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metodologias das linguagens artísticas

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FUNDAMENTOS E 
METODOLOGIAS DAS 
LINGUAGENS 
ARTÍSTICAS 
Pablo Rodrigo Bes
Fundamentos da 
arte e seu ensino
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir os fundamentos estéticos e artísticos na educação em arte.
 � Analisar a difusão da arte na cultura e no contexto histórico-social.
 � Explicar a relação entre educação estética e educação artística.
Introdução
A educação em arte deve fazer parte do cotidiano escolar, uma vez que 
contribui significativamente para que os alunos desenvolvam sua per-
cepção, sensibilidade e julgamento estético sobre o mundo ao seu redor. 
Assim, ao planejar as atividades que serão realizadas em aula, o professor 
de artes deve se valer das múltiplas linguagens que este componente 
curricular possibilita, envolvendo seus aspectos estéticos e artísticos nas 
produções de seus alunos.
Neste capítulo, você conhecerá os fundamentos estéticos e artísticos 
da educação em arte, percebendo como ocorrem as múltiplas relações 
entre estas duas áreas. Além disso, você analisará como ocorrem os me-
canismos de difusão da arte na cultura da sociedade. 
Fundamentos da educação em arte
Pensar sobre a arte na educação nos tempos atuais parece urgente, principal-
mente quando percebemos que a escola e, em particular, os currículos escolares, 
parecem estar sendo pautados por uma lógica que privilegia a racionalidade do 
mercado, do mundo do trabalho, negligenciando outras questões igualmente 
importantes para o desenvolvimento pleno do ser humano. Para o poeta Rubem 
Alves (1988, p. 11), a educação como um todo deveria se fundamentar nos 
princípios estéticos da arte:
Seria compreensível e mesmo defensável um apelo para que os valores estéticos 
fossem incluídos em nossos currículos. Ninguém negaria que a beleza tenha 
sido deles banida de forma espantosamente radical. Por boas razões, é claro. 
Afinal de contas, a sensibilidade artística parece não oferecer contribuição 
alguma, seja ao desenvolvimento, seja à segurança do país... Bem diz o ditado 
popular que “beleza não se põe na mesa”. Claro que coisas úteis são mais 
importantes do que coisas belas. Mas mesmo o mais endurecido materialista 
estaria disposto a concordar que a arte, às vezes, tem certa utilidade.
De forma poética, irônica e desafiadora, o autor procura apontar questões 
importantes a respeito da arte e do confronto entre a utilidade e a estética na 
educação. Dessa forma, podemos entender que a arte sempre esteve presente 
na vida das pessoas, reconfigurando-se a cada momento histórico, uma vez 
que esta é produto da cultura humana. Assim, iniciaremos nosso capítulo 
aprendendo sobre dois importantes pontos que devem fundamentar a educação 
em de arte: fundamentos estéticos e artísticos.
Ao acompanharmos o estudo da arte em paralelo à evolução humana, per-
cebemos que esta serve para as mais diversificadas funções, desde a simples 
expressão de vivências e anseios, associada a tarefas pedagógicas, à apreciação 
religiosa, à distinção de classes sociais pelo seu acesso, até o puro deleite que 
proporciona àquele que a observa ou a vivencia. Portanto, podemos constatar 
que a manifestação artística em suas várias possibilidades propicia um encontro 
estético, no qual o ser humano pode refletir a respeito do belo, produzindo, 
pela percepção, seu próprio conceito sobre a produção do artista. De acordo 
com Chauí (2010, p. 411):
Estética é a tradução da palavra grega aesthesis, que significa conhecimento 
sensorial, experiência, sensibilidade. Foi empregada pela primeira vez pelo 
alemão Baumgarten, por volta de 1750. Em seu uso inicial referia-se ao estudo 
das obras de arte enquanto criações de sensibilidade, tendo como finalidade 
o belo. Pouco a pouco, substituiu a noção de arte poética e passou a designar 
toda a ação filosófica que tenha por objetivo as artes ou uma arte. Do lado 
do artista e da obra, busca-se a realização da beleza; do lado do espectador 
e receptor, busca-se a reação sob a forma do juízo de gosto, do bom gosto.
Fundamentos da arte e seu ensino2
De acordo com as ideias da autora, ao propormos a educação na escola, 
fundamentando-a pela lógica da estética, devemos proporcionar aos alunos 
experiências sensoriais para que possam desenvolver sua sensibilidade em 
relação às manifestações artísticas que lhes rodeiam. É importante destacar 
que, na contemporaneidade, a questão estética transcende o conceito de belo, 
pois, em alguns casos, este pode não fazer parte da concepção de um artista. 
A arte provoca emoções, suscita desejos, combate ou milita em questões de 
cunho social, entre outros. Como já mencionado, ao abordarmos a estética, o 
foco se volta para a questão da experiência sensorial a ser vivenciada pelo es-
pectador que, a partir desta, irá produzir seus próprios juízos. Essa experiência 
estética sensorial costuma se relacionar ao conceito de fruição, que significa 
desfrutar da expressão artística, apreciar a arte e seu criador.
Atualmente, os fundamentos da estética na educação em arte também 
procuram se conectar com questões da realidade social dos alunos, propondo 
que a partir de oportunidades de interpretação das múltiplas linguagens artís-
ticas eles possam romper com os padrões da vida cotidiana. Ao abordar estas 
questões, Ferraz e Fusari (2010, p. 54) complementam que “[...] o estético em 
arte diz respeito, dentre outros aspectos, à compreensão sensível-cognitiva 
do objeto artístico inserido em um determinado tempo/espaço sociocultural. 
Todavia, a experiência estética pode ser mais ampla e não necessariamente 
derivada da arte [...]”. Portanto, podemos vivenciar manifestações estéticas por 
meio de fenômenos da natureza, como o canto dos pássaros, o pôr do sol, as 
copas das árvores floridas, etc., de acordo com nosso nível de sensibilidade. 
Canclini (1980) alerta para a existência de uma mediação entre as produções 
artísticas e o meio social, que procura definir o que pode ser considerado arte 
ou produção artística em cada época, de acordo com categorias estéticas que 
sejam legitimadas e vigentes. Podemos entender que a produção artística está 
diretamente relacionada aos padrões estéticos estabelecidos socialmente, sendo, 
assim, produto da cultura da sociedade. Por essa razão é importante que, 
no contexto escolar, os professores de artes possibilitem o estudo a respeito 
da vida e da contextualização social e histórica de cada autor, procurando 
entender como estes fatos implicam em suas obras. A Figura 1 serve como 
ilustração para a importância da combinação de aspectos estéticos, sensoriais 
e conhecimentos artísticos em sala de aula.
3Fundamentos da arte e seu ensino
Figura 1. As produções realizadas pelos alunos na educação em arte devem envolver 
os aspectos estéticos, sensoriais e os conhecimentos artísticos, para que estas se tornem 
significativas para seus autores.
Fonte: Poznyakov/Shutterstock.com.
Com relação aos fundamentos artísticos que envolvem a educação em 
arte, devemos compreender que “[...] a concepção de artístico relaciona-se 
diretamente com o ato de criação da obra de arte, desde as primeiras elabo-
rações de formalização dessas obras até em seu contato com o público [...]” 
(FERRAZ; FUSARI, 2010, p. 56). Neste aspecto, os professores deverão 
proporcionar experiências para que os alunos possam exercer sua autoria 
nas linguagens artísticas que estão aprendendo, seja em artes visuais, dança, 
música ou teatro. Esta atividade exige planejamento, uma vez que, segundo 
Ferraz e Fusari (2010, p. 56), “[...] o fazer artístico (a criação) é a mobilização 
de ações que resultam em construções de formas novas a partir da natureza 
e da cultura; é ainda o resultado de expressões imaginativas, provenientes de 
sínteses emocionais e cognitivas [...]”. Portanto, produzir arte na escola (e em 
qualquer outro espaço) trabalha tanto com a inteligência emocional quanto a 
capacidade cognitiva do aluno.
Fundamentos da arte e seu ensino4
Os fundamentos da educaçãoem arte devem ser pautados no conhecimento 
das principais etapas do processo artístico, que são apresentadas, de forma 
resumida, no esquema da Figura 2.
Figura 2. Principais etapas do processo artístico.
Fonte: Adaptada de Ferraz e Fusari (2009).
OS AUTORES/ARTISTAS
São os criadores (pro�ssionais ou não) de produtos ou obras artísticas a partir 
da história de seus modos e patamares de sensibilidade e entendimento da 
arte. São pessoas sempre situadas em um contexto sociocultural que suas 
obras representam.
OS PRODUTOS ARTÍSTICOS/OBRAS DE ARTE
São os trabalhos que resultam de um fazer e pensar que reune técnica, emoção 
e representação do mundo e da cultura e que sintetizam os conhecimentos 
artísticos e estéticos dos autores. Trazem consigo um história e situam-se num 
contexto sociocultural especí�co.
A COMUNICAÇÃO/DIVULGAÇÃO
São as práticas utilizadas para expor, apresentar, veicular ou intermediar as obras 
artísticas produzidas entre as pessoas ao longo de nossa história cultural. 
Podem assumir formatos pro�ssionais ou não.
O PÚBLICO/OUVINTES/ESPECTADORES
São as pessoas que constroem a história de suas relações com as produções 
artísticas e seus autores em diversos níveis de sensibilidade e entendimento 
da arte. Também situam-se em um tempo-espaço que é construído 
socioculturalmente.
5Fundamentos da arte e seu ensino
Segundo Ocvirk et al. (2014), os componentes básicos da arte podem ser definidos 
como tema (o que se produz), forma (como se desenvolve a obra) e conteúdo (o 
porquê de o artista ter feito a obra). 
A arte na cultura e no contexto histórico-social
Como mencionado anteriormente, a manifestação artística se relaciona com 
os padrões estéticos e culturais de cada época . Portanto, as obras de arte 
são consideradas artefatos culturais que representam, de alguma forma, os 
acontecimentos históricos do período em que foram produzidas. Tais fatos 
contribuíram para a manifestação artística por meio de produções e repre-
sentações de eventos específicos. Muitos artistas se valeram, no decorrer 
do tempo, das mais variadas formas de difusão de sua arte para o público 
apreciador de seu trabalho. Conheceremos, nesta sessão, alguns aspectos 
históricos da difusão da arte na cultura, considerando contextos históricos 
no desenvolvimento da sociedade.
Ao estudarmos a história da arte e a humanidade, podemos apontar a re-
lação intrínseca e direta da manifestação artística com a cultura da sociedade 
em cada período. No período pré-histórico, por exemplo, a arte se manifesta 
em paredes de cavernas, nas quais as tribos representavam suas façanhas, 
de modo a narrar sua história. Já no período da modernidade, a arte passou 
a ser associada à elite, que tinha acesso ao teatro, óperas, obras clássicas 
literárias, pinturas e esculturas de artistas renomados. Com o advento da 
pós-modernidade e o alargamento do conceito de arte, bem como do próprio 
conceito de cultura, criaram-se outras formas de manifestações artísticas 
consideradas mais populares e regionais, entre elas, o grafite, ilustrado na 
Figura 3. Neste período, procura-se universalizar o acesso às artes para toda a 
sociedade, anteriormente direcionadas para uma classe tida como dominante. 
Fundamentos da arte e seu ensino6
Figura 3. As expressões artísticas contemporâneas estão ao nosso redor, como este grafite 
do artista Kobra, que integra o cenário da cidade do Rio de Janeiro.
Fonte: Ricardo Cohen – Rcview/Shutterstock.com.
Na atualidade, podemos encontrar diferentes tipos de manifestações artís-
ticas em nossa cultura. Ao caminhar pelas ruas, deparamo-nos com grafites 
que adornam paredes e muros, esculturas, museus, prédios tombados e suas 
arquiteturas, paisagens, proliferações de imagens que nos chegam pela mídia 
de massa (televisão e rádio) ou pelas mídias digitais (computadores, telefones 
móveis). Nossas relações sociais estão sendo permeadas por aspectos da estética 
e da arte cotidianamente, embora nem sempre percebamos.
Dada a proximidade das questões da estética e das produções artísticas 
com a cultura na sociedade — cultura esta que estabelece regras, normas e 
produz maneiras de pensar, sentir e viver — uma das formas de entender 
como ocorre a difusão da arte é compreendê-la dentro de etapas que compõe 
o processo cultural, conforme mostra o esquema da Figura 4.
7Fundamentos da arte e seu ensino
Figura 4. Etapas do processo cultural.
Fonte: Adaptada de Ferreira (2002).
Criação Regulação
Produção Difusão
Consumo/
recepção
Ao analisar a arte e sua relação com a cultura na contemporaneidade, 
com ênfase na etapa da difusão, é importante destacar o conceito de inter-
mediação cultural, que dentro do processo da produção da nossa cultura pode 
ser entendida como “[...] aquela que faz funcionar os canais de ligação entre 
produção e recepção, entre criadores e públicos e que é resultado das atividades 
mais ou menos especializadas de agentes e organizações que intervêm nos 
processos de seleção, filtragem, distribuição, divulgação, avaliação e valo-
rização das criações [...]” (FERREIRA, 2002, documento on-line). Por isso, 
a intermediação cultural passa a ser decisiva no processo de difusão da arte. 
No Brasil, percebemos como os agentes de intermediação cultural, algumas 
vezes representados por organizações da sociedade civil, costumam atuar 
nos mais diversos campos sociais, possibilitando que a arte de cada grupo 
cultural possa ser expressa. 
Na música, há meios de divulgação de manifestações artísticas de grupos 
organizados em favelas, que se apresentam tanto em street dance, quanto 
em orquestras clássicas. Ao mesmo tempo, vemos centenas de jovens que 
optam pelo funk ou o rap como meio para expressar sua arte e, possivelmente, 
melhorar suas condições de vida. Dessa maneira, embora a educação em arte 
deva ir além da simples análise de seu caráter social, sabemos que este é um 
fator determinante. Como já mencionado, a produção artística deve sempre 
reunir tanto elementos cognitivos, que envolvem técnicas e estilos aprendidos 
Fundamentos da arte e seu ensino8
ao longo da trajetória artística, quanto aspectos relacionados à sensibilidade 
e à emoção, que fazem parte da estética.
O street dance, ou dança de rua, ganhou bastante destaque no Brasil nas últimas 
décadas. Muitos jovens aderem e criam seus grupos de dança, à semelhança dos 
“bondes” formados para dançar funk.
O funk é um estilo musical que se popularizou no Brasil a partir dos anos 1990, sendo 
reconhecido como o ritmo das periferias, tendo vários estilos, como romântico (melody), 
erótico e, ainda, supervalorizando o consumo (ostentação).
Rap significa rhythm and poetry (ritmo e poesia) e procura trazer em suas letras um 
teor de contestação e crítica às desigualdades sociais.
As estratégias de difusão cultural também se fazem presentes nos espaços 
tradicionais de exibição da arte, como nos museus. Veja, a seguir, as atribuições 
do setor de difusão cultural do Museu de Arte Murilo Mendes (2019), de Juíz 
de Fora, descritas em seu portal eletrônico.
Compete ao Setor de Difusão Cultural: implementar projetos culturais que 
confiram visibilidade ao acervo do MAMM; promover e gerenciar intercâm-
bios junto a outras instituições, na perspectiva da ação educativa; contribuir 
para a obtenção de recursos destinados às ações culturais idealizadas pelo 
museu; auxiliar na produção, planejamento e organização de eventos cultu-
rais promovidos e/ou apoiados pelo museu; promover ações educativas por 
meios de cursos, palestras, seminários, oficinas, mostras e visitas orientadas.
No que diz respeito às escolas e ao ensino e aprendizagem da arte, podemos 
perceber como a difusão cultural também procura promover esta aproximação 
com os processos educacionais que estão sendo desenvolvidos em sala de 
aula. Cabe aos professores, em seus planejamentos, pesquisar e propor ações 
pontuais com seus alunos nestes espaços, que melhor se alinhem com as téc-
nicas apreendidas, que trabalhem com temas que os sensibilizame despertam 
seu interesse, como artistas locais, nacionais ou internacionais que estejam 
realizando exposições. É importante pontuar que, em uma sociedade em que 
a mídia digital costuma tornar pública toda a diversidade de manifestações 
9Fundamentos da arte e seu ensino
artísticas, a tarefa do professor em proporcionar este contato para seus alunos 
é facilitada.
Você sabia que as crianças devem ser estimuladas desde pequenas, ainda na educação 
infantil, para que desenvolvam sua sensibilidade e percepção estética sobre o mundo 
e as artes? Os bebês já demonstram, desde os primeiros meses, seus primeiros traços 
de sentimentos estéticos ou gosto pelas coisas, sejam cores, sons preferidos, formas 
diferentes e movimentos variados. Nesta fase da educação infantil e dos anos iniciais, 
a ludicidade deve permear a educação em arte, tornando tais momentos prazerosos 
e significativos.
Relações entre a educação estética e 
a educação artística
São múltiplas as relações que podem ser estabelecidas entre a educação 
estética e a educação artística, uma vez que ambas são interdependentes 
e complementares. De acordo com Pareyson (1954 apud Bosi, 2000, p. 8), 
os temas centrais da reflexão estética que devem se fazer presentes na produção 
artística são “[...] o fazer, o conhecer e o exprimir [...]”. Portanto, o professor 
de arte não deve concentrar suas aulas somente no fazer artístico, devendo 
ampliar suas práticas com estratégias que levem seus alunos a desenvolver, 
concomitantemente, uma educação estética, ou seja, que desenvolvam os 
aspectos da percepção sobre a arte, da apreciação (fruição) das manifestações 
artísticas e, até mesmo, da crítica sobre a arte e seu processo. 
É importante destacarmos que, no sistema educacional brasileiro, sobretudo 
após a construção dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 20), 
entende-se a importância da educação do componente curricular de arte, 
envolvendo as linguagens artísticas do teatro, da dança, da música e das artes 
visuais, que deverão ser trabalhadas a partir dos aspectos da criação artística e 
da percepção estética, uma vez que “o conhecimento da arte abre perspectivas 
para que o aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a dimensão poética 
esteja presente: a arte ensina que nossas experiências geram um movimento 
de transformação permanente, que é preciso reordenar referências a cada 
momento, ser flexível.” Sendo assim, é evidente a importância da articulação 
Fundamentos da arte e seu ensino10
entre o conhecimento, a sensibilização estética e a produção artística para 
que os alunos possam aprimorar suas visões de mundo e seu aprendizado.
Sobre o processo de educação em arte que contempla tanto os aspectos 
estéticos quanto os artísticos, Ferraz e Fusari (2010, p. 61) defendem que um 
projeto deste tipo deve apresentar os componentes a seguir.
1. Documentos artísticos produzidos culturalmente (pinturas, esculturas, 
gravuras, filmes, arquiteturas, fotografias, partituras, gravações em áudio e 
vídeo, textos dramáticos, roteiros etc.);
2. Informações complementares elaboradas pelo próprio professor, pela mídia 
ou contidas em publicações especializadas (textos, livros, teses, artigos em 
jornais revistas, catálogos);
3. Materiais e instrumentos para produções artísticas (papéis, tintas, lápis, 
argila, madeira, pedra, tecido, arame, luz... instrumentos sonoros, musicais, 
microfones ... roupas ou figurinos, pincéis, goivas, gravadores, câmeras de 
fotografia, de vídeo, computador etc.).
Cabe ao professor proporcionar aos alunos o contato com estes materiais 
citados, para que os conheçam, reflitam e apreciem. Para desenvolver suas 
habilidades estéticas e artísticas, os alunos devem ter acesso a um repertório 
rico de manifestações da arte na cultura, possibilitando que eles desenvolvam 
suas próprias leituras e reflexões a partir do conhecimento dos contextos em 
que estes artistas viveram e das condições de sua produção, atribuindo, assim, 
os seus próprios significados para estas produções.
Uma professora de uma turma de segundo ano do ensino fundamental percebeu que 
seus alunos tinham dificuldades de relacionamento: alguns grupos não interagiam ao 
longo das aulas. Alguns destes alunos tinham dificuldade de se expressar pela escrita, 
pois seu processo de alfabetização ainda estava em andamento. Para desenvolver a 
percepção estética de seus alunos, a professora utilizou fotografias destes, para que 
produzissem seus autorretratos e retratos dos colegas de sala de aula. Ela também 
criou grupos de teatro, que dramatizavam situações do dia a dia dos alunos, o que os 
aproximou em muitos pontos. Nas aulas de música e dança, a professora alternava entre 
os estilos e ritmos preferidos pela turma. Com esta atividade, a professora conseguiu 
amenizar os problemas de relacionamento entre os alunos, que perceberam que todos 
tinham um jeito particular de ser que devia ser valorizado e respeitado.
11Fundamentos da arte e seu ensino
Ao analisar a produção de significados realizada a partir das imagens 
presentes nas obras de arte, Vieira da Cunha (2010, p. 112), a constatou que:
Os significados das imagens são construídos nas interações sociais e cul-
turais que realizamos com elas. Os contextos sociais e culturais, amplos ou 
específicos, e as pessoas, dão existência aos materiais visuais atribuindo-se 
significados. Portanto, o sentido não “emana” das imagens, mas dos diálogos 
produzidos entre elas e as pessoas, sendo que estes diálogos são mediados 
pelos contextos culturais e históricos.
Um aluno educado para a percepção estética e artística estará mais prepa-
rado para vivenciar a arte de épocas passadas, entendendo que sua produção 
esteve, neste caso, estreitamente relacionada aos códigos, normas e contextos 
sociais do período em que o autor a realizou. Observe, nos itens listados a 
seguir, outras sugestões de atividades que procuram promover a educação 
em arte pela interação entre os elementos estéticos e artísticos (FERRAZ; 
FUSARI, 2010).
 � Fazer um estudo dos artistas e suas produções (regionais e internacio-
nais) preferidas ou selecionadas pelos alunos.
 � Fazer um estudo dos artistas e suas produções (regionais e internacio-
nais) ainda desconhecidas destes alunos, mas que possam ser selecio-
nadas para mobilizar seus interesses estéticos e artísticos.
 � Realizar um estudo do patrimônio cultural de sua localidade, compa-
rando-o com o de outras regiões brasileiras, procurando diferenciar 
aspectos urbanísticos, arquitetônicos, visuais, musicais etc.
 � Selecionar critérios estéticos e artísticos para análise desse patrimônio 
cultural.
 � Verificar junto ao acervo das bibliotecas, centros culturais, museus, 
colecionadores etc. a possibilidade de preparar novas atividades teórico-
-práticas com os alunos.
 � Fazer um levantamento (pesquisa, enquete) com os alunos para co-
nhecer suas experiências artísticas, bem como técnicas e materiais a 
ser utilizados.
 � Verificar, em sua região, as possibilidades teóricas e materiais dispo-
níveis para uso nas atividades artísticas propostas na escola; verificar 
quais materiais podem ser facilmente adquiridos, quais podem ser 
produzidos e quais as formas de utilizá-los.
Fundamentos da arte e seu ensino12
 � Reestudar, praticar técnicas artísticas e fazer uso de diversos materiais; 
verificar que artistas desenvolveram trabalhos com essas técnicas e 
materiais; selecionar alguns desses trabalhos para ser analisados com 
os alunos.
As relações entre a estética e a arte devem ser estimuladas pelo professor 
a partir de suas práticas de educação em arte. É preciso conhecer, vivenciar, 
experimentar as mais diversas manifestações artísticas para que possamos, 
então, ser capazes de refletir sobre elas. Ao referir-se a arte visual, Manguel 
(2001, p. 27) esclarece que “[...] só podemos ver coisas para as quais possuímos 
imagens identificáveis, assim como só podemos ler em uma língua cuja sintaxe, 
gramática e vocabulário já conhecemos[...]”. Com a arte, isto ocorre da mesma 
maneira, pois precisamos entender como a sociedade em seu desenvolvimento 
histórico foi estabelecendo formas de representação das coisas pertencentes à 
realidade cotidiana e que nos fornecem, então, condições de ver o que está ali 
representado artisticamente, considerando quais significados foram atribuídos 
para aquela obra específica pelo autor.
Para que possamos perceber como as questões estéticas e artísticas es-
tão correlacionadas, Vieira da Cunha (2010, p. 120) nos concede a seguinte 
sugestão:
Prestem atenção, nas revistas de grande circulação nacional, sobre as repre-
sentações de infância, mulheres e homens jovens, maduros, idosos e idosas. 
O que estas imagens, representações, nos dizem sobre estas diferentes fases 
da vida? Quais os tipos que são excluídos? Como formulamos concepções 
sobre maturidade, juventude e infância através destas imagens?
Acompanhando o questionamento feito pela autora , podemos perceber 
como a arte também contribui para que a vida em sociedade venha a ser mo-
delada de acordo com os padrões vigentes na cultura de cada época. Podemos 
verificar estas questões ao percebemos como alguns temas, em diferentes 
épocas, ganham representações muito distintas nas manifestações da arte. 
Da mesma forma, existe a mescla de culturas, que hibridiza e reconfigura as 
formas de pensar a estética e a arte.
É importante mencionarmos que, atualmente, as aulas de arte nas escolas se 
dirigem a todos os alunos que ali estão inseridos, não fazendo distinção entre 
aqueles que seriam mais hábeis ou reuniriam as condições exigidas para criar 
uma manifestação artística. Ao referir-se à dança, Santos (2010, p. 27) chama 
a atenção para a mudança nos preceitos estéticos desta arte, que se fizeram 
13Fundamentos da arte e seu ensino
presentes até metade do século XX, quando os corpos vistos como padrões 
deveriam ser “[...] fortes, esguios, leves, ágeis [...]” Isto excluía aqueles que 
não se encaixavam nestas definições. Como educadores em arte, devemos 
entender que “[...] excluídos ou incluídos, estranhos ou anormais, o que precisa 
estar em foco é que é desta maneira heterogênea que se constituem as turmas, 
e não de uma uniformidade idealizada. O aluno de dança tanto será o que 
atende a norma como o que dela escapa, o que parece familiar, quanto o que 
causa estranhamento [...]” (SANTOS, 2010, p. 26). O mesmo se aplica para 
as demais linguagens artísticas, o teatro, a música e as artes visuais, e cabe 
ao professor promover a vivência destas possibilidades de desenvolvimento 
pleno a todos os alunos por meio da arte.
Acesse o link a seguir e assista ao vídeo com a professora Ana Mae Barbosa e perceba 
como a autora avalia a educação em arte na contemporaneidade e sua importância 
para que as crianças ampliem sua visão crítica de mundo a partir das aulas.
https://qrgo.page.link/j7uAy
ALVES, R. A utilidade e o prazer: um conflito educacional. In: DUARTE JUNIOR, J. F. 
Fundamentos estéticos da educação. 2. ed. São Paulo: Papirus, 1988.
BOSI, A. Reflexões sobre a arte. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros 
curriculares nacionais 5ª a 8ª séries: arte. Brasília: MEC, 1998.
CANCLINI, N. G. A socialização da arte: teoria e prática na América Latina. São Paulo: 
Cultrix, 1980.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2010.
FERRAZ, M. H. C. T.; FUSARI, M. F. R. Arte na educação escolar. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
FERRAZ, M. H. C. T.; FUSARI, M. F. R. Metodologia do ensino de arte: fundamentos e 
proposições. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
Fundamentos da arte e seu ensino14
FERREIRA, C. Intermediação cultural e grandes eventos: notas para um programa de inves-
tigação sobre a difusão das culturas urbanas. 2002. Disponível em: https://estudogeral.
uc.pt/bitstream/10316/11042/1/Intermedia%C3%A7%C3%A3o%20Cultural%20e%20
Grandes%20Eventos..pdf. Acesso em: 23 out. 2019.
MANGUEL, A. Lendo imagens: uma história de amor e de ódio. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2001.
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15Fundamentos da arte e seu ensino

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