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1 FERNANDA MAGNI BERTHIER POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO I Fernanda Magni Berthier Professor Reverbel 2018/1 2 FERNANDA MAGNI BERTHIER SUMÁRIO 1. A DISCIPLINA ‘POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO’ ........................................................................................... 3 1. 1. PTE COMO CIÊNCIA .............................................................................................................................................. 3 1. 2. O OBJETO MATERIAL DA PTE ................................................................................................................................ 4 1. 3. CONTEÚDO DA PTE: MODOS DE CONCEBÊ-LO ..................................................................................................... 5 2. TIPOS DE UNIDADES POLÍTICAS ATÉ AS REVOLUÇÕES LIBERAIS ................................................................. 8 2. 1. UNIDADE POLÍTICA ANTIGA .................................................................................................................................. 8 2. 2. REINO MEDIEVAL FEUDAL .................................................................................................................................. 10 2. 3. ESTADO BUROCRÁTICO CONCENTRADO TERRITORIAL NACIONAL MODERNO .................................................. 15 3. DIVISÃO DOS PODERES ............................................................................................................................... 19 3. 1. ESTADO CONCENTRADO .................................................................................................................................... 19 3. 2. BIPARTIÇÃO DOS PODERES: PERDE LEGISLATIVO .............................................................................................. 19 3. 3. TRIPARTIÇÃO DOS PODERES: PERDE JUDICIÁRIO ............................................................................................... 20 3. 4. TETRAPARTIÇÃO DOS PODERES: PERDE FUNÇÃO GOVERNATIVA ..................................................................... 21 3. 5. PENTAPARTIÇÃO DOS PODERES: PERDE FUNÇÃO ADMINISTRATIVA ................................................................ 22 3. 6. HEXAPARTIÇÃO DOS PODERES: DIVIDE MODERADOR ....................................................................................... 23 4. TIPOS DE ESTADO DESDE AS REVOLUÇÕES LIBERAIS ................................................................................. 24 4. 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................................................................................................................... 24 4. 2. COMPARAÇÃO ELC, ELP e ESC ............................................................................................................................ 26 4. 3. TIPOS PATOLÓGICOS DE ESTADO ....................................................................................................................... 27 3 FERNANDA MAGNI BERTHIER RESUMO PTE I FERNANDA MAGNI BERTHIER – 2018/1 1. A DISCIPLINA ‘POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO’ 1. 1. PTE COMO CIÊNCIA • A disciplina Ciência Política: o Gênese histórica: 3 fases: § 1afase: de Aristóteles (384 a.C. – 332 a.C.) até o início do século XIX: ⇒ Ao estudarem política, estudavam a pólis (Cidades-Estados gregas) e, inconscientemente, filosofia política, sociologia e ciência política. Essas disciplinas eram ramos do conhecimento misturados, filosofam sobre a política. § 2a fase: ao longo do século XIX: ⇒ Sociologia como ramo autônomo do conhecimento; ⇒ Augusto Comte: sociologia trabalha em órgãos suprapartidários. Para uma sociedade progredir, ela teria que buscar o consenso. § 3a fase: ao longo do século XX, nos EUA: ⇒ Surge pelo estudo dos anglo-saxônicos sobre as relações de poder entre as sociedades políticas a partir do momento em que os EUA se tornam a potência dominante. A Liga das Nações, na qual os EUA não estavam inclusos, entre outros fatores, desgastou sua imagem. ⇒ Estudo das relações entre os Estados: IPSA (International Political Science Association) e APSA (American P.S.A). ⇒ Criação da ONU – Conselho de Segurança – Ideologia de paz perpétua entre os povos. o Posição curricular da CP no Brasil e no RS: Entrou no Brasil e no RS após a II Guerra Mundial; até hoje, poucas universidades a têm como autônoma. o Objeto da CP: § Material (segmento da realidade objetiva a ser estudado): Sociedade § Formal (perspectiva de pesquisa): Relações de poder “A ciência política dentro e fora das universidades onde em umas poucas conseguiu ser disciplina autônoma despertam a natural perplexidade. Quanto ao objeto, o conteúdo e a finalidade, mesmo entre o s especialistas, não se conseguiu ainda um acordo definitivo, e para muitos permanece mais ou menos incógnita. “ Darcy Azambuja. • A disciplina Teoria Geral do Estado: o Gênese histórica: § Surgiu no começo do século XIX, na Alemanha, no momento histórico da unificação. § Objetivo de ajudar as lideranças alemãs a construir um Estado que unisse os pequenos povos. Política e Teoria de Estado 1 4 FERNANDA MAGNI BERTHIER o Posição curricular da TGE no Brasil e no RS: Instituída por Getúlio Vargas em 1940, com o decreto-lei 2639, que dividiu a Disciplina Direito Público Constitucional em TGE e Direito Constitucional, porque queria evitar que os professores falassem da Constituição Outorgada de 1937, apelidada de Polaca. o Objeto da TGE: § Material (segmento da realidade objetiva a ser estudado): Estado § Formal (perspectiva de pesquisa): generalidade de conceitos relacionados ao Estado. Síntese, compilação, qualificativo geral. “A Teoria Geral do Estado é uma disciplina de síntese, que sistematiza conhecimentos jurídicos, filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, antropológicos, econômicos, psicológicos, valendo - se de tais conhecimentos para buscar o aperfeiçoamento do Estado, concebida ao mesmo tempo como um fato social e uma ordem que procura atingir os seus fins com eficácia e com justiça. “ Dalmo de Abreu Dallari • A disciplina Política e Teoria de Estado: o Gênese histórica: § Em 1994, a portaria 1886 do MEC determinou a junção das disciplinas TGE e CP. o Posição curricular da PTE no Brasil e no RS: § Varia de acordo com a universidade. o Objeto da PTE: § Material (segmento da realidade objetiva a ser estudado): Sociedade + Estado § Formal (perspectiva de pesquisa): relações de poder e generalidades de conceitos do Estado 1. 2. O OBJETO MATERIAL DA PTE • O termo “Estado”: o O primeiro a usar o termo foi Maquiavel, na obra “O Príncipe”. Ele sonhava com uma Florença unificada e desvinculo a ética da política. o Sentido Amplíssimo: toda sociedade politicamente organizada que tiver um poder de mando. o Sentido Amplo: comunidade com consciência de unidade, com um território delimitado por fronteiras e dotado de poder político soberano e de operacionalidade burocrática – Tratado de Vestfália. o Sentido Estrito: apenas uma parte da sociedade política que detém o poder coercitivo. o Sentido Estritíssimo: poder jurídico que o Direito Público institui. • Diferentes conceitos: o George Jellinek: “Estado é povo, território e poder de mando. “ o Leon Duguit: “O Estado é um grupo fixado em determinado território onde os mais fortes exercem poder sobre os mais fracos. “ o John Locke: “O Estado é um corpo político único dotado de legislação e força concentrada para preservar a propriedade. “ o Machado Palpério: “Instituto temporal dotado de poder soberano que representa a comunidade. “ o Manoel Gonçalves Ferreira Filho: “Associação humana que compreende povo e território vivendo sob o comando de uma autoridade ou de uma soberania. “ o Max Weber: “Organização que conta com o monopólio da violência legítima atravésdas instituições polícia, força armada e tribunal. “ o George Burdeau: “Nação institucionalizada jurídica e politicamente organizada. “ o Hegel: “É a suprema encarnação da ideia. “ o Immanuel Kant: “Reunião de homens submetidos à lei e ao direito. “ 5 FERNANDA MAGNI BERTHIER • Definição pelas 5 causas: o Causa material: povo ou sociedade – Teoria Social; o Causa formal: soberania territorial – Teoria Política; o Causa final: bem comum – Teoria Teleológica; o Causa eficiente: natureza social humana – Teoria Justificativa; o Causa instrumental: Direito + escaloneamento de leis – Teoria Jurídica. 1. 3. CONTEÚDO DA PTE: MODOS DE CONCEBÊ-LO • Unidimensionais: o Ponto de vista reducionista. o Kelsen: § Visão jurídica, lógica, normativa; § Estado como escalonamento de normas; § Uma norma só é uma norma porque encontrou fundamento de validade em outra norma; § Todas as normas do ordenamento jurídico são normas de criação e de execução, exceto a primeira (que só cria) e a última (que só executa); § Norma fundamental: pressuposto lógico de todas as normas (constituição, por exemplo). Quem cria essa norma é a própria sociedade. Assim, seu fundamento de validade é ético, moral, seguir um direito natural. O poder de fazer a constituição vem do povo (sociedade). o Comte: § Dimensão Social: Estado pela sociedade e sua organização. § Tudo no Estado era um problema social. o Marx: § Dimensão Econômica: Estado é um aspecto da superestrutura das relações econômicas. § O problema do Estado era a mais valia, luta de classes. Sua visão de Estado era extremamente focada na economia. Para ele, o Direito sói valeria se relacionado à economia. • Bidimensionais: o Jellinex: Dimensão Jurídica de Kelsen + Dimensão Social: § Se o Estado é escaloneamento, ele também é influenciado pela base (sociedade), ou seja, existe uma relação entre fatos e valores. Dizia que o ordenamento jurídico não era apenas lógico-dedutivo, mas também tem um sentido teleológico (a ideia de buscar fins, ética, valores do Estado). N.F. Constituição Leis Comuns Leis Ordinárias Emendas Constitucionais Decretos Portarias Ordens de Serviços 6 FERNANDA MAGNI BERTHIER • Tridimensionais: o Miguel Reale: Direito composto por fatos, valores e normas, de influência recíproca, que constituem uma causa circular cumulativa positiva (virtuosa) ou negativa (viciosa). NORMAS (Kelsen) + VALORES (Jellinek) + FATOS (Reale) o Por qual dos três a reforma deve começar? § Pelas normas! Mudar as normas é veloz e instrui os indivíduos a agirem de uma determinada maneira, pois, caso contrário, sofrerão punições. ⇒ Exemplo disso é beber e dirigir: é mais fácil proibir essa prática cobrando dinheiro dos infratores, por exemplo, do que esperar uma mudança nos valores da sociedade. § Os valores são os mais contra-indicados para isso, pois leva décadas, ou até mesmo séculos, para alterar o conjunto moral de qualquer sociedade. As normas são prontamente implementadas. • Pentadimensionais: o Saldanha: cinco causas: § Junta as 4 causas de Aristóteles (material, formal, final e eficiente) com a instrumental de Tomás de Aquino. § Causas material e formal são intrínsecas ao Estado, inerentes ao ser. § Causas eficiente, final e instrumental são extrínsecas ao Estado, se realizam a partir dele. 7 FERNANDA MAGNI BERTHIER § Causa Material: ⇒ É o povo e o território, pois, sem uma sociedade e um território, não há como constituir-se materialmente o Estado. ⇒ Teoria Social: unidade didática que estuda a composição e o funcionamento da sociedade. ⇒ Seu aspecto de entendimento do Estado é enquanto fenômeno, visto que se origina a partir de um povo e território. § Causa Formal: ⇒ Indispensável à definição da material: é inviável conceber uma estrutura constituída por entes reais sem formato, sem desenho, sem ser capaz de diferenciá-lo. ⇒ Trata do porquê do Estado ser o que é, sem ser outra coisa. Resposta morfológica (estudo da forma): o que submete o povo em um determinado território ao Estado é a soberania. ⇒ Teoria Política: unidade didática que estuda a sociedade a partir das relações de poder. ⇒ O aspecto do Estado aqui é seu entendimento enquanto organização, visto que a soberania só pode ser exercida a partir da organização da estrutura estatal em relação ao povo e território por este ocupado, estando esta soberania delimitada por fronteiras. § Causa Final: ⇒ Indagação de para que existe o Estado – sua resposta é evidentemente qual a finalidade dele. Sendo o Estado esta instituição soberana constituída por um povo e território, ele não pode ser um fim por si só, então entende-se que tem de ser um meio para fim – ou fins. O fim a que ele visa é o bem comum, a dignidade da pessoa humana, direitos invioláveis como a vida, a igualdade, a dignidade, a segurança, a honra, a liberdade e a propriedade, como listados no artigo 5° da Constituição de 88. ⇒ O Estado deve visar que os indivíduos estejam em certo patamar de igualdade de oportunidades, servindo à sociedade meios para que suas necessidades básicas de sobrevivência, dignidade e desenvolvimento sejam atendidas de modo que possam realizar suas vidas como indivíduos dotados de qualidades. § Causa Eficiente: ⇒ Responde à indagação de quem fez/faz o Estado: ele se origina a partir da natureza social humana, visando a um meio para atingir seus fins comuns. ⇒ O ser humano depende de outros para sobreviver, por isto, se associa. O desenvolvimento de uma comunidade, à medida que se torna mais complexo e a população aumenta, bem como suas tarefas, direitos e obrigações, depende exclusivamente de um Estado a partir de que, sem este, não é possível haver ordem, pois não há senso de regras comuns partindo de uma autoridade soberana sem que haja Estado e Direito. § Causa Instrumental: ⇒ Questiona de que maneira o Estado é e de que forma ele funciona: metodologia operacional do Estado: ⇒ Teoria Jurídica: o que delibera ao Estado a capacidade de operação são as leis, ou seja, o Direito, entendido como metodologia operacional do Estado, responsável pelo escalonamento e sistematização das leis responsáveis para sua manutenção. ⇒ O Estado deve ser entendido enquanto ordenamento jurídico e estudado profundamente através de todas as disciplinas jurídicas. O Estado é um povo inserido dentro de um determinado território (CAUSA MATERIAL), dotado de soberania, proteção na ordem interna e externa (CAUSA FORMAL), que tem por finalidade realizar o bem individual do ser humano a partir do bem comum (CAUSA FINAL), fruto da natureza social do humano (CAUSA EFICIENTE), constituído e operado por todas as ciências jurídicas, buscando um melhor ordenamento estatal (CAUSA INTRUMENTAL). 8 FERNANDA MAGNI BERTHIER 2. TIPOS DE UNIDADES POLÍTICAS ATÉ AS REVOLUÇÕES LIBERAIS 2. 1. UNIDADE POLÍTICA ANTIGA • Unidade Política Antiga Oriental – UPAO: o Egito, Assíria/ Caldéia, Israel, Pérsia, China, ... o A partir de por volta de 4.000 a.C. o Unidade Política mal-delineada em sua fisionomia política: religião, economia, ciência, arte, ética, ... formam um conjunto impreciso, sem diferenciação concreta (carência prática de especificidade política). o Preponderância da religião sobre as outras disciplinas, explicações pelo divino: tudo acontecia por vontade divina. o Organização geralmente autocrática ou monárquica despótica. § Teocracia, predomínio da casta sacerdotal. § Violação de vários direitos fundamentais. • Unidade Política Antiga Grega – UPAG: o Ausência de uma Unidade Política grega: multiplicidade de Cidades-Estados, partilhando a mesma tradição cultural (instituições sociais e religiosas comuns), em alianças e guerrasconstantes; o Pólis: § Denominação de Unidade Política cingida aos limites de uma cidade, um todo genérico (econômico, social e cultual), capaz de sustentar e garantir vida autônoma, bastante em si, por meio de uma atividade com um poder específico – a política; o Ruptura: religião, moral, política e economia ainda se mesclam na prática, mas as autoridades não têm mais caráter divino. o Politéia: visão clássica da “democracia” grega: § Participação dos cidadãos na vida da polis de forma direta (assembleias populares na ágora ou na praça); § Cidadãos minoria: excluíam-se estrangeiros, mulheres e escravos; § Escravidão propiciava o tempo livre para os cidadãos dedicarem-se à política. Não tinha tratamento sub- humano tal como na colonização; § Inexistência da concepção de Pessoa Humana, com dignidade e direitos fundamentais; § Tese de Aristóteles: eudaimonia como fim do ser humano e felicidade como fim da pólis; § Tese de Benjamin Constant: liberdade dos antigos (participação política direta dos cidadãos nas assembleias) X liberdade moderna (autonomia do ser humano frente ao Estado); § Tese de Fustel de Coulanges: o grego, mesmo o cidadão, era um escravo do Estado. o Labor: casa era espaço do labor, do trabalho, que deveria ser ocupado para adentrar na vida pública, até porque não havia remuneração para aqueles que exercessem atividade política. o Separação entre público e privado: § Público (Keinon): espaço onde os cidadãos deliberavam sobre a pólis na Ágora, na Eclésia. Só saía do espaço privado para o público aquele que já tivesse seu espaço privado preenchido (labor) e tivesse tempo livre. § Privado (Idion): espaço onde ficavam as mulheres, crianças, escravos, estrangeiros capturados e homens dependentes. o Não ensinavam Direito, apenas retórica, dialética, filosofia. Os processos eram comandados por leigos, visto que não havia “técnicos do direito”. o Assembleias populares em que todos eram ouvidos, demorando cerca de 3 dias para um assunto ser resolvido. RELIGIÃO CIÊNCIA POLÍTICAÉTICA ARTE ECONOMIA 9 FERNANDA MAGNI BERTHIER • Unidade Política Antiga Romana –UPAR: o Civitas: a unidade política global, formada pela reunião de famílias em tribos, e de tribos em gentes. Originou a cidade. o Desenvolvimento do Direito e da Política em Roma, na busca de soluções concretas e pragmáticas, quanto à exterioridade das ações humanas, visando a ordenar um convívio legal, pacífico, civilizado. o Contribuição à TGE: § Distinção Estado e Direito da moral; § Distinção Estado dos indivíduos que o compõe; § Distinção Direito Público do Privado; § Noção de Direitos Políticos e de Direitos Civis (não a de Direitos Fundamentais); § Ideia de nacionalidades que, respeitadas, convivem sob mando político unificado, embora persistisse o grande paradoxo romano: um mundo governado pelas instituições de uma cidade (nunca houve autênticas instituições de império). LIBERDADE DOS ANTIGOS X LIBERDADE DOS MODERNOS -Liberdade = cidadania como poder de participação na esfera pública: sair do espaço privado e ingressar no espaço público. PARTICIPAÇÃO POLÍTICA -Liberdade = autonomia. -No contexto absolutista com limites, impostos, direito, ..., era repelir a influência do Estado na vida privada. AUTONOMIA GRÉCIA X ROMA • Gregos: o Filosofia especulativa (teóricos); o Não existia uma classe de juristas: não há treinamento jurídico, academia jurídica, escolas de juristas ou técnica de ensino de Direito; o Escolas de retórica, dialética e filosofia; o Costume de decorar discursos, poemas, .... As leis de Sólon, por exemplo, eram ensinadas com poemas para facilitar a memorização. Todos deveriam conhecê-las. o Julgamentos funcionavam como um tribunal de júri atual: pessoas leigas deveriam ser convencidas por discursos persuasivos. • Romanos: o Filosofia prática; o Formavam juristas, ensinavam Direito, compilavam leis. o Justiniano: primeiro a arquivar, somar e compilar as leis em códigos, que normatizavam comportamentos. o Dever dos juristas comentar os códigos = nascimento dos glosadores. • Conclusão: contribuição jurídica é principalmente romana, enquanto a filosófica, principalmente grega. 10 FERNANDA MAGNI BERTHIER 2. 2. REINO MEDIEVAL FEUDAL • Visão da Idade Média: o Os autores costumam enxergá-la com muito preconceito, como se fosse o intermédio entre a Idade Antiga e a Idade Moderna. No entanto, ela não foi “média” coisa alguma: ela foi uma rotulação imposta a posteriori, com desprezo. Essa denominação nasceu no século XVI, por Giorgio Vazzari, italiano, no contexto do Renascimento – “se algo está renascendo, é porque morrera e permanecera morto durante certo período. ” o Primeira utilização do termo: Cristopher Keller – “medii aevi”: comparando a Idade Antiga com a Idade Moderna, considera a Idade Média como uma interrupção do processo humano. o Definições autores séc. XVIII: § “Sem religião, seríamos um pouco mais felizes. “ – Denis Diderot § “A humanidade sempre marchou em direção ao progresso, exceto no período no qual predominou o cristianismo. “ – Condorcet § “Os papas eram um símbolo do fanatismo e do atraso naquela fase histórica. É uma prova da divindade de seus caracteres terem subsistido a tantos crimes. “ – Francois Voltaire § A ruptura feita pela ideologia iluminista foi tamanha a ponte de nomearem seu período de “era da razão”. Culto exacerbado pela ciência, razão, cientificismo, laicismo, individualismo, empirismo, ... o Definições autores séc. XIX: § “Noite da Idade Média, que seja. Mas era uma noite resplandecente de estrelas. ” – Lessing § “Idade Média: aquilo que amamos, aquilo que nos amamentou quando pequenos, aquilo que foi nosso pai e nossa mãe, aquilo que nos cantava tão docemente no berço” – Michelet § Descobrindo-se que, na Idade Média, surgiram as nacionalidades que uniam os Estados Modernos, gerou- se certo reconhecimento do valor da Idade Média, no sentido de recuperar alguns de seus valores o No século XX, os autores passaram a enxergar a Idade Média com os olhos dela própria. • Fases Ocidente Medieval: FASE CARACTERÍSTICA SÉCULOS ANOS Prima Idade Média Caos Sécs V, VI, VII, VIII Até 800 Alta Idade Média Ordem Sécs IX, X, XI Até 1100 Média Idade Média Apogeu Sécs XII, XIII Até 1300 Baixa Idade Média Declínio Sécs XIV, XV, XVI Até 1600 o Prima: desestruturação romano-germânica, nascimento das civilizações, grande desestruturação. o Alta: forte declínio demográfico (doenças, condições climáticas rigorosas, dificuldades na plantação, escassez alimentar) e tentativa de instauração da ordem. o Média: construção de cidades e boom econômico. o Baixa: peste negra bubônica e pneumática e avanço do absolutismo. • Períodos históricos: falta de consenso: o Início: § 330: liberdade de culto dos cristãos § 392: oficialização do cristianismo § 476: deposição do último imperador romano do Ocidente § 698: conquista muçulmana de Cartago o Término: § 1453: queda de Constantinopla e fim da Guerra dos 100 Anos § 1492: descoberta da América § 1517: início Reforma Protestante 11 FERNANDA MAGNI BERTHIER Nobreza Camponeses e Servos • Características Gerais do Feudalismo: o Economia: § Predomínio atividades agrícolas; § Atividades comerciais dependiam dos feudos; § Atividades industriais inexistiam; § Desenvolveram-se, com o tempo, as corporações de ofício (tataravós dos sindicatos). o Sociedade: § Setor rural predomina sobre o urbano, que vai crescendo com o tempo. § Divisão estamental; § Principais posições sociais: ⇒ Senhores feudais: • Administram os feudos, cobram impostos e taxas, julgam e executam; • Eram das camadas superiores (clero e nobreza). ⇒ Servos: • Trabalham nos feudos, pagam impostos;• Moram por enfiteuse: espécie de contrato na terra do senhor feudal. o Cultura: § Forte influência dos valores do cristianismo latino (teocentrismo); § Auge cultural século XIII, com Tomás de Aquino. o Direito: § O direito medieval é costumeiro, não escrito. § Direito aplicado pelo senhor feudal dentro do feudo, ou seja, fazia muita diferença viver em um feudo A ou B. § No século XI medieval, nascem as duas grandes famílias do direito: Costumeiro (Common Law) e Positivado/ Romano-germânico (Civil Law). ... os que oram ... os que guerreiam ... os que trabalham Clero 12 FERNANDA MAGNI BERTHIER • As sociedades são conflitantes, e, por isso, o Direito é necessário para resolver a situação. Ele tem 4 fases: • Sistema Romano-Germânico: o Predominam as fases 3 e 4, ou seja, o sistema nasce na lei e se aplica na sociedade. o Quem faz o direito é a lei, e a jurisprudência é uma fonte secundária de direito. o O direito nasce no Estado. • Sistema Common Law: o Nasce no norte da Inglaterra, em 1066, com a invasão de Guilherme, O Conquistador, saxão que traz um direito costumeiro. Cada feudo tinha seus próprios costumes e, consequentemente, seu próprio direito. A partir do século XI começa a surgir um Direito Comum, mais universal, que servisse para todos. o Predominam as fases 1 e 2, ou seja, o sistema nasce na sociedade e se torna lei. o Quem faz o direito são os juízes eleitos, e não somente a lei, a partir de sua jurisprudência (decisão de um prudente). o O direito nasce na Sociedade. o Common Law é o “direito da paz”, então, visando ao bem comum, a morte de um criminoso é justificável: não se preocupam tanto com o direito individual, mas com o direito social, por isso, não são aceitas atitudes e pessoas que atrapalhem a ordem social. DIREITO BRUTO •Direito "com as próprias mãos" •Falta de Força Executiva DIREITO DOS JURISTAS •Feito por operadores do direito com Força Executiva DIREITO LEGISLADO •Jurisdição e jurisprudência •Sedimentação em forma de lei DIREITO VIVO •Legislação conjugada com interpretações e entendimentos 13 FERNANDA MAGNI BERTHIER • Características Políticas do Reino Medieval Feudal: o Fragmentação territorial do poder em feudos: § Descentralização territorial máxima: cada feudo era a propriedade privada de um senhor feudal; § O rei era um senhor entre os senhores feudais, mas, do ponto de vista econômico-sócio-político, ele não tinha mais poderes que os demais senhores feudais; § Senhores feudais conquistam, aos poucos, poder, assumindo funções políticas (especializações administrativas e judiciais); § Origem com Carlos Magno: distribui terras a nobres e amigos, tornando-os senhores. Com o tempo, esses feudos foram se descentralizando, e cada senhor se tornou proprietário daquela área. § Crise da falta de Estado: como se construiria uma estrada? ⇒ Cada senhor constrói a sua parte. ⇒ Não há um rei com maiores poderes para ordenar a construção e, muitas vezes, ele era até mais pobre que alguns senhores. o Sucessão Monárquica: § No início da Idade Média, não haviam regras exatas sobre sucessão, o que acabava gerando gerras: os mais fortes acabavam se impondo, conseguindo o consentimento e se tornando reis. § Com o tempo, se descobriu a monarquia hereditária, na qual o rei vinha de uma família e isso resolvia muitos problemas de sucessão: basicamente, o filho mais velho se tornava o rei. Essa forma demorou a ser generalizada, e, mesmo assim, ainda gerou algumas problemas de contestação de sucessão o Hierarquização da sociedade política: § Estrutura escalonada de ordem moral, tecida em uma rede complexa de contratos e pactos, escritos e costumeiros (mais costumeiros do que escritos), tudo fundado em relações de cunho pessoal (ligeâncias não-territoriais). § O poder se dava sobre as pessoas, não estava vinculado ao território. Era moral, não físico. § Estrutura converge para o rei, no topo, que mantém a estrutura de pé. Autoritas: poder da realeza: o rei não está no poder pelo medo das pessoas em relação a ele, mas sim, pela sua autoridade moral. § O rei é como uma abóbada: com o peso natural da sua autoridade jurídico-moral, enlaça todo o conjunto. Ao tirar uma peça, toda a estrutura cai. 14 FERNANDA MAGNI BERTHIER o Origem das cortes: § Fruto do pacto de 4o grau, nasce a função do rei de justiça de 2o grau, uma justiça de recursos – cortes reais, tribunais reais. § A origem das cortes, câmaras e parlamentos advém da função dos senhores feudais de controlar os gastos do rei. o Costumes: § O RMF é um tecido costurado através dos costumes e dos pactos, escritos (Magna Carta) ou não escritos. § O Direito é feito de costumes. Pacto de 1o grau: servos na base devido à insegurança física, moravam (por enfiteuse) e trabalhavam nos feudos em troca de proteção dos Senhores Feudais. Metade das terras dos feudos era enfiteuse (espécie de contrato) dos servos, ou seja, eles não poderiam ser retirados dessas terras pois tinham direitos reais sobre elas. Nestas, o senhor tinha apenas domínio eminente. Já a outra metade das terras era do senhor, e o servo apenas trabalhava. Pacto de 2o grau: Senhores feudais hierarquizados como pequenos vassalos e grandes suseranos, também atados por direitos e deveres recíprocos. Os mais fracos prestavam lealdade, reconheciam e respeitavam os senhores feudais mais fortes, pagando contribuições em troca de proteção. Assim, um senhor não invadia o outro porque havia a proteção de um suserano mais forte. Pacto de 3o grau: entre os reis e suseranos: enquanto os suseranos prestavam ligeâncias e reconheciam a autoridade real, o rei confirmava a eminência da posição de soberania frente ao resto da comunidade. Pacto de 4o grau: aproximava os reis dos servos contra a nobreza: a nobreza, ávida de privilégios e posições, tendia a confrontar-se potencial e efetivamente com os servos, na base, e com o rei, no cume. Assim, os servos encontravam no rei o último recurso a ser fortificado contra as constantes opressões da nobreza local, enquanto o rei encontrava nos servos um sustento para a expansão da sua autoridade contra as pretensões e resistências dos senhores. DIREITO X REI Na Idade Média, o poder do rei estava abaixo do Direito. Depois, à medida que o Corpus Juris Civilis foi entrando, começam a surgir ideias voluntaristas que falam que o rei tem o poder de fazer o Direito e que ele estaria acima do Direito. A doutrina dominante na Idade Média diz que o poder do rei vem, em última instância, de Deus, mas vem pelo povo, pela comunidade, e não através do rei (como no absolutismo). A origem última é Deus, a origem próxima é a sociedade, então o Direito está submetido ao que vem da sociedade, sob a qual, é claro, o Papa tem grande poder moral e espiritual. Certos reis que queriam reforçar seu poder encontraram seu limite no Papa, que queria formar um Império. Eles queriam se libertar dessa influência do povo, ou seja, tinham que depender do poder deles mesmos: o poder tinha que vir diretamente de Deus para eles. 15 FERNANDA MAGNI BERTHIER • Funções do Rei Medieval Feudal: o Rei não exercia funções legislativas: § Originalmente o Direito era costumeiro, então nenhuma entidade ou pessoa legislava! § Direito da terra (the law of land) vale para todos, inclusive para o rei, que estava abaixo da lei, subordinado ao direito da terra e ao consentimento popular, no qual penetrava a influência da Igreja; § Supremacia do Direito evoluirá para Rule of Law na Ilha, com o princípio da processualidade devida, e para Rechtsstaat no Continente, com o princípio da legalidade devida. o Rei não exercia funções administrativas,pois elas cabiam aos senhores feudais em seus respectivos feudos e, futuramente, às câmaras municipais. o Rei exercia: § Chefia na guerra: ⇒ Unifica monarquia contra os inimigos. Política Externa. § Chefia no fisco: ⇒ Reúne o Parlamento (chamado de Cortes na Ibéria), com nobres e ricos, que aprovava os recursos necessários ao atendimento das despesas que autorizava. ⇒ Centralizava a arrecadação de impostos. § Controle do gasto público. § Juízo de 2a instância: ⇒ Rei mantinha a corte real para proteger os servos de abusos do senhor. Mantinha cortes reais para, acima da parcialidade da justiça feudal, proteger os servos pela via recursal (pacto de 4o grau). Enviava juízes peregrinos (juízes de fora); § Fecho ou chave da abóbada: ⇒ Função de última instância como pedra de toque que mantinha de pé toda a descentralizada e flexível estrutura político-jurídico-moral feudal. • Legado do Reino Medieval Feudal: o Supremacia do Direito sobre o poder: rei abaixo do Direito; o O Direito e a ordem por ele construída devem ser legítimos, fundados no consentimento da comunidade; o Elaboração da filosofia democrática (noções de Pessoa Humana e de sua dignidade, de que irá nascer, nos sécs XVII e XVIII, a doutrina dos direitos fundamentais). o Princípio da subsidiariedade: descentralização territorial do poder, com sua limitação efetiva à comunidade, de que vai originar-se a teoria da federação; o Surgimento dos Parlamentos, aprovando receitas e despesas, que evoluirão para a representação moderna. 2. 3. ESTADO BUROCRÁTICO CONCENTRADO TERRITORIAL NACIONAL MODERNO Burocratas: funcionários pagos para administrarem funções que antes eram dos senhores feudais. Direito escrito e governo por papéis. Concentração dos poderes no rei. Base física, limitada por fronteiras, por onde se estende o poder do Estado. Nacionalidade, sentimento de pertencimento. Novas ideias: -Empirismo -Cientificismo -Voluntarismo -Laicismo -Individualismo -Temporalismo -Autossatisfação 16 FERNANDA MAGNI BERTHIER O EBCTNM formou-se no século XV e durou até o século XVIII. Seu precursor foi Portugal, que era um feudo, e, com a Revolução de Avis, em 1383, D. João I derrubou a dinastia anterior e levou ao poder, com o apoio do povo, a Dinastia de Avis. Essa revolução tinha alguns traços populares, e a dinastia que dela seguiu durou de 1385 a 1580, quando, com o desaparecimento de D. Sebastião, a houve uma crise de sucessão, que deu início à União Filipina. Assim, Portugal, que era só um feudo, com a revolução, se tornou um Estado centralizado, que poderia ser chamado de Estado Burocrático Centralizado Territorial Nacional Moderno (EBCTNM). • Poder político institucionalizado soberano: § Físico: ⇒ Distinto da autoridade medieval, expressa poder (potestas – poder pelo medo); ⇒ Força física institucionalizado com exércitos, guardas e polícias nacionais. § Unilateral: ⇒ Não mais pactista, bilateral, mas coercitivo; ⇒ Estado sociedade obrigatória: todos são iguais perante ele, não é possível negociar a incidência das leis. § Centralizado: ⇒ Não mais fragmentado ou partilhado; § Autônomo: ⇒ “Libertado” do poder religioso e do de grupos; ⇒ Em alguns lugares, o poder político se sobrepõe ao religioso. Exemplo: na Inglaterra, a rainha era a maior autoridade religiosa do país. • Mudanças que viabilizaram o EBCTNM: o Econômicas e Sociais: § Rei aumentou os impostos e, por meio do mercantilismo e das empresas públicas, adquiriu finanças extras, ou seja, o rei passa a ter recursos; § Enriquecimento dos citadinos, que apoiam e financiam o rei em troca de privilégios e favores; § Surgimento da burguesia. o Científicas e Tecnológicas: § Descobertas como bússola, navegação, pólvora, imprensa, ... § Expansão comercial e administração centralizada por papéis; § Diário Oficial: relação de ordem do rei. Essa imprensa oficial permitiu a autoridade central. o Jurídicas: § Direito escrito e codificado; § Diário Oficial: publicação das leis oficiais do reino; § Separação Rei (pessoa) e Coroa (instituição); UNIFICAÇÃO UNIDADE POLÍTICA ESFERA POLÍTICA PÚBLICA Surge o Direito escrito, com fonte em instrumentos editados em leis escritas. Nasce a administração por papéis e via diário oficial. Desenvolve-se o Direito Público, inclusive a noção de Leis Fundamentais. 17 FERNANDA MAGNI BERTHIER § A essência da Revolução Liberal foi o Parlamento com poder de legislar, assim, o rei pôde dispensar a convocação do Parlamento, inclusive para aumentar recursos tributários. o Doutrinárias/ Ideológicas: § Novas ideias, de diversos matizes, para justificar o poder absolutista: ⇒ Estado detém na sociedade política poder soberano; ⇒ Poder estatal não se submete à ordem jurídica, está acima do Direito; ⇒ Poder exercido por prerrogativa própria pelo Rei hereditário. § Teoria do Direito Divino dos Reis: ⇒ Defendida pelo bispo J. Bossuet, nasceu em círculos reais protestantes, e buscava justificar, pela religião, o absolutismo; ⇒ Era “antimedieval”: na Idade Média, se dizia que o poder vem do povo, enquanto, essa teoria afirmava que o poder vem direto de Deus para o representante. O único lugar da Europa em que o pensamento católico foi avesso das ideias do absolutismo foi a península ibérica, onde o pensamento oficial das universidades era de São Tomás de Aquino, ficando a monarquia livre da ideia do direito divino. ⇒ Era uma forma de “se livrar” do Papa, afirmando que o poder vinha diretamente dos reis. • Funções do Rei do EBCTNM: da concentração à hexapartição dos poderes: o Função Administrativa: § Atuar concretamente na manutenção da ordem e da segurança pública; § Cuidar do cumprimento ordinário das leis; § Imprimir movimento às decisões políticas de governo; § Prover os serviços públicos, evolvendo a atuação de funcionários civis, policiais e militares. o Função Governamental: § Condução da política na guarda da ordem interna; § Preservação da segurança externa. o Função Judicial de Primeira e de Segunda Instância: § Retira função judiciaria de 1a instância do senhor feudal e entrega a funcionários responsáveis por isso; § Decidir prudentemente, e com largo campo de discrição, onde o bom direito não regula e não limita. o Função Legislativa: § Concentrava poder de fazer leis; o Última instância política e jurídica: § Rei ainda é, como na Idade Média, o fecho da abóbada, representando o último papel de unir a sociedade política. NÃO UTILIZAR EXPRESSÃO “ESTADO ABSOLUTO”!! O Estado não era absoluto de fato, e nem poderia sê-lo, pois era limitado por outras organizações (tais como Igreja, burguesia, territórios, grandes corporações). Assim, ele era “amarrado” por poderes tradicionais. Ele tinha ideias absolutistas, mas não um poder totalmente incontestável. Outro fator é que a manutenção de um Estado absoluto e de seus mecanismos de controle (polícia) custa caro. Exemplo disso, foi a crise econômica que derrubou o totalitarismo no Leste Europeu. 18 FERNANDA MAGNI BERTHIER o Função Deliberativa: § Tomada de decisões sobre assuntos de interesse coletivo mediante procedimento público aberto e livre para argumentar e convencer. § Decisões escritas em norma de direito positivo que chegam ao conhecimento formal da sociedade por publicação oficial, cuja eficácia dependeria da atuação do corpo de funcionários profissionais espalhados sobre o território. • Subtipos de EBCTNM: Reino Unido, França e Portugal: o Inglaterra: Não há rupturas, nem destruição do Parlamento. As forças sociais mantêm seu poder perante o rei. Há muitas brigas entre rei e Parlamento, sendo que o segundo se rebela contra o primeiro e estabelece uma autoridade fundada no Direito,surgindo a Autoridade Legal. A Revolução Gloriosa de 1688 foi apenas uma evolução, não houve grandes mudanças. o França: As forças sociais perdem o poder para o rei, que fechou o Parlamento, o qual era o canal representativo há mais de um século. Liberalismo chegou com uma revolução que rompeu o autoritarismo, não havendo canais legais ou jurídicos. Não assume uma autoridade dentro da lei, mas uma Autoridade Carismática. o Portugal: O Estado sempre foi poderoso, e era um feudo. Nunca houve Parlamento, burguesia ou nobreza forte. No liberalismo, há apenas evolução, sem grandes rupturas, mantendo a Autoridade Tradicional Patrimonialista. Idade Média: Estado Nacional Moderno: . Liberalismo: Inglaterra: forças sociais (nobreza/ burguesia) mantêm seu poder. Equilíbrio Parlamento (canal representativo) e Rei. França: forças sociais perdem poder para o Rei, que domina o Parlamento (AEG não se reúne desde 1614). Portugal: forças sociais sempre carecem de poder. Estado era, ele mesmo, um feudo, onde nunca houve uma tradição parlamentar. Surge Autoridade Carismática Surge Autoridade Legal Mantém Autoridade Tradicional Patrimonialista Passagem do Estado Medieval Feudal ao Estado Liberal Clássico Elementos Europa Ocidental Feudal: Existência do Parlamento, fragmentação do poder e hierarquização do poder 19 FERNANDA MAGNI BERTHIER 3. DIVISÃO DOS PODERES Mudanças vão progressivamente limitando o poder do rei, de forma que se chega à teoria da hexapartição. 3. 1. ESTADO CONCENTRADO • Séc. XVI - Inglaterra • Parlamento: Rei + nobreza + comuns • Bodin – “Os seis livros da República” • Executivismo Absoluto. 3. 2. BIPARTIÇÃO DOS PODERES: PERDE LEGISLATIVO • Séc. XVII – Inglaterra • Revolução Gloriosa (1688-1689): autonomia do Parlamento. o Parlamento com Poder Legislativo; o “It was not the England who made the Parliament, but the Parliament who made England. ” o Bill of Rights: transfere aos nobres e comuns a função legislativa, excluindo o rei. • John Locke – “Segundo Tratado do Governo Civil”: mandato civil (representante vinculado às instruções) e mandato político (representante não-vinculado às instruções). o Diferente nomenclatura: § FUIN = Função Prerrogativa; § FUAD = Função Executiva; § FUGOD = Função Federativa. • Início Estado Liberal. • Executivismo Arcaico. REI REI 1 2 3 4 5 1 2 3 4 1-FUIN – última instância 2-FUAD – administrar 3-FUGOV – governar (quase nada) 4 FUJUD – julgar 5 FULEG – legislar 1-FUIN – última instância 2-FUAD – administrar 3-FUGOV – governar (quase nada) 4 FUJUD – julgar Parlamento LEG 20 FERNANDA MAGNI BERTHIER 3. 3. TRIPARTIÇÃO DOS PODERES: PERDE JUDICIÁRIO • Séc. XVIII –Europa • Ato de Estabelecimento (1702-1720): juízes passam a deter autonomia, permanecendo em seus cargos sem a interferência do rei – fim do sineplacitus regis o Law Lords: nobres especializados no exercício de funções judiciais. São nomeados pelo monarca e, depois disso, não podem ser demitidos, só saindo do cargo por morte, renúncia ou impeachment. Assumem o poder judiciário. • Montesquieu – “O Espírito das Leis”: fala em separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário. o Poderes em uma mesma lógica hierárquica horizontal, sendo independentes e harmônicos entre si, limitando-se uns aos outros. o Estado interferindo menos na vida privada. • Estado Liberal Clássico: autoridade mínima. • Executivismo Clássico/ Monárquico 1 2 3 EXECUTIVO Parlamento LEG JUD Juízes Togados 1-FUIN – última instância 2-FUAD – administrar 3-FUGOV – governar (quase nada) REI TRANSFORMAÇÕES SÉCULOS XVIII – XIX: • Grande mudança sócio econômica: o Inglaterra: Revolução Industrial: § Grande migração rural, grande urbanização, início operariado; § Economia e finanças públicas + complexas. • Impacto sobre as funções políticas: o Surge a Função Governamental Moderna frente às necessidades de novas políticas públicas (até então, a FUGOV não era quase nada); o Governar é desgastar-se, é contrariar interesses, é errar, é corromper-se, exigindo, por isso, responsabilização política. • Impacto sobre a tripartição do poder: o Falência do modelo de Montesquieu: o Rei, chefe de Estado, não pode mais acumular a Função Governamental Moderna. Rei pagaria com o cargo (e a vida) o desgaste e os erros que necessariamente decorrem dessa cumulação de funções. 21 FERNANDA MAGNI BERTHIER 3. 4. TETRAPARTIÇÃO DOS PODERES: PERDE FUNÇÃO GOVERNATIVA • Séc. XIX - Europa • Reforma Eleitoral (1801-1831): 1o Ministro monta gabinete e exerce governo. • “Governar é desgastar-se” – visão do rei de que não deveria manter a função governativa, pois seu reinado é vitalício, e o exercício do governo levaria a uma constante reprovação da sua imagem. A saída era separar a chefia de Estado da chefia de Governo. Assim, o rei para de se preocupar com o Governo e passa a se preocupar somente com o Estado e com a Administração. o 1o ministro chefe de governo, rei chefe de Estado; o Rei com Poder Moderador, o que o permite ser uma espécie de árbitro dos outros ministros. o Vantagens: § Alguém se preocupando unicamente com o governo: comuns têm a prerrogativa de fiscalizar o governo e o governo deve prestar contas de suas ações aos comuns. § Governo democrático: como são os eleitores que escolhem o partido majoritário na Câmara dos Comuns, e o líder deste partido majoritário é obrigatoriamente indicado para chefiar o governo, indiretamente são os eleitores que escolhem o 1o ministro. • Benjamin Constant – “Princípio da Política”: idealização Poder Moderador e da tetrapartição: o Poder Real (funções moderadora e administrativa) o Poder Ministerial (função governativo) o Poder Legislativo (função legislativa) o Poder Judiciário (função judiciária) • Exemplo: Brasil: o Constituição de 1824: Poder Moderador do rei acima dos demais poderes, os regulando. • Convencionou-se chamar de parlamentaristas os regimes em que há a tetrapartição dos poderes com a distinção entre chefia de Estado e chefia de Governo. • Estado Liberal. • Governamentalismo de elites. 1 2 1-FUIN: Chefe de Estado 2-FUAD: Chefe de Administração REI/ PRESIDENTE MODERADOR LEG JUD GOV Partidos de quadros parlamentares ELEITORADO 22 FERNANDA MAGNI BERTHIER 3. 5. PENTAPARTIÇÃO DOS PODERES: PERDE FUNÇÃO ADMINISTRATIVA • Séc. XX – Pós 1a Guerra Mundial. • Constituição da República de Weimar – Alemanha (1919): função administrativa passa a ser um poder autônomo, soberano, separado da realeza. Necessidade de aumentar a eficácia técnica da administração na execução das políticas decididas pelo governo. o Governo delibera práticas públicas, administrativo executa; o Profissionalização da Administração Pública: na Alemanha, passam a ser selecionados por concurso público, onde se afere o mérito dos conhecimentos técnicos necessários ao exercício da função administrativa; o Elo entre as funções de administração e de governo são os cargos de confiança. • Max Weber – “Economia e Sociedade”: estudo sobre porque as pessoas espontaneamente obedecem às ordens de autoridade. Legitimidade de cunho tradicional, legitimidade de cunho carismático e legitimidade de cunho racional-burocrática. o Na Constituição de Weimar, a base é a ideia de legitimidade racional-burocrática, ou seja, operando no plano na razão. Assim, se concede uma autonomia da administração. • Estado Social Contemporâneo. • Governamentalismo de massas. LEG JUD GOV Partidos de quadros parlamentares ELEITORADOADM CHEFE DE ESTADO 23 FERNANDA MAGNI BERTHIER 3. 6. HEXAPARTIÇÃO DOS PODERES: DIVIDE MODERADOR • Séc. XX – Pós 2a Guerra Mundial. • Lei Fundamental de Bonn – Alemanha (1949): atualização da Constituição de Weimar: o Divisão da função moderadora em Chefe de Estado e Tribunal Constitucional. Originalmente, ela possuía as funções de representação e arbitragem, então foi dividida arbitragem política e arbitragem jurídica. A primeira correspondia à determinação de nova eleição no caso de empate e não haver maioria de um dos partidos, enquanto a segundo correspondia à resolução de conflitos jurídicos por não obediência à constituição por parte de um legislador. § Presidente: arbitragem política e representação § Tribunal Constitucional: arbitragem jurídica. • Tribunal Constitucional: o Órgão colegiado formado por juristas indicados pela câmara dos representantes com mandato fixo. o Não integra o Poder Judiciário, pois foi criado para exercer a arbitragem dos conflitos entre as normas (inconstitucionalidade das leis), enquanto o Judiciário deve resolver conflitos subjetivos (entre pessoas. • Experiência com pentapartição não é tão eficiente pois demonstra que o Chefe de Estado não consegue exercer adequadamente a arbitragem jurídica, pois, em geral, não é jurista (falta conhecimento técnico) e é sobrecarregado pelas suas demais atribuições. • Hans Kelsen – “Quem deve ser o defensor da Constituição? “ • Expansão da Hexapartição: o Itália, Espanha, Japão, Polônia, República Tcheca, Hungria, ... • Funções: o Chefe de Estado: moderar (política e valores) o Parlamento: deliberar (linha ideológica) o Judiciário: jurisdicionar (nível de legislação) o Governo: dirigir (políticas públicas) o Administração pública: executar (leis e políticas) o Tribunal Constitucional: guardar (Constituição) • Estado Social Contemporâneo. CE TC GOV ADM Parlamento Judiciário determinação opiniões LEI 24 FERNANDA MAGNI BERTHIER 4. TIPOS DE ESTADO DESDE AS REVOLUÇÕES LIBERAIS 4. 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS • Advento do Estado Liberal: o 3 grandes revoluções liberais: § Inglesa (Gloriosa, 1688); § Americana (Independência, 1776) e suas fontes em Locke, Blackstone e Montesquieu; § Francesa (Queda da Bastilha, 1789). o Cronologia histórica inglesa: § Posição vigente de 1950-80: revolução tecnológica (séc. XV), econômica (séc. XVI) e social-política (séc. XVII); § Posição de Alan MacFarlane (“As Origens do Individualismo inglês”): a realidade inglesa de uma sociedade individualista existe pelo menos desde o séc. XI: essa cultura individualista gerou avanços tecnológicos, progresso econômico, evolução social e conquistas políticas. • Legado do Estado Liberal: SO-RE-LI-CO: • Nação conquista do Rei a titularidade da soberania, via Parlamento (Burke e Siyès); • Crítica de Rousseau: a soberania deve ser do povo (popular), via o mito da vontade geral (democracia direta). • ART 1o, Parágrafo Único, Constituição Brasileira: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos dessa Constituição. " SOberania nacional • Como o povo não pode participar totalmente da soberania, elege representantes; • Fundamento da Soberania Nacional; • Nem todo povo é capaz de decidir, mas é capaz de escolher representantes que o façam por ele = capacidade de escolher os mais capazes. REpresentação moderna • Externamente: direitos individuais declarados e garantidos; • Intenamente: separação dos poderes tripartida de Montesquieu; LImitação do poder • Documento consagrando os dois apectos da letra supraconstitucional; • Fundamento básico: limitar os poderes do Estado frenten ao indivíduo, colocando direitos individuais; • Declaraçãodos Direitos do Homem e do Cidadão: "a sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos, nem estabelecida a separação dos poderes, não tem Constituição. " COnstituição escrita 25 FERNANDA MAGNI BERTHIER • Duas linhas do Liberalismo: • • Fundamentos do Sistema Representativo: • Fundamentação Liberal Voluntarista Clássica: o Parlamento representa a vontade da nação, independente da vontade do povo. o Problema latente da legitimidade popular democrática ainda não inteiramente resolvido: apenas uma minoria votava. § Rousseau: ⇒ Cidadãos individualmente poderiam formar uma vontade geral; ⇒ Se entregando totalmente à vontade geral, nos bens e na liberdade, cada um estaria a obedecer apenas a si mesmo, permanecendo totalmente livre. • Fundamentação Liberal Mitigada de Stuart Mill: o Parlamento eleito não mais por sufrágio censitário, mas por voto universal, representaria os interesses dos eleitores (distritos e grupos). o Voto por interesse: população visa a eleger aqueles que mais lhe trarão benefícios e atenderão seus interesses próprios. o Não responde totalmente à objeção democrática. • Fundação Deliberativa Inspirada em Aristóteles: o É a resposta mais satisfatória ao problema da legitimidade. o Cidadãos escolhem, por eleições, os mais capazes e prudentes que, exprimindo o máximo possível das opiniões vigentes na pólis, deliberam com autonomia, inclusive diante dos próprios interesses pessoais e setoriais, sobre a concretização do bem comum. o Instituições políticas: § Fundam um espaço público, unificado, superior, de última instância, autônomo e imparcial; § Representam no espaço toda a Sociedade Política; § Processo Deliberativo por um sistema adequado e equilibrado de operação. ⇒ Decisões que melhor levam ao bem comum; ⇒ Organização das opiniões divergentes em correntes ou partidos, divididos em sensibilidades políticas ideológicas. 26 FERNANDA MAGNI BERTHIER 4. 2. COMPARAÇÃO ELC, ELP E ESC ESTADO LIBERAL CLÁSSICO ESTADO LIBERAL PLURALISTA ESTADO SOCIAL CONTEMPORÂNEO GERAL -Final séc. XVIII – meados séc. XIX; -EUA, UK, França; -É um tipo morto de Estado atualmente. -Transição ELC ESC; -Início séc XIX – 1a guerra; -Sobrevive nos EUA; -Montesquieu e Benjamin. -Surge na República de Weimar em 1919 com 5 poderes; -2 fases: pós 1a guerra e pós 2a guerra. INTERVENÇÃO Estado não intervém na economia Estado intervém de forma moderada Estado intervém crescentemente FUNÇÕES GOVERNO Mínimas Crescentes Amplas SUFRÁGIO Restrito censitário Gradualmente universal Universal PARTIDOS POLÍTICOS Inexistentes. Democracia contra partidos. Tolerados. Democracia apesar dos partidos. Consagrados. Democracia pelos partidos. PARLAMENTO Órgão de individualidades, pelos notáveis, cuja função é deduzirem legislação positiva o Direito Natural Racionalista. Órgão de individualidades, pelos notáveis. Influência dos lobbies (ricos) passa a ser poderosíssima. Órgão de partidos, onde maiorias decidem, cuja função não é mais tanto legislar, quanto definir a linha ideológica vencedora das eleições. CONSENSO SOCIAL Há consenso em torno do capitalismo liberal vigente. Não há atores ou partidos comunistas. Permanece consenso em torno da ordem econômica e social vigente, como no ELC. Rompeu-se o consenso, sendo indispensável criar um consenso superior às ideologias. ASSUNTOS GOVERNO São incontroversos em sua substância. Permanecem incontroversos. Controversos ideologicamente. OPOSIÇÃO IDEOLÓGICA Não há uma verdadeira oposição. Não há, ainda, uma verdadeira oposição. Desenvolve-se e ganha força a oposição. CONSTRUÇÃO INSTITUCIONAL MODELO Modelo montesquiano Modelo montesquiano comseparação absoluta dos poderes políticos. Modelo de Kelsen com separação de Estado, governo e administração. 27 FERNANDA MAGNI BERTHIER 4. 3. TIPOS PATOLÓGICOS DE ESTADO • Totalitarismo: o Fenômeno do séc. XX; o Pressupõe: § Filosofia idealista de Hegel: espírito absoluto do Estado; § Erupção das massas urbanas (êxodo rural), com a perda das referencias religiosas e sociais tradicionais; § Meios de comunicação e propaganda: aperfeiçoados no início do séc. XX (rádio, cinema, ...), capazes de manipular ideologicamente as massas urbanas. o Corpo de ideias fundadas em um idealismo filosófico, ao qual se incorpora uma utopia salvacionista que pretende criar um novo homem e uma nova sociedade; o Partido único devotado ao ideologismo, que, apoiado em repressão e controle, monopoliza o poder político e os demais poderes sociais. o Não admite pluralismo social, estabelece um controle central rigoroso: § Controle dos meios de comunicação; § Planificação central da economia; § Proibição da formação e difusão de valores (ex: religião) diferentes daqueles de ideologia oficial; § Submissão dos corpos intermediários (sindicatos, associações, famílias, ...) à tutela do partido que controla o Estado. o É fundado na mobilização e na participação das massas em estruturas controladas ou tuteladas pelo partido; o Subordinação das administrações civil e militar ao controle político da cúpula partidária que controla o Estado. o São extra Estado, ou seja, não ficam 100% vinculados ao Estado: querem dominar o mundo. • Autoritarismo: o Precedentes nas velhas tiranias gregas; o Regime de mentalidade, postura diante do Estado e da sociedade: § Nacionalismo; § Patriotismo; § Desenvolvimento; § Segurança nacional; o Não há necessariamente um partido institucionalizado: o partido ou o grupo que tripula o Estado exerce, de forma irresponsável e não competitiva, o poder político; o Pluralismo social, embora limitado, salvo naquilo que direta ou indiretamente afete o controle político da pessoa ou da elite que detém o poder; o Geralmente desmobilizador da participação de massas, exceto em casos excepcionais e transitórios; o O líder dirigente funda seu poder na tecno-burocracia vil e militar (Administração Pública), que adquire poder estratégico-decisivo. o Há uma grande dificuldade de sair de um regime autoritário: um problema é entregar o poder de volta aos civis. Exemplo: no período da ditadura militar brasileira (1964-1985), os militares dominaram os três poderes, justificavam sua estada “porque o comunismo ameaçava o país” e instauraram 17 atos institucionais. • Democracia: o Churchill: “Democracia é o pior dos governos, mas ainda não inventaram um melhor. “ o O problema é que muitos países se dizem democráticos, mas, na prática, não o são; o A eleição é um elemento muito pequeno para a democracia. Substancialmente, é um elemento bonito; o O Estado deve ter uma estrutura básica de separação de poderes, com, no mínimo, uma tripartição; o O Estado deve ter uma carta garantindo Direitos Fundamentais ao ser-humano. § Não adianta ter direitos, precisa garantir.
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