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Abordagem Pikler na Educação Infantil
1w w w. i m p a r e . c o m . b r
P r o f ª D r ª R e j a n e C a v a l h e i r o
http://www.impare.com.br
Abordagem Pikler na Educação Infantil
2
Ficha Técnica
Equipe Impare Educação
Direção: Profª Esp. Glauber Benetti Carvalho
Autoria: Profª Drª Rejane Cavalheiro
Coordenação Pedagógica: Profª Ma. Tatiane Peixoto Isaia
Diagramação: Paula Maltchik Zamora 
Editora: Impare Educação 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
3
Abordagem Pikler na
Educação Infantil
“É crucial que a criança descubra por si mesma tanto quanto possível. Se a 
ajudamos a finalizar cada tarefa, a estamos privando do mais importante 
aspecto de seu desenvolvimento. Uma criança que consegue as coisas por 
meio da experimentação independente adquire um tipo de conhecimento 
completamente diferente daquela criança para qual são oferecidas soluções 
prontas”. (Emmi Pikler).
Abordagem Pikler na Educação Infantil
4
Apresentação
Prezado(a) Professor(a)! 
 O E-book intitulado “Abordagem Pikler na Educação Infantil”, integra 
o módulo de formação docente apresentado a partir de quatro videoaulas 
projetadas e produzidas pela equipe Impare Educação. Cada videoaula 
recebe um subtítulo os quais chamaremos de Capítulos, numerados de um 
a quatro. 
 
 O conteúdo desse E-book é um complemento didático ao registrado 
nas quatro videoaulas. Nesse intuito, apresenta alguns textos de autores que 
pesquisam o tema abordado entre outras formas didáticas que sugerem a 
reflexão sobre a importância da compreensão teórico-prática dos professores 
que atuam na Etapa da Educação Infantil. Tem como objetivo apresentar a 
dinâmica pedagógica construída por Emmi Pikler corroborando com o desejo 
de saber um pouco mais sobre a abordagem pedagógica que recebe o seu 
nome. 
 Desejamos que a interação com o material, seja prazerosa e 
oportunize uma significativa transformação das informações combinadas 
entre as videoaulas e o conteúdo desse E-book, no desenvolvimento da 
aprendizagem, tão necessária ao saber fazer docente e, com o embasamento 
teórico esperado, auxiliar no processo de construção de sua docência. 
 Esse E-book está organizado em quatro Capítulos. Cada Capítulo 
corresponde ao conteúdo abordado em cada videoaula, conforme descrito 
na sequência:
Abordagem Pikler na Educação Infantil
5
• Capítulo 1 foi denominado como “Emmi Pikler”. Nele vamos conhecer um 
pouquinho sobre quem foi Emmi Pikler, para que possamos, na sequência 
dos próximos Capítulos, aprofundarmos nossos conhecimentos acerca 
da abordagem pedagógica que leva o seu nome. 
• Capítulo 2 está intitulado como “Os princípios da Abordagem Pikler”. Nele 
vamos conhecer os princípios em que a Abordagem Pikler se fundamenta. 
Esses princípios são: (1) Liberdade; (2) Autonomia; (3) Ritmo individual de 
desenvolvimento; e, (4) Autoconfiança e o movimento.
• Capítulo 3 está identificado como ”Os preceitos que envolvem o ato de 
brincar na concepção de Abordagem Pikler”. Portanto, nele vamos refletir 
sobre os preceitos que envolvem o ato de brincar para a Abordagem 
Pikler.
• Capítulo 4 é apresentado sob o título de “A Abordagem Pikler no Brasil”. 
Sendo assim, por meio dele vamos refletir acerca dos aspectos que 
implicam a utilização dessa Abordagem Pedagógica no contexto das 
escolas brasileiras. 
 É possível reconhecer muitas das nossas ações pedagógicas em sala 
de aula sem que saibamos onde elas realmente se fundamentam. Ao entrar 
em contato com o material que preparamos, pensando nessa entre outras 
questões, você vai descobrir o quão teórica é sua prática, qualificando-a 
ainda mais. Essa é a razão de trabalharmos juntos(as). 
Bons estudos!
Com carinho,
Equipe Impare Educação.
Abordagem Pikler na Educação Infantil
6
Sumário
Introdução .....................................................................................................................................07
Capítulo 1 - Emmi Pikler .........................................................................................................10
Capítulo 2 - Os princípios da Abordagem Pikler .......................................................13
Capítulo 3 - Os preceitos que envolvem o ato de brincar na concepção de 
Abordagem Pikler .....................................................................................................................24
Capítulo 4 - A Abordagem Pikler no Brasil ...................................................................29
Considerações Finais ..............................................................................................................32
Referências ...................................................................................................................................33
Abordagem Pikler na Educação Infantil
7
Introdução
 Explorar, em um E-book, a Abordagem Pikler, implica resgatar 
a experiência educativa que aconteceu em uma instituição da capital 
Budapeste, Hungria, que em 1946 recebeu crianças órfãs e também crianças 
abandonadas. Essa experiência educativa recebeu o nome de experiência 
de Lóczy (nome da rua em Budapeste onde se localiza o Instituto com o 
mesmo nome).
 Após a segunda guerra mundial, Emmi Pikler, médica pediatra, assume 
a coordenação dessa instituição.
 Emmi Pikler, durante décadas e a partir de sua experiência em Lóczy 
constrói uma nova referência de atenção à criança. Desde então, Pikler 
acumula estudos e pesquisas sobre o desenvolvimento de bebês e de 
crianças pequenas e, consequentemente, criou aportes para a observação 
e o reconhecimento das competências e das necessidades básicas das 
crianças de 0 a 3 anos de idade no sentido de garantir-lhes as melhores 
condições de bem estar físico e psíquico.
 A Abordagem Pikler no contexto da Educação Infantil favorece um 
“olhar” para a primeira infância procurando romper com a ideia de criança 
incapaz e passiva, trazendo novas práticas pedagógicas realizadas com 
bebês e crianças protagonistas, concebidos como sujeitos participantes 
e autônomos. Da mesma forma, destaca a atenção pessoal que a criança 
tem por direito de receber do adulto de referência (família, cuidadores e 
docentes).
Abordagem Pikler na Educação Infantil
8
 Nesse sentido, no trabalho voltado com os Bebês (e não para os 
bebês), a Abordagem Pikler enfatiza a necessidade de assumirmos uma 
postura na qual se possibilite que eles possam tomar decisões, que o 
espaço seja convidativo a novos desafios e que consigam, em mediação 
com o meio, construir conhecimentos. O espaço do berçário, na perspectiva 
da Abordagem Pikler, permite que a criança não permaneça inativa em seu 
berço, mas que tenha muitas possibilidades de mover-se, de deslocar-se 
e de brincar. Uma vez que passa a ser compreendido como alguém que 
possui competências para tomar decisões, já que o Bebê, para Emmi Pikler, 
é uma pessoa muito sensível ao mundo que a rodeia.
 Do mesmo modo, no trabalho voltado com as Crianças bem pequenas 
as propostas pedagógicas precisam ser pautadas por meio do entendimento 
da criança como um sujeito que é capaz de descobrir, de fazer e de 
participar mesmo sem a intervenção do adulto. Em propostas que seguem 
essa direção, torna-se necessário que o adulto (seja ele docente ou familiar) 
dedique uma atenção de qualidade à criança: olhando-a nos olhos ao falar 
com ela respeitosamente, pronunciando seu nome com amor e carinho e 
dando-lhe a “escuta atenta” quando ela exprime suas opiniões, dúvidas e 
desejos. 
 As crianças, desde que nascem, têm uma influência sobre os 
acontecimentos e estabelecem relações efetivas e afetivas com aqueles que 
lhe dedicam a sua atenção, por isso, as relações amorosas são fundamentais 
no seu processo de desenvolvimento como um todo e, principalmente, no 
desenvolvimento de sua segurança afetiva. 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
9
 Na Abordagem Pikler, para o contexto da Educação Infantil, os bebêse as crianças se movimentam livremente, com tranquilidade, brincam, 
experimentam, descobrem a si mesmas e aos outros, vivem situações nas 
quais se sentem instigadas a criarem, a se expressarem, a exporem suas 
ideias e desejos, sendo respeitado o seu ritmo de desenvolvimento e de 
interesse. 
 Ao escrever esse capítulo introdutório, para o presente E-book, espero 
ter aguçado sua curiosidade acerca da Abordagem Pikler para que cada um 
de vocês possam “degustar” os próximos capítulos, preparados pela Profª 
Drª Rejane Cavalheiro, juntamente com a equipe Impare Educação.
 Com carinho,
 Profª Ma.Tatiane Peixoto Isaia
 Coordenadora Pedagógica da Impare Educação
Abordagem Pikler na Educação Infantil
10
Capítulo 1
Emmi Pikler
 Pensar na Abordagem Pikler implica, em um primeiro momento, 
conhecer quem foi a pessoa que inspirou essa abordagem pedagógica.
 Quem é Emmi Pikler?
 Emilie Madeleine Reich nasceu em 1902, em Viena, Áustria.
 De Viena, os pais de Emmi se mudaram para Budapeste em meados 
de 1914. Foi neste mesmo ano que a mãe de Emmi morreu, deixando-a com 
apenas 6 anos de idade e sob os cuidados do pai.
 Passados alguns anos, a jovem Emmi volta para Viena, sua cidade 
natal para estudar medicina. Sua formação se deu no Hospital Infantil da 
Universidade de Viena, onde se formou em 1927. 
 Lá especializou-se em cirurgia pediátrica sob a orientação de um 
famoso cirurgião pediátrico Dr Hans Salzer e oito anos mais tarde, em 1935, 
Pikler qualifica-se como pediatra. 
 Desde então, produziu materiais escritos e palestrou sobre o ensino e 
a aprendizagem de bebês e crianças pequenas. 
 Com cinco anos de especialização em pediatria (1940), publica seu 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
11
primeiro livro direcionado à orientação de pais, traduzido para diversos 
idiomas e relançado por muitas edições.
 Para Emmi Pikler, o carinho e o cuidado atento nos primeiros anos 
de vida são responsáveis por estabelecer a segurança que vai construir as 
bases de autonomia da criança até a vida adulta. 
 O sobrenome Pikler veio do casamento com um professor de 
matemática. Os dois compartilhavam do pressuposto de que cada criança 
poderia explorar o próprio tempo dispensando estímulos repetidos para 
desenvolverem habilidades num contexto geral de vida e aprendizagens. 
 Foi dessa união que tiveram seu primeiro filho, observando seu 
desenvolvimento e deixando-o livre para explorar sensações a partir 
dos experimentos sobre o próprio corpo e conquistas de várias ordens, 
respeitando o tempo que o mesmo precisasse para alcançá-las, sem 
nenhuma preocupação em ensinar-lhe ações que estimulassem por 
exemplo: o equilíbrio, tônus para sentar-se, para levantar-se, para rolar ou 
para engatinhar. Entre outras habilidades, normalmente tomadas pelos 
pais como resultantes da incidência aos treinos e repetições na intenção 
desenvolvedora.
 Portanto, para Emmi Pikler: “Tentar ensinar a uma criança algo que 
pode aprender por ela mesma, não apenas é inútil. Também é prejudicial”.
 Nesta época, esse tipo de postura dos pais na educação dos filhos não 
era nada comum. As crianças tidas como educadas e filhas de pais exemplares, 
eram ensinadas a agirem como mini adultos, tanto no comportamento como na 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
12
linguagem oral e vestimentas. Não participavam da vida social da família sob 
nenhuma hipótese e a maioria delas, ficava confinada no quarto ou dentro 
das residências até que completassem aproximadamente de 1 a 5 anos de 
idade. 
 Entre os anos de 1940 e 1945, no contexto da Segunda Guerra Mundial, 
o marido de Pikler foi preso por ser judeu. Emmi era médica de família, e 
foram exatamente essas pessoas que ajudaram a doutora, e sua família, a 
sobreviver durante a guerra.
 Ao término da guerra, Pikler ainda teve mais dois filhos. Nesse mesmo 
período passou a trabalhar com crianças órfãs, desnutridas e também 
abandonadas. Resultados tristes de um pós-guerra, como se já não bastasse 
todos as privações por ela ocasionadas. Foram tantos os que chegaram, 
embora não se saiba precisar quantos, que em 1946 a Dra Emmi Pikler fundou 
o orfanato Lóczy, que recebeu esse nome devido ao mesmo nome da rua 
onde estava localizado. Pikler dirigiu o orfanato Lóczy até 1979.
 Emmi, como carinhosamente era chamada em casa e depois no meio 
profissional, ficou reconhecida mundialmente por seu trabalho como pediatra 
e seus escritos sobre crianças entre zero e três anos de idade deram conta 
de ficarem conhecidos como uma importante Teoria de Aprendizagem e 
Desenvolvimento Infantil.
Abordagem Pikler na Educação Infantil
13
Capítulo 2
Os princípios da Abordagem Pikler
“Quando uma criança atua por iniciativa e interesse 
próprio, adquire capacidades e conhecimentos muito 
mais sólidos que se tratamos de lhe ensinar”. (Emmi Pikler)
 Os princípios da Abordagem Pikler são específicos ao desenvolvimento 
de bebês e de crianças de zero a três anos e partem do aspecto da não reclusão 
dos pequenos e do não controle imposto com regramentos extensivos à 
todas as crianças com vistas ao ensino para seu desenvolvimento geral. 
 Ao contrário da cultura de ensino, para Pikler, cada criança já nasce 
competente para desenvolver as próprias habilidades. Ou seja, primeiro a 
aprendizagem natural e espontânea para depois a inserção do esperado 
cultural de cada família, comunidade e região. 
 Para Emmi Pikler:
“É essencial que a criança descubra por ela mesma. Se lhe ajudamos a solucionar 
todas as suas tarefas, lhe tiramos o mais importante para o seu desenvolvimento 
mental. A criança que consegue algo por meio de experimentos autônomos adquire 
conhecimentos completamente distintos dos de uma criança a qual é oferecida 
previamente a solução.” 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
14
 E foi nessa perspectiva que Pikler estabeleceu como primeiro 
princípio de sua Abordagem Pedagógica, a liberdade para que a criança se 
desenvolva seguindo o próprio tempo. Para que isso aconteça, é preciso que 
este tempo seja respeitado tanto no discurso como na prática.
2.1 Liberdade
 A liberdade, a partir da teoria de Abordagem Pikler, não se refere 
às esperas de satisfação pelos pais, professores e/ou cuidadores das 
necessidades e desejos de seus bebês e crianças que ainda não completaram 
3 anos de idade. 
 Para Pikler, a liberdade está relacionada às escolhas de como e quando 
realizar a satisfação de pequenas descobertas sem ajuda ou com a mínima 
ajuda, mas sem nenhum incentivo que a estimule a fazer tentativas no intuito 
de que obtenha conquistas ainda não despertadas.
 Ao contrário do que possa parecer abandono e falta de cuidado, são as 
explorações que desenvolvem o raciocínio para a satisfação do pensamento 
antes mesmo dele ser reconhecido como tal, quando ele é ainda somente 
exploração dos desafios do entorno no ambiente real.
 No próprio Instituto Emmi Pikler, em Budapeste, onde a visitação para 
conhecimento da abordagem em cursos rápidos ministrados por Ana Tardos 
(filha de Emmi Pikler) entre outros divulgadores é possível observar os berços 
das crianças dispostos ao ar livre cobertos por toldos e propositalmente 
coloridos, dispostos embaixo de árvores nativas da Áustria. 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
15
 A proposta se fundamenta na afirmativa de Pikler que era pediatra 
e entendia que a respiração em ambiente externo garante o frescor do ar 
necessário à aeração pulmonar e consequentemente ao desenvolvimento 
cerebral sadio ao extremo. É por essa razão que o sono das crianças é do 
lado de fora dos ambientes de brinquedo e atividades. O cuidado em manter 
as crianças agasalhadas adequadamente garantem o conforto térmico do 
corpo. Os berços são preparados com panos que diminuem o vento. Esse 
hábito é cultural e não significa que precisaríamos copiar para garantir que a 
abordagem na concepção Pikler esteja sendo observada. 
 Compreendermos que manteras crianças ao máximo em ambientes 
abertos e arejados para que durmam faz parte do que precisamos entender 
e não copiar. No entanto, é possível adequarmos regionalmente e com 
frequência sazonal, alternativas possíveis à práticas no intuito de garantir a 
circulação de ar nos ambientes de descanso ao contrário de escurece-los 
além de mantê-los fechados.
2.2 Autonomia
 Um outro princípio, o segundo da Abordagem Pikler é a autonomia.
 A Abordagem Pikler privilegia o comportamento desenvolvedor da 
autonomia para qualificar as relações infantis na faixa etária entre o zero 
e os três anos de idade com os desafios de seus cotidianos. O processo 
de desenvolvimento da autonomia desencadeia uma série de ações que 
se entrelaçam a partir de aptidões exploratórias naturais, o crescente 
desenvolvimento de habilidades cerebrais de raciocínio entre causa e efeito 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
16
em habilidades motoras, comunicação visual, gestual e de linguagem oral, 
mas diretamente condicionadas às particularidades próprias do tempo de 
cada uma das crianças.
 Para Emmi Pikler: “No início mãos são tudo para a criança. As mãos são 
a pessoa, o mundo”.
 O temor de que as crianças não problematizadas pelo ambiente em 
seu entorno não se desenvolvam ou incorram ao risco de serem menos 
desenvolvidas motoras e cognitivamente, na Abordagem Pikler, que privilegia 
o desenvolvimento da autonomia à seu tempo pessoal, isso não tem chance 
de acontecer. A justificativa teórica da médica e pesquisadora Emmi Pikler 
é que nada se dará por influência externa que destaque o treino e o ensino 
para a conquista de habilidades que são resultantes de uma maturação que 
se dá de forma interna. 
 Não são os estímulos prematuros que fazem desenvolverem-se as 
habilidades que são internas. Tais estruturas que desencadeiam habilidades 
observáveis precisam ser desenvolvidas antes do movimento em situação 
observável. O desenvolvimento das regiões cerebrais, que são responsáveis 
pela maturação, só ocorre pela ação do conjunto exploratório a partir do 
interno para a dimensão do externo, ou seja, um não se dá independente 
do desenvolvimento do outro. Mas isso também significa que os estímulos 
ao desenvolvimento a partir do externo, não estruturam o desenvolvimento 
das habilidades que aparecem no externo. Quando isso acontece, não é 
desenvolvimento. É treino.
 Isso não significa que a criança nesta faixa fique isenta de estímulos 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
17
no ambiente para que o explore. Mas existe uma diferença entre respeitar 
quando essa exploração será feita e o provocar tal ocasionalidade no intuito 
de acelerar todo um processo auto exploratório a partir do explorador e 
não com dependência aos estímulos apresentados por pais, cuidadores 
ou professores. Nesse sentido, Emmi Pikler enfatiza: “No relacionamento, o 
adulto faz tudo “com” o bebê e não faz nada “para” o bebê”. 
 É possível encontrarmos ressonância de tal afirmação nos escritos de 
Soares, pesquisadora da Abordagem Pikler com publicações sobre o tema 
no Brasil, quando ela diz: 
“(...) existe dificuldade de programar a rotina das instituições para atender as 
necessidades de cuidados da criança pequena de uma forma tranquila e, ao mesmo 
tempo, favorecer o seu desenvolvimento sem estímulos invasivos (...)”. (SOARES, 2017, 
p.14).
 O conjunto dessas propostas feitas às crianças pequenas, justamente 
no período em que seu desenvolvimento precisa experimentar o ambiente 
com autonomia e liberdade para aguçar sua acuidade tátil e perceptiva de 
espaços, objetos e pessoas de seu convívio, podem trazer prejuízos aos 
avanços de diversas ordens incluindo os cognitivos, motores e emocionais. 
 Soares ainda enfatiza as afirmações a partir de suas pesquisas em 
consonância com a Abordagem Pikler, quando escreve que:
“(...) As atividades sugeridas às crianças são, por vezes, inadequadas, podendo resultar 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
18
em um aceleramento prejudicial ao desenvolvimento motor e cognitivo (...) como as 
propostas direcionadas às crianças de quatro a seis anos são mais desenvolvidas e 
conhecidas, elas acabam sendo oferecidas para crianças menores de maneira dirigida 
e, por vezes, rígida”. (SOARES, 2017, p.14).
 Um terceiro princípio da Abordagem Pikler é a observância ao ritmo 
de cada criança.
2.3 Ritmo individual de desenvolvimento
 Uma abordagem na perspectiva que encontramos nos escritos de 
Emmi Pikler, privilegia a importância da sensibilidade e da afetividade dos 
pais, professores e cuidadores a quem as crianças são confiadas neste 
período de desenvolvimento que compreende desde o nascimento aos 3 
anos de idade.
 Pikler destaca o significado que emprega para a palavra “cuidadores” 
como designada àqueles que antes de cuidarem apenas, compreendem e 
se envolvem afetivamente com cada uma das crianças que estão sob suas 
orientações e reconhecem a extrema dependência psíquica, emocional, 
física e social resultantes desta relação criança e adulto.
 Ao contrário do que normalmente é entendido como significado 
à palavra “cuidador”, na perspectiva da Abordagem Pikler, o termo está 
carregado de atribuições que o cuidado afetivo e humano precisa ter em 
nível consciente para que contribua no processo que insere as crianças no 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
19
mundo, descobrindo-o a partir dos vínculos que consegue desenvolver 
primeiramente entre si mesma e as experiências, extraídas do que vive sobre 
o que ainda não conhece.
 Para Emmi Pikler: “A prudência e a autoconfiança se desenvolvem se 
permitirmos que as crianças realizem, gradualmente, uma nova tarefa sem 
que interfiramos nela”.
 Para que o ritmo de desenvolvimento de cada criança possa ser 
reconhecido e, a partir da observação venha a contribuir com propostas de 
abordagens pensadas para os diferentes avanços e recuos observados é 
que Pikler, em 1946, lançou sua primeira obra. Um livro direcionado aos pais 
e às pessoas que cuidavam de crianças. Este direcionamento se dá num 
contexto de época em que as creches eram em número extremamente 
reduzido porque o habitual eram as crianças em casa cuidadas pelas próprias 
mães, avós tias e demais familiares e/ou empregadas domésticas (ou ainda, 
cuidadas pelas filhas mais novas desses servidores domésticos empregados 
pelas famílias).
 Esta obra primeiramente intitulada como “Livro para os pais” foi 
lançada em 1940 e traduzida em diversos idiomas e edições. No Brasil essa 
obra chegou somente em 1992 reorganizada e aumentada com artigos de 
autoria de sua filha, Ana Tardos que é psicóloga e trabalhou com a mãe no 
Instituto Lóczy, entre outros pesquisadores da equipe da Lóczy Fundation 
for Children, em Budapeste, Áustria.
Abordagem Pikler na Educação Infantil
20
2.4 Autoconfiança e o movimento
 Um quarto princípio na Abordagem Pikler é a autoconfiança e o 
movimento.
 Para isso, Pikler destaca a importância de se observar processos e 
rotinas que passam a ser conhecidos do bebê. 
 O que isso significa? 
 Pontuados por relações de muito carinho e movimentos delicados, 
suaves, voz baixa e de comunicação alegre, significa a procura de construção 
com o bebê, de uma “percepção antecipada do que vem depois”. Ou seja, 
assumir uma Abordagem Pikler significa que a professora mantenha sempre 
que possível, a rotina dos cuidados com bebê realizada na mesma ordem. 
Também uma previsibilidade espacial e temporal, desenvolvem com a 
criança esboços de uma orientação que é culturalmente necessária, como por 
exemplo: ela saber quando se inicia e quando termina uma interação como 
a de troca de fraldas, de banho, de alimentação, escovação das gengivas 
e dentes, limpeza da língua, passeio, troca de roupas, entre outras ações 
que possam ser observados um início e um fim com interações mantidas e 
distintas para que ela os reconheça. 
 O reconhecimento dessas rotinas em nadaimplica que sejam 
previamente determinados os horários da troca de fraldas. Bem ao contrário. 
Para Pikler, se os ritmos determinam os movimentos e a maturação de forma 
individual, cada criança tem acesso a essas rotinas no horário que necessita.
Abordagem Pikler na Educação Infantil
21
 Emmi Pikler ressaltava já nos idos de 1930, que à criança precisa ser 
garantido tempo suficiente para que experimente, descubra e treine os mais 
variados e possíveis tipos de movimentos. Isso porque, segundo os estudos 
de Pikler, a criança só experimenta cada novo movimento quando sente-
se segura de que pode executar ou não determinado movimento por sua 
própria vontade. A descoberta das próprias mãos e pés e a exploração dos 
mesmos.
 Mais tarde, a manipulação de objetos ainda em situação de decúbito 
dorsal. Ao longo dos meses, o giro com o próprio impulso, da posição de 
costas para o lado, e finalmente, na posição de bruços. Os vários modos 
de transporte, como movimento de foca, de rastejar e o de engatinhar são 
aprendizagens que precisam se dar sem ajuda externa. A partir desses 
ensaios à novas conquistas virão o sentar-se, o levantar-se, o equilibrar-se e 
o andar (primeiramente com apoio em materiais fixos para logo depois fazê-
lo de forma independente). 
 Várias transições entre esses movimentos e posições são a própria 
regra para os complexos movimentos de avanço. Cada um determina o seu 
tempo e as suas regras. Isso porque o processo de alinhamento é lento e 
continuado. Para Pikler, programas de apoio como, por exemplo, colocar 
travesseiros como auxílio ao sentar-se, colocar a criança no andador, segurá-
la em pé, oferecer o dedo para que se agarre promovendo o início precoce 
da marcha, entre outras estratégias auxiliares, são prejudiciais, porque geram 
uma dependência da criança em relação ao adulto.
 Portanto, os bebês precisam dispor de tanto tempo quanto for preciso 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
22
(e esse tempo pode naturalmente ser muito diferente de um bebê para outro). 
É possível deixar um brinquedo para que ela possa virar-se um pouco, para 
tentar alcançá-lo. Basicamente, cada criança vai tentar, quando é permitido, 
brincar e jogar livremente e sem perturbação, desenvolver suas habilidades 
motoras e ao mesmo tempo também a sua autoconfiança. 
 A partir da afirmativa que a criança tem seu próprio tempo para explorar 
e conquistar desafios do entorno de seu ambiente, Pikler também propôs 
mobiliário para o ambiente coletivo. A interação com o mobiliário não deve 
ser entendida como incentivo a desenvolver prematuramente as habilidades 
motoras dos bebês e de crianças que já caminham. Cada um a seu tempo, 
explora da forma que sentir que já é capaz, mas fundamentalmente sem que 
o adulto se preocupe em “apresentar” a exploração dos mesmos.
 Um ambiente atraente à exploração com cores, sons e movimentos 
suaves são conteúdos necessários nesse espaço de cuidado e 
desenvolvimento. 
 Ao contrário do quem vem sendo discutido nas diferentes teorias 
de desenvolvimento das habilidades de bebês e crianças bem pequenas, 
Pikler aprova o uso alternado de “cercadinhos” sempre com a supervisão e 
acompanhamento do adulto de referência. Na contramão conceitual de um 
espaço fofinho reservado ao bebê quando este não está no berço, Pikler 
preconiza que este deva ser um lugar o mais firme possível. Uma superfície 
fofa e acolchoada não favorece o desenvolvimento da autoconfiança do 
bebê e os experimentos de possibilidades alcançadas pelos movimentos 
do próprio corpo tendem a tentativas postergadas por falta da sensação 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
23
de estar seguro para isso. Estes espaços podem representar na concepção 
de Emmi um momento seguro, proveitoso e enriquecedor para novas auto 
explorações.
 Tal concepção de cerceamento aparente por oferecer à criança um 
momento de permanência num espaço com grades, não compromete 
o sentimento de liberdade trazido como eixo de Abordagem Pikler. Esse 
sentimento é feito pelo adulto que atrela o espaço gradeado com privação 
de liberdade. Na verdade, oferecer ao bebê um ambiente de continência 
proporciona um entorno de um universo exploratório que gradativamente é 
ampliado.
 Não oportunizar a investigação exploratória de si mesmo é como se 
cortássemos o casulo para diminuir o esforço de rompimento do mesmo por 
uma borboleta quando é chegada a hora. De uma forma não fatal como é o 
caso dessa ação no desenvolvimento de uma borboleta que precisa deixar 
o pupa para abrir as asas e ser o que sua espécie prevê que ela seja, não 
oportunizar a liberdade da auto exploração ao bebê remete a um trabalho 
de dependência do adulto e um atraso às conquistas que já são possíveis de 
serem alcançadas.
Abordagem Pikler na Educação Infantil
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Capítulo 3
Os preceitos que envolvem o ato de brincar para 
a Abordagem Pikler
 Para podermos compreendermos acerca dos preceitos que envolvem 
o ato de brincar na concepção de Abordagem Pikler, iniciamos refletindo 
sobre a questão: Há diferença entre a liberdade para brincar e o brincar livre? 
 Emmi Pikler propõe uma diferença entre a liberdade para brincar e o 
brincar livre. 
 A liberdade para brincar se constitui em poder escolher quando quer 
brincar em harmonia com o que o ambiente oferece para tal. É a liberdade 
de escolha e não o chamamento para atividades oferecidas pelo adulto 
de referência ou qualquer tipo de apelo com imagens ou sons agressivos, 
estridentes e/ou repetitivos.
 O brincar livre refere-se, na concepção de Abordagem Pikler, não 
depender do ensino ou observação de nenhum estímulo externo para que 
a interação com tal objeto que precisa ser de investigação lúdica, se dê. Se 
está disponível e ao seu possível alcance, por iniciativa e esforço pessoal, tal 
interação pode ser entendida como brincar livre.
 Portanto, na Abordagem Pikler, o primeiro brinquedo de exploração e 
descoberta do bebê pode ser um pequeno “paninho” como por exemplo um 
lencinho quadrado com medidas entre 40cm ou 45cm. Mas não é um paninho 
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de qualquer cor. O lencinho precisará ter estampa de bolinhas. Sendo leve, 
o bebê consegue apreender o lenço, trazê-lo para perto do rosto sem se 
machucar, fixar o olhar nas bolinhas e repetir diversas formas de interagir 
com esse objeto macio e convidativo ao manuseio. 
 Logo, para Emmi Pikler:
“(...) O brincar livre, independente, sem ajuda ou incitação de quem a cuida (que no âmbito 
familiar significa sem a presença dos pais) é fundamental para o desenvolvimento. 
Gostamos de chama-lo ‘a universidade’ do bebê e da criança (...) Mas isso só é possível 
para a criança que tem uma boa relação com a educadora e que se sente segura 
brincando, inclusive quando o adulto está fora de sua vista (...)”. (PIKLER,1988).
 Mas: Qual a representação de um “lenço pequeno com bolinhas” no 
contexto da exploração livre?
 Uma exploração livre refere-se ao ter ao seu dispor vários elementos 
sem que nenhum lhe seja colocado nas mãos, ou arremessado em qualquer 
direção para que observe, ou ainda emita qualquer tipo de som para lhe atrair 
a atenção. Na verdade, as bolinhas nesse contexto exploratório, cumprem 
com a função de auxiliar o bebê a fixar o olhar em algo que ele mesmo está 
manuseando. 
 Pode parecer preciosismo, mas a região cerebral responsável pela 
maturação do nervo ótico, associado aos movimentos das mãos, funcionam 
como “gatilhos” investigativos de elementos do mundo externo. A evidência 
de serem apenas “bolinhas” e não outra forma qualquer se dá numa escolha 
de Pikler em não oferecer nenhuma outra, variando cores dos tecidos finos e 
Abordagem Pikler na Educação Infantil
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macios e bolinhas contrastantes em nuances constantes em cada um deles.
3.1 Exploração Livre
 
 Inclui-se ao processo de exploração livre, em um primeiro momento, 
considerar que o bebê brinca com seu própriocorpo e explora o rosto do 
adulto, suas próprias mãos e pés. Esse conjunto pode ser uma brincadeira 
extremamente significativa. 
 Aproximar o rosto para que o bebê possa olhar de perto o adulto de sua 
referência que conversa e ri com ele, interage tocando seu rosto, cabecinha, 
braços e mãos, dedinhos, pernas e pezinhos, na concepção trazida por Emmi 
Pikler, assegura que o mundo ao redor desse bebê seja percorrido a partir 
da auto exploração e da exploração daqueles que lhe são próximos pelo 
convívio. Um universo desconhecido passa a ter referências para pode ser 
ampliado no ritmo das associações feitas por cada bebê.
 Deixar que o bebê toque o rosto do cuidador de referência pode 
ser de uma grande riqueza para sua constituição psíquica e sentimento de 
que é alguém. Em razão dessa concepção incluir o toque e a proximidade 
como parte do processo exploratório de interação livre, é importante que 
se destaque a responsabilidade dos professores e cuidadores não usarem 
maquiagem, cremes, perfumes, brincos longos e pulseiras, mantenham 
as unhas sempre cortadas (bem curtas), bem como os cabelos presos. No 
entanto, não há necessidade do uso de toucas de higienização. Essas devem 
ser usadas no momento da preparação dos alimentos e banho.
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 É bastante importante também destacarmos a necessidade do uso 
de “propés” em todo o ambiente onde as crianças permanecem, por razões 
óbvias. Sob nenhuma hipótese, esses podem ser substituídos por pés 
descalços. Ao contrário da recomendação de Pikler que destaca ser parte 
desta interação exploratória de descobrir o ambiente, os bebês, sempre que 
possível, devem estar com os pezinhos livres de meias e calçados.
 Em um segundo momento, o bebê começa a interagir com brinquedos: 
uma pequena bola fácil de agarrar, figuras de pano ou pelúcia, bacias leves 
e em tamanhos variados, pequenos potes de metal que possam refletir suas 
próprias imagens como se fosse espelho, potes para brincar de esvaziar e 
depois encher novamente, bolinhas de diversos tamanhos a partir de um 
diâmetro impossível de ser colocado na boca, esconder e aparecer com o 
pano ou lenço liso.
 É por meio dessas ações lúdicas que o bebê e a criança pequena vão 
começar a interagir uns com os outros. Eles já conseguem fazer pequenos 
deslocamentos que possibilitam por exemplo, tirar a bola das mãos de um 
colega sem que esse reaja. Em seguida, esse cenário antes tão “solícito” aos 
seus desejos, será alterado para momentos nos quais se dão as primeiras 
disputas e conflitos. 
 As disputas são saudáveis e fortalecem o processo de autoconfiança e 
socialização. É por essa razão que Pikler assinala a importância de ter vários 
“objetos de desejo entre coleguinhas”, idênticos, como um aparato auxiliar 
para amenizar essas disputas. 
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 As crianças até os três anos de idade, segundo Emmi Pikler, não 
brincam umas com as outras. Por isso, tendo uma variedade do mesmo 
objeto, surgem alternativas e a possibilidade de brincarem lado a lado, mas 
cada uma com o seu brinquedo.
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Capítulo 4
A Abordagem Pikler no Brasil
 É uma preocupação do Instituto Pikler, em Budapeste, ter muito 
cuidado com o conteúdo que envolve as práticas com os bebês porque 
antecedem a essas, muito estudo e a compreensão que cada criança, sob 
nenhum aspecto, oferece reações previsíveis. Daí o cuidado de promover 
o conhecimento sobre os fundamentos teóricos que instrumentalizam a 
formação docente e de cuidadores em ambientes coletivos e domésticos 
como é o caso das mães e pais, cada vez de forma mais crescente no 
revezamento dos cuidados de seus pequenos. 
 Existe uma Rede Pikler no Brasil há aproximadamente 50 anos que 
acompanha as diferentes iniciativas em torno da Abordagem Pikler em 
instituições brasileiras. 
 Pelo fato da Abordagem Pikler ter uma densa ênfase nas ações 
interacionais com os bebês, ligadas na sua origem epistemológica com o 
cenário cultural austríaco onde foi implementada e é ativa até os dias de 
hoje com ótima aceitação de um significativo número de pais, é preciso que 
a mesma não seja desqualificada no intuito de oferecer a um público como 
às famílias no Brasil, tal qual a mesma se dá ao longo de 70 anos da criação 
e conhecimento de suas bases teórico práticas. 
 O cerne das formações na Abordagem Pikler tendem a tornar 
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conhecido tal episteme sob a concepção de que a mesma sirva de inspiração 
para reflexão, estudo e construção do trabalho com bebês de zero a três anos. 
É realmente fundamental que os preceitos da abordagem pikleriana tenham 
como seu primeiro fundamento a necessidade de respeito e integração 
histórico-cultural dos pequenos e suas comunidades.
 A cultura também inclui as concepções de formação docente e de 
gestão. No Brasil ainda existe um escopo formativo que atribui ao professor 
as competências pedagógicas e aos auxiliares, os cuidados higiênicos e de 
alimentação numa espécie de reprodução de castas em ambientes que 
reúnem professores e cuidadores para atuarem com os bebês e crianças 
pequenas. 
 A Abordagem Pikler não pode e nem deve ser replicada de forma 
idêntica. Isso seria incorrer num grande equívoco. 
 Pode-se considerar que talvez, o que seja o mais difícil para as 
instituições que inspiram encampar a concepção na Abordagem Pikler seja 
o ponto fundamental da adesão ao “adulto de referência”. 
 A estrutura de gestão e funcionamento normalmente ainda exita em 
assumir que um único educador tenha todos os cuidados com a mesma 
criança. Isso porque inda se pensa em professores para trabalho pedagógico 
e auxiliares para os cuidados. 
 No entanto, os preceitos formulados por Emmi Pikler estão ganhando 
adeptos aos poucos, e de forma muito cautelosa. Não existe interação ao 
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conhecimento sem muito estudo e discussão entre os interessados como 
estamos propondo que seja feito em suas instituições. Vale a pena aprofundar 
cada um dos princípios em que a abordagem se fundamenta, recriando-a 
adaptada, mas fiel à cada um deles. 
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Considerações finais
 A intensão de elaborarmos um E-book ao final de um Módulo de 
formação docente é qualificar as reflexões que foram feitas em uma 
oportunidade anterior à leitura nele apresentada. 
 Em nosso caso, a elaboração desse E-book consiste em qualificar 
o que foi apresentado pelas reflexões propostas ao longo das videoaulas 
sobre o previsto na Abordagem Pikler.
 Esperamos que o Módulo do Curso Impare Educação “Abordagem 
Pikler” tenha sido proveitoso para seus estudos acerca das práticas 
pedagógicas oferecidas aos Bebês e às Crianças bem pequenas no contexto 
da Educação Infantil.
Abordagem Pikler na Educação Infantil
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Referências Bibliográficas
FALK, Judit. Abordagem Pikler: Educação Infantil. São Paulo: Omnisciência,
2016.
KÁLLÓ, Éva; BALOG, Gyórgyi. As origens do brincar livre. São Paulo: 
Omnisciência, 2017.
SOARES, Suzana Macedo. Vínculo, movimento e autonomia: educação até
3 anos. São Paulo: Omnisciência, 2017.

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