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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE AGROPECUÁRIA ASPECTOS MORFOLÓGICOS, ANATÔMICOS E FISIOLÓGICOS DOS VEGETAIS José Rêgo Neto Natal, RN 2005 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 03 2 ESTRUTURA EXTERNA E ORGANIZAÇÃO INTERNA DA PLANTA ......................................................... 04 2.1 Estrutura Externa ................................................................................................................................................ 04 2.2 Organização Interna da Planta ..................................................................................................................... 04 2.2.1 A Célula Vegetal ................................................................................................................................................... 05 2.2.1.1 Parede Celular ................................................................................................................................................... 05 2.2.1.2 Membrana Plasmática ................................................................................................................................... 05 2.2.1.3 Citoplasma .......................................................................................................................................................... 06 2.2.1.4 Núcleo ................................................................................................................................................................... 06 2.2.2 Os Tecidos Vegetais ............................................................................................................................................ 06 2.2.2.1 Tecidos de Formação ..................................................................................................................................... 07 2.2.2.2 Tecidos de Revestimento ............................................................................................................................. 07 2.2.2.3 Tecidos de Preenchimento .......................................................................................................................... 10 2.2.2.4 Tecidos de Sustentação ................................................................................................................................. 10 2.2.2.5 Tecidos de Condução ..................................................................................................................................... 11 2.3 Órgãos da Planta .................................................................................................................................................. 13 2.3.1 Folha ......................................................................................................................................................................... 13 2.3.1.1 Aspectos Morfológicos................................................................................................................................... 13 2.3.1.2 Aspectos Anatômicos ..................................................................................................................................... 14 2.3.1.3 Abertura e Fechamento dos Estômatos ................................................................................................. 15 2.3.2 Caule ......................................................................................................................................................................... 16 2.3.2.1 Aspectos Morfológicos................................................................................................................................... 16 2.3.2.2 Aspectos Anatômicos ..................................................................................................................................... 16 2.3.3 Raiz ............................................................................................................................................................................ 18 2.3.3.1 Aspectos Morfológicos................................................................................................................................... 18 2.3.3.2 Aspectos Anatômicos ..................................................................................................................................... 19 3 A ÁGUA NA PLANTA .................................................................................................................................................. 21 3.1 Movimento da Água e Nutrientes na Planta .......................................................................................... 21 3.1.1 Absorção da Água e Nutrientes ..................................................................................................................... 21 3.1.2 Transporte da Água e Nutrientes (Seiva Bruta) ..................................................................................... 22 3.1.3 Transporte da Água e Açúcares (Seiva Elaborada) ............................................................................... 22 3.2 Transpiração .......................................................................................................................................................... 23 3.3 Funções da Água na Planta ............................................................................................................................. 23 3.4 Efeitos Fisiológicos da Deficiência de Água na Planta ..................................................................... 24 3.5 Potencial Hídrico da Planta (Ψw)............................................................................................................... 24 3.6 Ajustamento da Planta à Deficiência Hídrica ....................................................................................... 25 3.7 Eficiência no Uso da Água ................................................................................................................................ 26 4 IMPORTÂNCIA DO MELHORAMENTO VEGETAL NO USO DA ÁGUA PELA PLANTA ...................... 28 5 LITERATURA CONSULTADA .................................................................................................................................. 29 3 ASPECTOS MORFOLÓGICOS, ANATÔMICOS E FISIOLÓGICOS DOS VEGETAIS José Rêgo Neto1 1 INTRODUÇÃO O Reino Plantae engloba uma diversidade de cerca 322.270 espécies de plantas já descritas. Indo desde plantas sem sementes e sem sistema condutor (Criptógamas avasculares) até plantas com sistema condutor, com sementes e com frutos (Angiospermas). Desse total, cerca de 285.721 espécies pertencem ao grupo das Fanerógamas (plantas com sistema condutor e com sementes), que inclui praticamente todas as espécies cultivadas pelo homem. O grupo das Fanerógamas foi dividido em dois subgrupos: o das Gimnospermas (plantas sem frutos) e o das Angiospermas (plantas com frutos). O subgrupo das Angiospermas contém duas classes: a das Dicotiledôneas (236.500 espécies descritas) e a das Monocotiledôneas (48.500 espécies descri- tas). As plantas pertencentes ao subgrupo das Angiospermas constituirão o nosso objeto de estudo na disciplina Fisiologia Vegetal. Esse texto inicial tem por objetivo fazer uma revisão sucinta dos aspectos morfológicos, anatômicos e fisiológicos considerados básicos para o estudo da disciplina. 1 Professor do Departamento de Agropecuária da UFRN. 4 2 ESTRUTURA EXTERNA E ORGANIZAÇÃO INTERNA DA PLANTA 2.1 Estrutura Externa Apesar das plantas produtoras de sementes (Angiospermas)mostrarem uma grande variação em tamanho, forma, ciclo de vida e habitat, apresentam uma estrutura externa semelhante (Figura 1a). Figura 1a – Estrutura externa da planta. 2.2 Organização Interna da Planta Nos vírus, a organização não vai além do nível molecular. Nos vegetais superiores essa organiza- ção estrutural interna é mais complexa; apresentam diferentes níveis sucessivos de organização, que podem ser assim apresentados: A morfologia externa não nos fornece informações suficientes para que possamos entender os processos fisiológicos, tais como absorção de água e nutrientes, transporte de seiva, fotossíntese, respi- ração, etc. Por isso, para que se entenda esses processos, é necessário que se conheça a organização estrutural e funcional da planta. Moléculas orgânicas Organelas celulares Células Tecidos Órgãos Sistemas Corpo da planta 5 2.2.1 A Célula Vegetal A célula vegetal possui a mesma organização básica da célula animal, mas apresenta algumas ca- racterísticas que a diferenciam desta. As principais são: presença de parede celular, plastos e vacúolos. A célula é o local onde ocorrem os processos metabólicos, sendo por isso, a unidade básica da vida. Daí ser fundamental para o estudo da planta, o conhecimento dos seus componentes estruturais e fun- ções por eles desempenhadas. A célula vegetal é formada basicamente pela parede celular, o citoplasma e o núcleo (Fig. 1b). En- contramos nos vegetais, células das mais variadas formas. Figura 1b – Esquema de uma célula vegetal típica. 2.2.1.1 Parede Vegetal É uma membrana rígida que envolve a célula, constituída principalmente por moléculas de celu- lose, sintetizadas pela própria célula. Não existe na célula animal. Em certos casos, a célula vegetal pode produzir substâncias diferentes da celulose, que se depositam sobre ou entre a parede celular. Estas substâncias são: a) Cutina – depositada sobre a parede celular que está voltada para o exterior das folhas, formando uma camada impermeável, a cutícula, cuja função é evitar a perda de água por evaporação. b) Suberina – depositada sobre as paredes celulares de células do caule. Se a deposição se faz em toda a parede celular, a célula morre, pois, a suberina é impermeável. O tecido formado por célu- las mortas pela suberificação é chamado súber (cortiça) e sua função é proteger o caule vegetal. c) Lignina – depositada nas paredes celulares dos vasos lenhosos, uniformemente por toda a parede ou formando anéis ou espirais. Como a suberina, a lignina também é impermeabilizante. Sua fun- ção é reforçar as paredes das células dos tecidos de sustentação da planta (esclerênquima). A parede celular é muito importante para as células vegetais, pois constitui um arcabouço que mantém a sua forma. Não prejudica a absorção de água pela célula porque é porosa (em certos pontos da parede, a celulose não se deposita, formando poros). 2.2.1.2 Membrana Plasmática É outra membrana que envolve o citoplasma e fica revestida externamente pela parede celular. É constituída, principalmente, por moléculas de proteínas e lipídios; é semipermeável, constituindo bar- reira osmótica para o intercâmbio de substâncias. É ela quem controla a entrada e saída de material na célula, o que é essencial para a vida da célula. 6 2.2.1.3 Citoplasma É a porção da célula que fica entre a membrana plasmática e ao núcleo. É formado pelo hialo- plasma ou citoplasma fundamental (matéria de natureza coloidal), os organoides, as inclusões e os vacúolos. Os organoides são estruturas que participam ativamente no metabolismo e funções celulares. São eles: retículo endoplasmático, complexo de Golgi, plastos, ribossomos e mitocôndrias. As inclusões são acúmulos de substâncias de reservas (como amido nos vegetais e glicogênios nos animais) e inclu- sões sólidas. Nas células de alguns tecidos vegetais diferenciados, o citoplasma fica reduzido à parte periférica da parede celular, dando lugar a grandes vacúolos, que na célula madura chega a ocupar a maior parte do volume celular (Fig. 2). Os vacúolos são importantes nos processos de desenvolvimento porque servem de depósito para materiais metabólicos (açúcares, ácidos orgânicos, etc.); o tonoplasto, membrana que o envolve, tem um papel de destaque no fluxo de materiais e de água entre o vacúolo e o restante da célula. Figura 2 – Vista tridimensional de uma célula vegetal adulta. Notar o grande vacúolo 2.2.1.4 Núcleo É um corpúsculo, geralmente arredondado, que fica separado do citoplasma circundante por uma membrana denominada membrana nuclear ou carioteca. No seu interior fica o material genético da célula, que é o responsável pela manutenção do seu patrimônio genético, durante a divisão celular. 2.2.2 Os Tecidos Vegetais As plantas são constituídas por conjuntos de células diferenciadas para executar determinadas fun- ções. O conjunto de células com diferenciação para uma mesma função é chamado de tecido. O embrião de uma semente se desenvolve, formando uma pequena planta, com partes diferenciadas em raiz, caule e folhas. Para isso, muitas das células da plântula forem divisões celulares, crescem e se diferenciam em diversos caminhos. As células diferenciadas, de uma maneira geral, perdem a capacidade de divisão ou se dividem pouco. Mas para que a planta cresça, é necessário que existam células que mantenham a capaci- dade de se dividir; estas células são chamadas de meristemáticas e os tecidos por elas formados são de- nominados meristemas. Com base na função que desempenham na planta, os tecidos são classificados em: de formação, de revestimento, de preenchimento, de sustentação e de condução. 7 2.2.2.1 Tecidos de Formação São os meristemas, responsáveis pelo crescimento da planta. Há dois tipos de meristemas: o pri- mário e o secundário. a) Meristema Primário – Responsável pelo crescimento em comprimento; localiza-se na região apical do caule e subapical da raiz. Nessa região, as células são indiferenciadas. Antes de so- frerem diferenciação elas aumentam de tamanho, constituindo a zona de distenção, que, no caule fica abaixo da zona meristemática e na raiz, acima (Figura 3). Figura 3 – Ponta do caule, mostrando o tecido de formação (meristema apical) e a diferenciação das células para a formação do sistema condutor. b) Meristema Secundário – Formado por desdiferenciação de células que já haviam se diferen- ciado e perdido a capacidade de se dividir. É responsável pelo crescimento em espessura da raiz e do caule. Assim, o crescimento em espessura, do caule e da raiz, é dito crescimento secundário, e é feito graças a um tecido meristemático, o câmbio, situado no interior do caule e da raiz, entre o xilema e o floema (Figura 4). Para acompanhar o crescimento em espessura da parte central do caule e da raiz (cilindro cen- tral), células da casca da planta sofrem desdiferenciação e formam um meristema secundário chamado felogênio, que dá origem ao feloderma, para o interior, e ao súber, para o exterior (Figura 5). 2.2.2.2 Tecidos de Revestimento São formados por células vivas ou mortas. Tem a função de oferecer proteção mecânica às partes da planta onde se encontram, bem como evitar perda excessiva de água. São constituídos pela epi- derme, o súber, o feloderma e o parênquima cortical. A epiderme é uma camada de células, estreita- mente unidas entre si e que reveste as plantas (Figura 6). Estas células, via de regra, secretam a cutina (substância impermeável) para a superfície da epiderme que fica exposta ao ar, formando uma camada impermeável, a cutícula. Sobre esta camada, algumas plantas, como a carnaubeira, ainda depositam uma camada de cera. As células epidérmicas podem especializar-se, formando pelos uni ou pluricelula- res (Figura 7). Quandonas folhas, estes pelos contribuem para reduzir a evaporação. O súber é um tecido resultante da atividade do felogênio, e fica logo abaixo da epiderme do caule e raízes. Suas células fabricam a suberina, substância impermeável, que vai impregnar suas paredes celu- lares. Impossibilitados de efetuar as trocas de ar e de alimento, as células acabam morrendo. O tecido for- mado de células mortas pela suberificação chama-se súber e tem uma função protetora (Figura 8). 8 Figura 4 – Crescimento secundário em raízes. (A) Crescimento primário a secundário do caule. O crescimento primário está identificado com letras verdes, enquanto o crescimento secundário está identificado com letras mar- rons. O câmbio vascular inicia como regiões separadas de crescimento nos feixes vasculares (ou câmbio fascicular) de xilema e floema primários. À medida que a planta cresce, os feixes vasculares conectam-se pela união do câmbio fascicular com o câmbio interfascicular (entre os feixes). Uma vez que o câmbio vascular forma um anel contínuo, divide-se para dentro, para gerar o xilema secundário, e para fora, para gerar o floema secundário. As regiões do córtex desenvolvem-se em fibras de floema e na periderme, que contém o felogênio, ou câmbio suberoso, e a felo- derme (externa). Com o crescimento, a epiderme rompe-se e raios conectam o sistema vascular interno e externo. (B) Crescimento primário a secundário da raiz. O cilindro vascular central contém floema e xilema primários. Como no caule, o câmbio vascular torna-se conectado e cresce para fora, gerando floema secundário e raios. À medida que as raízes aumentam em circunferência, o periciclo gera a periderme da raiz, enquanto a epiderme, o parên- quima cortical e a endoderme são descartados. O periciclo produz as fibras do floema e raios, bem como as raízes laterais (não mostradas). O câmbio vascular produz floema secundário e anéis de xilema secundário. Figura 5 – Atividade dos meristemas no cilindro central e na casca. Ao conjunto de floema + câmbio + xilema denominamos paquita. Figura 6 – Epiderme vegetal. Notar as células justapos- tas e sobre elas, do lado externo do órgão, a cutícula. Figura 7 – Tricomas ou pelos epidérmicos. Figura 8 – Casca de um caule, destacando a localização do súber, felogênio, feloderma e parênquima cortical. 10 2.2.2.3 Tecidos de Preenchimento São conhecidos pelo nome de parênquimas. São formados por células vivas e tem funções varia- das, dependendo do órgão onde se encontram. Assim, podem ser classificados da seguinte maneira: a) Parênquima clorofiliano – Suas células são ricas em cloroplastos; realizam intensa atividade de fotossíntese. Localizam-se principalmente nas folhas. b) Parênquima de reserva – Especializados no armazenamento de substâncias como amido, gorduras, óleos, etc. É encontrado em órgãos especializados em reserva, tais como o caule e raízes tuberosas. O parênquima aerífero, que acumula as nas plantas aquáticas e o parên- quima aquífero, que acumula água nas plantas das regiões áridas, são também parênquimas de reserva (Figura 9). Na parte celulósica das células do parênquima, há, de vez em quando, pequenos poros redondos denominados pontuação, atravessados por finos filtros plasmáti- cos, comunicando uma célula com outra. Figura 9 – Tecidos vegetais. A) Parênquima clorofiliano; B) Parênquima de reserva; C) Parênquima aerífero (ae- rênquima). 2.2.2.4 Tecidos de Sustentação Tem a função de fornecer uma estrutura de sustentação à planta. São de dois tipos: colânquima (células vivas) e esclerênquima (células mortas). a) Colênquima – Suas células acumulam celulose em certas regiões da parede celular. Como a celulose é permeável à entrada de substâncias nas células, estas não morrem. O colênquima é um tecido de sustentação que ocorre em plantas herbáceas (Figura 10). b) Esclerênquima – É constituído por células cujas paredes sofreram deposição de lignina em toda sua extensão. Sendo esta substância impermeável, as células morrem. A lignina é muito resistente e as células esclerenquimáticas formam feixes rígidos, que sustentam a planta (Fi- gura 11). De um modo geral, as células esclerenquimáticas formam feixes compridos, que podem atingir até 50 cm, e atravessam os órgãos da planta, como se fosse o ferro nas vigas das construções. As fibras es- clerenquimáticas formadas por células com membranas celulósicas são usadas como fibras têxteis. As de membranas lignificadas não servem para fiação e tecelagem porque a lignina é muito quebradiça (Figura 11). Figura 10 – Tecidos de sustentação (colênquima e escle- rênquima) e de preenchimento (parênquima). Figura 11 – Esclerênquima. A) Corte transversal; B) Vista longitudinal de um feixe esclerentimático. 2.2.2.5 Tecidos de Condução O sistema condutor dos vegetais superiores transporta, da raiz para as folhas, água + sais minerais e das folhas para todo o vegetal, substâncias orgânicas (açúcares). As plantas terrestres que não pos- suem sistema condutor (briófitas) distribuem a água somente por difusão, são de pequeno porte e vivem restritas a áreas úmidas. O tecido condutor que transporta a água e sais (seiva bruta) é chamado de lenho ou xilema; o tecido que transporta as substâncias orgânicas produzidas pela fotossíntese (seiva elaborada) é deno- minada líber ou floema (Figura 12). Figura 12 – Sistema condutor da planta. A água e os sais são conduzidos pelo xilema, enquanto os açúcares circulam pelo floema. a) Xilema – É constituído por células mortas (principalmente), mais ou menos compridas, cujas paredes são impregnados de lignina. Estas células são de 2 tipos: traqueídes e vasos lenho- sos, que tem a função de conduzir a seiva bruta. a.1) Traqueídes – São compostas por uma única célula, fechada em ambas as extremidades por paredes transversais. A lignina se deposita formando anéis, espirais ou uniformemente em todas as paredes, menos em certos pontos, ficando buracos (pontuações), que permitem a circulação da seiva entre traqueídes vizinhas (Figura 13). O xilema das gimnospermas é for- mado apenas por traqueídes. 12 Figura 13 – Traqueídes e elementos de vaso. Traqueídes, na sequência: com reforços anelados, helicoidais, escalari- formes. O último tipo é o pontoado, observado também em xilema secundário. Elementos de vaso, na sequência: com reforços anelados, helicoidais, reticulados e pontoados. Reiterado de Coutinho (1975). a.2) Vasos Lenhosos – São tubos formados por várias células, superpostas, cujas paredes transversais foram dissolvidas durante a diferenciação celular. Como os traqueídes, os vasos também possuem reforços de lignina e pontuações nas paredes laterais; o que distinguem os vasos lenhosos das traqueídes são as perfurações, que são aberturas resultantes da destrui- ção das paredes transversais (Figura 14). Figura 14 – Vasos lenhosos. A) Com reforço anelado; B) Com re- forço espiralado; C) Vaso lenhoso (formado pela superposição de várias células), mostrando o caminho da seiva bruta, as pontua- ções (poros) e as perfurações (Amabis et al., 1979). b) Floema – É constituído pelos tubos crivados, que são células vivas, superpostas, cujas pare- des transversais apresentam grande número de pontuações (poros). Estas paredes crivadas recebem o nome de placas crivadas (Figura 15). Quando as células crivadas atingem a matu- ridade, seu núcleo desaparece, continuando só o citoplasma. Figura 15 – Desenhos esquemáticos de elementos crivados maduros (elementos de tubo crivado – ETC). A) Vista externa, mostrando placas crivadas e áreas crivadas laterais. B) Seção longitudinal mostrando dois ETCs, formando um tubo cri- vado. Os poros nas placas crivadas entre os ETCs são canais abertos para permitir o transporte. A membrana plasmática deum ETC é contínua com a do ETC vizinho. Cada ETC está associado com uma ou mais células companheiras, as quais assumem algumas funções metabólicas essenciais que foram reduzidas ou perdidas durante a diferenciação dos ETCs. Ob- serve que a célula companheira apresenta muitas organelas, enquanto o ETC tem relativamente poucas. Chama a atenção a presença da proteína-P no ETC, a qual tem função de vedar aberturas causadas por ferimentos, evitando a perda exces- siva de seiva. Os tubos crivados são ladeados por pequenas células, ricas em protoplasma, as células compa- nheiras, cuja função ainda não está bem esclarecida, mas provavelmente colaboram na condução da seiva elaborada. 2.3 Órgãos da Planta Os órgãos da planta podem ser agrupados em dois tipos: órgãos vegetativos (folha, caule e raiz), encarregados de funções vitais da planta, como absorção de nutrientes, fotossíntese, etc., e órgãos re- produtivos (flor, fruto e semente), responsáveis pela reprodução. Estudaremos apenas os órgãos vegetativos, uma vez que foge ao nosso objetivo o estudo da re- produção dos vegetais, no presente trabalho. 2.3.1 Folha 2.3.1.1 Aspectos Morfológicos As folhas são os órgãos do vegetal adaptados à realização da fotossíntese, embora esta possa ocor- rer em outros órgãos da planta, como no caule e nos frutos. A riqueza em cloroplastos e a sua forma laminar, que aumenta a superfície exposta à luz (essencial na fotossíntese) são características adaptati- vas à sua função. A diversidade de forma que apresenta também é uma adaptação ao meio em que as plantas se desenvolvem. Assim, a araucária ou pinheiro-do-Paraná (Araucaria angustifolia) possui fo- lhas coriáceas e sempre verdes (não caem), adaptadas ao frio, enquanto nas regiões semiáridas, como em boa parte do Nordeste, a vegetação é, via de regra, de folhas reduzidas ou até ausentes (substituídas por espinhos, como nas cactáceas), o que caracteriza as plantas xerófitas. Por outro lado, em regiões úmidas e quentes, encontramos plantas com folhas bem desenvolvidas, o que favorece a transpiração (higrófitas). Numa folha típica, podemos observar as seguintes partes (Figura 16): Figura 16 – Dois tipos de folhas. A) Folha simples ovalada. B) Folha composta. Notar as principais partes das folhas. Órgãos das Plantas Vegetativos Folha Caule Raiz Reprodutivos Flor Fruto Semente 14 2.3.1.2 Aspectos Anatômicos A Figura 17 mostra, em corte transversal, a estrutura interna de uma folha. Podemos distinguir a epiderme, revestindo as duas superfícies da folha, e o mesófilo (Figura 17). Sobre as epidermes (supe- rior e inferior) existe a cutícula, que é mais espessa nas xerófitas e mais fina nas higrófitas. O mesófilo é a porção compreendida entre as duas epidermes. É formado por células ricas em cloroplastos; umas justapostas, logo abaixo da epiderme superior, constituindo o parênquima clorofiliano paliçádico e outras de forma irregular com muitos espaços ou lacunas entre si, constituindo o parênquima clorofi- liano lacunoso. No mesófilo, encontramos ainda os feixes líbero-lenhosos correspondentes às nervuras da folha. A epiderme inferior da folha acha-se interrompida em vários pontos, formando aberturas por onde ocorrem a transpiração e as trocas gasosas na planta. Estas aberturas são denominadas estômatos (Figura 17). Figura 17 – Corte transver- sal de uma folha, mostrando sua estrutura interna. Notar os estômatos, por onde ocorrem as trocas gasosas. Trajetória da água pela fo- lha. A água é puxada do xi- lema para as paredes celula- res do mesófilo, de onde evapora para os espaços in- tercelulares dentro da folha. O vapor da água difunde-se, então, pelos espaços inter- celulares da folha, através do poro estomático e da ca- mada limítrofe de ar parado situada junto à superfície foliar. O CO2 difunde-se na direção oposta, ao longo de seu gradiente de concentra- ção (baixa no interior, mais alta no exterior). Os estômatos são formados por 2 células reniformes da epiderme, clorofiladas, chamadas células- guardas ou células estomáticas. Ao lado das células-guardas, encontram-se 2 células semelhantes (aclorofiladas) denominadas células anexas (Figura 18). Figura 18 – Estômatos em vista frontal, fechado e aberto. Entre as células-guardas fica uma fenda, o ostíolo, cuja abertura e fechamento depende do estado de turgescência das células-guardas. 2.3.1.3 Abertura e Fechamento dos Estômatos A abertura e fechamento dos estômatos ocorrem devido a 2 mecanismos: o hidroativo e o fotoa- tivo, ambos possibilitados pelo fato das paredes internas das células-guardas, voltadas para o ostíolo, serem mais espessas e rígidas que as paredes externas (Figura 18). a) Mecanismo Hidroativo – Está relacionado com o suprimento de água da planta. Se a planta tiver água suficiente, as células-guardas estarão túrgidas e os estômatos ficarão abertos. Isto ocorre porque as paredes opostas ao ostíolo, não reforçadas, são pressionadas (pressão de turgor) e cedem, arrastando as paredes reforçadas, o que aumenta a abertura do ostíolo. Se, ao contrário, o suprimento de água da planta for insuficiente, a pressão de turgor das células- guardas diminui e as paredes internas, reforçadas, voltam à sua posição inicial (se encostam), fechando os estômatos (Figura 18). b) Mecanismo Fotoativo – Depende da presença da luz. As células-guardas tem cloroplastos e realizam fotossíntese. Na presença da luz, elas utilizam o CO2 e fabricam glicose no interior dos cloroplastos. À medida que isso acontece, uma enzima, a fosforilase, converte a glicose (osmoticamente ativa) em amido (osmoticamente inativa) ou contrário, dependendo do pH do meio: O CO2 no interior da célula encontra-se na forma de ácido carbônico (H2CO3), o que torna o meio intracelular ácido. Assim, quando o CO2, na forma de H2CO3, é gato na elaboração da glicose, o meio torna-se alcalino e o amido, sob a ação da fosforilase, transforma-se em glicose, aumentando a pressão osmótica das células estomáticas. Em consequência, estas retiram água das células anexas, ficam túrgi- das, e o estômato se abre.2 No escuro, ocorre o inverso. Pela respiração, há um aumento do CO2 na célula, aumentando a con- centração de H2CO3. O meio torna-se mais ácido e a fosforilase converte glicose em amido, diminuindo a pressão osmótica (P.O.) das células-guardas. Estas perdem água para as células anexas, ficam flácidas e os estômatos se fecham. Resumindo (Figura 18a): Os 2 mecanismos podem funcionar conjuntamente. O mecanismo hidroativo funciona fechando os estômatos quando o suprimento de água diminui a ponto de trazer prejuízo à planta; e o mecanismo fotoativo permite o fechamento dos estômatos à noite, quando não há luz para a fotossíntese. 16 O CO2 necessário à fotossíntese penetra na folha devido à diferença de concentração fora (> con- centração) e dentro (< concentração). Sua concentração no interior da folha é sempre menor que fora dela, porque o CO2, que penetra vai sendo utilizado na fotossíntese, para produzir glicose. Figura 18a – Dois esquemas relacionando os principais fatores envolvidos na abertura e fechamento dos estômatos. Tabela 1 – Fatores envolvidos na abertura e no fechamento dos estômatos. Condições Ambientais Comportamento do Estômato Intensidade de luz Alta Baixa Abre Fecha Concentração de CO2 Baixa Alta Abre Fecha Suprimento de água Alto Baixo Abre Fecha 2.3.2 Caule 2.3.2.1 Aspectos Morfológicos O caule apresenta uma grande diversidade de forma e tamanho. Desempenha função importante na planta: conduz a seiva (bruta e elaborada) e serve de suporte às folhas, garantindo-lhes posição con- veniente em relação à luz. O caule pode ser aéreo, aquático e subterrâneo. De acordo com a organiza- ção da parte aérea do caule,os vegetais podem ser divididos em: árvore, arbusto e ervas. O caule pode ser ramificado ou não. 2.3.2.2 Aspectos Anatômicos O caule se forma pela atividade do tecido meristemático localizado na gema apical (Figura 19). As células inicialmente indiferenciadas aumentam de tamanho (zona de distensão) e finalmente passam à 17 fase de especialização, formando tecidos de condução, sustentação, formação, etc., nos diferentes órgãos da planta (no próprio caule, nas folhas, na flor, etc.). Figura 19 – Parte terminal de um caule, destacando as zo- nas de multiplicação celular, de distensão e de diferencia- ção celular. A estrutura anatômica típica do caule das dicotiledôneas (feijão, algodão, laranjeira) e gimnosper- mas (pinheiro, cedro, ciprestes), em corte transversal, pode ser vista na Figura 20. O caule destas plantas consta de duas partes bem distintas, facilmente separável uma da outra: a casca e o cilindro central. A primeira é um cilindro sólido e mais ou menos lenhoso. Devido a modificações que ocorrem na estrutura dessas partes por volta do 2º ano de vida da planta, ela é dividida em estrutura primária (até 1 ano de idade) e estrutura secundária (a partir de 2 anos de idade) (Figura 20). Figura 20 – Estrutura anatô- mica do caule das Dicotiledô- neas e Gimnospermas, em corte transversal. O caule das Monocotiledôneas (Figura 21) (milho, arroz, cana, capins) difere do das dicotiledôneas e gimnospermas, principalmente, porque naquelas: Não existe o câmbio, visto que seu caule não cresce em diâmetro (exceção de algumas palmeiras e liliífolas); Não há diferenciação em casca e cilindro central; Feixes liberolenhosos fechados (sem câmbio) e com arranjo irregular; Lenho composto por traqueias e traqueides. 18 Figura 21 – Estrutura do caule das Monocotile- dôneas. 2.3.3 Raiz 2.3.3.1 Aspectos Morfológicos As raízes desempenham duas funções muito importantes para a planta: fixação a um suporte (solo) e absorção de seiva bruta (água + nutrientes). Podem ser terrestres, aquáticas e aéreas, com uma diversidade de tipos (Figura 22). Figura 22 – Tipos de raízes. A) Raiz axial; B) Axial-tuberosa; C) Fasciculada; D) Fasciculada-tuberosa; E) Adventí- cias numa folha e num caule; F) Raízes respiratórias; G) Raízes-escoras. As plantas cultivadas apresentam raízes terrestres que, de acordo com sua forma, podem ser de 3 tipos: axial, fasciculada e adventícia. a) Raiz Axial – Formada por um eixo principal (áxis), que pode penetrar no solo a grande pro- fundidade, e suas ramificações. Normalmente o eixo principal é mais comprido e grosso que qualquer uma de suas ramificações; às vezes, enche-se de substâncias de reserva, formando uma raiz axial-tuberosa (Figura 22-B). As raízes axiais são encontradas na maioria das dico- tiledôneas (algodão, mamona, feijão, etc.) e gimnospermas (cedro, pinheiro, etc.) 19 b) Raiz Fasciculada – Formada por vários eixos, ramificados ou simples, mais ou menos iguais na espessura e no comprimento, de modo que não é possível distinguir o eixo principal dos secundários. Em algumas espécies, os eixos secundários podem engrossar à custa de substân- cias de reserva, constituindo as raízes fasciculadas-tuberosas (ex. mandioca, batata-doce) (Fi- gura 22-D). As raízes fasciculadas são características da maioria das monocotiledôneas, como milho, cana, arroz, sorgo, capins, etc. c) Raiz adventícia – É toda raiz que, secundariamente, nasce no caule ou folha de uma planta. A maioria dos vegetais superiores pode emitir raízes adventícias do seu caule. Devido a isso é que é possível a multiplicação vegetativa de muitas plantas cultivadas, como mandioca, cana, capim, etc. Muitas plantas produzem raízes adventícias normalmente, como o milho (Figura 22-E). As raízes terrestres e suas ramificações apresentam 4 zonas consecutivas: coifa, zona meriste- mática, zona pilífira e zona cortical (Figura 23). Figura 23 – Zonas da raiz. A coifa é uma capa constituída de várias camadas de células, que protege o meristema da zona de crescimento do atrito com o solo. A zona meristemática é uma região de intensa multiplicação celular, do que se resulta o crescimento em comprimento da raiz. A zona pilífera é onde se localizam os pelos absorventes, que realizam a absorção de água e nutrientes do solo. A zona cortical vai dos pelos ab- sorventes até o caule; tem função de fixação e contém os vasos condutores. 2.3.3.2 Aspectos Anatômicos Como o caule das dicotiledôneas e gimnospermas, a estrutura anatômica da raiz é formada por duas partes: a casca e o cilindro central. Há, porém, uma diferença fundamental: na raiz, todo o sistema con- dutor está localizado no cilindro central; a casca tem apenas a função de revestimento e absorção. A Figura 24 mostra, em corte transversal, a estrutura anatômica de uma raiz na região dos pelos absorventes. A epiderme é desprovida de cutícula e estômatos e, na região pilífera, suas células são modifica- das, formando pelos que absorvem a água e os nutrientes. A casca é limitada internamente por uma camada de células chamada endoderme (Figura 24). As células da endoderme se encontram perfeita- mente justapostas e com uma faixa de suberina nas suas paredes, o que as tornam impermeável à pas- sagem da água, tanto nos espaços existentes entre elas, como por suas paredes. Estas faixas de suberina são chamadas de estrias de Caspary. Só de vez em quando, encontram-se na endoderme células e as paredes celulósicas não suberificadas e com protoplasma vivo. Estas células são denominadas células de passagem. E é atravessando o protoplasma vivo destas células que a seiva passa da casca para o 20 cilindro central e do cilindro central para a casca. Assim, o protoplasma regula essa passagem, impe- dindo ou facilitando o transporte de seiva, de acordo com as necessidades da planta. Figura 24 – Corte transversal de uma raiz, na região dos pelos absorventes. O cilindro central é formado pelo xilema e floema que, entretanto, não se agrupam em feixes libe- rolenhosos, mas tomam uma disposição alternada (forma de estrela). Com o crescimento da raiz, o câm- bio se instala entre os dois e a forma de estrela é substituído por uma forma circular, como no caule. Limitando externamente o cilindro central existe uma camada de células denominada periciclo. O peri- ciclo dá origem às raízes secundárias (Figura 24). 21 3 A ÁGUA NA PLANTA 3.1 Movimento da Água e Nutrientes na Planta 3.1.1 Absorção da Água e Nutrientes A água do solo contém sais minerais dissolvidos, formando uma solução denominada seiva bruta. A planta absorve a seiva bruta através dos pelos absorventes das raízes. O transporte da água + sais, do solo até o cilindro central, onde estão os vasos lenhosos, é feito por 2 caminhos: espaços intercelu- lares e passagem de célula a célula (Figura 25). a) Absorção pelos Espaços Intercelulares – Como as células deixam pequenos espaços entre si (meatos), a água e os sais penetram na epiderme e seguem pelos espaços intercelulares (sem passar pelo interior das células) até chegar aos vasos e traqueídes do xilema (Figura 25- A). Esse trajeto é rápido e direto. b) Absorção pela Passagem de Célula a Célula – É um trajeto mais demorado. Depende de os- mose e transporte ativo. A água + sais passam pelo interior de célula a célula até atingir o xilema (Figura 25-B). Esse caminho só é possível devido a diferença no déficit de pressão de difusão (D.P.D.) das células, da epiderme até o xilema. Assim, os pelos e as células da epiderme ao absorverem água diminuem o seu D.P.D., ou seja, a sua capacidade de absorver água diminui; a célula vizinha, mais interna, possui um D.P.D. maior que a célula da epiderme e passa a retirar águadela. Dessa forma, a água + sais vão passando de uma célula para outra graças a diferença na concentração dos seus sucos celulares, o que ocasiona uma espécie de “força de sucção” (pressão osmótica), das células da epiderme até as do xilema. Figura 25 – Corte transversal de uma raiz, mostrando rotas para a absorção de água pelas raízes. Através do córtex, a água pode movimentar-se pe- las rotas apoplástica, trans- membrana e simplástica. Na rota simplástica, a água flui en- tre células pelos plasmodes- mas, sem atravessar a mem- brana plasmática. Na rota transmembrana, a água move- se através das membranas plasmáticas, com uma curta permanência no espaço da pa- rede celular. Na endoderme, a rota apoplástica é bloqueada pela estria de Caspary. Nos processos de absorção, ao atingir a endoderme, a água + sais tem que passar obrigatoriamente pelo interior das células de passagem (não suberificadas), devido às estrias de Caspary. Essa passagem pelo protoplasma vivo da célula é feita à custa de energia (com gasto de ATP), sendo por isso um trans- porte ativo. Nesse processo ativo é que a planta regula a entrada da seiva elaborada (água + nutrientes). 22 3.1.2 Transporte de Água e Nutrientes (Seiva Bruta) Existem duas teorias que explicam o transporte da seiva bruta no xilema: a da Pressão Radicular e a da Coesão-Tensão ou de Dixon. a) Teoria da Pressão Radicular – Quando cortamos o caule de algumas plantas, próximo ao solo, verificamos o extravasamento da seiva bruta pelo local do corte, após algum tempo. Esse fenômeno é conhecido como exsudação e ocorre devido a uma pressão da raiz, que empurra a seiva para cima, nos vasos. Isso ocorre devido ao acúmulo de sais nas células da base do xilema, o que aumenta o seu potencial osmótico em relação à solução do solo. Em vista disso, a planta continua a absorver água e impelí-la xilema acima, por pressão da raiz. b) Teoria da Coesão-Tensão – Baseia-se no fato de que as moléculas de água se mantêm unidas entre si (coesas), no interior dos vasos, formando uma coluna contínua de líquido que vai da raiz até as folhas. Assim, quando as células das folhas perdem água por transpiração, seu D.P.D. aumenta e elas passam a retirar água dos vasos adjacentes. Com isso, toda a coluna líquida é puxada, devido à força de coesão entre as moléculas de água. A tensão criada pelo arraste da coluna faz com que mais água penetre no xilema e novas quantidades sejam absorvidas do solo (Figura 26). Figura 26 – Esquema demonstrativo do trans- porte de água através da planta, de acordo com a teoria da Coesão-Ten- são. A transpiração eleva o valor da sucção (D.P.D.) das células das folhas, originando a força de sucção. 3.1.3 Transporte de Água e Açúcares (Seiva Elaborada) A teoria mais aceita para explicar esse transporte é a proposta por Münch (1930), chamada de “teoria do fluxo de massa” ou “fluxo de pressão”. Na verdade, é um fluxo devido a uma diferença de pressão, que ocorre nas células do floema. Para o autor, a seiva elaborada se manteria em movimento no interior dos vasos liberianos, graças à permanente diferença de pressão osmótica existente entre as células das folhas e as das demais partes da planta. A alta pressão osmótica das células das folhas ocorre devido à fotossíntese, que produz açú- cares aí. A pressão osmótica mais baixa nas células dos demais órgãos da planta é determinada pela transformação dos açúcares solúveis (glicose) em insolúveis (amido), bem como pelo consumo dos mes- mos como fonte de energia (na respiração). 23 3.2 Transpiração Denomina-se transpiração à perda de água pela planta na forma de vapor. Ocorre principalmente nas folhas, através dos estômatos (90-95%) e da epiderme (5-10%), que apesar de cutina, ocorre perda, ainda que pequena, a qual a planta não controla. A transpiração desempenha duas importantes funções na planta: estabelecimento do fluxo de água e substâncias minerais da raiz para as partes aéreas e resfriamento interno das plantas (folhas) de clima quente. Para realizar a fotossíntese e respiração, a planta precisa efetuar trocas gasosas com o ar (CO2 e O2), pelos estômatos. No entanto, quando estes se abrem, há perda de água. Isso mostra que a transpiração é uma decorrência direta da abertura (obrigatória) dos estômatos. Alguns autores afirmam que é um mal necessário, em que a planta “paga” com água transpirada o CO2 que precisa para sua fotossíntese. A transpiração depende, basicamente, dos mesmos fatores físicos que influem na evaporação, como: superfície exposta, temperatura, pressão atmosférica, ventilação e umidade relativa do ar. Nor- malmente, a transpiração aumenta até por volta das 14h; daí até o fim da tarde, decresce e durante a noite é praticamente nula (estômatos fechados). 3.3 Funções da Água na Planta A planta fica entre dois ambientes diferentes: o solo, que funciona como fonte, e a atmosfera, que fun- ciona como dreno. Existe, através da planta, um fluxo contínuo de água entre a fonte e o dreno (Figura 27). Figura 27 – Sistema vascular (xilema e floema) e fluxo da água através da planta. Setas azuis: xilema; Setas ver- melhas: floema. Um dos problemas da adaptação dos vegetais ao meio terrestre tem sido proteger-se da perda de água excessiva, pois nem sempre dispõem de água, em quantidade suficiente, à sua disposição. Cerca de 2/5 da superfície terrestre se encontram em regiões áridas ou semiáridas, onde se localizam 35% da área potencialmente arável. No Brasil, a região Nordeste tem 52% do seu território em clima semiárido, com precipitação média anual entre 300 e 700 mm, irregularmente distribuída. Nestas regiões, as plantas apre- sentam uma produtividade biológica média (g de MS/m2) de 2 a 5 vezes inferior à de regiões onde a água não é fator limitante. Esse fato evidencia muito bem a importância da água na produção vegetal. 24 A água pode representar até mais de 90% do peso fresco de uma planta. Suas principais funções na planta são: - Principal constituinte de protoplasma (parte viva da célula); - Meio no qual as reações metabólicas ocorrem; - Reagente em muitas reações metabólicas (ex.: fotossíntese); - Solvente em que os nutrientes minerais penetram nas raízes e são conduzidas através da planta; - Responsável pela turgescência das células, dando forma e estrutura aos tecidos sem rigidez; - Responsável por vários movimentos da planta (abertura e fechamento de estômatos, flores e folíolos); - Responsável pelo alongamento celular. 3.4 Efeitos Fisiológicos da Deficiência de Água na Planta As plantas que se desenvolvem sob condições de deficiência de água apresentam como sintomas- reflexos: atraso no desenvolvimento, porte reduzido e baixa produtividade. Isso ocorre porque todas as funções da água na planta (vistas anteriormente) em menor ou maior grau, são afetadas negativamente. Os principais efeitos da deficiência de água na planta são: a) Diminui o alongamento celular (< pressão de turgor < alongamento < crescimento da planta); b) Diminui a síntese da parede celular; c) Antecipa a senescência da planta; d) Desequilibra a relação sistema radicular × parte aérea: e) Afeta o metabolismo das proteínas estruturais e funcionais (enzimas): - Reduz a síntese - Altera estrutura e funções (enzimas) f) Reduz a fotossíntese, devido: - Fechamento dos estômatos - Menor síntese de clorofila - Menor área foliar g) Aumenta a respiração (até 60%); h) Afeta o metabolismo dos reguladores de crescimento (auxina, citocinina, etileno, etc.). Por outro lado, o excesso de água no solo por um período prolongado, pode provocar a morte de plantas não adaptadas a ambientes úmidos. Isso ocorre porque as raízes ficam impedidas de respirar, por falta de O2. 3.5 Potencial Hídrico da Planta (ΨW) O Ψw expressa o teor de água da planta e temdois componentes: o potencial de pressão (ΨP) e o potencial de solutos ou osmótico ou pressão osmótica (ΨS, Ψπ, π, respectivamente). ΨW = ΨP + ΨS 25 onde: ΨW = pode ser +, zero ou – (em geral, é negativo) ΨP = pode ser + ou zero ΨS, Ψπ, π = sempre negativo Normalmente, o potencial hídrico é maior no solo e menor na atmosfera com valores intermediá- rios na planta; havendo, portanto, um gradiente do solo para a atmosfera, através da planta. O solo deve ter um potencial hídrico sempre mais alto (menos negativo) que o das células das folhas (mais nega- tivo), para que a planta absorva água. Quando o ΨWsolo = ΨWraiz = Ψπfolha, a planta para de absorver água. Neste ponto, diz-se que o solo está no ponto de murcha permanente (P.M.P.). Como o Ψπfolha varia de uma espécie vegetal para outra, o P.M.P. é função da planta e não exclusi- vamente do solo. A capacidade de uma planta retirar água do solo depende, portanto, do seu potencial de solutos (= sua pressão osmótica). O quadro 1 mostra o Ψπfolha de algumas “espécies”. Quadro 1 – Potencial de solutos das células das folhas de algumas “espécies vegetais”. Espécie Ψπfolha (bar)* Hidrófitas - 5 a - 10 Mesófitas - 5 a - 30 Xerófitas - 30 a - 40 Halófitas ~a 100 *1 bar = 0,987 atm Em geral: Ψπsolo = - 0,1 a - 2 atm Ψπraiz = - 1 a - 10 atm (a força precisa ser maior) Ψπfolha = - 5 a - 20 atm Ψπatmosfera = - 100 a - 1000 atm Quando: Ψπsolo = Ψπraiz = Ψπfolha = Ψπatmosfera, a planta deixa de absorver água. 3.6 Ajustamento da Planta à Deficiência Hídrica O déficit hídrico na planta pode ser causado por: a) Redução do ΨW do solo; b) Defasagem diária entre a transpiração e a absorção; máxima logo após o meio dia (Figura 28). Figura 28 – Defasagem diária entre a velocidade da transpiração e da absorção de água. 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 6 8 10 12 14 16 18 T ax a H 2 O /h o ra Hora do dia Transpiração Absorção 26 Quando a deficiência de água no solo é acentuada (ΨWsolo baixo), para que o fluxo de água continue ocorrendo, às vezes a planta tem que se ajustar. Esse ajustamento pode ocorrer em consequência de um estresse hídrico ou salino, que reduzem o ΨWsolo. A planta reage de duas maneiras, tendendo a se ajustar osmoticamente à situação criada: a) aumenta seu potencial de solutos (ΨS), através da produção interna de solutos (ex., transforma amido em açúcares solúveis); b) perde água (aumentando a π das células). Os quadros 2 e 3 mostram dados que comprovam o ajustamento osmótico do milho ao estresse hídrico e salino. Quadro 2 – Ajustamento osmótico do milho e estresse hídrico. Umidade do solo em % da capacidade de campo π a planta (bar)* 98 - 4 74 - 5 66 - 6 58 - 7 54 - 8 51 - 9 49 - 10 46 - 11 *1 bar = 0,987 atm Quadro 3 – Ajustamento osmótico do milho a estresse salino. ΨSsolo (bar)* π das células das raízes (bar)* - 1,25 - 4,59 - 1,99 - 5,48 - 3,38 - 6,61 - 4,96 - 7,51 - 7,22 - 8,19 *1 bar = 0,987 atm 3.7 Eficiência no Uso da Água Algumas plantas são mais eficientes do que outras em relação à utilização da água. Esta eficiência é medida pela relação de transpiração (R.T.): 𝑅𝑇 = á𝑔𝑢𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑖𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑡é𝑟𝑖𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎 Quanto maior for esta relação, menos eficiente é a planta. Para a maioria das plantas, a R.T. está entre 100 a 500. As plantas C4 são mais eficientes do que as C3. O abacaxi é uma das plantas mais efici- entes no uso da água (tem baixa R.T.). Algumas espécies desenvolvem adaptações morfológicas e fisiológicas para economia de água. Tais espécies são denominadas xerófitas. As principais adaptações desenvolvidas foram: a) Folhas geralmente pequenas e duras, às vezes modificadas em espinhos (cactáceas); b) Presença de cutícula e cera na epiderme das folhas; c) Presença de parênquima aquífero (acumula água); d) Relação raiz/parte área elevada; e) Rapidez na abertura e fechamento dos estômatos; f) Alta pressão osmótica nas células das raízes. Segundo o mecanismo que usam para resistir à carência de água, as plantas xerófitas são classifi- cadas da seguinte maneira: 27 a) Plantas que escapam à seca – Tem um ciclo muito curto; germinam e produzem sementes em pouco tempo. Ex.: Baerhavia ripens tem ciclo de apenas 10 dias. b) Plantas que toleram a seca – São as xerófitas verdadeiras. Toleram a seca mantendo um baixo status de água e resistindo à dessecação. Param de crescer no período seco. c) Plantas que evitam a seca – Mantém elevado status de água. Dividem-se em dois grupos: as que poupam e as que gastam água; usam mecanismos diferentes de resistência à seca. c.1) Plantas que poupam água – Características: - Fecham os estômatos cedo para poupar água; - Tem reduzida transpiração cuticular; - Apresentam pequena superfície em relação ao volume da copa. Ex.: os cactos; - Produzem raízes rápido; - Pequeno número de estômatos/superfície foliar (planta do deserto = 100 estôma- tos/cm2; plantas mesófitas = 10.000 estômatos/cm2), e que às vezes ficam em cavida- des; - Possuem xilopódios (órgãos que acumulam água) c.2) Plantas que gastam água – Características: - Mantém o sistema radicular se desenvolvendo, mesmo com déficit hídrico (captam água em grande volume de solo); - Elevada relação raiz/parte aérea; - Mantém baixo potencial hídrico (ΨW) e alta pressão osmótica (π) em suas células; - Mantém os estômatos abertos durante boa parte do dia; - Mantém elevada taxa fotossintética durante todo o dia (> que as que poupam água). O xerofitismo está muito mais relacionado com a sobrevivência do que com a produção. Quando se avança num sentido, em geral, regride-se no outro. Para a agricultura, o mecanismo de evitar a seca é mais importante do que o de tolerar; assim como, as plantas que “gastam água” são mais importantes do que as que “poupam água”. Isso porque os mecanismos de evitar a seca e gasta água estão mais associados com a produção. As plantas mais pro- dutivas, em geral, não são eficientes no uso da água, ou seja, apresentam alta relação de transpiração (R.T.). Por outro lado, as plantas xerófitas não são, necessariamente, eficientes no uso da água, ou seja, xerofitismo e eficiência no uso da água não tem relação, depende da espécie. Plantas xerófitas Plantas que escapam à seca Plantas que resistem à seca Plantas que toleram a seca Plantas que evitam a seca Plantas que poupam água Plantas que gastam água 28 4 IMPORTÂNCIA DO MELHORAMENTO VEGETAL NO USO DA ÁGUA PELA PLANTA Já vimos que a deficiência de água afeta o desenvolvimento das plantas. Para minimizar os efeitos negativos do déficit hídrico sobre as culturas, o homem tem recorrido a: a) Irrigação; b) Outras alternativas: - práticas culturais - melhoramento genético Resultados experimentais, com algumas culturas, têm demonstrado a possibilidade de se conse- guir cultivares com boa capacidade produtiva em condições de deficiência de água. Isso s´[o será possí- vel, entretanto, se houver variabilidade genética para produção e resistência à seca na população que vai ser submetida ao trabalho de melhoramento. Mais de 80% dos melhoramentos conseguidos, até o momento, em relação à resistência à seca, foram reduzindo o ciclo das culturas. Os trabalhos já realizados visando resistência à seca e eficiência no uso da água, permitem afirmar que o melhoramento genético pode trazer grande contribuição à agricultura das regiões áridas e semiáridas. No Brasil, poucos trabalhos têm sido realizados com essas finalidades. Na verdade, o me- lhoramento vegetal visando a eficiência de uso da água pela planta é uma área muito carente de pes- quisa, no Brasil. 29 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMABIS, J.M.; MARTHO, G.R. Fundamentos da biologia moderna. 2. ed. rev. São Paulo: Moderna, 1997. FAVARETTO, J. A.; MERCADANTE,C. Biologia: volume único. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2003. FERRI, M.G. (Coord.) Fisiologia vegetal. 2. ed. São Paulo: EPU, 1986, 2. v. JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. LOPES, S.G.B.C. Bio. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3. ed. Artmed: São Paulo, 2004. 30 ANEXOS 31 ANEXO I – FOTOSSÍNTESE 1 FOTOSSÍNTESE Processo no qual energia luminosa é captada e convertida em energia química, armazenada na forma de substâncias orgânicas. 1.1 OS CLOROPLASTOS E A CAPACITAÇÃO DE ENERGIA LUMINOSA Plastos Leucoplastos: amiloplasto, proteoplasto, oleoplasto. Cromoplastos: cloroplasto, eritoplasto. Pigmentos presentes nos cloroplastos e que captam a luz: Clorofila a e Clorofila b – principais pigmentos. Formam os fotossistemas: P680 e P700. Carotenos, xantofilas, ficoeritrinas, ficobilinas – pigmentos acessórios na captação da luz (transfe- rem-na clorofila a). A luz branca do sol – mistura de radiações eletromagnéticas cujos comprimentos de onda variam de 380 nm (violeta) a 750 nm (vermelha). 1.2 ETAPAS DA FOTOSSÍNTESE 1.2.1 Etapa Fotoquímica A energia luminosa – energia química (moléculas de ATP). As reações dependem diretamente da luz. Ocorrem nos tilacóides. É constituída pela: fotofosforilação cíclica, fotofosforilação acíclica e fotólise da água. a) Fotofosforilação cíclica Fotofosforilação ADP + Pi + presença de luz ATP. Participa apenas o fotossistema P700. 32 b) Fotofosforilação acíclica Participam os 2 fotossistemas: P680 e P700. c) Fotólise da água É a quebra da molécula; Ocorre nos tilacóides. 2𝐻2𝑂 + 𝐿𝑢𝑧 → 4𝐻 + + 4𝑒− +𝑂2 Produtos da etapa fotoquímica: O2, NADPH2 e ATP. 1.2.2 Etapa Química Ocorre no estroma dos cloroplastos; Não depende diretamente da luz; depende de produtos da etapa fotoquímica: ATP e NADPH2. Há a formação de glicose, utilizando o CO2 + produtos da etapa fotoquímica. É representada pela equação geral da fotossíntese. 6 𝐶𝑂2 + 12 𝑁𝐴𝐷𝑃𝐻2 + 𝑛 ∗ 𝐴𝑇𝑃 → 𝐶6𝐻12𝑂6 + 6 𝐻2𝑂 + 𝑛 𝐴𝐷𝑃 + 𝑛 𝑃 * n é um número variável, pois, na assimilação de cada molécula de CO2, enquanto as plantas C3 utilizam 2 NADPH2 e 3 ATP, as plantas C4 utilizam 2 NADPH2 e 5 ATP. Assim, formação de 1 molécula de glicose (C6H12O6), as C3 usam 12 NADPH2 e 18 ATP e as C4 usam 12 NADPH2 e 30 ATP. 33 1.3 ESQUEMA GERAL DA FOTOSSÍNTESE E CICLO DE CALVIN 34 1.4 DESTINO DOS PRODUTOS DA FOTOSSÍNTESE Glicose amido (armazenado) produção de energia (respiração) síntese de outras substâncias: açúcares, aminoácidos, gorduras, hormônios, etc. Oxigênio atmosfera (20% volume da atmosfera) ATP usado em reações metabólicas no cloroplasto H2O usada em reações metabólicas na célula. 1.5 FATORES QUE INFLUEM NA FOTOSSÍNTESE a) Concentração de CO2 CO2 na atmosfera = 0,03% Com T° e Luz ideais, a fotossíntese ↑ até 0,3% de CO2 b) Temperatura Com luz e CO2 ideais, fotossíntese ↑ até 45° C. c) Intensidade luminosa Com T° e CO2 ideais, a fotossíntese ↑ até o ponto de saturação luminosa, que varia de espécie para espécie. As plantas respondem diferentemente ao aumento da intensidade luminosa. 35 A intensidade luminosa na qual a taxa de fotossíntese = taxa de respiração ponto de com- pensação (P.C.) Plantas de alto P.C. heliófilas. Plantas de baixo P.C. humbrófilas. 1.6 FOTOSSÍNTESE DAS PLANTAS C4 E DAS PLANTAS CAM 1.6.1 Plantas C4 São algumas gramíneas e outras plantas tropicais. Caracterizam-se por: - Alta taxa de fotossíntese; - Baixa perda de CO2 na luz (fotorrespiração); - Baixo consumo de água; - Presença de bainha vascular; - CO2 fixado pela PEP-carboxilase; - 1º composto formado: OAA (ácido oxaloacético); - Ciclo de Calvin nas células da bainha vascular Plantas C3 CO2 + RuDP-carboxilase ácido 3-fosfoglicérico (células do mesófilo) Plantas C4 CO2 + PEP-carboxilase ácido oxaloacético (células do mesófilo e da bainha vascular) 1.6.2 Plantas CAM (mecanismo ácido das crassuláceas) São plantas de regiões áridas e quentes. Caracterizam-se por: - Serem geralmente suculentas (família Crassulácea) - Durante o dia, mantêm os estômatos fechados - Serem eficientes na economia de água - Fixam o CO2 à noite, pela PEP-carboxilase, acumula o malato no citoplasma e de dia fazem o ciclo de Calvin, nos cloroplastos. - Uma produção cíclica diária de ácido málico 36 1.7 FOTORRESPIRAÇÃO Fotorrespiração – respiração das plantas C3 durante o período luminoso, mais intensa do que nas C4 Nas plantas C3 – há respiração intensa, consumindo 30% dos compostos produzidos na fotossíntese Há diminuição na assimilação do CO2 + perda de CO2 (atm.) Enzima RuDF – dupla atividade 70% RuDP-carboxilase – dependendo espécie de planta, idade da folha, clima, etc. Ocorre 1 competição na fixação do CO2, no ciclo de Calvin, com < assimilação CO2 e perda de CO2 Plantas C4 Ciclo de Calvin na célula da bainha CO2↑, O2, ativa RuDP-carboxilase ↑ + eficientes. 37 38 ANEXO II – NUTRIÇÃO MINERAL 2 NUTRIÇÃO MINERAL A planta se nutre obtendo C, H e O do ar e da água outros nutrientes do solo energia do sol 6𝐶𝑂2 + 6𝐻2𝑂 + 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑙𝑢𝑚𝑖𝑛𝑜𝑠𝑎 𝑐𝑙𝑜𝑟𝑜𝑓𝑖𝑙𝑎 → 𝐶6𝐻12𝑂6 (𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑠𝑒) + 6𝑂2 Glicose + outros nutrientes 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 → 𝑒𝑛𝑧𝑖𝑚𝑎𝑠 amido, celulose, proteínas, vitaminas, etc. 2.1 ELEMENTOS ESSENCIAIS 118 elementos químicos 60 encontrados em plantas 16 são essenciais restante não essenciais Elementos essenciais: elementos fundamentais macronutrientes primários macronutrientes secundários micronutrientes Macronutriente – exigido em maior quantidade pela planta Micronutriente – exigido em menor quantidade pela planta Constituintes da matéria seca de uma planta de milho Elemento % Elemento % Carbono 43,5 Cálcio 0,23 Oxigênio 44,5 Magnésio 0,2 Hidrogênio 6,2 Enxofre 0,2 Nitrogênio 1,5 Micronutrientes 0,001 a 0,08 Fósforo 0,2 Potássio 1,0 39 Para ser essencial, o elemento deve atender a 1 dos critérios de essencialidade: a) Critério direto – o elemento deve fazer parte de 1 composto vital ou participar de reações enzi- máticas cruciais para a planta. b) Critérios indiretos – na ausência do elemento a planta morre. – o elemento não pode ser substituído por outro – o elemento deve afetar diretamente a vida da planta e não indiretamente (condições do meio) 2.2 FUNÇÕES DOS NUTRIENTES NA PLANTA a) Nitrogênio Participa da molécula de clorofila – papel importante na fotossíntese; Participa das moléculas de proteína; Favorece o rápido crescimento da planta. b) Fósforo Faz parte de compostos essenciais ao metabolismo vegetal (ATP, fosfolipídeos, ácidos nucléicos, adenosinas, etc.), em processos como: fotossíntese, respiração, comunicação genética; Estimula o crescimento das raízes, a floração e a formação de sementes; Estimula a maturação dos frutos e favorece o solo para as bactérias; Melhora o valor nutritivo das plantas forrageiras. c) Potássio Ativa enzimas que atuam na fotossíntese, respiração e outros processos; Auxilia na formação de amido e açúcares e melhora a qualidade dos frutos; Dá vigor e resistência à planta e favorece o desenvolvimento dos grãos. d) Cálcio Participa da reprodução celular; Favorece a formação de raízes e sementes; Favorece a absorção de outros nutrientes; Melhora o valor nutritivo das plantas forrageiras. e)Magnésio Faz parte da molécula de clorofila; Participa da formação de óleos e gorduras; Favorece a absorção de outros nutrientes (fósforo). f) Enxofre Participa da molécula dos aminoácidos (cistina, metionina), vitaminas e enzimas; Favorece o desenvolvimento das raízes e parte aérea da planta; Estimula a maturação e formação das sementes; Favorece a nodulação nas leguminosas, aumentando a fixação do nitrogênio. g) Micronutrientes Ativam diversos processos metabólicos da planta (formação de vitaminas, enzimas) Atuam na formação da clorofila Atuam em diversos processos metabólicos da planta. 40 2.3 SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL NA PLANTA Nitrogênio (N) Plantas pouco desenvol- vidas. Inicialmente ocor- rendo amarelecimento das folhas mais velhas, progredindo depois para as folhas mais jovens. Fósforo (P) Sistema radicular pouco desenvolvido; grãos cho- chos e mal-formados; maturação tardia; folhas mais velhas de tonali- dade verde-escura, às ve- zes com manchas de tons vermelho-arroxeadas. Potássio (K) Plantas pouco resistentes às doenças e ao acama- mento por chuvas e vento; caules finos; inter- nos curtos; folhas velhas aparecendo primeiro com manchas esbranqui- çadas, depois pardas, co- meçando nas margens e extremidades. Cálcio (Ca) Raízes pouco desenvolvi- das; morte da gema api- cal; folhas novas defor- madas e com manchas pardas ao longo das mar- gens e entre as nervuras. Magnésio (Mg) Folhas facilmente desta- cáveis: folhas mais velhas mostrando clorosa. Em casos de deficiência aguda podem aparecer manchas arroxeadas e até necrose das folhas. Geralmente as nervuras permanecem verdes. Enxofre (S) Redução no crescimento das hastes e folhas; fo- lhas novas apresentando clorose, podendo ocorrer áreas necróticas. Boro (B) Morte da gema apical; aparecimento de brotos em leque; folhas novas deformadas; enegreci- mento ou desintegração dos órgãos de reserva ou do interior das hortaliças. Zinco (Zn) Encurtamento dos inter- nódios; folhas novas pe- quenas com clorose ou distorções; aparecimento de um tufo de folhas na ponta dos ramos. Ferro (Fe) Folhas novas amareladas com nervuras verde-cla- ras. Cobre (Cu) Folhas novas com colora- ção verde-azulada e en- rolamento do limbo. Manganês (Mn) Folhas novas amareladas em malhas entre as ner- vuras e com estreita faixa de cor verde ao longo da mesma. Molibdênio (Mo) Folhas mais velhas com clorose em forma de mo- saico entre as nervuras, seguidas de necrose e en- rolamento do limbo. Cloro (Cl) Folhas novas murchas ou bronzeadas. 41 2.4 O SOLO COMO FONTE DE NUTRIENTES Partículas do solo: - Colóides ou micelas minerais oriundas da desagregação de rochas; - Colóides ou micelas orgânicas oriundas de plantas e animais mortos. As micelas são carregadas negativamente atraem cátions (+) que ficam adsorvidos nelas. Os ânions (-) não são atraídos pelas micelas. Os cátions e os ânions quando não são absorvidos pelas raízes ou lixiviados, ficam no solo em 3 formas: o Dispersos na solução do solo; o Adsorvidos às micelas (cátions); o Adsorvidos às raízes. 2.5 ABSORÇÃO DOS NUTRIENTES PELA PLANTA 2.5.1 Contrato dos Íons com a Raiz a) Interceptação radicular – ao crescerem as raízes entram em contato com as micelas, intercep- tando os íons nelas adsorvidos; b) Fluxo de massa – a solução do solo é carregada de íons e ao se mover entra em contato com as raízes; c) Difusão – os íons se movem na solução do solo, independentemente do movimento desta, e en- tram em contato com as raízes. A absorção é feita em 2 fases: 1) fase passiva sem gasto de energia 2) fase ativa com gasto de energia 2.5.2 Absorção Passiva Obstáculos: parede celular, membrana plasmática e tonoplasto. Na fase passiva o nutriente atravessa a parede celular e chega à superfície da membrana plasmá- tica. É um processo rápido ( 1 hora) e termina com o nutriente na superfície externa da membrana plasmática. A absorção passiva se dá por: a) Fluxo de massa – íons transportados pela água absorvida; b) Difusão – íons se movem na água do solo e são absorvidos; c) Equilíbrio de Donnan – devido a 1 equilíbrio iônico entre os íons da solução do solo e os da raiz. 42 2.5.3 Absorção Ativa Ocorre com gasto de energia; é um processo lento. Começa na superfície externa da membrana plasmática e termina com o nutriente chegando ao va- cúolo ou ao citoplasma (células novas) 𝑁𝑒 + 𝑇 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 ↔ 𝑁𝑇 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 ↔ 𝑁𝑖 + 𝑇 Ne = Nutriente no meio externo T = Transportador (proteína ou substância fosforilada) NT = Composto intermediário Ni = Nutriente no interior da célula (vacúolo ou citoplasma) Um nutriente N é absorvido por absorção ativa. 2.6 INFLUÊNCIA DO pH DO SOLO NA DISPONIBILIDADE DOS NUTRIENTES PARA A PLANTA pH influi na disponibilidade dos nutrientes do solo para a planta a) Solos ácidos Ocorrem em regiões de alta pluviosidade; em geral, são ricos em matéria orgânica; Bases Al(OH)3, Fe9OH)3 e Mg(OH)2, solúvel em pH ácido Al, Fe e Mn toxidez à planta Planta sofre deficiência P (AlPO4, insolúvel) e Ca e Mg (sub. Micelas por H, Al Ca e Mg lixivia- dos. Solução: aplicar calcário (CaCO3)). b) Solos alcalinos Ocorrem em regiões áridas; são pobres em Al e ricos em Ca e Mg. Estes solos podem apresentes deficiência de: Cu, Fe, Mn e Zn. A planta sofre deficiência de P (↑Ca Ca(PO4)2, insolúvel. Solução: aplicar enxofre micror- ganismos produzem 𝑆𝑂4 − +𝐻+ diminui pH do solo. 43 ANEXO III – RESPIRAÇÃO 3 RESPIRAÇÃO 3.1 MITOCÔNDRIAS E A RESPIRAÇÃO CELULAR Respiração processo celular de obtenção de energia no qual substâncias orgânicas são degradadas em CO2 e H2O, com participação do O2. A energia do alimento é liberada e transferida para as moléculas de ATP. Glicose substância + utilizada na respiração celular. 1 Glicose + 6 O2 6 CO2 + energia Ocorre, em parte, nas mitocôndrias. Estrutura das mitocôndrias: - Membranas (externa e interna); - Crista; - Matriz (enzimas, DNA, RNA, outras substâncias). 3.2 ETAPAS DA RESPIRAÇÃO Glicólise, Ciclo de Krebs e Cadeia Respiratória 3.2.1 Glicólise Sequência de reações em que 1 molécula de glicose (6C) é quebrada em 2 moléculas de ácido pirúvico (3C). Ocorre no citoplasma Produz 4 ATP e consome 2 ATP (rendimento líquido = 2 ATP) Ácido pirúvico mitocôndrias ciclo de Krebs transforma-se em outras substâncias 3.2.2 Ciclo de Krebs 44 3.2.3 Cadeia Respiratória Consiste numa série de substâncias aceptoras pelas quais passam elétrons e H+ até encontrar o O2 (aceptor final), com liberação de energia, utilizada na produção de ATP. Fosforilação oxidativa Ocorre nas cristas mitocondriais Equação geral da respiração: 1 𝐶6𝐻12𝑂2 + 6 𝑂2 + 38 𝐴𝐷𝑃 + 38 𝑃𝑖 → 6 𝐶𝑂2 + 6 𝐻2𝑂 + 38 𝐴𝑇𝑃 Balanço energético: - 2 ATP da glicólise; - 36 ATP no ciclo de Krebs + cadeia respiratória 38 ATP 3.3 FATORES QUE AFETAM A RESPIRAÇÃO a) Quantidade do substrato < substrato (carboidratos, lipídios, proteínas) < respiração b) Oxigênio Teor de O2 baixo respiração prejudicada Plantas de solos inundados, as raízes são mais porosas, curtas e grossas, para acumular + O2. c) Temperatura Aumento da T° até 25° C aumenta a respiração T° acima de 35° C desarranjo membranas celulares e queda na respiração T° baixa menor respiração (consumo de sementes e frutas) d) Danos e doenças Danos mecânicos e doenças aumentam a respiração Atividade das enzimas polifenoloxidase e peroxidase aumentam + O2 > respiração e) Gás carbônico Aumentando o teor de CO2 a respiração diminui. 453.4 FERMENTAÇÃO E RESPIRAÇÃO Processo em que ocorre a liberação de energia sem utilizar o O2 Na respiração: a glicose CO2 + H2O (quebra completa) Na fermentação: a glicose CO2 + outra substância (quebra incompleta da molécula) Respiração: C6H12O6 + 6 O2 6 CO2 + 6 H2O + 38 ATP. Fermentação alcoólica: C6H12O6 2 C2H5OH (etanol) + 2 CO2 + 2 ATP Fermentação lática: C6H12O6 2 C3H6O3 (ácido lático) + 2 ATP 46 47 ANEXO IV – Algumas Família e nomes vulgares de Plantas C4 FAMÍLIA GÊNERO NOME VULGAR Dicotiledôneas Alzoaceae Amaranthaceae Amaranthaceae Moilugo Alternanthera Amaranthus — Carrapichinho Caruru Monocotiledôneas Amaranthaceae Boraginaceae Compositae Euphorbiaceae Nyctaginaceae Cyperaceae Graminae Graminae Graminae Graminae Graminae Graminae Graminae Graminae Graminae Graminae Graminae Graminae Graminae Gomphrena Heliotropium Pectis Euphorbia Boerhaavia Cyperus Andropogum Aristida Brachiaria Cenchrus Digitaria Echinochloa Eleusine Panicum Paspalum Pennissetum Saccharum officinarum Zea mays Sorghum vulgare Perpétua Heliotrópio — Amendoim-bravo; erva-de-santa-luzia Erva-tostão Tiririca Capim-rabo-de-burro Capim-barba-de-bode Capim-fino Capim-carrapicho Capim-colchão Capim-da-colônia; capituva Capim-pé-de-galinha Capim-colonião Grama-batatais Capim-napier Cana-de-açúcar Milho Sorgo ANEXO V – Características diferenciais entre plantas com fotossíntese C3 e C4 Parâmetro Fotossíntese “C3” Fotossíntese “C4” 1) Fotorrespiração Presente; 25-30% do valor da fotossíntese Presente; não mensurável pelos métodos de trocas de gás com o am- biente 2) Primeiro produto estável Ácido 3-fosfoglicérico Ácido oxaloacético 3) Ponto de compensação Alto: 50 – 150 ppm CO2 Baixo: 0 – 10 ppm CO2 4) Anatomia foliar Ausência da bainha vascular; quando presente não contém cloroplastos Diferenciação de células de mesófilo e bainha vascular contendo clo- roplastos (existem algumas exceções) 5) Enzima primária de carboxilação RuDP-carboxilase (km ~20 μM CO2) PEP-carboxilase (km ~5 μM CO2) 6) Eefeito do oxigênio (21%) sobre a fotos- síntese Inibição Sem efeito 7) Relação CO2 : ATP : NADPH 1 : 3 : 2 1 : 5 : 2 8) Fotossíntese versus intensidade de luz Satura em ~1/3 da luz solar máxima Não atinge a saturação com aumento da intensidade luminosa 9) Temperatura óptima para a fotossíntese ~25° C ~ 35° C 10) Taxa de fotossíntese líquida em condi- ções de saturação de luz 15 – 35 mg CO2dm-2h-1 40 – 80 mg CO2dm-2h-1 11) Consumo de H2O para produção de ma- téria seca 450 – 1.000 g H2O / g peso seco 250 – 350 g H2O / g peso seco (a) 12) Conteúdo de N na folha para atingir fo- tossíntese máxima 6,5 – 7,5% peso seco 3,0 – 4,5% peso seco (a) (*) Em folhas completamente diferenciadas. (a) C. C. Black et al., Plant Photosynthesis, in J. Dobereiner, R. Burris e A. Hollaender (eds.). Limitations and Potentials for Biological Nitrogen-Fixation in the Tropics, pp. 95-110, 1978, Plenum Press. Quadro 1 – Elementos essenciais para a planta, seus símbolos químicos, forma iônica como se encon- tram no solo e são absorvidos, classificação e fonte natural dos mesmos. Elemento Símbolo químico Forma iônica no solo e como é absorvido Classificação Fonte natural Carbono Oxigênio Hidrogênio C O H Elementos fundamentais Retirados do ar e da água Nitrogênio Fósforo Potássio N P K 𝑁𝑂3 − 𝐻2𝑃𝑂4 − 𝐾+ Macronutrientes primários Cálcio Magnésio Enxofre Ca Mg S Ca2+ Mg2+ 𝑆𝑂4 2− Macronutrientes secundários Retirados do solo Ferro Zinco Cobre Boro Manganês Cloro Molibdênio Fe Zn Cu B Mn Cl Mo Fe2+ Zn2+ Cu2+ 𝐵𝑂3 3− Mn2+ Cl- 𝑀𝑜𝑂4 2− Micronutrientes 50 ANEXO VI – HORMÔNIOS VEGETAIS 6 HORMÔNIOS VEGETAIS São substâncias produzidas por determinadas células da planta que atuam em pequenas concentra- ções, sobre tecidos ou órgãos específicos. Crescimento e desenvolvimento da planta interações de fatores: - Externos: luz, temperatura, H2O, CO2, O2, etc. - Internos: enzimas, pigmentos, hormônios (fitohormônios) Principais hormônios: auxina, giberelina, citocinina, ácido abscísico e etileno. Atuação em geral, atuam sobre: - A divisão celular; - O crescimento celular; - A diferenciação celular. Efeitos diversos fatores (local, atuação, idade do órgão e da concentração) 6.1 AUXINA Ácido indolacético (AIA) – principal auxina natural. 6.1.1 Produção Meristema apical do caule – transportada pelo parênquima até as raízes. Folhas novas e sementes. 6.1.2 Funções da Auxina a) Crescimento de caule e raízes Estimula alongamento das células dos meristemas crescimento da planta. Estimula divisão e distensão celular produção de raízes (estacas de caules) A sensibilidade das células à auxina varia com a parte da planta raiz é mais sensível do que o caule. Concentração muito alta inibe crescimento (funci- ona como inibidor). b) Fototropismo Crescimento de um órgão vegetal em resposta à luz: - Caule: fototropismo + - Raiz: fototropismo – Quando se ilumina unilateralmente uma planta auxinas migram para o lado não iluminado: - No caule, > concentração efeito estimulador alonga- mento celular no lado não iluminado curva-se em direção à luz. - Na raiz (+ sensível), > concentração efeito inibidor células lado escuro crescem menos curva-se em direção oposta à luz. 51 c) Geotropismo Crescimento de um órgão vegetal em resposta à gravidade: - Caule: geotropismo - - Raiz: geotropismo + A concentração de auxina no lado do solo aumenta: - No caule: efeito estimulador a planta curva-se para cima - Na raiz: efeito inibidor a planta curva-se para baixo. d) Dominância apical Auxina: gema apical raízes. Na maioria das plantas, a ↑ concentração inibe desenvolvimento das gemas laterais próximas à apical. e) Formação de frutos Fecundação de óvulos desenvolvimento de sementes e produção de auxina parede do ovário distensão celular e formação do fruto. Plantas cujos ovários tem ↑ concentração de auxina frutos parte- nocárpicos. Ex.: laranja-da-baía e banana. Produção artificial de frutos sem sementes coloca-se auxina no ovário da flor. Ex.: tomate, melancia. f) Abscisão de folhas (flores e frutos) Folhas jovens produzem auxina. Concentração de auxina nas folhas jovens > folhas velhas < caule. - Camada de abscisão (sucessivas divisões celulares células menores e frágeis, < res.) - Folhas caem (abscisão foliar). Participação do etileno enzima dissolve parede celular. g) Aplicações práticas das auxinas Auxinas sintéticas: - Ácido α naftaleno-acético (ANA) indução floração em abacaxi - Ácido dicloro-fenoxi-acético (2, 4 D) dose hormônio de crescimento; dose ↑ herbicida. - Outras auxinas: - estimular enraizamento de estacas de caule; - formação de frutos partenocárpicos; - inibição da abscisão de frutos (evitar queda precoce); - inibir brotamento de gemas laterais do caule (armazen. batata). 52 6.2 GIBERELINA 6.2.1 Produção Meristema apical, folhas novas, raízes e embrião. 6.2.2 Funções da Giberelina Estimulam o crescimento de caules e folhas Produção de frutos partenocárpicos (giberelina + auxina) Estimulam a germinação e quebra de dormência em se- mentes. 6.3 CITOCININA 6.3.1 Produção Raízes – transportada pelo xilema para todas as partes da planta Embriões e frutos 6.3.2 Funções da Citocinina Estimulam a divisão celular (citocinese) e distensão celular; Atua no controle da dominância apical (efeito antagônico com a auxina); Retardam o envelhecimento das plantas
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