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1 Lorena Leahy 1-Quais os exames complementares podem auxiliar o diagnóstico de um paciente com problemas cardíacos? São testes invasivos: Ecografia Transesofágica: o aparelho é colocado dentro do esôfago, o que, pela proximidade do coração, permite uma melhor avaliação dos detalhes de algumas válvulas cardíacas. É particularmente útil no diagnóstico de lesões em válvulas causadas pela endocardite. Cintilografia Miocárdica: É um teste em que a captação de um radioisótopo pelo músculo cardíaco é proporcional à sua perfusão. Pode-se fazer o exame em repouso ou sob esforço físico ou farmacológico. Zonas isquêmicas, menos bem perfundidas serão reveladas.Com o passar do tempo as zonas isquêmicas, com pouco contraste podem ficar iguais às bem perfundidas mostrando ser transitória a isquemia. Diminuição de perfusão que persiste depois de 3 a 4 horas, geralmente indica a existência de zonas de infarto, recente ou antigo. A cintilografia miocárdica está indicada para os seguintes casos: 1. Quando o ECG de repouso ou esforço é difícil de interpretar devido alterações como bloqueio de ramo, baixa voltagem, alterações metabólicas. 2. Para confirmar ou invalidar o resultado de um ECG de esforço, quando o traçado não concorda com o quadro clínico. 3. Localizar a zona de isquemia. 4. Diferenciar uma área de isquemia da de um infarto. 5. Para confirmar a revascularização depois de uma cirurgia de bypass. 6. Como um indicador de prognóstico em pacientes com doença coronária conhecida. Cateterismo Cardíaco: Através de uma artéria, é introduzido um cateter (sonda) que é dirigido até a aorta e aí nas coronárias, para obtermos a coronariografia ou então cinecoronariografia. Se o cateter ultrapassar a válvula aórtica atingindo o ventrículo esquerdo, injeta-se um contraste para obtermos a angiografia do ventrículo esquerdo. A injeção do contraste radiopaco vai gerar as imagens que podem ser fotografadas ou filmadas ou gravadas em computador.Quando o contraste é injetado nas coronárias, obtemos imagens que, sendo filmadas, originam a cinecoronariografia, termo muitas vezes usado como sinônimo de cateterismo cardíaco. As imagens assim obtidas permitem ver as artérias coronárias e ver se estão abertas ou obstruídas, parcial ou totalmente.A coronariografia é o exame mais definitivo para o diagnóstico das doenças desses vasos. A coronariografia está indicada em: 1. Pacientes em estudo para realização de cirurgia de revascularização ou procedimentos de dilatação das coronárias, naqueles pacientes que não responderam bem à terapêutica conservadora com medicamentos. 2. Pacientes em que se considera a possibilidade de intervenções, como no ítem anterior, por apresentarem angina instável, angina pós-infarto ou naqueles em que os testes não-invasivos mostram grande probabilidade de doença de alto risco. 3. Também se faz esse exame em pacientes que tem estenose da válvula aórtica e que apresentam manifestações sugestivas de doença isquêmica. Nesses casos é importante poder saber se as manifestações isquêmicas são causadas pelo baixo débito decorrente da estenose ou se os sintomas são provocados pela doença das coronárias. Um outro motivo para realizar a coronariografia é naqueles pacientes que deverão ser submetidos a Bases do eletrocardiograma normal 2 Lorena Leahy uma cirurgia cardíaca por outra razão. Se for detectada uma doença isquêmica, se poderá, num mesmo procedimento, corrigir as duas enfermidades. 4. Pacientes que foram submetidos a cirurgia de revascularização nos quais os sintomas isquêmicos retornaram. Usa-se para saber se o bypass ou outros vasos estão obstruídos. 5. Pacientes com insuficiência cardíaca nos quais se suspeita de uma doença cardíaca corrigível pela cirurgia, como aneurisma ventricular, insuficiência mitral ou disfunção isquêmica reversível. 6. Pacientes com arritmias graves que possam ter sido provocadas por doença coronariana corrigível. 7. Pacientes com dores no peito de causa desconhecida ou com miocardiopatias de etiologia desconhecida. São testes não-invasivos: (ECG) Eletrocardiograma de repouso:. O eletrocardiograma é um exame que permite a avaliação elétrica da atividade cardíaca (eletricidade que ele produz em cada batimento e transmite na pele) em repouso.Obviamente que se o coração está parado, no caso de morte súbita, só veremos uma linha reta na tela do computador, visto que não existe atividade elétrica do seu batimento. (ECG esf.) Eletrocardiograma de esforço: O eletrocardiógrafo necessita ser acompanhado de um outro (Esteira ou bicicleta ergométrica) o que já o torna mais oneroso.O ECG de esforço é o exame não invasor mais útil para avaliar um paciente com angina, principalmente naquele paciente que tem o ECG de repouso normal.Serve para avaliar o coração sob condições de estresse. Se o ECG de repouso for normal e a história do paciente for sugestiva de uma doença do coração, o ECG de esforço pode mostrar alterações não reveladas no ECG de repouso. As principais indicações do ECG de esforço são: 1. Confirmar o diagnóstico de angina. 2. Determinar a severidade da limitação causada pela angina. 3. Determinar o prognóstico com doença coronária conhecida, inclusive nos infartados em recuperação, afim de detectar os pacientes de risco maior ou menor. 4. Avaliar a resposta ao tratamento 5. Também usado como screening para descobrir, entre a população assintomática, os portadores de doença. Existem diversos protocolos para a realização do ECG de esforço. O mais usado é o de Bruce, que aumenta a velocidade e a elevação da esteira a cada 3 minutos e é limitado pelos sintomas. Radiografia de tórax: Uma radiografia pode revelar se há crescimento da cavidades ou de todo o coração além de mostrar alterações vasculares ou pulmonares como causa ou repercussão de uma doença cardíaca. Monitorização (Holter): Aparelho usado para registrarmos um eletrocardiograma durante muitas horas afim de detectarmos arritmias. O paciente registra num diário as suas atividades e sintomas afim de podermos correlacionar esses dados com eventuais arritmias registradas. Monitorização de pressão arterial: Esse aparelho mede e registra a pressão arterial a intervalos determinados durante varias horas. Serve para verificarmos as oscilações da pressão arterial conforme as diversas influências a qual uma pessoa é submetida durante as 24 horas. 3 Lorena Leahy Tomografia computadorizada (TC): É um exame oneroso, mas que pode oferecer boas imagens do coração e detalhes de suas partes. A tomografia de coronárias é, hoje, um dos principais exames, não-invasivos e mais objetivos, para se detectar doenças obstrutivas de artérias coronárias ou, então, se revelar a probabilidade de doença presente ou futura de coronárias, baseando-se no índice de cálcio. Este exame é realizado, principalmente, quando se suspeita de doença coronária. Ele também é usado em pacientes com evidências de doença coronária e que não querem se submeter à cinecoronariografia. O exame é feito com a injeção de um contraste numa veia e, na sequência, são realizadas um grande número de tomografias em poucos segundos e o computador funde as imagens fornecendo aos médicos dados anatômicos bastante precisos para orientar a conduta médica. É usada, também, para a avaliação da aorta, massas como coágulos ou tumores, ou doenças do pericárdio. O exame é muito seguro. Devemos cuidar com a alergia aos contrastes que contenham iodo. Ressonância magnética (RM): O computador gera imagens que permitem uma boa observação do miocárdio, identificar zonas lesadas por um infarto, mostrar defeitos congênitos e avaliar os vasos de maior calibre como a aorta.A sua vantagem sobre a TC é a de não ser prejudicial ao organismo por não ser uma energia ionizante, gerar imagens de alta resolução sem usar contrastes, dar imagenstridimensionais, terem alto índice de contraste quanto aos diferentes tecidos, e por produzir imagens que não são distorcidas pela presença de ar ou líquidos em torno das estruturas que se quer observar.O exame é particularmente útil para diagnosticar doenças da aorta, do pericárdio, doenças congênitas antes ou depois de correções cirúrgicas, doenças do músculo cardíaco, principalmente tumores cardíacos ou do pulmão que, por vizinhança, tenham invadido o coração.A ressonância magnética pode também ser usada para avaliar a morfologia das câmaras cardíacas, a função global ou regional dos ventrículos e a existência de regurgitações valvulares.Existem estudos para a aplicação da RM no estudo dos fluxos de sangue nas coronárias, no músculo cardíaco com ou sem o uso de substâncias estressantes para o coração. Angiografia digital: É o registro de imagens de vasos. Esse método é usado para avaliar os vasos do coração ou cérebro e permite ver se existe e onde existe uma obstrução ou diminuição de fluxo do sangue. Usa-se para isso um contraste que é injetado numa veia. O aparelho de RX deve ser capaz de obter imagens muito rapidamente. 2-Para que serve o eletrocardiograma e quais são as bases eletrofisiológicas que explica o eletro? Como é feito o eletrocardiograma - O paciente deve deitar-se numa maca, de barriga para cima, tendo ao lado o pequeno aparelho chamado de eletrocardiógrafo portátil que será usado para registrar o exame no computador. - O técnico em eletrocardiograma colocará eletrodos grudados à pele dos braços (faces anteriores dos punhos), pernas (faces ântero-mediais) e tórax do paciente, que captarão os estímulos elétricos do coração ou as repercussões deles à distância. -A pele deve estar bem limpa e desengordurada nos locais de fixação dos eletrodos. -Para facilitar a captação desses estímulos geralmente é aplicado sobre a pele um gel condutor. -Os eletrodos dos membros são fixados por braceletes e os do tórax por uma espécie de ventosa de borracha, permitindo aderência à pele sem o uso de agulhas ou outros instrumentos invasivos. -Se o corpo do paciente tiver muitos pelos, uma depilação deve ser feita e se a pele for especialmente oleosa deve ser promovida uma limpeza local com álcool. Como é o exame eletrocardiograma Ecocardiograma: É um exame que permite avaliar as medidas e a mobilidade das paredes das diferentes cavidades do coração, as válvulas cardíacas e sua capacidade funcional, o fluxo do sangue e a direção desse fluxo. Revela ainda anomalias congênitas ou adquiridas do coração. Analisa o pericárdio, revelando e a presença ou não de derrames. Por dados obtidos no ecocardiograma, podemos avaliar a função do coração e através de exames periódicos fazer um diagnóstico evolutivo de doenças e suas conseqüências. 4 Lorena Leahy -Após a colocação dos eletrodos nos punhos, tornozelos e tórax, o aparelho de ECG digital registra a atividade elétrica captada na pele do paciente que é produzida em cada batida do coração. -Ao combinar o eletrodo do punho esquerdo com o tornozelo esquerdo dentro do software do computador, criamos uma figura na tela do computador na forma de gráfico que chamamos de derivação. -Cada uma das derivações em que são colocados os eletrodos, capta a atividade elétrica das várias partes do coração (anterior, posterior, lateral esquerda, lateral direita) e são registrados na forma de gráficos. Para que serve -O eletrocardiograma (ECG) é um exame que verifica a existência de problemas com a atividade elétrica do coração. É um procedimento rápido, simples e indolor, no qual os impulsos elétricos do coração são amplificados e registrados em um pedaço de papel.Cada batida do seu coração acontece por conta de um impulso elétrico naturalmente gerado por células especiais do seu coração. O impulso elétrico ativa células musculares a contrair e essa ação geral um novo impulso elétrico. O eletrocardiograma registra esses impulsos elétricos e mostra se o ritmo e intensidade destes estão dentro do normal. Pela avaliação da intensidade pode ser avaliado aumento ou diminuição dos músculos, assim como problemas que isolam a parte elétrica do coração.Geralmente, um ECG é pedido se houver suspeita de uma doença cardíaca ou como parte de um exame físico de rotina para a maioria das pessoas de meia-idade e mais velhas. -O eletrocardiograma pode ser usado para detectar ou acompanhar: Irregularidades no ritmo cardíaco (arritmia), seja por um coração acelerado (taquicardia), devagar (bradicardia) ou fora do ritmo Defeitos cardíacos Problemas com válvulas do coração Artérias bloqueadas ou estreitas no coração (doença arterial coronariana) Infarto em situações de emergência Infarto anterior Inflamação da membrana que envolve o coração (pericardite) Hipertrofia das câmeras cardíacas (átrios e ventrículos) Doenças genéticas Doenças transmissíveis (Doença de Chagas) Doenças que isolam o coração (derrame pericárdico ou pneumotórax) Aumento de cavidades cardíacas Patologias coronarianas Infarto do miocárdio Eletrofisiologia celular As células cardíacas, em seu estado de repouso, são eletricamente polarizadas, ou seja, o seu meio interno é carregado negativamente em relação ao seu meio externo. Esta polaridade elétrica é mantida pelas bombas de membrana que garantem a distribuição adequada de íons (primariamente potássio, sódio, cloro e cálcio) necessária para manter o meio interno dessas células relativamente eletronegativo. Esses íons passam para dentro e para fora da célula através de canais iônicos especiais na membrana celular. A célula cardíaca em repouso mantém a sua polaridade elétrica por meio das bombas de membrana. Essa bomba requer um suprimento constante de energia.As células cardíacas podem perder a sua negatividade interna em um processo chamado despolarização. A despolarização é o evento elétrico fundamental do coração.Em algumas células, conhecidas como célu-as marca-passos, ela ocorre espontaneamente. Em outras, é iniciada pela chegada de um impulso elétrico que leva íons carregados positivamente a atravessar a membrana celular. A despolarização é propagada de célula à célula, produzindo uma onda de despolarização que pode ser transmitida por todo o coração. Essa onda representa um fluxo de eletricidade, uma corrente elétrica, que pode ser detectada por eletrodos colocados na superfície do corpo. Após a despolarização estar completa, as células cardíacas 5 Lorena Leahy restauram a sua polaridade de repouso por meio de um processo chamado repolarização. Esse processo é realizado pelas bombas transmembrana, que invertem o fluxo de íons. Isso também pode ser detectado por eletrodos de registro. Todas as ondas diferentes que vemos em um ECG são manifestações destes dois processos: despolarização e repolarização As células do coração Do ponto de vista do eletrocardiografista, o coração consiste em três tipos de células. células de marca-passo – em condições normais, a fonte normal de eletricidade do coração;• células de condução elétrica – o circuito de fios do coração; células miocárdicas – a máquina contrátil do coração células miocárdicasvias de conduçãomarca-passo 6 Lorena Leahy Células de marca-passo -células de marca-passo são pequenas, de aproximadamente 5 a 10 mí-crons (μm) de comprimento. Essas células são capazes de se despolarizar espontaneamente de forma repetida. -A frequência de despolarização é determinada pelas características elétricas inatas da célula e por estímulo neuro- hormonal externo. Cada despolarização espontânea serve como fonte de uma onda de despolarização que inicia um ciclo cardíaco completo de contração e relaxamento. -Se o ciclo elétrico de despolarização e repolarização de uma única célula for registrado, como resultado, será obtido um traçado elétrico chamadode potencial de ação. Com cada despolarização espontânea, é gerado um novo potencial de ação, que, por sua vez, estimula as células vizinhas a se despolarizarem e a gerarem seus próprios potenciais de ação, e assim por diante, até que todo o coração tenha sido despolarizado -O potencial de ação da célula de marca-passo cardíaco parece um pouco diferente do potencial de ação genérico mostrado aqui. Uma célula de marca-passo não tem um potencial de repouso verdadeiro. A sua carga elétrica cai para um potencial negativo mínimo, o qual é mantido por um momento (ela não repousa) e se eleva gradualmente até que atinja o limiar para a despolarização súbita, que é o potencial de ação. -As células de marca-passo dominantes no coração estão localizadas em posição elevada no átrio direito. Esse grupo de células é chamado de nó sinoatrial (SA) também conhecido por nó sinusal. Essas células disparam normalmente em uma frequência de 60 a 100 vezes por minuto, mas a frequência pode variar muito, dependendo da atividade do sistema nervoso autônomo (p. ex., a estimulação simpática pela adrenalina acelera o nó SA, enquanto a estimulação vagal o desacelera) e das demandas corporais pelo aumento do débito cardíaco (o exercício eleva a frequência cardíaca enquanto um repouso vespertino a reduz) Células de condução elétrica -As células de condução elétrica são células finas, longas. Assim como os fios de um circuito elétrico, essas células transportam corrente de forma rápida e eficiente para regiões distantes no coração. -As células de condução elétrica dos ventrículos se juntam para formar vias elétricas distintas. As fibras de condução ventricular compreendem o sistema de Purkinje. As vias de condução nos átrios têm maior variabilidade anatômica; Cada célula no coração tem a capacidade de se comportar como uma célula de marca- passo. Essa capacidade automática, como é chamada, normalmente é suprimida, a não ser que as células dominantes do nó SA falhem ou que algo no ambiente interno ou externo de uma célula (estimulação simpática, doença cardíaca, etc.) estimule o seu comportamento automático. 7 Lorena Leahy proeminentes, entre essas, estão fibras do topo do septo intra-atrial, em uma região chamada feixe de Bachman, que permitem a rápida ativação do átrio esquerdo a partir do direito. Células miocárdicas -As células miocárdicas constituem a grande maioria do tecido cardíaco. Elas são responsáveis pelo trabalho pesado de contrair e relaxar repetidamente, fornecendo sangue ao resto do corpo. -Essas células têm, em média, de 50 a 100 mícrons (μm) de comprimento e contêm uma abundância das proteínas contráteis actina e miosina. Quando a onda de despolarização atinge uma célula miocárdica, o cálcio é liberado para dentro da célula, levando-a a se contrair. Esse processo, no qual o cálcio tem um papel fundamental como mediador, é chamado de acoplamento excitação-contração. - As células miocárdicas podem transmitir uma corrente elétrica do mesmo modo que as células de condução elétrica, mas o fazem com muito menos eficiência. Assim, uma onda de despolarização, ao atingir as células miocárdicas, irão se espalhar lentamente por todo o miocárdio 8 Lorena Leahy Tempo e voltagem -As ondas que aparecem em um ECG refletem primariamente a atividade elétrica das células miocárdicas, que compõem a vasta maioria do coração. A atividade de marca-passo e a transmissão pelo sistema condutor geralmente não são vistas no ECG; esses eventos simplesmente não geram voltagem suficiente para serem registrados pelos eletrodos de superfície. -As ondas produzidas pela despolarização e repolarização miocárdica são registradas no papel de ECG e, como qualquer onda, têm três características principais: 1. duração, medida em fração de segundos; 2. amplitude, medida em milivolts (mV); 3. configuração, um critério mais subjetivo que se refere à forma e ao aspecto de uma onda. 3-O que são, quais são e para que servem as derivações eletrocardiográficas? -A derivação é uma linha que une eletricamente os eletrodos ao aparelho de eletrocardiograma. Há a derivação bipolar, quando o potencial é captado por dois eletrodos e unipolar quando o potencial é captado por apenas um eletrodo, uma vez que o segundo esteja posicionado em um ponto eletricamente neutro. -O coração é estudado através de dois planos elétricos principais, o plano horizontal e o plano frontal. Derivações precordiais -Os potenciais gerados no coração são processados por uma série de dispositivos electrónicos para formar o ECG clínico. Esta actividade elétrica é captada por elétrodos posicionados na superfície e configurados de modos a obter vários tipos de derivações. -Quando a corrente elétrica se aproxima de um elétrodo positivo é registra como deflexão positiva; se se afasta do elétrodo positivo é registrado com deflexão negativa. -Cada derivação é a combinação de 2 elétrodos que registram uma corrente elétrica. As derivações do ECG podem ser subdivididas em dois tipos principais: bipolares e unipolares. O eletrocardiograma clinico padrão tem 12 derivações. Estas 12 derivações incluem três bipolares (derivações I, II e III), 6 unipolares (V1 a V6) e três unipolares modificadas (aVR, aVL e aVF) -Se a corrente elétrica se aproxima de um elétrodo positivo é registra como deflexão positiva; se se afasta do elétrodo positivo é registrado com deflexão negativa. Derivações Bipolares Derivação I: o elétrodo negativo é conectado ao braço esquerdo e o positivo no braço direito. Derivação II: o elétrodo negativo é conectado no braço direito e na perna esquerda fica conectado o elétrodo positivo. Derivação III: o elétrodo negativo é conectado no braço esquerdo e o elétrodo positivo na perna esquerda. http://www.angomed.com/wp-content/uploads/2015/05/deriva%C3%A7%C3%B5es-unipolares1.jpg 9 Lorena Leahy -As conexões elétricas para estas derivações são tais que o potencial na derivação II é igual a soma dos potenciais captados nas derivações I e III. -As três derivações bipolares podem ser arranjadas de tal modo que formem um triângulo, o triângulo de Einthoven, conforme ilustrado abaixo. Derivações Unipolares -São aquelas em que apenas um elétrodo contribui para o registro eletrocardiográfico, o outro elétrodo serve como neutro. Derivações unipolares aumentadas: são três: aVR (braço direito), aVL (braço esquerdo) e aVF (perna esquerda). Derivações Precordiais: são as derivações V1, V2, V3, V4, V5 e V6. São colocados 6 elétrodos exploradores em 6 pontos no tórax anterior, que registram o potencial elétrico em relação a um ponto de referência teórico zero. V1 está localizado no 4º espaço intercostal, imediatamente a direita do esterno; V2 está localizado no 4º espaço intercostal, imediatamente a esquerda do esterno; V3 é colocado entre V2 e V4; V4 é colocado no 5º espaço intercostal, na linha médio-clavicular esquerda; V5 é colocado também no 5º espaço intercostal na linha axilar anterior; V6 é colocado também no 5º espaço intercostal na linha axilar média. -As derivações V1 e V2 estão localizadas sobre o lado direito do coração e são chamadas de derivações precordiais direitas. -As derivações precordiais V4 e V5 se localizam sobre o septo interventricular, que é uma parede comum ao ventrículo direito e ao ventrículo esquerdo. -As derivações V5 e V6 estão localizadas sobre o lado esquerdo do coração e chamam-se derivações precordiais esquerdas. -Os quatro vetores cardíacos da ativação ventricular determinam nas derivações precordiais, deflexões com padrões mais ou menos constantes. Portanto, as ondas normais registradas nestas derivações são: • Em V1-V2: pequena positividade seguidade grande negatividade; • Em V3-V4: tendência de ser isodifásica com a fase inicial positiva; • Em V5-V6: pequena negatividade inicial, grande positividade, podendo ou não haver pequena negatividade terminal. -A atividade elétrica gerada durante o ciclo cardíaco é caracterizada por cinco deflexões distintas, denominadas de ondas eletrocardiográficas, as quais são designadas pelas letras “P”, “Q”, “R”, “S” e “T”. II = I + III 10 Lorena Leahy -As derivações bipolares (I, II e III) e as unipolares aumentadas (aVR, aVL e aVL) representam as 6 derivações do plano frontal do corpo. As 6 derivações precordiais formam o plano horizontal. Derivações especiais -Em certas situações é necessária a utilização de derivações adicionais ou até mesmo reposicionar os elétrodos para outras regiões do tórax de modos a obter uma melhor informação sobre a atividade elétrica do coração. Derivações V7, V8 e V9: as três estão no mesmo nível de V6, sendo que V7 deve estar na linha axilar posterior, V8 imediatamente abaixo da espinha da escápula e V9 na borda lateral da coluna vertebral. Estas derivações são usadas para o diagnóstico de IAM da parede póstero-lateral, e devem ser solicitados quando está presente um infradesnível do segmento ST nas derivações V1 a V3. Derivações precordiais direitas V3R, V4R, V5R e V6R: os elétrodos são colocados nas mesmas posições correspondentes do lado direito. Estas derivações são úteis para o diagnóstico de IAM do ventrículo direito, dextrocardia e hipertrofia do VD. Derivação de Lewis: usada para registrar melhor a onda P, o elétrodo do braço direito é colocado no 2º espaço intercostal direito e o elétrodo do braço esquerdo no 4º espaço intercostal direito. Neste usa-se a derivação I para registro. Derivação de Fontaine: usado para registrar a onda épsilon em pacientes com displasia arritmogénica do ventrículo direito. O elétrodo do braço direito é posicionado no manúbrio esternal e o elétrodo do braço esquerdo no apêndice xifoide. Adicionalmente o elétrodo da perna pode ser colocado na posição de V4. Usam-se as derivações I, II e III para registro. http://www.angomed.com/wp-content/uploads/2015/05/planos-frontal-e-horizontal.jpg http://www.angomed.com/wp-content/uploads/2015/05/Deriva%C3%A7%C3%B5es-especiais.jpg 11 Lorena Leahy 4-Como analisar as ondas P, o segmento/intervalo PR, o complexo QRS, o segmento ST, a onda T, o intervalo Q-T. As ondas “P” - é um registro da disseminação da despolarização pelo miocárdio atrial do início ao fim. Como o nó SA está localizado no átrio direito, esse começa a se despolarizar antes do átrio esquerdo e também termina mais cedo. Portanto, a primeira parte da onda P representa, predominantemente, a despolarização do átrio direito e a segunda parte representa a despolarização do átrio esquerdo. Quando a despolarização atrial está completa, o ECG se torna eletricamente silencioso. Uma pausa separa a condução dos átrios dos ventrículos Em corações saudáveis, há um portão elétrico na junção dos átrios com os ventrículos. A onda de despolarização, tendo completado a sua jornada pelos átrios, é impedida de se comunicar com os ventrículos pelas válvulas cardíacas que separam os átrios dos ventrículos. A condução elétrica deve ser canalizada pelo septo interventricular, a parede que separa os ventrículos direito e esquerdo. Aqui, uma estrutura chamada nó atrioventricular (AV) diminui a velocidade de condução para um rastejo. Essa pausa dura apenas uma fração de um segundo. Esse retardo fisiológico na condução é essencial para permitir que os átrios terminem a sua contração antes que os ventrículos comecem a se contrair. O inteligente sistema de fiação elétrica do coração permite que os átrios esvaziem completamente o seu volume sanguíneo dentro dos ventrículos antes que estes se contraiam. Assim como o nó SA, o nó AV também sofre a influência do sistema nervoso autônomo. A estimulação vagal reduz a velocidade da corrente ainda mais, e a estimulação simpática acelera a corrente. 12 Lorena Leahy Complexo QRS -Após cerca de um décimo de segundo, a onda de despolarização escapa do nó AV e é disseminada rapidamente para os ventrículos por meio de células especializadas do tecido de condução elétrica. -Esse sistema de condução ventricular tem uma anatomia complexa, mas consiste essencialmente em três partes: 1. feixe de His; 2. ramos do feixe; 3. fibras terminais de Purkinje -O feixe de His emerge do nó AV e quase imediatamente se divide em ramo direito e ramo esquerdo. O ramo direito leva a corrente para baixo pelo lado direito do septo interventricular até o ápice do ventrículo direito. -O ramo esquerdo é mais complicado. Ele se divide em três fascículos: 1. fascículo septal, que despolariza o septo interventricular (a parede muscular que separa os ventrículos direito e esquerdo) em uma direção esquerda-direita; 2. fascículo anterior, que corre pela superfície anterior do ventrículo esquerdo; 3. fascículo posterior, que cobre a superfície posterior do ventrículo esquerdo. -Os ramos direito e esquerdo e seus fascículos terminam em inúmeras fibras de Purkinje, que lembram pequenos galhos saindo dos ramos de uma árvore. Essas fibras fornecem a corrente elétrica para o miocárdio ventricular. -A despolarização do miocárdio ventricular produz a contração ventricular. Ela é marcada por uma grande deflexão no ECG chamada de complexo QRS. A amplitude do complexo QRS é muito maior do que a da onda P porque os ventrículos têm muito mais massa muscular do que os átrios. -As partes do complexo QRS: 1. Se a primeira deflexão for para baixo, é chamada de onda Q. 2. A primeira deflexão para cima é chamada de onda R. 3. Se houver uma segunda deflexão para cima, ela é chamada R’ (R linha). 4. A primeira deflexão para baixo, após uma deflexão para cima, é chamada de onda S. Portanto, se a primeira onda do complexo for uma onda R, a deflexão seguinte para baixo é chamada onda S e não onda Q. Uma deflexão para baixo só pode ser chamada de onda Q se for a primeira onda do complexo. Qualquer outra deflexão para baixo é chamada de onda S. 5. Se toda a configuração consistir unicamente em uma deflexão para baixo, a onda é chamada de onda QS. 13 Lorena Leahy As ondas “T” -Após as células miocárdicas se despolarizarem, passam por um curto período refratário durante o qual elas são resistentes a outra estimulação. Elas, então, se repolarizam, ou seja, elas restauram a eletronegatividade do seu interior de modo que possam ser reestimuladas. Assim como há uma onda de despolarização, há também uma onda de repolarização. Isso também pode ser visto no ECG. A repolarização ventricular inscreve uma terceira onda no ECG, a onda T. -A repolarização ventricular é um processo muito mais lento do que a despolarização ventricular. Portanto, a onda T é mais larga do que o complexo QRS. A sua configuração também é mais simples e mais arredondada, como a silhueta de um morro suave quando comparada com o contorno agudo, irregular e, frequentemente, intricado do complexo QRS. Linhas e retas: -As diferentes linhas retas que conectam as várias ondas também receberam nomes. Assim, falamos do intervalo PR, do segmento ST, do intervalo QT. O que diferencia um segmento de um intervalo? Um segmento é uma linha reta que conecta duas ondas, ao passo que um intervalo engloba pelo menos uma onda mais a linha reta de conexão O intervalo PR engloba a onda P e a linha reta que a conecta ao complexo QRS. Portanto, ela mede o tempo desde o início da despolarização atrial até o início da despolarização ventricular. O segmento PR é a linha reta que vai do final da onda P até o iníciodo complexo QRS. Ele, dessa forma, mede o tempo do final da onda de despolarização atrial até o início da despolarização ventricular O segmento ST é a linha reta que conecta o final do complexo QRS com o começo da onda T. Ele mede o tempo do final da despolarização ventricular até o início da repolarização ventricular. O intervalo QT inclui o complexo QRS, o segmento ST e a onda T. Ele mede, assim, o tempo do início da despolarização ventricular até o final da repolarização ventricular.O termo intervalo QRS é usado para descrever a duração apenas do complexo QRS sem qualquer segmento de conexão. Obviamente, ele mede a duração da despolarização ventricular. 14 Lorena Leahy As ondas “Q” -indicam a primeira deflexão negativa após a onda P; As ondas “R” -indicam primeira deflexão positiva após a onda P; As ondas “S” -indicam a primeira deflexão negativa após uma deflexão positiva que não a onda P e as ondas “T” indicam a repolarização ventricular e atrial. 5) O que é a onda U? - Última e menor deflexão do ECG que, quando presente, inscreve-se logo após a onda T e antes da P do ciclo seguinte, de igual polaridade à T precedente e de amplitude entre 5% e 25% da mesma, na maioria das vezes. Geralmente visível apenas em frequências cardíacas baixas, tem sua gênese atribuída a: a) Repolarização tardia das fibras de Purkinje; b) Repolarização demorada dos músculos papilares; c) Potenciais residuais tardios do septo; d) Acoplamento eletromecânico; e) Atividade das células M; f) Pós-potenciais de atividade gatilho ("triggered activity")
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