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Marianna Lopes – Epidemiologia, 4° semestre FTC D. O. E M E D I D A S D E morbimortalidade ATESTAÇÃO MÉDICA DE EVENTOS LETAIS De acordo com o CFM, a declaração de óbito é vedada ao médico, assim como o atestado médico • Art. 80: O documento médico só pode ser expelido com o ato profissional correto (sem ser tendencioso ou sem corresponder à verdade) • Art. 81: Não é permitido atestar para obter vantagens (ex. dias de folga) • Art. 83: É proibido atestar óbito sem uma avaliação pessoalmente ou sem prestar assistência (exceto plantonista, substituto e legista) o Caso o médico não verificou a morte pessoalmente, ele é proibido de atestar e então um tabelião e testemunhas do enterro assinam a DO (sem médico não tem causa mortis) • Art. 84: Não é permitido deixar de atestar o óbito de pacientes que vem sendo atendido (exceto em casos de morte violência – homicídio, suicídio ou acidente) o Indícios de causa externa de morte são casos de legistas do IML (polícia) • Art. 87: Não é permitido deixar de elaborar prontuário legível, contendo assinatura e dados clínicos de acordo com a cronologia Resolução CFM nº 1.6658/2002 • Art. 1º: O atestado é parte integrante do ato médico, sendo que o seu fornecimento é um direito inalienável do paciente, que não pode importar em qualquer majoração de honorários o É proibido cobrar a mais pelo atestado • Art. 2º: Ao fornecer o atestado, o médico deve registrar os dados de exames e tratamento realizados em ficha própria e/ou prontuário médico, de maneira que possa atender às pesquisas de informações dos médicos peritos de empresas ou órgãos públicos (Previdência Social e Justiça) • Art. 3º: É obrigatória, aos médios, a exigência de prova de identidade aos interessados na obtenção de atestados de qualquer natureza que envolva assuntos de saúde ou doença DECLARAÇÃO DE ÓBITO Com exceção do campo I (cartório), todos os campos da DO devem ser preenchidos exclusivamente pelo médico que a atesta Campos iniciais • Cartório (campo I): Único campo que não é preenchido pelo médico • Identificação (campo II): Tipo de óbito (fetal ou não fetal), data e hora, registro de identificação civil (RIC), naturalidade (cidade onde nasceu e UF), nome do falecido, do pai e da mãe, data de nascimento, idade, sexo, estado civil, raça/cor, escolaridade e ocupação habitual (ap) o Óbito fetal não consta com nome do falecido nem nome do pai o Apenas aposentado ou autônomo são inconclusivos (ex. professor aposentado) • Residência (campo III): Logradouro, número, complemento, CEP, bairro/distrito, município e UF • Ocorrência (campo IV): Local de ocorrência do óbito, estabelecimento, endereço, número, complemento, CEP, bairro/distrito, município e UF o Importação e exportação de óbitos podem ser visto com a residência e a ocorrência (ex. cidadezinha não tem aporte médico e precisa deslocar seus pacientes para uma cidade maior, que tem taxas de morte maiores por isso) Interior: Exportador Capital: Importador • Fetal ou menor que 1 ano (campo V): Preenchimento exclusivo com dados da mãe – idade, escolaridade, ocupação habitual, nº total de filhos, duração a gestação, tipo de gravidez, tipo de parto, momento da morte Marianna Lopes – Epidemiologia, 4° semestre FTC (antes, durante ou depois do parto), peso ao nascer e nº de declarações de nascidos vivos o A causa de morte geralmente não é da criança (problemas maternos – pré-natal mal feito, doenças prévias, uso de drogas) o Se for morte fetal, não há declaração de nascido vivo Condições e causas do óbito (campo VI) • Óbitos em mulheres: Período da gravidez ou do puerpério (preenchimento exclusivo em caso de morte de mulheres em idade fértil) • Assistência médica • Diagnóstico confirmado: Necropsia, cirurgia ou exame complementar • Causa da morte (parte I) o Linhas iniciais: Consequências, de modo decrescente, dos eventos que levaram à morte a partir o Última linha: Causa básica (maior valor epidemiológico) o Exemplo: Choque hipovolêmico na L1, ruptura das varizes esofágicas na L2, hipertensão portal na L3, esquistossomose mansônica na L4 • Causa da morte (parte II): Outras doenças ou lesões que podem contribuir negativamente na causa mortis, mas não estão relacionadas com o estado que conduziu diretamente ao óbito Médico (campo VII) • Nome do médico, CRM e assinatura o Não é obrigatório carimbar o Na cremação, é necessário de duas assinaturas médicas • Tipo de atendimento ao falecido (assistente, substituto, legista do IML, patologista do SVO ou outros) • Meio de contato • Data do atestado Causas externas (campo VIII) Prováveis circunstâncias de morte não natural • Tipo de morte externa e possível acidente de trabalho • Fonte de informação • Descrição do evento e logradouro (caso seja em via pública) Localidade sem médico (campo IX) Usado caso o campo VII não possa ser preenchido pela falta de médico no momento • Declarante: Tabelião • Testemunhas: Duas pessoas atestam, perante o tabelião, que viram a pessoa morta (ex. participante do enterro) DECLARAÇÃO DE NASCIDO VIVO Documento do MS preenchido a cada nascimento de um bebê vivo • Cartório (campo I) • Local da ocorrência (campo II): Estabelecimento, endereço, CEP, número, complemento, bairro/distrito, município e UF o A naturalidade da criança que nasce em uma cidade (ex. falta de maternidade) pode ser alterada para a cidade que vive • Mãe (campo III): Nome, Cartão SUS, idade, estado civil, escolaridade, ocupação habitual, nº de filhos e endereço de residência • Gestação e parto (campo IV): Duração da gestação, tipo de gravidez, tipo de parto e nº de consultas de pré-natal • Recém-nascido (campo V): Data e hora do nascimento, sexo, índice de APGAR, raça/cor, peso ao nascer e malformação congênita ou anomalia cromossômica • Identificação (campo VI): Polegar direito da mãe e pé direito da criança • Preenchimento (campo VII): Responsável pelo preenchimento, função, identidade, órgão emissor e data da emissão da DNV o Não precisar ser preenchida por médicos MEDIDAS DE MORTALIDADE Coeficiente de mortalidade geral (CMG) Abrange todo tipo de morte, inclusive morte fetal 𝐶𝑀𝐺 = 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 • A pirâmide etária é o fator que mais influi no CMG, visto que uma população mais velha tem um número maior de mortos (ex. CMG do Japão é maior que o do Brasil) Marianna Lopes – Epidemiologia, 4° semestre FTC o A comparação entre locais com pirâmides divergentes para descrever condições de vida e saúde é inválida Mortalidade padronizada por idade Método comparativo de CMGs com pirâmides etárias distintas a partir da padronização dos coeficientes em uma população fictícia para obter uma taxa de mortalidade padronizada, que indica a mortalidade da população caso tivesse uma estrutura etária padrão Método direto de padronização • Divide-se as duas populações em faixas etárias e calcula-se a incidência de cada grupo • Aplica-se os coeficientes em uma população padrão (PP) para obter um número de óbitos esperado (NOE) de cada população o PP real (uma das populações envolvidas) o PP fictícia (média ou soma de ambas) • Calcula-se o coeficiente ajustado das duas PP CMG do país A NOE (PPxA) <40 5.700 20 mortes/1.000 pessoas (0,005) 5.700 x 0,02 114 mortes >40 4.300 40 mortes/1.000 pessoas (0,025) 4.300 x 0,04 172 mortes Total 10.000 286 mortes Taxa padronizada = 286 / 10.000 = 0,0286 Coeficiente de mortalidade infantil (CMI) Morte de crianças menores que 1 ano (até 11 meses e 29 dias de vida), mas morte fetal não faz parte 𝐶𝑀𝐼 = Ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 < 1 𝑎𝑛𝑜 𝑁𝑉 𝑛𝑎𝑞𝑢𝑒𝑙𝑒 𝑎𝑛𝑜 • Tipos de coeficientes de mortalidade infantil o Precoce (neonatal): Causa materna, isto é, durante a gravidez ou o parto Em contextos bem desenvolvidos o CMINN é maiorque o CMIPNN 𝐶𝑀𝐼𝑁𝑁 = Ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 < 28 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑁𝑉 𝑛𝑎𝑞𝑢𝑒𝑙𝑒 𝑎𝑛𝑜 o Tardia (pós neonatal): Causas ambientais (ex. alimentação, saneamento, acidentes, vacinas) Precisa de políticas e investimentos públicos para controlar a situação 𝐶𝑀𝐼𝑃𝑁𝑁 = 𝑑𝑒 28 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑎𝑡é < 1 𝑎𝑛𝑜 𝑁𝑉 𝑛𝑎𝑞𝑢𝑒𝑙𝑒 𝑎𝑛𝑜 • Mortalidade infantil proporcional: Se não há condições de calcular o CMI, usa-se o MIP, que não é um coeficiente, mas sim um índice (compara dois acontecimentos ao invés de um evento sobre sua possibilidade de ocorrer) 𝑀𝐼𝑃 = Ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 < 1 𝑎𝑛𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 Razão de mortalidade proporcional (RMP) Também chamado de índice de Swaroop-Uemura, que é um Indicador utilizado para comparar regiões com diferentes graus de desenvolvimento 𝑅𝑀𝑃 = Ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 ≥ 50 𝑎𝑛𝑜𝑠 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 Curva de Nelson Moraes Representação gráfica da mortalidade proporcional, que se dá por um eixo x com faixas etárias e um eixo y com a mortalidade proporcional, que tem como início da curva o MIP e fim o índice de Swaroop-Uemura • Curva em N invertido: Picos entre 20 e 49 anos e em < 1 ano • Curva em J invertido (L): Picos em > 1 ano • Curva em V ou U: Picos em < 1 ano e > 50 anos • Curva em J: Picos em > de 50 anos Coeficiente de mortalidade materna (CMM) Óbitos que abrangem a morte feminina que acontece desde a gravidez até o 42º dia (6 semanas) pós-parto 𝐶𝑀𝑀 = Ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑒𝑧, 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑜 𝑜𝑢 𝑝𝑢𝑒𝑟𝑝é𝑟𝑖𝑜 𝑁𝑉 Marianna Lopes – Epidemiologia, 4° semestre FTC • Tipos de coeficientes de mortalidade materna o CMM por causas obstétricas diretas (ex. pré-eclâmpsia, rompimento de gravidez ectópica, diabetes gestacional) o CMM por causas não-obstétricas (ex. homicídio, doenças infecciosas) Gravidez pode influenciar na morte (ex. determinadas valvulopatias e coagulopatias) Gravidez não influi Coeficiente de mortalidade por uma doença específica Para calcular o CM de cada doença, faz-se a razão entre o número de óbitos pela doença pelo grupo de pessoas que podem adquiri-la Exemplo tuberculose 𝐶𝑀 = Ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑡𝑢𝑏𝑒𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠𝑒 𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 Exemplo câncer de próstata 𝐶𝑀 = Ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝐶𝐴 𝑑𝑒 𝑝𝑟ó𝑠𝑡𝑎𝑡𝑎 𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑚𝑎𝑠𝑐𝑢𝑙𝑖𝑛𝑎 Exemplo câncer de colo de útero 𝐶𝑀 = Ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝐶𝐴 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑙𝑜 𝑑𝑒 ú𝑡𝑒𝑟𝑜 𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑓𝑎𝑚𝑖𝑛𝑖𝑛𝑎 CONCEITOS PARA MORBIDADE • Infectividade: Capacidade da doença infectar para novas pessoas (transmissão) • Patogenicidade: Capacidade de um patógeno originar doenças • Virulência: Gravidade (ex. raiva humana tem 100% de letalidade) • Potencial imunogênico: Capacidade de gerar uma resposta imune duradoura (imunidade – ex. sarampo, rubéola, cachumba, varicela, etc) COEFICIENTE DE MORBIDADE Coeficiente que trata da possibilidade de um grupo ser acometido por determinada doença 𝐶𝑜𝑒𝑓. 𝑚𝑜𝑟𝑏. = 𝑁º 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝑑𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎 𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎 𝑎𝑜 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜 Fatores influentes • Incidência: Casos novos (dado dinâmico) o Medida de risco (alta infectividade) • Prevalência: Totalidade de casos (produto da incidência pela duração) o Medida da carga mórbida (característica de doenças crônicas) • Imigração: Doentes que chegam em uma nova região (cardiopata que sai de SP e mora na BA) • Emigração: Doentes que deixam sua região • Cura e morte: Reduzem a prevalência Subnotificação ou sub-registro Muitas DOs são preenchidas de forma errada ou sem conhecimento sobre o caso, visto que muitos abortos mal sucedidos terminam em morte, mas a paciente tenta esconder e assim muitas mortes maternas ficam à margem das estatísticas • É preciso questionar a paciente e solicitar a dosagem de beta-HCG Coeficiente de letalidade por uma doença específica Medida de gravidade de cada doença, faz-se a razão entre o número de óbitos pela doença pelo grupo de pessoas acometidos por ela 𝐶𝐿 = Ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑡𝑢𝑏𝑒𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠𝑒 𝑁º 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠
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