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Ana Clara Quirino – 69 Página | 1 FACULDADE DE MEDICINA DE BARBACENA CARDIOLOGIA, CLÍNICA MÉDICA I Aula 11 – Prof. Daniel Vidigal MIOCARDIOPATIAS Conceito o Conjunto heterogêneo de doenças do miocárdio (agressão direta), associadas à disfunção mecânica ou elétrica, sendo acompanhadas de dilatação e/ou hipertrofias ventriculares inapropriadas. Classificação o Miocardiopatias primárias (AHA) Genéticas: hipertrófica, displasia arritmogênica do VD, miocárdio não compactado, doenças do sistema de condução, canalopatia Mistas: dilatada, restritiva Adquiridas: miocardites, Takotsubo, periparto, alcoólica e taquicardiomiopatia o Miocardiopatias secundárias (AHA): Infiltrativas: amiloidose, doença Gaucher Depósito: hemocromatose, doença de Fabry Tóxicas: drogas, metais pesados, agentes químicos Endomiocárdicas: endomiocardiofibrose Inflamatórias: sarcoidose Cardiofaciais: síndrome de Noonan Neuromusculares: distrofia muscular de Duchenne, neurofibromatose Nutricional: beribéri, pelagra, escorbuto, Kwashiorkor Auto-imune: LES, artrite reumatóide, esclerodermia Terapia anti-tumoral: antraciclinas, ciclofosfamida, radiação Miocardiopatias abordadas: as mais prevalentes o Miocardiopatia dilatada o Miocardiopatia periparto o Miocardiopatia hipertrófica o Miocardiopatia restritiva o Miocardiopatia chagásica o Displasia arritmogênica do VD Cardiomiopatia dilatada o É uma dilatação e prejuízo da contração do VE ou de ambos os ventrículos; o Representa quase 90% dos casos de miocardiopatias (a mais comum); o Primária: 25% dos casos apresentam transmissão genética (familiar); o Classificação: Idiopática (primária da AHA) Alcóolica/ Tóxica Ana Clara Quirino – 69 Página | 2 Viral/ Imune Periparto Chagásica o Características: Dilatação ventricular Função global do VE reduzida Paredes com espessura normal o Achados associados: Insuficiência mitral funcional Excursão reduzida das cúspides valvares Cavidades atriais aumentadas VD aumentado Trombo em ápice do VE o Clínica: Insuficiência cardíaca congestiva progressiva (dispnéia, ortopneia, turgência jugular, edema de MI...) Arritmias Morte Súbita (por arritmias ventriculares complexas) Tromboembolismo o Exame físico: Terceira bulha, estertores crepitantes bibasais, hipofonese de bulhas Desvio do ictus para esquerda, sopro sistólico mitral Evolução: dilatação de todas as câmaras (pode ser visto no ECO, raio-x, necropsia) o Medidas Gerais: Eliminar fator causal (se possível) Perda de peso, reduzir sal, álcool, fumo, exercício, anemia o Drogas: Diuréticos Digoxina, Inibidores da ECA/ BRA Beta-bloqueadores Antiarrítmicos Anticoagulantes Inotrópicos positivos (dobutamina, dopamina) o Cirurgia: quando não responde bem ao tratamento clinico Transplante Ventriculectomia parcial Ana Clara Quirino – 69 Página | 3 Miocardiopatia periparto o Desenvolvimento de IC no últimos mês ou em cinco meses após o parto; o Ausência de causa identificável de IC (mulheres jovens na idade fértil); o Ausência de doença cardíaca reconhecível anterior ao último mês de gestação (acredita-se que pode ser por alteração hormonal); o Disfunção sistólica do VE: FEVE < 45% Diâmetro diastólico final > 27mm/m² o Fatores de risco: Multiparidade Idade materna (> 30 anos) Gemelaridade Pré-eclâmpsia Hipertensão gestacional Raça negra o Tratamento Convencional para IC com fração de ejeção reduzida (IECA, betablock, espirolactona...) o Prognóstico Mais da metade completa regressão da disfunção do VE 25% doença grave progressiva óbito em 3 meses Recomendação: ligadura tubária para não engravidar novamente e desenvolver o quadro novamente Miocardiopatia chagásica o Chagas: doença endêmica no Brasil (norte, nordeste, etc) o Transmissão: contato com fezes e urina do triatomídeo (barbeiro) infectado pelo T. cruzi Por hemotransfusão, transmissão vertical e oral raras o Fase aguda: oligossintomática (febre baixa, mialgia...) o Fase crônica: desenvolve 20 a 30 anos após a primoinfecção cardiopatia chagásica, megacólon ou megaesôfago o Ciclo: Ana Clara Quirino – 69 Página | 4 o Forma indeterminada (60% dos casos): portador mas não tem sinais e sintomas relacionada à doença de chagas Positividade de exames sorológicos e ou parasitológicos Ausência de sintomas e/ou sinais da doença ECG normal RX normais: coração, esôfago e cólons o Cardiopatia crônica (25 a 30% dos casos): dilatação das câmaras cardíacas. Pode ocorrer em pacientes adultos jovens – impacto social e psicológico. Formas clínicas: Insuficiência cardíaca Arritmias e/ou distúrbios de condução Tromboembolismo Morte súbita o Diagnóstico Clínico: sinais de IC (dispnéia, ortopneia, edema de MI...) Sorologia: positiva para T. cruzi pedir de acordo com historia clinica (se morou em região endêmica) ECG: Bloqueio de ramo direito + bloqueio divisional anterosuperior, extrassístoles, bloqueios atrioventriculares Ecocardiograma: aumento da área cardíaca, aneurisma apical, déficit segmentar contrátil o Tratamento Fase aguda: benzonidazol (antiparasitário): evitar o desenvolvimento de complicações Fase crônica Tratamento da IC com fração de ejeção reduzida Marcapasso definitivo bloqueios AV Ressincronização Miocardiopatia Hipertrófica o Doença genética com herança autossômica dominante na qual o paciente faz hipertrofia sem ter aumento da pós-carga. o Características: Hipertrofia VE (e/ou VD), em geral assimétrica, envolvendo predominantemente o septo interventricular Obstrutiva ou não Volume VE normal ou reduzido (hipertrofia concêntrica) Gradientes intracardíacos sistólicos (VSVE) Contratilidade normal, função diastólica reduzida o Causa: Genética (herança autossômica dominante), com mutações nos genes da miosina Outras: Maior conteúdo de Ca++ miocárdico Estimulação simpática aumentada o Patologia: hipertrofia dos miócitos, desarranjo das fibras, aumento do tecido conetivo Ana Clara Quirino – 69 Página | 5 o Sintomas: Sintomas de IC com fração de ejeção preservada (dificuldade de relaxamento) Dispnéia, angina, síncope, palpitação Morte súbita (arritmia): principal causa de morte súbita em jovens o ECO: mostra o padrão de hipertrofia e o tipo de miocardiopatia o Exame físico: Pulso carotídeo bisferiens Impulso apical duplo Frêmito sistólico (ápice, borda esternal esq.) B4 Sopro sistólico ejetivo paraesternal (obstrução VSVE) Sopro sistólico regurgitativo mitral Ana Clara Quirino – 69 Página | 6 o Tratamento: não existe um especifico 1. Beta-bloqueadores 2. Antagonistas do cálcio 3. Antiarrítmicos 4. Profilaxia da endocardite infecciosa 5. Cirurgia (miectomia, reparo valva mitral) 6. Cardiodesfibrilador implantável o Prevenção da morte súbita: Miocardiopatia restritiva o Também cursa com IC de fração de ejeção preservada o Conceito: doença do músculo cardíaco secundária a alteração do relaxamento e complacência ventricular o Causas primárias: endomiocardiofibrose, endocardite de Löffler o Causas secundárias: - Infiltrativas: amiloidose (mais comum, deposição de compostos amilóides no músculo cardíaco rigidez e dificuldade de relaxamento aumento da pressão ventricular sinromas) - Depósito: do glicogênio, hemocromatose, doença de Fabry o Fisiopatologia Alterações miocárdicas disfunção diastólica Ventrículos de tamanho normal, com espessamento das paredes (pelo excesso de deposição) função sistólica geralmente normal Aumento atrial Alteraçõesassociadas Ana Clara Quirino – 69 Página | 7 o Diagnóstico clínico Acometimento uni ou biventricular Sinais e sintomas: - Fraqueza e dispnéia - Edema periférico - Dor torácica - Ascite - B3 e B4 - Edema pulmonar - Sinal de Kussmaul - Hipertensão pulmonar o Tratamento - Depende da doença de base (ex: amiloidose) - Sintomático (diurético diminuir volemia e congestão) - Não há tratamento específico - EMF cirurgia nos casos mais graves - Transplante em casos específicos e extremos Displasia arritmogênica do VD o Conceito: doença genética caracterizada pela substituição progressiva do miocárdio por tecido fibrogorduroso, principalmente no ventrículo direito, podendo atingir também o VE e o septo interventricular. o Prevalência de 1: 2000 a 5000 da população geral o Sexo masculino (3:1) o 50% tem associação familiar o Arritmias ventriculares graves o Diagnóstico: o Clínica Podem apresentar taquiarritmias graves e morte súbita Cansaço, palpitação e síncope (diminui a contratilidade) Avaliar indivíduos com morte súbita precoce na família Ana Clara Quirino – 69 Página | 8 o Tratamento Antiarrítmicos (sotalol e amiodarona) eficácia variável Ablação dos focos arritmogênicos Cardiodesfibrilador implantável (CDI): Morte súbita abortada ou parada cardíaca TV refratária a droga TV/FV com comprometimento hemodinâmico Idade precoce dos sintomas (<35 anos) Envolvimento do VE Intolerância a drogas
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