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Perda de água pelos vegetais Profa. Dra. Amanda Cristina Esteves Amaro Fisiologia Vegetal 1. Introdução; 2. Transpiração; 3. Mecanismos que regulam o movimento estomático; 4. Fatores que afetam a transpiração; 5. Eficiência do uso da água; 6. Visão geral: Continuum solo-planta-atmosfera; Plano de aula 1.1 Transpiração: • Perda de água pelas plantas na forma de vapor; • 95% da água absorvida pelas plantas é perdida pela transpiração: Resfriamento das folhas; Ascensão da seiva aumenta a velocidade do movimento da seiva no xilema; Aumento da absorção de nutrientes. • Pode ocorrer em qualquer parte do vegetal acima do solo. 1. Introdução Secção transversal da folha dorsiventral de Buxus sempervirens L.. • Mais de 90% ocorrem pelas folhas Intimamente ligadas à anatomia das folhas. (Oliveira et al., 2009) AB AD F X EN 1.2 Cutícula: • Multicamada de ceras (cutina), que cobre a epiderme das folhas; • Funções: Barreira à saída de água; Barreira contra patógenos; Reduz danos mecânicos ao mesofilo; Proteção contra excesso de luminosidade. • Espessura e composição variável: Espécie; U.R; T°C; Estresse hídrico. • Continuidade é interrompida pelo estômato. (O li v ei ra e t al ., 2 0 0 9 ) (O li v ei ra e t al ., 2 0 0 9 ) 1.3 Complexo estomático ou estômato • Desempenha um importante papel regulador nas trocas gasosas nas folhas, pois regulam: A perda de água pela planta transpiração; A entrada de CO2 fotossíntese. • Encontrados em briófitas e traqueófitas; • Pode ocorrer em caules verdes, flores, frutos e na maioria nas folhas. • Pode estar presente tanto na superfície superior das folhas, quanto na inferior. Células-guardas: • Funcionam como válvulas, operadas pela turgescência, que controlam a abertura do poro ostíolo. A) Halteres: Poaceae e outras monocotiledôneas; B) Reniformes: eudicotiledôneas, algumas monocotiledôneas, briófitas e gimnospermas. (Taiz; Zeiger, 2013) Citossol e vacúolo Ostíolo Parede da célula- guarda fortemente espessada A Célula-guarda Célula-subsidiária Célula-epidérmica Ostíolo Célula-guarda B Par de células-guardas do tabaco (Nicotiniana tabacum L.), uma eudicotiledônea. (Taiz; Zeiger, 2013) • Microfibrilas de celulose projetadas radialmente a partir do ostíolo; • Parte interna, voltada para o ostíolo, é muito mais espessa do que a parede externa; • Quando a célula-guarda fica túrgida, a parede externa curva-se para fora, causando a abertura do ostíolo. (T ai z; Z ei ge r, 2 0 1 3 ) Reniforme Halteres Células-subsidiárias: • Transferência de íons, solutos e água. Mesofilo: • Células do mesofilo fotossintético apresentando um sistema interconectado de espaços intercelulares: • Pode atingir até 70% do volume das folhas Superfícies úmidas (água evapora); Ar. (h tt p :/ /w w w .a n at o m ia ve ge ta l.i b .u fu .b r) Secção transversal de folha de camélia (Camellia sp.) 2.1 Transpiração peridérmica: • Perda de água através das superfícies suberizadas da parte aérea; • Depende da estrutura da periderme, da frequência e da condutividade das lenticelas, e da presença de rachaduras na casca; • Árvores de regiões temperadas verão 1% da transpiração total. • Lenticelas: Pouco significativas. (Kerbauy, 2008) Lenticela do caule de sabugueiro (Sambucus nigra L.) 2. Transpiração 2.2 Transpiração cuticular: • Difusão das moléculas de água através da cutícula; • Pouco significativa; • Resistência à transpiração cuticular varia de acordo com as espécies e ambiente: Ambientes úmidos cutícula mais permeável; Regiões áridas cutícula mais espessa transpiração cuticular menor que 1%; Clima ameno 1 a 5% transpiração cuticular; Rachaduras na cutícula↑permeabilidade. 2.3 Transpiração estomática: • 90 a 95% da transpiração total; • Água é puxada pelo xilema para as paredes celulares do mesofilo evapora para os espaços intercelulares da folha sai da folha para a atmosfera através dos estômatos; • Movimento fase vapor difusão; • Depende de 2 fatores principais: Diferença de concentração do vapor de água; Resistência à difusão na rota da transpiração. 2.3.1 Diferença de concentração do vapor de água: • Entre os espaços intercelulares das folhas e a massa atmosférica externa: Dentro da folha concentração de vapor de água ≅ saturação; Atmosferadificilmente está saturada de água. ΔCva = Cva(folha) – Cva (ar) 2.3.2 Resistência à difusão na rota da transpiração: Resistência estomática foliar: • Estômato aberto ou fechado; • A quantidade, distribuição, tamanho, forma e mobilidade do complexo estomático: Características da espécie; Podem variar em função das adaptações às condições locais. Condutância estomática: Inverso da resistência estomática; Diretamente proporcional à abertura do ostíolo. Ostíolo Células-guarda Cloroplasto (T ai z; Z ei ge r, 2 0 1 3 ) Resistência da camada limítrofe: • Velocidade do vento; • Umidade relativa do ar; • Aspectos anatômicos e morfológicos tricomas; estômatos em cavidade; tamanho e orientação da folha: (T ai z; Z ei ge r, 2 0 1 3 ) Estômatos em secção longitudinal situados abaixo das demais células da epiderme CD = células-guarda CS = câmara subestomática Estômatos em cripta Ex. Annona sp. (http://www.ibilce.unesp.br/#!/departamentos/zoologia-e-botanica/laboratorios/anatomia- vegetal/disciplinas/morfologia-vegetal/aulas-praticas/folhaparte1) (O liv ei ra e t al ., 2 0 0 9 ) Ar em movimento lento (vento) Ar em movimento rápido (vento) Ar relativamente parado A camada limítrofe torna-se mais fina com o aumento na velocidade do vento (Salisbury; Ross, 2012) Camada limítrofe fina Camada limítrofe grossa Dependência do fluxo de transpiração em relação à abertura estomática de Zebrina pendulata (Taiz; Zeiger, 2013) • Abertura e fechamento estomático diferenças na turgescência das células-guarda osmorregulação. 3.1 Hipótese amido-açúcar: • Mudança de turgor dependente da interconversão de amido em açúcares solúveis: Amido (insolúvel) Glicose e Frutose (solúveis) ↓Ѱos↓Ѱw entrada de água nas células-guarda células-guarda túrgidas estômato abre 3. Mecanismos que regulam o movimento estomático 3.2 Hipótese Osmorregulação pelos íons K+; Cl-; Malato2-: • Íons são os principais responsáveis pela osmorregulação das células-guardas; • Estômato abre: ↑[K+]; ↑[Cl-]; ↑[Malato2-] células-guardas: - Cl- e Malato2- neutralidade elétrica das células- guardas. • Abertura estomática é um processo que demanda energia ATP). [K+]; ↑[Cl-]; ↑[Malato2-]↓Ѱos↓Ѱw entrada de água nas células-guarda células-guarda túrgidas estômato abre Membrana plasmática Apoplasto CitoplasmaCloroplasto Membrana plasmática Apoplasto CitoplasmaCloroplasto Vacúolo H+H + ADP ATP K+K+ 1. Luz azul (440-485nm) ativa bomba H+- ATPase 2. Potencial eletroquímico abertura canais de K+ Cl-Cl- 3. Cl- absorvido Membrana plasmática Apoplasto CitoplasmaCloroplasto Vacúolo Amido H+H + ADP ATP K+K+ Cl-Cl- Ciclo de Calvin CO2 PEP Maltose Glicose AOA Malato NADPH + H+ NADP + Malato desidrogenase PEPcase CO2 H+ + Malato2- Glicose-6-P 4. Malato2- é produzido no citoplasma O malato é sintetizado no citossol das células-guardas, em uma rota metabólica que utiliza esqueletos de carbono gerados pela hidrólise do amido no cloroplasto. Membrana plasmática Apoplasto CitoplasmaCloroplasto Vacúolo Amido H+H + ADP ATP K+K+ Cl-Cl- Ciclo de Calvin CO2 PEP Maltose Glicose AOA Malato NADPH + H+ NADP + Malato desidrogenase PEPcase CO2 H+ + Malato2- Glicose-6-P Malato2- Cl- K+ 5. Acúmulo íons K+, Cl- e malato 2-↓Ѱos↓Ѱw entrada de água nas células- guarda células-guarda túrgidas estômato abre 3.3 Hipótese Sacarose: • Sacarose pode ser produzida no citossol: Precursores originados da hidrólise do amido;Precursores produzidos na fotossíntese. Obs. Dependendo das condições, uma ou mais rotas podem ser ativadas. Acúmulo de sacarose ↓Ѱos↓Ѱw entrada de água nas células-guarda células-guarda túrgidas estômato abre. Membrana plasmática Apoplasto CitoplasmaCloroplasto Vacúolo Amido Ciclo de Calvin CO2 Maltose Glicose Glicose-6-P Sacarose Sacarose Sacarose 1. Acúmulo de sacarose ↓Ѱos ↓Ѱw entrada de água nas células- guarda células-guarda túrgidas estômato abre 3.4 Fechamento estomático: • Ausência de luz fotossíntese cessa; • Não funcionamento da bomba H+ - ATPase; • Efluxo K+ e Cl- para o apoplasto; • Malato2- catabolizado na respiração ou expelido para o apoplasto; • ↓[Sacarose]; • ↑Ѱos ↑Ѱw saída de água nas células-guarda células-guarda murcham estômato fecha. 3.5 Fechamento estomático hidroativo: • Défice hídrico ABA transportado para as folhas; • Respostas mediadas por ABA e Ca2+ promovem o fechamento estomático. 4.1 Fatores intrínsecos: • Área foliar; • Relação raiz/parte aérea; • Anatomia foliar: Cutícula; Tricomas; Espessura do mesofilo; N° de estômatos. 4. Fatores que afetam a transpiração 4.2 Fatores externos: Luz: • A luz é o sinal mais proeminente no controle dos movimentos estomáticos em plantas bem hidratadas: ↑ Luz estômato abre; ↓ Luz estômato fecha. • Fotossíntese dos cloroplastos das células-guardas importante na abertura estomática. Resposta específica à luz azul. Água: • Abertura estomática só ocorre quando as células-guardas se encontram túrgidas; • Qualquer alteração na hidratação das plantas afeta o movimento estomático; • Estômatos: Acúmulo de íons K+, Cl-, malato2- e sacarose↓Ѱos ↓Ѱw entrada de água nas células-guarda células- guarda túrgidas estômato abre; • Défice hídrico: Células-guarda percebem deficiência hídrica do mesofilo Ácido abscísico (ABA). CO2: • Efeitos da luz e do CO2 estão intimamente ligados; • Células-guarda respondem ao CO2 : CO2 favorece a formação de malato 2- e sacarose nas células-guarda ↓Ѱos ↓Ѱw entrada de água nas células-guarda células-guarda túrgidas estômato abre; Temperatura: • Influencia indiretamente o movimento estomático; • Integridade das membranas; • Metabolismo das células-guarda; • Cinética das reações químicas e atividade das muitas enzimas que dele participam: Baixas temperaturas↓ fotossíntese; Conforme aumenta a temperatura aumenta a fotossíntese até um valor ótimo; Temperaturas supraótimas: o Relação CO2/O2 modificada↑Rubisco oxi.; o Desorganização do metabolismo. • O calor acumulado sobre as folhas expostas à luz é muito alto dissipado por radiação; calor sensível e calor latente: • ↑ Temperatura ↑transpiração: Estômatos CO2 entra e vapor de água sai. (T ai z; Z ei ge r, 2 0 1 3 ) • A capacidade de a planta limitar a perda de água e, ao mesmo tempo, permitir suficiente absorção de CO2 pode ser expressa pela eficiência do uso da água; • Resulta de 3 fatores: Gradiente de concentração que governa a perda de água é 50x maior do que o gradiente de efluxo de CO2; • ↓ [CO2] ar ≅ 0,038% • ↑ [H2O] dentro da folha CO2 difunde-se 1,6x mais lentamente que a H2O; CO2 precisa atravessar a membrana plasmática, citoplasma, envoltório do cloroplasto↑ resistência. 𝐸𝑈𝐴 = 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝐶𝑂2 𝑓𝑖𝑥𝑎𝑑𝑜 (𝐹𝑜𝑡𝑜𝑠𝑠í𝑛𝑡𝑒𝑠𝑒) 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝐻2𝑂 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑑𝑎 5. Eficiência do uso da água • Movimento da água do solo para a atmosfera através da planta envolve diferentes mecanismos de transporte: Solo e xilema água no estado líquido move-se por fluxo de massa, em resposta a um gradiente de pressão (ΔѰp); Quando a água no estado líquido é transportada através das membranas, a força propulsora é a ≠Ѱw ; Fase de vapor água se move por difusão. • Elemento chave no transporte de água do solo às folhas pressões negativas dentro do xilema. 6. Visão geral: Continuum solo-planta-atmosfera 7. Referências Bibliograficas • FLOSS, E.L. Fisiologia das Plantas Cultivadas: o estudo do que está atrás do que se vê. 5ª ed. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 2011. 734p. • KERBAUY, G. B. Fisiologia Vegetal. 2ª Ed. São Paulo: Guanabara Koogan: Rio de. Janeiro, 2012. 452p. • LOPES, N. F.; LIMA, M. G. S. Fisiologia da Produção. Viçosa: Editora UFV, 2015. 492p. • TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal . 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. 918p. • CASTRO, P.R.C.; KLUGE, R.A.; SESTARI, I. Manual de Fisiologia Vegetal: Fisiologia de cultivos. São Paulo: Ceres, 2008. 864p. • LARCHER W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: RiMa, 2006. 550p. • MARENCO, R.A.; LOPES, N.F. Fisiologia Vegetal. 3ª Ed. Viçosa: UFV, 2009. 486 p. • RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia Vegetal. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2014. 876p. • SALISBURY, F.B.; ROSS, C.W. Fisiologia das Plantas. 4ª Ed. Cengage Learning: América Latina, 2012. 858p.
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