Ecos e Reflexos POSTAR

Prévia do material em texto

7
OS ECOS E REFLEXOS AFRICANOS NA LITERATURA BRASILEIRA
Acadêmicos¹
Tutor Externo²
RESUMO
O presente trabalho pretende analisar as influências culturais recíprocas que há entre o continente Africano e o Brasil, principalmente no que diz respeito à literatura de língua portuguesa que é produzida nos países africanos, pautado neste raciocínio, verificamos o interesse recente que essa literatura tem despertado no leitor brasileiro. Vamos analisar também qual a importância da criação da Lei nº10.639/03, a qual traz a inserção da temática alusiva à História e a cultura Afro-Brasileira e também indígena, no currículo oficial da rede de ensino. Refletiremos sobre os avanços que ela trouxe à abordagem do ensino da Literatura dentro da sala de aula, com inferências pedagógicas dos professores especificamente os de língua portuguesa, quanto ao uso da literatura Afro-brasileira no processo ensino-aprendizagem, tendo em vista um dos objetivos primordiais da educação é construir leitores proficientes que sejam capazes de desmitificar os preconceitos construídos historicamente em torno dessa Literatura.
Palavras-chave: Ensino. Literatura. Africanidade. 
INTRODUÇÃO
O estudo da literatura em si e em todos os campos sociais e muito mais em sala de aula é de grande importância para o desenvolvimento do cidadão e de muita relevância. Assim como, as semelhanças e as diversidades de expressões culturais. Porém, para que o aluno compreenda profundamente sobre a literatura de língua portuguesa é preciso muita dedicação e estudo, ainda mais quando é obrigatório inserir o vínculo entre literatura brasileira e de ascendência africana. Isso porque as pessoas de diferentes regiões geográficas, assim como os índios, formam o nosso País garantindo que a cultura tenha o mesmo valor em diversos lugares. 
A literatura no geral já desenvolve a competência linguística, tornando os cidadãos mais críticos e argumentativos, o qual pode se tornar um condutor de conhecimento. Mas de acordo com o que dispõe a Lei nº 10.639/03 (acesso em 20 de março de 2021), esse é um dos caminhos para inserir no dia a dia escolar a história da África e dos africanos na formação do Brasil, no qual a lei fala sobre a obrigatoriedade da inserção dessa temática em sala de aula. 
Levando em consideração a importância do tema este trabalho visa trazer entendimentos e reflexões sobre os ecos e reflexos africanos na literatura brasileira.
1 Nome dos acadêmicos: 
2 Nome do Professor tutor externo: 
3 Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Curso (FLC3224) – Prática do Módulo 1
	O Brasil além de ser um grande território e ter uma grande dimensão territorial e uma população numerosa, é muito miscigenado, e em todos os cantos do Brasil existem grande quantidade de descendentes de europeus, africanos, asiáticos e índios, o qual fica evidente a uma grande diversidade cultural de seu povo. A cultura de um povo, repassada de geração em geração, é uma característica muito importante dentro de uma comunidade.
E agora mais de um ano convivendo com a pandemia de Covid-19, ano atípico, desafiador e provocante, mais uma vez, não foi possível estar observando presencialmente a vida escolar dos alunos e nem saber se a literatura africana é estudada em sala de aula, mas acreditamos que os procedimentos adotados na construção deste trabalho, através da pesquisa bibliográfica sejam eficazes, para buscar mais entendimento a respeito. 
O que também vem presente é o quanto é preciso estimular a busca pelo conhecimento de novos caminhos, a busca pelo novo e o respeito pela valorização da diversidade cultural são bases importantes para o crescimento do ser humano. E por isso, à leitura da literatura e a leitura de mundo é cada vez mais importante na vida dos alunos, o que tem sido uma tarefa desafiadora para os professores. 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A rica cultura existente no Brasil o torna um país beneficiado, e por meio de seu multiculturalismo podemos entender sua história e compreender a importância de sua diversidade cultural na criação social e política do Brasil. A exemplo disso, o folclore, música, danças e principalmente, a literatura que traz características extraordinárias para as pessoas que vivem em território brasileiro há muitos anos. Referindo-se aos sinais históricos, o negro pode ser tratado frente a história cultural do Brasil, um povo que foi escravo, sofreu, lutou e vem lutando para conquistar o devido status literário. Assim como reforça o autor Visentini que “a historiografia destaca a contribuição africana para a formação da sociedade brasileira na cultura, arte e religião [...]” (2014, p. 189). 
O ensino da literatura afro-brasileira nas instituições através das leis 10.639/03 e 11.645/08 tornaram-se um marco para a educação, a literatura transformou-se em uma nova perspectiva, a do negro como um membro essencial da cultura brasileira. De acordo com Visentini “a História da África e do Brasil estão intimamente relacionadas desde o momento em que os colonizadores portugueses ocuparam as duas margens do Oceano Atlântico Sul, no século XVI” (2014, p. 188). 
O sucesso da literatura afro-brasileira no século XXI traz um conhecimento (novo) do negro como autor de sua história, e não apenas um subordinado simples das classes dominantes. Visto que ao se tratar sobre a literatura brasileira o negro não é visto como um dos mais importantes, algo que com a Lei 10.639 de 9 de Janeiro de 2003 foi reavaliado, a literatura Afrodescendente torna-se essencial nas escolas.
De acordo com o ministério da educação: 
É necessária a inclusão da discussão da questão racial, como parte integrante da matriz curricular tanto dos cursos da licenciatura para a educação infantil, aos anos iniciais e finais da educação fundamental, educação média, educação de jovens e adultos, como processos de formação continuada de professores, inclusive de docentes no ensino superior (Ministério da educação, 2004, p.23).
	Ressaltamos que, ao longo dos anos, o Ministério da Educação e o Governo Federal vêm formulando normas para corrigir diversas injustiças sociais, como forma de eliminar o preconceito racial e construir a inclusão e a cidadania para todos no sistema educacional do Brasil. “Nas escolas públicas e privadas de ensino fundamental e médio, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”. (LDB, pág. 20). 
Nas considerações de Santos (2013), “a lei proporciona uma forma de mudar a história do país, permitindo que o negro seja visto como um dos principais formadores da população e da constituição da sociedade brasileira”. Por outro lado, o estudo da literatura afro ajuda a fazer uma análise aprofundada de nossas raízes históricas e culturais, a fim de eliminar o preconceito e a discriminação, produzidos pelo movimento escravista que viveu no Brasil há mais de três séculos históricos. 
Sendo assim, este trabalho revela a importância do ensino da literatura negra brasileira no campo da educação, pois rompe com o paradigma existente de que os negros são considerados inferiores na sociedade e também aumenta a importância da cultura negra na história do Brasil. Diante do ensino presencial, será possível à construção de cidadãos conscientes da diversidade cultural, aprendendo a respeitar as relações ético raciais, além de ter a possibilidade de conhecer sobre uma nova literatura, identificar a escrita, os autores, os temas abordados, compreendendo que por trás de cada obra existe uma história. Abreu (2004, p. 112), reforça que: “alargar o conhecimento da própria cultura e o interesse pela cultura alheia pode ser um bom motivo para ler e estudar literatura”. E o professor que pode oportunizar aos alunos o acesso a essa multiplicidade literária. 
2.1 A presença da literatura afro-brasileira na sala de aula
Em 09 de janeiro de 2003, foi promulgada a lei 10.639 e 11.645/08 que institucionaliza a obrigação de ensinar a história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas de ensino fundamental e médio, o objetivo dessa lei é combater ao racismo na sociedadepor meio da educação. E a cultura africana veio somar na construção da cultura brasileira e assim foi possível uma melhor compreensão de nossa cultura, a partir do estudo de História da África e dos africanos. (Silva, 2015).
Pois, a escola é o ambiente para construir e salvar a identidade negra. Dessa forma, é essencial que os docentes estejam cientes de que as questões raciais muitas vezes aparecem nas escolas de inúmeras maneiras, assim não se negando a usar esse espaço para derrubar conceitos e ideologias racistas e discriminatórias. Por isso, cabe à escola conscientizar aos alunos sobre a diversidade cultural em que estão inseridos. 
Sendo assim, é de suma importância que os professores utilizem a literatura negra em sua prática docente. Além de estimular o prazer e o hábito da leitura, a literatura torna-se uma importante ferramenta para a formação do aluno, uma vez que gera reflexão, consciência crítica e a conscientização da diversidade étnico-racial, para promover o bom convívio social. Ler sobre a literatura afro-brasileira é estudar textos que registram o cotidiano e a vida dos negros, suas lutas e influências na história e cultural do povo. Cabe destacar que “[...] a literatura não só expressa como também organiza uma parte importante da consciência social do negro [...]” (IANNI, 1988, p. 98). 
Diante disso, é importante que os alunos percebam que as criações literárias dos afro-brasileiros são excelentes, sejam eles afrodescendentes ou não, uma literatura rica e diversificada que deve ser explorada ao máximo, para docentes, discentes negros e não negros aprender a identificar, criticar e desconstruir distorções e omissões que têm como base o preconceito, para construir novos significados, livres do racismo.
1° A educação das relações ético – raciais tem por objetivo a divulgação a produção de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto a pluralidade étnico-racial, tornando-se capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira. (DCN,2004, p.31). 
Ratificamos, oportunamente, que a menção da literatura negra no processo de ensino é muito importante, pois além de despertar o prazer e o hábito da leitura, a prática de leitura torna-se uma grande ferramenta na formação dos alunos, uma vez que desperta uma visão crítica e reflexiva, fazendo surgir a conscientização, nos professores, com respeito à diversidade étnico-racial, com o objetivo de um bom convívio social. Além de abordar textos que vão relatar a vida e o cotidiano dos negros, sua luta e participação em toda a história e construção cultural do Brasil.
MATERIAIS E MÉTODOS
		Na produção deste trabalho foi utilizada uma metodologia pautada na pesquisa bibliográfica. Conforme diz Tafner e Silva (2013, p.96), a pesquisa bibliográfica “utiliza material já publicado, constituído basicamente de livros, artigos de periódicos e, atualmente, de informações disponibilizadas na internet”. Por meio das pesquisas que tiveram como base livros e artigos acadêmicos que foram acessados por meio da internet, e por leituras profundas sobre a cultura afro-brasileira, com base em diversos autores que abordaram o tema de forma ampla e esclarecedora, fazendo assim com que se tivesse um maior conhecimento sobre o tema abordado no desenvolvimento desse um artigo científico. 
		Os dados levantados nesta pesquisa, tiveram como base uma pesquisa qualitativa. Foram analisados e levado em consideração, itens como abordagem conceitual do tema, relação com o cotidiano da sala de aula e importância da literatura afro-brasileira na prática docente e feito reflexões dos trabalhos pesquisados, a fim de aprimorar mais o nosso conhecimento e entendimento.
Fonte: http://jornaltribunadonorte.net/noticias/literatura-na-africa/
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
 Diante do exposto é possível dizer que os ecos e reflexos africanos na literatura brasileira são de grande importância para a manutenção da cultura e do aspecto sócio-histórico, além de ser considerado ao longo dessa discussão, se é possível que a aculturação e as tradições africanas sejam estudadas em sala de aula e se esse estudo pode vir a contribuir para o incentivo à leitura e a formação intelectual e social do aluno. Vimos aqui que autores como Visentini (2014) tratou da história da África e do Brasil, e das contribuições africanas para a sociedade, tendo em vista os desafios dos professores com respeito desse assunto em sala de aula.
Por meio da literatura afro-brasileira, que tem um extenso destaque perante um mundo rico em livros e autores, aqui citados, com papéis fundamentais no processo de edificação e conhecimentos sobre os povos negros e indígenas, sabe-se que estes exercem certa intervenção dentro dos movimentos regionais, e a instituição de ensino é o ambiente para construir e salvar a história dessas etnias. Foi mencionado a fala de Abreu (2004), onde ele diz que se alargar o conhecimento da própria cultura e o interesse pela cultura alheia pode ser um bom motivo para ler e estudar literatura, entendendo que um dos deveres do docente é estar ciente de que as questões raciais muitas vezes aparecem nas escolas, mas ainda há muito o que fazer, a fim de que seja de fato reconhecido e vivenciado, tendo uma devida valorização, principalmente no processo educacional. 
Foi observado também, neste trabalho, que a criação da Lei 10.639 /03 e 11.645/08, que incluiu a obrigatoriedade da abordagem sobre a história e das descendências afro-brasileiras, no ensino fundamental e médio, tem como objetivo combater ao racismo na sociedade por meio da educação. Silva (2015) introduz sobre as tradições africanas que vieram para acrescentar na construção da cultura brasileira e assim foi possível uma melhor compreensão de nossos costumes, o que se tornou um marco para a educação, e a literatura brasileira transformou-se em uma nova perspectiva, compreendendo o passado, as grandes histórias e explanando a diversidade cultural e social que foi construída em décadas. 
As informações aqui serviram como um reforço para a hipótese da importância do ensino da literatura negra brasileira no campo da educação, trata se de um ato de respeitar e entender as diferenças existenciais e de trazer o conteúdo para a realidade. 
5. CONCLUSÃO
O Brasil apesar de ser um país muito miscigenado, com uma vasta cultura, tem muito ainda a ser discutido, entre os teóricos e especialistas dessa área, pois o enfrentamento das dificuldades que ainda insistem em continuar, no que diz respeito ao processo ensino-aprendizagem da Literatura Afro-brasileira. A teoria é uma, a qual através da lei é obrigatório o ensino, mas converge justamente pela manifestação da diferença na prática.
A tradição Literária Africana, que ainda é um pouco excluída das fontes históricas legitimas, vem a tona nos últimos anos dado dos trabalhos dos autores, citado ao longo deste trabalho. Apesar de os povos negros e também indígenas brasileiros, exercerem bastante influências dentro da cultura e no folclore brasileiro, ainda há muito a ser trabalhado, a fim da tão esperada valorização e que seja de fato conhecida, valorizada e vivenciada, principalmente no processo educacional. No entanto, é imprescindível para a prática pedagógica contestatória e por sua vez emancipadoras, que são capazes de fomentar um conhecimento alicerçado sobre as novas bases epistemológicas e etnografia.
Por outro lado as discussões em torno da inserção da Lei nº10.639/03, a qual foi intitulada nacionalmente como a Lei da África, que ajudam na inclusão, não só do aspecto social, mas também curricular das escolas, no que diz respeito aos estudos da História da África, Literatura – brasileira e também dos povos africanos da luta dos negros aqui no Brasil, da vasta cultura negra brasileiro e da participação do negro na formação da sociedade brasileira, trazendo em evidencia o povo negro nas áreas social, econômica e política sem esquecermosdo viés literário que a literatura Negra alcançou.
Podemos perceber que a partir do ano de 2003, muitos pesquisadores fizeram reflexões não somente sobre o ensino da Literatura Afro, mas também da história Africana, como um todo, que constitui uma das problemáticas propostas pelos Parâmetros Curricular Nacionais (PCNs).
Um marco importante para o conhecimento e da importância do professor, especialmente de língua portuguesa, trabalhar com Literatura Afro-brasileira em sala de aula, foi justamente a publicação da Lei nº10.639/003 e no ano seguinte a criação do parecer 003/004 o qual regulamenta a implantação da referida Lei, a partir da promulgação da lei acima mencionada têm todas as chances de construir, em seus interlocutores, conceitos desmistificados pregoados pela cultura eurocêntrica, trazendo assim mudanças relevantes, que melhorarão substancialmente, o rendimento da leitura e da escrita, além de possibilitar que se trabalhe o multiculturalismo e as várias manifestações não só artísticas como também literárias.
REFERÊNCIAS
ABREU, Márcia. Cultura letrada - Literatura e leitura. Coleção Paradidáticos - Série Cultura. Editora Unesp, São Paulo, 2004.
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro brasileira e Africana. Ministério da Educação e Cultura. Diretrizes curriculares para a educação das relações étnico-raciais para o ensino de história e cultura afro – brasileira e africana. Brasília, DF: MEC/SECAD,2004.
IANNI, Octávio. Literatura e consciência. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros. São Paulo: USP n. 28 USP, 1988. P. 91-99. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/70034>. Acesso em: 10 jun 2021.
SANTOS, Joel Rufino dos. A escravidão no Brasil. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2013.
SILVA, Anne Cristine Prats; SILVA, Jennifer da. A literatura africana em sala de aula: Ferramenta no ensino-aprendizagem em história. Educere XII Congresso nacional de educação: PUC/PR, 2015.
TAFNER, Elizabeth Penzlien; SILVA, Everaldo da. Metodologia do Trabalho Acadêmico. Indaial: UNIASSELVI, 2013.
VISENTINI, Paulo G. Fagundes. As relações Brasil-África: da indiferença á cooperação. In: VISENTINI, Paulo Fagundes (org). História da África e dos africanos. 3ª edição. Petropólis, RJ: Vozes, 2014.