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CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E ESTRUTURAS CLÍNICAS EM PSICANÁLISE

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CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E ESTRUTURAS CLÍNICAS EM PSICANÁLISE 1 
 
CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E ESTRUTURAS CLÍNICAS 
EM PSICANÁLISE 
 
 
 
A Psicanálise afirma a existência de três estruturas clínicas: a neurose; a psicose e 
a perversão. 
A estrutura clínica tem relação com o modo como o sujeito lidou com a castração. 
Ela se mostra no nível da linguagem, da metáfora paterna e da falta no Outro 
Com base nos fenômenos relatados durante as sessões, destaca-se um leque de 
possibilidades quanto ao diagnóstico estrutural do caso - neurose, psicose ou 
perversão 
O termo estrutura encontra-se implícito na obra de Freud no que tange à 
importância do diagnóstico diferencial. Lacan se propôs a reler Freud a partir do 
estruturalismo Freud não utiliza com frequência o termo estrutura em sua obra; 
contudo, o discurso freudiano apresenta conceitos que podem ser inseridos na 
categoria de estrutura. 
Estrutura é uma palavra, um significante, que aparece em vários textos de Freud, 
revelando o mesmo significado com o qual Lacan nos presentearia 
Freud, – evidentemente sem saber –, apontou a Lacan, nas entrelinhas de seus 
textos, os sinais indicativos estruturais das patologias humanas. 
CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E ESTRUTURAS CLÍNICAS EM PSICANÁLISE 2 
 
Por exemplo: Freud, p. 154), diz: O evento precoce deixa uma marca indelével na 
história clínica, aparecendo representado nela por um conjunto de sintomas e de 
traços especiais que não poderiam ser explicados de outro modo; é 
peremptoriamente requerido pelas interconexões, sutis, mas sólidas, da intrincada 
estrutura da neurose. O efeito terapêutico da análise falha se não tiver penetrado 
tão fundo; e então não resta qualquer escolha além de rejeitar ou aceitar o conjunto 
[...] é precisamente porque o indivíduo está em sua infância que a excitação sexual 
precoce tem pouco ou nenhum efeito na época, mas seu traço psíquico é 
preservado. Mais tarde, quando na puberdade as reações dos órgãos sexuais se 
desenvolvem em nível imensurável em relação à condição infantil, fica claro, de 
um ou outro modo, que esse traço psíquico inconsciente é despertado. 
Freud sinaliza para o conceito de estrutura da linguagem do inconsciente, em 
textos como: A psicoterapia da histeria (1893-1895), A interpretação dos sonhos 
(1900-1901), Psicopatologia da vida cotidiana (1901), Os chistes e suas relações 
com o inconsciente (1905), A propósito de um caso de neurose obsessiva - o 
homem dos ratos (1909) 
Foi com o ensino de Lacan que o diagnóstico diferencial, herdeiro de Freud, passou 
a ser qualificado como “estrutural” ao destacar a distinção das três grandes 
estruturas: neurose, perversão e psicose. 
O diagnóstico estrutural, herdeiro do diagnóstico diferencial proposto por Freud 
desde o início de suas teorizações, aparece com Lacan em um momento específico 
de seu ensino com a proposta deum retorno a Freud a partir do estruturalismo e a 
formalização das estruturas clínicas, diferenciando-se, 
sobretudo, de um diagnóstico baseado somente na denominação sintomática ao 
apontar as três grandes estruturas clínicas pensadas segundo três modalidades de 
resposta: o recalque na neurose, o desmentido 
na perversão e a foraclusão na psicose. 
O Nome-do-Pai é o ponto de partida de Lacan para discutir a diferença estrutural. 
Nome-do-Pai, é o elemento forjado inicialmente por Lacan para pensar a diferença 
estrutural, sua presença ou ausência definiriam uma 
CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E ESTRUTURAS CLÍNICAS EM PSICANÁLISE 3 
 
estrutura neurótica, perversa ou psicótica. Por essa razão, o Nome-do-Pai também 
seria um índice importantíssimo nas coordenadas diagnósticas, sobretudo para se 
pensar em um diagnóstico estrutural. 
O aforismo o inconsciente é estruturado como uma linguagem marca o momento 
em que Lacan dialoga com o paradigma estruturalista e daí extrai sua 
proposta de releitura da Psicanálise. 
Sua tese é clara: os princípios teóricos e práticos da Psicanálise devem-se 
reconhecer na estrutura da linguagem. 
Com suas estruturas clínicas, a psicanálise se sustenta na existência do 
“inconsciente estruturado como linguagem”, suportada por dois pilares 
fundamentais: Freud, seu descobridor-criador-fundador, e Lacan, seu seguidor-
defensor-progressor dos significantes freudianos – nos assinalando a eficiência do 
percurso e nos revelando a eficácia do tratamento. 
A neurose, de longe a mais comum, atua no sujeito através do recalque: há um 
conflito com recalque. 
A psicose, com o mecanismo da forclusão, reconstrói, para o sujeito, uma realidade 
delirante ou alucinatória. 
Já a perversão, mantida através da denegação ou desmentido, faz com que o 
sujeito, ao mesmo tempo, aceite e negue a realidade, com uma fixação na 
sexualidade infantil. 
 
As estruturas clínicas, portanto, irão depender da atuação das figuras parentais, 
sendo que o pai, por sua presença ou ausência, por sua atuação ou omissão, terá 
um papel predominante. É função paterna provar à criança que tem desejo e 
palavra, autoridade e comunicação. 
Quando há falha na função paterna, as consequências sempre são devastadoras 
para a prole. 
O que determina cada estrutura clínica é, pois, como o sujeito encena, apreende e 
interpreta sua história diante das funções materna e paterna. Logicamente, podem 
estar implicadas tendências genéticas ou hereditárias, mas o que faz com que seja 
CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E ESTRUTURAS CLÍNICAS EM PSICANÁLISE 4 
 
escolhida esta ou aquela estrutura é o modo como nossa história se desenrola diante 
de nossos olhos interiores. 
 
É sabido que Freud fez a descoberta do inconsciente durante o atendimento de suas 
“pacientes histéricas”, que apresentavam sintomas de conversão somática e 
exigiam a liberdade de falar livremente de seu sofrimento. A partir desse fenômeno 
e do falar sobre ele, Freud pôde perceber as formações de sintomas, de atos falhos, 
de chistes, de sonhos: as formações de um “inconsciente estruturado como 
linguagem”. 
 
Estrutura é uma palavra, um significante, que aparece em vários textos de Freud, 
possivelmente em toda a sua obra, revelando o mesmo significado com o qual 
Lacan nos presentearia depois com suas formalizações destacadas. Há vários 
indícios, ao longo da obra de Freud, de como – evidentemente sem saber –, ele 
apontou a Lacan, nas entrelinhas de seus textos, os sinais indicativos estruturais 
das patologias humanas. 
Freud ([1896], p. 154), diz: 
O evento precoce deixa uma marca indelével na história clínica, aparecendo 
representado nela por um conjunto de sintomas e de traços especiais que não 
poderiam ser explicados de outro modo; é peremptoriamente requerido pelas 
interconexões, sutis, mas sólidas, da intrincada estrutura da neurose. O efeito 
terapêutico da análise falha se não tiver penetrado tão fundo; e então não resta 
qualquer escolha além de rejeitar ou aceitar o conjunto [...] é precisamente porque 
o indivíduo está em sua infância que a excitação sexual precoce tem pouco ou 
nenhum efeito na época, mas seu traço psíquico é preservado. 
Mais tarde, quando na puberdade as reações dos órgãos sexuais se desenvolvem 
em nível imensurável em relação à condição infantil, fica claro, de um ou outro 
modo, que esse traço psíquico inconsciente é despertado. 
Pensar numa estruturação do inconsciente tomando como referência a topologia 
borromeana é acreditar que, havendo uma foraclusão do Nome-do-Pai, começa a 
ser delineada uma estrutura psicótica fora da chamada crise psicótica. É uma 
operação de defesa. 
CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E ESTRUTURAS CLÍNICAS EM PSICANÁLISE 5 
 
Lacan, apoiando-se na lógica da matemática, em vários objetos topológicos, 
especialmente na topologia dos nós borromeanos, faz uma releitura esclarecedora, 
nos facilitando o entendimento dos novos avanços teóricos da psicanálise. 
Cada estrutura clínica psicanalítica é o resultado de múltiplas vivênciascomplexas 
e paradoxais de cada criança com o seu par parental (mãe e pai), a partir da 
Bejahung, ou seja, da inscrição primeira do Nome-do-Pai (ou da falta dessa 
inscrição), de sua presença ou ausência, com as consequências nos apontando três 
diferentes versões desse significante paterno: a versão que engendra as neuroses, 
a versão que engendra as perversões e a versão que engendra as psicoses. 
 
Os termos neurose, psicose e perversão têm um sentido específico e próprio na 
Psicanálise. 
Para a Psicanálise são estruturas de funcionamento da linguagem, ou seja, modos 
de subjetivação do ser falante, modos de inscrição da cria humana no universo 
simbólico, ou se usarmos o termo um tanto mais sofisticado falaríamos das 
possibilidades de entendimento do processo chamado “Antropogênese” (refere-se 
ao surgimento e evolução da humanidade - quer dizer um conjunto de ocorrências 
e fenômenos pelo qual a cria humana se inscreve na tessitura social como um 
animal simbólico). Isso significa que os termos neurose, psicose e perversão, na 
Psicanálise, que não trabalha com o contínuo normal/patológico, querem dizer, 
antes de mais nada, caminhos, escolhas subjetivas. 
 
A personalidade de todos os indivíduos pode ser compreendida por meio de três 
estruturas mentais. São elas: Psicose, Neurose e Perversão. 
Na neurose mecanismo de defesa é o recalque ou repressão. 
O recalque foi, por excelência, o mecanismo de defesa mais estudado por Freud 
O mecanismo de defesa específico da perversão é a denegação – sei, mas não quero 
saber 
O mecanismo de defesa específico da psicose é foraclusão ou forclusão 
A foraclusão é uma hipótese criada por Lacan para explicar a ausência do 
significante Nome-do-Pai na cadeia significante e no lugar do Outro. Essa 
CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E ESTRUTURAS CLÍNICAS EM PSICANÁLISE 6 
 
hipótese, que estaria na base da estrutura psicótica, indica seu mecanismo de 
defesa. 
 
A Neurose, por sua vez, divide-se em histeria e neurose obsessiva. Seu mecanismo 
de defesa é o recalque ou repressão. 
Então, enquanto o psicótico encontra sempre fora de si o problema, e acaba por 
revelar seus distúrbios, ainda que de forma distorcida, o neurótico age da forma 
oposta. 
O conteúdo problemático é mantido em segredo. E não só para os outros, mas para 
o próprio indivíduo que sente. O neurótico guarda dentro de si o problema externo. 
É disso que se trata o recalque ou repressão. 
O mecanismo de defesa específico da perversão é a denegação. Ele poder ser 
compreendido através do fetichismo. 
Cada estrutura clínica psicanalítica é o resultado de múltiplas vivências complexas 
e paradoxais de cada criança com o seu par parental (mãe e pai), a partir da 
inscrição primeira do Nome-do-Pai (ou da falta dessa inscrição), de sua presença 
ou ausência, com as consequências nos apontando três diferentes versões desse 
significante paterno: a versão que engendra as neuroses, a versão que engendra as 
perversões e a versão que engendra as psicoses. 
 
REFERÊNCIAS: 
 
CHEMAMA, R. Dicionário de psicanálise 
DOR, J. ESTRUTURAS E CLÍNICAS 
ELIA, L. O conceito de sujeito 
FREUD, S. Neurose, psicose, perversão psicanalítica. 
FREUD, S. Projeto para uma psicologia Neurose e psicose 
FREUD, S. A dissolução do complexo de Édipo 
FREUD, S. S. A Organização Genital Infantil (Uma Interpolação na Teoria da Sexualidade) 
FREUD, S. Um tipo especial de escolha de objeto feita pelos homens (Contribuições à psicologia 
do amor I). 
CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E ESTRUTURAS CLÍNICAS EM PSICANÁLISE 7 
 
FREUD, S. A perda da realidade na neurose e na psicose 
FREUD, S. Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos. 
LACAN, J. Teoria e clínica da psicose 
LACAN, J. A tópica do imaginário 
LACAN, J. Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise 
JAKOBSON, R. Dois aspectos da linguagem 
LÉVI-S, C. Antropologia estrutural 
MURANO, D. Para que serve a psicanálise? 
QUINET, A. Os outros em Lacan 
QUINET, A.A função das entrevistas preliminares 
QUINET, A. Teoria e clínica da psicose 
SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral.

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