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PM-MG POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS 450 Questões Gabaritadas CADERNO DE QUESTÕES CÓD: SL-068JH-21 7908433206248 LÍNGUA PORTUGUESA 1 LÍNGUA PORTUGUESA 1.(PM-MG - 2020 - PM-MG - ASPIRANTE DA POLÍ- CIA MILITAR) Perdedor, vencedor O perdedor cumprimentou o vencedor. Aperta- ram-se as mãos por cima da rede. Depois foram para o vestiário, lado a lado. No vestiário, enquanto tiravam a roupa, o perdedor apontou para a raquete do outro e comentou, sorrindo: - Também, com essa raquete... Era uma raquete importada, último tipo. Muito me- lhor do que a do perdedor. O vencedor também sorriu, mas não disse nada. Começou a descalçar os tênis. O perdedor comentou, ainda sorrindo: - Também, com esses tênis... O vencedor quieto. Também sorrindo. Os dois fica- ram nus e entraram no chuveiro. O perdedor examinou o vencedor e comentou: - Também, com esse físico... O vencedor perdeu a paciência. - Olha aqui - disse. - Você poderia ter um físico igual ao meu, se se cuidasse. Se perdesse essa barriga. Você tem dinheiro, senão não seria sócio deste clube. Pode comprar uma raquete igual à minha e tênis melhores do que os meus. Mas sabe de uma coisa? Não é equipamento que ga- nha jogo. É a pessoa. É a aplicação, a vontade de vencer, a atitude. E você não tem uma atitude de vencedor. Prefere atribuir sua derrota à minha raquete, aos meus tênis, ao meu físico, a tudo menos a você mesmo. Se parasse de admirar tudo que é meu e mudasse de atitude, você também poderia ser um vencedor, apesar dessa barriga. O perdedor ficou em silêncio por alguns segundos, depois disse: - Também, com essa linha de raciocínio... Luis Fernando Verissimo Disponível em: https://docente.ifrn.edu.br/marcel- matias/Disciplinas/lingua-portuguesa/lingua-portugue- sa2012.2/perdeedor-vencedor/view. Crônica de Luis Fernando Verissimo publicada no li- vro “Diálogos impossíveis”. Assinale a única opção CORRETA. “E você não tem uma atitude de vencedor.” A devida classificação sintá- tica do termo em destaque nessa oração é: (A) Complemento nominal. (B) Adjunto adnominal. (C) Objeto indireto preposicionado. (D) Adjunto adverbial. 2.(PM-MG - 2020 - PM-MG - ASPIRANTE DA POLÍ- CIA MILITAR) Perdedor, vencedor O perdedor cumprimentou o vencedor. Aperta- ram-se as mãos por cima da rede. Depois foram para o vestiário, lado a lado. No vestiário, enquanto tiravam a roupa, o perdedor apontou para a raquete do outro e comentou, sorrindo: - Também, com essa raquete... Era uma raquete importada, último tipo. Muito me- lhor do que a do perdedor. O vencedor também sorriu, mas não disse nada. Começou a descalçar os tênis. O perdedor comentou, ainda sorrindo: - Também, com esses tênis... O vencedor quieto. Também sorrindo. Os dois fica- ram nus e entraram no chuveiro. O perdedor examinou o vencedor e comentou: - Também, com esse físico... O vencedor perdeu a paciência. - Olha aqui - disse. - Você poderia ter um físico igual ao meu, se se cuidasse. Se perdesse essa barriga. Você tem dinheiro, senão não seria sócio deste clube. Pode comprar uma raquete igual à minha e tênis melhores do que os meus. Mas sabe de uma coisa? Não é equipamento que ga- nha jogo. É a pessoa. É a aplicação, a vontade de vencer, a atitude. E você não tem uma atitude de vencedor. LÍNGUA PORTUGUESA 2 Prefere atribuir sua derrota à minha raquete, aos meus tênis, ao meu físico, a tudo menos a você mesmo. Se parasse de admirar tudo que é meu e mudasse de atitude, você também poderia ser um vencedor, apesar dessa barriga. O perdedor ficou em silêncio por alguns segundos, depois disse: - Também, com essa linha de raciocínio... Luis Fernando Verissimo Disponível em: https://docente.ifrn.edu.br/marcel- matias/Disciplinas/lingua-portuguesa/lingua-portugue- sa2012.2/perdeedor-vencedor/view. Crônica de Luis Fernando Verissimo publicada no li- vro “Diálogos impossíveis”. Assinale a única opção CORRETA. Considerando os fragmentos do texto “Perdedor, vencedor” abaixo apre- sentados, a palavra também, nos quatro fragmentos, é classificada como: “Também, com essa raquete...” “Também, com es- ses tênis...” “Também, com esse físico...” “Também, com essa linha de raciocínio...” (A) Conjunção, e exprime inclusão. (B) Adjetivo, e exprime inclusão. (C) Conotativa, e exprime inclusão. (D) Denotativa, e exprime inclusão. 3.(PM-MG - 2020 - PM-MG - ASPIRANTE DA POLÍ- CIA MILITAR) Perdedor, vencedor O perdedor cumprimentou o vencedor. Aperta- ram-se as mãos por cima da rede. Depois foram para o vestiário, lado a lado. No vestiário, enquanto tiravam a roupa, o perdedor apontou para a raquete do outro e comentou, sorrindo: - Também, com essa raquete... Era uma raquete importada, último tipo. Muito me- lhor do que a do perdedor. O vencedor também sorriu, mas não disse nada. Começou a descalçar os tênis. O perdedor comentou, ainda sorrindo: - Também, com esses tênis... O vencedor quieto. Também sorrindo. Os dois fica- ram nus e entraram no chuveiro. O perdedor examinou o vencedor e comentou: - Também, com esse físico... O vencedor perdeu a paciência. - Olha aqui - disse. - Você poderia ter um físico igual ao meu, se se cuidasse. Se perdesse essa barriga. Você tem dinheiro, senão não seria sócio deste clube. Pode comprar uma raquete igual à minha e tênis melhores do que os meus. Mas sabe de uma coisa? Não é equipamento que ga- nha jogo. É a pessoa. É a aplicação, a vontade de vencer, a atitude. E você não tem uma atitude de vencedor. Prefere atribuir sua derrota à minha raquete, aos meus tênis, ao meu físico, a tudo menos a você mesmo. Se parasse de admirar tudo que é meu e mudasse de atitude, você também poderia ser um vencedor, apesar dessa barriga. O perdedor ficou em silêncio por alguns segundos, depois disse: - Também, com essa linha de raciocínio... Luis Fernando Verissimo Disponível em: https://docente.ifrn.edu.br/marcel- matias/Disciplinas/lingua-portuguesa/lingua-portugue- sa2012.2/perdeedor-vencedor/view. Crônica de Luis Fernando Verissimo publicada no li- vro “Diálogos impossíveis”. Considerando o texto “Vencedor, perdedor” em qual opção a expressão entre parênteses não poderia substi- tuir a palavra destacada no fragmento do texto porque não preservaria o sentido original? (A) “É a aplicação, a vontade de vencer, a atitude. ” (avocação). (B) “Também, com essa linha de raciocínio...” (dire- ção). (C) “E você não tem uma atitude de vencedor. ” (comportamento). (D) “O perdedor examinou o vencedor e comentou: ” (estudou). LÍNGUA PORTUGUESA 3 4.(PM-MG - 2020 - PM-MG - ASPIRANTE DA POLÍ- CIA MILITAR) Perdedor, vencedor O perdedor cumprimentou o vencedor. Aperta- ram-se as mãos por cima da rede. Depois foram para o vestiário, lado a lado. No vestiário, enquanto tiravam a roupa, o perdedor apontou para a raquete do outro e comentou, sorrindo: - Também, com essa raquete... Era uma raquete importada, último tipo. Muito me- lhor do que a do perdedor. O vencedor também sorriu, mas não disse nada. Começou a descalçar os tênis. O perdedor comentou, ainda sorrindo: - Também, com esses tênis... O vencedor quieto. Também sorrindo. Os dois fica- ram nus e entraram no chuveiro. O perdedor examinou o vencedor e comentou: - Também, com esse físico... O vencedor perdeu a paciência. - Olha aqui - disse. - Você poderia ter um físico igual ao meu, se se cuidasse. Se perdesse essa barriga. Você tem dinheiro, senão não seria sócio deste clube. Pode comprar uma raquete igual à minha e tênis melhores do que os meus. Mas sabe de uma coisa? Não é equipamento que ga- nha jogo. É a pessoa. É a aplicação, a vontade de vencer, a atitude. E você não tem uma atitude de vencedor. Prefere atribuir sua derrota à minha raquete, aos meus tênis, ao meu físico, a tudo menos a você mesmo. Se parasse de admirar tudo que é meu e mudasse de atitude, você também poderia ser um vencedor, apesar dessa barriga. O perdedor ficou em silêncio por alguns segundos, depois disse: - Também, com essa linha de raciocínio... Luis Fernando Verissimo Disponível em: https://docente.ifrn.edu.br/marcel- matias/Disciplinas/lingua-portuguesa/lingua-portugue- sa2012.2/perdeedor-vencedor/view. Crônica de Luis Fernando Verissimo publicada no li- vro “Diálogos impossíveis”. Assinale a única opção CORRETA. Utilizando a ironia e o humor, o autor do texto “Perdedor, vencedor” pro- move uma reflexão em relação. (A) A identificar as falhas pessoais, tratá-las e seguir adiante. (B) A descobrir os pontos fortes da eficiência e eficá- cia pessoal dos perdedores. (C) À capacidade para ouvir ironias e conseguir sor- rir, sem perder a paciência. (D) À demonstração de rivalidade entre perdedor e vencedor. 5.(PM-MG - 2020 - PM-MG - ASPIRANTE DA POLÍ- CIA MILITAR) Perdedor, vencedor O perdedor cumprimentou o vencedor. Aperta- ram-se as mãos por cima da rede. Depois foram para o vestiário, lado a lado. No vestiário, enquanto tiravam a roupa, o perdedor apontou para a raquete do outro e comentou, sorrindo: - Também, com essa raquete... Era uma raquete importada, último tipo. Muito me- lhor do que a do perdedor. O vencedor também sorriu, mas não disse nada. Começou a descalçar os tênis. O perdedor comentou, ainda sorrindo: - Também, com esses tênis... O vencedor quieto. Também sorrindo. Os dois fica- ram nus e entraram no chuveiro. O perdedor examinou o vencedor e comentou: - Também, com esse físico... O vencedor perdeu a paciência. - Olha aqui - disse. - Você poderia ter um físico igual ao meu, se se cuidasse. Se perdesse essa barriga. Você tem dinheiro, senão não seria sócio deste clube. Pode comprar uma raquete igual à minha e tênis melhores do que os meus. Mas sabe de uma coisa? Não é equipamento que ga- nha jogo. É a pessoa. É a aplicação, a vontade de vencer, a atitude. E você não tem uma atitude de vencedor. LÍNGUA PORTUGUESA 4 Prefere atribuir sua derrota à minha raquete, aos meus tênis, ao meu físico, a tudo menos a você mesmo. Se parasse de admirar tudo que é meu e mudasse de atitude, você também poderia ser um vencedor, apesar dessa barriga. O perdedor ficou em silêncio por alguns segundos, depois disse: - Também, com essa linha de raciocínio... Luis Fernando Verissimo Disponível em: https://docente.ifrn.edu.br/marcel- matias/Disciplinas/lingua-portuguesa/lingua-portugue- sa2012.2/perdeedor-vencedor/view. Crônica de Luis Fernando Verissimo publicada no li- vro “Diálogos impossíveis”. Analise as proposições abaixo sobre o texto “Vence- dor, perdedor”, e assinale a opção CORRETA: I- O perdedor não consegue enxergar em si as cau- sas dos seus fracassos. II- O perdedor também poderia ser um vencedor se perdesse a barriga. III- O vencedor manteve a calma, apesar dos comentários injustos do perdedor. IV- O vencedor usava tênis melhores do que os do perdedor. V- O perdedor sorria porque estava fe- liz, mesmo perdendo no jogo. (A) Somente os itens II e III estão corretos. (B) Somente os itens I e V estão corretos. (C) Todos estão corretos. (D) Somente os itens I e IV estão corretos. 6.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CIRUR- GIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, o texto abaixo, tirinha de Grump – Orlandeli. Fonte: http://www.orlandeli.com.br/novo/ wordpress/index.php/category/grump. Acesso em 30/09/2018 Analise as frases da fala do tio, transcritas do primei- ro quadrinho da tirinha de Grump. Em seguida, respon- da à questão proposta. “Pra essa molecada é moleza. Estão aprendendo agora. Não tem os vícios da gente, que já usa as antigas regras faz tempo.” Considerando o contexto de comunicação, os inter- locutores e o sujeito simples “molecada”, explícito na primeira oração, a adequação das frases, obedecendo às normas de concordância verbal, seria: (A) Pra essa molecada é moleza. Está aprendendo agora. Não tem os vícios da gente, que já usa as an- tigas regras faz tempo. (B) Pra essa molecada é moleza. Estão aprendendo agora. Não têm os vícios da gente, que já usa as an- tigas regras faz tempo. (C) Pra essa molecada é moleza. Estão aprendendo agora. Não têm os vícios da gente, que usamos as antigas regras fazem tempo. (D) Pra essa molecada é moleza. Está aprendendo agora. Não tem os vícios da gente, que já usam as antigas regras faz tempo. 7.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CIRUR- GIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, res- ponda a questão proposta. TEXTO I A regreção da redassão Carlos Eduardo Novaes Semana passada recebi um telefonema de uma se- nhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor. - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito. - A culpa não é deles. A falha é do ensino. - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nis- so. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acen- tos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. - LÍNGUA PORTUGUESA 5 Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um re- visor. - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças. - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos. Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escre- ver”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. To- dos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se es- creve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore. - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos. - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão. - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. - E você sabe por que essa geração não sabe escre- ver? - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis. - Não senhor. Não sabe escrever porque está per- dendo o hábito de leitura. E quando perder completa- mente, você vai escrever para quem? Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, cor- rendo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria: - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó. - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio. - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompa- nhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso. - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador. - E o senhor, não está interessado nuns textos? - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro? - E o senhor, vai? Leva três e paga um. - Deixa eu ver o tamanho – pediu ele. Assustou-se com o tamanho do texto: - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas? NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática, 1999. Para gostar de ler, vol. 15. TEXTO II O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se moderna, compra um compu- tador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a filha adolescente. Quase ao final do diá- logo, mãe e filha escrevem: “[...] _ Antes de ir para casa eu vou passar no supermer- cado. O que você quer que compre para... para... para vc? É assim que se diz em internetês. _ refri e bisc8 _ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, franca- mente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no iní- cio de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inad- missível, Maria Eugênia! “ _ xau mãe, c ta xata.” _ Maria Eugênia! Chata é com ch. _ _ Maria Eugênia? _ _ Desligou. [...]’’ HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007. Marque a alternativa em que a figura de linguagem está, CORRETAMENTE, identificada, nas frases transcri- tas do texto I. (A) “Semana passada recebi um telefonema de uma senhora que me deixou surpreso.” (Metáfora). (B) “Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acentos.” (Prosopopeia). LÍNGUA PORTUGUESA 6 (C) “Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em porta de banheiros, em muros, em paredes.” (Cata- crese). (D) “A culpa não é deles. A falha é do ensino.” (Me- tonímia). 8.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CIRUR- GIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, res- ponda a questão proposta. TEXTO I A regreção da redassão Carlos Eduardo Novaes Semana passada recebi um telefonema de uma se- nhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor. - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito. - A culpa não é deles. A falha é do ensino. - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nis- so. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acen- tos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. - Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor. - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças. - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos. Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escre- ver”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. To- dos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se es- creve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore. - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos. - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão. - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. - E você sabe por que essa geração não sabe escre- ver? - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis. - Não senhor. Não sabe escrever porque está per- dendo o hábito de leitura. E quando perder completa- mente, você vai escrever para quem? Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, cor- rendo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria: - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó. - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio. - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompa- nhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso. - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador. - E o senhor, não está interessado nuns textos? - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro? - E o senhor, vai? Leva três e paga um. - Deixa eu ver o tamanho – pediu ele. Assustou-se com o tamanho do texto: - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas? NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática, 1999. Para gostar de ler, vol. 15. TEXTO II O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se moderna, compra um compu- LÍNGUA PORTUGUESA 7 tador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a filha adolescente. Quase ao final do diá- logo, mãe e filha escrevem: “[...] _ Antes de ir para casa eu vou passar no supermer- cado. O que você quer que compre para... para... para vc? É assim que se diz em internetês. _ refri e bisc8 _ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, franca- mente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no iní- cio de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inad- missível, Maria Eugênia! “ _ xau mãe, c ta xata.” _ Maria Eugênia! Chata é com ch. _ _ Maria Eugênia? _ _ Desligou. [...]’’ HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007. Marque a opção cuja frase ou trecho de frase apre- senta locução prepositiva: (A) “O senhor escreve muito bem.” (B)“Impressionado, saí à procura de outros educa- dores.” (C) “[...] ninguém escreve em portas de banheiros [...]”. (D) “[...] vai ver que é porque não pega direito no lápis.” 9.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CIRUR- GIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, res- ponda a questão proposta. TEXTO I A regreção da redassão Carlos Eduardo Novaes Semana passada recebi um telefonema de uma se- nhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor. - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito. - A culpa não é deles. A falha é do ensino. - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nis- so. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acen- tos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. - Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor. - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças. - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos. Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudan- te brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escre- ver”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. To- dos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se escreve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, nin- guém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geral- mente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore. - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos. - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão. - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. - E você sabe por que essa geração não sabe escre- ver? - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis. - Não senhor. Não sabe escrever porque está per- dendo o hábito de leitura. E quando perder completa- mente, você vai escrever para quem? Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, cor- rendo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria: LÍNGUA PORTUGUESA 8 - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó. - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio. - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompa- nhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso. - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador. - E o senhor, não está interessado nuns textos? - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro? - E o senhor, vai? Leva três e paga um. - Deixa eu ver o tamanho – pediu ele. Assustou-se com o tamanho do texto: - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas? NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática, 1999. Para gostar de ler, vol. 15. TEXTO II O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se moderna, compra um compu- tador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a filha adolescente. Quase ao final do diá- logo, mãe e filha escrevem: “[...] _ Antes de ir para casa eu vou passar no supermer- cado. O que você quer que compre para... para... para vc? É assim que se diz em internetês. _ refri e bisc8 _ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, franca- mente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no iní- cio de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inad- missível, Maria Eugênia! “ _ xau mãe, c ta xata.” _ Maria Eugênia! Chata é com ch. _ _ Maria Eugênia? _ _ Desligou. [...]’’ HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007. Em relação às sequências de palavras apresentadas nas opções abaixo, marque a alternativa em que todos os vocábulos estão grafados conforme as normas do Novo Acordo Ortográfico em vigor, desde 29/09/2008. (A) Taboada, lampeão, candeiro, abençôo. (B) Assembléia, farneis, eximio, alcaloidico. (C) Mingua, microondas, auto-aprendizagem, co-e- ducação. (D) Irmãmente, aracnoide, retoucar, microrradiogra- fia. 10.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CI- RURGIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, res- ponda a questão proposta. TEXTO I A regreção da redassão Carlos Eduardo Novaes Semana passada recebi um telefonema de uma se- nhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor. - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito. - A culpa não é deles. A falha é do ensino. - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nis- so. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acen- tos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. - Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor. - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças. - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos. Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escre- ver”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. To- dos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se es- LÍNGUA PORTUGUESA 9 creve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore. - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos. - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão. - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. - E você sabe por que essa geração não sabe escre- ver? - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis. - Não senhor. Não sabe escrever porque está per- dendo o hábito de leitura. E quando perder completa- mente, você vai escrever para quem? Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, cor- rendo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria: - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó. - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio. - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompa- nhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso. - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador. - E o senhor, não está interessado nuns textos? - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro? - E o senhor, vai? Leva três e paga um. - Deixa eu ver o tamanho – pediu ele. Assustou-se com o tamanho do texto: - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas? NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática, 1999. Para gostar de ler, vol. 15. TEXTO II O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se moderna, compra um compu- tador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a filha adolescente. Quase ao final do diá- logo, mãe e filha escrevem: “[...] _ Antes de ir para casa eu vou passar no supermer- cado. O que você quer que compre para... para... para vc? É assim que se diz em internetês. _ refri e bisc8 _ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, franca- mente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no iní- cio de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inad- missível, Maria Eugênia! “ _ xau mãe, c ta xata.” _ Maria Eugênia! Chata é com ch. _ _ Maria Eugênia? _ _ Desligou. [...]’’ HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007. O efeito de humor, no trecho transcrito do texto II, foi provocado, sobretudo pelo diálogo entre mãe e filha usando, testando um canal, um suporte de comunica- ção, fato característico da função: (A) Referencial. (B) Metalinguística. (C) Fática. (D)Conativa. 11.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CI- RURGIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, res- ponda a questão proposta. LÍNGUA PORTUGUESA 10 TEXTO I A regreção da redassão Carlos Eduardo Novaes Semana passada recebi um telefonema de uma se- nhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor. - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito. - A culpa não é deles. A falha é do ensino. - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nis- so. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acen- tos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. - Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor. - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças. - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos. Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escre- ver”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. To- dos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se es- creve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore. - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos. - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão. - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. - E você sabe por que essa geração não sabe escre- ver? - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis. - Não senhor. Não sabe escrever porque está per- dendo o hábito de leitura. E quando perder completa- mente, você vai escrever para quem? Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, cor- rendo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria: - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó. - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio. - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompa- nhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso. - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador. - E o senhor, não está interessado nuns textos? - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro? - E o senhor, vai? Leva três e paga um. - Deixa eu ver o tamanho – pediu ele. Assustou-se com o tamanho do texto: - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas? NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática, 1999. Para gostar de ler, vol. 15. TEXTO II O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se moderna, compra um compu- tador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a filha adolescente. Quase ao final do diá- logo, mãe e filha escrevem: “[...] _ Antes de ir para casa eu vou passar no supermer- cado. O que você quer que compre para... para... para vc? É assim que se diz em internetês. _ refri e bisc8 _ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, franca- mente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no iní- cio de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inad- missível, Maria Eugênia! “ LÍNGUA PORTUGUESA 11 _ xau mãe, c ta xata.” _ Maria Eugênia! Chata é com ch. _ _ Maria Eugênia? _ _ Desligou. [...]’’ HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007. Em relação ao texto I, crônica “A regreção da redas- são”, analise as assertivas abaixo: I- O cronista-narrador aponta, a princípio, o ensino como provável causa da deficiência dos alunos com re- lação à escrita. II- O narrador observador não se impressiona com o fato de várias pessoas afirmarem que o estudante brasi- leiro não sabe escrever. III- O autor-narrador é levado a refletir sobre os fa- tos determinantes da dificuldade de representação do pensamento por meio da escrita por parte dos jovens. IV- O narrador personagem revela, ludicamente, o temor de que, em nome da sobrevivência, tenha ele mesmo, como escritor, de comercializar o seu produto. Está CORRETO o que se afirma em: (A) I, II e III, apenas. (B) I, II e IV, apenas. (C) I, III e IV, apenas. (D) III e IV, apenas. 12.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CI- RURGIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, res- ponda a questão proposta. TEXTO I A regreção da redassão Carlos Eduardo Novaes Semana passada recebi um telefonema de uma se- nhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor. - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito. - A culpa não é deles. A falha é do ensino. - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nis- so. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acen- tos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. - Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor. - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças. - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos. Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escre- ver”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. To- dos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se es- creve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore. - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos. - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão. - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. - E você sabe por que essa geração não sabe escre- ver? - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis. - Não senhor. Não sabe escrever porque está per- dendo o hábito de leitura. E quando perder completa- mente, você vai escrever para quem? Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, cor- rendo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria: LÍNGUA PORTUGUESA 12 - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó. - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio. - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompa- nhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso. - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador. - E o senhor, não está interessado nuns textos? - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro? - E o senhor, vai? Leva três e paga um. - Deixa eu ver o tamanho – pediu ele. Assustou-se com o tamanho do texto: - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas? NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática, 1999. Para gostar de ler, vol. 15. TEXTO II O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se moderna, compra um compu- tador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a filha adolescente. Quase ao final do diá- logo, mãe e filha escrevem: “[...] _ Antes de ir para casa eu vou passar no supermer- cado. O que você quer que compre para... para... para vc? É assim que se diz em internetês. _ refri e bisc8 _ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, franca- mente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no iní- cio de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inad- missível, Maria Eugênia! “ _ xau mãe, c ta xata.” _ Maria Eugênia! Chata é com ch. _ _ Maria Eugênia? _ _ Desligou. [...]’’ HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007. Em relação ao texto II, é CORRETO afirmar que: (A) Há erros ortográficos na fala da filha adolescente. (B) Há somente transgressões da norma culta na fala da filha adolescente. (C) Não há erros ortográficos porque se trata de in- ternetês. (D) Não há possibilidade de comunicação entre a mãe e a filha. 13.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CI- RURGIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, res- ponda a questão proposta. TEXTO I A regreção da redassão Carlos Eduardo Novaes Semana passada recebi um telefonema de uma se- nhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor. - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito. - A culpa não é deles. A falha é do ensino. - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nis- so. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acen- tos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. - Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor. - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças. - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos. Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escre- ver”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. To- dos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se es- creve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, LÍNGUA PORTUGUESA 13 em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore. - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos. - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão. - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. - E você sabe por que essa geração não sabe escre- ver? - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis. - Não senhor. Não sabe escrever porque está per- dendo o hábito de leitura. E quando perder completa- mente, você vai escrever para quem? Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, cor- rendo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria: - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó. - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio. - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompa- nhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso. - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador. - E o senhor, não está interessado nuns textos? - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro? - E o senhor, vai? Leva três e paga um. - Deixa eu ver o tamanho – pediu ele. Assustou-se com o tamanho do texto: - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas? NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática, 1999. Para gostar de ler, vol. 15. TEXTO II O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se moderna, compra um compu- tador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a filha adolescente. Quase ao final do diá- logo, mãe e filha escrevem: “[...] _ Antes de ir para casa eu vou passar no supermer- cado. O que você quer que compre para... para... para vc? É assim que se diz em internetês. _ refri e bisc8 _ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, franca- mente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no iní- cio de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inad- missível, Maria Eugênia! “ _ xau mãe, c ta xata.” _ Maria Eugênia! Chata é com ch. _ _ Maria Eugênia? _ _ Desligou. [...]’’ HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007. Observe o título do texto I “A regreção da redassão”. O autor troca as últimas sílabas das palavras com a in- tenção de: (A) Desmistificar as convenções ortográficas, com- provando que regras e normas são apropriadas e usadas apenas pelos detentores do saber. (B) Instaurar o humor e antecipar a crítica à má qua- lidade do ensino no país. (C) Propor, já no título, o início da reflexão relacio- nada aos fatores determinantes da dificuldade de repre- sentação do pensamento por meio da escrita. (D) Levar o leitor a refletir sobre a materialidade da língua, evidenciando que inadequações ortográficas não comprometem o sentido e a comunicação. 14.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CI- RURGIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, res- ponda a questão proposta. LÍNGUA PORTUGUESA 14 TEXTO I A regreção da redassão Carlos Eduardo Novaes Semana passada recebi um telefonema de uma se- nhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor. - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito. - A culpa não é deles. A falha é do ensino. - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nis- so. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acen- tos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. - Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor. - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças. - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos. Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escre- ver”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. To- dos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se es- creve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore. - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos. - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão. - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. - E você sabe por que essa geração não sabe escre- ver? - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis. - Não senhor. Não sabe escrever porque está per- dendo o hábito de leitura. E quando perder completa- mente, você vai escrever para quem? Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, cor- rendo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria: - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó. - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio. - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompa- nhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso. - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador. - E o senhor, não está interessado nuns textos? - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro? - E o senhor, vai? Leva três e paga um. - Deixa eu ver o tamanho – pediu ele. Assustou-se com o tamanho do texto: - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas? NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática, 1999. Para gostar de ler, vol. 15. TEXTO II O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se moderna, compra um compu- tador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a filha adolescente. Quase ao final do diá- logo, mãe e filha escrevem: “[...] _ Antes de ir para casa eu vou passar no supermer- cado. O que você quer que compre para... para... para vc? É assim que se diz em internetês. _ refri e bisc8 _ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, franca- mente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você LÍNGUA PORTUGUESA 15 escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no iní- cio de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inad- missível, Maria Eugênia! “ _ xau mãe, c ta xata.” _ Maria Eugênia! Chata é com ch. _ _ Maria Eugênia? _ _ Desligou. [...]’’ HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007. Os textos I e II se aproximam uma vez que abordam a questão da deficiência do registro escrito da Língua Portuguesa pelos jovens. A frase do texto I, “A regreção da redassão”, que confirma essa ideia é: (A) “[...] Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador.” (B) “O estudante brasileiro não sabe escrever.” (C) “[...] Não dá para resumir tudo isso em cinco li- nhas?” (D) “[...] A falha é do ensino.” 15.(PM-MG - 2019 - PM-MG - ASPIRANTE DA PO- LÍCIA MILITAR) Vantagem evolutiva Sabe-se há algum tempo que indivíduos chamados “dominantes” tendem a subir mais alto em hierarquias diversas. Trata-se daquele indivíduo que, comumente, é mais hábil em tomar a frente das situações em rela- ção aos seus pares, sendo o primeiro a tomar decisões e chegar aos recursos que lhe garantam o referido des- taque e, consequentemente, a sobrevivência. Uma van- tagem evolutiva. O que não se sabia era se esses sujeitos seriam ca- pazes de tomar decisões mais rapidamente, exibindo o comportamento relacionado à dominância fora de um contexto social, sem que houvesse algum tipo de com- petição entre os dois ou mais indivíduos. Algo que se mostrou, pela primeira vez, interligado, segundo estudo publicado recentemente na revista Cerebral Cortex. A pesquisa envolveu 240 estudantes do sexo mas- culino, classificados em grupos de alta ou baixa domi- nância por um questionário padrão de “pontuação de dominância” que foi validado em estudos anteriores. A velocidade de tomada de decisão foi medida com cinco experimentos que avaliaram sua memória e capacidade de reconhecimento visual, sua capacidade de distinguir emoções, o aprendizado de rotas entre eles e, por fim, sua capacidade de resposta. A primeira tarefa envolveu a discriminação entre emoções vistas em várias imagens de rostos. Então eles se mudaram para uma tarefa de memória e reconheci- mento, na qual foram solicitados a lembrar e reconhe- cer uma série de rostos. O terceiro experimento fez com que os participantes tivessem de se lembrar de um per- curso, e o quarto, um experimento de controle, fez com que os participantes batessem na barra de espaço de um teclado assim que vissem um quadrado cinza na tela. Nesta parte do estudo, nenhum dos dois grupos parecia ser mais rápido que o outro. Num quinto experimento, sinais neurais foram ava- liados por exame de eletroencefalograma (EEG), com base na rapidez da realização das tarefas propostas: distinguir imagens de rostos felizes daqueles tristes e, em seguida, de rostos com raiva e neutros. A prontidão para responder, nesse momento, foi acompanhada por um sinal cerebral notavelmente amplificado em torno de 240 milissegundos em homens de alta dominância. GOYANO, Jussara. Psique Ciência&Vida. 151 Edição. ed. set. 2018. “O terceiro experimento fez com que os participan- tes tivessem de se lembrar de um percurso, e o quarto, um experimento de controle, fez com que os participan- tes batessem na barra de espaço de um teclado assim que vissem um quadrado cinza na tela”. Marque a alternativa CORRETA em que o uso da vír- gula antes da conjunção “e”, em destaque no período do texto acima, se justifica. (A) Há o desejo de uma pequena pausa para em se- guida dar ênfase ao termo imediatamente posposto ao “e”. (B) A conjunção “e” equivale a “mas”, caso em que se classifica como conjunção adversativa. (C) A conjunção “e” dá início a outra oração no perí- odo, sendo diferentes os sujeitos. (D) As conjunções “e” e “nem” não dispensam a vír- gula, quando ligam orações, palavras ou expressões de pequena extensão. LÍNGUA PORTUGUESA 16 16.(PM-MG - 2019 - PM-MG - ASPIRANTE DA PO- LÍCIA MILITAR) Vantagem evolutiva Sabe-se há algum tempo que indivíduos chamados “dominantes” tendem a subir mais alto em hierarquias diversas. Trata-se daquele indivíduo que, comumente, é mais hábil em tomar a frente das situações em rela- ção aos seus pares, sendo o primeiro a tomar decisões e chegar aos recursos que lhe garantam o referido des- taque e, consequentemente, a sobrevivência. Uma van- tagem evolutiva. O que não se sabia era se esses sujeitos seriam ca- pazes de tomar decisões mais rapidamente, exibindo o comportamento relacionado à dominância fora de um contexto social, sem que houvesse algum tipo de com- petição entre os dois ou mais indivíduos. Algo que se mostrou, pela primeira vez, interligado, segundo estudo publicado recentemente na revista Cerebral Cortex. A pesquisa envolveu 240 estudantes do sexo mas- culino, classificados em grupos de alta ou baixa domi- nância por um questionário padrão de “pontuação de dominância” que foi validado em estudos anteriores. A velocidade de tomada de decisão foi medida com cinco experimentos que avaliaram sua memória e capacidade de reconhecimento visual, sua capacidade de distinguir emoções, o aprendizado de rotas entre eles e, por fim, sua capacidade de resposta. A primeira tarefa envolveu a discriminação entre emoções vistas em várias imagens de rostos. Então eles se mudaram para uma tarefa de memória e reconheci- mento, na qual foram solicitados a lembrar e reconhe- cer uma série de rostos. O terceiro experimento fez com que os participantes tivessem de se lembrar de um per- curso, e o quarto, um experimento de controle, fez com que os participantes batessem na barra de espaço de um teclado assim que vissem um quadrado cinza na tela. Nesta parte do estudo, nenhum dos dois grupos parecia ser mais rápido que o outro. Num quinto experimento, sinais neurais foram ava- liados por exame de eletroencefalograma (EEG), com base na rapidez da realização das tarefas propostas: distinguir imagens de rostos felizes daqueles tristes e, em seguida, de rostos com raiva e neutros. A prontidão para responder, nesse momento, foi acompanhada por um sinal cerebral notavelmente amplificado em torno de 240 milissegundos em homens de alta dominância. GOYANO, Jussara. Psique Ciência&Vida. 151 Edição. ed. set. 2018. “O que não se sabia era se esses sujeitos seriam ca- pazes de tomar decisões mais rapidamente, exibindo o comportamento relacionado à dominância fora de um contexto social, sem que houvesse algum tipo de com- petição entre os dois ou mais indivíduos”. Em relação às informações implícitas no período aci- ma, assinale a opção INCORRETA. (A) O ambiente é um forte influenciador do tempe- ramento humano. (B) O comportamento da pessoa é condicionado ao grupo social do qual faz parte. (C) Indivíduos dominantes exibem comportamentos de competição entre as pessoas de um grupo. (D) O indivíduo dominante adota comportamento desafiador dentro e fora de um grupo social. 17.(PM-MG - 2019 - PM-MG - ASPIRANTE DA PO- LÍCIA MILITAR) Vantagem evolutiva Sabe-se há algum tempo que indivíduos chamados “dominantes” tendem a subir mais alto em hierarquias diversas. Trata-se daquele indivíduo que, comumente, é mais hábil em tomar a frente das situações em rela- ção aos seus pares, sendo o primeiro a tomar decisões e chegar aos recursos que lhe garantam o referido des- taque e, consequentemente, a sobrevivência. Uma van- tagem evolutiva. O que não se sabia era se esses sujeitos seriam ca- pazes de tomar decisões mais rapidamente, exibindo o comportamento relacionado à dominância fora de um contexto social, sem que houvesse algum tipo de com- petição entre os dois ou mais indivíduos. Algo que se mostrou, pela primeira vez, interligado, segundo estudo publicado recentemente na revista Cerebral Cortex. A pesquisa envolveu 240 estudantes do sexo mas- culino, classificados em grupos de alta ou baixa domi- nância por um questionário padrão de “pontuação de dominância” que foi validado em estudos anteriores. A velocidade de tomada de decisão foi medida com cinco experimentos que avaliaram sua memória e capacidade de reconhecimento visual, sua capacidade de distinguir emoções, o aprendizado de rotas entre eles e, por fim, sua capacidade de resposta. A primeira tarefa envolveu a discriminação entre emoções vistas em várias imagens de rostos. Então eles se mudaram para uma tarefa de memória e reconheci- LÍNGUA PORTUGUESA 17 mento, na qual foram solicitados a lembrar e reconhe- cer uma série de rostos. O terceiro experimento fez com que os participantes tivessem de se lembrar de um per- curso, e o quarto, um experimento de controle, fez com que os participantes batessem na barra de espaço de um teclado assim que vissem um quadrado cinza na tela. Nesta parte do estudo, nenhum dos dois grupos parecia ser mais rápido que o outro. Num quinto experimento, sinais neurais foram ava- liados por exame de eletroencefalograma (EEG), com base na rapidez da realização das tarefas propostas: distinguir imagens de rostos felizes daqueles tristes e, em seguida, de rostos com raiva e neutros. A prontidão para responder, nesse momento, foi acompanhada por um sinal cerebral notavelmente amplificado em torno de 240 milissegundos em homens de alta dominância. GOYANO, Jussara. Psique Ciência&Vida. 151 Edição. ed. set. 2018. “Trata-se daquele indivíduo que, comumente, é mais hábil em tomar a frente das situações em relação aos seus pares, sendo o primeiro a tomar decisões e chegar aos recursos que lhe garantam o referido destaque [...]”. O fragmento do texto acima contém características de um indivíduo dominante. Marque a opção CORRETA que indica essas caracte- rísticas na ordem em que se apresentam. (A) Competência, atitude e habilidade. (B) Habilidade, percepção e conhecimento. (C) Técnica, atitude e conhecimento. (D) Habilidade, atitude e conhecimento. 18.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CI- RURGIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, o texto abaixo, tirinha de Grump – Orlandeli. Fonte: http://www.orlandeli.com.br/novo/ wordpress/index.php/category/grump. Acesso em 30/09/2018 Analise as frases da fala do tio, transcritas do primei- ro quadrinho da tirinha de Grump. Em seguida, respon- da à questão proposta. “Pra essa molecada é moleza. Estão aprendendo agora. Não tem os vícios da gente, que já usa as antigas regras faz tempo.” Considerando o contexto de comunicação, os inter- locutores e o sujeito simples “molecada”, explícito na primeira oração, a adequação das frases, obedecendo às normas de concordância verbal, seria: (A) Pra essa molecada é moleza. Está aprendendo agora. Não tem os vícios da gente, que já usa as an- tigas regras faz tempo. (B) Pra essa molecada é moleza. Estão aprendendo agora. Não têm os vícios da gente, que já usa as an- tigas regras faz tempo. (C) Pra essa molecada é moleza. Estão aprendendo agora. Não têm os vícios da gente, que usamos as antigas regras fazem tempo. (D) 'Pra essa molecada é moleza. Está aprendendo agora. Não tem os vícios da gente, que já usam as antigas regras faz tempo. 19.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CI- RURGIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, res- ponda a questão proposta. TEXTO I A regreção da redassão Carlos Eduardo Novaes Semana passada recebi um telefonema de uma se- nhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor. - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito. - A culpa não é deles. A falha é do ensino. - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nis- so. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acen- tos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. LÍNGUA PORTUGUESA 18 - Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor. - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças. - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos. Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escre- ver”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. To- dos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se es- creve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore. - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos. - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão. - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. - E você sabe por que essa geração não sabe escre- ver? - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis. - Não senhor. Não sabe escrever porque está per- dendo o hábito de leitura. E quando perder completa- mente, você vai escrever para quem? Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, cor- rendo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria: - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó. - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio. - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompa- nhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso. - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador. - E o senhor, não está interessado nuns textos? - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro? - E o senhor, vai? Leva três e paga um. - Deixa eu ver o tamanho – pediu ele. Assustou-se com o tamanho do texto: - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas? NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática, 1999. Para gostar de ler, vol. 15. TEXTO II O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se moderna, compra um compu- tador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a filha adolescente. Quase ao final do diá- logo, mãe e filha escrevem: “[...] _ Antes de ir para casa eu vou passar no supermer- cado. O que você quer que compre para... para... para vc? É assim que se diz em internetês. _ refri e bisc8 _ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, franca- mente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no iní- cio de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inad- missível, Maria Eugênia! “ _ xau mãe, c ta xata.” _ Maria Eugênia! Chata é com ch. _ _ Maria Eugênia? _ _ Desligou. [...]’’ HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007. Marque a alternativa em que a figura de linguagem está, CORRETAMENTE, identificada, nas frases transcri- tas do texto I. (A) “Semana passada recebi um telefonema de uma senhora que me deixou surpreso.” (Metáfora). (B)“Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acentos.” (Prosopopeia). LÍNGUA PORTUGUESA 19 (C) “Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em porta de banheiros, em muros, em paredes.” (Cata- crese). (D) “A culpa não é deles. A falha é do ensino.” (Me- tonímia). 20.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CI- RURGIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, res- ponda a questão proposta. TEXTO I A regreção da redassão Carlos Eduardo Novaes Semana passada recebi um telefonema de uma se- nhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor. - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito. - A culpa não é deles. A falha é do ensino. - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nis- so. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acen- tos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. - Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor. - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças. - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos. Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudan- te brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escre- ver”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. To- dos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se escreve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, nin- guém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geral- mente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore. - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos. - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão. - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. - E você sabe por que essa geração não sabe escre- ver? - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis. - Não senhor. Não sabe escrever porque está per- dendo o hábito de leitura. E quando perder completa- mente, você vai escrever para quem? Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, cor- rendo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria: - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó. - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio. - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompa- nhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso. - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador. - E o senhor, não está interessado nuns textos? - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro? - E o senhor, vai? Leva três e paga um. - Deixa eu ver o tamanho – pediu ele. Assustou-se com o tamanho do texto: - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas? NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática, 1999. Para gostar de ler, vol. 15. TEXTO II O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se moderna, compra um compu- tador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a filha adolescente. Quase ao final do diá- logo, mãe e filha escrevem: LÍNGUA PORTUGUESA 20 “[...] _ Antes de ir para casa eu vou passar no supermer- cado. O que você quer que compre para... para... para vc? É assim que se diz em internetês. _ refri e bisc8 _ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, franca- mente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no iní- cio de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inad- missível, Maria Eugênia! “ _ xau mãe, c ta xata.” _ Maria Eugênia! Chata é com ch. _ _ Maria Eugênia? _ _ Desligou. [...]’’ HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007. Marque a opção cuja frase ou trecho de frase apre- senta locução prepositiva: (A) “O senhor escreve muito bem.” (B) “Impressionado, saí à procura de outros educado- res.” (C) “[...] ninguém escreve em portas de banheiros [...]”. (D) “[...] vai ver que é porque não pega direito no lápis.” 21.(PM-MG - 2019 - PM-MG - 2º TENENTE - CI- RURGIA PEDIÁTRICA) Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, res- ponda a questão proposta. TEXTO I A regreção da redassão Carlos Eduardo Novaes Semana passada recebi um telefonema de uma se- nhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor. - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito. - A culpa não é deles. A falha é do ensino. - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nis- so. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acen- tos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. - Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor. - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças. - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos. Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escre- ver”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. To- dos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se es- creve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore. - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos. - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão. - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. - E você sabe por que essa geração não sabe escre- ver? - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis. - Não senhor. Não sabe escrever porque está per- dendo o hábito de leitura. E quando perder completa- mente, você vai escrever para quem? Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, cor- rendo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria: - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó. LÍNGUA PORTUGUESA 21 - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio. - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompa- nhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso. - O senhor só tem
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