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BACIA OBSTÉTRICA O trajeto ou canal da parturição estende-se do útero à fenda vulvar. Nele, há 3 estreitamentos anulares: o orifício cervical, o diafragma pélvico (urogenital) e o óstio vaginal (fenda vulvovaginal). Constituído de formações de partes moles do canal do parto, é sustentado entre a sua porção superior, o corpo do útero e a inferior, perineovulvar, por cintura óssea, que se designa pelo nome de pequena pelve, pequena bacia ou escavação. A bacia (ou pelve) constitui o canal ósseo, formado pelos 2 ilíacos, o sacro e o cóccix com as respectivas articulações: sínfise púbica, sacroilíaca e sacrococcígea. Entre o sacro e a 5ª vertebra lombar, é possível acrescentar a articulação lombossacra, cujo vértice constitui o promontório. Os ossos da pelve da vista superior são: Ilíacos bilaterais: ílio, isquio e pubis Sacro: vértebras S1 a S5 Cóccix: 4 vértebras rudimentares fundidas A pelve divide-se em grande e pequena bacia: Grande bacia (pelve falsa): é a porção integrante da cavidade abdominal e apresenta reduzida expressão obstétrica Pequena bacia (pelve verdadeira, obstétrica): o Estreito superior: divide a pelve em grande e pequena bacia ou escavação e é o limite superior da pequena bacia. Possui como limites: saliência do promontório, borda anterior da asa do sacro, articulação sacroilíaca, linha inominada, eminência íleo-pectínea e borda superior do corpo do púbis e da sínfise púbica BACIA OBSTÉTRICA o Estreito médio: é limitado pelo terço inferior do sacro (entre S4 e S5), espinha ciática e borda inferior do púbis. o Estreito inferior: limite inferior. É limitado pela borda inferior dos dois púbis, ramos ísquio- púbicos, tuberosidades isquiáticas, borda medial ou interna dos grandes ligamentos sacrociáticos e extremidade do cóccix. Entre o estreito superior e inferior da pequena bacia está a escavação, em que há 4 paredes: anterior, posterior e duas laterais. A parede anterior é constituída da face posterior ou pélvica do corpo da púbis e do seu ramo horizontal, lado interno do buraco obturado e face interna da respectiva membrana, face interna do ramo isquiopúbico e de parte da tuberosidade isquiática. Em linha reta, a porção posterior mede em torno de 11 a 12 cm de altura, do promontório ao ápice do cóccix, e; seguindo o encurvamento do sacro, de 15 a 16 cm. É constituída de face anterior ou pélvica do sacro e do cóccix, medindo na parte superior aproximadamente 11 cm de largura, no nível da articulação lombossacra. O grau de concavidade da parede posterior da escavação varia, naturalmente, com o formato no sacro e é mais acentuado na mulher. O estreito médio começa atrás, no ápice do sacro, passa pelas apófises transversas da 5ª vértebra sacra, pela borda inferior dos pequenos ligamentos sacrociátios, pelas espinhas ciáticas, pelos arcos tendíneos do elevador do ânus e, finalmente, termina à frente de seus feixes pubococcígeos, na face posterior do púbis. BACIA OBSTÉTRICA DIMENSÕES Na grande bacia, é possível considerar diâmetros transversos e um anteroposterior. Diâmetro biespinha (BE): é a medida de uma espinha ilíaca anterossuperior à do lado oposto. Mede aproximadamente 24 cm. Diâmetro bicrista (BC): da parte mais saliente de uma crista ilíaca à do lado oposto. Mede, em geral, 28cm Diâmetro sacropúbico externo (SPE), de Baudelocque ou Conjugata externa: traça-se o diâmetro anteroposterior da fosseta localizada abaixo da apófise espinhosa da última vértebra lombar (base do sacro) à borda superior da sínfise púbica. Mede, em geral, 20cm. BACIA OBSTÉTRICA Já na pequena bacia, os diâmetros são calculados de acordo com os estreitos superior, médio e inferior. No estreito superior, há um diâmetro anteroposterior, traçado do promontório à base superior da sínfise púbica, chamado conjugata vera anatômica, medindo 11cm. Do mesmo promontório à face posterior do púbis, traça-se a conjugata vera obstétrica (10,5cm) e, ainda, a conjugata diagonalis, que não é do estreito superior nem do inferior, sendo apenas recurso clínico para avaliar os mencionados diâmetros anteroposteriores do estreito superior; sua extensão é, em geral, de 12cm. O diâmetro transverso máximo vai do ponto mais afastado da linha inonimada ao ponto do lado oposto, localizado, em geral, na junção do terço posterior com os dois terços anteriores do diâmetro anteroposterior, medindo de 13 a 13,5cm. Já os diâmetros oblíquos (insinuação), vão de um ponto correspondente à eminência iliopectínea de um lado até a sínfise sacroilíaca do lado oposto. No estreito médio, considera-se um diâmetro anteroposterior, medindo 12cm, e outro transverso, biespinha ciática, com 10,5 cm. No estreito inferior, há um diâmetro anteroposterior cóccix-subpúbico que se estende da ponta do cóccix à borda inferior da sínfise púbica e mede 9,5cm e que na fase final, após a retropulsão do sacro amplia- se 2 a 3cm, sendo denominado de conjugata exitus. O diâmetro transverso é o bi-isquiático, medido entre as duas faces internas da tuberosidade isquiática em torno de 11cm. Os diâmetros mais relevantes da grande bacia são: o Diâmetro biespinha (24cm), bicrista (28cm), sacropúbico externo ou Baudelocque (20cm). Os diâmetros mais relevantes da pequena bacia são: o Estreito superior: conjugata vera anatômica (11cm), conjugata vera obstétrica (10,5cm), conjugata diagonalis (12cm), diâmetro transverso máximo (13-13,5cm) o Estreito médio: biespinha ciática (10,5cm) o Estreito inferior: conjugata exitus (9,5-11cm) e bi-isquiático (11cm) MORFOLOGIA Há 4 tipos fundamentais de bacia: 1. Ginecoide BACIA OBSTÉTRICA 2. Antropoide 3. Androide 4. Platipeloide O elemento dominante na determinação do tipo de bacia é fornecido pela porção posterior do estreito superior, limitada pelo diâmetro transverso máximo, enquanto a região anterior tem importância secundária. EXAME DA PELVE BACIA OBSTÉTRICA O prognóstico do parto pode ser razoavelmente percebido com a semiologia da pelve, sendo concluído por meio da utilização correta dos métodos habituais de exame da bacia. O estudo da capacidade da bacia é realizado por meio da pelvimetria, que procura estimar os diâmetros, medindo-os externamente através da pelvimetria externa e internamente pela pelvimetria interna. Para definir o formato, realiza-se pelvigrafia, que analisa os elementos constituintes da bacia, em sua regularidade individual e no conjunto. Pelvimetria externa: é realizada por instrumentos, geralmente, compassos, chamados pelvimetros, que são aplicados sobre os diversos extremos dos diâmetros da bacia, incluindo a delimitação do quadrilátero de Michaelis: a diagonal longitudinal avalia a simetria pélvica e a diagonal transversa divide o losango em 2 triângulos, superior e inferior; a diminuição da altura do triangulo superior é típica das bacias achatadas, nas quais o diâmetro ântero-posterior do estreito superior é diminuído. Na pelvimetria externa do estreito inferior, é útil o diâmetro bi-isquiático (ou intertuberoso), medido com o pelvímetro de Thoms, geralmente medindo em torno de 9cm ou mais. BACIA OBSTÉTRICA Pelvimetria interna: pelo fato de o estreito superior ser inacessível, procura-se medir a chamada conjugata diagnolis, cujo valor será subtraído em 1,5cm a fim de se obter a conjugata vera obstétrica. Ao introduzir o dedo, procura-se aplicar seu extremo sobre a saliência do promontório, podendo este ser inatingível ou acessível. Com o dedo explorador sobre o promontório, a borda radial do índice posiciona-se sob o ligamento arcuatum e, com o índice da outra mão, marca-se o ponto de encontro da face anterior do púbis com a mão que toca. Em seguida, mede-se a distância entre esse ponto e a polpa digital do dedo que se aplicou no promontório, obtendo-se o valor da conjugata diagnonalis. Nos casos de promontórioinatingível, conclui-se que o diâmetro anteroposterior é amplo. No entanto, para considerar a bacia normal ou espaçosa, não basta que esse diâmetro tenha grandes proporções, pois o vício pélvico pode se localizar em outros pontos. Se percebermos não ser a conjugata diagonalis que desejamos avaliar, mas a conjugata vera obstétrica, e que a diferença entre ambas não é constante como se supunha (1,5cm), podendo variar de 0 a 3 cm, pois cumpre considerar a situação do promontório, mais baixa ou mais elevada, a altura, a inclinação e a espessura da sínfise púbica, verificaremos que o problema não está resolvido. Além disso, é possível medir a conjugata exitus com a mão, empregando-se técnica semelhante à da mensuração da conjugata diagonalis. Pelvigrafia externa: procura-se conhecer o comprimento e a espessura da sínfise e definir o ângulo de abertura da arcada púbica: Estreito: menor que 90º Médio: igual a 90º Largo: maior que 90º BACIA OBSTÉTRICA Pelvigrafia interna: Tem início com o exame do arco subpúbico e continua seguindo o estreito superior até o promontório. As bacias de paredes convergentes, arco subpúbico estreito e diâmetros transversais reduzidos restringem os movimentos laterais dos dedos exploradores. Localiza-se a espinha ciática de um dos lados, passando-se à apreciação da oposta, com movimentos de pronação e supinação da mão. O exame clínico da porção média e inferior da pelve busca a localização da ponta do sacro e da extremidade do cóccix, apreciação das espinhas ciáticas e investigação dos ramos púbicos, pela face posterior. Com os dedos exploradores, mede-se a conjugata exitus e sobem pelas paredes pélvicas, avaliando o paralelismo ou a convergência, a posição e o relevo das espinhas ciáticas e, posteriormente, das peculiaridades do sacro e sua inclunação, comprimento e curvatura. A fase subsequente deve ser a medida da conjugata diagonalis.