tempo do trânsito e do transporte. Na esfera privada, podemos citar o celular e o computador como máquinas que modificam o comportamento das pessoas. 04. De acordo com a teoria marxista, a história é resultado da luta de classes. Assim, o capitalismo é a síntese de lutas entre classes dominantes e dominadas, produzindo a diferenciação entre burguesia e proletariado. Por não perceberem essa transformação material, muitos teóricos acabavam desenvolveram teorias que são, na realidade, uma ideologia que nega e ignora a luta de classes e a exploração do homem pelo homem. Essas teorias então reforçam a dominação de classe ao aparecerem como “naturais” e fora da história. 05. Para Marx, somente as teorias sociais “em nome do proletariado” deveriam ser consideradas verdadeiras porque são elas as responsáveis por fazer aparecer as relações de dominação existentes na sociedade capitalista. Todo outro tipo de teoria social seria uma forma ideológica de esconder essas desigualdades resultantes da luta de classes. ANOTAÇÕES R ep ro du çã o pr oi bi da A rt. 1 84 d o C P.
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