Buscar

Volumes e capacidades pulmonares

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Stephane Bispo @vidadefisio_study 
 
A quantidade total de ar presente nas vias aéreas de um adulto é tipicamente 5 a 6 litros, que podem ser divididos em 
uma série de volumes e capacidades. Esses valores podem ser facilmente medidos em instrumentos laboratoriais, 
propiciando informações úteis para as avaliações clínicas. 
Inicialmente, vamos entender o conceito de cada um desses volumes e capacidades, para depois entender o que 
influencia no seu valor. 
Volumes pulmonares 
• Volume corrente (VC): volume de ar inspirado ou expirado em cada respiração normal. 
• Volume de reserva inspiratória (VRI): volume máximo de ar que pode ser inspirado após uma inspiração 
espontânea, ou seja, volume extra de ar inspirado além do volume corrente normal. 
• Volume de reserva expiratória (VRE): máximo volume extra de ar que pode ser expirado em uma expiração 
forçada após a expiração espontânea. 
• Volume residual (VR): volume de ar que fica nos pulmões após uma expiração forçada máxima. 
Mesmo tentando ao máximo, é impossível esvaziar completamente os pulmões em uma expiração forçada. Esse 
volume que permanece é o volume residual, fundamental para manter a abertura dos alvéolos e impedir a tendência 
de colabamento alveolar. Uma situação de colapso alveolar total demandaria a geração de uma pressão 
anormalmente elevada para reinsuflar os pulmões, de modo que o volume residual otimiza o gasto energético. Além 
disso, a presença do volume residual garante contato contínuo entre o sangue venoso misto e o ar alveolar, permitindo 
continuidade das trocas gasosas mesmo durante a expiração. 
Capacidades pulmonares 
As capacidades pulmonares são sempre formadas pela soma de 2 ou mais volumes pulmonares. 
• Capacidade pulmonar total (CPT): volume máximo a que os pulmões podem ser expandidos com o maior 
esforço, ou seja, representa a quantidade total de ar presente nos pulmões na inspiração máxima. 
Corresponde à soma dos quatro volumes pulmonares. 
• Capacidade residual funcional (CRF): quantidade de ar que permanece nos pulmões ao final da expiração 
normal. Corresponde à soma do volume residual com o volume de reserva expiratória. 
 A CRF representa o “ponto de equilíbrio” do sistema respiratório, pois reflete a quantidade de ar em que a resultante 
entre as forças de recolhimento elástico do pulmão anula as forças de expansão da caixa torácica. 
• Capacidade inspiratória (CI): volume total de ar que pode ser inspirado a partir da CRF. Corresponde à soma 
do volume corrente com o volume de reserva inspiratório. 
• Capacidade vital (CV): quantidade total de ar que pode ser mobilizado entre a inspiração máxima e a expiração 
máxima, ou seja, reflete a soma entre o volume de reserva inspiratória, o volume de reserva expiratória e o 
volume corrente. 
 A CV representa a quantidade máxima de ar que uma pessoa pode expelir dos pulmões após enchê-los previamente 
a sua extensão máxima. Como corresponde à amplitude útil de ar disponível ao sistema respiratório, a monitoração 
periódica da CV pode ser usada para seguir a progressão da doenças pulmonares (obstrutivas e restritivas, 
principalmente). 
 
 
Volumes e capacidades pulmonares 
Stephane Bispo @vidadefisio_study 
Resumo rápido 
• Capacidade inspiratória = Volume de reserva inspiratória + Volume corrente 
• Capacidade vital = Capacidade inspiratória + Volume de reserva expiratória 
• Capacidade residual funcional = Volume de reserva expiratória + Volume residual 
• Capacidade pulmonar total = Capacidade vital + Volume residual 
• Capacidade pulmonar total = Capacidade inspiratória + Capacidade residual funcional 
 
Figura 1: Diagrama mostrando as excursões respiratórias durante respiração normal e durante inspiração e expiração máximas 
Determinantes dos volumes pulmonares 
Os volumes pulmonares são determinados pelas propriedades do parênquima pulmonar e pela sua interação com a 
caixa torácica. Desse modo, a magnitude dos volumes de reserva inspiratória e expiratória depende de diversos 
fatores. 
• Complacência do pulmão: medida das propriedades elásticas do pulmão que representa a pressão necessária 
para variar o volume pulmonar. Quanto maior a complacência, menor a força necessária para enchimento. 
Assim, quedas na complacência pulmonar reduzem o VRI. 
• Volume pulmonar no instante: o VRI também sofre influência do volume pulmonar no instante de medida, 
uma vez que o pulmão apresenta diferentes complacências de acordo com seu volume. A complacência 
pulmonar diminui com o enchimento do pulmão, de modo que quanto maior o volume após uma inspiração, 
menor o volume que pode ser inspirado e, consequentemente, menor o VRI. 
• Força muscular: o VRI diminui quando a musculatura respiratória está fraca ou sua inervação está 
comprometida. 
• Conforto: dores e lesões limitam a vontade ou habilidade do paciente de desempenhar um esforço máximo 
durante a inspiração e a expiração, o que pode reduzir o VRI e o VRE. 
• Flexibilidade do esqueleto: a rigidez articular reduz o volume máximo ao qual alguém pode inflar os pulmões, 
o que reduz o VRI. Isso pode ocorrer em doenças como artrite e cifoescoliose, por exemplo. 
• Postura: o VRI diminui em decúbito, porque o diafragma tem maior dificuldade de mover os conteúdos 
abdominais. Isso nos ajuda a entender por que ocorre ortopneia em certas condições, como a insuficiência 
cardíaca. 
Todas essas condições que reduzem o VRI consequentemente diminuem as capacidades pulmonares que dependem 
dele (capacidade inspiratória, capacidade vital e capacidade pulmonar total). 
Stephane Bispo @vidadefisio_study 
Além disso, vale ressaltar que os volumes e capacidades pulmonares são cerca de 20 a 25% menores em mulheres do 
que homens, são maiores em pessoas atléticas e com maiores massas corporais. 
Considerando esses fatores, podemos perceber que essas medidas são alteradas em diversas condições, justificando 
a importância de sua análise na prática clínica. Um exemplo clássico é o contraponto entre fibrose e enfisema. Na 
fibrose pulmonar, o processo patológico causa deposição de tecido fibroso, enrijecendo o pulmão e dificultando seu 
enchimento. Dessa forma, há uma redução da complacência pulmonar, o que resulta em redução do VRI, da CRF e da 
CPT. Em contraste, no enfisema pulmonar, há destruição da elastina presente na matriz extracelular, tornando os 
pulmões mais frouxos, o que aumenta a complacência pulmonar. Dessa forma, há um aumento do VRI, que resulta 
em elevação da CRF e CPT. 
Limitações da espirometria 
O registro indireto dos volumes pulmonares pode ser feito pela espirometria. Esse método é usado para avaliar a 
função pulmonar, sendo útil na avaliação da eficácia do tratamento ou da avaliação de risco no pré-operatório de 
cirurgias pulmonares (no caso de neoplasias, por exemplo). 
O espirômetro mede o volume de ar inspirado e expirado dos pulmões e, assim, permite calcular mudanças no volume 
pulmonar. Em função disso, esse instrumento não é capaz de medir o volume de ar que existe nos pulmões, mas 
apenas a sua variação. Dessa forma, o espirômetro não serve para calcular o volume residual e as capacidades que 
dependem dele (CRF e CPT), sendo útil apenas na avaliação dos volumes e capacidades contidos na capacidade vital. 
O VR, a CRF e a CPT podem ser medidos por outras técnicas, como a diluição de gases com hélio e a pletismografia.

Continue navegando