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Exame Clínico cardiovascular As doenças do coração manifestam-se por variados sintomas e sinais, alguns originados no próprio coração, outros em diferentes órgãos nos quais repercutem com mais intensidade as alterações do funcionamento cardíaco. Serão analisados: dor cardíaca, palpitações, dispneia, tosse e expectoração, chieira, hemoptise, desmaio (lipotímia e síncope), alterações do sono, cianose, edema, astenia e posição de cócoras. ❖ Dor A dor precordial não é sinônimo de dor cardíaca, pois pode ter origem no coração e em outros órgãos ou estruturas como pleura, esôfago, aorta, mediastino, estômago e na própria parede torácica. A dor relacionada com o coração e com a aorta compreende a de origem isquêmica, a pericárdica e a aórtica. Na avaliação semiológica da dor precordial, todas as características são importantes: localização, irradiação, caráter, intensidade, duração, frequência, fatores desencadeantes ou agravantes, fatores atenuantes e sintomas concomitantes, os quais podem preceder, acompanhar ou suceder a dor. ➔ Localização A localização mais típica é a retroesternal, podendo ser sentida à esquerda ou, mais raramente, à direita da linha esternal. Pode ser restrita a uma pequena área ou ocupar toda a região precordial. Se a dor for percebida na pele ou em outras estruturas superficiais, é possível afirmar que se origine na parede torácica. A dor perimamilar ou por debaixo do mamilo quase nunca é de causa cardíaca, podendo ser de origem emocional ou provocada por osteoartrite, distensão do estômago ou do ângulo esplênico. Dor nas articulações condroesternais que piora à palpação caracteriza a osteocondrite. ➔ Irradiação A irradiação da dor está relacionada com sua intensidade; quanto mais intensa, maior a probabilidade de irradiar-se. A dor por obstrução de uma artéria coronária pode ter diversas irradiações: para os pavilhões auriculares, maxilar inferior, nuca, região cervical, membros superiores, ombros, região epigástrica e região interescapulovertebral. ➔ Caráter A dor anginosa é quase sempre do tipo constritiva, tendo o paciente a sensação de que algo aperta o tórax ou a região retroesternal. Pode ter também a sensação de nó na garganta, como se se estivesse sendo estrangulado. Tal sensação pode ser percebida nas áreas de irradiação da dor como, por exemplo, impressão de aperto ou de um bracelete no braço. Outros tipos são a dor em queimação ou ardência no precórdio, formigamento ou facada, que podem ser expressões da dor cardíaca. ➔ Duração A dor da angina de peito tem duração curta, em geral de 2 a 3 min, raramente ultrapassando 1 O min. Isso porque sua origem é apenas hipóxia miocárdica, sem alteração necrobiótica. Na angina instável, a dor é mais prolongada, chegando a durar 20 min, pois nesta síndrome já há alterações histológicas. No infarto agudo do miocárdio, quando ocorrem alterações necróticas, a dor dura mais de 20 min, podendo chegar a algumas horas. ➔ Intensidade A intensidade da dor varia de acordo com o grau de comprometimento isquêmico, podendo ser classificada em leve, moderada e intensa. ➔ Fatores agravantes A dor da angina de peito ocorre quase invariavelmente após esforço físico, mas pode ser desencadeada por todas as condições que aumentam o trabalho cardíaco, tais como emoções, taquicardia, frio ou após refeição copiosa. No infarto agudo do miocárdio, a dor costuma ter início com o paciente em repouso. A dor retroesternal, que ocorre após vômitos intensos, deve-se à laceração da mucosa do segmento inferior do esôfago. A dor torácica, em consequência das mudanças de decúbito ou de movimentos do pescoço, origina-se na coluna cervical ou dorsal (osteoartrite, hérnia de disco). A dor retroesternal e epigástrica durante a deglutição é causada por espasmo esofágico ou esofagite. A dor que se agrava com a tosse pode ocorrer em virtude de pericardite, pleurite ou compressão de uma raiz nervosa. ➔ Fatores atenuantes O alívio da dor pelo repouso é uma das características fundamentais da angina de peito. O uso de vasodilatadores coronários também faz a dor desaparecer. É muito importante o tempo que a dor leva para desaparecer após uso de nitrato sublingual. Na angina de peito, a dor desaparece 3 ou 4 min após; se levar maior tempo (5 ou 10 min), provavelmente não se trata de angina clássica, podendo ser angina instável. A dor da pericardite aguda pode ser amenizada ou cessar quando o paciente inclina o tórax para frente ou o comprime com um travesseiro. ➔ Manifestações concomitantes Precordialgia intensa, acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese fria, sugere infarto agudo do miocárdio. Dor precordial durante crise de palpitações pode decorrer de isquemia provocada por taquiarritmia. ❖ Tipos de dores precordiais ➔ Dor de origem isquêmica ➔ Dor de origem pericárdica A dor da inflamação do pericárdio é mais aguda que a da angina de peito, localiza-se na região retroesternal junto do rebordo esternal esquerdo e irradia-se para o pescoço e as costas. Pode ser do tipo "constritiva, "peso”, "opressão", "queimação" e apresentar grande intensidade; costuma ser contínua - durante várias horas -, não se relaciona com os exercícios, agrava-se com a respiração, com o decúbito dorsal, com os movimentos na cama, com a deglutição e com a movimentação do tronco. O paciente tem algum alívio quando inclina o tórax para frente ou ao se colocar na posição genupeitoral. O mecanismo provável da dor da pericardite é o atrito entre as membranas ou uma grande e rápida distensão do saco pericárdico por líquido. É provável que a irritação das estruturas vizinhas - pleura mediastinal, por exemplo - também participe do mecanismo da dor da pericardite. ➔ Dor de origem aórtica Os aneurismas da aorta geralmente não provocam dor, mas a dissecção aguda da aorta determina quadro doloroso importante, com início súbito, muito intensa, do tipo lancinante, de localização retroesternal ou face anterior do tórax, com irradiação para o pescoço, região interescapular e ombros. ➔ Dor de origem psicogênica A dor de origem psicogênica aparece em indivíduos com ansiedade e/ou depressão, podendo fazer parte da síndrome de astenia neurocirculatória ou "neurose cardíaca': A dor limita-se à região da ponta do coração, costuma ser surda, persistindo por horas ou semanas e acentuando-se quando o paciente sofre contrariedades ou emoções desagradáveis. Não está relacionada com exercícios e pode ser acompanhada de hipersensibilidade do precórdio. Nas crises de dor, ocorrem também palpitações, dispneia suspirosa, dormências, astenia, instabilidade emocional e depressão. A dor alivia-se parcialmente com repouso, analgésicos, tranquilizantes e placebos. A preocupação que os pacientes com angina de peito ou que já sofreram infarto agudo do miocárdio têm com o coração é tão grande, que eles se alteram emocionalmente com qualquer tipo de dor torácica. Em alguns, torna-se difícil diferenciar a dor precordial isquêmica da dor psicogênica. ❖ Palpitação As palpitações são contrações cardíacas mais fortes e mais intensas, lentas ou rápidas, rítmicas ou arrítmicas, decorrentes de transtornos do ritmo ou da frequência cardíaca, incluindo todas as manifestações de taquicardia, pausas compensadoras, aumento do débito cardíaco, estados hipercinéticos, hipertrofia ventricular, início súbito de uma bradicardia causada por bloqueio completo. As palpitações aparecem, também, em indivíduos normais, após exercício físico ou emoções; elas devem ser analisadas quanto a frequência, ritmo, horário de aparecimento, modo de instalação e desaparecimento, isto é, se têm início e término súbitos. Convém indagar, também, quanto ao uso de chá, café, refrigerantes à base de cola, tabaco e drogas, principalmente cocaína e anfetaminas. Há 3 tipos principais de palpitações - as palpitações de esforço, as que traduzem alterações do ritmo cardíaco e as que acompanham os transtornos emocionais. As palpitações de esforço ocorrem durante a execução de esforço físico e desaparecem com o repouso. As palpitações decorrentesde alterações do ritmo cardíaco são descritas pelos pacientes com expressões ou comparações que possibilitam ao médico presumir o tipo de arritmia. Assim, o relato de "falhas", "arrancos" e "tremor" indica quase sempre a ocorrência de extrassístoles. ❖ Dispneia A dispneia é um dos sintomas mais importantes dos portadores de cardiopatia e significa a sensação consciente e desagradável do ato de respirar. Semiologicamente, apresenta-se de 2 maneiras: uma subjetiva, que é a dificuldade respiratória sentida pelo paciente, e outra objetiva, que se evidencia pela aceleração dos movimentos respiratórios (taquipneia) e pela participação ativa da musculatura acessória da respiração (músculos do pescoço na inspiração e músculos abdominais na expiração). Os dados anamnésicos possibilitam reconhecer os seguintes tipos de dispneia: dispneia de esforço, dispneia de decúbito ( ortopneia), dispneia paroxística noturna e dispneia periódica ou de Cheyne-Stokes. A dispneia de esforço é o tipo mais comum na insuficiência ventricular esquerda; conforme sua denominação, aparece quando o paciente executa esforço físico. A causa da dispneia de decúbito é o aumento da congestão pulmonar nesta posição pelo maior afluxo de sangue proveniente dos membros inferiores e do leito esplâncnico. Este tipo de dispneia aparece tão logo o paciente se deita, o que a diferencia da dispneia paroxística noturna. A dispneia paroxística ocorre com mais frequência à noite, justificando, por isso, a denominação de «dispneia paroxística noturna". Sua característica principal consiste no fato de o paciente acordar com intensa dispneia, a qual se acompanha de sufocação, tosse seca e opressão torácica, sendo obrigado a sentar-se na beira do leito ou levantar-se da cama. Durante a crise dispneica, pode haver broncospasmo, responsável pelo aparecimento de sibilos, cuja causa provável é a congestão da mucosa brônquica. A dispneia periódica ou de Cheyne-Stokes caracteriza-se por períodos de apneia, seguidos de movimentos respiratórios, superficiais a princípio, mas que se tornam cada vez mais profundos, até chegar a um máximo; depois, diminuem paulatinamente de amplitude até uma nova fase de apneia, após o que se repetem os mesmos fenômenos. ❖ Tosse e expectoração A tosse da insuficiência ventricular esquerda é seca e mais intensa à noite, podendo ser muito incômoda. Sua causa é a congestão pulmonar; por isso, ela quase sempre está associada à dispneia. No edema pulmonar agudo, a tosse acompanha-se de expectoração espumosa de cor rósea. Nos aneurismas da aorta, pericardite e grande dilatação do átrio esquerdo, podem ocorrer acessos de tosse por compressão brônquica, irritação do vago ou do ramo recorrente. Expectoração é o produto eliminado por intermédio da tosse, procedente das vias respiratórias. Cumpre notar que as crianças não conseguem eliminar o escarro e, por isso, elas o deglutem, eliminando-o, às vezes, pelo vômito. ❖ Sibilância e chiado Aparecimento de um ruído junto com a respiração, a qual quase sempre se torna difícil. Este chiado traduz a passagem de ar, em alta velocidade, através de vias respiratórias estreitadas. À ausculta, é possível encontrar expiração prolongada e sibilos. O sibilo é um som musical, contínuo, prolongado, predominantemente expiratório, e pode ocorrer também durante a inspiração. Este ruído é mais frequente na asma brônquica, na bronquite crônica e no enfisema pulmonar; contudo, pode ocorrer na dispneia paroxística noturna e na asma cardíaca, quando a congestão pulmonar se acompanha de broncoespasmo. ❖ Síncope e lipotimia Desmaio é a perda súbita e transitória da consciência e do tônus muscular postural (síncope). Nem sempre, contudo, o sintoma ocorre de maneira completa, podendo ser parcial a perda da consciência (pré-síncope ou lipotimia). Pode ser de origem psicogênica (impactos emocionais, medo intenso) ou por redução aguda, mas transitória, do fluxo sanguíneo cerebral. Podem-se agrupar as causas de desmaio em cardíacas e extracardíacas: ➔ Causas cardíacas (diminuição do fluxo sanguíneo cerebral) a. Arritmias e transtornos da condução - Bradiarritmias (bloqueio atrioventricular) - Taquiarritmias (taquicardia paroxística) b. Diminuição do débito cardíaco - Insuficiência cardíaca aguda (infarto agudo do miocárdio) - Obstrução do fluxo sanguíneo pulmonar - Tetralogia de Fallot - Hipertensão pulmonar primária - Estenose pulmonar - Embolia pulmonar c. Regulação vasomotora anormal - Estenose aórtica - Hipotensão postural ou ortostática d. Diminuição mecânica do retorno venoso - Mixoma atrial - Trombose de prótese valvar cardíaca e. Hipovolemia aguda ➔ Causas extracardíacas a. Metabólicas - Hipoglicemia - Alcalose respiratória por hiperventilação - Hipóxia b. Síncope neurogênica - Síndrome do seio carotídeo - Síncope vasovagal - Síncope da "micção" - Neuralgia glossofaríngea - Epilepsia c. Obstruções "extracardíacas" do fluxo de sangue - Aterosclerose cerebral e de vasos da crossa da aorta - Reflexo da tosse - Compressão torácica - Tamponamento cardíaco - Manobra de Valsalva d. Psicogênica ❖ Alterações do sono A insônia é um sintoma frequente nos pacientes com insuficiência ventricular esquerda. Na insuficiência cardíaca grave, a insônia é acompanhada de excitação e obnubilação, alternando-se com períodos de sonolência e prostração. A causa é a estase sanguínea encefálica, com edema cerebral e hipertensão do líquido cefalorraquidiano, além de anoxia dos neurônios cerebrais, relacionada com a diminuição do fluxo sanguíneo cerebral. Sono inquieto e pesadelos também podem ser observados na insuficiência ventricular esquerda. ❖ Cianose Cianose significa coloração azulada da pele e das mucosas, em razão do aumento da hemoglobina reduzida no sangue capilar. O exame do paciente deve ser feito à luz do dia, observando-se os lábios, a ponta do nariz, a região malar (bochechas), os lóbulos das orelhas, a língua, o palato, a faringe e as extremidades das mãos e dos pés. Deve-se investigar se aparece ou piora após esforço físico. A cianose é generalizada quando se observa no corpo todo e localizada quando se restringe a determinados segmentos corporais - apenas o segmento cefálico, um dos membros superiores ou um dos membros inferiores. Os pacientes cianóticos apresentam outros sintomas em razão de anoxia tecidual, tais como irritabilidade, sonolência, torpor, crises convulsivas, dor anginosa, hipocratismo digital com baqueteamento, nanismo ou infantilismo. *O baqueteamento sem cianose é frequente em pacientes com endocardite infecciosa subaguda.* Há 4 tipos de cianose: central, periférica, mista e por alterações da hemoglobina. A cianose central é a mais frequente, podendo ocorrer em situações de grandes altitudes, em que se diminui a tensão no O2, em transtornos de ventilação pulmonar, transtornos de difusão devido à espessura da membrana alveolocapilar, transtornos na perfusão por cardiopatias congênitas e shunt de sangue. A cianose do tipo periférico aparece em consequência da perda exagerada de oxigênio ao nível da rede capilar por estase venosa ou diminuição funcional do calibre dos vasos da microcirculação. Este tipo de cianose caracteriza-se por se apresentar em áreas distais como membros inferiores e sempre se acompanha de pele fria. A causa mais comum de cianose periférica é a vasoconstrição generalizada em consequência da exposição ao ar ou à água fria. A cianose tipo mista é assim chamada quando se associam os mecanismos responsáveis por cianose do tipo central com os do tipo periférico. Exemplo típico é a cianose da insuficiência cardíaca congestiva grave, na qual, além da congestão pulmonar que impede uma oxigenação adequada do sangue, há estase venosa periférica com grande perda de oxigenação. A cianose por alteração da hemoglobina deve-se a alterações bioquímicas que impedem a fixação do oxigênio. A existência de meta-hemoglobina dificulta a oxigenação porque elas não são facilmente dissociáveis, pois perdem sua afinidade pelo oxigênio, e assim produzem uma coloraçãoazul-acinzentada. A meta-hemoglobina produz cianose quando alcança no sangue 20% da hemoglobina total. Essa alteração surge pela inalação ou ingestão de substâncias que contêm nitritos, fenacetina, sulfanilamida, anilinas. ❖ Edema O edema é o resultado do aumento do líquido intersticial, proveniente do plasma sanguíneo. O edema aparece em muitas enfermidades, podendo ser localizado, como acontece no edema angioneurótico ou inflamatório e na compressão de vasos linfáticos e venosos, ou generalizado, resultante de afecções cardíacas, renais, hepáticas, carenciais e do uso de medicamentos. Na insuficiência cardíaca direita, a elevação da pressão venosa central é o fator determinante do aumento da pressão hidrostática nos capilares venosos, aumentando a passagem de água para o interstício, gerando o edema. ❖ Posição de cócoras A posição de cócoras é interpretada como posição de alívio para um tipo peculiar de dispneia de esforço, próprio dos portadores de cardiopatia congênita cianótica com fluxo sanguíneo pulmonar diminuído. Tais pacientes assumem instintivamente a posição de cócoras, apoiando as nádegas nos calcanhares, porque descobrem que esta posição alivia a dispneia. Exame físico ❖ Inspeção e palpação Nestas etapas é importante analisar abaulamentos, fazer análise do ictus cordi, batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis e pesquisa de frêmito cardiovascular. Para facilitar o reconhecimento de abaulamento, a observação da região precordial deve ser feita em 2 incidências: tangencial, com o examinador de pé do lado direito do paciente, e frontal, o examinador fica junto aos pés do paciente, que permanece deitado. Abaulamento desta região pode indicar a ocorrência de aneurisma da aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e alterações da própria caixa torácica. Fala-se em ictus cordis difuso quando sua área corresponde a 3 ou mais polpas digitais; e ictus cordis propulsivo, quando a mão que o palpa é levantada a cada contração, a primeira indicando dilatação e a segunda, hipertrofia. Além do ictus cordis, podem ser encontrados no precórdio e áreas vizinhas outros batimentos visíveis ou palpáveis, ou seja, retração sistólica, levantamento em massa do precórdio, choques valvares, cliques, pulsação epigástrica e pulsação supraesternal. Frêmito cardiovascular é a designação aplicada à sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos, normalmente correspondendo ao sopro. ❖ Ausculta Na segunda bulha, durante a expiração, ambas as valvas (aórtica e pulmonar) se fecham sincronicamente, dando origem a um ruído único. Na inspiração, principalmente porque a sístole do ventrículo direito se prolonga ligeiramente em função do maior afluxo sanguíneo a este lado do coração, o componente pulmonar sofre um retardo que é suficiente para perceber, nitidamente, os 2 componentes. A este fato, se chama desdobramento fisiológico da 2ª bulha cardíaca. A terceira bulha (B3) é um ruído protodiastólico, que ocorre no primeiro terço da diástole, durante a fase de enchimento rápido ventricular. Ela se origina das vibrações da parede ventricular devido ao enchimento rápido, por isso normalmente está relacionada com sobrecarga de volume, como nos casos de insuficiência do ventrículo esquerdo e insuficiência mitral. A quarta bulha (B4) é um ruído pré-sistólico ou telediastólico, pois se localiza no terço final da diástole, durante a fase de contração atrial (enchimento dos 20% restante do ventrículo). Sendo relacionada com sobrecarga de pressão, normalmente ocorre em situações clínicas em que os ventrículos apresentam redução da complacência, tornando necessário um aumento da força de contração atrial para produzir o enchimento pré-sistólico dessa cavidade, tal como observado em hipertensão arterial sistêmica ou pulmonar, em estenose aórtica ou pulmonar, na miocardiopatia hipertrófica e, também, na doença isquémica do coração. Por ser situada na fase de contração atrial (terço distal da diástole), se localiza bem perto da sístole ventricular, podendo ser confundida até com um desdobramento da B1 (“trum-tá”). ❖ Arritmias ❖ Cliques, estalidos e sopros ❖ Pericardite constritiva, atrito pericárdico, rumor venoso ❖ Exame físico dos vasos PA= DC X RVP DC = FC X VS
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