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Anestésicos inalatórios

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@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
1 
Historicamente, os agentes inalatórios 
utilizados inicialmente apresentam 
características indesejáveis, pois, além 
de serem explosivos e inflamáveis, 
eram responsáveis por altas taxas de 
mortalidade. 
Assim, os anestésicos gerais 
intravenosos foram empregados em 
algumas circunstâncias no lugar dos 
agentes inalatórios, principalmente na 
Medicina Veterinária. 
Com o advento do halotano e de 
outros anestésicos halogenados foram 
incrementadas as técnicas de 
anestesia. 
 
Para que ocorra anestesia é 
necessária a presença dos seguintes 
fatores: 
 Hipnose, em que há perda de 
consciência, que facilita 
procedimentos cirúrgicos como 
intubação e ventilação. 
 Analgesia, que é essencial para o 
procedimento cirúrgico. 
 Ausência de respostas reflexas 
autonômicas frente ao estímulo 
nociceptivo; 
 Relaxamento muscular, nem 
sempre presente, porém facilita a 
cirurgia e os procedimentos 
cirúrgicos por reduzir o tônus 
muscular. 
Até o momento não se dispõe de um 
anestésico geral que preencha 
perfeitamente todos os requisitos 
supracitados de forma equilibrada, 
sendo pouco provável que se 
encontre uma substância que induza 
anestesia geral com total perda de 
consciência e suficiente relaxamento 
muscular sem promover depressão 
cardiovascular e respiratória 
importantes. 
Guedel, com base nas observações 
de alguns sinais que refletiam a 
profundidade da anestesia geral em 
pacientes que recebiam éter ou 
clorofórmio e em outros sinais, dividiu 
a anestesia geral em quatro estágios 
e o terceiro deles – a anestesia 
cirúrgica – em quatro planos. 
Sua proposta foi feita inicialmente 
para o éter, cuja indução anestésica é 
bastante lenta. 
Este esquema varia na dependência 
do anestésico empregado e é 
totalmente modificado pelo uso de 
medicação pré-anestésica e 
associações de agentes anestésicos. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
2 
A divisão proposta por Guedel 
consiste nos seguintes estágios: 
→ Estágio I – analgesia 
Esta fase inicia-se com a 
administração do anestésico geral e 
termina com a perda de consciência. 
O paciente perde progressivamente a 
sensação da dor, porém a atividade 
motora e os reflexos estão presentes 
→ Estágio II – delírio 
Esta fase se segue à perda de 
consciência e apresenta como 
característica respiração irregular e 
espástica, findando com o retorno à 
respiração regular e automática. 
O animal pode apresentar aumento 
da atividade motora e do tônus 
muscular, debatendo-se intensamente. 
Os reflexos palpebrais estão 
presentes; observam-se movimentos 
oculares erráticos, pupilas dilatadas, 
porém que reagem à luz, e, às vezes, 
movimentos de deglutição, náuseas e 
vômitos. 
Com frequência, esta fase apresenta 
riscos para os animais, tanto na 
indução anestésica como na 
recuperação da anestesia. 
Uma das funções mais importantes da 
medicação pré-anestésica é evitar ou 
minimizar esta fase ao máximo. 
A excitação observada parece ser 
consequente à inibição de vias 
inibidoras reticuloespinais, ou, segundo 
alguns autores, decorrente da 
liberação paradoxal de um 
neurotransmissor excitatório 
→ Estágio III – anestesia cirúrgica 
Estende-se do final do estágio II, 
quando cessam os movimentos 
espontâneos e a respiração torna-se 
automática e regular, e termina com 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
3 
o aparecimento de movimentos 
erráticos do globo ocular. 
Além disso, os reflexos desaparecem 
gradativamente, advém um 
relaxamento muscular completo e, 
com o aumento da concentração do 
anestésico, a respiração torna-se 
pouco a pouco mais superficial. 
Esta fase foi dividida em quatro planos, 
cujos sinais físicos são específicos 
para cada um deles. 
Para diferenciá-los levam-se em conta: 
tipo de respiração, movimentos do 
globo ocular, presença ou ausência de 
reflexos e tamanho das pupilas. 
 No 1º plano: 
observam-se respiração regular e 
automática, associada a movimentos 
errantes do globo ocular (nistagmo), 
observados principalmente no cavalo, 
o desaparecimento dos reflexos 
laringotraqueal e interdigital. 
Ainda no equino verificasse 
lacrimejamento. 
 No 2º plano: 
verifica-se que a respiração 
gradativamente se torna menos 
profunda e cessam os movimentos 
do globo ocular. 
O reflexo palpebral se torna ausente 
no final deste plano, assim como o 
laringotraqueal nos gatos. 
 No 3º plano: 
a respiração se torna 
preferencialmente abdominal, com 
esforço inspiratório torácico. 
O reflexo corneal torna-se ausente 
neste plano. 
 No 4º plano: 
o animal apresenta respiração 
exclusivamente abdominal, pupilas 
dilatadas, sem reação à luz, e total 
flacidez muscular 
→ Estágio IV – paralisia respiratória 
Esta fase se inicia com a parada 
respiratória e termina com 
insuficiência respiratória. 
Este último sintoma é característico 
desta fase, porém poderá ocorrer 
também colapso vasomotor, se a 
respiração for suprida artificialmente. 
As pupilas ficam dilatadas, podendo 
sobrevir a morte caso se mantenha a 
administração do anestésico e a 
respiração não seja assistida. 
 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
4 
É importante lembrar que estes sinais 
podem variar de acordo com o 
anestésico empregado. 
Assim, o óxido nitroso não é capaz de 
induzir bom grau de relaxamento 
muscular quando utilizado 
isoladamente ao passo que o 
enflurano produz mioclonias e mais 
excitação do que os demais, 
dificultando a avaliação correta do 
plano de anestesia. 
O emprego do anestésico inalatório 
isoladamente não é usual; as 
associações com medicamentos com 
outras propriedades farmacológicas é 
uma prática mais sensata, pois se 
utilizam menores doses dos agentes 
individualmente minimizando a 
ocorrência de efeitos adversos. 
Na anestesia clínica, deseja-se que a 
anestesia produza perda de 
consciência, analgesia e relaxamento 
muscular, diminuindo ou bloqueando a 
resposta adrenérgica frente ao 
estímulo doloroso. 
Assim sendo, pode-se induzir a 
anestesia com um anestésico geral 
intravenoso, como, por exemplo, o 
propofol associado ou não a um 
hipnótico como o midazolam e 
mantê-la com anestésico inalatório, 
como, por exemplo, o isoflurano, com 
a suplementação de um analgésico 
opioide forte ou de anestésico local; o 
relaxamento muscular pode ser 
promovido por um bloqueador 
neuromuscular, por exemplo, o 
vecurônio. 
Muitas substâncias apresentam 
atividade anestésica, porém o seu 
emprego como medicamento na 
clínica é restrito a apenas algumas 
delas. 
Neste sentido, verifica-se que, embora 
apresentem propriedades requeridas 
para serem consideradas um bom 
anestésico, exibem outras que as 
tornam inadequadas para tal 
procedimento. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
5 
Classificação 
Os anestésicos inalatórios podem ser 
divididos, do ponto de vista físico, em 
gasosos e voláteis e, quimicamente, 
em orgânicos e inorgânicos. 
Os anestésicos gerais inalatórios mais 
empregados em Medicina Veterinária 
são o óxido nitroso, o halotano, o 
enflurano e o isoflurano. 
O metoxiflurano já não é utilizado há 
alguns anos, pela sua toxicidade. 
Dentre os mais modernos, citam-se 
o sevoflurano e o desflurano 
Potência 
Para a comparação das potências 
anestésicas dos anestésicos gerais 
inalatórios, introduziu-se a unidade 
denominada CAM, isto é, 
concentração alveolar mínima. 
É definida como a concentração 
alveolar mínima de anestésico que 
produz imobilidade em 50% dos seres 
humanos ou de animais submetidos a 
estímulos dolorosos, como os de uma 
incisão cirúrgica. 
ACAM pode ser expressa como 
dose anestésica – DA50. 
A CAM de um anestésico é 
determinada em laboratório, com 
animais hígidos e sem a utilização de 
qualquer outro medicamento, como 
tranquilizantes, analgésicos e agentes 
de indução. 
Normalmente, varia muito pouco em 
animais da mesma espécie, não 
sofrendo interferência importante em 
decorrência do sexo, duração da 
anestesia, anemia moderada, 
hipotensão e dentro de uma faixa de 
pressão parcial de dióxido de carbono 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
6 
no sangue arterial (PaCO2) de 21 a 95 
mmHg e pressão parcial de oxigênio 
no sangue arterial (PaO2) de 40 a 500 
mmHg. 
No entanto, alguns fatores fisiológicos 
e a administração conjunta de 
determinados medicamentos podem 
alterar a CAM. 
Outro aspecto importante com 
relação à CAM é o fato de que esta 
unidade varia entre as diferentes 
espécies animais. 
Deve ser enfatizado que a CAM 
reflete a concentração alveolar do 
anestésico e não a concentração 
inspirada ou aquela demonstrada pelo 
vaporizador. 
No entanto, valor muito próximo da 
concentração alveolar e que pode ser 
facilmente obtido com os analisadores 
de gases anestésicos é a 
concentração do anestésico no ar 
expirado. 
Assim sendo, conhecendo-se 
a CAM de determinado anestésico 
para cada espécie animal, pode-se 
estimar a concentração anestésica 
necessária tanto para a indução como 
para a manutenção da anestesia. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
7 
Normalmente, para que se alcance a 
anestesia cirúrgica propriamente dita, 
empregam-se valores 1,2 a 1,4 maiores 
que 1 CAM. 
Farmacocinética 
Os anestésicos inalatórios são 
administrados pela via pulmonar, por 
onde o ar alveolar, saturado com o 
anestésico, entra em contato com o 
sangue alveolar, sendo assim captado, 
distribuído e, em última instância, 
levado ao sistema nervoso central por 
difusão passiva. 
Para que isto seja possível, o 
anestésico inalatório deve possuir 
pressão de vapor suficiente para 
fornecer um número adequado de 
moléculas no estado de vapor para 
promover anestesia. 
Quanto mais alta a pressão de vapor, 
maior a concentração do anestésico 
administrado. 
Da mesma forma, quanto mais baixo 
o ponto de ebulição de um 
anestésico inalatório, maior a facilidade 
com que ele se vaporiza, e maior a 
sua pressão de vapor. 
Dentre os agentes anestésicos, o 
desflurano apresenta pressão de 
vapor mais alta. 
Seu ponto de ebulição é muito baixo 
(22,2 °C), de tal maneira que ele não 
pode ser administrado por 
vaporizadores convencionais, como os 
demais anestésicos halogenados. 
Também é importante ressaltar que, 
devido ao baixo ponto de ebulição, o 
desflurano líquido vaporiza-se 
instantaneamente quando o frasco é 
aberto e exposto à temperatura 
ambiente. 
Por isso, os frascos deste agente 
devem apresentar um dispositivo que 
impeça seu contato com o ar 
ambiente. 
Este problema não ocorre com os 
demais anestésicos halogenados. 
 
O coeficiente de partição ou 
solubilidade em um dado meio 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
8 
influencia tanto a captação, a 
distribuição, como a eliminação destes 
agentes no organismo. 
Esse coeficiente reflete a proporção 
do anestésico que é encontrada em 
dois meios distintos após ter ocorrido 
o equilíbrio. 
No estado de equilíbrio, a pressão de 
vapor nos dois meios é igual, mas a 
concentração pode variar bastante. 
O coeficiente de partição, na verdade, 
indica a magnitude de tal variação. 
São três os coeficientes de partição 
que mais influenciam a dinâmica dos 
anestésicos inalatórios: coeficiente de 
partição sangue:gás, óleo:gás e 
borracha:gás. 
O coeficiente de partição sangue:gás 
indica a solubilidade de um anestésico 
no sangue. 
Por exemplo, se o coeficiente de 
partição de determinado agente no 
sangue é 12, isto indica que, no 
equilíbrio, a concentração deste 
agente no sangue é 12 vezes maior 
do que na fase gasosa (alvéolo). 
Assim, quanto mais alto este 
coeficiente, maior o tempo de 
indução da anestesia, pois o 
anestésico se dissolve muito no 
sangue e o tempo necessário para 
ocorrer o equilíbrio do anestésico 
entre o sangue e o ar alveolar é, 
portanto, muito maior. 
Este coeficiente também influencia o 
tempo de recuperação da anestesia. 
O coeficiente de partição óleo:gás 
está relacionado com a potência dos 
anestésicos inalatórios, bem como 
com o tempo de recuperação da 
anestesia. 
Os anestésicos que apresentam 
solubilidade alta em gorduras são 
lentamente liberados para a corrente 
circulatória, sendo, portanto, eliminados 
pelo sistema respiratório de forma 
mais tardia, quando comparados aos 
agentes pouco solúveis. 
Assim, a recuperação anestésica com 
estes agentes se processa de 
maneira muito mais lenta. 
O coeficiente de partição 
borracha:gás reflete a quantidade de 
anestésico que é absorvida pela 
borracha. 
A perda de anestésico na borracha 
implica diminuição da concentração 
que é administrada ao paciente. 
 
Fatores como ventilação pulmonar e 
débito cardíaco também influenciam a 
captação, distribuição e eliminação 
dos anestésicos inalatórios. 
Assim, a captação dos anestésicos 
inalatórios se processa de forma 
eficiente quando o volume minuto é 
adequado; se, por exemplo, após 
indução da anestesia com tiopental, 
ocorrer depressão respiratória 
evidenciada por diminuição da 
frequência respiratória (fato que é 
muito comum com este agente), 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
9 
certamente a captação do anestésico 
inalatório será inadequada. 
A condição de higidez pulmonar 
também garante adequada 
transferência do anestésico dos 
alvéolos para o sangue. 
Em contrapartida, quando os alvéolos 
se encontram mal perfundidos (p. ex., 
no enfisema pulmonar), a 
transferência do anestésico dos 
alvéolos para o sangue é reduzida, 
pois neste caso a pressão parcial do 
agente está baixa. 
Da mesma forma, a circulação 
sanguínea pulmonar afeta a taxa de 
transferência dos anestésicos 
inalatórios. 
Portanto, em situações de baixo 
débito cardíaco, a transferência é 
invariavelmente menor. 
A distribuição do anestésico para os 
diferentes tecidos depende, 
sobretudo, do fluxo sanguíneo 
tecidual. 
Assim, a concentração do anestésico 
no cérebro rapidamente equivale à da 
corrente sanguínea, visto tratar-se de 
tecido muito vascularizado, o que não 
ocorre, por exemplo, com o tecido 
adiposo. 
Os mesmos fatores que afetam a 
captação dos anestésicos inalatórios 
alteram também a velocidade de 
eliminação. 
A solubilidade no tecido adiposo, 
como foi dito anteriormente, tem 
grande influência na eliminação dos 
agentes inalatórios, pois, devido à 
vascularização deficiente, há lenta 
liberação do agente para a corrente 
circulatória e, portanto, para o sistema 
respiratório, acarretando recuperação 
anestésica tardia 
 
Por muitos anos os anestésicos 
inalatórios foram tidos como gases 
quimicamente inertes e resistentes a 
biotransformação no organismo. 
Atualmente, sabe-se que os 
anestésicos inalatórios, apesar de 
serem eliminados a priori pelo sistema 
respiratório, sofrem graus diversos de 
biotransformação, que varia de acordo 
com cada agente. 
A biotransformação ocorre 
primariamente no fígado, mas 
também, em menor grau, nos 
pulmões, rins e sistema digestivo. 
A biotransformação não altera a taxa 
ou a velocidade de indução da 
anestesia. 
No entanto, sabe-se que a 
biotransformação influencia de 
maneira qualitativa a recuperação da 
anestesia, especialmente em se 
tratando de anestésicos muito solúveis 
no sangue e/ou gorduras. 
HALOTANO 
Aproximadamente 60 a 80% do 
halotano absorvidosão eliminados 
inalterados no gás exalado, nas 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
10 
primeiras 2 h após sua administração; 
o restante continua a ser expirado 
durante vários dias ou mesmo 
semanas. 
O halotano é hepatotóxico. 
A biotransformação do halotano 
ocorre no sistema do citocromo P-
450. 
Portanto, agentes que produzem 
indução enzimática interferem na 
biotransformação do halotano. 
Este anestésico, bem como o 
enflurano e o metoxiflurano podem 
também produzir indução enzimática. 
Além disso, outros agentes podem 
modificar a biotransformação do 
halotano; por exemplo, a cimetidina, 
anti-histamínico do tipo H2, inibe o 
processo de redução, sem alterar o 
processo oxidativo. 
A exposição prévia ou simultânea a 
um anestésico que também interage 
com o sistema do citocromo P-450 
pode modificar a biotransformação de 
um outro agente. 
Assim, pode-se verificar, por exemplo, 
que a exposição prévia ao isoflurano 
pode inibir a biotransformação do 
halotano. 
Em animais muito jovens ou muito 
idosos nos quais existe uma atividade 
reduzida do citocromo P-450, a taxa 
metabólica é também alterada. 
 
 
ENFLURANO 
Cerca de 80% do enflurano 
administrado podem ser recuperados 
inalterados no gás expirado; do 
restante, cerca de 2 a 5% são 
biotransformados no fígado. 
Além disso, por apresentar 
coeficientes sangue:gás e óleo:gás 
mais baixos que o halotano, o 
enflurano é liberado mais rapidamente 
do tecido adiposo no período pós-
operatório, estando exposto à 
biotransformação por período mais 
curto. 
Alguns medicamentos podem alterar 
a biotransformação do enflurano. 
Relata-se que o fenobarbital pode 
aumentar a biotransformação deste 
agente. 
A isoniazida induz fortemente a taxa 
de defluoretação dos anestésicos 
fluorados, como enflurano, 
metoxiflurano, isoflurano e sevoflurano. 
ISOFLURANO 
Com relação ao isoflurano, sabe-se 
que apenas 0,2% do total deste 
anestésico inalado é biotransformado. 
A pequena quantidade de fluoreto e 
ácido trifluoroacético gerada como 
produto de degradação do isoflurano 
é insuficiente para causar dano celular, 
fato responsável pela ausência de 
toxicidade renal ou hepática deste 
agente. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
11 
SEVOFLURANO 
Menos de 5% do sevoflurano que é 
captado sofrem biotransformação. 
Os principais produtos da 
biotransformação são os fluoretos 
inorgânicos, que são rapidamente 
excretados pela urina. 
A relativa insolubilidade deste agente, 
a pequena taxa de biotransformação, 
bem como a rápida eliminação, que 
impedem níveis séricos elevados de 
fluoreto, diminuem a possibilidade de 
ocorrer disfunção renal ou hepática. 
Entretanto, na dependência das 
condições nas quais o sevoflurano é 
armazenado, ele pode ser degradado 
em diferentes substâncias, produzindo 
vários compostos, como o ácido 
fluorídrico, substância sabidamente 
nefrotóxica e irritante para mucosas e 
sistema respiratório. 
DESFLURANO 
Cerca de 99% do desflurano que é 
absorvido são eliminados inalterados 
pelos pulmões. 
Uma pequena quantidade é 
metabolizada por oxidação pelo 
citocromo P-450. 
Estabilidade frente à cal sodada 
Os anestésicos podem ser 
degradados por álcalis, como a cal 
sodada. 
Quanto maior a sua estabilidade 
molecular, menor a porcentagem de 
degradação. 
A estabilidade molecular dos 
halogenados parece decrescer da 
seguinte maneira: desflurano > 
isoflurano > enflurano > halotano > 
sevoflurano. 
Os filtros dos sistemas circulares de 
anestesia são providos de substância 
denominada cal sodada, que é capaz 
de absorver o dióxido de carbono 
(CO2) proveniente da expiração. 
Mecanismo de ação 
O mecanismo pelo qual os agentes 
anestésicos inalatórios produzem 
anestesia é, até os dias de hoje, 
controvertido. 
Algumas teorias, agrupadas como 
clássicas, tentam explicar o fenômeno 
por meio das propriedades físico-
químicas dos anestésicos, ao passo 
que as chamadas teorias modernas 
ocupam-se com os efeitos destes 
anestésicos sobre as propriedades 
bioquímicas e biofísicas das células 
TEORIAS CLÁSSICAS 
Na teoria da lipossolubilidade ou dos 
lipídios sugere-se a existência de uma 
grande correlação entre a potência 
do anestésico e sua lipossolubilidade. 
Assim, a hipnose se iniciaria quando 
uma determinada concentração do 
agente fosse atingida nos lipídios da 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
12 
membrana celular, a qual seria então 
deprimida. 
Esta teoria, no entanto, não explica o 
mecanismo pelo qual ocorre a 
anestesia 
A teoria da adsorção estabelece uma 
correlação entre a capacidade do 
anestésico inalatório de reduzir a 
tensão superficial e sua potência 
anestésica. 
No entanto, nem todos os agentes 
que produzem redução da tensão 
superficial levam à anestesia e alguns 
anestésicos não têm esta propriedade. 
A teoria coloidal propõe que o agente 
anestésico produziria uma coagulação 
reversível dos coloides celulares, 
causando hipnose. 
Esta ideia originou-se da observação 
de que o clorofórmio aumenta a 
densidade óptica do tecido muscular. 
A teoria da permeabilidade celular 
afirma que o anestésico produz 
alteração na permeabilidade da 
membrana celular a íons, sendo esta a 
causa da anestesia 
Todas estas teorias relatam 
propriedades importantes dos 
anestésicos inalatórios, porém não 
explicam o mecanismo pelo qual o 
anestésico interrompe a transmissão 
do estímulo nervoso. 
A ideia geral é de que as moléculas 
do anestésico primeiro se dissolveriam 
nos lipídios da membrana celular, 
mudando suas propriedades físico-
químicas e alterando proteínas 
importantes como os receptores e 
canais iônicos 
TEORIAS MODERNAS 
Dentre as teorias físicas, a teoria dos 
hidratos sugeriu que os anestésicos 
teriam a capacidade de formar um 
complexo com a água próxima da 
membrana, estabilizando microcristais 
produzidos pela água do próprio 
cérebro. 
Haveria uma grande correlação entre 
esta propriedade do anestésico e sua 
potência. 
Atualmente, já se mostrou que 
mesmo substâncias que não formam 
hidratos são muito potentes em 
induzir anestesia. 
As teorias bioquímicas derivam de 
observações de que anestésicos 
gerais, como os barbitúricos e o 
halotano, reduzem o consumo de 
oxigênio do cérebro, bem como a 
formação de substâncias ricas em 
energia. 
Estes fenômenos, no entanto, 
poderiam ser produzidos pelos 
anestésicos, mas não serem a causa 
da anestesia. 
A teoria da expansão das membranas 
propõe que os alvos do anestésico 
inalatório seriam as próprias proteínas 
das membranas. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
13 
Assim, estes se ligariam a porções 
hidrofóbicas das proteínas e 
modificariam sua conformação. 
Estudos recentes com o isoflurano 
em camadas puras lipídicas mostraram 
que este anestésico altera sítios 
estereosseletivos de canais iônicos 
neuronais 
Efeitos gerais dos anestésicos 
inalatórios 
SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
O óxido nitroso é anestésico muito 
pouco potente, podendo, no máximo, 
levar ao estágio II de anestesia 
proposto por Guedel. 
Por outro lado, quando associado ao 
halotano ou isoflurano, pode ser útil, 
pois colabora com a redução da 
concentração destes agentes, 
diminuindo, portanto, os efeitos 
cardiodepressores dos anestésicos 
inalatórios. 
O óxido nitroso é rapidamente 
captado pelo sistema nervoso central 
e as concentrações necessárias para 
produzir anestesia estão em torno de 
50 a 75%. 
Como este agente é muito pouco 
solúvel no sangue, quando eliminado 
de forma brusca, pode causar 
redução da concentração alveolar do 
oxigênio, ocasionando hipoxia e lesões 
irreversíveis do cérebro. 
Para evitareste efeito, normalmente, 
institui-se a interrupção da 
administração do óxido nitroso 10 min 
antes do término da cirurgia, 
realizando-se a ventilação do paciente 
com oxigênio a 100%. 
Por possuir pressão de vapor 
extremamente alta e coeficiente de 
partição sangue:gás baixo, este 
anestésico se difunde para espaços 
que contêm gás de maneira muito 
mais rápida que o nitrogênio. 
Há, consequentemente, aumento do 
volume destes espaços, que se traduz 
em distensão excessiva das vísceras 
abdominais. 
Assim sendo, em equinos e nos 
herbívoros em geral, não se 
recomenda o emprego deste agente, 
pois, além do risco de promover 
hipoxemia grave, há relatos da 
ocorrência de cólica no pós-
operatório. 
A associação deste agente a outros 
anestésicos inalatórios pode ser 
realizada em pequenos animais, 
principalmente nos procedimentos 
cirúrgicos de longa duração, porém 
não é uma prática comum na 
anestesia veterinária. 
Os anestésicos voláteis causam 
redução do metabolismo cerebral, 
sendo o isoflurano o mais depressor e 
o halotano o menos. 
Promovem também aumento no 
fluxo sanguíneo cerebral, por 
vasodilatação, causando um estado de 
hiperperfusão. 
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Neste aspecto, o halotano é o mais 
potente e o isoflurano o menos. 
Em planos profundos de anestesia, o 
isoflurano aumenta o fluxo sanguíneo 
cerebral e, consequentemente, a 
pressão intracraniana, mas ainda assim 
em menor extensão do que a 
observada com o halotano. 
Esta informação é particularmente 
importante, pois, na vigência de 
trauma cranioencefálico, o 
anestesiologista deverá evitar o 
halotano, dando preferência ao 
isoflurano. 
Todos os anestésicos inalatórios 
modernos são potentes depressores 
do sistema nervoso central, sendo 
capazes de produzir todos os planos 
de anestesia de forma similar ao éter. 
Porém, ocasionam grau de analgesia 
leve. 
SISTEMA CARDIOVASCULAR 
Todos os anestésicos inalatórios 
alteram a função cardiovascular. 
A magnitude de tal alteração 
dependerá sobretudo do agente em 
questão e da concentração 
empregada, razão pela qual o uso de 
vaporizadores calibrados associados 
aos monitores de gases anestésicos é 
importante para assegurar uma 
anestesia mais segura. 
Vários outros fatores contribuem para 
ocorrência de maior depressão 
cardiovascular durante a anestesia 
inalatória, como, por exemplo: a 
concentração anestésica, o valor da 
PaCO2, a ventilação mecânica, o 
tempo de anestesia, a volemia, o uso 
concomitante de outros agentes e o 
grau de estimulação nociceptiva 
Dos anestésicos inalatórios, o óxido 
nitroso é o que causa menos efeitos 
adversos no sistema cardiovascular, 
apresentando atividade adrenérgica 
moderada 
Os anestésicos halogenados diminuem 
a pressão arterial de maneira dose-
dependente, sendo a magnitude desta 
queda muito semelhante entre os 
diferentes agentes. 
O mecanismo responsável pela 
hipotensão inclui vasodilatação, 
diminuição do débito cardíaco e 
diminuição do tônus do sistema 
nervoso autônomo simpático. 
No caso do halotano, a diminuição do 
débito cardíaco, é o principal fator 
contribuinte para a queda da pressão 
arterial, ao passo que o isoflurano e o 
sevoflurano podem promover 
diminuição da pressão arterial por 
maior queda da resistência vascular 
sistêmica 
A depressão do débito cardíaco é 
maior com o halotano que com os 
outros anestésicos, tendo como causa 
a interação deste anestésico com os 
canais de cálcio do retículo 
sarcoplasmático e, provavelmente, 
com outros componentes celulares 
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que regulam a concentração de cálcio 
no citoplasma. 
Halotano, isoflurano, sevoflurano e 
óxido nitroso deprimem a sensibilidade 
dos barorreceptores; portanto, a 
frequência cardíaca sofre pouca 
alteração na vigência de hipo ou 
hipertensão. 
Com relação à capacidade destes 
agentes de modificar a frequência 
cardíaca, sabe-se que o halotano a 
altera muito pouco e o isoflurano e o 
sevoflurano promovem taquicardia. 
Este efeito do isoflurano e do 
sevoflurano contribui para a menor 
queda do débito cardíaco verificada 
após seu uso. 
Em relação às funções sistólica e 
diastólica, os efeitos destes agentes 
são distintos havendo muitos 
resultados conflitantes entre os 
diferentes estudos. 
De maneira geral, considera-se que 
tanto o isoflurano quanto o 
sevoflurano prejudicam a função 
sistólica. 
Quanto à fase inicial da diástole 
(relaxamento isovolumétrico), tanto 
isoflurano, sevoflurano e desflurano 
não alteram estes índices, porém 
promovem significativo 
comprometimento do enchimento 
ventricular ao final da diástole 
ocasionado pela contração atrial 
Todos estes agentes causam, ainda, 
sensibilização do miocárdio aos efeitos 
das catecolaminas, ou seja, no 
transcorrer da anestesia inalatória, 
menores concentrações de epinefrina 
podem desencadear arritmias, em 
comparação aos animais que não 
recebem os anestésicos inalatórios. 
O halotano é o que mais sensibiliza o 
miocárdio a este efeito 
Essa informação é muito importante 
pois em várias ocasiões no decorrer 
da anestesia, medicamentos 
vasoativos podem ser necessários 
para controlar a hipotensão, ou sua 
concentração pode aumentar por 
liberação endógena, contribuindo para 
ocorrência de arritmias. 
Entretanto, o isoflurano e o 
sevoflurano praticamente não 
sensibilizam o miocárdio a esta ação. 
O desflurano produz depressão da 
função cardiovascular semelhante 
àquela observada com o isoflurano e 
o sevoflurano. 
SISTEMA RESPIRATÓRIO 
Todos os anestésicos inalatórios 
deprimem a função respiratória de 
modo significativo, e o óxido nitroso é 
o agente com menor efeito. 
O volume minuto diminui em 20% 
com o óxido nitroso, 28% com o 
halotano, 34% com o isoflurano e em 
71% com o enflurano. 
A resposta ventilatória, a hipercapnia e 
a hipoxia encontram-se diminuídas em 
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decorrência da depressão da atividade 
dos quimiorreceptores. 
Este efeito dos anestésicos inalatórios 
é muito importante no decorrer da 
anestesia, pois, pelo fato de o 
paciente perder a capacidade de 
responder de forma adequada às 
alterações da PaCO2 e da PaO2, o 
monitoramento da função respiratória 
torna-se imprescindível 
Nos animais de risco, que muitas 
vezes já se apresentam no exame 
pré-anestésico com distúrbios do 
equilíbrio acidobásico, o agravamento 
da hipercapnia e da acidose contribui 
para o óbito. 
O sevoflurano promove as mesmas 
alterações no sistema respiratório 
observadas com os demais agentes 
inalatórios: aumento da PaCO2 e 
diminuição do volume minuto 
SISTEMA NEUROMUSCULAR 
O óxido nitroso não produz efeitos 
significativos na fisiologia da 
musculatura esquelética e o fluxo 
sanguíneo para o músculo não se 
modifica. 
O halotano provoca relaxamento da 
musculatura esquelética por 
mecanismos centrais e na placa 
mioneural. 
Relaxa também a musculatura uterina, 
sendo útil nas manobras de parto. 
No entanto, este agente pode inibir 
contrações eficazes e, por isso, 
prolongar o tempo de trabalho de 
parto. 
Além disso, age sinergicamente com 
relaxantes musculares despolarizantes 
O enflurano e o isoflurano agem de 
forma semelhante ao halotano 
FÍGADO E OUTROS ÓRGÃOS 
O óxido nitroso não interfere de 
maneira importante no trato 
gastrintestinal, no fígado e nos rins. 
Ocorrem vômitos e náuseas em 
pequena proporção. 
O óxido nitroso é capaz de inibir a 
síntese da metionina, substância 
importante para a síntese de DNA e 
de várias proteínas. 
Pode ocorrer inibição da divisão 
celular e já se relatou a ocorrência de 
leucopenia e anemia após 
administração deste gás.O halotano é associado a aumento na 
ocorrência de lesões hepáticas. 
Estas ocorrem eventualmente após a 
anestesia e cirurgia, sem aparente 
relação tempo-efeito, sendo uma das 
principais razões que motivou o 
declínio do uso deste agente 
Sugere-se que certos fatores 
acentuem os riscos de 
hepatotoxicidade fatal induzida pelo 
halotano: por exemplo, exposição 
múltipla, obesidade, sexo (fêmeas são 
mais suscetíveis) e senilidade. 
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Há controvérsias acerca da causa 
desta toxicidade 
Um dos fatores limitantes do 
emprego do metoxiflurano, bem 
como do enflurano, foi a capacidade 
destes agentes em lesar o rim, 
ocorrendo a formação de fluoreto 
em proporções tóxicas. 
Esta nefrotoxicidade se caracterizava 
pela incapacidade de concentrar urina. 
Não foram relatadas evidências de 
toxicidade renal para o isoflurano. 
Em relação ao sevoflurano 
recomendou-se o emprego de fluxo 
de gases frescos maior que 1 l/min 
para procedimentos de até uma hora 
de duração e de 2 l/min para 
procedimentos acima de duas horas, 
para evitar a formação do composto 
A, que poderia ocasionar 
nefrotoxicidade. 
Muitos países não têm essa 
recomendação, não havendo relatos 
atuais de toxicidade renal associada ao 
emprego do sevoflurano. 
Em relação ao desflurano, como sua 
taxa de metabolização é inferior a 
0,02%, praticamente não há qualquer 
chance de ocorrer lesão renal ou 
hepática 
Os anestésicos inalatórios são capazes 
de induzir hipertermia maligna. 
Nesta síndrome observa-se rápido 
aumento da temperatura, taquicardia, 
hipotensão, cianose e lesão muscular. 
Ocorre em indivíduos predispostos 
geneticamente, que apresentam 
regulação deficiente de cálcio na 
membrana do retículo 
sarcoplasmático. 
É mais comum em suínos e no 
homem; entretanto, outras espécies 
também são suscetíveis. 
Fatores como estresse, temperatura 
ambiente alta, infecção, lesão 
muscular, exercício, uso de 
bloqueadores neuromusculares, 
anestésicos gerais e os potentes 
anestésicos voláteis podem 
desencadear esta síndrome. 
O halotano é o agente que apresenta 
maior potencial para o 
desenvolvimento da hipertermia 
maligna, e a administração prévia de 
tiopental e succinilcolina aumenta sua 
incidência. 
Os anestésicos sevoflurano e 
desflurano também podem 
desencadear esta síndrome. 
O tratamento restringe-se à 
administração de dantroleno (potente 
relaxante muscular), bicarbonato de 
sódio para correção da acidose 
metabólica, antiarrítmicos e, 
sobretudo, o resfriamento do 
paciente. 
Com a sistematização das técnicas de 
monitoramento durante a anestesia, a 
capnografia passou a ser um 
importante aliado no diagnóstico 
precoce da hipertermia maligna, pois 
o aumento gradativo da PaCO2, sem 
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que haja sinais de ventilação 
inadequada, pode ser indicativo da 
ocorrência desta síndrome. 
 
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Em anestesia inalatória, a preocupação 
com a duração da cirurgia não existe; 
a adequação do plano de anestesia é 
muito mais fácil do que quando se 
utilizam apenas anestésicos injetáveis. 
Atualmente, na realização de 
determinados procedimentos 
cirúrgicos, principalmente aqueles em 
que não há previsão da duração da 
cirurgia, torna-se fundamental a 
utilização da anestesia inalatória. 
Quando são considerados os agentes 
injetáveis disponíveis, fica mais fácil 
ainda compreender as vantagens da 
anestesia inalatória. 
Os medicamentos injetáveis possuem 
período hábil extremamente curto e, 
com exceção dos anestésicos 
dissociativos, que promovem analgesia 
somática, são desprovidos de 
qualquer efeito analgésico; aliado a 
isto, são amplamente 
biotransformados pelo fígado e 
eliminados pelo rim, fato que não 
ocorre com os modernos agentes 
inalatórios. 
Hoje, no Brasil, o emprego dos 
anestésicos inalatórios é muito 
difundido, sendo amplamente utilizados 
em clínicas e hospitais veterinários 
Os anestésicos voláteis 
frequentemente são utilizados após 
indução anestésica com os agentes 
injetáveis, visando à manutenção da 
anestesia. 
São empregados também em 
determinados pacientes para a 
indução, quando, por qualquer motivo, 
o uso de agentes injetáveis é 
desaconselhável. 
Podem ser empregados 
conjuntamente com todos os agentes 
utilizados para a medicação pré-
anestésica, bloqueadores 
neuromusculares, anestésicos gerais e 
agentes dissociativos. 
São sempre administrados com 
oxigênio, e, em pequenos animais, a 
proporção anestésico:oxigênio é 
variável; em grandes animais 
recomendasse o uso de oxigênio a 
100%. 
 
O halotano, devido ao seu baixo custo 
em comparação aos outros agentes, 
foi, durante muitos anos, o anestésico 
volátil mais utilizado na Medicina 
Veterinária. 
Entretanto, seu emprego hoje quase 
não se justifica pois há fármacos com 
propriedades muito mais adequadas 
para a anestesia inalatória. 
Os profissionais especialistas em 
anestesiologia dão preferência ao 
isoflurano por suas características de 
indução e recuperação mais rápidas, 
menor biotransformação e menos 
efeitos deletérios no sistema 
cardiovascular. 
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Sua utilização, no entanto, não é 
destituída de riscos, sendo a 
hipotensão o principal efeito adverso. 
A administração de medicamentos 
vasoativos, como o halotano, para o 
controle da pressão arterial durante a 
anestesia é comum. 
Também se recomenda a realização 
de análise hemogasométrica durante 
a anestesia, devido à ocorrência 
frequente de hipercapnia e acidose, 
mesmo nos pacientes hígidos. 
O isoflurano é o agente de eleição 
nos pacientes de alto risco, 
principalmente nos portadores de 
nefro ou hepatopatias. 
A indução e a recuperação da 
anestesia são particularmente rápidas 
com este agente. 
Nos neonatos ou em pacientes 
gravemente enfermos que já se 
encontram com algum grau de 
depressão do sistema nervoso 
central, a indução anestésica com 
máscara constitui uma excelente 
opção, porém deve-se ter em mente 
que o isoflurano tem odor pungente 
e a indução em animais despertos 
pode ser difícil. 
É utilizado em todas as espécies 
animais. 
A experiência com o desflurano em 
animais é ainda pequena. 
O alto custo deste medicamento e o 
fato de exigir vaporizador especial 
para seu emprego, uma vez que 
facilmente se volatiza, contribuem 
para a pequena aceitação deste 
agente no mercado. 
O sevoflurano, por outro lado, já foi 
extensivamente utilizado nas mais 
diferentes espécies de animais, sendo 
especialmente interessante o fato de 
promover rápida indução e 
recuperação da anestesia. 
Por esta razão, pode ser utilizado na 
indução anestésica que ocorre 
normalmente em 1 a 2 min, 
principalmente naqueles pacientes nos 
quais o uso de agentes injetáveis é 
por algum motivo desaconselhável. 
A vantagem do emprego do 
sevoflurano na máscara é que este 
agente é muito bem tolerado pelos 
animais por possuir odor agradável, 
além de apresentar baixo coeficiente 
de partição sangue:gás. 
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SPINOSA, H. S., et al. (2017). Farmacologia aplicada à Medicina Veterinária. 6ª edição. 
Rio de Janeiro: Guanabara. Koogan Capítulo 10 – Anestésicos Inalatórios.

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