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PLANO DE AULA – SELL Ideologias políticas 1. Conceito de ideologia O significado de ideologia varia de acordo com os autores e teorias, mas existem duas concepções principais: - Uma delas é a de ideologia com um sentido negativo, que é a usada por Marx. Ele defende que ideologias são conjuntos de falsas representações ou falsas ideias usadas para difundir os interesses das classes dominantes. - Dentro desse conceito de Marx, o conceito de ideologia ainda é pensado segundo duas interpretações: a instrumentalista – que diz que as ideologias são visões de mundo elaboradas por indivíduos da classe domintante para legitimar seu domínio – e a sistêmica – que diz que as ideologias são fruto do próprio sistema social, e não dos atores sociais. - A compreensão de ideologia no sentido positivo significa um conjunto de propostas ou projetos políticos, com função de orientar os comportamentos políticos coletivos. - As ideologias, então, seriam determinadas pelos princípios e visões de mundo das pessoas, e estariam ligadas a grupos sociais, movimentos e partidos políticos. 2. Os ideais políticos da primeira modernidade Na primeira modernidade, se destacaram principalmente o liberalismo, o socialismo e a social-democracia. Eram ideologias ligadas à expansão da Revolução Industrial e do capitalismo, e geralmente costuma se dividir num arco que vai de esquerda à direita. [tabela sobre ideologias] - Classificamos pelo modelo de economia e modelo de Estado que essas ideologias defendem. - No campo da direita estariam o conservadorismo – que defende o Estado centralizado – e o liberalismo – que defende o capitalismo de livre mercado e o Estado mínimo. - No campo do centro estaria a social-democracia, que defende um capitalismo regulado pelo estado, e o Estado de bem-estar social (Welfare state) - No campo da esquerda estariam o socialismo/comunismo – que defende a substituição do capitalismo pelo comunismo, por meio de um Estado planejador – e o anarquismo – que defende uma sociedade sem Estado. [círculo das ideologias] - Apesar disso, a gente tem que lembrar que as ideologias têm pontos de contato entre si e dialogam entre si, não têm uma definição tão separada assim. 2.1. Liberalismo O liberalimo possui duas variantes principais, a do liberalismo político (usada por Locke) e a do liberalismo econômico (usada por Adam Smith). Não quer dizer que são duas ideologias diferentes, mas sim a mesma ideologia com abordagens e problemáticas diferente. - O fundamento comum do liberalismo é o Estado mínimo, ou seja, que mesmo que o Estado seja necessário, ele deve interferir o mínimo possível, porque isso garantiria mais liberdade aos indivíduos. 2.1.1. Liberalismo político - O fundador do liberalismo político foi John Locke. Ele parte da premissa de que quanto menor for a interferência do Estado na vida das pessoas, maior será a liberdade dos indivíduos. - Na primeira fase, o liberalismo político surgiu da luta da burguesia contra os Estados absolutistas. Ele contrapõe o absolutismo quando afirma que o poder político nasce da vontade dos cidadãos, e que o Estado é criado apenas para garantir suas liberdades fundamentais. - Portanto, o poder do Estado deve ser o mais limitado possível. 2.1.2. Liberalismo econômico - O fundador do liberalismo econômico foi Adam Smith. Ele defende que o Estado não deve interferir na competição do mercado. Para ele, quando o mercado atua sem interferência externa, o resultado é uma maior eficiência econômica e melhoria das condições de vida dos indivíduos. - Ele também diz que o altruísmo não é benéfico para a economia, e o que é mais vantajoso para todos é o egoísmo, ou seja, pensar primeiro em você e depois nos outros. - Adam Smith também fala sobre a divisão do trabalho, falando que aumenta a eficiência de produção. - Crise do liberalismo: - A crise do capitalismo dos anos 1920 e 1930 foram um dos principais fatores para a crise das ideias do liberalismo econômico. Essa crise resultou em diminuição de produção, desemprego em massa e agravamento dos prolemas sociais - Nessa mesma época surgiu o keynesianismo. Keynes afirmava que, para resolver a crise do capitalismo, o Estado deveria intervir diretamente no funcionamento do mercado. Assim, o Estado passaria a agir como um agente externo para garantir o benefício comum a todos. - Neoliberalismo - Surgiu com as ideias de Friedrich Hayek, que defende que a planificação da economia leva necessariamente à tirania, e que o capitalismo é necessário para a democracia. - Crítica ao liberalismo: - Uma das principais críticas ao liberalismo é que ele não é suficiente para garantir uma sociedade digna para os indivíduos, por não contemplar a questão da justiça social. 2.2. Socialismo O socialismo surge como um programa político com objetivo central de superação do capitalismo. 2.2.1. Modelo de Marx Existem dois elementos essenciais para a sociedade comunista de Marx: abolição das classes sociais e abolição do Estado. - A abolição das classes sociais aconteceria com a supressão da propriedade privada. - Com o fim das classes sociais, o Estado também deveria ser superado, pois sua existência não faria sentido numa sociedade sem classes, já que o Estado é um instrumento da luta de classes. Entre o capitalismo e o comunismo deveria haver um período de socialismo, onde vigoraria a ditadura do proletariado. 2.2.2. Modelo soviético As grandes revoluções socialistas só aconteceram após a morte de Marx, e ficaram conhecidas como socialismo real. Foi a Revolução Russa que marcou a história do movimento socialista. A experiência soviética pode ser separada em quatro fases: - Período insurrecional (1917-1924): o período de mobilização que levou os bolcheviques ao poder e a institucionalização desse poder, que vai até a morte de Lênin em 24. - Período stalinista (1924-1953): onde se acentuou o caráter repressivo e autoritário do regime, e se iniciou um processo de industrialização sob controle do Estado. Esse período é marcado pela guerra fria. - Período pós-stalinista (1953-1981): foi uma fase onde a União Soviética busca diminuir o conflito com o Ocidente e a repressão interna. - Período de crise e decadência (1985-1991): onde houveram os programas de abertura política e econômica (glasnost e perestroika), até a queda do muro de Berlim e extinção da União Soviética em 1991. Do ponto de vista econômico, todas as atividades produtivas de iniciativa privada foram eliminadas e sua propriedade passou para o Estado, sendo isso a socialização dos meios de produção. Do ponto de vista político, o ponto principal da experiência soviética foi o controle do Estado a partir do partido único. 2.3. Social-democracia É uma ideologia reformista, que defende que o capitalismo deve ser humanizado. Ou seja, os sociais-democratas entendem que o capitalismo possui deficiências, mas por não poder ser eliminado, essas deficiências devem ser compensadas com mediação do Estado 2.3.1. Reforma ou revolução? [esquema das estratégias de transição] Essa corrente surgiu de uma cisão no campo da esquerda. O que muda, para eles, é a estratégia para se chegar no socialismo/comunismo. Por um lado o socialismo revolucionário defende que, para chegar no comunismo, deve haver uma insurreição e coletivização. Já a social-democracia defende que reformas graduais e eleições são a forma ideal, introduzindo aos poucos uma sociedade socialista. No final, os dois chegariam à sociedade sem classes, com igualdade social. 2.3.2. Estado de bem-estar social Foi chamado de "Estado Robin Hood" por ser focado em "tirar dos ricos" (por meio de impostos) e "dar aos pobres" (por meio de benefícios sociais). Assim, o capitalismo seria humanizado e colocado em serviço dos trabalhadores. Entretanto, comesse processo os sociais-democratas abandonaram seu principal objetivo: a construção do socialismo. - Atualmente, a social-democracia adota o princípio de que o capitaismo não pode ser superado. 2.3.3. Terceira via Durante a década de 70 os Estados sociais-democratas se viram em crise, pois a renda diminuiu ao mesmo tempo que aumentaram os dependentes do Estado. Assim, lançaram mão da "terceira via", que procurava se adaptar a um mundo globalizado e superar tanto o neoliberalismo quanto a própria social-democracia. 3. A segunda modernidade e a crise das ideologias “As ideologias têm valor na medida em que alimentam a política de princípios e valores, mas quando são absolutizadas como verdades incontestáveis acabam destruindo a própria comunidade social e política.”
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