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MANEJO ECOLÓGICO DO SOLO E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE INTRODUÇÃO Solo é um corpo natural da superfície terrestre, constituído de materiais minerais e orgânicos, resultante da formação ao longo do tempo, contendo matéria viva, capaz de sustentar plantas, reter água, etc. Tendo em vista o conceito de solo a nível ecológico, observa-se que ele é o elemento essencial de manutenção da vida no planeta, é um sistema vivo, onde realizamos atividades diversas, nos sustentamos, construímos, plantamos... Enfim, a fonte de sobrevivência de todo organismo, seja direto ou indiretamente. E então, para que degradá-lo? Neste trabalho abordaremos alguns métodos de conservação do solo para manutenção da biodiversidade. Manejo ecológico do solo e Manutenção da biodiversidade No mundo os povos eram nômades, andavam de lugar em lugar em busca de alimentos, mas em torno de 12.000 a.C com a domesticação de espécies vegetais e de animais, surgiram as primeiras aldeias agrícolas, assim o uso do fogo, ferramentas agrícolas e o esterco passaram a fazer parte do cotidiano dos aglomerados urbanos, que mais tarde tornaram-se grandes cidades. Com o surgimento das cidades, houve um agravamento dos problemas sociais e aumentando das diferenças entre as classes, começou o que nós chamamos de êxodo rural e a população que antes vivia nos feudos produzindo o seu alimento foi morar na cidade e a sua propriedade ficou com o que hoje é conhecido de grande latifundiário. Então o mundo se desenvolveu de maneira muito rápida, em população e em produção de alimento, pois as técnicas adotadas davam resultado onde surgiu o cultivo de grandes lavouras de exportação. Mais tarde com o enchimento das grandes cidades, começou haver mais consumo que produção de alimentos que caia ano após ano devido o uso excessivo do solo que era de maneira empírica, orgânica, mas que não se baseavam em nenhum fundamento para o cultivo. Principalmente na Europa no século XVIII houve grande crescimento populacional e diminuição na fertilidade do solo devido danos causados no mesmo por sucessivas culturas sem nem um tipo de correção ou técnica de manejo adequada para esse solo, provocando entre outros problemas a escassez de alimentos, dentre as alternativas aproveitadas, a rotação de cultura, foi uma delas onde essa fase ficou conhecida como a primeira revolução agrícola, o que resolveu o problema da falta de alimentos temporariamente e que no final do século XIV e inicio do século XX esses problemas voltaram e trazendo conseqüências mais graves ainda, mas esse período coincidia com a 2ª revolução industrial que possibilitou descobertas cientificas e tecnológicas como os fertilizantes químicos, melhoramento genético e máquinas e motores a combustão. Isso tudo acompanhado de grandes problemas sociais e essas descobertas possibilitaram o progressivo abandono das práticas antigas, levando a um aperfeiçoamento dos agricultores tanto no cultivo da terra como no manejo e criação de animais. Todas estas técnicas aumentaram a produção de alimentos de maneira a resolver os problemas da falta e também da fertilidade com a aplicação de fertilizantes e adubos químicos, porém com o surgimento do termo “globalização” surgiram às divisões internacionais de trabalho onde cada país tem de dar sua contribuição ao sistema capitalista e por fazer parte deste mundo globalizado atender as reivindicações do mercado externo. Por esse motivo faz-se necessário uma produção que atenda a demanda interna e externa de determinado produto, e na venda do mesmo acumular recursos que serão empregados na compra de outros produtos em falta no mercado interno, todo esse processo tem como único objetivo acumular divisas para o país e consequentemente possibilitar melhor qualidade de vida para esta nação. Mas para que ocorresse toda essa produção de alimentos e outros produtos, que serão à base de troca no mundo, foi necessário produzir cada vez mais e é nesse momento que acontece o emprego maciço da tecnologia em todos os setores de produção principalmente o setor agrícola, tecnologia que se desenvolve cada vez mais rápido dando cada vez mais opções para a agricultura convencional se desenvolver e assim causar mais danos aos solos, ao meio ambiente e à biodiversidade existente no local. Ao contrario da agricultura que utiliza o solo e os recursos naturais em todo o seu potencial quanto aos microorganismos, água, luminosidade e outros, sem degradar o meio ambiente, no sistema convencional o solo é meramente um suporte para as plantas, mas principalmente para agrotóxicos, fertilizantes químicos e outros insumos empregados no meio de cultura empregados no meio de cultura. Esses insumos fazem com que haja uma grande produção, mas quanto à qualidade do produto e a conservação do meio ambiente não há nenhum beneficio. Dentro desse processo de evolução da agricultura, a dimensão que mais influencia nas mudanças e na direção do sistema produtivo, é a dimensão política, na qual todos os paises dependem uns dos outros, e é essa força amparada pelo capital que determina o andamento e a direção a ser tomada pelo sistema produtivo mundial. Todos os processos são importantes quando se fala da evolução histórica, social, econômica, tecnológica e principalmente política, pois são esse processos que norteiam cada país, cada pessoa que vive no mundo, mas o que acontece é que o mundo influenciado por todos esses processo deixou passar em branco e mesmo percebendo está parado, estagnado e nesse intervalo de tempo sendo cada vez mais degradado, por isso é necessário conscientizar cada vez mais a população mundial, mas principalmente uma reorganização do sistema produtivo possibilitando também o emprego de técnicas ecológicas e viáveis havendo assim maior produção e menor degradação da natureza, isso só é possível quando o mundo conhecer a importância do manejo ecológico do solo e também a importância da conservação da biodiversidade. Conceitos e práticas para o manejo ecológico Ao considerar o solo como um mero suporte para plantas, que embora forneça nutrientes, não atende as demandas de nutrientes para as culturas, principalmente quando se visa as grandes áreas de produção, sendo necessária a adição de insumos externos. Neste ponto, em muitos casos ocorre a modificação das condições naturais do solo, através de praticas que caução a degradação do solo. Deve-se considerar o solo como um espaço habitado por microorganismos, com interações entre si e com os componentes não vivos, considerando assim o solo com um ser vivo dentro do ecossistema, com o objetivo de obter máxima produção a longo tempo. A formação do ecossistema através do clima, das chuvas e da temperatura e suas variações ao longo dos tempos atuando sobre o material de origem, condicionado pelo relevo, originaram os componentes que determinam a atual produtividade do ecossistema, formando o solo. Este resultou de um longo processo de formação, iniciado há muito anos, através de processos físicos, de fragmentação da rocha matriz, causado por variações de calor e frio, seguido por ventos, e através de reações químicas, potencializadas pela presença de água provocaram transformação dos minerais originários da rocha, que proporcionou o surgimento da vida sobre este substrato, iniciando a ação biológica dos organismos, e conseqüente acumulo de matéria orgânica. Para a fertilidade do ambiente e necessário, dentro do ecossistema, alem dos nutrientes próprios do solo, a biomassa microbiana, da fauna do solo e da fitomassa , constituído tanto de meteria morta de resto de cultura, como pelas plantas vivas . Manejo ecológico Um ecossistema natural sempre está no seu nível máximo de produtividade, dentro dos potenciais do ambiente, sendo limitado pela disponibilidade de água, de radiação e de nutrientes. A intervençãohumana sempre interfere no equilíbrio natural e de maneira geral leva a sua degradação.Quanto maior o grau de artificialização, mais precários se tornam os mecanismos de recuperação das condições natural de equilíbrio. Como é necessária a intervenção humana ao meio ambiente, esta deve ser feita de maneira que busquem o equilíbrio do meio com mínima modificação do ambiente, utilizando ciclos naturais, convivendo com as limitações do ambiente. A utilização de atividades de organismos é de grande importância, pois proporciona o revolvimento do solo a decomposição de matéria orgânica, conseqüentemente um solo mais próprio ao plantio. O manejo ecológico deve ser obtido através de sistemas de preparo de solo com objetivo de melhorar as condições do solo para facilitar a germinação das sementes, aumentar a porosidade do solo e de controlar plantas espontâneas, consideradas daninhas. Estes sistemas utilizam cobertura máxima do solo, com plantas vivas ou com cobertura morta, evitando a queima da matéria orgânica do solo, reduzindo a amplitude térmica da superfície, a perda de água por evaporação, o impacto das gotas de chuvas sobre a superfície e a velocidade do escorrimento superficial do excesso de água das chuvas. Deve optar pela redução ou mesmo a eliminação da movimentação do solo, com sistemas de cultivo mínimo ou plantio direto. Quando for necessária a utilização de movimento no solo para determinadas culturas, deve fazê-lo de modo a ter o mínimo impacto possível. A utilização de combinações de explorações com espécie de raízes agressivas e profundas, que tenham capacidade de romper impedimentos superficiais, aumentam a infiltração da água no solo, recuperando a reciclando os nutrientes arrastados às camadas mais profundas do solo. Na superfície do solo o manejo é feito através de cultura de cobertura, adubos verdes e através da própria vegetação espontânea, mantendo a cobertura do solo, promovendo entrada de matéria orgânica no sistema, procurando a estrutura do solo. Nas regiões de clima tropicais úmidas os processos de perda de nutrientes são mais acelerados devido à alta taxa de mineralização da matéria orgânica, a baixa retenção capacidade de retenção de nutrientes, onde ocorre intensa lixiviação dos mesmos. Podendo observar que este processo ocorre na região amazônica, onde sua riqueza esta localizada na floresta em suas folhas que caírem são rapidamente decompostas e reutilizadas pelas raízes das plantas. Assim para conservar os nutrientes no sistema deve-se optar por mantê-los fixados na matéria orgânica, mantendo uma estratégia de manter a cobertura do solo, protegendo contra a perda dos nutrientes. Isto pode ser feito pela implantação de rotação ou consorciação de cultura, e entre outros, que possibilitam a ciclagem de nutrientes e conservação dos nutrientes, que favorecem a constante renovação dos elementos presentes no ecossistema, fazendo com que haja uma constate utilização dos matérias que se encontra disponível para utilização. O manejo ecológico do solo e a conservação da biodiversidade são parâmetros que caminham juntos, partindo do principio de que ao se realizar o manejo ecológico, estará se preservando o ecossistema, já que este se utiliza a matérias disponibilizadas pelo meio ambiente na busca se manter um equilíbrio entre, utilização do solo de modo a mantê-lo sempre apto à utilização, na busca de uma produtividade longa e duradoura. Esses cultivos são comumente utilizados por pequenos grupos, que utilizam todo a material disponível na propriedade, onde se produz biofertilizantes, caldas que são utilizadas para controle de pragas e daninhas que venham a atacar suas plantações. Mas todo o processo de manejo e voltado para que o ambiente se torne auto sustentável proporcionando que o equilíbrio seja alcançado. Dentre os princípios de alcançar o manejo ecológico temos: rotações de cultura consorciam de cultura, cobertura do solo, estercos, compostagem, biofertilizantes, adubação verde, atividade microbiana, atividades dos microorganismos, manejo de ervas e cerca viva. Rotação de cultura A rotação de culturas consiste em alternar, anualmente, espécies vegetais, numa mesma área agrícola. As espécies escolhidas devem ter, ao mesmo tempo, propósitos comerciais e de recuperação do solo. As vantagens da rotação de culturas são inúmeras. Além de proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas, se adotada e conduzida de modo adequado e por um período suficientemente longo, essa prática melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo; auxiliam no controle de plantas daninhas, doenças e pragas; repõe matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos e ajuda a viabilização do Sistema de Semeadura Direta e dos seus efeitos benéficos sobre a produção agropecuária e sobre o ambiente como um todo. Para a obtenção de máxima eficiência, na melhoria da capacidade produtiva do solo, o planejamento da rotação de culturas deve considerar, preferencialmente, plantas comerciais e, sempre que possível, associar espécies que produzam grandes quantidades de biomassa e de rápido desenvolvimento, cultivadas isoladamente ou em consórcio com culturas comerciais. Nesse planejamento, é necessário considerar que não basta apenas estabelecer e conduzir a melhor seqüência de culturas, dispondo-as nas diferentes glebas da propriedade. É necessário que o agricultor utilize todas as demais tecnologias à sua disposição, entre as quais destacam-se: técnicas específicas para controle de erosão; calagem, adubação; qualidade e tratamento de sementes, época e densidade de semeadura, cultivares adaptadas, controle de plantas daninhas, pragas e doenças Um esquema de rotação deve ter flexibilidade, de modo a atender as particularidades regionais e as perspectivas de comercialização dos produtos. O uso da rotação de culturas conduz à diversificação das atividades na propriedade, possibilitando estabelecer esquemas que envolvam apenas culturas anuais, tais como: soja, milho, arroz, sorgo, algodão, feijão e girassol, ou de culturas anuais e pastagem. Em ambos os casos, o planejamento da propriedade a médios e longos prazos faz-se necessário para que a implementação seja exeqüível e economicamente viável. As espécies vegetais envolvidas na rotação de cultura devem ser consideradas do ponto de vista de sua exploração comercial ou destinadas somente à cobertura do solo e adubação verde. Consórcio de cultura A maior parte da produção de alimentos básicos é oriunda de pequenas propriedades, por isso é importante a introdução de técnicas de baixo custo, objetivando o aumento do rendimento. Nesse contexto, o consórcio de culturas pode transformar se em uma prática de grande expressão para a agricultura de subsistência (Raposo, 1995). Entende se por consórcio de culturas o sistema de cultivo em que a semeadura de duas ou mais espécies é realizada em uma mesma área, de modo que uma das culturas conviva com a outra, em todo ou em pelo menos em parte do seu ciclo (Portes e Silva, 1996). O consórcio de culturas é prática generalizada em boa parte das pequenas propriedades do Brasil, em especial por produtores que buscam, com esse sistema, a redução dos riscos de perdas, o melhor aproveitamento da sua propriedade e maior retorno econômico, além de constituir alternativa altamente viável para aumentar a oferta de alimentos (Andrade et al., 2001). De acordo com Flesch (1988), o consórcio feijão e milho é o mais comum dentre as diferentes associações e, por isso, merece atenção especial no sentido de se buscar estratégias para melhoria da eficiência desse sistema de cultivo. No cultivo consorciado, as espécies normalmente diferem em altura e em distribuição das folhas no espaço, entre outras características morfológicas, que podem levar as plantasa competir por energia luminosa, água e nutrientes. A divisão da radiação solar incidente sobre as plantas, em um sistema consorciado, será determinada pela altura das plantas e pela eficiência de intercepção e absorção. O sombreamento causado pela cultura mais alta reduz tanto a quantidade de radiação solar à cultura mais baixa como a sua área foliar. Uma vez que a radiação afeta o desenvolvimento da cultura de menor porte, a escolha do melhor arranjo e da época de semeadura é crucial no desempenho do sistema, ou seja, na maximização da produção. O feijoeiro caracteriza-se por ser uma leguminosa de metabolismo fotossintético C3, ou seja, mostra-se menos eficiente na fixação do CO2 em relação ao milho, que é uma gramínea e, apresenta metabolismo fotossintético C4. O sucesso desse consórcio está basicamente nas diferenças apresentadas por ambas quanto às exigências e tolerâncias. O feijão pode ser semeado simultaneamente com o milho, no início da estação chuvosa, ou quando o milho já está começando a secar. O procedimento menos comum é a semeadura do feijão antes do milho. O sistema consorciado de culturas geralmente é empregado por pequenos produtores, que contam com pouca terra, mão-de-obra abundante e pouco capital. O uso de espaçamento e de densidade correto constitui uma prática de baixo custo e de fácil entendimento por parte dos agricultores. No caso do sistema de plantio direto, observa-se o comportamento diferente de novos cultivares de feijão, principalmente no que se refere à população de plantas, onde estudos diversos mostram que a luz é o principal fator de competição entre plantas, durante a fase reprodutiva, sendo a característica de número de vagens a mais prejudicada devido à falta de luz. No Brasil o consórcio de culturas vem sendo generalizada. Já existem consórcio de capins dos gêneros Brachiaria e Panicum com milho, milheto, arroz e sorgo. O estabelecimento em consórcio permite reduzir o tempo de formação da pastagem em aproximadamente dois meses, com pouco ou nenhum prejuízo ao rendimento das culturas. A Brachiaria ou o Panicum formados em consórcio podem ficar como pastagem perene, por dois ou mais anos, podendo ainda, servir como forrageira anual, na safrinha ou, como planta de cobertura. A palha deixada pelo capim tem um papel importante para as safras seguintes, conservando água e solo e reduzir a incidência de pragas, doenças e plantas daninhas. A consorciação de cultivos perenes com a cultura de ciclo longo é realizada com a participação de uma ou mais espécies, geralmente de ciclo curto ou perene, numa combinação provisória ou permanente, considerando seus atributos morfológicos, interações eco-fisiológicas e sistemas de manejo. Diversas espécies perenes são encontradas consorciadas com as culturas de ciclo longo em diversas regiões do país, como as espécies florestais pinus, freijó, bracatinga e bandarra, as espécies frutíferas mamão, banana, coqueiro e macadâmia e as espécies industriais seringueira, cacau, pupunha e castanha. Em Rondônia vem sendo implantado o sistema de consórcio envolvendo o cupuaçuzeiro como cultura principal e a bananeira como cultura secundária (sombreamento provisório) permite que o produtor tenha algum retomo do investimento com a produção de bananas, num período que vai de um ano a um ano e meio após o plantio. Nesse consórcio, antes do cupuaçuzeiro entrar em fase de produção, é possível obter cerca de 45 toneladas de cachos de banana. Variantes desse sistema podem envolver, além do cupuaçuzeiro e da bananeira, outras espécies para formação de consórcios definitivos, principalmente palmeiras como o açaizeiro, o coqueiro ou a pupunheira. Além da bananeira, as pesquisas desenvolvidas na Embrapa Amazônia Oriental mostraram que o maracujazeiro também pode ser utilizado para o sombreamento provisório de cupuaçuzeiros. Cobertura do solo Cobertura verde Na aplicação das práticas de controle de pragas, doenças e plantas daninhas das culturas, têm-se induzido muitas das vezes ao consumo excessivo de defensivos agrícolas, provocando desequilíbrio, aumentando os custos de produção e causando prejuízos ao meio ambiente. O controle das plantas daninhas ou plantas infestantes exige atenção o ano inteiro, tanto na época chuvosa como seca, se destacando por exercer influência direta na rentabilidade da cultura, interferindo no nível de produção e afetando seu custo anual. Considera-se adequada a aplicação do manejo integrado dessas infestantes, cuja utilização combinada, sucessiva e rotativa de diversos métodos de controle, proporciona maior eficiência de ação, melhores benefícios ao solo e a cultura. Estudos são constantes para aprimorar técnicas e recursos alternativos de controle das plantas daninhas, como exemplos das práticas de cobertura viva e morta do solo, que podem além de contribuir com a função específica de controle, melhorar também as condições da lavoura. A cobertura viva ou cobertura verde na lavoura, tem a finalidade de realizar a proteção do solo e favorecer a cultura, considerando em sua adoção aspectos agronômicos, econômicos e ecológicos do sistema de produção. Dentre estes recursos fazem parte o plantio de culturas intercalares, utilização de adubos verdes, consorciação de cultivos perenes e pousio das plantas daninhas. As plantas de cobertura podem proporcionar vantagens como fixação simbiótica de nitrogênio, controle de processo erosivo, aumento da estabilidade da matéria orgânica, reciclagem de nutrientes extraídos e redução da infestação de plantas daninhas, devendo- se atentar para desvantagens como disseminação de certas pragas e doenças, concorrência por água e nutrientes com a cultura e efeitos negativos sobre o desenvolvimento e produção da cultura devido a execução de manejo inadequado. Na utilização dos adubos verdes, as leguminosas tem sido as mais indicadas, podendo como exemplo serem plantadas nas entrelinhas da lavoura a mucuna-anã (Stizolobium sp), o labe-labe (Dolichos lablab), a crotalaria (Crotalaria spectabilis), o amendoim forrageiro (Arachis pintoi), a pueraria (Pueraria phaseoloides) e o desmodio (Desmodium ovalifolium). Nesta intercalação de leguminosas a atenção maior deve ser dada para o controle do seu estabelecimento, mantendo seu crescimento moderado para evitar competição, principalmente em lavouras com desequilíbrio nutricional. No estabelecimento geral das culturas, observa-se que em monocultivos sobram mais espaços e recursos para exploração, o que facilita maior ocupação das plantas daninhas, ao passo que, nos sistemas consorciados esta ocupação é muito reduzida, devido a área se encontrar intensamente ocupada por arranjos de diversas espécies cultivadas, exercendo maior pressão de controle sobre a infestação das plantas daninhas. Quanto ao pousio das plantas daninhas, esta prática é muito realizada em lavouras espaçados e mecanizados, que através de uso da roçadeira ou trincha, se mantém as plantas daninhas vegetando com porte mais elevado e com controle programado, evitando que haja maior disseminação e contribuindo para deposição de uma boa camada de resíduos no solo. A prática de se manter a cultura totalmente livre de infestante é impossível e indesejável por causar efeitos maléficos à vida biológica do solo, à fitossanidade das plantas e à conservação do solo, requerendo que seja mantida uma certa densidade de plantas daninhas, possibilitando uma melhor coexistência com a cultura num equilíbrio desejável de interferências entre ambas. Pode-se destacar como vantagem na manutenção controlada dessa vegetação nas entrelinhas da cultura, a preservação do habitat de alguns inimigos naturais das pragas, colaborando com a realização do controle biológico e diminuindo a aplicação de defensivos agrícolas.Embora com o aparecimento de implementos, produtos e técnicas modernas, os herbicidas ainda têm sido utilizados de maneira excessiva, causando impactos aos recursos ambientais. Isto tem provocado reações de mercados e da sociedade sobre estas conseqüências negativas, induzindo os agricultores a repensar seus sistemas de produção e introduzir novas técnicas agrícolas, que contribuam para reduzir e racionalizar a utilização desses produtos. A aplicação de boas práticas agrícolas alternativas, buscam reforçar a segurança na conservação do solo, pureza dos recursos hídricos, manutenção da biodiversidade do ambiente e preservação da saúde do homem, como estratégias para o alcance da sustentabilidade. Cobertura morta A aplicação de cobertura morta nas lavouras pode proporcionar benefícios ao desenvolvimento da cultura, entretanto esta prática inicialmente fica condicionada na disponibilidade e no custo de formação ou aquisição dos materiais que fazem parte de sua composição. Esses benefícios são resultantes da ação de proteção do solo da erosão pela diminuição do impacto das chuvas e proteção da insolação excessiva amenizando sua temperatura e diminuindo a perda de umidade. Além disso, essa cobertura possibilita a redução do nível de infestação das plantas daninhas e o fornecimento de nutrientes originados da decomposição de sua matéria orgânica. A cobertura morta pode ser constituída pela camada de palha que se forma decorrente do controle das plantas daninhas, pelos restos de cultivos intercalares e pelo resíduos provenientes do beneficiamento de produtos. Das plantas daninhas verifica-se que conforme a aplicação do sistema de manejo por herbicida ou roçadeira, a formação do volume da camada de palha e sua amplitude de cobertura do solo são dependentes das espécies de plantas predominantes, do nível de infestação e da época de controle. Dos cultivos intercalares se forma uma cobertura que depende da espécie consorciada, quer seja uma cultura de ciclo curto ou uma leguminosa anual ou perene, que disponibiliza seus restos vegetais pela respectiva realização da colheita e do manejo de corte. Dos resíduos provenientes do beneficiamento de produtos como casca de café, casca de arroz, pó de serra e bagaço de cana colocados nas entrelinhas ou em toda plantação, observa-se que o volume disponível e o grau de decomposição desses materiais podem propiciar maiores ou menores benefícios a lavoura. No caso da casca de arroz, pó de serra e bagaço de cana a maior limitação está na alta relação carbono/nitrogênio desses materiais sendo maior que 30, tendo lenta decomposição de suas matérias orgânicas com maior utilização do nitrogênio do solo pelos microorganismos, não sendo indicadas para aplicações direta na lavoura, a não ser quando for realizada uma adubação nitrogenada complementar. O mais recomendável é que antes esses materiais façam parte da formação de um composto para depois serem aplicados na lavoura. A casca de café por sua vez além de poder fazer parte de compostagem, se destaca como forma direta uma boa cobertura morta, pois geralmente se tem maior disponibilidade e apresenta características favoráveis, como boa proteção do solo, baixa relação carbono/nitrogênio e capacidade de devolver a lavoura nutrientes extraídos pela produção principalmente o potássio. Este resíduo além da propriedade de realizar o controle de plantas daninhas por ação física, também pode inibir o nível de infestação dessas plantas por ação química, correspondendo o chamado efeito alelopático, que muitas coberturas mortas detém de forma diferenciada. A existência do potencial de interferência química caracterizado por alelopatia, consiste na liberação de aleloquímicos elaborados pelas plantas e mantidos em seus tecidos vivos ou mortos, os quais ao serem lixiviados para o solo pela ação da chuva e do orvalho, exercem influências na germinação de sementes e/ou no desenvolvimento de plântulas de outras espécies. Considera-se importante neste processo a classificação e a persistência de liberação desses produtos químicos e a quantidade disponível necessária para que possa causar efeito, sendo todas dependentes da espécie, constituição e idade do tecido vegetal fornecedor, bem como da intensidade de lavagem regida pelas condições de clima e solo. Esterco O uso de materiais orgânicos, tais como os restos de cultura, os resíduos industriais e o esterco animal, vem despertando cada vez mais o interesse dos agricultores e técnicos. Isso porque esses materiais são muito importantes para obterem-se melhores produtividades devido ao aumento da fertilidade do solo. O emprego de materiais orgânicos melhora as características físicas do solo tais como a aeração, a retenção de umidade e a sua estrutura. Propicia também um aumento na diversidade de microorganismos úteis, que agem na solubilização de fertilizantes diversos, de maneira a liberar os nutrientes para as plantas. Dentre os materiais orgânicos, o esterco é um daqueles mais encontrados em diferentes regiões do Brasil. Esse material é produzido por diferentes espécies de animais, como a vaca, cavalo, porco e frango. A produção média diária de esterco desses animais é bem significativa. Uma vaca pesando 453 kg produz 23,5 kg de esterco por dia, um cavalo de 385 kg produz 16,3 kg, um porco de 72 kg produz 3,4 kg de esterco e um frango pesando 1,6 kg produz 100g de esterco + urina. O esterco não é um bom fornecedor de nutrientes às plantas a curto prazo, simplesmente porque os contém em baixas concentrações. Ressalte-se, porém, que a sua aplicação contínua por vários anos, contribui para a melhoria das características químicas do solo e aumento da produtividade das culturas. Os teores de nutrientes de um esterco variam, entre outros fatores, com a fase de decomposição do material e com a alimentação e manejo fornecidos ao animal. A tabela 1 apresenta os teores de nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O), conforme a espécie animal que o produz. Os valores apresentados correspondem ao sistema de criação extensivo, ou seja decorrente de alimentação obtida a campo. Tabela 1. Quantidades porcentuais* de nutrientes em diferentes espécies de animais criadas no sistema extensivo. Animal Água (%) N (%) P2O5 (%) K2O (%) vaca 86 0,60 0,15 0,45 cavalo 78 0,70 0,25 0,55 porco 87 0,50 0,35 0,40 carneiro 68 0,95 0,35 1,00 galinha 55 1,00 0,80 0,40 Fonte: CATANI, 1956. * % de nutrientes com base na matéria úmida Atualmente, as concentrações de N, P2O5 e K2O dos estercos são maiores. É freqüente verificar análises químicas de estercos oriundos de animais criados no sistema confinado e com utilização de rações concentradas, contendo quantidades de nutrientes duas a três vezes às citadas na tabela 1. O esterco de curral possui uma parte líquida e outra sólida. A parte líquida contém cerca de 40% dos nutrientes do esterco. A tabela 2 mostra as quantidades de nutrientes contidas na parte sólida e na parte líquida de 1.000kg de esterco de curral. Tabela 2. Quantidade de nutrientes nas partes sólida e líquida do esterco bovino. Nutrientes Parte sólida (690kg) Parte líquida (310kg) Total (1000kg) Nitrogênio 2,85 kg 2,15 kg 5,00 kg Fósforo 2,38 kg 0,12 kg 2,50 kg Potássio 2,00 kg 3,00 kg 5,00 kg Uma maneira de se obter o máximo aproveitamento das partes líquidas e sólidas do esterco consiste em aplicá-lo junto com o superfosfato simples. CONHEÇA AS VANTAGENS O superfosfato simples é um fertilizante amplamente encontrado no comércio. A sua composição principal é a seguinte 3Ca(H2PO4)2.H2O + 7CaSO4. A fabricação desse fertilizante é feita a partir do tratamento dos fosfatos naturais (apatitas e fosforitas) como ácido sulfúrico. Isso resulta em um fertilizante com cerca de 18% de P2O5 solúvel em água e 40 % de gesso agrícola (CaSO4 .2H2O), sendo 20% de Ca e 10 a 12% de S . Portanto o superfosfato simples é uma boa fonte de fonte de fósforo, cálcio e enxofre, macronutrientes essenciais às plantas. O uso do superfosfato simples junto com o esterco animal apresenta inúmeras vantagens. Em primeiro lugar proporciona uma fórmula de adubação mais balanceada, principalmente no caso de adubação de plantio para hortaliças, frutíferas e cafeeiros. Uma tonelada de esterco fresco de gado corresponde a aproximadamente 50kg da fórmula 10- 5-10. Acrescentando-se 30kg de superfosfato simples em pó sobre uma tonelada de esterco, o material resultante corresponderá a 50kg da fórmula 10-15-10. Outra vantagem é que a aplicação do superfosfato simples em pó sobre o esterco diminui as perdas de amônia, consequentemente retendo o nitrogênio, macronutriente importante para melhorar as produtividades das culturas. A perda de nitrogênio pode ocorrer tanto nos compostos orgânicos quanto nos fertilizantes nitrogenados. A liberação de amônia ocorre quando o teor do resíduo é maior que 2,4%, pois qualquer quantidade que exceda o necessário para os microorganismos decomporem o material orgânico será descartada na forma de NH3. Compostagem Dito de maneira científica, o composto é o resultado da degradação biológica da matéria orgânica, em presença de oxigênio do ar, sob condições controladas pelo homem. Os produtos do processo de decomposição são: gás carbônico, calor, água e a matéria orgânica "compostada". O composto possui nutrientes minerais tais como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre que são assimilados em maior quantidade pelas raízes além de ferro, zinco, cobre, manganês, boro e outros que são absorvidos em quantidades menores e, por isto, denominados de micronutrientes. Quanto mais diversificados os materiais com os quais o composto é feito, maior será a variedade de nutrientes que poderá suprir. Os nutrientes do composto, ao contrário do que ocorre com os adubos sintéticos, são liberados lentamente, realizando a tão desejada "adubação de disponibilidade controlada". Em outras, palavras, fornecer composto às plantas é permitir que elas retirem os nutrientes de que precisam de acordo com as suas necessidades ao longo de um tempo maior do que teriam para aproveitar uns adubos sintéticos e altamente solúveis, que é arrastado pelas águas das chuvas. Outra importante contribuição do composto é que ele melhora a "saúde" do solo. A matéria orgânica compostada se liga às partículas (areia, limo e argila), formando pequenos grânulos que ajudam na retenção e drenagem da água e melhoram a aeração. Além disso, a presença de matéria orgânica no solo aumenta o número de minhocas, insetos e microorganismos desejáveis, o que reduz a incidência de doenças de plantas. Na agricultura agroecológica a compostagem tem como objetivo transformar a matéria vegetal muito fibrosa como palhada de cereais, capim já "passado", sabugo de milho, cascas de café e arroz, em dois tipos de composto: um para ser incorporado nos primeiros centímetros de solo e outro para ser lançado sobre o solo, como uma cobertura. Esta cobertura se chama "mulch" e influencia positivamente as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Dentro os benefícios proporcionados pela existência dessa cobertura morta no solo, destacam-se: Estímulo ao desenvolvimento das raízes das plantas, que se tornam mais capazes de absorver água e nutrientes do solo. Aumento da capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão. Mantém estável a temperatura e os níveis de acidez do solo (pH). Dificulta ou impede a germinação de sementes de plantas invasoras (daninhas). Ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de microorganismos benéficos às culturas agrícolas. Preparar o composto de forma correta significa proporcionar aos organismos responsáveis pela degradação, condições favoráveis de desenvolvimento e reprodução, ou seja, a pilha de composto deve possuir resíduos orgânicos, umidade e oxigênio em condições adequadas. Adubação Verde A adubação verde é utilizada pelos agricultores há mais de mil anos, em distintas regiões do mundo, para melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos que serão cultivados, muito antes, pois, do advento da adubação química. A eficiência da adubação verde é comprovada também no controle de nematóides, quando se utilizam leguminosas específicas, problema para o qual os produtos químicos, além de caros, não apresentam resultados satisfatórios. O adubo verde promove ainda a reciclagem de nutrientes de camadas profundas do solo para a superfície, em formas assimiláveis pelas plantas cultivadas, quando utilizadas espécies com sistema radicular profundo. Alguns estudos indicam que, por essa característica, tal prática promove o rompimento das camadas de compactação subsuperficiais do solo resultantes da mecanização (pé-de-grade), o que melhor explorado poderia se constituir em uma excelente alternativa aos atuais métodos mecânicos de subsolagem, de elevado custo e consumo energético. Mas onde talvez resida seu maior potencial é na capacidade de substituir parcialmente os fertilizantes nitrogenados derivados do petróleo, através da fixação biológica do Nitrogênio efetuada pelas leguminosas, via atuação do Rhizobium, bactéria que age em simbiose com as plantas fixadoras de nitrogênio no solo, auxiliando-as nesta tarefa. Dados de pesquisas dão conta que as leguminosas, quando cultivadas em condições favoráveis, fixam facilmente 60 a 100 Kg/ha/ano de Nitrogênio, havendo casos excepcionais em que tais valores atingem 360 a 400 Kg/ha/ano. (exemplo: Leucena). Ervas daninhas - A adubação verde pode contribuir para o controle de ervas daninhas, não só pelo grande volume de massa verde e palha (cobertura morta), (que impedem a passagem de luz que é essencial para a germinação da erva daninha), como também por alelopatia (ou seja, liberando substâncias pelas raízes que inibem a germinação das ervas). Pragas e doenças - A adubação verde pode quebrar o ciclo dos patógenos e insetos praga. É importante neste caso que a escolha da espécie utilizada como adubo verde seja feita em função da cultura, pois tendo estas semelhanças botânicas com a cultura pode haver efeito contrário, servindo de abrigo aos patógenos e insetos. Incorporação de matéria orgânica ¾ - A adubação verde contribui para a manutenção da estruturação e fertilidade do solo. Isto não quer dizer que seja dispensável a calagem: esta deve ser feita normalmente com base na análise de solo e de acordo com a cultura a ser cultivada. Biofertilizantes Como o nome já diz, é um fertilizante vivo, cheio de microorganismos. Podemos fazer biofertilizantes somente com esterco e água ou ainda com qualquer tipo de material verde fermentado na água. Podemos enriquecer com alguns minerais com calcário e/ou cinzas. Os biofertilizantes são líquidos e podem ser usados no solo ou em tratamentos foliares. Este último é aplicado na planta com pulverizador. O importante é que se utilize material existente em abundância e a baixo custo na propriedade. Como base se usa esterco fresco de gado, soro de leite e/ou leite, garapa de cana, melaço ou açúcar, aguapés, ervas daninhas do campo e roçada de pastos, resto de frutas e verduras. O biofertilizantes alimenta, mas não é só isso. Uma das importantes qualidades e descobertas é que ele protege a planta agindo como defensivo. Isto porque ajuda a planta a se proteger, o que é bem diferente da ação dos agrotóxicos. Esta “defesa” pode ser ocasionada por diversos fatores: Se a planta é bem nutrida, tem mais resistência e conseqüentemente,terá condições de se defender de algum ataque de insetos, fungos, bactérias, etc. Como o biofertilizantes é um produto vivo, os microorganismos podem entrar em luta com o que está atacando a planta e repelir e destruir ou paralisar a ação desses elementos. Existem dezenas, talvez centenas de misturas para se fazer biofertilizantes. Fazendo, cada produtor vai descobrir a mistura e a concentração que para ele dá mais resultado. Os organismos do solo-microfauna e macrofauna O solo é habitado por uma variedade de organismos que vão de dimensões submicrocóspicas (microfauna) a dimensões médias ou mesmo relativamente grandes (macrofauna).As atividades dos diversos grupos de organismos do solo estão interligadas entre si e com as condições do ambiente prevalecentes a cada momento, verificando-se que a população microbiana se ajusta rapidamente às variações dessas condições ambientais e são estas que fundamentalmente determinam o sentido em que a atividade dessas populações se desenvolve mais do que a espécie ou o número de microorganismos presentes. A ação microbiana do solo depende, entre outros fatores, da temperatura, arejamento e condições de umidade, reação e teor em elementos nutritivos, e da competição e antagonismos que se estabelecem entre os próprios grupos de microorganismos. A intensidade de decomposição da matéria orgânica é tanto menor quanto mais baixa é a temperatura para temperaturas entre 5 e 30ºC e a baixa temperatura verifica-se que uma vez estabilizada a baixa taxa de decomposição as perdas em matéria orgânica são pequenas e nota-se certa tendência para se formarem resíduos ricos em azoto. Para altas temperaturas, entre 45 e 75ºC, e quanto mais elevada for à temperatura, a intensidade de decomposição também diminui, em condições de umidade suficiente, mas não excessiva, reduzindo o arejamento, faz diminuir a atividade microbiana e principalmente modifica o sentido em que se processa a decomposição muito especialmente em relação aos produtos finais dessa atividade. As minhocas ao cavarem galerias pelos solos, favorecem a passagem de ar e água no interior deste, tornando os solos mais porosos e facilitando a penetração das raízes das plantas no mesmo. Ao se alimentarem da matéria orgânica no solo e de minerais, as minhocas também contribuem para aumentar a fertilidade dos campos cultivados, visto que podem produzir até 18.000 Kg de dejetos por hectare. Estes resíduos do trato digestivo das minhocas contém grandes quantidades de nitrogênio ( na forma de nitrato), cálcio. Magnésio, potássio e fósforo, assim como pH favorável ao desenvolvimento e nutrição das raízes das plantas cultivadas. Essa influência benéfica das minhocas é importantíssima para a agricultura nos trópicos, visto que os solos das regiões tropicais são naturalmente mais pobres em nutrientes minerais que os das regiões mais frias do planeta. Além disto, não apenas as minhocas, mas também os cupins e as formigas ao manipularem, ingerirem e excretarem material de solo ajudam a formar microagregados e a construir poros, tornando a estrutura do solo mais resistente aos processos naturais de erosão pelos ventos e chuvas. Deste modo, podemos dizer que a disponibilidade de nutrientes feita pelas minhocas e outros seres vivos é um valioso serviço para incrementar a fertilidade e melhorar a estrutura física dos solos tropicais, tornando as propriedades agrícolas menos dependente de práticas como a aração ou de insumos (adubos, sais minerais) externos. Outro tipo de bactérias são as decompositoras ou saprófitas, como as do gênero sporosarcina, juntamente com certos fungos, atuam na natureza demolindo a matéria orgânica morta e transformando-a em matéria inorgânica simples, que é a forma que as plantas podem assimilar. Outra contribuição importante das bactérias é, as do gênero Rhizobium. Elas podem viver livremente no solo, porém, quando as plantas da família das leguminosas estão presentes, estas bactérias preferem se associar às raízes das plantas. Elas habitam as raízes das leguminosas, formando nódulos que podem ser vistos a olho nu como pequenas bolinhas, nas quais vivem milhares de bactérias. Em troca de açúcares e outros nutrientes que as leguminosas lhe fornecem, as bactérias do gênero Rhizobium captam o nitrogênio do ar e disponibilizam para suas plantas hospedeiras, numa relação em que os dois organismos se beneficiam e que é chamada de “mutualismo” pela biologia. Sem a presença destas bactérias, as leguminosas não teriam capacidade para captar sozinho o nitrogênio da atmosfera e teria seu desenvolvimento limitado pela falta deste nutriente essencial, presente nas moléculas das proteínas. Dependeriam, portanto, exclusivamente da adubação feita pelo agricultor, o que implicaria em maiores custos para a produção de alimentos e também em indesejáveis efeitos ambientais, como a poluição das águas subterrâneas pelo uso de adubos sintéticos de alta solubilidade. Além disto, se a adubação for realizada com estes fertilizantes altamente solúveis o custo energético para o planeta é alto: em geral se gasta 02 L de petróleo (recurso natural não renovável) para se produzir 01 L de nitrato, matéria-prima dos adubos que fornecem nitrogênio às plantas (Paschoal, 1994). Além de realizarem o trabalho de captação do nitrogênio do ar a custo zero para os agricultores, quando as leguminosas morrem e se decompõem na lavoura (restos das culturas após a colheita), o nitrogênio volta a ficar disponível no solo para os próximos cultivos, fechando o ciclo da fixação biológica (feita pelas bactérias) e do aproveitamento de nitrogênio na agricultura. Certas espécies de fungos existentes no solo também contribuem com algumas espécies comerciais (milho, feijão, maçã e morango), fornecendo água e minerais em troca de uma dieta de açúcares. Estes fungos possuem estruturas especiais chamadas de micorrizas que se conectam as raízes das plantas pelo lado de fora ou internamente, de forma a estabelecer com as plantas uma relação de cooperação onde ambos ganham. Ou seja, também se trata de uma relação de mutualismo (Gliessman, 2000). Outra contribuição importante dos fungos é aquela exercida pelas espécies chamadas de “bolores”. Os quatro gêneros mais comuns de bolores são: Penicillium, Mucor, Fusarium e Aspergillus. Todos nós conhecemos estes gêneros de fungos, pois são eles que colonizam os alimentos (frutas, pães) no processo de decomposição, quando aparecem pontos esverdeados ou brancos sobre a comida. Estes bolores também habitam os solos em quantidades inumeráveis, sendo muito eficientes na decomposição da matéria orgânica no solo: eles continuam a decompor mesmo quando as bactérias e outros organismos param de funcionar. São, portanto, verdadeiros “recicladores” de nutrientes e minerais nas lavouras. Estes exemplos ilustram uma condição comum nos sistemas orgânicos de produção: quando mais diversificado for o solo em espécies de microorganismos, maiores serão as relações de cooperação entre estes organismos e as plantas cultivadas. Também serão maiores as chances de existirem neste solo, espécies que atuem como inimigos naturais dos fungos e bactérias que causem doenças ou parasitem as lavouras. A diversidade de vida microscópica favorece o equilíbrio ecológico também abaixo da superfície do solo, contribuindo para a estabilidade do sistema solo-planta- microorganismo de forma a reduzir sua vulnerabilidade a fatores externos (ataque de outros organismos, carência de alguns nutrientes, falta temporária de água, etc.). Por essas razões que na agricultura orgânica todas as práticas de manejo de solos, águas, plantas e criação animal visam criar condições que beneficiem a vida presente nos solos. Este é considerado não um mero suporte físico, mas um ecossistema cheio de vida,no qual através de complexas interações, os organismos que lá vivem irão disponibilizar tudo o que a planta precisa: ar, água, espaço para raízes e nutrientes (Primavesi, 2000; Steiner, 2000). Técnicas, como a adubação e o manejo do solo e das plantas silvestres na propriedade visam alimentar esse solo vivo. Manejo de plantas Espontâneas No sistema de manejo de solo convencional, há uma preocupação em eliminar toda e qualquer planta diferente da cultura que surja no sistema, e que são chamadas de plantas daninhas, mato, pragas ou inços. No manejo agroecológico, as plantas diferentes da cultura são denominadas de plantas espontâneas, pois surgem independente da vontade do agricultor, porém isto não significa necessariamente que sejam prejudiciais à cultura. Não que não haja preocupação com os possíveis efeitos negativos destas plantas sobre as culturas, pois muitas, quando não manejadas adequadamente, podem causar graves perdas às culturas, tanto por competição por água, luz e nutrientes, como por efeitos alelopáticos negativos, isto é, ação inibidora de algumas plantas sobre outras, causadas por exudatos de raiz ou substâncias voláteis. No entanto o enfoque dado muda, pois ao invés de uma eliminação completa das plantas espontâneas, no manejo agroecológico se procura conviver com elas. Para o planejamento do manejo das plantas espontâneas deve-se responder três Questões fundamentais: Qual é a função ecológica de cada espécie? É fundamental conhecer o papel ecológico de cada espécie espontânea, e neste campo as informações disponíveis são muito poucas. Muitas vezes é necessário recorrer ao conhecimento prático dos agricultores mais antigos, que possuem algumas informações empíricas sobre muitas espécies. Além dos papéis mais gerais de cobertura e proteção da superfície do solo e estoque de nutrientes nos agroecosistemas, as diferentes plantas espontâneas podem prestar serviços ecológicos tais como reciclagem e solubilização de determinados nutrientes, estímulo a microorganismos benéficos e inibição aos patogênicos, atração ou repulsão de organismos potencialmente daninhos, hospedagem de insetos polinizadores, etc. Quais plantas realmente são problemáticas? Há plantas que realmente são problemáticas nos ciclos de diferentes culturas. Com relação a estas, é fundamental conhecer o nível de dano econômico e o estádio a partir do qual passam a causar dano, para que se possam planejar as estratégias de manejo. É impossível conviver com determinada espécie? Quando for constatada a impossibilidade de conviver com determinada espécie, pode-se prever uma eliminação seletiva desta, mantendo as demais sob manejo controlado no agroecossistema. Diferentes estratégias podem ser utilizadas para manter as plantas espontâneas sob controle: Manter o solo coberto: A proteção do solo por uma massa de plantas vivas ou restos de plantas mortas (“mulch”) impede o desenvolvimento de plantas espontâneas, impedindo as plântulas germinadas de receber a luz necessária para o seu desenvolvimento, como pela ação inibitória dos exudatos das plantas vivas ou do metabólitos da decomposição dos restos vegetais na superfície. Pode ser utilizada a cobertura viva, com plantas que cobrem o solo entre as plantas cultivadas e que comprovadamente não tem efeito antagônico com a cultura. Ou então pode ser utilizada a cobertura morta, fornecida tanto pelo pré-cultivo de alguma espécie de mineralização mais lenta, com o objetivo de produzir esta cobertura, como pelo aporte de restos vegetais a partir de outras áreas. Não revolvimento do solo: O não revolvimento do solo mantém as sementes das plantas espontâneas na superfície do solo, sujeitas às intempéries e predadores, sem condições adequadas à sua germinação. Controle mecânico: É o sistema mais comum de controle, que pode ser feito através de capinas, manuais ou mecânicas, ou então o que é mais recomendado, através de roçadas a partir do momento em que as plantas espontâneas atingem o ponto de dano econômico. Controle térmico: Embora não muito comuns, e até mesmo vistos como ressalvas, existem alguns processos térmicos para redução da população de algumas espécies mais problemáticas, como é o caso da solarização para o controle de tiririca, e a utilização de lança-chamas em alguns países da Europa para controle das plantas nas entrelinhas das culturas. Controle seletivo: É a utilização de diferentes práticas de controle de população contra apenas uma ou determinas espécies dentro do complexo de plantas espontâneas, mantendo as demais, com a finalidade de criar um complexo de plantas espontâneas com funções ecológicas mais favoráveis ao sistema. Algumas práticas agronômicas como calagem, descompactação, adubação entre outras também podem ser usadas para favorecer ou estimular determinadas espécies dentro do complexo de plantas espontâneas. Cerca viva A prática de uso de cerca viva é ainda pouco difundida, mas apresenta inúmeras vantagens: proporcionam sombra e facilitam a obtenção de estacas para novas cercas.Alguma s espécies podem ter vida útil em até 15 anos.As árvores são úteis na proteção contra ventos e produzem números benefícios ao solo, como a incorporação de nitrogênio (no caso das leguminosas, ciclagem de nutrientes e a melhoria das propriedades físicas do solo; elas são a baixo custo além de apresentar efeito paisagístico). Este trabalho exige alguns cuidados, pois necessitam de atenção no estabelecimento e no manejo para evitarem o problema das plantas engolirem o arame; necessidade de proteção contra o pastejo, quando as plantas são estabelecidas por mudas e pouca disponibilidade de espécies com capacidade de enraizamento por estacas. As características desejáveis numa planta a ser utilizado como cerca viva incluem a rapidez de crescimento e facilidade em reproduzir-se por estacas, com bom enraizamento, rapidez ao rebrotar depois da poda, formação de uma cerca densa, resistência ao fogo, ausência de problemas com pragas e doenças, além de prover de benefícios tais como frutos, madeira, lenha e forragem, entre outros. A escolha da espécie depende da facilidade em obtê-la, do tipo de solo onde será estabelecido, etc. Algumas espécies como a leucena( Leucaena leucocephala),mulateiro( Calycophyillum apruceanum),e espinheiro(Acácia phollyphylla),podem ser utilizadas no plantio , pois apresentam rápido crescimento, com no máximo três anos podem estar prontos.Outra espécie é o cajá (Spondias sp.),pois apresenta rápido crescimento e propaga por estacas, além de produzirem frutos . As podas servem para determinar o estilo da sua cerca viva e para estimular a formação das plantas. Além das tradicionais podas de limpeza, que devem ser feitas uma vez por ano para retirar os ramos secos e malformados, há outros tipos de podas úteis para deixar as cercas vivas mais densas ou mais arejadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este esquema (explicado por Altieri), nos favorece quanto ao entendimento do que é Manejo ecológico do solo e Manutenção da biodiversidade;onde juntamente com o trabalho,mostrou-se técnicas favoráveis em busca da otimização do manejo do solo, para um caminho agroecológico sustentável, adaptado a produção de alimentos saudáveis, em terras sãs, a manutenção da saúde do solo e da água, e como um todo, a preservação do meio ambiente. Aumento da Fertilidade do Solo Interações positivas Melhor controle de pragas SINERGISMO Cultura Saudável Agroecossitema Saudável biofertilizantes culturas de cobertura adubação verde cobertura do solo composto rotação de culturas etc. diversidade de culturas práticas culturais controle biológico modificação do habitat Referencia Bibliográfica Altieri, M.A., Nicholls,C.I. 1990. Biodiversity, ecosystem function And insect pest management in agricultural systems. In Biodiversity in Agroecosystems, Ed. W. W. Collins and C. O. Qualset. Boca Raton: CRC Press. 69–84. FEIDEN, A. Conceitos e princípios para o manejo ecológico do solo. Seropédica: Embrapa Agroecologia, dez. 2001. 21. (Embrapa Agroecologia. Documentos, 140). http://www.agroecologia.inf.br/secoes. Acesso em: 15 set 2008. http://www.planetaorganico.com.br/microorg. Acesso em: 19 set 2008. http://www.cnpso.embrapa.br/importancia.htm. Acesso em 20 set 2008. http://desenvolvimentonordestino.wordpress.com/2007/07/11/manejo-ecologico- do-solo/ http://www.infobibos.com/. Acesso em 20 set 2008. http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Erva- mate/CultivodaErvaMate/04_solo.htm. Acesso em: 20 set 2008. http://pt.wikipedia.org/wiki/Aduba%C3%A7%C3%A3o_verde. Acesso em: 16 set 2008. http://www.agroecologia.inf.br/secoes http://www.planetaorganico.com.br/microorg http://www.cnpso.embrapa.br/importancia.htm http://desenvolvimentonordestino.wordpress.com/2007/07/11/manejo-ecologico-do-solo/ http://desenvolvimentonordestino.wordpress.com/2007/07/11/manejo-ecologico-do-solo/ http://www.infobibos.com/ http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Erva- http://pt.wikipedia.org/wiki/Aduba%C3%A7%C3%A3o_verde
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