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Distúrbios Respiratórios do RN · Sinais e Sintomas dos Distúrbios Respiratórios no Período Neonatal: avaliar · Padrão respiratório: · Taquipneia · Apneia · Respiração periódica: se existem paradas respiratórias, ou se a taquipneia é intercalada com períodos de respiração normal · Maior trabalho respiratório (esforço respiratório): · Batimentos de asas do nariz (BAN) · Gemido expiratório · Head bobbing: movimentação da cabeça quando a criança inspira · Retrações · Cor da pele: avaliar se existe cianose, que mostra a oxigenação. · É natural todo bebê nascer roxinho, mas à medida que vai respirando, a pele vai assumindo sua coloração normal. · Se ele permanece com cianose perioral e cianose de extremidades (acrocianose, normal de encontrar nos primeiros 2 dias de vida, mas passado esse tempo, a persistência pode indicar algum problema) por tempo prolongado, é preciso investigar. · Boletim de Silverman-Andersen: avalia a gravidade do distúrbio respiratório · Quanto maior a pontuação, maior a gravidade · A retração xifoide é a mais pontuada no boletim porque evidencia uma respiração um esforço muito mais acentuado · Doenças respiratórias do RN · É importante verificar: a história obstétrica e perinatal (idade gestacional é muito importante), quadro clínico e RX de tórax · Existem doenças de causa: central, cardíaca, metabólica, hematológica, pulmonar ou outras · Para o RN, as causas que mais se destacam são as causas pulmonares · Causa pulmonar · Aguda: membrana hialina, taquipneia transitória, aspiração meconial, infecções · Crônica: displasia broncopulmonar · Etiologias: · Imaturidade pulmonar: síndrome do desconforto respiratório (SDR), displasia broncopulmonar (DBP) · Intercorrências no processo de nascimento: síndrome de aspiração do mecônio (SAM), taquipneia transitória do RN (TTRN), síndrome de escape de ar (SEAr), síndrome da hipertensão pulmonar persistente neonatal (HPPN), pneumonias · Alteração no desenvolvimento e crescimento pulmonar antenatal: malformações pulmonares · Malformação adenomatoide cística · Hipoplasia pulmonar · Hérnia diafragmática congênita · Derrame pleural congênito · Enfisema lobar congênito · Desenvolvimento do Pulmão Fetal · Período Embrionário: 6ª semana de IG · Identificação dos segmentos broncopulmonares · Período Pseudoglandular: 10ª semana de IG · Ramificação contínua da árvore traqueobrônquica, adquire aspecto histológico de glândula exócrina · Estruturas relacionadas ao bronquíolo terminal ainda não estão desenvolvidas · Período Canalicular: entre 17ª e 24ª semana de IG · O pulmão promove várias gerações de bronquíolos respiratórios · Período Sacular · Por volta da 24ª semana de IG · Dois tipos de células especiais que revestem os ácinos diferenciam-se: pneumócitos tipos I e II · Os pneumócitos tipo II são ricos em corpos lamelares, estruturas que contêm substâncias surfactantes · O surfactante começa a ser produzido na 24ª semana, mas ainda em pequena quantidade porque os pneumócitos acabaram de ser diferenciados. · Entre 24ª e 37ª semana de IG · As vias aéreas terminam em estruturas saculares, que se diferenciam em ductos alveolares e alvéolos, promovendo importante expansão do espaço respiratório · Surfactante: · Função: diminuir a tensão superficial do alvéolo, à medida que seu raio diminui durante a expiração, impedindo assim o colapso total do pulmão · Até a 34ª semana sua produção é pequena, antes de 34 semanas qualquer insulto bloqueia a produção do fosfolipídeo Doença da Membrana Hialina ou Síndrome da Angústia Respiratória ou Síndrome do Desconforto Respiratório · Epidemiologia: · Atinge 50% dos RN pré-termo, principalmente os com peso < 1.500g; · 80% dos RN < 25 semanas apresentam essa doença · Causas: · Inatividade pulmonar: deficiência e inatividade do surfactante · Desenvolvimento pulmonar incompleto · Complacência pulmonar diminuída: como não tem surfactante/ainda tem muito pouco, o pulmão não é complacente, não tem expansibilidade, chama-se “pulmão duro” · Quadro clínico · Dificuldade respiratória desde o nascimento, com pico em torno de 24-48h. Há uma piora progressiva até 72h · Ausculta pulmonar: MV diminuído · RN pré-termo baixo peso: cianose e apneia · RX de Tórax: · Aspecto de vidro moído ou vidro fosco · Broncograma aéreo periférico · ↑ líquido pulmonar · O RNPT de extremo baixo peso apresenta poucas alterações no RX · Gasometria arterial · Hipoxemia · Retenção de CO2 · Acidose respiratória ou mista · Diagnóstico Diferencial · Pneumonias congênitas (estreptococos B) Aspecto radiológico típico da SDR. · Taquipneia transitória do RN · Cardiopatias congênitas · Malformações pulmonares · Prevenção · Adequada assistência pré-natal · Diminuir parto prematuro · Incentivo ao parto normal · Não indicar cesariana sem maturidade fetal: as cesarianas marcadas podem resultar, muitas vezes, num parto prematuro (erro de IG pela USG, DUM) · Reanimação neonatal apropriada · Corticoterapia: Betametasona 12 mg – IM – 2 doses (24/24h), IG: 26-34 semanas · Tratamento · Corticoide pré-natal · Ventilação assistida · Reposição de Surfactante Exógeno · Controle térmico, metabólico e hídrico · Suporte nutricional · Meta: oxigenação → ↓ suporte ventilatório, ↓ necessidade de O2, evitar maior lesão pulmonar · Reanimação adequada: a meta é minimizar a lesão pulmonar · Máscara, cânula, CPAP (Continuous Positive Airways Pressure), intubação · Admissão em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) · Suporte Ventilatório · CPAP nasal · Ventilação mecânica · Surfactante exógeno: se nascer e apresentar a doença · Pode fazer nebulização, mas a absorção é menor Taquipneia Transitória do RN (TTRN) · Epidemiologia · 1 a 2% dos nascidos vivos · Resolução clínica em 2-3 dias · Fatores de risco · Asfixia perinatal: há pouca oxigenação, por qualquer que seja o motivo (mecônio, circular de cordão, etc), portanto, logo que nasce, tem mais dificuldade de fazer a expansão pulmonar, então a taquipneia é um mecanismo de defesa pra ele receber mais oxigênio · RNPT tardios · RN à termo (RNT) · DM gestacional · Cesárea sem trabalho de parto · Sedação materna · Causas: · ↓ leve de surfactante · Pequeno grau de imaturidade pulmonar · Retardo na absorção de líquido pulmonar: maior problema · Fisiopatologia: · Pulmão fetal repleto de líquido → essa secreção cessa próximo ao nascimento para preparar o pulmão para vida extrauterina com ar. · A absorção começa antes do nascimento (70% se dá no início do TP), continua no canal de parto (5-10%) e o restante nas primeiras horas de vida. · Quando essa absorção não acontece, o bebê pode ter a taquipneia transitória do RN (TTRN) · Quadro Clínico · FR: 100-120 irpm · Gemência · Batimentos de Aletos Nasais · Tiragens intercostais · ↑ do diâmetro ântero-posterior do tórax · RX de Tórax · Hiperinsuflação pulmonar · Infiltrado difuso geralmente do hilo para a periferia (estrias perihilares proeminentes) · Leve a moderado aumento de área cardíaca · Cisurite: presença de líquido nas fissuras interlobares · Marcas proeminentes da vasculatura pulmonar · Inversão da cúpula diafragmática · Herniação intercostal e derrame pleural (A) RN com 2 horas de vida: retificação dos arcos intercostais, pulmão que não se vê o seio costofrênico livre, provavelmente tem líquido; (B) RN com 24 horas de vida; (C) RN com 36 horas de vida · Gasometria arterial · Hipoxemia · Hipercapnia (Retenção de CO2) · Acidose respiratória · Diagnóstico Diferencial · Doença da Membrana Hialina: a diferença é que nela a piora é progressiva, o quadro é muito mais grave e as necessidades são crescentes de oxigênio (porque a taquipneia é precoce) · Na TTRN, pelo contrário, há uma melhora progressiva dos sintomas. · Edema pulmonar: alterações cardíacas e dos vasos da base concomitantes · Pneumonia bacteriana e pneumonia de aspiração: histórico de mecônio ou líquido amniótico (ex: amnionite), enquanto que não tem isso na TTRN · Tratamento: oxigenioterapia · Halo: bebê ligado a uma fonte de oxigênio · CPAP: quando é mais grave Síndromede Aspiração Meconial · Líquido amniótico tinto de mecônio, às vezes o líquido amniótico pode parecer uma “papa de ervilha” · RN que passou por sofrimento fetal, líquido amniótico pode ficar meconizado, vérnix caseoso esverdado · É mais frequente em RN à termo e pós-termo · Pode ter desde um leve desconforto respiratório até uma insuficiência respiratória grave, que pode evoluir para hipertensão pulmonar persistente (HPP) · Epidemiologia · O mecônio é marcante na SAM e está presente em 5 a 25% das gestações · 30% das gestações com > 42 semanas apresentam a síndrome. · 5-10% evoluem com SAM · 30-50% podem evoluir para necessidade de ventilação mecânica · 15-33% podem evoluir com pneumotórax · 5% pode evoluir para óbito · Fisiopatologia · Aspiração de mecônio, que pode ocorrer tanto intraútero quanto nos primeiros movimentos respiratórios. · Quanto mais espesso o mecônio estiver, pior para o bebê. · Essa aspiração pode levar a alterações obstrutivas e inflamatórias do pulmão. · Vias aéreas com obstrução completa: evolução para atelectasia, em que há alteração na relação ventilação-perfusão, hipóxia, hipercapnia e acidose · Vias aéreas com obstrução parcial: o bebê vai fazer um mecanismo valvular no seu pulmão, o ar entra, mas tem dificuldade de sair. Por isso, há uma hiperinsuflação do pulmão, com consequente escape de ar e pneumotórax. Pode ter muita gravidade. · Quadro clínico · Desconforto respiratório precoce · Depressão respiratória e neurológica devido ao insulto hipóxico-isquêmico · Aumento do diâmetro anteroposterior do tórax devido à hiperinsuflação pulmonar · Hipóxia de difícil tratamento devido a hipertensão pulmonar persistenteAspecto radiológico típico da SAM. Apresenta áreas de opacificação em ambos os pulmões. · Atelectasia e diminuição da complacência pulmonar → devido ao mecônio, que altera a função do surfactante · RX de tórax · Opacidades irregulares · Áreas de atelectasia · Áreas hiperinsufladas · Retificação do diafragma · Aumento do diâmetro AP · Pneumotórax, pneumomediastino e cardiomegalia · Gasometria: grau variável de hipoxemia e acidose respiratória ou mista · Ecocardiograma: disfunção miocárdica e hipertensão pulmonar · Tratamento · Sala de Parto: início do tratamento · Avaliar a vitalidade do RN ↳ Chorando/respirando, tônus flexor, FC > 100 ↳ Respiração irregular/ausente, hipotonia, FC < 100 · É importante calor radiante para evitar hipotermia · Visualização direta da laringe para aspirar boca, hipofaringe e traqueia, na tentativa de o bebê não aspirar mais mecônio · Unidade Neonatal · Manter a temperatura corporal · Manter a PA adequada · Correção de anemia · Hidratação venosa · Controle glicêmico · Pode fazer halo/capacete, CPAP nasal (depende da gravidade) · Fazer ventilação mecânica se bebê desenvolveu IR grave, hipóxia acentuada ou acidose respiratória · Antibioticoterapia: é controverso, porque a pneumonia por SAM é química, devido à presença de mecônio no pulmão. Assim, nem toda SAM dá pneumonia bacteriana, mas é possível. · Pode-se fazer surfactante também, dependendo do caso. Displasia Broncopulmonar · Uma das condições mais graves · Epidemiologia: complicações crônicas mais presentes em RN pré-termo extremo · Atinge 20-30% dos RN pré termo com menos de 30 semanas de IG · Fatores de risco: prematuridade, exposição ao O2, suporte ventilatório, infecção sistêmica, desnutrição · Fisiopatologia: sistema pulmonar imaturo do RN pré-termo · Alteração no desenvolvimento das vias pulmonares: diminuição do diâmetro alveolar · Na alveolização: diminuição do nº de alvéolos · Na formação da microvascularização pulmonar: redução da microvasc. pulm. · Isso tudo gera aumento da resistência vascular, diminuindo as trocas gasosas e gerando a dependência de oxigênio. · Quadro clínico · Sintomas respiratórios associados a dependência de oxigênio. · Quando tira oxigênio, tem desconforto, cianose, evidenciando a dependência. · Ausculta pulmonar é pobre · Não consegue desmamar a ventilação mecânica, mesmo usando-a por mais de 2 semanas · Esforço respiratório crônico, não toleram hipóxia · Baixo ganho ponderal: até pra comer, é um grande esforço que a criança faz · RX de tórax: · Discreta hipotransparência difusa · Edema alveolar · Atelectasia · Enfisema intersticial · Travas opacas de fibrose (pulmão com cicatrizes) · Grandes cistos (nos casos mais graves) · Complicações: · Alta taxa de morbimortalidade neonatal · Internações hospitalares prolongadas · Sequelas pulmonares e extrapulmonares · Repercussões no crescimento e no desenvolvimento: bebê que não consegue se alimentar direito, às vezes passa meses com sonda, porque qualquer esforço que ele faz causa desconforto · Prevenção: · Evitar parto prematuro · Transição segura da vida fetal para vida neonatal · Acompanhamento adequado no período neonatal · Minimizar a lesão pulmonar Pneumonia · Processo inflamatório dos pulmões (bacteriano, viral, fúngico ou químico, como na SAM) · Associada a quadros como sepse e meningite neonatal · 1/3 dos neonatos podem evoluir para óbito nas primeiras 48h de vida · Precoce: até 48h de vida, predomínio de bactérias Gram-negativas · Adquiridas antes do nascimento ou congênitas · Adquiridas durante o nascimento · Tardias: predomínio de bactérias Gram-positivas · Fatores de risco: · Corioamnionite clínica: · Febre materna (> 38ºC) · FC materna >100 bpm · Glóbulos brancos (GB) > 20.000 · FC fetal >160 bpm · Útero doloroso · Rotura prematura de membranas > 18 horas · Trabalho de parto prematuro sem causa aparente · Colonização materna por estreptococo beta hemolítico do grupo B · Sinais clínicos sugestivos de sepse · Intolerância alimentar · Letargia · Hipotonia · Hipo ou hipertermia · Distensão abdominal · RX de Tórax · Infiltrado nodular ou grosseiro · Infiltrado granular fino e irregular · Broncogramas aéreos · Edema pulmonar · Consolidação segmentar ou lobar · Tratamento: · Antibioticoterapia: · Pneumonia precoce até 72h: ampicilina e aminoglicosídeos (gentamicina/micacina) · Pneumonia tardia: esquema da unidade neonatal · Suporte hídrico e nutricional · Suporte ventilatório · Drenagem de efusões, se necessário
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