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AULA 15 – FÁRMACOS QUE AGEM SOBRE A MUSCULATURA LISA UTERINA INTRODUÇÃO HISTOLOGIA DO ÚTERO O útero possui duas camadas principais, a camada mais interna é chamada de endométrio. O endométrio é responsável pela fixação do embrião no útero e também possui glândulas que secretam principalmente o glicogênio que é fundamental para a nutrição do feto. A camada muscular é chamada de miométrio, ele é responsável pelas contrações que acabam levando a expulsão do feto da cavidade uterina. Isso ocorre graças a suas contrações rítmicas e sincronizadas. CONCENTRAÇÕES CIRCULANTES DE PROGESTERONA, ESTRADIOL E PROLACTINA DURANTE O PERÍODO DE GESTAÇÃO Durante praticamente a gestação inteira, os níveis de progesterona permanecem elevados e só caem próximo ao fim da gestação. Isso acontece porque a progesterona é o hormônio que facilita a gestação, logo, ela promove a inibição da contração do musculo uterino, impedindo que ocorra a expulsão precoce do feto e também estimula as glândulas endometriais a produzirem nutrientes para o feto como por exemplo o glicogênio. Logo, a progesterona é um hormônio essencial pra manutenção da gestação, pra que o feto encontre um ambiente propicio pra se desenvolver. Os níveis de prolactina e estradiol permanecem baixos durante praticamente toda a gestação e só sobem abruptamente próximo do parto. Isso acontece porque a prolactina é um hormônio que vai atuar sobre as glândulas mamarias estimulando-as a produzir leite e também atua de maneira associada com o estradiol pra induzir o comportamento maternal após o parto. Logo, o comportamento de cuidado com o filhote só ocorre após a sensibilização previa do hipotálamo que é realizado tanto pela prolactina quanto pelo estradiol. Porque os níveis de estradiol sobrem abruptamente próximo ao parto? Porque o estradiol vai promover um aumento da expressão de receptores para a ocitocina no miométrio, ou seja, o estradiol de maneira indireta aumenta a sensibilidade das células miometriais a ocitocina, o que acaba provocando um aumento das contrações uterinas e também atua de maneira sinérgica com a prolactina pra preparar o cérebro da fêmea pra cuidar dos filhotes. MECANISMO DE AÇÃO – OCITOCINA Atuam de 2 formas: 1 – impedem o fechamento dos canais de cálcio presentes nas células miometriais, consequentemente esses canais de cálcio vão permanecer abertos e ocorre um aumento do influxo desses cátions para o interior da célula. Logo, tem um aumento da disponibilidade de cálcio pra que ocorra as contrações do miométrio. 2 – atua se ligando aos receptores OTR específicos pra ela. Esses receptores OTR por sua vez está acoplado a proteína Gq. Logo, quando a ocitocina se liga a este receptor OTR vai ocorrer a ativação da fosfolipase C. A fosfolipase C converte o fosfatidilinositol bifosfato em trifosfato de inositol e diacilglicerol. O trifosfato de inositol é um segundo mensageiro que estimula o reticulo sarcoplasmático a liberar seus estoques internos de íons cálcio para o sarcoplasma. Logo, consequentemente, há um aumento da disponibilidade de cálcio no sarcoplasma, esse cálcio livre se liga a calmodulina formando o complexo cálcio-calmodulina, esse complexo ativa a quinase da miosina de cadeia leve permitindo que as fibras de actina deslizem sobre os filamentos de miosina provocando contração do musculo liso uterino. As contrações do miométrio se caracterizam por ser rítmicas, coordenadas e sincronizadas. PROSTAGLANDINAS MECANISMO DE AÇÃO Cada tipo de prostaglandinas possui diferentes tipos de receptores localizados na membrana celular as células miometriais. Existem basicamente 4 tipos de receptores para a prostaglandina E (PGE). Esses receptores são divididos em EP1, EP2, EP3 e EP4. Receptores EP2 e EP4: são expressos principalmente na musculatura lisa da cérvix. Quando a PGE2 se liga a esses receptores EP2 e EP4 que estão acoplados a proteína Gs ocorre um aumento da atividade da adenilato ciclase, consequentemente há um aumento da síntese de AMPc que por sua vez ativa a PKA. A PKA fosforila a enzima quinase da miosina de cadeia leve provocando, consequentemente, o relaxamento da musculatura lisa da cérvix. Consequentemente a cérvix se abre e ocorre uma dilatação do canal do parto pra que posteriormente a PGF2alfa estimule as contrações do miométrio. Receptores EP3: localizado principalmente no miométrio. Quando a prostaglandina E se liga a esse receptor EP3 ocorre uma diminuição da atividade da adelinato ciclase, uma vez que esse receptor está acoplado a proteína Gi (inibitória), consequentemente ocorre também uma diminuição da síntese de AMPc, diminuição da atividade da PKA e a PKA também diminuía a fosforilação da quinase da miosina de cadeia leve. Essa sequência de eventos acaba promovendo um aumento das contrações do miométrio. Receptores EP1: quando a PGE se liga aos receptores EP1 e a PGF2alfa se liga a seu receptor FP que estão acoplados a proteína Gq ocorre um aumento da síntese do segundo mensageiro IP3, o IP3 estimula a organela reticulo sarcoplasmático a liberar os seus estoques de cálcio para o sarcoplásma. Logo, há uma maior disponibilidade de cálcio livre, o que acaba levando ao desencadeamento dos eventos que promovem o aumento da contratividade da musculatura lisa uterina. ALCALÓIDES DO ERGOT MECANISMO DE AÇÃO Atuam se ligando ao receptor alfa1-noradrenergico e alguns receptores serotoninérgicos presentes no miométrio. Esses receptores estão acoplados a proteína Gq, consequentemente ocorre um aumento da síntese de IP3 que estimula o reticulo sarcoplasmático a liberar seus estoques internos de cálcio para o sarcoplásma, aumentando a disponibilidade de cálcio pra que ocorra a contração da musculatura lisa uterina. MECANISMO DE AÇÃO – AGONISTAS BETA2-ADRENERGICOS Estes receptores beta2 estão acoplados a proteína Gs, logo, quando um agonista se liga a eles ocorre a ativação da adenilato ciclase que converte o ATP em AMPc, o AMPc ativa a PKA que fosforila a quinase da miosina de cadeia leve, essa fosforilação promove o relaxamento da musculatura lisa uterina. Os agonistas beta2-adrenergicos também atuam no sentido de impedir que ocorra a liberação dos estoques intracelulares de cálcio, consequentemente há menos cálcio disponível no sarcoplasma pra que ocorra as contrações da musculatura lisa uterina.
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