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Problema 1: Mudanças são necessárias Fabrício está feliz da vida, pois acaba de passar no vestibular do curso de medicina da FUNORTE. Ele tem 25 anos, já concluiu um curso superior na área de humanas (história na UNIMONTES) e há dois anos decidiu fazer medicina sob influência do pai. Imediatamente passa a obter informações a respeito do seu novo curso e descobre que a metodologia pedagógica – a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP)– é completamente diferente de todas as atividades educacionais que experimentou ao longo da vida. Ao conversar com seu amigo André, estudante do quarto período do curso, Fabrício diz não conhecer essa nova metodologia e relata estar inseguro. Em seguida, questiona: “Qual o contexto do surgimento desta metodologia de ensino? Será porque ela foi adotada no curso de medicina? Qual a diferença desta metodologia em relação às metodologias tradicionais?” André sorri e responde: “Boas perguntas para uma sessão tutorial, acho que você poderia pesquisar a respeito.” Diante disso, Fabrício busca orientações e informações com o seu pai, médico formado há 30 anos. Este relata que durante o seu curso os dois primeiros anos foram dedicados às disciplinas ditas básicas, tais como Anatomia, Fisiologia, Bioquímica, Citologia, etc., todas de cunho biológico, e que somente a partir do terceiro ano iniciaram os estudos de semiologia e patologia, sendo no quarto ano a iniciação nas disciplinas clínicas. Disse, ainda, que não conhecia essa nova metodologia, mas que achou estranha uma conversa que ouviu a r espeito, em que comentavam que os professores não davam aula como na sua época. Cheio de dúvidas, Fabrício liga para o amigo a fim de descobrir quando iniciam os estudos de semiologia na FUNORTE e fica sabendo que é no primeiro período. Sem entender, Fabrício pergunta: “Mas porque o pessoal responsável pelo currículo do curso médico inventou de iniciar o estudo semiológico tão precocemente? Isso é recente?” E continua: “E que história é essa de professor não dar aula?”. André diz que, na maioria das vezes não há uma aula tradicional, que os professores são orientadores do aprendizado, e responde às outras perguntas finalizando o diálogo com outra pergunta, parecendo um tutor (risos): “Mas por que o currículo médico deveria iniciar por disciplinas biológicas? Onde e quando você acha que surgiu esta proposta?” Fabrício não desiste das suas indagações e conversa posteriormente com o seu tio, que não é um profissional da área da saúde, mas é ancião e detentor de grande experiência na vida, que o diz: “Meu filho, não sei te responder sobre o ensino médico, mas te digo que antigamente os médicos não eram tão especializados e tinham uma visão mais integral do ser humano... mas isso foi modificando com o passar do tempo... e atualmente acho que estamos tentando retomar essas características, num momento de mudança de paradigma, você poderia pesquisar a respeito disso.” Fabrício o questiona: “Tio, quando surgiu esta ideia de fragmentar as coisas?” “Não sei te responder ao certo, mas te digo que isto é uma concepção filosófica”, responde o Tio. Fabrício continua: “Você acha que esta concepção filosófica influenciou a formação e a prática médica?” E o tio responde: “Provavelmente sim, mas não sei quem foram os responsáveis! Só sei que a medicina tem um pai, que viveu na Grécia antiga, que tinha uma visão sistêmica do ser humano e que influenciou a geração futura, inclusive com suas ideias relacionadas ao que conhecemos hoje como Epidemiologia. Mas não sei te falar quando a sua visão foi perdida.” Após tantas dúvidas e indagações, Fabrício ficou imaginando quando e onde teria sido iniciada a primeira escola médica no mundo e também no Brasil e se lembrou de ter escutado falar que houve uma expansão significativa dos cursos médicos no país durante a última década. Diante disso, ficou sem entender porque o Ministério da Saúde argumenta que ainda faltam médicos no Brasil e por isso institu iu a tão polêmica legislação Mais Médicos, com seu Programa Mais Médicos, que recentemente foi substituído, sabe-se lá porque, pelo Médicos pelo Brasil. Fechamento 1 - objetivos 1. Descrever a metodologia ativa/PBL/ABP e o seu contexto histórico. 2. Comparar as duas metodologias de ensino médico (tradicional e PBL). 3. Discutir a influência da legislação e diretrizes dos programas Mais Médicos e Médicos Pelo Brasil na formação e prática médica. 4. Discutir o surgimento das primeiras escolas médicas no Brasil e no mundo e a situação atual dessas escolas. Fechamento 2 - objetivos 1. Explicar a importância de Hipócrates para a educação na prática médica e a evolução da medicina a partir das suas contribuições. 2. Conceituar o termo epidemiologia. 3. Analisar a influência cartesiana na fragmentação da formação e da prática médica/modelo biomédico. 4. Comparar criticamente os modelos flexneriano, biomédico e de integralidade considerando sua influência na formação e prática médico. 1. Qual contexto do surgimento desta metodologia ativa em relação as metodologias tradicionais? A metodologia PBL/ABP surgiu como alternativa ao modelo de aprendizagem tradicional inclusive no que se refere às questões sobre treinamento prático e desenvolvimento de habilidades específicas. Surgiu na década de 60, na Faculdade de Medicina da Universidade McMaster, na cidade de Hamilton, Canadá. Foi criada com o intuito de superar a defasagem entre os anos iniciais do curso, caracterizados por uma formação dominantemente teórica, e o início da prática médica dos seus acadêmicos. O PBL tem origem conceitual nas ideias do psicólogo Jerome Seymour Bruner e do filósofo Jonh Dewey. Bruner foi o principal proponente da proposta educacional denominada Learning by Discovery (Aprendizagem pela Descoberta) que consistia no confronto de estudantes com problemas e na busca de sua solução por meio da discussão em grupos. A filosofia de Dewey fundamentava-se nos conceitos da educação como reconstrução da experiência e crescimento e na motivação como força motriz da aprendizagem. 2. Porque ela foi ela foi adotada no curso de medicina? A metodologia oferece mais vantagens ao processo de aprendizagem, como o trabalho em equipe, resolução de problemas e o conhecimento construído (construtivismo), com foco principal nos alunos guiados pelo tutor. É um método que possibilita ao aluno a experiência de aprender fazendo, desenvolvimento do hábito e capacidade de pesquisa, além do envolvimento direto com a realidade e ambiente clínico durante as pesquisas. Todas essas características são de suma importância na formação do profissional. Se tornou popular na educação médica após as mudanças curriculares que incorporaram estudos multidisciplinares ao invés das disciplinas específicas. Essa abordagem gera relevância, encorajamento de aprendizado autodidata, aprendizado de alto nível e engajamento dos alunos a melhores resultados e mais profunda absorção de conhecimentos que aulas expositivas tradicionais. 3. A diferença entre elas. Tradicional O conhecimento é passado, sem esforço do aluno. Aulas teóricas ou práticas no próprio local de atuação do professor com a supervisão constante. Docente transmissor de informações, em aulas expositivas. Aluno passivo, muitas vezes não encontra espaço para críticas e discussões. Interação aluno-professor pouco eficiente. PBL Estimula a construção de estratégias para atingir os objetivos pretendidos. Inúmeros métodos disponíveis, combina sala de aula e ambiente externo. Docente interativo, facilitando o aprendizado, tutoria. Aluno ativo, consegue exercer a atitude crítica e a tomada de decisões. Interação aluno-tutor favorecida. 4. Qual o papel de cada componente durante a sua sessão tutorial? Os estudantes são os responsáveis pela resolução da situação- problema apresentada. O professor atua como "professor orientador/tutor"do processo, intervindo sempre que necessário para conduzir a aprendizagem de acordo com os objetivos a serem alcançados. Tanto a situação problema quanto as pesquisas são apresentadas em grupo durante as seções tutoriais. 1 tutor e 8 a 10 alunos 1 aluno coordenador 1 aluno secretário Tutor apresenta o problema Discute-se os questionamentos principais Debate e apontamentos Coleta dos dados levantados Alunos colhem informações (fora da sala) Compartilhamento de informações coletadas Apontamentos para o fechamento 2 Alunos colhem e reorganizam informações (fora da sala) Compartilhamento de informações coletadas 5. Quais desafios do método? Novidade tanto para os alunos quanto para os professores. Cronograma diferente do habitual. Lidar com as dúvidas externas quanto à eficácia do método. Dificuldade em avaliar os alunos individualmente. 6. Porque, onde e quais outras situações acarretaram as mudanças do método? Na década de 60, na Faculdade de Medicina da Universidade McMaster, na cidade de Hamilton, Canadá. Com o intuito de superar a defasagem entre os anos iniciais do curso, caracterizados por uma formação dominantemente teórica, e o início da prática médica dos seus acadêmicos. O debate em torno da ABP é longo. Há mais de 30 anos tal proposta vem sendo implementada, avaliada, criticada e defendida. 7. Porque e como funciona a fragmentação do modelo biomédico? Biomédico: tecnificação, biologicista, mecanicista, fragmentado, positivista, hospitalocentrico, curativista, individualista e nega a saúde pública, a saúde mental e as ciências sociais, assim como considera seitas formas alternativas de promoção da saúde. Atualmente sabe-se que as ciências socais são de suma importância ao ensino, aprendizado e prática médica. Também que a saúde é o equilíbrio entre corpo e mente (saúde mental). 8. Quem coordenava as diretrizes desse modelo biomédico? Foi baseado no Relatório de Flexner. No relatório ele discorreu sobre sua experiência: vistoriou pessoalmente todas as 155 escolas médicas dos EUA e do Canadá em um período de 180 dias e afirmou que o treinamento de qualidade inferior era óbvio de imediato. Definiu as quinze escolas de Medicina de Chicago como "a mancha do país em relação à formação médica" e ainda "as escolas entraram em colapso a torto e a direito, em geral sem um único murmúrio". Flexner considerava a maioria das escolas médicas dos EUA e Canadá desnecessária e/ou inadequada. Contexto do estudo: não havia necessidade de concessão estatal para o exercício da medicina, as escolas podiam ser abertas indiscriminadamente, sem nenhuma padronização, estando vinculadas ou não a instituições universitárias, com ou sem equipamentos, com critérios de admissão e tempo de duração diferenciados e independentemente de fundamentação teórico- científica. 9. De que forma esse modelo biomédico e demais outros modelos podem influenciar na prática medica? (biomédico, flexneriano e integralista) Biomédico: influenciado por Descartes, o corpo era uma máquina, a saúde era um relógio em perfeito funcionamento e a doença era como um relógio desajustado. Baseado em química e física, sem espaços para as ciências sociais, e saúde mental. Supervalorização das especializações pela segmentação do estudo. Flexneriano: destaca a busca da excelência na formação médica e da racionalidade científica, ênfase na anatomia, estudando segmentos do corpo humano (daí vem as múltiplas especialidades médicas). Considera o corpo humano como uma máquina, com foco no indivíduo, hospitalocêntrico. A prática no estudo era essencial. Integralista: baseado na medicina preventiva, em que a identificação dos determinantes da saúde vai além dos aspectos biológicos, mas também no estilo de vida do indivíduo e no ambiente em que ele se insere. Considera questões sociais, econômicas e culturais, com formação interdisciplinar. Formação geral, humanista, crítico e reflexivo, com ações voltadas para a saúde, cidadania e atuação em equipe. 10. Quais pensadores contribuíram para o ensino médico? A medicina atual é resultado da evolução de um conhecimento milenar. Pode se considerar e essa ciência nasceu quando o primeiro homem pré-histórico socorreu seu semelhante ferido ou doente. Escavações arqueológicas mostram corpos com sinais de terem recebido atenções médicas, evidenciadas por membros fraturados e consolidados, anormalidades corporais corrigidas, cicatrizes de ferimentos tratados, todos submetidos a procedimentos que demandam aprendizado e técnica. A medicina foi cada vez mais se entrelaçando com o místico e religioso, e os sintomas como febre, edema e dor, eram tidas como uma punição dos deuses. Egípcios, persas, chineses e tantas outras sociedades exerciam tais procedimentos. Contudo a Grécia se tornou conhecida como o berço da medicina, de onde conheceu-se os feitos de Hipócrates de Cós, o pai da Medicina. Outros pensadores são: Galeno exerceu a clínica, dissecções e experimentos em animais. Observador notável dos músculos, laringe, artérias, etc. Refutou a teoria dos quatro “humores” (fleuma, bílis negra, bílis amarela e o sangue). Descartes acreditava que o corpo humano e mente eram entidades distintas, e que o corpo, sendo matéria, deveria ser tratado de acordo com as leis da física. Assim, o paradigma cartesiano deve ser considerado em três aspectos: a visão do homem como máquina (potencializar as partes do corpo ao invés de vê-lo como um todo), o dualismo corpo-mente (o poder da mente e o equilíbrio entre corpo e mente) e o método racionalista (apontar o caminho para a verdade científica). Galileu Galilei, Francis Bacon, Issac Newton Andreas Vesalius, o pai da anatomia moderna deu início ao uso de cadáveres para estudos médicos. William Harvey e a circulação do sangue, estudando o funcionamento e a anatomia do coração, veias e artérias. Antony van Leeuwenhoek com microscópios e a descoberta das bactérias. Edward Jenner, o princípio da vacina (varíola). 11. Por que iniciar o estudo semiológico tão precocemente? Quando isso começou? Semiologia clínica é a arte de examinar. Ela oferece a oportunidade de conhecer o paciente não só quanto às suas queixas, como também a sua pessoa, as condições sociais, influências genéticas, hábitos de vida e aspectos da personalidade. Iniciar esse contato já nos primeiros semestres acadêmicos permite ao aluno maior contato com a prática, pacientes e instituições. Favorece o desenvolvimento de habilidade e prática na execução de procedimentos. 12. Quais as diretrizes do currículo médico? Diretriz Curricular Nacional de Medicina, aprovada em 2014. Tem o propósito de promover uma formação médica mais geral, humanista e crítica com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde com responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania, dignidade humana e saúde integral da população. Basicamente: Atenção à Saúde, Gestão em Saúde e Educação em Saúde. Além disso, ensino ativo, interdisciplinaridade, ciências sociais, ética médica, inserção dos alunos na rede de saúde desde o início da graduação, 30% do internato na atenção básica e serviços de urgência. Aprender a aprender, aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer. 13. O que é epidemiologia? A epidemiologia define-se como a ciência que estuda o processo saúde/doença na coletividade (população/classe social/sociedade). Difere da clínica, que por sua vez estuda tais processos no indivíduo. é ferramenta básica e essencial para o desenvolvimento do SUS, já que desenvolve estratégias de promoção e proteção à saúde. 14. Quando se perdeu a visão sistêmica do ser humano? A visão sistêmica surgiu na década de 20 com biólogos que enfatizaram a visão do ser vivo como um todo, um sistema integrado. 15. Quem foio pai da medicina? Qual a sua contribuição para o ensino médico? Hipócrates é considerado o pai da Medicina. Rejeitou explicações supersticiosas e míticas para os problemas de saúde do mundo grego. Seus estudos buscavam observar e compreender o funcionamento do organismo humano, visando encontrar explicações racionais e objetivas, passíveis de controle e manipulação. A partir de Hipócrates a medicina tornou-se uma disciplina independente (separada da religião), o que levou ao surgimento da profissão de médico. Priorizava a racionalidade, buscando na natureza as causas e as soluções e estabeleceu ainda que as causas da maioria das doenças seriam fatores climáticos, alimentares e hábitos cotidianos e não punição dos deuses. Hipócrates também criou o método indutivo, que conhecemos hoje como medicina baseada em evidências. Após tratar o paciente, ele acreditava que era função do médico cuidar do bem estar do paciente, orientando sobre o equilíbrio emocional e estilo de vida saudável. Definiu crise como um ponto da doença ou da cura do paciente que determinava a recuperação ou a morte. 16. Quando e onde se iniciou a primeira escola médica no mundo? E no Brasil? Medicina e religião estiveram ligadas desde a Antiguidade, por exemplo a medicina egípcia e os processos de mumificação (preservavam-se os corpos pois acreditavam no retorno à vida após a morte), utilização de drogas, pomadas, poções mágicas e cirurgias superficiais. Pode-se dizer que a primeira escola médica foi criada no Iraque, em 931, quando as autoridades promoveram em Bagdá o primeiro exame público para credenciamento dos médicos em exercício, compareceram a esse exame 860 candidatos. Contudo, a medicina só foi institucionalizada na Idade Média, pós fundação da Escola Médica de Salerno (1074) por Constantino, ao sul da Itália. O ensino era essencialmente prático e permitia o ingresso de mulheres, com duração de 5 anos. A influência da Igreja na escola de Salerno declinou progressivamente até desaparecer por completo. Ali foi regulamentada a primeira titulação médica, em 1140, quando se estabeleceu a obrigatoriedade de um exame oficial para o exercício da medicina. Cem anos depois o Edito de Nelfi tornou obrigatório um exame oficial para o exercício da medicina. Pós criação da escola de Nápoles, o prestigio da escola de Salerno decaiu. No Brasil, a primeira escola médica foi criada em fevereiro de 1808 (ano da chegada da Família Real no Brasil) e logo após, a do Rio de Janeiro. Em 1815 com a elevação do Brasil a categoria de reino surge os institutos de pesquisa Manguinhos, Bacteriológico e Butantã e sobressaem-se pesquisadores como Osvaldo Cruz, Carlos Chagas, etc. Outras ações como saneamento básico, ensino especializado e prática médico cirúrgica também se destacam. A terceira faculdade de medicina foi criada em 1897, em Porto Alegre. 17. Porque houve uma expansão dos cursos médicos no Brasil nas últimas décadas? 1900- 3 escolas 1960- 38 escolas 2010- 179 escolas 2018- 323 escolas O início dessa expansão ocorreu para todas as profissões na década de 60, com forte pressão governamental para o desenvolvimento da educação no ensino superior (economia de mercado). A área da saúde foi tanto quanto impulsionada pelo boom populacional, industrialização e urbanização. A CF de 88, conferiu ao ensino médico a condição de fator estratégico para a formação e ordenação dos recursos humanos no processo de implantação do SUS. Atualmente, existem várias iniciativas para atração e fixação de profissionais de saúde em regiões remotas, como o Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde (2001), o Programa Mais Médicos/Médicos Pelo Brasil (2013). 18. Quem cria as normas do ensino médico no Brasil? (Abertura de novas escolas) Esse cenário é viabilizado pelo MEC através do Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024. A Portaria do Ministério da Educação (MEC) nº 328, de 5 de abril de 2018 – congelou novas autorizações para abertura de cursos de Medicina no país por cinco anos. 19. Porque ainda faltam médicos no Brasil? Pela distribuição desigual de profissionais pelo território brasileiro, que por apresentar dimensões continentais e inúmeras desigualdades, há tal discrepância. 20. Porque o Programa Mais Médicos foi substituído pelo Programa Médicos Pelo Brasil? O principal objetivo do novo programa continua sendo a interiorização de médicos pelo país, especialmente nas regiões mais remotas e desassistidas. Agora a contratação é pelo regime da CLT, de profissionais que possuam o CRM ativo brasileiro e com melhores condições trabalhistas. 21. Em que consiste estes programas? O Programa Mais Médicos, de 2013, foi promulgado pela lei 12.871 como medida para combater as desigualdades regionais na área da saúde, sendo estruturada em três eixos de ação: investimentos na melhoria da infraestrutura da rede de saúde; ampliação e reformas educacionais dos cursos de graduação em medicina e residência médica no país; e provimento emergencial de médicos em áreas vulneráveis. Assim, o programa previa a expansão de escolas, que deveria priorizar regiões de saúde com menor relação de vagas e médicos por habitante e que tivessem estrutura de serviços de saúde em condições de ofertar campo de prática suficiente e de qualidade para os alunos. Aptos a participar do programa: brasileiros formados no Brasil; estrangeiros formados fora; brasileiros formados fora; ambos sem necessidade do Revalida. O Programa Médicos pelo Brasil, foi criado em 2019 para substituir o Programa Mais Médicos promessa de oferecer melhores condições de trabalho a estes profissionais. A medida provisória (MP/890/2019) que cria o Médicos pelo Brasil, objetiva redirecionar os profissionais aos locais com maior dificuldade de acesso e vulnerabilidade, além de formá-los em especialistas de Medicina da Família e Comunidade. O Médicos Pelo Brasil se concentrará na atenção primária e continuará com foco na interiorização de médicos pelo país, especialmente nas regiões mais remotas e desassistidas. Regiões serão classificadas em: 5 categorias: rurais remotos, rurais adjacentes, intermediários remotos, intermediários adjacentes e urbanos. Nesse novo programa só serão admitidos médicos com inscrição nos Conselhos de Medicina, que tenham seus diplomas legalizados - formados em universidades brasileiras ou que tenham feito o revalida caso possua o diploma no exterior. Quanto a atuação de médicos estrangeiros no país ou que fizeram Medicina no Exterior, o presidente assegurou que haverá igual oportunidades de trabalho para os que revalidarem seus diplomas. Ambos funcionarão de forma paralela até que os contratos do primeiro modelo estejam todos encerrados. 22. O que influencia a distribuição dos médicos pelo território brasileiro? Fatores econômicos, políticos e geográficos. Os profissionais optam pelos grandes centros urbanos, condições de trabalho mais brandas e infraestrutura adequada. O Sudeste é a região brasileira com a maior quantidade de médicos por habitante, com 2,81 profissionais para cada grupo de mil pessoas; já no Norte e no Nordeste, a densidade cai para 1,16 e 1,41, respectivamente. São Paulo concentra 28% do total de médicos no País, sendo o estado com a maior taxa de profissionais. A densidade médica mais alta está o Distrito Federal (4,35), seguido pelo Rio de Janeiro (3,55). Os estados que mais carecem de profissionais em atuação são Maranhão (0,87), com a menor densidade demográfica, e Pará (0,97). Dentro das regiões ainda ocorrem discrepâncias, como a falta de médicos nos pequenos municípios, nas periferias das grandes cidades, por exemplo. DE LIMA, Alberto. O sistema PBL (problem-based learning) no ensino de medicina no Brasil: análise bibliográfica sobre a execução. Viseu, outrubro de 2015. Disponível em: https://repositorio.ipv.pt/bitstream/10400.19/3201/1/AlbertoSandesLima%20DM.pdfLopes, Renato Matos et al. Aprendizagem baseada em problemas: uma experiência no ensino de química toxicológica. Química Nova [online]. 2011, v. 34, n. 7 [Acessado 7 Agosto 2021] , pp. 1275-1280. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0100- 40422011000700029>. Epub 12 Set 2011. ISSN 1678-7064. https://doi.org/10.1590/S0100- 40422011000700029. Site do governo: http://maismedicos.gov.br/linha-do-tempo Epidemiologia: conceitos e aplicabilidade no Sistema Único de Saúde/Regimarina Soares Reis - UNA-SUS/UFMA. São Luís: EDUFMA, 2017. Rupturas e resoluções no modelo de atenção à saúde: Magda Duarte dos Anjos Scherer; Selma Regina Andrade Marino; Flávia Regina Souza Ramos; REZENDE, JM. À sombra do plátano: crônicas de história da medicina [online]. São Paulo: Editora Unifesp, 2009. A institucionalização do ensino médico. pp. 121-129. ISBN 978-85-61673-63-5. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. Medicina hipocrática: antes, durante e depois / Carlos Antonio Mascia. Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul. 2007. Arquivos das Diretrizes Curriculares
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