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Filariose Linfática: Características e Manifestações

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(
Sarah 
Michalsky
3º Período, 101
)Filariose Linfática
- Sua característica principal é a transmissão por insetos hematófagos (hospedeiros intermediários), principalmente os mosquitos Culex quinquefasciatus fêmea.
- É uma doença exclusivamente humana.
- No Brasil, é uma doença de baixa frequência, afetando poucos indivíduos.
CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA
- Filo: Nematoda. Os vermes são cilíndricos.
- Família: Filariidae. Todos seus membros são heteroxênicos.
- Espécies: Wuchereria bancrofti e Onchocerca volvulus.
- Wuchereria bancrofti filariose linfática (cerca de 120 milhões de parasitados).
MORFOLOGIA
- Macho: 3,5 a 4cm de comprimento x 0,1mm de diâmetro, a região posterior de seu corpo é espiralado.
- Fêmea: 7 a 10cm x 0,3mm de diâmetro, com o corpo de coloração branco leitoso. São consideras “larviperas”, dando origem a larvas em enormes quantidades chamadas microfilárias.
- Os adultos vivem de 4 a 8 anos nos vasos e sistema linfático humano, formando novelos (compostos geralmente por 20 fêmeas). A proporção fêmeas/machos é 5:1
- Espoliam estruturas da linfa e lipídeos circulantes.
- Ações dos parasitos: espoliativa, mecânica obstrutiva, ação irritativa e inflamatória.
HABITAT
- Machos e fêmeas juntos nos vasos e gânglios linfáticos.
Principais localizações:
- Pélvica e membros inferiores por causa do comprimento e massa corporal grande para a estrutura que vivem, pela gravidade se localizam na parte mais baixa do corpo. Uma característica marcante é ser unilateral por conta dos novelos de vermes
- Abdominal.
- Mamas e braços (mais raro).
- As microfilarias (L1) saem do sistema linfático e vão ao sangue periférico (necessidade de alcançar o organismo do hospedeiro intermediário possui hábitos noturnos. Se ocorrer transfusão sanguínea não haverá transmissão da doença).
- Durante o dia se localizam nos capilares profundos (para haver redução do assédio das células de defesa); à noite, no sangue periférico.
- Encontro microfilária mosquito.
CICLO BIOLÓGICO
- As larvas salsichoides espoliam altas taxas de proteínas e oxigênio na musculatura dos mosquitos.
- As microfilarias demoram cerca de 15 a 20 dias para se tornarem infectantes no organismo das fêmeas.
- L2 é uma larva filarioide (infectante).
- Se a fêmea do mosquito sugar muitas larvas, ela não sobreviverá devido ao número de lesões em sua musculatura.
- A probóscida do mosquito é muito pequena e fina, ao picar o organismo humano não causará lesão com extravasamento de sangue.
- A solução de continuidade é o suor.
- O trajeto das microfilarias: sangue periférico circulação profunda sistema linfático.
- Antes dos 6-12 meses, os sintomas são muito inespecíficos, não conseguindo realizar o exame parasitológico de sangue.
- O exame microscópico mais apropriado é o de gota espessa, observa-se uma bainha no tegumento do verme e grânulos pequenos em seu corpo.
CULEX
- Quando a fêmea do mosquito coloca os ovos em água rica em matéria orgânica, ficam em forma de jangada na superfície, dentro deles possui uma larva.
- Essa larva depois que eclode fica perpendicular a superfície e uma parte dela denominada de cifão respiratório possui função respiratória.
- Essa larva tem preferência por água suja rica em matéria orgânica (esgoto).
- Essas larvas evoluem de L1 para L2, de L2 para L3, de L3 para pupa e de pupa para forma adulta. Esse processo leva cerca de 12 dias para ocorrer.
- Característica da fêmea: quando a fêmea suga o sangue do hospedeiro ela se dobra e nesse momento as estruturas contidas dentro da probóscida conseguem ser exteriorizadas para penetrar ativamente pela pele do hospedeiro. Essa probóscida forma uma curva denominada de cotovelo.
Profilaxia contra os mosquitos:
- Uso de inseticida.
- Colocação de telas nas janelas.
- Combater os criadouros de mosquitos.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS (QUADROS CLÍNICOS)
Assintomático:
- Carga parasitária pequena.
- Danos nos vasos linfáticos sem sintomatologia aparente.
- Corresponde a 1/3 dos parasitados.
Agudo:
- Linfangite: inflamação dos vasos linfáticos.
- Linfadenite + febre e mal estar: inflamação e hipertrofia dos gânglios linfáticos. A febre pode ser de longa duração e baixa.
- Adenolinfocele: “virilha pendente” bilateral ou unilateral.
- Funiculite: inflamação dos cordões espermáticos.
- Orquiepedidinite: inflamação do epidídimo e testículo.
- Há presença de microfilarias no sangue periférico do indivíduo.
Crônico:
- Linfedema: edema dos vasos linfáticos pela ação irritativa e inflamatória.
- Hidrocele: acúmulo de líquido seroso e claro nos testículos aumento do volume da bolsa escrotal. No aparelho genital feminino os grandes lábios ficam pendentes e aumentados.
- Quilúria: derramamento de linfa nas vias urinárias, a coloração da urina é extremamente clara.
- Elefantíase: aumento exagerado dos órgãos. Há redução da circulação sanguínea na área, lesando o epitélio da epiderme e sendo suscetível a infecções bacterianas.
PATOLOGIA
- A simples presença das filarias nos gânglios não é suficiente para explicar a obstrução e estase linfática.
- A circulação depende também de mecanismos valvulares e contrações da musculatura vascular, afetadas pela doença.
- A reação inflamatória pode ser suficiente para causar obstrução parcial ou permanente da circulação linfática.
- Por localizarem-se as infecções de preferência nas regiões abdominal e pélvica, os processos obstrutivos afetam principalmente os membros inferiores e órgãos genitais.
AÇÕES
- Mecânica: obstrução dos vasos linfáticos nos vasos linfáticos, prejudicando a circulação da linfa e piorando a drenagem dos líquidos intersticiais e resultando no edema do quadro clínico.
- Irritativa: fenômenos inflamatórios diminui o diâmetro interno, ocasionando linforragia.
- Sequência para elefantíase (após cerca de 10 anos): linfangite, linfadenite, linforragia, linfedema, esclerose da derme, hipertrofia da epiderme e aumento do volume do órgão pernas, bolsa escrotal e mamas.
DIAGNÓSTICO
- Clínico: suspeita de EPT (eosinofilia pulmonar tropical – sinal patognomônico) abscessos eosinofílicos com microfilarias e fibrose intersticial crônica nos pulmões.
- Laboratorial: punção digital entre 23h e 1h, aplicação de gota espessa e demonstração das microfilarias.
- Outros métodos: imunocromatografia rápida em cartão (ICT Card Binax), pesquisa de DNA, métodos imunoenzimáticos (ELISA) – todos com custo elevado.
- Não sendo possível colher sangue para o exame à noite, administrar uma dose oral de dietilcarbamazina (2-8mg/kg), que provocará parasitemia diurna – as microfilarias alterarão sua periodicidade cerca de 20 minutos depois. Examinar várias lâminas se necessário.
- Os medicamentos tradicionalmente utilizados no tratamento eram a ivermectina e dietilcarbamazina (DEC).
- Elas destroem as microfilarias, mas não matam os vermes adultos, nem os simbiontes naturais dos vermes – a Wolbachia – possui função digestiva dos nutrientes que a larva adulta absorve do hospedeiro, que quando liberadas no sangue produzem a reação de Mazzotti (agravamento transitório da sintomatologia causando infecção bacteriana, como febre, tosse e prurido). Por isso, há a importância de tratar também com antibióticos.
- A ivermectina é excelente microfilaricida de ação prolongada.
- Usa-se em dose única de 10-20mg/kg, por via oral (longe das refeições), sendo contraindicada durante a gestação e a lactação.
- Tem sido empregada em doses pequenas no tratamento em massa. Mas, como não cura a infecção, ela deve ser associada ao albendazol.
- A dietilcarbamazina, há tempos utilizada contra a filaríase, age através de mecanismos imunológicos, mas não destrói todas as microfilarias, permitindo a infecção dos insetos.
Eosinofilia pulmonar tropical:
- Devido as reações imunológicas a antígenos filariais enquanto passam pelo organismo do humano.
- Aumento na produção de IgG e IgE.
- Aparecimento de abscessos eosinofílicos com microfilarias.
- Fibrose intersticial crônica nos pulmões.
Diagnóstico sorológico:
- Teste imunocomtográfico desenvolvido pelo ICT Diagnostico – ICT card.
- Testequalitativo.
- Cartão possui AC de antifilaria e o controle é formado por AC anti IgG humano.
EPIDEMIOLOGIA
- Presença de mosquito.
- Homem: única fonte de infecção.
- Temperatura elevada (27-35°C).
- UR% alta (80-90%).
- Baixas altitudes.
- Pluviosidade alta.
TRATAMENTO
- Os efeitos colaterais dos tratamentos tradicionais, por serem em geral desagradáveis, levavam muitas vezes os pacientes a esquivarem-se a repetição da quimioterapia.
- Atualmente recomenda-se tratamento com antibióticos de largo espectro que, destruindo as Wolbachia, causam a morte tanto dos vermes adultos como das microfilarias, sem provocar a reação de Mazzotti.
- O programa de erradicação da filaríase recomendado pela OMS (em 2004), para eliminá-la até 2015, consiste no tratamento de massa anual com albendazol (oferecido gratuitamente pelo fabricante para isso) associado a ivermectina ou a dieticarbamazina (DEC).
- A remoção do tecido elefantiásico é feita cirurgicamente. Além disso, enrolar faixas nas pernas do indivíduo pode fazer a linfa voltar a circular, assim como uso de câmara hiperbárica.

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