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Caso Clínico do dia Alfredo tem 71 anos e procurou o ambulatório de neurologia com queixa de tontura há vários meses Sintomas de tontura e vertigem são extremamente comuns nos pronto- atendimentos (cerca de 4-5% dos pacientes) e nos ambulatórios de atenção primária à saúde. São sintomas desconfortáveis e provocam ansiedade nos pacientes. Infelizmente, na prática clínica, muitos médicos que atendem pacientes com tontura ou vertigem têm medo de deixar passar uma causa central, e muito frequentemente, solicitam tomografia de crânio, que raramente dá uma informação útil ao assistente. Esses pacientes geralmente recebem alta usando um medicamento supressor vestibular ou um anti-emético e, raramente recebem um diagnóstico específico. Ao contrário, o diagnóstico genérico e inapropriado de “labirintite” é a regra. Por se tratar de um sintoma vago, a história clínica e o exame físico são fundamentais para o diagnóstico correto. Quais as perguntas-chave da história clínica? 1. Os sintomas referidos são realmente vertigem verdadeira? Há uma confusão muito grande entre médicos e pacientes na diferenciação entre tontura não-vertiginosa e vertigem verdadeira. É extremamente importante para o médico tentar definir melhor o que o paciente quer dizer quando descreve seu sintoma, pois os diagnósticos diferenciais são diferentes para tontura e para vertigem. Os principais termos que precisam ser definidos e conhecidos são: • Pré-síncope: é a sensação de quase desmaio. Pode ou não ser seguida de síncope. Os pacientes referem tontura com escurecimento visual e, às vezes, náuseas. • Síncope: é a perda transitória da consciência devido à hipoperfusão cerebral global e transitória. Caracteriza-se por início rápido, curta duração e recuperação espontânea e completa. Geralmente leva à perda do controle postural e queda ao solo. • Tontura: é a sensação de distorção da orientação espacial, sem um senso de movimento distorcido. Isso inclui sensações algumas vezes referidas como zonzeira, cabeça ruim ou tonteira, mas não inclui vertigem. É um sintoma comum em pacientes com doenças não vestibulares, como hipotensão ortostática, síndromes de intolerância ortostática (síndrome da taquicardia postural ortostática), arritmias cardíacas, anemia grave e ansiedade. • Vertigem: é a falsa sensação de rotação ou inclinação do corpo do paciente ou do ambiente que o cerca. Por definição é uma sensação rotatória. Geralmente implica uma assimetria entre as atividades neurais dos núcleos vestibulares, mas também ocorre por lesões cerebelares. • Desequilíbrio: é a sensação de estar instável enquanto sentado, em pé ou caminhando, sem uma preferência de direção particular. Ocorre em lesões vestibulares, cerebelares e da propriocepção. Entretanto, infelizmente, as descrições dos sintomas pelos pacientes são notoriamente não confiáveis. Portanto, é melhor não se basear inteiramente apenas nos sintomas descritos pelos pacientes. 2. Trata-se da primeira crise da vida ou uma vertigem episódica recorrente? O primeiro ataque de vertigem aguda durando 24 horas ou mais (também chamado de síndrome vestibular aguda) é mais comumente devido à vestibulopatia unilateral aguda, também chamada de neurite vestibular, ou devido à lesões centrais graves como AVC de fossa posterior e esclerose múltipla), mas também pode ocorrer em trauma de crânio, fístula perilinfática, toxinas e medicamentos ototóxicos). Crises de vertigem episódicas que recorrem ao longo de meses a anos, geralmente são benignas. As principais causas incluem vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), migrânea vestibular, doença de Meniere, paroxismia vestibular, ataque isquêmico transitório em crescendo e lesões da fossa posterior. 3. Os sintomas são espontâneos ou posicionais? Todos os tipos de vertigem pioram com o movimento da cabeça. Entretanto, vertigem que também ocorre em repouso e piora com o movimento da cabeça não é considerada posicional. Por outro lado, vertigem que está ausente em repouso e ocorre somente quando há movimentos da cabeça (ao se deitar, virar na cama, inclinar o tronco para frente ao se abaixar) são consideradas posicionais e são típicas de VPPB. Algumas lesões centrais (cerebelares, pontinas, malformação de Arnold-Chiari), também podem se apresentar apenas com movimentos da cabeça, conhecida como vertigem posicional paroxística central. Hipotensão postural pode ser desencadeada por levantar da posição deitada para sentada ou em pé, porém os sintomas não são rotatórios. Desencadeantes incomuns de vertigem incluem sons altos (fenômeno de Túlio – ocorre na fistula perilinfática congênita) e manobra de Valsalva (fístula perilinfática). Vertigem espontânea, sem movimentos da cabeça, pode ser devido à migrânea vestibular, doença de Meniere, vestibulopatia unilateral aguda e isquêmica da circulação posterior (AIT ou AVC). 4. Qual é a duração de cada crise? A duração da crise vertiginosa é um importante fator para o diagnóstico diferencial. Entretanto, como algumas crises vestibulares são provocadas repetidamente após movimentos da cabeça (ex. VPPB), os pacientes podem interpretar que vertigens recorrentes de curta duração sejam na verdade vertigem contínua, atrapalhando o raciocínio diagnóstico do médico assistente. Portanto, é extremamente importante explicar ao paciente durante a anamnese o que é vertigem recorrente e contínua. Vertigem durando menos de 1 minuto é mais comumente causada por VPPB, mas também pode ocorrer em migrânea vestibular e na paroxismia vestibular. Episódios durando minutos levantam a possibilidade de migrânea vestibular ou AIT de circulação posterior. Sintomas durando horas podem ser devido à migrânea vestibular, fístula perilinfática, intoxicação alcoólica ou doença de Meniere, enquanto crises durando dias sugerem vestibulopatia unilateral aguda, surto de esclerose múltipla, AVC de circulação posterior, tumores do ângulo pontocerebelar ou migrânea vestibular. Como observado, a migrânea vestibular pode ter crises de qualquer duração, entrando no diagnóstico diferencial de crises de vertigem de qualquer duração. 5. Quais são os sintomas associados? Sempre se ensinou que a presença de perda auditiva, zumbido ou sintomas de ouvido entupido automaticamente implicam uma causa periférica. Nada poderia estar tão longe da verdade. Zumbido e perda de audição unilateral agudos podem ocorrer no infarto do território da artéria cerebelar inferior anterior (AICA). Os mesmos sintomas podem ocorrer na doença de Meniere. A presença de vertigem associada com crises de migrânea, fotofobia, fonofobia, sensibilidade aos movimentos e, eventualmente, aura são muito sugestivos de migrânea vestibular. Vertigem secundária a lesões do tronco encefálico, como infartos ou desmielinização, geralmente se apresenta com sintomas neurológicos associados, como diplopia, fraqueza muscular alterna (face ipsilateral e membros contralateral), disartria, soluços, ataxia e perda sensitiva. Tontura associada com síndrome do pânico geralmente é desencadeada por situações específicas, como lugares públicos lotados (agorafobia). 6. Qualquer evento recente fornece alguma pista diagnóstica? Um trauma de crânio leve recente sugere a possibilidade de VPPB ou fístula perilinfática. Uma dieta com sobrecarga de sal de um churrasco pode desencadear o primeiro episódio de vertigem da síndrome de Meniere. Um evento estressante ou a menstruação podem trazer à tona uma crise de migrânea vestibular. A introdução recente ou o aumento de dose de um anti- hipertensivo ou a presença de disautonomia mais generalizada podem sugerir hipotensão ortostática. Seu Alfredo teve muita dificuldade em ser claro quanto às características de sua tontura, se rotatória ou associada a tontura não-vertiginosa. Segundo ele, as crises são recorrentes, porém variáveis em característica. O episódio mais recente de tontura ocorreu por aproximadamente 10 segundos, quandoele levantou da cama. Ele também se queixou que sentia tontura quando ficava muito tempo em pé, na fila do banco ou em lugares muito quentes e abafados. Esses episódios não se associam a náuseas ou sensação de rotação do ambiente. Questionado pelo médico, ele relatou que passa mal quando tira sangue, e quando tentou doar sangue uma ocasião, não conseguiu, por ter sentido tontura e sensação de desmaio. Em outro episódio ele acordou no meio da noite ao tentar se virar na cama, com sensação de que tudo estava rodando em sua volta, com melhora após 30 a 40 segundos. Ele notou que todas as vezes em que se virava para o lado direito na cama, voltava a ter os sintomas rotatórios extremamente desconfortáveis, geralmente associados a náuseas e, eventualmente, vômitos. Na história pregressa, Alfredo relatou ser hipertenso e estar em tratamento com losartana 50 mg 12/12 h e hidroclortiazida 25 mg ao dia. Não havia história de diabetes. Ele negou tabagismo ou etilismo. A história familiar foi irrelevante. Quais os achados importantes do exame físico? O exame físico é muito importante para o diagnóstico diferencial entre tontura e vertigem, além de ajudar na diferenciação entre vertigem de origem central e periférica. Para a diferenciação entre lesões periféricas (mais comuns) e lesões centrais (mais graves), três testes são fundamentais no exame físico: - Teste da oclusão alternada dos olhos - Pesquisa de nistagmo - Teste de impulso da cabeça (head impulse test) O teste da oclusão alternada dos olhos consiste em ocluir a visão de um dos olhos, alternadamente, enquanto o paciente fixa o olhar em um ponto. A presença de desvio vertical do olho (skew deviation ou estrabismo vertical) durante a oclusão alternada é sugestiva de lesão central. Dos parâmetros do exame físico do paciente com vertigem, a presença de desvio skew é o menos específico de lesão central, pois pode ocorrer, embora com bem menos frequência, em doenças periféricas. Teste da oclusão alternada dos olhos na busca de desvio skew. Os olhos devem ser alternadamente cobertos enquanto se observa a posição dos olhos. Desvios verticais de um dos olhos indicam desvio skew e sugerem lesões centrais, embora raramente possam ser vistos em lesões periféricas. O nistagmo das doenças vestibulares periféricas é unidirecional (a direção do nistagmo não é afetada por alterações na direção da mirada) e tipicamente horizontal, além de ter sua fase lenta direcionada para o lado da lesão. Enquanto o nistagmo unidirecional é típico de lesões periféricas, ele também pode ocorrer em lesões centrais afetando o tronco encefálico, onde a presença de sinais adicionais no exame neurológico, torna a localização relativamente fácil. O nistagmo periférico aumenta em intensidade quando se olha na direção da fase rápida e diminui de intensidade quando se olha na direção da fase lenta (Lei de Alexander). Ocasionalmente, o nistagmo periférico pode ser vertical ou rotatório. Outra característica do nistagmo periférico é que ele é suprimido com a fixação visual (parcialmente se o nistagmo for intenso, e completamente, se for leve a moderado) e aumenta com a remoção da fixação. Como o nistagmo periférico pode ser suprimido pela fixação visual, é importante que durante o exame físico, se suprima a fixação para melhor avaliação. O uso de óculos de Frenzel (lentes com alta dioptria), de um oftalmoscópio ou observação do nistagmo com as pálpebras fechadas podem ser usados para observar o nistagmo sem fixação visual. Por mecanismos compensatórios, o nistagmo periférico geralmente melhora em poucos dias após a sua instalação. Supressão da fixação visual com óculos de Frenzel amplificando o nistagmo periférico. Óculos de Frenzel (googles), aberto (A) e fechado (B). Os óculos de Frenzel, também chamados de googles, impedem a fixação ocular pelo paciente, pela presença de lentes de alto grau que tornam difícil para o paciente focar no médico, porém sendo fácil para o médico examinar os olhos do paciente, especialmente quando há luz interna. Versões modernas desses óculos ainda são fabricadas e são populares, sendo muito úteis na sala de emergência ou no consultório. Versão moderna dos óculos de Frenzel, com visão do examinador (A) e do paciente (B). posterior canal BPV, in the upright position, the duct of the posterior canal aligns with earth vertical and the otoconia gravitate toward the lowermost part of the duct to lie close to the ampulla (Fig. 4A). When the head is rotated 45! to the left and rapidly pitched backwards, the otoconia move along the left posterior canal to lie midway along the duct (see Fig. 4B). The resultant plunger effect or negative pressure causes ampullofugal movement of the cupula and briefly excites the posterior canal afferents, producing the characteristic paroxysm of upbeat torsional geotropic nystagmus (where the upper pole of the eye torts toward the lowermost ear) that is the hallmark of posterior canal BPV (Video 4). Horizontal canal BPV is a far less common cause of positional vertigo and is best evoked by the supine roll test. The subject begins by assuming the supine position, lying on a single pillow, with the head elevated 30! from horizontal, to align the horizon- tal canals with earth vertical. Consider right horizontal canalithiasis where rotating to the affected right side provokes a paroxysm of horizontal geotropic nystagmus beating toward the right side (Fig. 5B, Video 5). Rotation to the left provokes a similar but less intense paroxysm to the left. Lying face down from an initial upright position or pitching the head down provokes horizontal right-beating nystagmus and lying supine provokes left-beating nystagmus. To correctly identify the affected ear, nystagmus in- tensity with either ear down can be compared. If an examiner has access to video gog- gles, supine (contraversive) and prone (ipsiversive) nystagmus also helps identify the affected side.13 Persistent, direction-changing horizontal positional nystagmus is observed in hori- zontal canal BPV secondary to cupulolithiasis, where otoconia are adherent to the hor- izontal canal cupula. In contrast to horizontal canalithiasis, the positional nystagmus is apogeotropic, meaning that the nystagmus beats away from the lowermost ear during supine testing. The nystagmus is more pronounced with the unaffected ear down.13 Persistent geotropic and apogeotropic horizontal positional nystagmus can also be seen in central vestibular disorders, inclusive of vestibular migraine (Video 6).13 Fig. 3. Visual suppression of nystagmus. Typical peripheral nystagmus amplifies when the subject dons a pair of Frenzel goggles (top panel) and is suppressed in bright light. Central nystagmus is unaffected by visual fixation. Welgampola et al556 Figure 1 Dr Frenzel’s nystagmus goggles. Open (A), closed (B) and illuminated from within. (from Frenzel5). Figure 2 Contemporary versionofDr Frenzel’s nystagmusgoggles. Examiner’s viewof thepatient (A) andpatient’s viewof the examiner (B). Figure 3 Dr Strupp’s ‘M’ nystagmus glasses. Examiner’s view of the patient (A), patient’s view of the examiner (B) and the examiner (C). Halmagyi GM, et al. Pract Neurol 2020;20:446–450. doi:10.1136/practneurol-2020-002513 447 HOW TO UNDERSTAND IT on January 3, 2021 by guest. Protected by copyright. http://pn.bmj.com/ Pract Neurol: first published as 10.1136/practneurol-2020-002513 on 28 October 2020. Downloaded from Figure 1 Dr Frenzel’s nystagmus goggles. Open (A), closed (B) and illuminated from within. (from Frenzel5). Figure 2 Contemporary versionofDr Frenzel’s nystagmusgoggles. Examiner’s viewof thepatient (A) andpatient’s viewof the examiner (B). Figure 3 Dr Strupp’s ‘M’ nystagmus glasses. Examiner’s view of the patient (A), patient’s view of the examiner (B) and the examiner(C). Halmagyi GM, et al. Pract Neurol 2020;20:446–450. doi:10.1136/practneurol-2020-002513 447 HOW TO UNDERSTAND IT on January 3, 2021 by guest. Protected by copyright. http://pn.bm j.com / Pract N eurol: first published as 10.1136/practneurol-2020-002513 on 28 O ctober 2020. D ow nloaded from Para facilitar o uso e o transporte no jaleco ou maleta, óculos do tipo pince-nez, baseados no prisma de Fresnel, são muito úteis e têm se tornado populares em todo o mundo. Óculos de pince-nez na visão do examinador (A), do paciente (B) O nistagmo das doenças centrais pode ser vertical, rotatório ou horizontal. Ele geralmente é bidirecional. Quando ele é exclusivamente vertical ou rotatório, a doença quase sempre é central. Não há efeito da fixação visual no nistagmo central, ou seja, o nistagmo não diminui com a fixação visual. A duração do nistagmo central é maior que do nistagmo periférico. Padrões típicos de nistagmo em doença periférica e central. Figure 1 Dr Frenzel’s nystagmus goggles. Open (A), closed (B) and illuminated from within. (from Frenzel5). Figure 2 Contemporary versionofDr Frenzel’s nystagmusgoggles. Examiner’s viewof thepatient (A) andpatient’s viewof the examiner (B). Figure 3 Dr Strupp’s ‘M’ nystagmus glasses. Examiner’s view of the patient (A), patient’s view of the examiner (B) and the examiner (C). Halmagyi GM, et al. Pract Neurol 2020;20:446–450. doi:10.1136/practneurol-2020-002513 447 HOW TO UNDERSTAND IT on January 3, 2021 by guest. Protected by copyright. http://pn.bm j.com / Pract Neurol: first published as 10.1136/practneurol-2020-002513 on 28 O ctober 2020. Downloaded from typically seen in infectious, paraneoplastic, and toxic pathologies affecting the brain- stem and cerebellum. Spontaneous nystagmus arising from an acute peripheral vestibular loss (eg, from vestibular neuritis) gives rise to horizontal torsional nystagmus that beats away from the lesioned ear (Fig. 2, Video 1). The nystagmus is unidirectional and maximal when gazing in the direction of the fast phase (Alexander’s law) and suppresses with visual fixation (see Figs. 2 and 3, Videos 1–3). To ensure spontaneous nystagmus is not missed, visual fixation must be removed. This can be done using a pair of optical or video Frenzel glasses (takeaway Frenzels)11 or using a penlight test. To do this, the examiner could cover 1 eye and shine a penlight torch directly on the uncovered eye, thus removing visual fixation. Nystagmus intensity is then compared for the illuminated eye with the cover on and off.12 Failure to remove visual fixation might cause sponta- neous nystagmus to be missed. Examining a dizzy patient without some means of removing visual fixation is like trying to auscultate the heart without a stethoscope. Typical central nystagmus could be bidirectional (left beating on left gaze, rights beating on rightward gaze), vertical (primary position upbeat or downbeat), or purely torsional. Although all these features immediately imply a central cause for acute vertigo, the converse is not true (ie, typical peripheral nystagmus that is horizontal- torsional, is unidirectional, and that suppresses with fixation does not assure the clini- cian of an underlying peripheral cause because it can often be seen in central vertigo, including cerebellar infarction and vestibular migraine). Horizontal gaze-evoked nystagmus (see Video 3) is commonly encountered as a by- product of anticonvulsant, lithium, or alcohol intoxication or brainstem (vestibular nucleus or nucleus prepositus hypoglossi) or cerebellar disorders. Provocative Testing for Positional Nystagmus Positional testing holds the key to the diagnosis of BPV, which is the most common and correctable cause of vertigo worldwide. For example, in a patient with left Fig. 2. Schematic diagram of typical nystagmus patterns observed in a left peripheral vesti- bulopathy and in cerebellar pathology. The top panel shows typical peripheral right- beating nystagmus that is unidirectional and enhances on rightward gaze. The bottom panel shows typical gaze-evoked nystagmus, which beats leftward on left gaze and right- ward on right gaze. Bedside Assessment of Acute Dizziness and Vertigo 555 Como diferencial do nistagmo temos as intrusões sacádicas, que são movimentos oculares rápidos que desviam os olhos para longe da posição primária, sem fase lenta associada. Elas dificultam a fixação dos objetos. Elas se dividem em: • square wave jerks: sacadas diminutas (0.5 a 3 graus), separadas por um curto intervalo de aproximadamente 2000 ms, que fazem os olhos oscilarem contra e a favor da posição ocular primária. É vista em doenças cerebelares e em distúrbios do movimento. • flutter ocular: são surtos de sacadas horizontais de alta frequência (10 a 15 Hz), sem um intervalo definido. • opsoclônus: são movimentos rápidos dos olhos na vertical, horizontal e rotatória, tipicamente vistas em doenças infecciosas, paraneoplásicas ou tóxicas do tronco encefálico e cerebelo. O teste do impulso da cabeça (head impulse test) é um método simples e efetivo de avaliar a integridade do reflexo óculo-vestibular horizontal, sendo indispensável na avaliação da síndrome vestibular aguda. No teste do impulso da cabeça, o examinador segura a cabeça do paciente e solicita a ele para fixar o olhar em seu nariz. O examinador então lateraliza rápida e aleatoriamente a cabeça do paciente, em aproximadamente 10 a 20° para qualquer dos lados. Nos pacientes normais e nas lesões centrais, o paciente consegue manter os olhos fixos no nariz do examinador, enquanto nas lesões periféricas, a fixação não é possível, havendo um movimento nistagmóide conhecido como sacada de refixação. Teste do impulso da cabeça A presença de pelo menos um dos três, (1) teste do impulso da cabeça normal, (2) nistagmo que altera de direção em diferentes miradas e (3) presença de desvio vertical no teste da oclusão alternada é sugestiva de lesão central, com sensibilidade de 100% e especificidade de 96%. Esses testes, que podem ser realizados à beira do leito, sem custos adicionais, são mais sensíveis que a RM para a detecção de infartos cerebelares na sala de emergência. Problemas vestibulares, cerebelares e da sensibilidade proprioceptiva podem causar ataxia. Pacientes com vestibulopatia unilateral aguda, tipicamente caem para o lado da lesão. A incapacidade de se manter em pé com os pés juntos e os olhos abertos deve levantar a suspeita de distúrbio cerebelar, como infarto, que pode causar vertigem isolada em alguns pacientes. Se o paciente é capaz de ficar em pé com os olhos abertos, porém tem tendência importante de queda quando fecha os olhos (sinal de Romberg positivo), um distúrbio proprioceptivo deve ser suspeitado. Distúrbios vestibulares não causam sinal de Romberg, porém pode haver leve tendência de queda. Marcha de base ampla (pés mais afastados) também sugere distúrbio cerebelar, embora não seja específica para isso. O teste de Unterberger é realizado solicitando-se ao paciente que marche no próprio lugar, com os olhos fechados por 30 segundos. Pacientes com distúrbios vestibulares tendem a girar excessivamente para o lado da lesão. O quadro abaixo mostra algumas diferenças entre ataxias vestibulares, cerebelares e proprioceptivas: Vestibular Cerebelar Proprioceptiva Vertigem Presente Pode estar presente Ausente Nistagmo Presente Frequente Ausente Disartria Ausente Pode estar presente Ausente Ataxia dos membros Ausente Geralmente presente Presente Parado com pés juntos Capaz, porém pior com os olhos fechados Incapaz tanto com os olhos abertos como fechados Capaz de se manter com os olhos abertos, mas não com os olhos fechados (Romberg +) Sensibilidade vibratória e posicional Normal Normal Alterada Reflexos Normais Normais Diminuídos ou ausentes Algumas manobras provocativas são fundamentais para o diagnóstico da vertigem posicionalparoxística benigna (VPPB), que é a causa mais comum de vertigem. Essa doença é causada pela presença de uma pequena otocônia (partículas de cálcio) dentro de um dos canais semicirculares. Por exemplo, se um paciente tem uma otocônia no interior do canal semicircular posterior (localização mais comum), no lado esquerdo, enquanto ele estiver em pé, o ducto do canal posterior se alinha com a terra e a otocônia gravita na direção da parte mais inferior do ducto, próximo da ampola. Quando a cabeça do paciente sentado é rodada a 45 graus para a esquerda, e é rapidamente puxada para trás, para a posição deitada, a otocônia move-se pelo canal semicircular posterior até estacionar no meio do ducto. Esse movimento da otocônia excita os receptores ciliares aferentes do canal semicircular, produzindo um nistagmo torcional para cima caraterístico de VPPB do canal posterior (Figura). Otocônia na porção mais inferior do canal semicircular posterior esquerdo (próxima da ampola) do indivíduo sentado com a cabeça girada a 45 graus para esquerda (A). Nenhum nistagmo espontâneo ou vertigem ocorrem. Quando o indivíduo é deitado rapidamente, a otocônia desce pelo canal semicircular (se afastando da ampola) e estimula os receptores aferentes, resultando em vertigem e no surgimento de nistagmo torcional para cima. O teste clínico mais utilizado para o diagnóstico da VPPB devido à presença de otocônias no canal semicircular posterior (90% dos casos) é a manobra de Dix- Hallpike. Ela tem alto valor preditivo positivo (83%), porém com valor preditivo negativo de apenas 52%. Isso significa que, quando positiva, é muito sugestiva de VPPB de canal posterior, entretanto, quando negativa, não descarta a doença. Para realizar a manobra, coloca-se o paciente sentado na mesa de exame e gira- se a cabeça 45˚ para a esquerda ou para a direita, deita-se o paciente rapidamente colocando a cabeça 30˚ abaixo do nível da mesa com a cabeça mantida para o mesmo lado. Se vertigem ou nistagmo torcional para cima não forem induzidos, realiza-se novamente a manobra com a cabeça virada 45˚ para o outro lado. Abaixo pode-se ver um exemplo da manobra de Dix-Hallpike, começando com a cabeça virada para a direita. Manobra de Dix-Hallpike Anterior canal BPV is rare and is also elicited with a Hallpike test. Left anterior canal BPV could result in a positive right or left Hallpike test. The nystagmus, regardless of which ear is down, is downbeat, with a torsional component that beats to the affected left side (Video 7). Anterior canal BPV is so rare that torsional downbeat nystagmus on positional testing should raise the possibility of an underlying central cause, unless the nystagmus abolishes after a successful liberatory maneuver. Spontaneous nystagmus can enhance in the supine position, leading to an incorrect diagnosis of positional vertigo. For example, a subject with left vestibular neuritis could demonstrate dramatic enhancement of subtle right-beating nystagmus in either Hall- pike position. If the primary position spontaneous nystagmus is missed (during exam- ination in a brightly lit emergency department), then enhanced spontaneous nystagmus could be mistaken for BPV and inappropriately treated with repositioning maneuvers, which would only lead to increasing nausea and motion sensitivity. Enhanced spontaneous nystagmus distinctly differs from BPV in that it is persistent rather than paroxysmal and is unidirectional (for example, right-beating nystagmus is observed with the right ear down and the left ear down). Fig. 4. Left posterior canal BPV. (A) In the upright subject, the otoconia lie in the lowermost part of the left posterior canal. No spontaneous nystagmus is seen. (B) As the head is turned 45! to the left and lowered to the Hallpike position, otoconia drift downward (ampullofu- gally). Ampullofugal movement of the cupula excites vertical canal afferents. Left posterior canal afferents are activated, briefly resulting in a paroxysm of upbeat geotropic torsional nystagmus consistent with left posterior canal BPV. The panels on the right side illustrate eye position and nystagmus slow-phase velocity in the vertical plane, with a crescendo- decrescendo profile. (From Lechner C. Open Your Eyes! Video-oculography findings in benign positional vertigo masters of philosophy [thesis]. University of Sydney. 2015; with permission.) Bedside Assessment of Acute Dizziness and Vertigo 557 VPPB desencadeada por otólitos nos canais semicirculares horizontais (10% dos casos) pode, ocasionalmente, ser desencadeada pela manobra de Dix-Hallpike. Entretanto, a manobra mais confiável nesta situação é a manobra de Pagnini- McClure, com a cabeça elevada a 30 graus da horizontal (travesseiro). O examinador deve procurar por vertigem ou nistagmo horizontal durante o virada da cabeça do paciente para um lado seguida de retorno para a posição neutra com a face olhando para o teto da sala. Logo em seguida vira-se para o outro lado, com retorno novamente para a posição neutra. O lado com mais sintomas é considerado o lado doente. Manobra de Pagnini-McClure na VPPB de canais semicirculares horizontais Otocônia na porção mais inferior do canal semicircular horizontal direito no paciente em posição vertical (A). Nenhum nistagmo é observado. Quando deitado para o lado direito (lado afetado) a otocônia migra em direção à ampola (B), excitando os receptores e gerando um nistagmo horizontal que bate para a direita. Quando deitado para o lado esquerdo (lado não afetado), a otocônia volta a se afastar da ampola, quando o nistagmo gerado é horizontal que bate para a esquerda. Ao contrário do nistagmo induzido pela VPPB, com otocônias nos canais semicirculares posteriores, o nistagmo induzido pelos cristais nos canais semicirculares horizontais é menos fadigável com manobras repetidas. Lee SH and Kim JS www.thejcn.com 55 Fig. 5. Supine roll test (Pagnini-Mc- Clure maneuver) for the diagnosis of BPPV involving the horizontal semi- circular canal (right HC-BPPV). The head is turned about 90º to each side while supine. A: Canalolithiasis. B: Cupulolithiasis. The corresponding il- lustrations demonstrate the location of the otolithic debris in the horizon- tal canal during each maneuver, and the direction of the induced nystag- mus (arrows). BPPV: benign parox- ysmal positional vertigo. B A Head-shaking nystagmus Head-shaking nystagmus is an additional method of demonstrating a left-right asym- metry in dynamic vestibular function. While wearing Frenzel glasses, the patient’s head is bent slightly forwards (30!) to align the horizontal canals with earth horizontal. The head is shaken in the yaw plane at 2 per second approximately 10 to 20 times. If Fig. 5. Right horizontal canal BPV. (A) In the upright subject, otoconia lie along the lowest part of the duct of the horizontal canal. No spontaneous nystagmus is seen. When lying on the affected right side, the otoconia drift ampullopetally. For the horizontal canals, ampul- lopetal movement of the cupula constitutes excitation and excitatory right-beating nystagmus follows. The panel on the right side illustrates eye position and slow-phase veloc- ity as a function of time. The nystagmus slow-phase velocity shows the typical rise and fall. When lying on the unaffected left side, the otoconia drift ampullofugally and inhibit the right horizontal anal afferents, and inhibitory (left-beating) nystagmus follows. The nystagmus profiles with the affected and unaffected ears down are similar but the peak ve- locity is higher with the affected ear down. The side with the more pronounced nystagmus is considered the affected side. (From Lechner C. Open Your Eyes! Video-oculography find- ings in benign positional vertigo masters of philosophy [thesis]. University of Sydney. 2015; with permission.) Welgampola et al558 VPPB desencadeada por otocônias nos canais semicirculares anteriores é rara, e geralmente édesencadeada pela manobra de Dix-Hillpike, que mostra nistagmo levemente torcional para baixo (o contrário da VPPB de canais posteriores em que o nistagmo é torcional para cima). Essa forma de nistagmo também pode ser vista em causas centrais de vertigem posicional e sempre deve alertar o examinador para um diagnóstico diferencial de causa central, a menos que os sintomas melhorem totalmente com as manobras de reposicionamento da otocônia. Na avaliação de pacientes com tontura não-vertiginosa é fundamental a medida da PA na posição deitada e depois em pé, imediatamente e após 3 minutos. Esse teste é capaz de detectar hipotensão ortostática, que é definida como queda de pelo menos 20 mmHg na pressão sistólica e 10 mmHg na pressão diastólica. É importante medir a PA em pé imediatamente e após 3 minutos, pois alguns pacientes vão apresentar hipotensão tardia. Em pacientes com intolerância ortostática devido à síndrome da taquicardia postural ortostática (POTS), não haverá queda da PA, porém a frequência cardíaca aumenta pelo menos 30 bpm da posição deitada para em pé. Uma FC em pé > 120 bpm, independente do valor basal deitado, também define POTS. Ausculta do coração, do pescoço e da fossa supraclavicular para detectar sopros também é importante na identificação de estenose aórtica ou síndrome do roubo da subclávia, que são causas de tontura. No exame físico de Alfredo, a PA deitado foi de 140/80 mmHg e em pé imediatamente foi de 130/80 mmHg. Após três minutos em pé a PA foi de 100/60 mmHg. A frequência cardíaca deitado foi de 88 bpm e em pé foi de 106 bpm. O exame físico geral foi inalterado. A marcha foi normal, inclusive a marcha pé-ante- pé (tandem), e o sinal de Romberg foi negativo. Não se observou desvio skew no teste da oclusão alternada dos olhos, não havia nistagmo em repouso e no teste do impulso da cabeça ele não conseguiu fixar no nariz do examinador, apresentando um pequena sacada de refixação. O restante do exame neurológico foi normal. Devido à história de crises vertiginosas de curta duração, induzida por movimentos, a manobra de Dix-Hallpike foi realizada inicialmente no lado direito e induziu intensa vertigem associada a náuseas e nistagmo torcional para cima. Esse caso ilustra como os pacientes frequentemente não conseguem relatar com precisão os seus sintomas e têm muita dificuldade para entender a diferença entre tontura e vertigem. O médico precisa ser paciente e introduzir alguns conceitos aos pacientes para que eles possam entender melhor o que está acontecendo com eles. Também não é infrequente, a exemplo do que ocorreu com Alfredo, que os pacientem tenham diferentes tipos de tontura e/ou vertigem. Por exemplo, a queixa de Alfredo, de tontura quando levanta, pode estar associada com hipotensão ortostática, mas também pode representar um sintoma de VPPB com deslocamento da otocônia pelos canais semicirculares. Portanto, o médico tem que ser cuidadoso durante a anamnese, pois na hipotensão ortostática o paciente apresenta tontura não-rotatória que dura de segundos a minutos, geralmente sem sintomas associados, mas pode estar associada à escurecimento visual e nos casos mais graves, pode se acompanhar de síncope. Ela pode ser facilmente confirmada com a aferição da PA deitada e em pé, e esse teste deve ser realizado em todos os pacientes com queixa de tontura. Já a VPPB está associada com intensa sensação rotatória (vertigem) associada a náuseas e, por vezes, vômitos, geralmente induzida por movimentos súbitos (ex. virar na cama, se abaixar para pegar algo no chão, rotação súbita da cabeça para olhar alguma coisa). Ela pode ser confirmada pela manobra de Dix- Hallpike, que sempre deve ser realizado em pacientes com queixa de vertigem de curta duração (< 1 minuto), relacionada com mudança de posição da cabeça. Quando a manobra de Dix-Hallpike for negativa, a manobra de Pagnini-McClure deve ser realizada. Um outro aspecto muito útil na anamnese, para diferenciar tontura relacionada a hipotensão ortostática de tontura vestibular, é questionar o paciente se os sintomas ocorrem exclusivamente quando o paciente está sentado ou em pé, ou se também ocorrem quando ele está deitado. Tontura devido à hipotensão ortostástica não ocorre deitado, ao contrário das doenças vestibulares, que podem ocorrer em qualquer posição, inclusive deitado. No caso de Alfredo, havia as duas situações. Havia hipotensão ortostática com sensação de tontura ao se levantar da cama, confirmada na beira de leito com a aferição da PA deitado e em pé, ressaltando a importância de se obter a PA em pé após 3 minutos nos pacientes em que a PA em pé imediatamente após se levantar for normal. Também havia VPPB caracterizada pelas sensações vertiginosas intensas e de curta duração ao mudar a cabeça de posição, confirmada pela manobra de Dix-Hallpike positiva. Entretanto, o médico astuto observou que ele tinha sintomas que poderiam ser causados por uma outra doença, como as sensações de tontura quando ficava muito tempo em pé, em filas de banco ou em lugares abafados, além do dado de que passava mal ao tirar sangue. Então o médico resolveu solicitar um Tilt Table Test ou Teste da Inclinação da Mesa. A manobra de Epley foi realizada durante a consulta, com melhora completa da VPPB. Ele foi orientado a diminuir a dose da losartana para 25 mg 12/12 h e da hidrocloriazida para 12/5 mg ao dia, a fim de diminuir a hipotensão ortostática. O Tilt test foi compatível com o diagnóstico de resposta neurocardiogênica do tipo vasodepressora (vasovagal). Para abortar a reação vasovagal foram orientadas medidas não-farmacológicas, como ingestão de pelo menos 3 a 4 litros de água por dia, exercícios de retorno venoso, elevação da cabeceira da cama em 10 cm e o uso de meias de compressão elástica. No retorno após 45 dias, Alfredo se sentia bem melhor, não teve mais episódios de vertigem postural e as tonturas não vertiginosas tinham quase desaparecido. Ele foi acompanhado clinicamente, sem recorrência das queixas. O que é vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)? É a síndrome vertiginosa episódica mais comum na prática clínica, com prevalência ao longo da vida de 2.4%. É causada por um pequeno cristal de carbonato de cálcio (otocônia), que varia de 5 a 25 um de diâmetro, e flutua em um dos canais semicirculares (geralmente os canais posteriores, mas também podendo afetar os canais horizontais e, mais raramente, os canais anteriores), presumivelmente desprendido do utrículo. Essa otocônia se desloca durante os movimentos da cabeça, estimulando os receptores ciliares e causando vertigem transitória. Embora a maioria dos casos seja idiopática, a VPPB pode ocorrer secundária à varias condições, como trauma de crânio, que é uma causa relativamente frequente de VPPB (cerca de 13% dos casos), causada por aceleração ou desaceleração súbitas, com desprendimento de partículas de cálcio para os canais semicirculares. Os sintomas podem ocorrer imediatamente após o trauma, ou iniciar até uma semana após. A VPPB é a causa mais comum de vertigem após um TCE. A VPPB geralmente se apresenta com breves ataques de vertigem durando 10 a 30 segundos, frequentemente após o paciente tentar se virar na cama, se levantar da posição deitada ou se inclinar para frente. Embora vertigem seja o sintoma clássico, movimentos mínimos podem provocar sensação de flutuação ou desequilíbrio, geralmente mais frequente pela manhã, logo após acordar do sono. Alguns pacientes são capazes de identificar que se virar para um lado particular (direito ou esquerdo), parece induzir os sintomas, e esse é o lado onde o cristal está alojado. Relativamente poucas dicas da história podem indicar com certeza, qual canal é o afetado. Rolamento para os lados na maca que causa vertigem em ambos os lados sugere VPPB de canal horizontal, mas pode também ocorrer em pacientes com VPPB de canal posterior bilateral. Portanto, o exame físico é o melhor meio de determinarque canal ou canais são afetados. As manobras realizadas para o diagnóstico e para o tratamento são diferentes para cada VPPB, dependendo de qual o canal afetado. Para a VPPB de canal posterior (mais comum), duas manobras são efetivas para o diagnóstico, a manobra de Dix-Hallpike (a mais difundida) e a manobra do decúbito lateral, a partir da posição sentada (manobra alternativa). A manobra de Dix-Hallpike consiste em colocar o paciente sentado em uma maca, de costas para o examinador, e com a cabeça virada 45° para o lado que se suspeita ser o sintomático. Deita-se então o paciente rapidamente, de modo que a cabeça fique para fora da maca, ainda virada 45°. Se o paciente referir vertigem e o examinador observar nistagmo torcional batendo para cima, a manobra é considerada positiva. Caso não haja sintomas (manobra negativa), o paciente é sentado novamente e a cabeça é virada a 45° para o lado oposto, com a manobra sendo repetida novamente, para ver se o lado sintomático é o oposto. Manobra de Dix-Hallpike para a direita (A) e para a esquerda (B) para evocar vertigem e nistagmo na VPPB de canal posterior. vertigo in both directions suggests horizontal canal BPPV but can also occur in patients with bilateral posterior canal BPPV. Hence, the examination is the best way to determine which canal or canals are affected. The examination, clinical observa- tions, and treatment differ for BPPV related to each of the canals and will be described separately. Posterior canal. Two techniques have been found to be effective to evoke the symptoms and nystagmus in BPPV related to the posterior canal: (1) the Dix-Hallpike maneuver (Figure 4-5; Supplemental Digital Content 4-1, links.lww.com/CONT/A7) and (2) the side-lyingmaneuver (Figure 4-6). Both maneuvers cause movement of otoco- nia through the posterior canal as the patient is moved from the sitting to the recumbent position. Each maneu- ver is also the initial step in treat- ment: the Dix-Hallpike maneuver for canalith repositioning treatment (CRT) and the side-lying test for the Semont maneuver. The nystagmus for the posterior canal is characterized as a 3- to 10-second latency, and a fast phase of nystagmus is predominantly upbeat and torsional with the top pole rotating toward the downward ear (Table 4-2). This type of nystagmus often fatigues with repeated positioning maneuvers. Although a small horizontal component frequently beats away from the downward ear, this element of the nystagmus is often barely visible but may be seen on eye movement recordings. Such recordings, however, are rarely necessary. KEY POINTS h Cupulolithiasis occurs when the calcium carbonate material becomes attached to the cupula itself, rendering it sensitive to gravity. h Benign paroxysmal positional vertigo usually presents with brief attacks of spinning vertigo lasting 10 to 30 seconds, often after turning in bed, getting up from the supine position, or bending or tilting the head. h The nystagmus for the posterior canal is characterized as a 3- to 10 second-latency, and a fast phase of nystagmus is predominantly upbeat and torsional with the top pole rotating toward thedownwardear. FIGURE 4-5 Dix-Hallpike maneuver to the right (A) and left (B) sides to evoke nystagmus in posterior canal benign paroxysmal positional vertigo. FIGURE 4-6 Side-lying test to the right (A) and left (B) sides to evoke nystagmus in posteriorcanal benign paroxysmal positional vertigo. 1068 www.aan.com/continuum October 2012 Positional Dizziness Copyright @ American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. A manobra do decúbito lateral consiste em colocar o paciente sentado na maca, olhando para o examinador. Solicita-se então, para que ele vire a cabeça para o lado oposto ao lado supostamente sintomático, então se deita o paciente rapidamente para o lado supostamente sintomático. Se o paciente referir vertigem e o examinador observar nistagmo torcional para cima, a manobra é considerada positiva. Caso não haja sintomas (manobra negativa), o paciente é sentado novamente e a cabeça é virada para o outro lado e o paciente é deitado rapidamente para ao lado oposto. Manobra do decúbito lateral para a direita (A) e para esquerda (B) para evocar vertigem e nistagmo na VPPB de canal posterior. Ambas as manobras acima causam movimento da otocônia através do canal semicircular posterior, à medida em que o paciente é movido da posição sentada para a deitada. Cada uma dessas duas manobras também é o passo inicial para as manobras terapêuticas de reposicionamento dos cristais: a manobra de Dix- Hallpike é a primeira etapa da manobra de reposicionamento de Epley, e a manobra do decúbito lateral é a primeira etapa para a manobra de reposicionamento de Semont. O nistagmo que é induzido por essas manobras geralmente tem uma latência que pode durar de 3 a 10 segundos, com sua fase rápida batendo predominante para cima, de forma torcional, com o polo superior girando na direção do ouvido de baixo. Esse tipo de nistagmo geralmente fadiga com manobras repetidas. Duas manobras de beira de leito são muito efetivas para o tratamento das VPPB de canal posterior, ambas com evidência científica de alta qualidade, quando realizadas de maneira correta. Elas geralmente são capazes de eliminar a vertigem e o nistagmo em 90% dos pacientes. Alguns casos são refratários, porém são incomuns. Provavelmente a razão mais comum para que essas técnicas não funcionem em pacientes com diagnóstico correto de VPPB é a extensão insuficiente do pescoço. Isso pode ocorrer em pacientes com cifose importante, ou em pacientes com artrose grave do pescoço (idosos). A manobra de Epley é a mais comumente utilizada nos Estados Unidos (quadro 1) e a manobra de Semont é mais utilizada na Europa Oriental (quadro 2). Cada uma delas tem pequenas vantagens e desvantagens. Em pacientes com artrose do pescoço ou cifose que impeçam a extensão do pescoço, a realização da manobra de Epley em maca em posição de Trendelemburg, ou, alternativamente, a manobra de Semont devem ser tentadas. A manobra de Semont pode ser difícil vertigo in both directions suggests horizontal canal BPPV but can also occur in patients with bilateral posterior canal BPPV. Hence, the examination is the best way to determine which canal or canals are affected. The examination, clinical observa- tions, and treatment differ for BPPV related to each of the canals and will be described separately. Posterior canal. Two techniques have been found to be effective to evoke the symptoms and nystagmus in BPPV related to the posterior canal: (1) the Dix-Hallpike maneuver (Figure 4-5; Supplemental Digital Content 4-1, links.lww.com/CONT/A7) and (2) the side-lyingmaneuver (Figure 4-6). Both maneuvers cause movement of otoco- nia through the posterior canal as the patient is moved from the sitting to the recumbent position. Each maneu- ver is also the initial step in treat- ment: the Dix-Hallpike maneuver for canalith repositioning treatment (CRT) and the side-lying test for the Semont maneuver. The nystagmus for the posterior canal is characterized as a 3- to 10-second latency, and a fast phase of nystagmus is predominantly upbeat and torsional with the top pole rotating toward the downward ear (Table 4-2). This type of nystagmus often fatigues with repeated positioning maneuvers. Although a small horizontal component frequently beats away from the downward ear, this element of the nystagmus is often barely visible but may be seen on eye movement recordings. Such recordings, however, are rarely necessary. KEY POINTS h Cupulolithiasis occurs when the calcium carbonate material becomes attached to the cupula itself, rendering it sensitive to gravity. h Benign paroxysmal positional vertigo usually presents with brief attacks of spinning vertigo lasting 10 to 30 seconds, often after turning in bed, getting up from the supine position, or bending or tiltingthe head. h The nystagmus for the posterior canal is characterized as a 3- to 10 second-latency, and a fast phase of nystagmus is predominantly upbeat and torsional with the top pole rotating toward thedownwardear. FIGURE 4-5 Dix-Hallpike maneuver to the right (A) and left (B) sides to evoke nystagmus in posterior canal benign paroxysmal positional vertigo. FIGURE 4-6 Side-lying test to the right (A) and left (B) sides to evoke nystagmus in posteriorcanal benign paroxysmal positional vertigo. 1068 www.aan.com/continuum October 2012 Positional Dizziness Copyright @ American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. de realizar em alguns pacientes idosos e obesos, devido ao rápido movimento de troca de lados exigido pela manobra. Para alguns pacientes com dor lombar, entretanto, a manobra de Semont pode ser mais fácil de tolerar do que a manobra de Epley. Após a realização da manobra, não há recomendações baseadas em dados de alta qualidade, porém muitos médicos orientam que o paciente mantenha a cabeça elevada em 30 graus na noite do tratamento. Essa recomendação é baseada na possibilidade teórica de recorrência, já que as partículas de cálcio ainda estão presumivelmente no utrículo, mesmo após alguns dias de tratamento. O pré-tratamento com medicamentos supressores vestibulares para prevenir náuseas não é necessário, embora possa ser considerado em pacientes com muita sensibilidade aos movimentos. Se repetidas manobras não oferecem melhora, o diagnóstico deve ser reconsiderado. Two bedside treatments for posterior canal BPPV are very effective and estab- lished with high-quality evidence.14Y16 One is the CRT17 (also called particle repositioning procedure or maneuver, Epley maneuver or procedure, or modi- fied Epley maneuver) (Figure 4-7, Table 4-3; Supplemental Digital Con- tent 4-2, links.lww.com/CONT/A8). The other is the Semont liberatory maneuver18 (also called the liberatory maneuver or treatment, or Semont maneuver or treatment) (Figure 4-8, Table 4-4; Supplemental Digital Con- tent 4-3, links.lww.com/CONT/A9). The CRT is the most commonly used method for treatment of posterior canal BPPV in the United States, whereas the Semont maneuver is somewhat more commonly used in Western Europe. Each has minor advantages and disad- vantages, but both are highly effective FIGURE 4-7 Canalith repositioning maneuver for the right side. 1069Continuum Lifelong Learning Neurol 2012;18(5):1060–1085 www.aan.com/continuum Copyright @ American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. Quadro 1. Manobra de Epley. • o paciente é sentado olhando para frente e com a cabeça discretamente estendida (1). • estabiliza-se o pescoço com ambas as mãos e lateraliza-se a cabeça aproximadamente 45˚ para o lado sintomático, de acordo com a manobra de Dix-Hallpike (1). • puxa-se o paciente em bloco para trás, de modo que a cabeça fique discretamente abaixo do nível do corpo, na borda da mesa (2). • com a cabeça hiperestendida, observe-se os olhos do paciente (que devem ser mantidos abertos), e espera-se aproximadamente 10 segundos após a parada do nistagmo. • gira-se a cabeça em 180˚ para o lado oposto e espere 20 a 30 segundos (3). • vira-se o corpo do paciente em bloco para o lado e espera-se mais 10 a 15 segundos (4). • com a cabeça na mesma posição (face olhando para o chão) retorna-se o paciente para a posição sentada, com a cabeça voltando para a posição normal, olhando para frente (5). • repete-se a manobra de Dix-Hillpike após 1 minuto. Se não houver indução de vertigem ou nistagmo, então há alta probabilidade de sucesso da manobra. A VPPB de canal semicircular horizontal é frequentemente, porém nem sempre, evocada pela manobra de Dix-Hallpike. O nistagmo induzido pela otocônia no canal horizontal, ao contrário do nistagmo do canal posterior, é horizontal e muda de direção com a alteração da posição da cabeça. Esse nistagmo bidirecional que muda com a posição da cabeça pode ser geotrópico ou apogeotrópico. O nistagmo geotrópico é o mais comum. Esse nistagmo bate para a direita quando a cabeça é virada para a direita e bate para esquerda quando a cabeça é virada para esquerda, ou seja, está sempre batendo em direção à terra (daí o nome geotrópico). O nistagmo apogeotrópico é menos comum e tem o nistagmo batendo para esquerda quando a cabeça é virada para direita, e batendo para direita quando a cabeça é virada para a esquerda. A latência é geralmente breve e a duração pode ser entre 15 e 60 segundos. O nistagmo da VPPB horizontal é menos apto a fadigar do que o nistagmo da VPPB de canal posterior. A melhor forma de diagnosticar VPPB de canal horizontal é através da manobra de Pagnini-McClure. when done properly. Perhaps the most- common reason that these techniques do not work in patients with an accurate diagnosis is insufficient extension of the head. Particularly for CRT, if the head is not tilted back at least somewhat, the otoconia may not move through the canal as intended. Severe kyphosis can make the positioning of the head diffi- cult. In such cases, the maneuver can be performed on a table in the Trendelen- burg position or one can try the Semont maneuver. There appears to be no compelling indication for mastoid vibra- tion to enhance effectiveness despite some early reports that it was helpful or even necessary. The Semont maneuver may be diffi- cult to perform in some older or obese patients because of the quick sweeping movement from one side to the other. For some patients with back pain, how- ever, the Semont maneuver may be easier to tolerate. It may be used for BPPV of the posterior canal caused by canalithiasis or for refractory cases KEY POINT h Perhaps the most common reason that the canalith repositioning treatment and Semont maneuver do not work in patients with an accurate diagnosis is insufficient extension of the head. TABLE 4-3 A Stepwise Method of Performing the Canalith Repositioning Treatment (Epley Maneuver) of the Posterior Semicircular Canal b Step 1 Seat the patient on a table positioned so he or shemay be takenback to the head-hanging position with the neck in slight extension. Stabilize the head with your hands and move the head 45- toward the side you will test. Move the head, neck, and shoulders en bloc to avoid neck strain or forced hyperextension. b Step 2 Observe the eyes; hold them open if necessary. Wait for all the nystagmus to stop and then continue to observe the eyes about half as long as the nystagmus lasted (usually about 10 seconds after it stops). b Step 3 Keeping the head back with the neck slightly hyperextended, turn the head about 90- toward the opposite side and wait 20 to 30 seconds. Then roll the patient all the way onto his or her side and wait 10 to 15 seconds (step not shown in Figure 4-7). b Step 4 From this side-lying position, turn the head to face the ground and hold it there 10 to 15 seconds. No nystagmus should occur. If the patient reports a little dizziness, it is usually a favorable sign that the particles are moving and the treatment will be successful. b Step 5 Keeping the head somewhat in the same position, have the patient sit up and then straighten the head. Hold onto the patient for a moment because some patients feel a sudden but very brief tilt when sitting up. This may be caused by particles affecting the macula as they fall back in the vestibule. b Repeat After waiting 30 seconds or so, repeat the maneuver. If no paroxysmal nystagmus or symptom is present during Dix-Hallpike positioning (steps 1 and 2), then complete the canalith repositioning treatment. The rate of success is approximately 95%. FIGURE 4-8 Semont liberatory maneuver for treatment of right benign paroxysmal positional vertigo. 1070 www.aan.com/continuum October 2012 Positional Dizziness Copyright @American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. Quadro 2. Manobra de Semont. • o paciente é colocado sentado na mesa, de frente para o examinador, olhando para ele (1). • solicita-se então que o paciente vire a cabeça para o lado oposto ao afetado (lado que ocorre o nistagmo na manobra do decúbito lateral) e deite o paciente rapidamente para o lado sintomático com a cabeça virada para cima (2). Mantém-se o paciente nesta posição por pelo menos 20 segundos após o término do nistagmo. • rapidamente retorna-se o paciente para a posição inicial sentada, mantendo a cabeça virada (a cabeça não vira durante a troca de decúbito) e deita-se rapidamente para o lado oposto de modo que ele fique com a cabeça virada para baixo (3). Mantém-se o paciente nesta posição por pelo menos 30 segundos. Alguns especialistas recomendam até 10 minutos nessa posição. • retorna-se o paciente lentamente para a posição sentada original. Manobra de Pagnini-McClure Nesta manobra o paciente é colocado deitado com a cabeça olhando para cima (1). Então vira-se a cabeça do paciente rapidamente para o lado supostamente sintomático (lado direito na figura) e observa-se a presença de vertigem associada à nistagmo horizontal (2). Então a cabeça do paciente é rapidamente virada para o lado oposto (3). O lado que induzir vertigem e nistagmo horizontal mais intenso é o lado sintomático. Para a VPPB de canal horizontal as manobras de Epley e Semont geralmente são inefetivas. Nesses casos, recomenda-se a realização da manobra de rolamento de 360° de Lempert, também conhecida como manobra do rolamento de espeto de churrasco - barbecue maneuver (quadro 3). d Manobra de rolamento de360° Lempert cases of BPPV.32Y35 Horizontal canal BPPV is often but not always evoked by the Dix-Hallpike maneuver. The nystagmus of horizontal canal BPPV, unlike that of posterior canal BPPV, is distinctly horizontal and changes direction with changing head position. The best way to diagnose horizontal BPPV is by a supine head-turn maneu- ver (head yaw test or Pagnini-McClure test) in which the patient is in the supine face-up position. Turning his or her head quickly to the right, look for horizontal nystagmus, then turn the head to the left looking for a change in the di- rection of nystagmus (Figure 4-9; Supplemental Digital Content 4-4, links.lww.com/CONT/A10).35,36 The direction-changing nystagmus may be either geotropic or apogeotropic.36 The latency is often brief, and the duration may be 15 to 60 seconds. This nystag- mus appears less apt to fatigue with re- peat positioning; consequently, patients are more likely to become ill with attempts to fatigue this form of BPPV. Geotropic direction-changing posi- tional nystagmus is the most common form of nystagmus in patients with horizontal canal BPPV. The nystagmus is right beating upon turning the head to the right while supine and then left beating when turning the head back to the left side. By contrast, apogeo- tropic positional nystagmus is seen less often and refers to nystagmus that is right beating with head turns to the left while supine and left beating with head turns to the right. One theory to explain this is that, in the geotropic form, calcium particles are in the long arm of the semicircular duct and turn- ing to the affected side causes endo- lymph flow toward the ampulla, which is excitatory, and thus the nystagmus beats toward the affected ear. Turning the head in the opposite direction causes endolymph to flow away from the ampulla, which inhibits the ampulla of the affected ear, causing the nystag- mus to change to the opposite direc- tion. Apogeotropic forms of horizontal canal BPPV occur because the calcium particles are located on the other side of the cupula in the short arm of the canal and thus, the same movements have the opposite effects on the cupula.34 A number of treatments have been advocated for horizontal canal BPPV, including the 360- roll maneuver (also called barbecue roll or Lempert ma- neuver), forced prolonged position (Vannucchi technique), and Gufoni ma- neuver. It is worth noting that nearly 90% of cases of apogeotropic horizontal canal BPPV resolved in one study within 7 days and all had resolved by 28 days.37,38 All forms seem to self-resolve even more often than cases of poste- rior canal BPPV. Determining the affected side. If the horizontal canal BPPV occurred after treatment for posterior canal BPPV, the affected ear is likely to be the same ear affected by the posterior canal BPPV. In cases where the horizon- tal canal BPPV occurs de novo, other KEY POINT h The nystagmus of horizontal canal benign paroxysmal positional vertigo (BPPV), unlike that of posterior canal BPPV, is distinctly horizontal and changes direction with changing head position. The best way to diagnose horizontal BPPV is by a supine head-turn maneuver (head yaw test or Pagnini-McClure test) in which the patient is in the supine face-up position. Turning his or her head quickly to the right, look for horizontal nystagmus, then turn the head to the left looking for a change in the direction of nystagmus. FIGURE 4-9 Supine roll test. The patient’s head is moved rapidly from the straight supine position (1) to the right side (2). At this point, the eyes are observed for horizontal nystagmus and the direction and intensity are noted. Then the patient is returned to position 1 until nystagmus subsides, then taken to the left (3) and again the eyes are observed for the intensity and direction of horizontal nystagmus. The side resulting in the strongest nystagmus is the affected side. 1073Continuum Lifelong Learning Neurol 2012;18(5):1060–1085 www.aan.com/continuum Copyright @ American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. 141 International Tinnitus Journal, Vol. 16, No 2 (2011) www.tinnitusjournal.com 2. Semont Maneuver (liberatory maneuver) The maneuver described by Semont41 is indicated for the treatment of posterior canal cupulolithiasis. If the posterior canal is affected, the patient is seated in the upright position; then the patient’s head is turned 45 degrees toward the unaffected side, and then is rapidly moved to the side-lying position. Nystagmus and vertigo may be observed. This position is held for 1 to 3 minutes. The patient is rapidly moved to the opposite side-lying position without pausing in the sitting position and wi- thout changing the head position relative to the shoulder. Gradually the patient resumes the upright sitting posi- tion8. If the superior semicircular canal is affected, the movement is performed in the direction opposite to the procedure for posterior semicircular canal4,15,23,40. Figure 6 demonstrates the Semont Maneuver for treatment of right-sided posterior semicircular canal cupulolithiasis. 3. Lempert Maneuver Lempert42 described a maneuver (Barbecue Ma- neuver or Roll Maneuver) which is the most commonly employed maneuver for the treatment of lateral canal BPPV. This maneuver involves rolling the patient 360 degrees in a series of steps to effect particle reposi- tioning8. The patient is in supine position; the patient’s head is turned 90 degrees slowly toward the unaffected side. The head is held in this position, and the body is turned to lateral decubitus. Then, the head is turned to the facedown position and the body is moved to the ventral decubitus. Later the patient’s head is turned 90 degrees, and the body is placed on lateral decubitus. Gradually, the patient resumes the supine position. Each step is maintained for 15 seconds – for slow migration of the particles, in response to gravity. To complete the maneuver, the patient is brought into the upright sitting position with head bowed down at 30 degrees23,43,44. The maneuver sequence is represented in Figure 7. 4. Forced prolonged position Forced prolonged position is another treatment Figure 5.Semont Maneuver for treatment of right-sided posterior semicircular canal cupulolithiasis. Figure 6. Demonstration of Lempert Maneuver sequence – treatment of lateral semicircular canal BPPV (right ear in black). Figure 7. Brandt-Daroff exercises for home self-administration treat- ment. maneuver, described by Vannuchi44, for the treatment of lateral canal BPPV. The strategy consists of maintaining the forced lateral decubitus, with affected ear in the un- dermost position for 12 hours23,25. 5. Brandt-Daroff exercises The Brandt-Daroff exercises were developed for home self-administration, as an additional therapy for patients who have been symptomatic, even after Epley or Semont maneuver40. Some authors indicate them one week before the therapeutic maneuver, aiming to improve the patient’s tolerability14. The Brandt-Daroff exercises (Figure 8) are positioning exercises that, theoretically, promote habituation4. The involvement of more than one semicircular canal is not unusual. In these cases, the repositioning maneuver will be applied in steps. The treatment of each affected semicircular canal will be performed, in protocols according to the observed ocular movements and the Benign paroxysmal positional vertigo diagnosis and treatment.indd 141 10/01/2012 17:58:03 Alternativamente à manobra de rolamento de Lempert, a manobra de Gufoni foi descrita e é mais fácil de realizar, além de ser um pouco mais efetiva que a manobra de Lempert para a VPPB de canal horizonal. A manobra de Gufoni tem uma técnica para tratar pacientes com nistagmo geotrópico (mais comum) e outra para o nistagmo ageotrópico. Manobra de Gufoni para tratar VPPB de canal horizontal à direita com nistagmo geotrópico (A) e nistagmo ageotrópico (B). to eliminate all nystagmus or to convert the more difficult-to-clear apogeotropic nystagmus to the more treatment- responsive geotropic nystagmus form of horizontal canal BPPV.43,51 With this strategy, remission rates of 75% to 90% can be achieved. Anterior canal. This form of BPPV is usually transitory and most commonly seen in the course of treating other more common forms of BPPV. Chronic or persistent anterior canal BPPV is rare. Hence, a careful neurologic examination and brain MRI are suggested unless the nystagmus can be made to completely resolve with positioning treatments. The nystagmus is downbeat with a minor torsional component.42,49,52,53 Of all the types of BPPV, anterior canal BPPV seems to resolve spontaneously most often, although horizontal canal BPPV also resolves within 2 to 4 weeks if not sooner.38 Paroxysmal downbeat nystagmus as may occur with anterior canal BPPVmay bemimicked by central lesions of the brainstem or cerebellum (Case 4-5). Bertholon and colleagues54 reviewed 50 patients with downbeat positional nystagmus and found that three-fourths had CNS disease; at least some of the remaining one-fourth of cases were thought to have a form of anterior canal BPPV. If the nystagmus does not completely resolve with the initial positioning treatment, brain imaging should be performed. The Dix-Hallpike and side-lying tests used for the posterior canal BPPV can KEY POINTS h It is ideal to eliminate all nystagmus or to convert the more difficult-to-clear apogeotropic nystagmus to the more treatment-responsive geotropic nystagmus form of horizontal canal benign paroxysmal positional vertigo. h Of all the types of benign paroxysmal positional vertigo (BPPV), anterior canal BPPV seems to resolve spontaneously most often, although horizontal canal BPPV also resolves within 2 to 4 weeks if not sooner. h Paroxysmal downbeat nystagmus as may occur with anterior canal benign paroxysmal positional vertigo may be mimicked by central lesions of the brainstem or cerebellum. FIGURE 4-11 The Gufoni maneuver is a method of treatment for right-sided horizontal canalbenign paroxysmal positional vertigo (BPPV) that is geotropic (A) or apogeotropic (B). A, For the geotropic nystagmus type of lateral canal BPPV, the patient is taken from the sitting position to the straight side-lying position on the unaffected side (left in this case) and maintained there for 1 minute. The patient’s head is quickly turned toward the ground 45- to 60- and held in the position for 2 minutes. The patient then sits up again with the head held toward the left shoulder until sitting upright again. B, For right horizontal canal BPPV with apogeotropic-type nystagmus, the patient is taken from the sitting position to the straight side-lying position on the unaffected side (right in this case) for 1 minute. Then the patient’s head is quickly turned toward the ground and held in the position for 2 minutes. The patient then sits up again with the head held toward the right shoulder until upright. 1076 www.aan.com/continuum October 2012 Positional Dizziness Copyright @ American Academy of Neurology. Unauthorized reproduction of this article is prohibited. Quadro 3. Manobra de rolamento de 360° de Lempert. • paciente deitado em decúbito dorsal com a cabeça virada para cima (a). • a cabeça do paciente então é girada lentamente 90° para o lado não envolvido (b). • a cabeça é segurada nessa posição e o corpo é virado para decúbito lateral (c). • após a cabeça é virada para baixo com o corpo ainda em decúbito lateral (d). • o corpo do paciente então é movido para o decúbito ventral (e). • na próxima etapa a cabeça do paciente é então virada 90° para o lado envolvido (f). • o corpo do paciente então é movido para o decúbito lateral novamente (g). • o paciente volta então a deitar em decúbito dorsal com a cabeça ainda virada para o lado envolvido (h). • finalmente o paciente retorna a cabeça virada para cima (i). Obs: Cada passo ou posição descrita acima é mantida por 15 a 20 segundos, mesmo que o nistagmo persista, para que haja a migração lenta da partícula de cálcio em resposta à gravidade. Para completar a manobra, o paciente é trazido para a posição sentada, com a cabeça curvada para baixo em 30°. Nos casos de VPPB de canal horizontal refratários às manobras de Lampert e Gufoni, a manobra de Vannucchi pode ser tentada, também chamada de posicionamento forçado prolongado. Essa manobra é realizada com o paciente sentado na maca, sendo então rapidamente deitado para o lado afetado. Logo que o paciente é deitado a cabeça é rodada passivamente 45° para baixo e essa posição é mantida por 12 horas. Devido à inviabilidade desse tempo para a maioria dos pacientes (que não conseguem ficar 12 horas nessa posição), alguns médicos mantém a posição por apenas 3 a 5 minutos, mas não há estudos para determinar o tempo mínimo de manobra para obter sucesso terapêutico. A VPPB de canal anterior é geralmente transitória, e mais comumente vista após o tratamento de outras formas comuns de VPPB. A forma crônica e persistente dessa forma de VPPB é rara. O nistagmo bate para baixo com leve componente torcional. Como esse tipo de nistagmo pode mimetizar lesões centrais, afetando o tronco cerebral ou o cerebelo, caso o nistagmo não melhore completamente com as manobras de reposicionamento, uma ressonância magnética de crânio deve ser realizada para descartar lesões estruturais. As mesmas manobras usadas para o diagnóstico da VPPB de canal posterior (Dix- Hallpike e decúbito lateral) também são capazes de diagnosticar a VPPB de canal anterior. Da mesma forma, as mesmas manobras usadas para tratar VPPB de canal posterior (Epley e Semont) são usadas para o tratamento da VPPB de canal anterior. Nos raros casos refratários, a manobra de posicionalmente forçado prolongado com o lado afetado virado para cima por várias horas deve ser tentado. De todos os tipos de VPPB, a de canal anterior é a que mais frequentemente se resolve espontaneamente, embora a VPPB de canal horizontal também se resolva em 2a 4 semanas sem tratamento, as vezes mais cedo. Ocasionalmente, otocônias que se movem livremente por um dos canais semicirculares podem se mover durante as manobras de tratamento para outro canal, e não voltar para o utrículo, como pretendido pelas manobras de Quadro 4. Manobra de Gufoni. • os pacientes com nistagmo geotrópico (A) são sentados (1) e deitados lateralmente para o lado não-afetado (no caso da figura o esquerdo) e mantidos nessa posição por 1 minuto (2). • a cabeça do paciente então é girada rapidamente para baixo (lado da maca) 45 a 60° e segurada nesta posição por 2 minutos (3). • o paciente é então sentado novamente com a cabeça olhando lateralmente na direção do ombro esquerdo (fim da manobra). • os pacientes com nistagmo ageotrópico (B) são sentados (1) e deitados lateralmente para o lado não-afetado, no caso da figura, o direito e mantidos nessa posição por 1 minuto (2). • a cabeça do paciente então é girada rapidamente para baixo (lado da maca) 45 a 60° e segurada nesta posição por 2 minutos (3). • o paciente é então sentado novamente com a cabeça olhando lateralmente na direção do ombro direito (fim da manobra). Obs: se a VPPB de canal horizontal for sintomática à esquerda, a manobra é realizada ao contrário do aqui demonstrado. reposicionamento. Isso é possível, pois os canais se comunicam diretamente entre si. Consequentemente, há alteração da direção do nistagmo. Outra complicação das manobras de reposicionamento é a impactação da otocônia em uma porção mais estreita do sistema. Isso causa vertigem persistente severa, acompanhada de náuseas, vômitos e nistagmo, similares às observadas nas manobras diagnósticas. Na manobra de Epley, a impactação geralmente ocorre quando se vira a cabeça do paciente para o chão no decúbito lateral. O tratamento consiste na realização da manobra reversa, com o objetivo de eliminar o bloqueio. Nesses casos o paciente fica muito assustado e geralmente se recusa a continuar as manobras. Geralmente se prescreve supressores vestibulares e marca-se uma nova tentativa em outra data. Ocorre impactação em 8% das manobras de reposicionamento. Devido à essas possíveis complicações durante as manobras de reposicionamento, não é apropriado recomendar que o paciente realize as manobras sozinho em casa, sem a presença do médico. Em algumas situações, mais de um canal é afetado ao mesmo tempo. A mais comum é provavelmente a VPPB de canal posterior bilateral. Isso pode ser diagnosticado com a presença do nistagmo típico com as manobras de Dix- Hallpike ou de decúbito lateral bilateralmente. Também pode haver presença simultânea de otocônia no canal posterior e no horizontal e no canal posterior e no anterior. São pacientes mais complexos, geralmente necessitando a intervenção do especialista. As taxas de recorrência de VPPB após tratamento de sucesso são de aproximadamente 40 a 50% em 5 anos. Parece haver um subgrupo de pacientes particularmente suscetíveis a recorrências. É fundamental ressaltar que as vertigens posicionais paroxísticas não melhoram com medicamentos supressores vestibulares. Apenas a realização correta das manobras de reposicionamento, ou eventualmente, melhora espontânea, são capazes de aliviar os sintomas definitivamente. Nos pacientes que persistem com sintomas leves após a realização das manobras de reposicionamento das otocônias, os exercícios de Brandt-Daroff podem ser recomendados para auto- realização em casa, para supostamente promover habituação. Exercícios de Brandt-Daroff 141 International Tinnitus Journal, Vol. 16, No 2 (2011) www.tinnitusjournal.com 2. Semont Maneuver (liberatory maneuver) The maneuver described by Semont41 is indicated for the treatment of posterior canal cupulolithiasis. If the posterior canal is affected, the patient is seated in the upright position; then the patient’s head is turned 45 degrees toward the unaffected side, and then is rapidly moved to the side-lying position. Nystagmus and vertigo may be observed. This position is held for 1 to 3 minutes. The patient is rapidly moved to the opposite side-lying position without pausing in the sitting position and wi- thout changing the head position relative to the shoulder. Gradually the patient resumes the upright sitting posi- tion8. If the superior semicircular canal is affected, the movement is performed in the direction opposite to the procedure for posterior semicircular canal4,15,23,40. Figure 6 demonstrates the Semont Maneuver for treatment of right-sided posterior semicircular canal cupulolithiasis. 3. Lempert Maneuver Lempert42 described a maneuver (Barbecue Ma- neuver or Roll Maneuver) which is the most commonly employed maneuver for the treatment of lateral canal BPPV. This maneuver involves rolling the patient 360 degrees in a series of steps to effect particle reposi- tioning8. The patient is in supine position; the patient’s head is turned 90 degrees slowly toward the unaffected side. The head is held in this position, and the body is turned to lateral decubitus. Then, the head is turned to the facedown position and the body is moved to the ventral decubitus. Later the patient’s head is turned 90 degrees, and the body is placed on lateral decubitus. Gradually, the patient resumes the supine position. Each step is maintained for 15 seconds – for slow migration of the particles, in response to gravity. To complete the maneuver, the patient is brought into the upright sitting position with head bowed down at 30 degrees23,43,44. The maneuver sequence is represented in Figure 7. 4. Forced prolonged position Forced prolonged position is another treatment Figure 5. Semont Maneuver for treatment of right-sided posterior semicircular canal cupulolithiasis. Figure 6. Demonstration of Lempert Maneuver sequence – treatment of lateral semicircular canal BPPV (right ear in black). Figure 7. Brandt-Daroff exercises for home self-administration treat- ment. maneuver, described by Vannuchi44, for the treatment of lateral canal BPPV. The strategy consists of maintaining the forced lateral decubitus, with affected ear in the un- dermost position for 12 hours23,25. 5. Brandt-Daroff exercises The Brandt-Daroff exercises were developed for home self-administration, as an additional therapy for patients who have been symptomatic, even after Epley or Semont maneuver40. Some authors indicate them one week before the therapeutic maneuver, aiming to improve the patient’s tolerability14. The Brandt-Daroff exercises (Figure 8) are positioning exercises that, theoretically, promote habituation4. The involvement of more than one semicircular canal is not unusual. In these cases, the repositioning maneuver will be applied in steps. The treatment of each affected semicircular canal will be performed, in protocols according to the observed ocular movements and the Benign paroxysmal positional vertigo diagnosis and treatment.indd 141 10/01/2012 17:58:03 Existem vertigens posicionais de origem central? Sim, lesões lentamente progressivas afetando o cerebelo, a ponte, o tegmento mesencefálico e a porção dorsal do bulbo podem levar a leve desequilíbrio. Essas condições podem estar associadas com nistagmo posicional paroxístico e nistagmo evocado pelas miradas, acompanhados ou não de outros déficits neurológicos, que localizam a lesão no tronco ou no cerebelo. O grau da vertigem e náuseas que a acompanham são menos proeminentes nas lesões lentamente progressivas. Já nas lesões agudas e nas mais rapidamente progressivas, há vertigem e náuseas mais intensas. Dois tipos de nistagmo são particularmente suspeitos de lesões centrais: o nistagmo que bate para baixo com componente torcional (como visto na VPPB de canal anterior) e o nistagmo posicional que muda de direção (como visto na VPPB de canal horizontal). Quando o nistagmo não desaparece completamente após as manobras de reposicionamento
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