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Educação Aplicada aos Cuidados da Criança - Temas 1 a 6

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Matéria: Educação Aplicada aos Cuidados da Criança. 
Assunto: Resumo dos Temas 1 ao 6. 
Curso de Pedagogia 
Licenciatura – 5º Período 
 
 
Anhanguera - Pedagogia – Educação Aplicada aos Cuidados da Criança.......................................................... Página 2 de 71 
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Tema 1 
A Educação de Bebês e Crianças: Princípios e Práticas 
Os estudos sobre a construção social da infância demonstram ser essa uma 
categoria muito recente decorrente das transformações ocorridas no contexto 
social, que foram impulsionadas pela constituição do modelo burguês de produção. 
Um teórico muito citado e considerado como uma referência é Philippe Ariès, que, 
por meio de seus estudos da iconografia, demonstra que a infância é resultante da 
sociedade moderna decorrente das modificações das condições materiais e alteração 
na estrutura social. 
Com certeza vivemos numa sociedade na qual ser criança é visto como uma 
fase em que se tem necessidades diferentes daquelas de um adulto. Você pode se 
lembrar de situações e coisas que vivenciou quando criança e que foram bem 
particulares desse momento. Contudo, não foi assim sempre, ou seja, aceitar a 
infância como um tempo com características específicas é algo recente na história 
humana. Só para ilustrar, até a Idade Média, as crianças eram educadas realizando 
tarefas iguais às realizadas pelos adultos. É somente com o desenvolvimento da 
sociedade moderna que houve uma mudança na concepção da infância e o 
desenvolvimento da ciência favoreceu a melhor compreensão das características 
dessa fase. 
Não se questiona a presença de crianças ao longo da história humana, 
contudo, o “sentimento” de infância como característica de uma sociedade cujos 
adultos cuidam e se preocupam com as crianças é algo moderno, de tal forma que, 
no âmbito da sociologia, o entendimento de que a infância é uma categoria social é 
algo recente. 
Com o surgimento da família burguesa, a forma de tratar a criança também 
muda, uma vez que, se antes havia uma vida coletiva na qual os cuidados e a 
educação das crianças ficavam a cargo do grupo, agora a família é a responsável, 
sendo isso profundamente vinculado a questões tais como: herança, direito à 
propriedade, proteção do patrimônio, entre outros. 
Andrade (2010, p.51) afirma que 
“[...] as mudanças no interior das famílias e a necessidade de educação das crianças 
são fatores determinantes para o desenvolvimento do sentimento de infância”. 
Outro aspecto importante em relação a isso é que ao se reconhecer a infância como 
uma etapa do desenvolvimento humano, após o século XIX, surgem diversos 
campos científicos que passam a estudar esse período, produzindo um conjunto de 
teorias e práticas para melhor orientar como fazê-lo. 
Você pode observar que a forma como a criança é vista e tratada está 
diretamente relacionada às condições da sociedade, assim, cada tipo de sociedade 
corresponde uma forma de conceber a infância e a criança. 
 
 
Anhanguera - Pedagogia – Educação Aplicada aos Cuidados da Criança.......................................................... Página 3 de 71 
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A questão da escolaridade se intensifica em muitos países europeus entre os 
séculos XVIII e XIX, uma vez que a escola se torna um instrumento fundamental de 
preparação para o ingresso no mundo adulto. As transformações que ocorriam no 
mundo do trabalho afetaram profundamente a organização social e atingem até hoje 
as crianças. A inserção dos adultos nos trabalhos fabris evidenciou a situação de 
abandono na qual muitas crianças se encontravam, uma vez que ficavam sem 
cuidados durante o período em que seus pais estavam trabalhando. Além disso, 
muitas já eram vítimas de pobreza e maus tratos. 
Essa situação leva à criação de instituições de caráter filantrópico destinadas 
ao acolhimento dos pequenos, cujo objetivo principal era o de combater as péssimas 
condições de saúde, não havendo uma preocupação com a instrução, uma vez que, 
para os filhos dos operários, o principal era ensinar a obediência, a valorização do 
trabalho e as práticas religiosas. É importante observar que essas práticas tinham 
como objetivo o desenvolvimento dos “bons costumes”, pois a concepção presente 
era a de que as crianças advindas das classes mais pobres não tinham esse 
comportamento. 
No Brasil, até o século XIX, não existiam instituições destinadas ao 
atendimento da criança pequena, como na Europa. 
Como a maior parte da população residia em zonas rurais, as crianças 
abandonadas ou órfãs ficavam sob os cuidados das famílias dos grandes 
proprietários de terras. Já nos meios urbanos, as crianças nessas condições eram 
recolhidas nas chamadas casa de expostos. No Brasil, a primeira foi criada em 1726, 
na Bahia, sendo uma alternativa para abrigar as crianças abandonadas. Para que 
você tenha uma ideia da gravidade do problema do abandono de crianças no Brasil, 
Torres (2006, p.105) explica que 
“Em alguns centros urbanos, no século XVIII, até 25% dos bebês eram abandonados 
e cerca de 70-80% faleciam antes de completar sete anos”. 
Outro aspecto importante em relação à casa dos expostos, também conhecida 
como roda dos expostos, é que representava uma opção para as mulheres brancas e 
solteiras que ficassem grávidas, uma vez que era aceito que os pais ou irmãos 
tirassem a vida da mulher e a de seu filho. Porém, esse não era o único fator do alto 
índice de abandono de crianças, principalmente no Brasil, pois a morte repentina 
dos pais, a morte no parto, o fator econômico e a chamada “bastardia” eram muito 
recorrentes, uma vez que o reconhecimento público da paternidade de um filho 
bastardo era considerado extremamente constrangedor. 
Nesse período, estabeleceram-se algumas posições que historicamente 
acompanharam o debate em torno da Educação Infantil, que é o assistencialismo e a 
educação compensatória, especificamente para as crianças oriundas de classes 
menos favorecidas. Você poderá observar que na História da Educação Infantil no 
Brasil, esse caráter assistencialista foi algo muito forte e que exerceu muita 
influência na definição de práticas e procedimentos. 
 
 
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Com a industrialização e a crescente inserção da mulher no mercado de 
trabalho, criaram-se as creches, que passaram a abrigar os filhos das mães 
trabalhadoras, tendo caráter assistencialista. Vale destacar a explicação de Andrade 
(2010, p.136) a respeito: 
“A concessão patronal das creches tinha um caráter de favor e não de dever social, 
em resposta às reivindicações da classe operária por melhores condições de vida”. 
É importante que você atente para o seguinte: a criação dessas instituições visava 
minimizar os conflitos de classes, uma vez que, para muitos patrões, era uma forma 
de atenuar os conflitos com as mães trabalhadoras. Nessa época, o atendimento 
realizado na creche tinha um caráter higienista, como explica Oliveira (2011, p.100): 
O higienismo, a filantropia e a puericultura dominaram, na época, a 
perspectiva de educação das crianças pequenas. O atendimento fora da família aos 
filhos que ainda não frequentassem o ensino primário era vinculado a questões de 
saúde. 
Veja que, mesmo após a década de 1970, o atendimento realizado pelas creches 
e jardins de infância continuava a ter caráter assistencialista, no entanto, o aumento 
dos movimentos reivindicatórios a partir da década de 1980 levou ao 
reconhecimento de que a educação em creches e pré-escolas é um direito da criança 
e, portanto, um dever do Estado. 
Isso representou, também, uma mudança na concepção do trabalho realizado 
nessas instituições, pois, ao reconhecer o seu caráter educativo, rompeu-se com a 
visão assistencialista, levando à definição de propostaspedagógicas que consideram 
as particularidades dessa faixa etária. 
A Constituição de 1988 assegura como direito da criança de zero a seis anos, o 
atendimento em creches e pré-escola e, na LDB 9394/1996, é estabelecido que a 
Educação Infantil se constitui como a primeira etapa da Educação Básica. 
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil estabelecem a 
Educação Infantil como: Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e 
pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos 
que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e 
cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou 
parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e 
submetidos a controle social. 
É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de 
qualidade, sem requisito de seleção (BRASIL, 2010, p.12). 
Você já deve ter pensado sobre os aspectos que compõem a dimensão 
pedagógica do trabalho na Educação Infantil e como o professor deve definir as 
práticas mais adequadas. Isso realmente é fundamental no trabalho na Educação 
Infantil, daí a importância de se ter clareza em relação a essa dimensão. 
 
 
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Vale destacar que a Lei nº 11.274/2006 alterou a LDB e ampliou o Ensino 
Fundamental para o período de nove anos, estabelecendo a matrícula da criança a 
partir dos seis anos. 
A dimensão pedagógica do trabalho desenvolvido com as crianças tem como 
cerne o reconhecimento de que a criança é um sujeito cultural, com potencialidades 
que precisam ser desenvolvidas, que agem num determinado contexto, sendo por 
ele também determinadas. São, portanto, seres que pensam, vibram e não apenas 
pessoas que virão a ser alguém algum dia. Essa é a concepção presente não apenas 
nas orientações teóricas em relação ao trabalho pedagógico desenvolvido com as 
crianças, mas, também, nos textos oficiais. Assim, o educar e cuidar são aspectos 
indissociáveis no trabalho pedagógico desenvolvido com as crianças da Educação 
Infantil. Agora vamos refletir: quais as consequências desse tipo de concepção? 
Isso exige que os professores compreendam como as crianças se desenvolvem 
e aprendem e possam, a partir disso, propor atividades exploratórias aproveitando a 
curiosidade e a motivação inerente a essa faixa etária. Isso inclui, também, os bebês, 
uma vez que durante muito tempo se acreditou que bastava mantê-los seguros e com 
suas necessidades básicas atendidas, deixando-os de fora de atividades de 
exploração e brincadeiras. Gonzales-Mena e Eyer (2014) afirmam que um programa 
de cuidados que seja também educativo precisa ter um currículo. As autoras 
afirmam que: 
O currículo apropriado deve consistir num plano de aprendizado e 
desenvolvimento totalmente inclusivo e que foque nas conexões e relações de cada 
bebê ou criança de um programa de educação e cuidados primários, seja ele 
institucional ou doméstico (GONZALES-MENA; EYER, 2014, p.26) 
Para a melhor definição sobre o currículo, os cuidadores devem estabelecer o 
que as crianças precisam e no que estão interessadas, além de criar formas de avaliar 
o alcance desses objetivos. A forma mais adequada de viabilizar esse processo é por 
meio da observação, que, ao ser incorporada como prática pelo professor, leva ao 
aperfeiçoamento, possibilitando identificar detalhes e pormenores que muitas 
vezes escapam numa observação mais aligeirada e sem clareza de objetivos. Você 
pode constatar por essas informações que a proposta curricular se mostra mais 
flexível, no entanto, exige mais conhecimento sobre quem é essa criança. 
Ao lado disso, é preciso que o professor estabeleça formas de registro que 
podem ser fichas, quadros, tabelas, esquemas, relatórios individuais e coletivos, os 
quais se constituam em fontes cujo conteúdo permitirá a composição do perfil de 
desenvolvimento da criança. A importância disso será distinguir os interesses e 
dificuldades que a criança apresenta, para poder estabelecer propostas de 
desenvolvimento que irão se materializar nas atividades e práticas cotidianas. A 
forma de sistematizar essas informações dependerá do professor, porém, é 
fundamental que o instrumento forneça uma visão sobre as necessidades mais 
gerais e específicas das crianças, de maneira individual e coletiva. Você já pensou em 
como poderia propor esse tipo de registro? 
 
 
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Nesse processo, um dos aspectos que merecem destaque é observar a forma 
como os bebês e crianças resolvem problemas, uma vez que essa se constitui na 
abordagem curricular mais adequada para o desenvolvimento de suas capacidades. 
Quanto mais os bebês e crianças desenvolvem suas capacidades de lidar e criar 
formas de solucionar os problemas, melhor será o seu processo de aprendizagem. 
Parece um paradoxo que um bebê possa resolver problemas, contudo, o cotidiano 
das crianças é repleto de situações-problema, como: fome, desconforto, desejo (e 
impossibilidade) de alcançar um brinquedo, quando se separam de seus pais, entre 
outras. 
O adulto desempenha papel fundamental mediando a aprendizagem das 
crianças, e a qualidade de suas interferências é fator preponderante para o melhor 
desenvolvimento das suas capacidades. Aqui você constata como se revelam o 
educar e o cuidar, de forma que o professor possa atender às necessidades de cuidado 
da criança e apresentar os problemas para que ela resolva, analisando a forma como 
propõe as soluções, identificando o tempo necessário para que ela alcance suas 
metas e, também, observando o momento em que demonstra seu desinteresse em 
dar continuidade à atividade. Para isso, o professor deve estar apto a fazer as 
interferências necessárias. 
O quadro a seguir destaca as principais atitudes do adulto nesse processo de 
mediação: 
Determinar os níveis de estresse ideais Observar e decidir qual nível de estresse é excessivo, muito, pouco ou suficiente. 
Dar atenção Atender às necessidades de atenção das crianças sem usar meios manipulados. 
Dar retorno 
Dar um claro retorno sempre, de modo 
que bebês e crianças aprendam as 
consequências de suas ações. 
 
Ser um modelo de comportamento Dar um bom exemplo para bebês e crianças. 
Quadro 1 – Papéis do Adulto na Educação de Bebês e Crianças 
A organização das práticas e procedimentos a serem adotados pelos 
professores, especialmente nas instituições de Educação Infantil precisa estar 
alicerçada em princípios que representem concepções fundamentadas no respeito e 
na crença nas possibilidades da criança. Para isso, todos os espaços e situações 
estarão focados no desenvolvimento da criança a partir de suas próprias indicações. 
Os espaços físicos são vistos como próprios para que o contato entre os bebês, as 
crianças maiores, os professores e demais envolvidos nos cuidados com elas se 
constituam em possibilidades de interações culturais. São também locais de 
exploração, criação compartilhada, ampliação das possibilidades corporais e de 
investigação e conhecimento. Nesse sentido, o papel do professor muda, não mais 
assumindo o direcionamento das atividades, mas observando atentamente as 
indicações feitas pelas crianças, fazendo as intervenções com vistas ao incentivo, à 
 
 
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disponibilização de materiais e discernindo o que caracteriza a individualidade de 
cada criança. Pense em como você poderia conceber práticas diferenciadas na 
EducaçãoInfantil, tendo esses aspectos como referência. 
Pasqualini (2010), parafraseando Leontiev (2001), afirma que o 
desenvolvimento das funções psicológicas da criança depende das situações 
concretas nas quais estão envolvidas, de forma que isso se efetiva na e por meio da 
atividade. 
Isso não deve ser confundido com treinamento, daí a necessidade de que a 
atividade seja organizada e intencional. 
Para isso, o professor precisa analisar o conteúdo da atividade desenvolvida 
pela criança, a fim de estabelecer formas de mediação que facilitem a exploração, 
sem deixar de interferir conforme as necessidades que ela apresente. 
Gonzales-Mena e Eyer (2014) afirmam que o trabalho com bebês e crianças 
deve estar assentado em princípios que objetivam sustentar práticas mais 
adequadas quando se trabalha com base na filosofia do respeito. As autoras 
sintetizam dez princípios, que se consubstanciam em diretrizes indispensáveis para 
o trabalho com bebês e crianças, sendo que o primeiro deles é buscar envolver os 
bebês e as crianças nas coisas que lhes dizem respeito, de maneira que até uma troca 
de fraldas pode ter a participação, atenção e cooperação da criança. Em geral, o que 
o adulto faz é distrair a criança com um objeto e, assim, realiza a higiene da criança 
sem que ela, de fato, esteja interagindo. Você já viu esse tipo de atitude? Alguma vez 
pensou sobre ela numa perspectiva diferente? 
O segundo princípio apontado pelas autoras é investir no tempo de qualidade, 
momento em que o professor estará completamente disponível para uma criança. O 
resultado disso é a atenção total dirigida para a atividade realizada com a criança, 
com vontade e interesse. Isso pode acontecer tanto em situações dirigidas – quando 
se alimenta a criança, por exemplo – quanto naquelas sem um direcionamento 
específico – quando se senta ao lado da criança enquanto ela brinca sem fazer 
interferências. Sobre isso, é importante esclarecer que não há como manter a 
disponibilidade constantemente, nem durante todo o tempo que se está com a 
criança. O professor, seja quem for, precisa dosar a quantidade desse tempo, uma vez 
que até as crianças precisam ficar sozinhas de vez em quando e desejam isso. 
Você pode observar que esse tempo de qualidade será construído nas práticas 
cotidianas que envolvem atividades simples, tais como a troca de fralda, o banho, a 
brincadeira; momentos em que a interação íntima será vivenciada pela criança e 
pelo professor com total atenção e envolvimento. 
O terceiro princípio é o professor aprender os meios pelos quais a criança se 
comunica e ensinar a ela sua forma própria de se comunicar. Você já pensou sobre 
isso? As crianças constroem formas de expressar seus desejos, interesses, 
necessidades por meio da linguagem corporal, do choro, das expressões faciais e isso 
precisa ser aprendido, uma vez que não se constituem da mesma forma para todas 
as crianças. A referência para a construção do processo de comunicação da criança 
 
 
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são os adultos com os quais se relacionam. Aprender a utilizar a linguagem verbal 
está relacionado à reação dos adultos, daí a importância de o adulto ter uma 
linguagem clara sem dúbias interpretações. 
O quarto princípio está relacionado à busca de proporcionar condições ao 
pleno desenvolvimento da personalidade em todos os seus aspectos e não somente 
no cognitivo. Você já deve ter visto que muitas famílias constroem expectativas em 
relação à vida acadêmica da criança e buscam propiciar situações de estímulo às 
atividades cognitivas, contudo, a personalidade é composta de vários aspectos que 
devem ser considerados para que o ser tenha a oportunidade de desenvolver todas 
as suas capacidades. 
O quinto princípio está em, efetivamente, assumir uma postura respeitosa em 
relação à criança, no sentido de realizar uma autoanálise constante sobre a forma 
como as atividades e práticas estão sendo realizadas, visando corrigi-las e tendo a 
convicção de que as crianças se servem muito mais dos exemplos que observam 
naqueles que as cuidam do que nas palavras. Muitas vezes as ações se tornam tão 
automáticas que o professor nem percebe que sua atitude pode ser profundamente 
desrespeitosa com a criança. Por exemplo, quando está na hora de alimentar a 
criança e o adulto simplesmente a retira de onde ela se encontra e a coloca na 
cadeirinha sem lhe dirigir uma palavra e nem explicar o que fará em seguida. 
O sexto princípio requer honestidade da parte do professor, de forma que ele 
tenha clareza sobre os seus sentimentos em relação à criança e a maneira como está 
os expressando frente a uma atitude dela. Quando a criança faz alguma coisa errada, 
o professor irá expressar seus sentimentos em relação a essa atitude de maneira 
verdadeira, para que ela compreenda as consequências de tal ato. É importante que 
você se atente para isso, pois se a reação do professor for “mascarada”, utilizando, 
por exemplo, sorrisos, a criança ficará confusa frente à mensagem. 
O sétimo princípio apontado pelas autoras está na importância de o professor 
ser um modelo para a criança. Assim, muito mais do que defender atitudes de 
cooperação, gentileza, respeito, comunicação, dentre outras, cabe a este profissional 
adotar efetivamente esse tipo de postura, expressando-as em suas atitudes tanto 
com as crianças quanto com os demais. 
O oitavo princípio está relacionado à capacidade de o professor acreditar na 
capacidade que os bebês e crianças têm de resolver problemas. Você já pensou em 
como é que as crianças fazem para resolver suas situações-problema? Isso implica 
em permitir que ela lide com os problemas até o ponto em que tenha condições para 
isso. Muitas vezes o professor age em função da ansiedade em resolver a situação 
rapidamente, sem respeitar a capacidade e o tempo da criança na busca de seus 
próprios caminhos. Cabe ao professor dar o tempo que for preciso e liberdade para 
que ela possa analisar e buscar soluções, trabalhando em seus problemas. 
O nono princípio é levar a criança a construir uma relação de confiança com 
os adultos. Para isso, ela precisa confiar que suas necessidades serão satisfeitas e, 
quando se expressar, serão atendidas. O professor precisa ser confiável, de tal modo 
que a criança saiba que se precisar de alimento, de descanso, de ajuda, terá um 
 
 
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professor atento que lhe proporcionará isso. A confiança também deve estar 
pautada na demonstração de apoio, quando, por exemplo, os pais precisam deixar a 
criança. A melhor alternativa é que ela seja informada e não enganada, pois tem o 
direito de se sentir triste e, também, de aprender que os acontecimentos se 
modificam, para poder lidar com a situação de que se os pais saíram por um tempo, 
mas logo estarão de volta. Com certeza você já deve ter presenciado situações nas 
quais as crianças choram desesperadamente quando separadas de seus pais. 
Finalmente, o décimo princípio que deve orientar o currículo com base no 
respeito à criança é o conhecimento das etapas de desenvolvimento do ser humano 
e o que caracteriza cada uma delas, evitando pressionar a criança para que apresente 
resultados para os quais ainda não está preparada. É evidente que as crianças 
apresentam diferenças entre si ocasionadas pelo ambiente no qual vivem, 
características individuais, influências culturais, porém, apressar as respostas das 
crianças não é recomendável, uma vez que elas precisam estar prontas para o 
aprendizado, e isso não é o adulto quem decide. Facilitar o aprendizado significa 
apressar o processo de desenvolvimento da criança, impedindo que ela o viva na sua 
plenitude.Quando uma instituição de Educação Infantil assume um currículo 
fundamentado na filosofia do respeito à criança, precisa ter claro que isso implica 
conhecimento sobre as características das crianças e adoção de práticas de constante 
reflexão sobre o que está sendo proposto e desenvolvido. Não existem receitas 
prontas, uma vez que a criança participa da construção do currículo, como um 
sujeito que age frente ao que lhe é proposto e oferece respostas sobre o que lhe 
acontece. Você já presenciou situações nas quais as crianças realizam atividades que 
não se sentem envolvidas? Já se deparou com rotinas que são planejadas a partir do 
que o adulto pensa ser melhor, sem considerar o que a criança deseja? Esses são 
exemplos de como se pode construir um currículo sem a participação da criança. 
As práticas mais adequadas devem estar assentadas nas pesquisas sobre as 
etapas do desenvolvimento infantil, o conhecimento das diferenças individuais e, 
também, das influências culturais. Esses aspectos precisam ser equacionados na 
definição do que é mais adequado para o desenvolvimento do currículo, uma vez que 
não se pode considerar adequada uma prática, mesmo que decorrente, de estudos e 
pesquisas, sem considerar o contexto cultural como elemento importante. 
As experiências vivenciadas na Educação Infantil devem favorecer à criança a 
compreensão de quem ela é, como se sente frente às coisas que ocorrem e como 
buscar formas de solucionar os problemas que enfrenta. 
Oliveira (2010, p.5) explica que essas experiências devem: 
[...] possibilitar o encontro de explicações pela criança sobre o que ocorre à sua volta 
e consigo mesma enquanto desenvolvem formas de sentir, pensar e solucionar 
problemas. Nesse processo, é preciso considerar que as crianças necessitam 
envolver-se com diferentes linguagens e valorizar o lúdico, as brincadeiras, as 
culturas infantis. 
 
 
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Não se trata assim de transmitir à criança uma cultura considerada pronta, mas de 
oferecer condições para ela se apropriar de determinadas aprendizagens que lhe 
promovem o desenvolvimento de formas de agir, sentir e pensar que são marcantes 
em um momento histórico. 
Quanto melhor for o início da vivência dos bebês e crianças na escola, melhor 
será o seu desenvolvimento e isso precisa ser visto como um investimento com 
grande impacto, uma vez que se constitui nas bases para o sucesso da criança na 
escola. 
 
Neste tema, você teve a oportunidade de conhecer mais sobre a construção do 
conceito de infância, aprendendo que isso é determinado historicamente. Você 
verificou que a Educação Infantil é resultante de um processo de lutas pelo 
reconhecimento dos direitos da criança e que, atualmente, a perspectiva do trabalho 
com elas deve estar pautada na associação entre educar e cuidar. 
Também foi objeto a compreensão sobre os fundamentos que devem orientar 
a construção de um currículo que leve em consideração o respeito pela criança, 
compreendendo-a como um ser que pensa e age e não pode ser simplesmente 
submetida à vontade dos adultos sem ter seus desejos considerados. 
Discutiu-se a construção de práticas mais adequadas por meio de um currículo 
que leve em consideração o relacionamento, resultado de interações respeitosas, 
positivamente reativas e recíprocas. 
Por fim, outro aspecto discutido foi a aprendizagem por meio da resolução de 
problemas, que é considerada uma proposta totalmente possível de ser desenvolvida 
mesmo com bebês, pois, ao conhecer melhor o universo infantil, você percebeu que 
os bebês e crianças pequenas estão constantemente envolvidas em situações-
problema que, evidentemente, diferem das questões que envolvem os adultos; elas 
são concretas e representam oportunidades de aprendizagem. 
 
Philippe Ariès: Historiador e medievalista francês, destacou-se no estudo sobre a 
história da família e da criança. Produziu, em 1978, a “História Social da Criança e da 
Família”, uma iconografia pioneira na análise e concepção da infância, que deixa 
clara a fragilidade e desvalorização da criança através dos tempos. 
 
 
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Os seus estudos foram realizados a partir da iconografia, uma vez que não existiam 
textos escritos sobre a criança, e demonstraram que desde antiguidade tanto 
crianças quanto as mulheres eram considerados como seres inferiores e até a Idade 
Média as crianças eram educadas realizando tarefas iguais as realizadas pelos 
adultos. 
O autor foi um dos primeiros identificar que o sentimento para com a criança 
tornou-se mais significativo durante o século XVII e a afirmar que a infância é uma 
construção socialmente determinada. 
Filantrópico: Decorre do termo “filantropia”, que significa “amor à humanidade”. 
Tem o sentido de solidariedade, caridade, benfeitoria. Está relacionado com fazer ou 
dar algo a alguém por meio de uma ação social, desvinculada de políticas públicas, 
mas que, em muitos casos, ocupa espaços deixados pelo Estado, atendendo e 
suprimindo sua ausência. As entidades filantrópicas desenvolvem ações que visam 
beneficiar os menos providos, sem distribuir lucros. 
Casa de expostos (roda de expostos): Instituições destinadas a abrigar crianças 
abandonadas, geralmente administradas pela Igreja. Historicamente, essas 
instituições tiveram origem na Europa, no século XIII, e tinham como objetivo levar 
as crianças “enjeitadas” ao sacramento, impedindo que suas almas permanecessem 
no limbo. 
Para a Igreja Católica, as almas que faleciam sem receber o batismo ou assistência 
espiritual permaneceriam no “purgatório” e, ao recolher as crianças “enjeitadas”, a 
Igreja providenciaria um meio para que sua alma pudesse ser salva. Portanto, 
inicialmente, o objetivo dessas instituições foi de caráter religioso. 
Jardins de infância: A origem do termo é atribuída ao alemão Friedrich Froebel, que 
não apenas teorizou, mas, também, concretizou seus ideais em relação à educação 
de crianças em 1837, quando criou o primeiro jardim de infância. 
O nome “jardim” vem do entendimento de Froebel de que a criança é como uma 
plantinha, que precisa ser bem tratada para crescer e florescer em toda a sua 
capacidade. 
O método defendido pelo teórico reforçava as atividades práticas como aspecto 
central para o conhecimento, uma vez que o ensino abstrato seria prejudicial à 
criança, pois respeita a sua natureza. 
O autor, em um dos seus livros, “Pedagogia dos jardins de infância”, de 1917, explica 
que o papel da educação é favorecer o desenvolvimento livre e espontâneo da 
criança. 
No Brasil, os primeiros jardins de infância foram criados por volta de 1875, em São 
Paulo, tanto pela iniciativa particular quanto pelo setor público, mas ainda assim 
para atendimento dos filhos da burguesia. 
Educação Infantil: É considerada a primeira etapa da Educação Básica e está prevista 
no Brasil, legalmente, desde 1996, com a nova LDB no 9394. 
 
 
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Até a década de 1970, pouco aconteceu em termos legais para garantir a oferta de 
creches e pré-escolas, porém, a partir da década de 1980, vários grupos organizados 
de estudiosos da infância se uniram para reivindicar o direito da criança à educação 
desde os primeiros anos de vida. A Educação Infantil compreende o atendimento de 
crianças entre zero e três anos, em creches, e entre quatro e cinco anos, em pré-
escolas. 
A matrícula na Educação Infantil é obrigatória às crianças que completam 4 ou 5 
anos até 31 de março do anoem que ocorrer a matrícula, porém, a frequência não é 
pré-requisito para matrícula no Ensino Fundamental. 
Cuidador: Pessoa responsável pelo cuidado destinado à outra que esteja em 
condições de dependência. O cuidado nesse caso é compreendido como a atitude de 
atenção e zelo, que requer responsabilidade e envolvimento afetivo. No Brasil, 
estudos sobre a função de cuidador são muito recentes e este pode ser entendido 
como uma pessoa que atende as necessidades de outra que esteja em condições 
vulneráveis, podendo ser, inclusive, um familiar. 
O cuidador pode ter um caráter formal ou informal. Aqueles contratados para 
prestar um determinado serviço, cujo objetivo central seja o cuidado àquelas pessoas 
em situação de dependência, são os cuidadores formais, estando nesta categoria os 
enfermeiros, acompanhantes, empregadas domésticas, entre outros. Já os informais 
são as pessoas que, de forma voluntária, se dispõem a essa função. 
Interação: Ações que se efetivam entre os indivíduos de um grupo social. A interação 
de um indivíduo com outro ocorre a partir da assimilação da cultura do grupo social 
ao qual o indivíduo pertence. 
Para Vygotsky, desde o nascimento, o ser humano é um ser social, uma vez que, 
mesmo quando ainda não utiliza a linguagem oral, está interagindo e se 
familiarizando com o ambiente no qual vive. Por meio da interação que se estabelece 
entre os indivíduos é que ocorre os processos de aprendizagem e o aprimoramento 
das estruturas mentais. 
Tema 2 
O currículo para a educação de crianças: o cuidado como aspecto central e o papel 
da brincadeira 
Definir o que é o currículo não é tarefa simples, uma vez que isso varia 
conforme a concepção de educação predominante e as influências epistemológicas 
que orientam as diferentes teorias sobre o tema. Alguns teóricos concebem o 
currículo como a relação de conteúdos a serem desenvolvidos durante um período 
letivo, também como as experiências de aprendizagem vivenciadas pelos alunos ou, 
também, como os objetivos propostos para serem alcançados no processo de ensino 
e aprendizagem. 
Forquin (1993 apud LIBÂNEO, OLIVEIRA e TOSCHI, 2010, p. 362) define 
currículo como: 
 
 
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[...] o conjunto dos conteúdos cognitivos e simbólicos (saberes, competências, 
representações, tendências, valores) transmitidos (de modo explícito ou implícito) 
nas práticas pedagógicas e nas situações de escolarização, isto é, tudo aquilo a que 
poderíamos chamar de dimensão cognitiva e cultural da educação escolar. 
Quando se trata da educação infantil, é preciso considerar que, na etapa inicial 
da vida do ser humano, não é possível separar as necessidades intelectuais das 
demais necessidades, daí ser fundamental a concepção de currículo centrado em 
atividades. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, o 
currículo é compreendido como: 
Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças 
com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, 
científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de 
crianças de 0 a 5 anos de idade (BRASIL, 2010, p. 5). 
Para que o pleno desenvolvimento da criança ocorra, o planejamento 
curricular deve totalizar elementos que estejam relacionados, sem rupturas ou 
fragmentação. Por isso não é possível pensá-lo como algo estático, mas sim como 
algo dinâmico, relacionado a toda e qualquer ação que envolve a criança no seu 
cotidiano na escola, e isso não se limita a situações nas quais ela realiza atividades 
direcionadas pelo professor. A relação entre educar e cuidar é um dos aspectos 
centrais na organização do trabalho com a criança e por meio do qual se expressam 
as práticas pedagógicas. Cuidado e educação são inerentes ao trabalho da educação 
infantil, uma vez que o cuidar encontra-se implícito no ato de educar, ressaltando 
que isso não se aplica somente à educação infantil. 
Gonzales-Mena e Eyer (2014) afirmam que o currículo se concretiza nas 
atividades e o componente central desse processo é o apego, uma vez que é desse 
sentimento que nascem a confiança e a segurança. As atividades rotineiras, 
realizadas pelos professores e crianças, oferecem várias experiências que servem de 
base para o desenvolvimento cognitivo. As autoras acrescentam que o apego 
contribui para que a criança compreenda que, além de cuidada, ela é considerada 
como um ser humano, um indivíduo. Nesse sentido, os professores desempenham 
papel fundamental, uma vez que deles depende a consistência do trabalho 
desenvolvido com as crianças, a qualidade do cuidado e a continuidade do processo. 
O apego se caracteriza como o comportamento por meio do qual a criança 
busca o adulto que a protege. O relacionamento que ela estabelece com a figura de 
apego desenvolve uma representação sobre si mesma, percebendo-se digna ou não 
de afeto e a disponibilidade, ou não, do outro. O apego está relacionado ao 
desenvolvimento socioafetivo e, também, ao desenvolvimento cognitivo. 
Vale dizer que a autoestima e a autoconfiança têm sido consideradas como 
aspectos fundamentais para o bom desempenho acadêmico, uma vez que decorrem 
de uma relação de confiança, que leva o indivíduo a explorar e aprender de uma 
forma livre e independente. 
 
 
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Conforme Silveira e Ferreira explicam (2005, p.11): As condições que 
contribuem para o desenvolvimento ou não do apego a uma figura incluem: 
primeiro, a sensibilidade dessa figura para responder aos sinais do bebê, e, segundo, 
a quantidade e natureza da interação entre os componentes do par. 
As autoras ainda acrescentam que não é pela quantidade de tempo que se 
define a intensidade da interação estabelecida com a criança, atendendo suas 
necessidades, mas a interação recíproca que ocorre entre criança e professor. 
O papel que aqueles que cuidam da criança desempenham é de fundamental 
importância para um desenvolvimento equilibrado e estável. A formação inicial e 
continuada desses profissionais deve garantir as condições para que seja possível 
desenvolver uma visão integrada, superando ações mecanizadas. O trabalho não 
pode ser individual, uma vez que é no conjunto que a equipe poderá refletir sobre 
suas ações, visando proposições mais adequadas. 
Esses profissionais, em constante relacionamento com a criança, 
estabelecerão relações de apego por meio das rotinas que são as formas pelas quais 
as práticas curriculares são desenvolvidas. 
Com relação a essas rotinas de cuidados com bebês e crianças, aquelas 
consideradas como essenciais são: alimentação, troca de fraldas, banho, vestir-se e 
descanso. Vejamos cada uma delas detalhadamente. 
A alimentação é um momento muito rico na relação entre o professor e a 
criança, momento em que o apego se desenvolve, devendo, por isso mesmo, ser um 
tempo de qualidade. Gonzales-Mena e Eyer (2014) sugerem que o mesmo professor 
alimente os mesmos bebês e crianças para, assim, construir a relação de apego. 
Quando a criança passa a ter condições de se alimentar sozinha, deve ser incentivada 
a tal ato, mesmo com a bagunça e sujeira que isso possa acarretar. 
As autoras explicam a importância de se observar atentamente a criança: 
Entender os sinais de cada criança, dar a elas algumas escolhas, Definir limites 
claramente, reagir honestamente e interagir com responsabilidade são todos 
postos-chave para experiências de alimentação agradáveis (GONZALES-MENA; 
EYER, 2014, p. 54). 
Outro momento que favorece o desenvolvimento do apego é o da troca de 
fraldas. Muitas vezes o desafio do professor/cuidador é manter a criança calma para 
que possarealizar o procedimento. O que geralmente ocorre é realizar essa troca de 
maneira mecânica, sem estar atento ao que se realiza, e, quando a criança está um 
pouco maior, o professor costuma oferecer um objeto ou brinquedo para que ela se 
distraia. Observe que esse é um momento excelente para aprofundar a relação e 
desenvolver o apego, contudo, quando torna-se mecânica, ela deixa de ser elemento 
do planejamento curricular. 
Gonzales-Mena e Eyer (2014, p. 56) explicam que 
 
 
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“[...] quando a troca de fraldas se processa sem a total consciência e participação do 
bebê, ela deixa de ser uma experiência humana íntima que dá prosseguimento às 
relações”. 
Ida ao banheiro é um assunto que provoca discussões e representa um desafio 
para os professores. Atualmente, a abordagem utilizada é de aprendizado da ida ao 
banheiro e não treinamento, como até há alguns anos era tratado, uma vez que a 
criança precisa estar pronta para isso. Na convivência entre as crianças em 
instituições de Educação Infantil, a imitação é muito utilizada e, dessa forma, é 
bastante comum verificar que muitas crianças passam a utilizar o banheiro 
naturalmente, imitando aquelas que não usam mais as fraldas. Aprender a controlar 
os esfíncteres é um processo que pode favorecer a criança a estabelecer uma boa 
relação com seu corpo, desenvolver sua autonomia e ter consciência de suas 
necessidades físicas. Cada criança terá um desenvolvimento próprio, sendo difícil 
definir, a priori, quando esse start para a autonomia ocorrerá. Para isso a família é 
parte fundamental, uma vez que as suas decisões precisam ser respeitadas pela 
escola. 
Estudos comprovam que quanto maior for a pressão para a criança deixar a 
fralda, mais resistência ela desenvolve, uma vez que é uma forma de lidar com o 
controle externo. Dias, Correia e Marcelino (1982) explicam que, em relação ao início 
do controle dos esfíncteres, não há um consenso por parte dos estudiosos, uma vez 
que, se para alguns isso pode ocorrer por volta dos 16 e 18 meses, para outros, isso 
ocorre mais eficazmente por volta dos 18 e 24 meses. Contudo, há concordância de 
que isso depende da maturidade do sistema nervoso e que há uma predisposição de 
antecipação nas meninas. Dentre outras, vale destacar três orientações feitas por 
Gonzales-Mena e Eyer (2014). 
A primeira é auxiliar as crianças a se sentirem seguras, providenciando 
penicos e vasos sanitários bem baixos para que elas os alcancem com independência; 
a segunda é ser gentil e compreensível com os acidentes, uma vez que eles 
acontecerão. 
A terceira é solicitar aos pais que providenciem roupas confortáveis para que 
as crianças possam retirá-las sozinhas. 
O banho e a limpeza são práticas de cuidado que compõem o planejamento 
curricular e se configuram em momentos ricos para o desenvolvimento do apego. 
Lavar as mãos, ajudar a criança na escovação dos dentes, a pentear o cabelo, entre 
outras práticas são oportunidades para levá-la a experimentar outras texturas, 
outras sensações, como, por exemplo, a da mão ensaboada e isso pode favorecer o 
autoconhecimento da criança. Sobre os cuidados que a escola precisa adotar, 
recomenda-se utilizar sabão líquido e que tenha próximo algum papel descartável 
para a secagem das mãos. 
Em geral, as famílias preferem que a tarefa do banho não seja realizada na 
escola e, em relação à limpeza da criança, é importante que haja um consenso entre 
as opiniões. Muitos pais reclamam que a criança não volta para casa tão limpa e 
 
 
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arrumada quanto gostariam, alguns até criticam a escola se a roupa da criança está 
muito suja e se os cabelos estão despenteados. Essas situações precisam ser previstas 
no projeto pedagógico da escola e os pais devem ser ouvidos e respeitados em suas 
opiniões, sem, porém, interferir nas situações consideradas como essenciais para a 
criança, que eventualmente poderá terminar o dia com a roupa suja e o cabelo 
despenteado, como resultado das atividades realizadas. 
A tarefa de vestir-se é uma oportunidade de incentivar o desenvolvimento da 
autonomia da criança. As crianças, em geral, gostam de ajudar e até os bebês têm 
prazer em fazer isso. Mas como esse tipo de atividade pode ajudar a desenvolver o 
apego? 
Por ser um momento em que o professor ensina a criança que ela pode realizar 
algumas coisas sozinha, conforme for se sentindo mais segura, ele poderá deixar que 
ela realize de maneira independente. Os laços se estreitam, a confiança se estabelece 
e, com isso, o apego é construído. Quanto mais a criança perceber que pode contar 
com o professor, caso não consiga realizar uma tarefa, melhor ela se sentirá em 
tentar desenvolvê-la com autonomia. Vestir-se pode ser um problema que ela 
precisa resolver e isso se tornará uma oportunidade para permitir que busque 
formas de solução, sendo uma prática constituinte do planejamento curricular. 
O descanso é uma parte da rotina bastante importante no planejamento 
curricular. No caso dos bebês, alguns cuidados são muito importantes em função de 
situações como a Síndrome da Morte Súbita Infantil, que requer conhecimento por 
parte dos professores. Os padrões de sono da criança devem ser fornecidos pelos 
pais, pois não há uma orientação única que atenda a todas as crianças. Essas 
informações ajudarão a oportunizar que a criança descanse de forma que lhe seja 
mais confortável e familiar. Para conhecer melhor os seus hábitos, é preciso 
persistência e atenção, sendo recomendável que cada bebê tenha o berço que 
utilizará todos os dias posicionado no mesmo local. 
Gonzales-Mena e Eyer (2014, p. 63) indicam algumas orientações para ajudar 
esse momento: 
1. Ofereça privacidade visual para as crianças que precisam. [...] 
2. Ofereça uma atmosfera pacífica e silenciosa. [...] Comece a reduzir a 
atividade antes da hora do cochilo. 
3. Certifique-se de que todas as crianças disponham de ar puro e possam 
fazer exercícios. O cansaço é o maior estímulo para o cochilo. 
4. Não deixe que as crianças fiquem excessivamente cansadas. Algumas 
crianças têm dificuldades de se acalmar para dormir quando estão 
exaustas. 
A paciência e a atenção dos professores são fundamentais para determinar a 
qualidade das interações que são feitas com as crianças e quanto melhor for o 
proveito dos momentos em que são personalizadas e individualizadas, menos elas 
 
 
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precisarão de atenção em outros períodos do dia, uma vez que desenvolverão 
habilidades de autoajuda. 
A constituição de um planejamento curricular para a Educação Infantil não 
pode prescindir da brincadeira, uma vez que se constitui num processo psicológico 
de grande importância, envolvendo articulações muito particulares de relação com 
o mundo. Conforme Rodrigues (2009, p.19) explica: 
A brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil, 
na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. O 
brincar não só requer muitas aprendizagens como também constitui um espaço de 
aprendizagem. 
No que se refere a bebês e crianças pequenas, a brincadeira envolve a 
movimentação. Assim, se elas não puderem se movimentar com liberdade, não 
poderão estar completamente envolvidas. Isso se explica por que nessa fase o 
desenvolvimento físico tem relação com o desenvolvimento cerebral. Disso decorre 
que quanto mais movimentação e exploração a criança puder realizar, melhor será 
seu desenvolvimentocomo totalidade. Nesse sentido, a proposta curricular deve 
prever as brincadeiras livres e a exploração com a monitoria do adulto, porém, sem 
seu controle. 
No planejamento curricular, é necessário que as práticas prevejam a liberdade 
aos bebês e crianças, apoio na consecução dos seus objetivos dentro da brincadeira e 
disponibilização de recursos para que ela possa brincar de forma autônoma. 
Isso retira o foco do professor e passa para a criança, que, a rigor, deve ser o 
sujeito desse processo. Ao fazer isso, o professor não terá mais o comando, mas 
estará mediando e observando caso haja necessidade da sua intervenção em 
conformidade com as demandas da criança. Nessa perspectiva de currículo, as 
situações vivenciadas pela criança serão desafios que ela terá de enfrentar e as 
situações-problema que encontrarem serão oportunidades de desenvolvimento. 
Contudo, é preciso que o professor desenvolva a habilidade de saber o 
momento apropriado de fazer as interferências. 
Em geral, os professores – ou mesmo os pais ou outros cuidadores – pensam 
que auxiliar é interferir e fazer pela criança, sem dar a ela a oportunidade de testar 
suas hipóteses ou descobrir sua abordagem própria. Daí a importância de observar 
de uma forma sensível e perspicaz, identificando os momentos em que a criança 
demonstre que efetivamente não está mais conseguindo lidar com a situação, para 
que faça a interferência e de uma forma adequada. 
Gonzales-Mena e Eyer (2014, p. 73) destacam os principais fatores para que os 
professores possam apoiar positivamente as crianças no seu processo de 
brincadeiras e exploração: 
1. Participação ativa na rotina das crianças. 
2. Observação sensível e entendimento das necessidades da criança. 
 
 
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3. Consistência, o que inclui limites claramente definidos. 
4. Confiança básica no bebê como alguém que inicia atividades, explora e 
aprende por si mesmo. 
5. Ambientes seguros, cognitivamente desafiadores e emocionalmente 
nutritivos. 
6. Não interromper a brincadeira quando os bebês estão brincando 
sozinhos. 
7. Liberdade para explorar e interagir com objetos e outros bebês. 
O ambiente para favorecer a brincadeira deve ter como aspecto central a 
segurança e, também, a previsão de objetos que atendam todas as crianças, inclusive 
aquelas com alguma necessidade educativa especial. É claro que não basta colocar os 
pequenos numa sala sem ter organizado o tamanho do local, os objetos que ali 
estarão dispostos, os materiais e brinquedos, entre outros itens. Muitos programas 
não permitem que bebês e crianças um pouco maiores brinquem juntos, temendo 
que os maiores possam machucar os menores. É importante que as crianças de 
diferentes idades se relacionem; a depender da atividade, será necessário um 
número maior de adultos mediando, porém, mesclar diversas formas de 
organização dos grupos são oportunidades para que as crianças possam desenvolver 
suas potencialidades. 
O quadro a seguir destaca alguns fatores ambientais que podem influenciar as 
brincadeiras. 
Tamanho do grupo e faixa etária 
Grupos grandes tendem a tornar a 
participação da criança mais difícil, 
havendo, ainda, aquelas crianças mais 
tranquilas que acabam sendo ignoradas. 
Quando houver mistura dos grupos etários, o 
cuidado é com a segurança dos menores. 
Nesse caso, haverá necessidade de maior 
interferência do adulto. 
Configurando o ambiente para 
favorecer a brincadeira 
 
A criança deve poder tocar em tudo que está 
no ambiente, daí a necessidade de selecionar 
o que nele estará disponível, além dos claros 
limites nos quais a criança deve permanecer 
para evitar algum acidente, como, por 
exemplo, o uso de portões. Higienizar os 
brinquedos, disponibilizar objetos que 
sirvam para rolar, empurrar, escalar, usar 
materiais mais duros ou mais suaves e 
prover brinquedos que possam ser utilizados 
de diferentes maneiras são algumas das 
orientações que devem ser seguidas. 
 
 
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Acontecimentos1 
Os acontecimentos devem ser 
compreendidos como as experiências 
vivenciadas pelas crianças, mesmo aquelas 
mais simples e nem sempre consideradas 
como importantes, a depender do olhar do 
adulto. 
Eles envolvem, desde aqueles previstos, 
como colagem, pintura com esponjas, 
desenhos com diferentes materiais, até os 
imprevistos, tais como observar o que 
acontece no pátio após a chuva. 
Liberdade de escolha 
A sala deve estar organizada de tal 
modo a estimular a brincadeira livre e com 
muitas escolhas à disposição. 
O problema da combinação 
O ambiente precisa oferecer experiências 
familiares e, também, novas, para que 
desperte o interesse da criança. A 
combinação entre o conhecido e o novo 
representa o desafio ao professor, uma vez 
que isso deve estar adequado a cada criança e 
as suas condições individuais. Quanto mais 
ele conhecer sobre o desenvolvimento da 
criança e aprender a observar o que acontece 
com ela, melhores serão suas condições de 
mediar esse processo. 
 
Quadro 1 – Fatores que Influenciam as Brincadeiras 
As autoras preferem utilizar o termo “acontecimentos” a “atividades”, uma 
vez que fundamentam suas orientações em teorias que se distanciam dos modelos 
dominantes. Ao utilizarem o termo “acontecimentos”, buscam situar o foco na 
experiência da criança, o que não significa ausência de intencionalidade. 
Com relação ao problema da combinação, existe um importante desafio para 
o professor, no sentido de perceber se a brincadeira está interessante o suficiente 
para continuar despertando a atenção da criança. Você já deve ter tido a 
oportunidade de observar crianças brincando e como conseguem modificar o rumo 
de uma brincadeira caso não estejam mais gostando dela, ou mesmo mudando para 
outra brincadeira quando começam a se desinteressar por aquela que estão 
desenvolvendo. É uma combinação de elementos que são novos o suficiente para 
servir de estímulo, mas que são, também, familiares, para que a criança possa 
utilizar os recursos mentais já adquiridos. 
 
 
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Gonzales-Mena e Eyer (2014, p. 84) explicam que o aprendizado acontece “[...] 
quando existe uma incongruência ideal entre o que se conhece e o que é novo em 
determinada situação”. Uma situação extremamente nova provoca o recuo da 
criança e uma situação muito conhecida causa o desinteresse. Portanto, equilibrar a 
incongruência é o desafio do professor. A escolha das situações que prevejam uma 
combinação ideal de incongruência dentro de um ambiente depende de dois fatores. 
O primeiro se refere ao conhecimento sobre os estágios de desenvolvimento infantil 
e o segundo se refere aos dados obtidos por meio da observação das crianças. 
É importante ter sempre em mente que não se deve pressionar a criança, mas 
incentivar para que ela realize o que estiver fazendo com dedicação. A brincadeira é 
fundamental para o desenvolvimento infantil, uma vez que a criança pode 
transformar o que apreende das situações e produzir novos significados. Além disso, 
elas podem representar as coisas de maneira diferente do que realmente são, 
ressignificando o convencionalmente estabelecido. 
Vygotsky (1998) afirma que não é possível ignorar que a criança satisfaz 
algumas necessidades por meio da atividade do brincar. As pequenas tendem a 
satisfazer seus desejos imediatamente, e o intervalo entre desejar e realizar, de fato, 
é bem curto. Já as crianças entre dois e seis anos de idade são capazes de inúmerosdesejos, e muitos não podem ser realizados naquele momento, mas posteriormente 
por meio de brincadeira (QUEIROZ; MACIEL; BRANCO, 2006, p. 173). 
Somente por meio da observação é que o professor poderá conhecer melhor as 
opções da criança, compreender como brinca e seus motivos e, assim, determinar 
melhores formas de interagir com ela. 
O planejamento curricular acarreta a necessidade de que a instituição de 
Educação Infantil programe as atividades com vistas à participação de todas as 
crianças, inclusive aquelas com necessidades educativas especiais. A legislação 
vigente prevê que as crianças com deficiência deverão ser matriculadas em escolas 
de ensino regular que, por sua vez, deverão organizar as ações a serem desenvolvidas 
com elas, visando seu desenvolvimento. A cada ano aumenta o número de crianças 
com algum tipo de deficiência na rede regular de ensino e isso exige uma formação 
específica para os professores, além de adaptações no currículo. Quando se trata de 
crianças pequenas a preocupação aumenta, uma vez que há necessidade de adequar 
os processos de educação e cuidados que precisam considerar as características da 
necessidade apresentada. 
Com certeza são novos desafios a serem enfrentados pelas instituições, 
contudo, estudos apontam que a inclusão de crianças com necessidades especiais 
transforma muitas práticas estabelecidas na escola. O planejamento curricular 
visando uma educação inclusiva favorece a todas as crianças e não apenas aquelas 
que possuem alguma deficiência. 
As práticas flexíveis e criativas atendem as necessidades individuais e 
oportunizam diferentes formas de aprendizagem a todos os alunos, levando a um 
ambiente democrático. 
 
 
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É preciso adaptar as rotinas às necessidades apresentadas e, ao professor, 
cabe buscar as melhores formas para criar uma relação de apego com as crianças. 
O tempo e a disponibilidade são condições para que as interações ocorram, 
favorecendo construir na criança uma autoimagem positiva. 
Todas as crianças merecem o respeito e precisam ser aceitas com suas 
características, cabendo ao adulto criar um ambiente no qual elas possam se sentir 
seguras, protegidas, e, assim, explorem o mundo a seu redor e se desenvolvam. 
 
Neste tema, você pôde acompanhar os aspectos que envolvem práticas de 
cuidado e que também se configuram como educativas. O apego foi compreendido 
como aspecto central na organização do currículo, uma vez que por meio dele é que 
se estabelecem as relações que favorecerão as práticas de educar e cuidar numa 
perspectiva de respeito à criança. As rotinas de cuidados foram abordadas nas suas 
especificidades, visando esclarecer as práticas mais adequadas para que a criança 
possa ter seu desenvolvimento garantido com qualidade e segurança. Tratou-se das 
rotinas mais comuns realizadas nas instituições de Educação Infantil e 
desenvolvidas tanto com bebês quanto com as crianças maiores. 
Outro aspecto também tratado aqui foi o ato de brincar como fundamental 
para o desenvolvimento da criança. Foram abordadas as maneiras mais adequadas 
para a interferência dos adultos nas brincadeiras das crianças, a forma de 
organização dos espaços, as maneiras mais adequadas de estimular as interações, 
bem como as atitudes diante das situações-problema enfrentadas pelas crianças no 
momento das brincadeiras. 
Por fim, reforçou-se a importância de o professor conhecer os estágios de 
desenvolvimento da criança para saber dosar de maneira equilibrada para que ela 
não tenha desafios além de sua capacidade, o que levaria a desistir de tentar resolvê-
los, ou muito fáceis, que a levem a se sentirem desestimuladas. 
 
Epistemológicas: Relacionado à epistemologia. Etimologicamente, é o discurso 
racional (logos) da ciência (episteme). Pode ser conceituada como o estudo científico 
do conhecimento ou teoria do conhecimento. 
É o ramo da Filosofa cujo interesse principal é a natureza, fontes e validade do 
conhecimento. Num sentido amplo, a epistemologia pode ser compreendida como o 
estudo dos métodos, história, critérios, funcionamento e organização do 
conhecimento sistemático, seja ele teológico, filosófico ou científico. Num sentido 
 
 
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restrito, pode ser conceituada como Filosofa da Ciência ou o estudo sistemático dos 
métodos e critérios do conhecimento científico. “Estudar epistemologia é estudar as 
diferenças entre vários tipos de conhecimento, como o prático, o filosófico, o 
religioso e o científico”. (CASTAÑON, 2007, p.7). 
Apego: Pode ser definido como um sentimento que une uma pessoa à outra, 
tratando-se de uma ligação forte entre as pessoas. A construção dessa relação é tema 
dos estudos desenvolvidos por John Bowlby, médico e psicanalista inglês, por meio 
da Teoria do Apego. Nessa teoria, o aspecto fundamental são as bases biológicas do 
sistema comportamental de apego, pois, para o teórico, ele é organizado no sistema 
nervoso central, além de ser regulado pelo ambiente externo. A figura de apego é 
fundamental na teoria de Bowlby, uma vez que a criança se dirige para ela quando 
precisar de proteção e suporte, além de servir como base segura caso precise de 
proximidade e segurança. 
Conforme Bastard (2013, p. 18) explica: 
A ideia central da teoria do apego envolve a relação entre as experiências do 
indivíduo com seus pais e sua capacidade de, mais tarde, formar laços afetivos. Isso 
porque os problemas encontrados a partir dessa capacidade, como problemas entre 
casais ou com crianças, podem ser atribuídos à capacidade do cuidador de realizar 
seu papel. É necessário que esse cuidador proporcione uma base segura e encoraje a 
criança a explorar seu ambiente, reconhecendo e respeitando as necessidades de 
uma base segura e também moldando os comportamentos. 
A forma como a relação de apego se configura depende da experiência da 
criança com sua figura de apego, pois, quanto mais ela ‘experienciar’ a interação, 
mais forte será o apego. 
Esfíncteres: Trata-se da estrutura composta de fibras circulares dispostas de 
maneira concêntricas, sendo três considerados como importantes: o esfíncter 
cárdico, o esfíncter anal e o pilórico. Esse controle ocorre normalmente entre o 2º e 
4º anos de vida, no contexto de grandes transformações da criança, que se tornam 
mais capazes de utilizar seus sentidos para se conhecer. 
Ao redor de um a dois anos, a criança começa a ter consciência das sensações 
que acompanham o enchimento da bexiga. Aos três anos de idade, a criança é capaz 
de reter a urina por um controle voluntário consciente da musculatura. Aos quatro 
anos, a micção pode, de um modo geral, ser iniciada voluntariamente, e aos seis ou 
sete anos a criança pode urinar segundo seu desejo, com qualquer quantidade de 
distensão da bexiga. Este processo evolutivo é encontrado em todas as crianças, mas 
com variabilidade individual na velocidade de maturação (MOTA, 2008, p. 27). 
A idade ideal para educar o controle dos esfíncteres depende de muitos 
fatores, tais como raça, sexo e fatores culturais. 
Síndrome da Morte Súbita Infantil: É a designação dada para a morte súbita e 
inesperada da criança com menos de um ano de idade, durante o sono, e a história 
 
 
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clínica, o exame físico, a necropsia e o exame do local da morte não mostram a causa 
específica do fenômeno. 
O desespero dos cuidadores ocorre porque a morte acontece no local em que o 
bebê está dormindo, seja na camaou no carrinho, não havendo sinais prévios que 
indiquem algum risco de vida da criança. Estudos indicam que muitos pacientes, 
vítimas dessa síndrome apresentam previamente algum tipo de infecção, sem que 
exista nos estudos relação direta entre isso e a morte. 
Brincadeira: termo de difícil definição, uma vez que o aceito em uma cultura ou 
contexto pode não o ser em outra. Sendo considerada como a principal atividade 
infantil, a brincadeira é compreendida como o ato de brincar no qual a criança tem a 
possibilidade de interagir, comunicar-se e relacionar-se com o ambiente no qual está 
inserida. 
O brinquedo serve de suporte para a brincadeira, sendo um objeto cultural que 
carrega significados e representações. Brincar é a atividade social por excelência na 
infância e permanece como importante veículo de interações sociais, à medida que 
a criança cresce. 
É fundamental para o crescimento e desenvolvimento do cérebro e as crianças 
que brincam com liberdade desenvolvem melhores condições físicas, redes sociais 
mais fortes e estão mais bem adaptadas a seus grupos (KOLSTELNICK et al., 2012). 
Ao brincar sem a interferência do adulto, a criança organiza-se em função da ação 
que desenvolve, concentra e se engaja de forma séria, de forma que o 
desenvolvimento alcança níveis mais complexos. 
Vygotsky: Lev Semionovitch Vygotsky nasceu na Bielo-Rússia, em 1896, e morreu 
de tuberculose, em 1934, antes de completar 38 anos. A perspectiva construída por 
ele compreende o homem como ser biológico, histórico e cultural. Ele explica em sua 
teoria que a criança nasce com algumas funções psicológicas elementares e, por 
meio do aprendizado da cultura, elas se transformam em funções psicológicas 
superiores. 
Para o autor, a aprendizagem ocorre por meio da apropriação e internalização 
dos signos socialmente construídos num contexto de interação. O brinquedo e a 
brincadeira têm relação profunda com o desenvolvimento infantil. Embora não seja 
o único elemento preponderante, a brincadeira é a atividade que proporciona maior 
desenvolvimento na capacidade cognitiva da criança. 
Na teoria desenvolvida por Vygotsky, a brincadeira é fundamental para o 
desenvolvimento infantil, uma vez que a criança produz novos significados aos 
objetos, o que demonstra seu caráter ativo no decurso do seu próprio 
desenvolvimento. O teórico trouxe grandes contribuições para a compreensão do 
desenvolvimento, explicando-o por meio das trocas sociais e, também, dos 
processos de interação e mediação. 
 
 
 
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Tema 3 
Compreendendo as características da criança: o apego, a percepção e as habilidades 
motoras 
A organização do trabalho com bebês e crianças a partir da relação integrada 
entre educar e cuidar exige que a organização curricular se dê pautada numa 
filosofia do respeito pela criança, o que requer o conhecimento sobre suas 
características e sobre o desenvolvimento infantil nos seus diferentes aspectos – 
cognitivo, físico, psicológico, social. 
Isso decorre do entendimento de que a criança se desenvolve numa totalidade, 
na qual os aspectos se relacionam e se influenciam, de forma que as ações propostas 
e previstas no planejamento das instituições de Educação Infantil não podem ser 
aleatórias, mas conduzidas pelo entendimento integral da criança. 
Como você viu nas aulas anteriores discutiu-se a importância de um currículo 
no qual os cuidados são compreendidos como meios excelentes para se proporcionar 
um processo educativo. Nesse sentido, foram feitas análises das práticas que se 
constituem em situações corriqueiras no trabalho com as crianças nas quais se deve 
aliar o educar e cuidar. Você também pôde compreender o papel da brincadeira como 
processo central no desenvolvimento da criança, constituindo-se em campo fértil 
para as situações-problema, que por meio da mediação adequada do professor e da 
constituição de um ambiente propício podem potencializar o desenvolvimento da 
criança. 
O entendimento sobre as características da criança são fatores essenciais para 
uma melhor coordenação das ações que serão desenvolvidas com elas e a 
propositura de um currículo mais adequado em conformidade com os pressupostos 
e a filosofia aqui presentes. Nesse sentido alguns elementos são centrais e 
trataremos deles nesta aula: o apego, a percepção e as habilidades motoras. 
As situações de cuidados vivenciadas pelo indivíduo na infância estimulam de 
forma profunda o cérebro. Estudos demonstram que experiências positivamente 
reativas atuam sobre o seu funcionamento sendo extremamente importantes para 
o desenvolvimento das crianças. 
Nos primeiros anos de vida, o cérebro humano produz o dobro de sinapses 
necessárias e, ao chegar à adolescência, o cérebro passa a eliminar aquelas 
consideradas desnecessárias de tal forma que os estudos apontam que em torno da 
metade delas são descartadas. 
No que se refere ao desenvolvimento neural do cérebro humano, uma de suas 
características é a de manter aquelas conexões decorrentes de experiências 
realizadas repetidas vezes. Assim, as experiências repetidas formam padrões 
neurais estáveis e esse conhecimento é de extrema importância para o professor e 
todos aqueles que lidam com as crianças, pois quanto melhor for a qualidade das 
experiências iniciais, melhores as condições de o cérebro manter as conexões delas 
 
 
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originárias. A perda das sinapses decorre de um processo por meio do qual somente 
se mantêm aquelas que são estimuladas. 
O cérebro – estudos da neurociência já o demonstram – é altamente plástico e 
sua modificação é profundamente influenciada pelo ambiente. Por plasticidade 
neural se compreende: 
“[...] a capacidade do organismo em adaptar-se às mudanças ambientais externas e 
internas, mediadas pela ação sinérgica de diferentes órgãos, coordenados pelo SNC”. 
(DUARTE; BARBOSA, 2010, p. 49) 
Assim um ambiente rico, que oferece condições para o pleno desenvolvimento 
do indivíduo e oportunidades de convívio social, é capaz de modificar a progressão 
do desenvolvimento neurológico. Com isso você observa o valor das experiências 
vivenciadas nos primeiros anos de vida da criança, o que reforça o papel das 
instituições de educação infantil. 
As experiências dos primeiros anos de vida têm efeito organizador, pois nessa 
fase o sistema nervoso está mais receptivo aos processos de aprendizagem que irão 
produzir transformações em algumas estruturas neurais. 
GonzalesMena e Eyer (2014, p. 95) explicam que: “Se os padrões neurais forem 
sólidos, os sinais viajarão rápido e a criança conseguirá resolver os problemas com 
facilidade”. 
Disso decorre que o apego se constitui numa experiência que favorece a 
formação cerebral saudável, principalmente por se constituir em meios para reações 
positivamente reativas. Estudiosos da Teoria do Apego afirmam que o apego começa 
a adquirir força com os meses após o nascimento da criança, o que leva a concluir 
que o apego está ausente no nascimento. 
“O comportamento de apego manifesta-se pelos três meses, tornando-se 
nitidamente presente por volta dos seis meses de idade da criança e, em regra, 
prossegue até a puberdade” (BRUM; SCHERMANN, 2004, p. 459). 
A construção da confiança é um aspecto essencial nas relações de apego. A 
partir dos cuidados que são dispensados à criança, vão se formando padrões 
cerebrais que reforçam a confiança, uma vez que a criança, sendo extremamente 
dependente do retorno do adulto, precisa construir a certeza de que terá suas 
necessidades satisfeitas. 
Quando o bebê chora por se separar da mãe, tem uma reação de medo de perdê-
la, pois não conseguecompreender que é uma separação temporária. Com o tempo, 
com o desenvolvimento de suas capacidades mentais e as vivências experimentadas, 
ele passa a confiar que a mãe retornará, sendo essa uma experiência que caracteriza 
o desenvolvimento da confiança a partir do apego. 
A ansiedade da separação atinge seu pico ao final do primeiro ano de vida, 
sendo recomendável que a criança seja matriculada na creche antes desse período. 
Mesmo que a criança esteja vivendo a ansiedade da separação, é importante que os 
 
 
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pais se despeçam ao deixá-la na escola; o professor, por sua vez, deverá ajudar a 
criança a expressar seus sentimentos, aceitando-os e não fugindo ou distraindo a 
criança. 
Você já deve ter vivenciado situações nas quais as crianças são separadas 
temporariamente de seus pais e nem sempre o adulto tem uma resposta adequada 
para a situação. Com as atitudes certas, pode-se desenvolver uma base segura do 
ponto de vista emocional. 
Gonzales-Mena e Eyer (2014) afirmam que 
os pais precisam assumir atitudes mais assertivas nesse momento como, por 
exemplo, partir tão logo se despeçam da criança, pois é muito comum observar os 
pais mais inseguros com a separação do que a criança. Nessas situações cabe à escola 
criar ambientes estimulantes visando demonstrar à criança que ela pode se envolver 
em algumas atividades, caso esteja pronta. 
No que se refere ao desenvolvimento do cérebro, estudos demonstram que nas 
crianças que têm a oportunidade de experimentar o apego e situações de conforto e 
segurança, são produzidos neurotransmissores que levam a sensações de bem-estar. 
Entretanto essas interações precisam ter continuidade e consistência uma vez que a 
criança precisa confiar na relação, que depende principalmente da condução do 
adulto. 
O desenvolvimento da criança também está muito relacionado com a 
integração sensorial, que pode ser compreendida como um processo neurológico 
que objetiva interpretar e organizar as informações obtidas por meio dos sentidos. 
Na medida em que os bebês e crianças vivenciam experiências reiteradas vezes, 
passam a estabelecer relações significativas diferenciando as pessoas ao seu redor e 
assim estabelecendo o apego. As informações obtidas por meio dos sentidos fazem 
uma ligação importante com outras áreas do desenvolvimento. A experiência 
sensorial tem profunda relação com a experiência motora e, por sua vez, propicia o 
desenvolvimento cognitivo. 
As crianças pequenas precisam vivenciar repetidas vezes experiências sensoriais 
para criar redes de aprendizagem no cérebro conforme exposto anteriormente. 
Elas não nascem com conhecimentos prontos para perceberem os estímulos 
do ambiente, assim a percepção depende do aprendizado uma vez que possuir os 
sentidos não significa que a criança compreenda os estímulos deles decorrentes, 
somente com o tempo e as vivências é que os bebês aprendem a conferir significado 
às sensações obtidas. 
Existem diferentes tipos de modalidades sensoriais, que se referem aos 
sentidos os quais operam por meio dos órgãos que captam os estímulos sensoriais 
externos e os transmitem ao cérebro para que sejam processados e organizados. 
O quadro a seguir apresenta um resumo das modalidades sensoriais. 
 
 
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MODALIDADE 
SENSORIAL 
ESTÍMULO 
(ENERGIA DO 
AMBIENTE) 
SUBMODALIDADE 
SENSORIAL 
VISÃO Luz (espectro visível) 
Visão de cores, percepção de 
formas, percepção de 
movimentos etc. 
AUDIÇÃO Som (espectro audível) Tons, timbres, localização espacial dos sons etc. 
GUSTAÇÃO Químicos Doce, amargo, salgado, azedo, "umami" (glutamato) 
OLFAÇÃO Químicos 
Não há submodalidades básicas, 
podemos perceber milhares de 
cheiros diferentes 
SOMESTESIA Mecânicos, térmicos, químicos 
Tato, sensação térmica, dor, 
propriocepção (orientação 
espacial) 
Quadro 1 – Resumo das modalidades sensoriais, seus estímulos específicos e submodalidades. 
Vejamos mais especificamente cada uma das modalidades. A audição permite 
reconhecer os sons do ambiente sendo este um aspecto importante, porém ela 
também é fundamental para o processo de comunicação entre as pessoas, de tal 
forma que a perda auditiva interfere profundamente no aprendizado da língua 
falada. Caso a criança não tenha problemas auditivos, ao nascer já consegue 
identificar o local de onde o som vem, reconhece a voz da mãe com um pouco mais 
de tempo, já reconhece a diferença entre o som de alguém cantando e alguém 
falando, e até o que distingue uma língua da outra. As crianças pequenas possuem 
capacidade para tolerar o barulho, porém cabe observar o comportamento delas 
uma vez que o excesso de som pode tirar o seu foco. 
Quanto ao olfato e o paladar estão presentes desde o nascimento; estudos 
demonstram que os bebês conseguem distinguir o cheiro de sua mãe dentre o de 
outras pessoas. 
O olfato e o paladar são sentidos químicos. Os sistemas neurais que 
intermedeiam estas sensações, os sistemas gustatório e olfatório, estão entre 
aqueles filogeneticamente mais antigos do encéfalo e ao perceberem substâncias 
químicas na cavidade oral e nasal trabalham conjuntamente. (PALHETA NETO et al., 
2009, p. 351). 
Ao se trabalhar com bebês e crianças, é importante que atividades que 
envolvam o cheiro sejam introduzidas sistematicamente, como o uso de itens que 
tenham cheiro e que as crianças possam experienciar. Por exemplo, se na instituição 
existe uma horta de temperos, as crianças podem sentir o cheiro e o gosto de alguns 
deles. Deve ser evitado, principalmente com os menores, o uso de massinhas com 
cheiro, pois a criança pode querer comer. Mesmo em se tratando de comidas, é 
necessário ter o cuidado com aquelas que podem levar ao engasgamento. 
 
 
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A percepção tátil está profundamente relacionada às habilidades motoras, 
uma vez que com o aumento da capacidade de movimento e de exploração, as 
crianças vão obtendo maiores informações sobre o que está ao seu redor. Por isso os 
ambientes destinados a elas devem possibilitar que possam tocar, colocar na boca, 
mexer de forma a identificarem diferenças e similaridades. O ideal é proporcionar 
experiências nas quais a criança possa perceber os toques com o corpo todo. Por 
exemplo, tecidos com diferentes texturas, sedosos, peludos, ásperos; experiências 
com areia, com bolas de plástico, com água – morna, fria – com objetos mais duros 
ou moles. Existem atividades que envolvem predominantemente as mãos, como 
utilizar o sabão, tintas para desenhar, massinhas de modelar, o preparo de comidas. 
Vale destacar que a realização das atividades não é fazer algo para mostrar aos 
pais, mas para que a criança possa experimentar e vivenciar com liberdade, tendo o 
professor como mediador, cuidando para que ela não se machuque, mas 
favorecendo que possa explorar as possibilidades dos objetos e do ambiente. Você 
pode pensar em outras atividades que serão muito prazerosas para as crianças. 
A visão é um dos sentidos mais importantes, porém enxergar não é uma 
habilidade inata de forma que os bebês a aprendem. Desde que a criança não tenha 
alguma deficiência visual, ao nascer consegue distinguir o claro do escuro e com o 
tempo passa a distinguir mais coisas e com mais clareza de forma, até que, aos quatro 
meses, já possui a habilidade da visão bastante diferenciada. Quando se trabalha 
com bebês, é interessante dosar a quantidade de estímulos visuais, pois algo que lhes 
interessa ao olhar é também algo

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