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SEXUALIDADE HUMANA: A sexualidade, até hoje, é vista como um grande tabu em algumas culturas. Falar sobre identidade de gênero, orientação sexual, entre outros assuntos ainda desperta uma serie de discriminações e preconceitos, embora, se voltar ao passado, percebe-se o quanto esse grupo tem conquistado um lugar e voz na sociedade. Autores como Michel Foucault (1926 – 1984) e Sigmund Freud (1856 – 1939) desenvolveram teorias, estudos sobre a sexualidade humana que servem de arcabouço para pesquisadores e estudiosos da área até hoje. O sexo biológico de um individuo é determinando de acordo seus cromossomos sexuais. Logo, se nasce um sujeito portando cromossomos X e X é fêmea, já se esse individuo nasce portando cromossomos X e Y ele é considerado macho. Assim como nascem indivíduos machos e fêmeas, existe a intersexualidade, sendo: [...] um termo utilizado desde o século XX para o que se conhece no senso comum como hermafroditismo, isto é, a condição de indivíduos que nasceram com órgãos sexuais ambíguos. A linguagem biomédica marca tal condição como patológica, sendo compreendida como resultado de uma interação anormal dos fatores genéticos e hormonais ligados ao gênero no período prénatal, e a denomina de distúrbio do desenvolvimento sexual (DDS) (GAUDENZI, 2018). Larissa Santos Almeida - Graduanda do 8° Período de Psicologia Embora o sexo biológico seja atribuído fisiologicamente, as pessoas podem se identificar, se enxergar de maneira distinta a seu órgão reprodutor, essa denominação é atribuída a identidade de gênero. A identidade de gênero é como o indivíduo se percebe independentemente do seu sexo biológico. Logo, se nasce um indivíduo macho, porém se identifique com uma mulher, esse sujeito lhe atribui uma identidade de gênero. Já a orientação sexual diz respeito à atração, seja física ou emocional que uma pessoa sente por outra. Ela pode ser assexual, heterossexual, homossexual ou pansexual. Acerca da relação entre sexualidade e cultura, e do discurso heteronormativo: [...] a sexualidade é culturalmente estabelecida e tem distinções em diferentes grupos e culturas. O conceito de sexualidade, no ocidente, está intimamente ligado ao de gênero. Na hierarquia das sociedades ocidentais em geral, a heterossexualidade ocupa a posição superior e, logo, a homossexualidade é socialmente compreendida como inferior. Em outras palavras, na sociedade em que vivemos, considera-se normal ser heterossexual. Podemos falar então que a sexualidade é marcada por práticas heteronormativas (GUERRA, 2018). GÊNERO E ANTROPOLOGIA Ao nascer uma menina, inicia-se a corrida de compras de vestidos, laços e bonecas, enquanto que para os meninos, pensa-se em carrinhos, calças e bonés. Tais comportamentos, as diferenças de gênero, são aspectos enraizados na cultura ocidental, são condicionamentos que homens e mulheres passam todos os dias desde o seu nascimento. Foi a partir de 1930 que gênero passa a ser estudado pela antropologia, embora a palavra gênero ainda não existisse na época, e desde então estudos em diversas partes do mundo comprovam que os comportamentos de homens e mulheres são determinados de acordo a cultura, não ancoradas de acordo o sexo biológico. GÊNERO E ANTROPOLOGIA Em 1935, a antropóloga Margaret Mead (1901 – 1971) publica o livro Sexo e Temperamento. Nesse livro, ela investiga os papeis sociais dos indivíduos de três culturas diferentes: Arapesh, Mundgmor e Tchambuli. Mead observou que na tribo Arapesh os homens e as mulheres eram amáveis e gentis, enquanto na tribo Mundugmor todos eram igualmente agressivos. Na última tribo, Tchambuli, os homens eram ensinados a ser gentis, delicados e maternais, eles cuidavam das crianças depois que elas nasciam, enquanto as mulheres eram bravas, fortes e guerreiras. Percebe-se que na tribo Arapesh e Mundugmor, os papeis sociais de homens e mulheres não eram distintos, enquanto na terceira tribo existe essa divisão. Para Joan Scott (1941 -), na publicação de Gênero: uma categoria útil para a análise histórica (1986), contextualiza gênero como sendo “Um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos, e o gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder”, (SCOTT, 1986). “A autora chama a atenção para a necessidade de examinar o modo como gênero é construído em relação a uma série de atividades, organizações sociais e representações culturais, historicamente situadas”, (MAZZARIELLO; BULGARELLI, 2015). REFERÊNCIAS GAUDENZI, P. Intersexualidade: entre saberes e intervenções. Cad. Saúde Pública, 2018, vol.34, no.1. GUERRA, L. A. Sexo, gênero e sexualidade. Disponível em: https://www.infoescola.com/sociologia/sexo-genero-e-sexualidade/ Acesso em: 16 de novembro de 2018. MAZZARIELLO, C.C.; FERREIRA, L.B. 2015. "Gênero". In: Enciclopédia de Antropologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, Departamento de Antropologia. SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. TRADUÇÃO: Christine Rufino Dabat Maria Betânia Ávila. Texto Original: Joan Scott – Gender: a useful category of historical analyses. Gender and the politics of history. New York, Columbia University Press. 1989.
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