Buscar

Livro-Texto - Unidade III auditoria e fraudes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

62
Unidade III
Unidade III
Esta unidade tem o propósito de municiar o gestor de conceitos importantes na investigação 
e auditoria de fraudes nas organizações. Cada uma das seções deve ser bem estudada e o material 
agregado (artigos) precisa ser explorado. O bom gestor cria um amplo campo referencial. E isso só é 
possível com o estudo e a pesquisa.
5 SINAIS INDICATIVOS DA EXISTÊNCIA DE FRAUDE
Fraude
Pressão
Força financeira 
ou emocional que 
encoraja a fraude
Racionalização
Justificação pessoal 
para ações 
desonestas
Oportunidade
Habilidade para 
executar o plano sem 
consequências
Figura 12 – O triângulo da fraude: um modelo para detecção 
de situações em alto risco de fraude
A figura anterior ilustra as três vertentes do triângulo: “desenvolvido pelo criminologista americano 
Donald Cressey na década de 1950, ainda é um modelo válido para análise de riscos e gerenciamento” 
(LUSTOSA, 2016).
A pressão tem a ver com aspectos subjetivos pelos quais o protagonista da fraude possa estar 
sendo motivado, por exemplo, pressão por status, por dívidas ou apenas por querer dispor de condições 
financeiras de que não dispõe. Pode haver outros fatores como problemas com parentes, por exemplo.
A oportunidade tem a ver com as condições apresentadas na própria organização, por exemplo, 
falta de controles internos adequados. Ou pontualmente, uma determinada negociação que apresenta 
facilidades de atitudes ilícitas.
63
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Já a racionalização foi bem caracterizada por Lustosa (2016):
 
A racionalização ocorre quando um indivíduo ou grupo sente-se desculpado 
ao cometer fraude. Muitas pessoas preferem não pensar em si mesmas 
como criminosas, então aplicam um raciocínio a seu comportamento para 
encaixá-lo de acordo com seus princípios morais. A razão que encontram 
pode ser que não ganham dinheiro suficiente, que precisam sustentar 
sua família, ou que a corrupção está tão disseminada que sua ação não 
importa no quadro geral.
Portanto, o profissional deve se preocupar constantemente com tais vertentes, que podem produzir 
e motivar atitudes fraudulentas.
 Observação
O auditor e o investigador de fraudes devem sempre levar em 
consideração que os padrões de comportamento e de condução dos 
diversos departamentos tendem a seguir os modelos mais comumente 
aceitos e difundidos nas organizações. Tudo o que sair desse contexto 
pode se constituir em um red flag.
Não é incomum a dificuldade de identificação de possíveis sinais de existência da fraude. “Os 
auditores têm dificuldade de identificar antecipadamente um caso de fraude – muitas vezes é bem 
escondida, e normalmente a descoberta ocorre por acaso” (DAL MAGRO; CUNHA, 2017, p. 473). 
Os red flags podem auxiliar nessa indicação haja vista que o fraudador também tem dificuldades 
em esconder totalmente os efeitos gerados pela ação fraudadora, especialmente se ela implicar 
apropriação indevida de recursos financeiros, como é bastante comum.
Observe-se que algumas vertentes acabam por propiciar terrenos férteis às fraudes e golpes em geral:
• Estruturas organizacionais complexas: muitos funcionários de algumas organizações 
sequer sabem as informações básicas da empresa, por exemplo, a estrutura organizacional 
e hierárquica, o fluxo de informações e documentos e os diversos níveis decisórios. Quanto 
menos transparência nesses itens, mais facilmente pode ser instaurada a corrupção, as fraudes 
e os ilícitos administrativos.
• Exemplos de funcionários desonestos que não são punidos: algumas fraudes, quando 
toleradas (e, muitas vezes, até estimuladas) pela diretoria ou gerências permitem o 
questionamento dos outros funcionários: fazer as coisas erradas pode? Evidentemente, que o 
exemplo de correção e de honestidade deve permear todos os níveis hierárquicos da organização, 
com especial zelo e acompanhamento dos níveis tático e estratégico. A melhor estratégia é nunca 
aceitar quaisquer comportamentos ilícitos, advindos de qualquer colaborador. Caso ocorram 
quaisquer ilicitudes, elas devem ser analisadas através do procedimento interno adequado e os 
64
Unidade III
responsáveis precisam ser devidamente responsabilizados, nas áreas administrativa e civil e, se 
for o caso, também criminal.
• Programas internos de apoio às iniciativas éticas: as organizações devem frequentemente 
estimular seus colaboradores com campanhas que privilegiem o comportamento ético e a rigidez 
de padrões de honestidade em tudo o que se refere à empresa. Algumas áreas são especialmente 
sensíveis, como as de compras e de vendas, haja vista que elas envolvem negociação com 
outras organizações e a aplicação de recursos financeiros de forma direta. Os departamentos de 
vendas e compras precisam estar diretamente vinculados aos programas de apoio às iniciativas 
éticas. As áreas administrativa, operacional e de recursos humanos também precisam sempre 
interagir com tais iniciativas, de forma a gerar um clima organizacional positivo e estimulante.
Quando a organização não apresenta tais vertentes devidamente enfatizadas e sinalizadas para 
todos os colaboradores, pode gerar o que os auditores e investigadores chamam de red flags. Elas 
servem como um sinal de alerta: não indicam – necessariamente – uma irregularidade, mas sinalizam 
que o terreno é fértil para o surgimento de ilícitos administrativos e, até, crimes, como desvio de 
dinheiro, corrupção, entre outros.
O quadro a seguir mostra parte dos red flags identificados em uma cooperativa de crédito.
Quadro 6 – Percepção dos auditores internos quanto a red flags
Nº Atributos
01 A estrutura organizacional das agências é demasiadamente complexa.
02 A cooperativa de crédito não apresenta uma política de punição para os atos desonestos.
03 A comunicação dos valores éticos e morais não é realizada pelos superiores; e/ou a comunicação de alguns valores éticos e morais são considerados inadequados.
04 Existe uma forte suspeita de que gerentes das agências estão em conluio com pessoas de fora da entidade.
05 Existe uma rotatividade anormal do pessoal-chave das áreas financeira e contábil.
06 A cooperativa de crédito apresenta dificuldades em cumprir as exigências de órgãos reguladores (Banco Central do Brasil).
07 O conselho de administração e/ou conselho fiscal não monitoram adequadamente os sistemas operacionais e de controle interno.
08 Existe uma diferença anormal nos salários dos gerentes e colaboradores em relação a entidades do mesmo segmento e/ou porte.
09 A cooperativa de crédito proporciona baixos investimentos na formação de colaboradores.
Fonte: Dal Magro e Cunha (2017, p. 475).
Uma pesquisa realizada com auditores independentes brasileiros (MURCIA; BORBA; SCHIEHLL, 
2007) em que os auditores pesquisados atribuíram a determinados red flags notas que variavam entre 
1 e 5, sempre baseados na experiência pessoal, com a seguinte gradação, sendo: muito baixo (1), 
baixo (2), médio (3), alto (4) e muito alto (5).
65
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Especificamente em relação aos gestores das entidades, a percepção dos auditores foi a de que 
um dos fatores que pode preocupar, ou seja, se constitui em um red flag, é que grande parte da 
remuneração do gestor esteja relacionada ao lucro da organização. Trata-se de uma situação que 
pode ensejar manobras fraudulentas tanto em operações desenvolvidas na empresa como fraudes 
específicas nos lançamentos contábeis.
Outro ponto a nos atentarmos é a preocupação ou o interesse excessivo de executivos em 
aumentar o preço das ações da organização. Claro que essa é uma preocupação legítima, contudo o 
mercado tem suas regras e uma ênfase excessiva em tal aspecto pode gerar alerta de manobras ilícitas 
e/ou antiéticas.
A questão da honestidade e da manutenção dela como um dos valores mais importantes da 
organização é certamente um aspecto que deve ser observado. Quando isto não ocorre e, ao contrário, 
determinadas atitudes que afrontam tal princípio são estimuladas, alertam para preocupantesred flags.
Por exemplo, executivos que tentam influenciar em áreas ou estatísticas que não estejam 
diretamente vinculadas aos seus respectivos campos de atuação ou mesmo funcionários que possuam 
estilos de vida cujo consumo exagerado de drogas e/ou bebidas é enfatizado. Outros aspectos que 
podem estar relacionados:
• Gastos excessivos incompatíveis com a renda pessoal (viagens, jogos, consumo exarcebado). 
Note-se que tais evidências se constituem em um red flag, não necessariamente em uma 
irregularidade. O fato há de ser devidamente averiguado.
• Despreocupação com horários de trabalho, especialmente atrasos motivados pelo consumo de 
bebidas ou drogas.
• Determinadas decisões que envolvam riscos desnecessários ou muito mais altos do que se 
poderia admitir.
Além dos aspectos citados, e para complementar o tema, observem-se situações, como:
• Estímulo e justificativa de determinados lançamentos irregulares ou inadequados nos 
controles contábeis.
• Insatisfação sistemática e ressentimento com as decisões da diretoria ou de qualquer nível 
hierárquico superior.
O quadro a seguir relaciona o resultado da pesquisa e a média de cada item atribuída pelos 
respondentes:
66
Unidade III
Quadro 7 – Percepção dos auditores independentes 
quanto a red flags relacionados a gestores
Red flags Média
Grande parte da remuneração dos executivos está relacionada ao lucro operacional, lucro financeiro ou 
preço das ações. 4,03
Os executivos têm excessivos interesses em manter ou aumentar o preço das ações e/ou evidenciar uma 
tendência crescente de lucros. 4,27
A administração é desonesta e não ética, sendo que alguns executivos possuem caráter que pode ser 
considerado “duvidoso”. 4,58
Os executivos de outras áreas que não a área financeira (vendas, produção, recursos humanos) estão 
extremamente preocupados com a seleção dos métodos contábeis ou determinação de estimativas. 3,45
Os executivos possuem um estilo de vida “agressivo” que envolve vícios como jogos, bebidas e drogas. 3,85
A maioria dos executivos é nova e inexperiente. 3,55
Existe uma excessiva pressão sobre os executivos para que se atinjam as metas que foram estipuladas pelo 
conselho de administração, como vendas e rentabilidade. 4,00
Os executivos têm uma propensão a tomar decisões que envolvem riscos exagerados e/ou demonstram uma 
tendência de vencer o “sistema”. 3,88
Existe uma alta rotatividade de executivos. 3,64
Os executivos tentam justificar a utilização de procedimentos contábeis considerados impróprios 
de maneira recorrente. 3,94
Os executivos demonstram ressentimento com as ordens emanadas pelos superiores. 3,55
Total 3,89
Fonte: Murcia, Borba e Schiehll (2007, p. 10).
Resumindo, em relação à questão do red flag, é importante saber que quaisquer fatos, ocorrências 
ou ênfases impróprias, atípicas ou fora de um propósito razoável, podem ser um sinal de alerta.
Um exemplo típico é o de gestores que buscam uma excessiva compartimentação na atuação 
de funcionários. Caso clássico é o do profissional responsável que trata de determinados assuntos 
administrativos e rotineiros como se fossem verdadeiros segredos. Conversa com superiores sempre 
sozinho, não permite que a equipe compartilhe com opiniões e conceitos e, principalmente, guarda 
para si todo o conhecimento que pode ser utilizado, por exemplo, para controlar e conduzir situações, 
dentro de interesses particulares.
Para exemplificar, temos as seguintes situações:
• Um determinado dirigente sabe que a empresa está com o objetivo de construir uma nova 
unidade. Procura esconder esse fato do máximo de pessoas possível, porque tem interesse de 
que a companhia adquira um terreno de uma imobiliária conhecida. No tacanho raciocínio 
desse dirigente, quanto menos pessoas souberem, menos opções surgirão e o terreno apontado 
teria mais chances de ser adquirido.
67
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
• Um gerente somente se reúne com diretores sozinho. Sempre reclama da equipe, faz críticas 
negativas ao pesssoal que trabalha com ele e busca enfatizar os sucessos do trabalho como sendo 
exclusividade de suas ações. Se outros soubessem do que fala, provavelmente iriam desmenti-lo.
Outros red flags são identificados no dia a dia das organizações. Seguem mais razões identificadas 
na pesquisa anteriormente apontada:
Quadro 8 – Outros red flags citados
Red flags Nota Menções
Segregação de funções. 4 2
A entidade não investiga as informações de colaboradores e de stakeholders sobre 
possibilidades de fraudes. 5 1
A alta administração não tem um canal direto de comunicação com colaboradores 
sobre possibilidades de risco de fraude. 5 1
Não há evidências de que a alta administração tenha um processo formal de análise 
e está satisfeita com os controles para evitar riscos de fraude. 5 1
Controle de planilhas eletrônicas. Adulterar planilhas que servem de base para 
lançamentos contábeis. 4 1
Insatisfação de funcionários/colaboradores motivada por fatores, como: baixo 
salário, falta de perspectivas e oportunidades profissionais, entre outros. * 1
Ausência de um setor/departamento de segurança patrimonial. * 1
Gerencia inadequadamente os riscos de suas operações. 3 1
Em entidades filantrópicas (Santa Casa, por exemplo) é comum a falta de controle 
físico dos bens do ativo imobilizado (máquinas, equipamentos, aparelhos, utensílios e 
ferramentas hospitalares).
3 1
Em entidades filantrópicas, nas quais os diretores não são remunerados, é comum 
encontrar-se pessoas exercendo cargo de diretoria e estando registrado como 
empregado para obter remuneração.
3 1
Desvio de funções. 3 1
A entidade não dispõe de um plano de segurança de informações e de e-mails. * 1
* Apenas mencionou o red flag, não atribuindo nota.
Fonte: Murcia, Borba e Schiehll (2007, p. 12).
 Lembrete
Red flag não se constitui, em si mesmo, em uma irregularidade. Na 
realidade, trata-se de um alerta. Diante dele, cabe ao gestor:
• Verificar detalhadamente se o red flag não é fruto de um procedimento 
mal organizado, mal orientado e que deve ser revisto.
• Analisar se o red flag não ocorre em função de um erro que precisa 
ser reparado.
68
Unidade III
 Saiba mais
Leia e conheça melhor a respeito dos red flags em:
REINA, D. et al. A importância dos red flags na detecção do grau de risco 
de fraude nas demonstrações contábeis: um levantamento da percepção de 
profissionais das principais empresas de auditoria. CONGRESSO BRASILEIRO 
DE CUSTOS, 15., 2008, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: CBC, 2008. Disponível em: 
https://bit.ly/3rOqYfS. Acesso em: 11 mar. 2021.
ELLIS, M. Lista geral de red flags de corrupção de terceiros. FCPAméricas, 
2014. Disponível em: https://bit.ly/3bFMKwp. Acesso em: 11 mar. 2021.
5.1 Políticas de prevenção à fraude
O significado da palavra “política”, quando abordada no contexto de uma organização, quer dizer 
“escolha”, “decisão”, “caminhos a serem percorridos”. Ou seja, trata-se de uma decisão do nível mais 
importante da empresa, o nível estratégico, que define determinado parâmetro da organização em 
um assunto qualquer.
As políticas de prevenção à fraude são as decisões que as empresas tomam para enfrentar o 
problema da fraude, no sentido de preveni-la. E elas têm a ver com exigências claras do mercado:
 
A ameaça de fraude é um dos desafios à governança mais comuns que as 
organizações enfrentam, independentemente de seu tamanho, indústria 
ou localização. Ter procedimentos devidos de controle interno, que 
incluam um plano de resposta apropriado, é fundamental para combater 
a fraude. A auditoria interna possui íntimo conhecimento sobre o controle 
da organização. Uma abordagem combinada de avaliação é fundamental 
nesse sentido, para entender as lacunas nos controles que permitem a 
ocorrência de fraudes (THE INSTITUTE OF INTERNAL AUDITORS, 2019, p. 3).
Algumas pesquisas de relevância foram desenvolvidas nos últimos anos levando em conta tais 
preocupações. Por exemplo:
 
A Deloitte e a International Chamber of Commerce –Brasil (ICC Brasil) 
apresentam a pesquisa “Integridade corporativa no Brasil – Evolução do 
compliance e das boas práticas empresariais nos últimos anos”. O estudo 
aborda o estágio das empresas que atuam no país em relação à adoção 
de práticas de compliance, de anticorrupção e de cultura de integridade 
corporativa (BORGES; PETRUS, 2018, p. 1).
69
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
 Lembrete
As políticas de prevenção à fraude são as decisões que as empresas 
tomam para enfrentar o problema da fraude, no sentido de preveni-la.
Os resultados apresentados foram bastante esclarecedores. Por exemplo, mais de 70% dos respondentes 
afirmaram que evitar o risco de imagem é fundamental. As organizações têm cada vez mais preocupações 
pertinentes com o risco de imagem. Por meio da difusão das redes sociais e, consequentemente, da 
rapidez com a qual as informações são difundidas, ocorrências que possam desmerecer a companhia 
são rapidamente espalhadas. E essa rapidez pode gerar um prejuízo de imagem bastante negativo para 
a instituição, independentemente da efetiva responsabilidade dela. Por exemplo, uma fake news rapidamente 
divulgada, apesar de desmentida, pode, ainda, perpetuar danos à corporação.
Outra preocupação constante é aumentar a sustentabilidade do negócio. Tecnicamente, 
sustentabilidade é a capacidade de se manter um determinado processo ou sistema. No caso 
da sustentabilidade empresarial, o conceito pode permear as mais diversas áreas de atuação da 
organização e o objetivo é manter a organização ativa, dentro de parâmetros aceitáveis de operação:
 
A sustentabilidade empresarial consiste nas ações adotadas pelas empresas 
com o objetivo de atuar de maneira consciente, e dessa forma, impactando 
menos o meio ambiente e respeitando também a sociedade que está 
inserida. É importante entender que estamos tratando de uma empresa, 
por isso, existe todo um planejamento de como essa sustentabilidade teria 
que ser implementada e executada, já que é necessário escolher as ações 
certas para que o negócio continue sobrevivendo. Em muitas empresas, 
são feitos relatórios com índices específicos para detectar o nível de 
sustentabilidade e em qual setor ela pode ser melhor inserida. É muito 
comum as empresas adotarem algumas práticas de sustentabilidade 
achando que vão perder dinheiro, porém elas têm uma surpresa agradável: 
a redução de gastos. Ações como reciclagem, compostagem, reutilização 
da água e economia de energia com lâmpadas econômicas, por exemplo, 
podem ser uma grande economia para a empresa (GUIMARÃES, 2019).
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) criou uma ferramenta de análise denominada Índice de 
Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), que tem por objetivo acompanhar iniciativas sustentáveis nas 
organizações e “apoiar os investidores na tomada de decisão de investimentos socialmente responsáveis 
e induzir as empresas a adotarem as melhores práticas de sustentabilidade empresarial” (ISE B3, [s.d.]).
Outro fator também apontado pelos respondentes foi a criação de um programa de compliance. 
Ainda com 51% das respostas está o item de proteção da empresa das incertezas políticas e 
econômicas. Esse item pode ser trabalhado através de análises de riscos pertinentes que promovam 
ações para evitar ou mitigar os riscos apontados em tais análises. Observe-se que o grande mérito é 
70
Unidade III
a organização não ser surpreendida pelos eventos que possam desvalorizá-la, mas caso eles surjam, 
ter alternativas de enfrentamento de tais eventos.
Outros itens foram citados em menos de 50%, tais como: atender exigências regulatórias 
locais, que é conformar-se com as leis do país, do Estado e do município em que a organização 
estiver inserida; atender exigências regulatórias internacionais, que facilita as negociações de 
exportação e importação, afora ganhar maior credibilidade no mercado; além de outras como atender 
a clientes, responder a questionamentos levantados por auditorias internas etc.
O ponto central de preocupação do gestor na política de prevenção a fraudes é demonstrar de forma 
clara que a organização opta por seguir corretamente todas as regras e que quaisquer desvios serão 
devidamente investigados e seus responsáveis, responsabilizados. Além do mais, todas as relações da 
empresa, seja com outras companhias (clientes, fornecedores), seja com órgãos públicos, devem ser 
pautadas nos preceitos éticos e absolutamente legais e todos os seus integrantes, independentemente 
de serem proprietários ou acionistas, diretores, gerentes, encarregados e funcionários em geral têm de 
seguir rigorosamente tais parâmetros. Qualquer ocorrência que venha a questionar de alguma forma 
tal regramento necessita ser cuidadosamente investigada.
A figura a seguir apresenta um resumo da pesquisa citada:
51% Proteger o valor da empresa perante incertezas políticas e econômicas
47% Atender exigências regulatórias locais
38% Atender ações previstas na revisão do plano de compliance
36% Atender exigências regulatórias internacionais
28% Aumentar a competitividade da empresa na cadeia global
28% Diferenciar-se dos concorrentes locais
25% Responder pontos levantados por auditorias externas
23% Atender exigências da controladora do seu grupo
23% Responder pontos levantados por auditorias internas
21% Atender exigências da matriz no exterior
19% Atender exigências de clientes
15% Manter linhas de crédito e oportunidades negociais
67% Criar um programa estruturado de compliance
70% Aumentar a sustentabilidade do negócio
71% Evitar riscos de imagem
Figura 13 – Motivações para o controle interno
71
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Observe-se que os respondentes poderiam optar por mais de um item. O ideal é que as políticas 
da empresa possam contemplar todos os itens citados, ou pelo menos a maioria deles, haja vista a 
importância do tema.
À medida que as políticas são implementadas, mantidas e estimuladas, cria-se um círculo virtuoso 
na organização em que a manutenção dos aspectos e atitudes que preservam o cumprimento das 
regras geram um clima organizacional que desestimula a prática fraudulenta. Além disso, políticas que 
estimulem controles internos adequados diminuem cada vez mais uma das vertentes que estimulam 
as fraudes: a oportunidade.
Observe-se o exemplo citado por Silva et al. (2015, p. 3):
Um funcionário só poderá praticar um desfalque se tiver acesso aos ativos 
da empresa, podendo ser desfalques temporários que ocorrem quando o ele 
apossa-se de um bem da empresa e não altera os registros da contabilidade 
(transferindo o ativo roubado para despesas) ou permanente que ocorre 
quando é desviado um bem da empresa e modificado os registros contábeis, 
de forma que os ativos existentes concordem com os valores registrados 
na contabilidade, para que isso possa ser realizado é necessário que o 
funcionário tenha acesso aos registros contábeis além do acesso aos ativos.
Portanto, o raciocínio cabe para toda a área preventiva de fraudes. Além das políticas pertinentes, 
a gestão de segurança deve se preocupar com todos os outros níveis da organização em diminuir cada 
vez mais quaisquer possibilidades que oportunizem uma ocorrência de fraude.
Logo, os estudos de casos são fundamentais, estudando-se detalhadamente uma ocorrência de 
fraude pode-se depreender os mecanismos adequados para que fraudes iguais ou semelhantes não 
mais se perpetrem.
 Observação
As organizações modernas precisam ser competitivas. A 
competitividade pode ser muito prejudicada se a empresa for obrigada 
a conviver com ocorrências de fraude. As fraudes causam prejuízos dos 
mais diversos tipos, além daqueles vinculados à imagem da instituição. 
Algumas medidas necessitam ser tomadas para deixar tudo o mais 
transparente possível:
• Possíveis indenizações a clientes ou funcionários.
• Despesas com correções operacionais ou administrativas para suprir 
eventuais erros oriundos das fraudes.
• Outras providências necessárias para suprir ou corrigir os efeitosde 
fraudes cuja responsabilidade objetiva seja da organização.
72
Unidade III
As empresas de pequeno porte também precisam se municiar de políticas adequadas para prevenir 
fraudes. A concentração das ações nas pequenas e médias organizações normalmente está nas mãos 
dos donos das companhias e nem sempre os proprietários possuem formação ou conhecimento 
adequados para determinadas ações:
 
[...] as microempresas e empresas de pequeno porte estão em expansão, 
além disso são de grande importância para as bases da economia do 
país em relação à distribuição de renda e empregos. Da mesma forma 
que se evidencia a abertura de muitas empresas, o seu fechamento 
também é uma realidade. Porém, as empresas apresentam fragilidade na 
organização e na gestão, sendo que, na maioria das vezes, os responsáveis 
são os empresários, não possuindo conhecimento técnico para controlar, 
organizar e supervisionar as atividades desenvolvidas na organização 
(NASCIMENTO; GOMES; OLIVEIRA, 2020, p. 22).
 Lembrete
As empresas de pequeno porte também precisam se municiar de 
políticas adequadas para prevenir fraudes.
Portanto, em tese, ações de prevenção de fraudes nas empresas de pequeno porte poderiam, 
inclusive, garantir também a sobrevivência delas. Por fim, é importante citar uma pesquisa 
desenvolvida pela PricewaterhouseCoopers (PWC, 2018), que identificou os autores de fraudes como 
agentes internos ou externos da organização, conforme demonstra a figura a seguir:
52%
59%
40%
31%
46%
58%
41%
29%
2018 2018
Brasil
2016
Global
2016
Agente interno
Agente externo
Figura 14 – Agentes externos ou internos da fraude
73
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Pela pesquisa citada em 2016, em termos globais, havia participação de 41% de elementos 
externos à organização e 46% de indivíduos no interior da organização. Em 2018, esses percentuais 
evoluíram para 52% de agentes externos e 40% de agentes internos, ou seja, houve um pequeno 
aumento percentual de agentes internos. Já no Brasil, os índices tiveram menos variações: em 2016, 
29% das ocorrências de fraudes eram promovidas por agentes externos e 58% por agentes internos 
e, em 2018, os índices ficaram muito próximos disso: 31% de agentes externos e 59% de agentes 
internos. Observe-se que os índices não somam 100% porque nem sempre os causadores das fraudes 
são devidamente identificados.
A pesquisa citada é mais uma vertente que aponta a importância de programas de controle interno 
adequados e, mais ainda, de programas de conscientização de todos os colaboradores, pois mais de 
50% das ocorrências de fraudes nas organizações brasileiras têm como motivação integrantes da 
própria organização.
 Saiba mais
Com o objetivo de complementar ideias e conceitos apresentados 
neste capítulo, leia o seguinte material:
ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL (ISE B3). O que é o 
ISE B3. ISEB3, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3tm6s6x. Acesso em: 
11 mar. 2021.
SILVA, J. V. et al. Controles internos como ferramenta de detecção e 
prevenção de fraudes em uma empresa de Vilhena/RO. In: CONGRESSO 
DE CONTABILIDADE, 2015, Rondônia. Anais [...]. Rondônia: Universidade 
Federal de Santa Catarina/Universitat de Valencia, 2015. Disponível em: 
https://bit.ly/3cTuikN. Acesso em: 5 abr. 2021.
SILVA, K. H. A. et al. O controle interno na prevenção de fraudes: um 
estudo de caso numa mineradora. Opara, v. 5, n. 1, 2015.
ANTONIOLI, B. et al. Auditoria interna para melhoria de processos, 
controle e combate a fraudes e erros. Revista Eletrônica Multidisciplinar 
da Faculdade de Alta Floresta (Refaf), v. 9, n. 1, 2020. Disponível em: 
https://bit.ly/3vlN4IA. Acesso em: 11 mar. 2021.
6 MÉTODOS DE AUDITORIA CONTÁBIL
Conforme vimos nos conceitos iniciais, pode haver tipos diferentes de auditoria. De forma bastante 
simplificada, consegue-se definir auditoria como um procedimento para verificar se as coisas estão 
corretas. O auditor deve examinar detidamente todas as vertentes do contexto em que está atuando 
74
Unidade III
para estabelecer se há coerência entre o que está no regramento e o que efetivamente foi feito ou 
está sendo realizado.
A fim de uma verificação detalhada, observe a figura a seguir, que traça um pequeno histórico das 
auditorias internas:
Busca de opinião confiável;
Alcance mais amplo abrangendo 
o complexo organizacional como 
um todo
Foco na investigação acerca da 
descontinuidade dos negócios; 
Auditoria anual de balanços
Foco na descoberta de erros 
e processos fraudulentos 
consubstanciados ou em 
andamento
Foco voltado mais para o controle 
aziendal e para o apoio gerencial
Ênfase elucidativa e 
não gerencial
Ênfase punitiva e policialesca
Auditoria de qualidade
Década de 1990 até os dias atuais
Século XIX
Antes do século XIX
Auditoria de recursos humanos
Auditoria operacional
de sistemas informatizados
Auditoria ambiental
Figura 15 – Evolução da auditoria interna
Atente-se ao fato de que as primeiras auditorias tinham foco prioritariamente em erros e fraudes. 
A ênfase era basicamente punitiva, ou seja, o objetivo era encontrar e punir os responsáveis pelos 
eventuais erros ou fraudes.
No século XIX, a finalidade era identificar pontos que pudessem comprometer os negócios, a 
ponto de descontinuá-los. A ideia era elucidar algum ponto ou questão, e não havia a preocupação 
gerencial sistêmica.
Durante a década de 1990 até os dias atuais, o foco está na organização como um todo (visão 
sistêmica), além de levar em conta o controle aziendal e o apoio gerencial. O termo “aziendal” é 
relacionado à azienda, cujo significado é (AZIENDA, 2013):
 
[...] uma palavra de origem italiana que significa empresa. O termo é 
utilizado quando se estuda a história da contabilidade e na definição do 
principal objeto desta que é o patrimônio da empresa.
75
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Em contabilidade, define- se como patrimônio o conjunto de bens, direitos 
e obrigações que constituem as empresas (aziendas).
As aziendas são entidades econômicas administrativas. De acordo com o 
objetivo de cada uma podem ser classificadas de três formas:
Aziendas com fins econômicos: são as que têm a finalidade de obter 
lucro, onde se enquadram todas as sociedades industriais, comerciais, 
agrícolas ou de serviços.
Aziendas com fins socioeconômicos: são as que beneficiam os seus sócios 
com os resultados obtidos, por exemplo, as sociedades de aposentadorias 
e outros institutos de benefícios.
Aziendas com fins sociais: são as que não têm fins lucrativos, por exemplo, 
as associações beneficentes.
Pode-se dizer ainda que azienda é a empresa no seu todo, englobando o 
patrimônio e um responsável por administrar esse patrimônio.
Além das auditorias voltadas para as empresas nos aspectos contábeis e financeiros, há aquelas 
específicas que tratam de aspectos pontuais, como as auditorias de qualidade, ambiental, de recursos 
humanos, operacionais e de sistemas informatizados.
Evidentemente que todas elas podem auxiliar no esclarecimento de alguma fraude e, até mesmo, 
na prevenção delas. Mas as auditorias contábeis, por tratar de valores movimentados pela empresa e 
pelo seu patrimônio, são especialmente importantes:
 
A auditoria surgiu como consequência da necessidade de confirmação dos 
registros contábeis, em virtude do aparecimento das grandes empresas, 
baseado no lucro expresso nas demonstrações contábeis. Sua evolução 
ocorreu em paralelo ao desenvolvimento econômico e com as grandes 
empresas formadas por capital de muitas pessoas.
A auditoria contábil surgiu primeiramente na Inglaterra, primeira 
nação a possuir grandes empresas de comércio e primeira a instituir 
imposto sobre a renda.
Além disso, na Inglaterra já se praticava desde 1314 a auditoria nas contas 
públicas (CRCCE, [s.d.]).
Pode-se elencar como objetivos da auditoria contábil uma série de providências, elencadas pelo 
Conselho Regional de Contabilidade do Ceará ([s.d.]):
 
76
Unidade III
Objetivos da auditoria contábil
Aauditoria contábil compreende o exame de documentos, livros contábeis, 
registros, além de realização de inspeções e obtenção de informações de 
fontes internas e externas, tudo relacionado com o controle do patrimônio 
da entidade auditada.
A auditoria tem por objetivo averiguar a exatidão dos registros contábeis 
e das demonstrações contábeis no que se refere aos eventos que alteram 
o patrimônio e a representação desse patrimônio.
O objeto da auditoria se resume no conjunto dos elementos de controle 
do patrimônio, quais sejam os registros contábeis, documentos que 
comprovem esses registros e os atos administrativos. Fatos não registrados 
documentalmente também são objeto da auditoria uma vez que tais fatos 
podem ser relatados por indivíduos que executam atividades relacionadas 
ao patrimônio auditado.
 Observação
Alguns autores estabelecem diferença entre a auditoria contábil e a 
auditoria financeira. Para eles, a auditoria contábil consiste na análise da 
documentação contábil relacionada, por exemplo, ao balanço patrimonial. 
Já a auditoria financeira trataria, por exemplo, da aplicação dos recursos 
da organização. Mas tal distinção não é unanimidade. Por exemplo, o 
Manual de auditoria financeira nos itens 4, 5 e 6 da introdução (TCU, 
2015, p. 5) informa que:
4. A auditoria financeira é um importante instrumento de fiscalização 
para a verificação independente da confiabilidade das demonstrações 
financeiras divulgadas por órgãos e entidades públicos, na defesa dos 
princípios de transparência e prestação de contas.
5. A auditoria financeira é parte dos processos de governança e 
accountability públicas, ao contribuir para o direcionamento, a boa 
utilização e o controle da aplicação dos recursos públicos.
6. Neste Manual, a expressão auditoria financeira é utilizada como 
sinônimo de auditoria contábil ou de auditoria de demonstrações 
financeiras ou contábeis.
Outro ponto que pode confundir os gestores é a diferença entre a perícia contábil e a auditoria 
contábil. A primeira é determinada pela justiça e desenvolvida por um profissional designado pelo 
77
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
juiz. A perícia é feita em função de demanda específica, precisa esclarecer pontos controvertidos e 
o profissional responde a quesitos estipulados pelo juiz. Já a segunda é executada por um ou mais 
profissionais, que podem ser pessoas físicas ou representantes de uma empresa de auditoria externa 
(pessoa jurídica). A auditoria analisa sistemicamente a companhia.
No quadro a seguir, há uma síntese dessas diferenças:
Quadro 9 – Diferenças entre perícia e auditoria contábil
Itens Perícia Auditoria
1 Executada somente por pessoa física, profissional de nível universitário (CPC, art. 145).
Pode ser executada tanto por pessoa física 
quanto por pessoa jurídica.
2
A perícia serve a uma época, questionamento 
específico, por exemplo, apuração de haveres na 
dissolução de sociedade.
Tende à necessidade constante, como 
exemplo: auditoria de balanço, repetindo-se 
anualmente.
3 A perícia se prende ao caráter científico de uma prova com o objetivo de esclarecer controvérsias.
Auditoria se prende à continuidade de uma 
gestão; parecer sobre atos e fatos contábeis.
4 É específica, restrita aos quesitos e pontos controvertidos, especificados pelo condutor judicial.
Pode ser específica ou não; exemplo: 
auditoria de Recursos Humanos, ou em toda 
empresa.
5 Sua análise é irrestrita e abrangente. Feita por amostragem.
6
As normas técnicas são:
– Resoluções CFC n. 857/99, trata das normas 
profissionais do perito;
– Resoluções CFC n. 858/99, trata da perícia contábil.
As normas técnicas são:
– Resoluções CFC n. 820/97, trata das normas 
de Auditoria Independente;
– Resoluções CFC n. 821/97, trata das normas 
Profissionais do Auditor Independente.
7
Usuários do serviço
– As partes e principalmente a justiça.
Usuários do serviço
– Sócios, investidores, administradores.
Adaptado de: Hoog (2002, p. 58).
Para finalizar este capítulo, é essencial que o gestor de segurança e o responsável pelas investigações 
corporativas sempre considerem o seguinte:
• O setor contábil da organização é importante uma vez que ele manipula dados fundamentais, 
que têm a ver com a movimentação de valores, com o patrimônio da organização, com seus 
estoques, entre outras vertentes que interessam diretamente às investigações.
• Qualquer investigação deve se ater a detalhes. Esses podem esclarecer fatos concretos e agregar 
elementos à visão sistêmica que toda investigação precisa ter. O departamento contábil pode 
fornecer detalhes importantes, por exemplo, as compras e vendas de mercadorias que fornecem 
a posição do caixa da empresa.
78
Unidade III
 Saiba mais
Os artigos a seguir tratam de auditorias realizadas em casos concretos. 
Leia-os atenciosamente e observe as particularidades de cada segmento.
MACENA, J. L.; JORDÃO, C. P.; XAVIER, J. L. J. Auditoria interna: uma 
análise da implantação em uma instituição privada de serviço de saúde 
(Hospital). Revista Pesquisa em Administração (RPA), Caruaru, v. 1, n. 1, 
p. 69-84, jul./dez. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3qT1xbr. Acesso em: 
11 mar. 2021.
MENDES, A. P. et al. A importância da auditoria interna: estudo de 
caso do supermercado Cibus. Interfaces, Suzano, ano 9, n. 5, jul. 2017. 
Disponível em: https://bit.ly/3tqlUPd. Acesso em: 11 mar. 2021.
PEREIRA, V. F.; SANTOS, A. N.; ROCHA, L. F. Um estudo sobre a prevenção 
de fraude contábil em uma empresa de comércio exterior. Acta Negócios, 
v. 1, n. 2, p. 129-160, 24 abr. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3taO803. 
Acesso em: 11 mar. 2021.
 Resumo
Nesta unidade abordamos os sinais indicativos de fraude. A pressão, a 
racionalização e a oportunidade são vertentes que devem ser monitoradas. 
Vimos que a falta de transparência, os processos complexos da organização 
de difícil compreensão e funcionários desonestos, que não são punidos 
certamente, são motivações constantes para fraudes. Observamos que 
programas internos de apoio às iniciativas éticas auxiliam na prevenção 
das fraudes, e também estudamos os chamados red flags, situações de 
alerta para os gestores de segurança.
Analisamos as políticas de prevenção de fraudes, compreendendo 
que política é uma decisão da alta direção da empresa a respeito de 
um caminho que a organização deve trilhar. As políticas de prevenção 
à fraude são sinalizações claras de que a instituição escolheu o caminho 
das ações éticas e que os colaboradores de todos os níveis – estratégico, 
tático e operacional – devem seguir. Apresentamos pesquisas acerca das 
motivações para os controles internos estabelecidos nas companhias e a 
respeito dos agentes causadores das fraudes, sejam eles de dentro ou de 
fora da organização.
79
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Por fim, exibimos detalhes da chamada auditoria contábil, que é um 
instrumento importante e auxilia o profissional nas investigações. Trata-se 
de uma ferramenta técnica que garante a credibilidade de lançamentos 
contábeis e da situação patrimonial e financeira da organização. Também 
foram apontadas as diferenças entre a perícia e a auditoria contábil.
 Exercícios
Questão 1. O triângulo da fraude, proposto por Cressey na década de 1950, é um modelo usado para 
a detecção de situações que apresentam elevado risco de fraude em que temos as seguintes vertentes:
• Pressão.
• Oportunidade.
• Racionalização.
Na figura a seguir consta uma representação do triângulo da fraude com suas três vertentes.
Fraude
Pressão
RacionalizaçãoOportunidade
Figura 16 
No contexto exibido, analise as descrições apresentadas no quadro a seguir.
Quadro 10 
Vertente Descrição
Vertente I Surge em situações em que há sistemas de controle ineficientes contra fraudes ou facilitação para a execução de atitudes ilícitas.
Vertente II Diz respeito às forças financeiras, emocionais ou subjetivas que encorajam atos fraudulentos.
Vertente III Trata-se de justificativas e desculpas pessoais para arealização de ações desonestas.
80
Unidade III
As indicações vertentes I, II e III presentes no quadro referem-se, respectivamente, aos termos:
A) Racionalização, pressão e oportunidade.
B) Pressão, oportunidade e racionalização.
C) Pressão, racionalização e oportunidade.
D) Oportunidade, pressão e racionalização.
E) Oportunidade, racionalização e pressão.
Resposta correta: alternativa D.
Análise da questão
Justificativa: as indicações vertentes I, II e III estão especificadas a seguir.
Quadro 11 – Descrições das vertentes I, II e III
Vertente Descrição
Oportunidade
Surge em situações em que há sistemas de controles 
ineficientes contra fraudes ou facilitação para a execução 
de atitudes ilícitas.
Pressão Diz respeito às forças financeiras, emocionais ou subjetivas que encorajam atos fraudulentos.
Racionalização Trata-se de justificativas e desculpas pessoais para a realização de ações desonestas.
A oportunidade está relacionada às condições da própria organização de falta de controles 
internos adequados ou com situações que geram facilidades para a realização de atos desonestos.
A pressão está associada aos aspectos subjetivos que podem motivar o autor da fraude a executá-las, 
como pressão por status, pelo pagamento de dívidas ou pelo enriquecimento ilícito.
A racionalização está vinculada às desculpas que o autor da fraude usa para justificar sua atitude.
81
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Questão 2. (UFG 2008, adaptada) O parecer pericial contábil, na esfera judicial, serve para subsidiar 
o juízo e as partes, bem como para analisar de forma técnica e científica o laudo pericial contábil. Na 
esfera extrajudicial, o parecer pericial contábil serve para subsidiar:
A) As partes nas suas tomadas de decisões.
B) O árbitro e as partes nas suas tomadas de decisões.
C) O juízo e as partes nas suas tomadas de decisões.
D) O juízo, o árbitro e as partes nas suas tomadas de decisões.
E) O juízo e o árbitro nas suas tomadas de decisões.
Resposta correta: alternativa A.
Análise da questão
Justificativa: a situação em análise refere-se à esfera extrajudicial. Nela, o cliente da perícia 
contábil é representado pelas partes do litígio. Logo, nesse caso, o parecer pericial contábil serve para 
subsidiar as partes nas suas tomadas de decisões.

Outros materiais