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Capítulo 61 - INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA ENDÓCRINA Funções do sistema endócrino: reprodução, crescimento e desenvolvimento, homeostasia. Sistemas hormonais não clássicos: criptócrino (Sertoli e espermátide, membrana basal não deixa ir para interstício), justácrino (hormônio fica na membrana - só às vezes se rompe e é solubilizado - e só altera células vizinhas, TNF-alfa e outros fatores de crescimento), intrácrino (não sai da célula, como T4 que entra virando T3 dentro da célula). Hormônios hidrossolúveis Proteicos. Os menores são as modificados: Histidina - histamina Tirosina - T3 e T4 Triptofano - serotonina Esses pequenos são feitos segundo a disponibilidade desses aas e das enzimas necessárias. Já os maiores são feitos a partir da transcrição de genes. Quando o hormônio tem duas ou mais cadeias, ele pode: - Ser feito a partir de dois ou mais genes, com cadeias que se ligam no processamento pós-tradução (TSH, cadeias alfa e beta) - Ser feito a partir de um gene, sendo que depois se cliva e se juntam as partes na forma de subunidades (a insulina gera pós processamento as cadeias A, B e C, então A+B constituem a insulina). Secreção de hidrofílicos: vesículas que são formadas e levadas à membrana por acúmulo de cálcio que organiza o citoesqueleto (contração). É comum haver na vesícula proteases que finalizam a síntese lá dentro. Por isso no sangue podemos encontrar pró-hormônios (em maior quantidade quando há um estímulo secretório intenso) ou peptídeos que “sobram”, como o peptídeo C da insulina. Seleção natural: utilização de um só gene para vários hormônios, mudando o processamento pós-traducional e também o splicing alternativo. Exemplo: POMC. O que muda nas diferentes células são as enzimas presentes que fazem uma ou outra quebra. A mesma célula pode em momentos diferentes fazer quebras diferentes, mudando o tipo de hormônio que secreta. Transporte: geralmente podem circular livres, mas já se descobriu carreadores proteicos para hormônios hidrossolúveis (IGF, GH) Fígado e rim degradam hormônios proteicos. Na célula alvo há um contínuo processo de internalização do complexo receptor-hormônio, digerido por lisossomos. Meia vida dos proteicos é mais curta. Insulina: 5 a 8 minutos. Hormônios lipossolúveis Síntese depende da disponibilidade do precursor lipídico e das enzimas necessárias. Colesterol - esteroides (córtex da adrenal -corticoides - e gônadas) Calciferol (parece colesterol) - diversas formas de vitamina D (conversões feitas em pele, fígado e rins) Ácidos graxos como prostaglandinas Exceção dos hormônios da tireoide: vêm de duas tirosinas acopladas (hidrossolúveis) que são iodadas, ficando então lipossolúveis. Secreção: difusão à medida que são sintetizados. Como não há estoque, o controle da liberação está na atividade enzimática. Só os tireoidianos são armazenados no colóide dos folículos da tireóide, o que permite secreção por dias mesmo quando a síntese é bloqueada. Transporte: uma vez fora da célula, tendem a se juntar e poderiam bloquear capilares. Então são englobados por proteínas (em geral globulares), as globulinas. “Binding globulin”, como ABG (andrógenos), EBG (estrógenos), GBG (glicocorticóides), TBG (tireoidianos), etc. Albumina também tem esse papel. A ligação hormônio-carreador é um equilíbrio dinâmico, então sempre há uma parte que está livre (é isso que dá a dimensão de seu efeito biológico, e não a quantidade total), e é essa parte que se difunde pela membrana da célula alvo e vai encontrar seu receptor intracelular. Já foram descritos transportadores de membrana para lipídios também, então não dependem apenas da difusão. Dentro da célula, podem sofrer modificações que geram metabólitos ativos ou não. Por exemplo, no tecido adiposo a testosterona é convertida a estrógeno. O complexo hormônio-receptor intracelular se liga a sítios específicos da região promotora do gene alvo, agindo como fator de transcrição. Mas já se viu que há ações biológicas imediatas não dependentes da transcrição, por segundos mensageiros, sugerindo a existência de receptores de membrana ou citoplasmáticos. Sistemas de retroalimentação O feedback negativo faz a quantidade de hormônio oscilar em torno de um valor. Mas isso pode variar, há ritmo de secreção para alguns. Circadiano: cortisol é maior pela manhã (horas) Infradiano: ciclo menstrual (dias) A secreção constante é obtida por pulsos secretórios de intervalos curtos (uma meia hora). Mantém a concentração média constante. Fundamental para preservar o efeito biológico por proporcionar momentos de maior repouso para a célula secretora e por determinar o padrão de expressão de seus receptores. A retroalimentação é regulada por hormônios ou substratos metabólicos. Por exemplo, glicose aumenta secreção da célula beta, e T3 inibe secreção de TSH e TRH. Outros órgãos: endotélio, adiposo branco (endócrinos mesmo) Parácrinos e autócrinos: praticamente qualquer célula Reposição de hormônios proteicos não podem ser feitos via oral porque são digeridos, devem ser injetados. Ao invés de se usar o próprio hormônio pode-se administrar um agonista. No caso de hipersecreção, se o tumor se retirar, não dá pra usar antagonista. Capítulo 62 - O hipotálamo endócrino A eminência mediana hipotalâmica é o ponto de convergência e integração final de informações geradas em diferentes regiões do organismo. Após processamento e ajuste fino, são transmitidas para a hipófise (por liberação de hormônios específicos), o que modifica basicamente todas as secreções endócrinas do corpo. No hipotálamo há neurônios peptidérgicos que secretam hormônios peptídicos. O potencial de ação gerado no corpo vai até a terminação do axônio, entra cálcio e os hormônios são secretados. Secretam estimuladores ou inibidores da adeno-hipófise (hormônios adeno-hipofisários) e hormônios neuro hipofisários, que ficam armazenados nos terminais axonais na neuro-hipófise: ADH, ocitocina. Os neurônios que secretam para a adeno-hipófise (sistema parvicelular ou túbero-infundibular) têm seus corpos no hipotálamo e enviam axônios para a eminência mediana, onde secretam os hormônios que pelo sistema porta-hipofisário chegam à adeno-hipófise em grandes concentrações. Diferentes regiões têm neurônios que secretam diferentes hormônios (claro que não é tão definitivo assim, por exemplo pelo fato de que diferentes hormônios têm um mesmo precursor). Os neurônios que secretam para a neuro-hipófise têm corpos maiores e axônios longos que vão dar na hipófise posterior, passando pela haste hipofisária. Os corpos estão em dois núcleos hipotalâmicos: supra-ópticos e paraventriculares (alguns neurônios dessas regiões que expressam ADH ou ocitocina projetam-se para outras partes do SN) . É o sistema magnocelular. Interações do Hipotálamo endócrino com o SNC Informações vindas de todo o SNC influenciam na secreção de hormônios no hipotálamo. O hipotálamo também recebe informações do corpo no geral, pelo sistema autônomo (luz, frio, estresse, estado alimentar, osmorreceptores, mecanorreceptores). Fibras dopaminérgicas têm corpos no núcleo arqueado do hipotálamo, e podem inibir (dopamina) neurônios do hipotálamo e da hipófise. Os peptídeos que são liberados pelo hipotálamo e que modulam a atividade da adeno-hipófise podem ser encontrados em outras partes do corpo, exercendo diferentes papeis, por exemplo modulando o SNC, o TGI (sistema nervoso entérico). Somatostatina. TRH - Hormônio liberador de Tireotrofina (TSH) Também tem capacidade de induzir a liberação de prolactina e GH, mas não é considerado fisiologicamente um fator de liberação desses hormônios. GHRH - Hormônio liberador do hormônio de crescimento A secreção de GHRH sofre feedback negativo da presença de GH no sangue. O IGF-1 (fator induzido pelo GH) também exerce efeito inibitório, via somatostatina. A somatostatina tanto inibe a liberação de GHRH quanto diminui a resposta a ele na hipófise. Positivos: endorfinas, glucagon, neurotensina, dopamina, serotonina, noradrenalina. A hipoglicemia é um potente indutorda secreção de GH porque nessa situação há menos liberação de somatostatina. Além disso, na hipoglicemia ocorre ativação de vias noradrenérgicas (receptores alfa) que elevam a secreção de GH. O exercício físico ou outras situações de estresse estimula secreção de GHRH, via noradrenalina (receptores alfa2). Durante a fase de sono de ondas lentas há pico de secreção de GHRH, induzido principalmente por fibras serotoninérgicas e colinérgicas. No somatotrofo o GHRH se liga a receptor que pode ativar o sistema Gs ou Gq. Somatostatina Inibe liberação de GH e TSH na adenohipófise, atua como neurotransmissor ou neuromodulador no SNC, inibe secreção de insulina e glucagon no pâncreas (células delta). Muitas funções, enfim. Vamos tratar aqui da função de inibir liberação de GH. Nesse caso, está sendo secretada por neurônios do hipotálamo. GH e IGF-1 estimulam síntese e secreção de somatostatina. Outros positivos: CRH, glicocorticoides, noradrenalina. Por isso em estresse, muita liberação de CRH pode inibir secreção de GH. Acetilcolina e TRH inibem liberação de somatostatina, ou seja, promovem liberação de GHRH indiretamente. Somatostatina age em receptores acoplados à proteína Gi PRH - Hormônio liberador de Prolactina TRH é liberador de prolactina (?) - está em discussão. VIP induz liberação de Prl. HIP também. Outros: serotonina (durante a lactação), bombesina, substância P, neurotensina, beta-endorfina, encefalina, angiotensina II, ocitocina, histamina e melatonina. Fatores inibidores da secreção de prolactina - DOPAMINA Neurônios dopaminérgicos do núcleo arqueado. O precursor da dopamina é a tirosina. Agem por Gi, Go, Gq. Diminui AMPc e cálcio. Capítulo 63 - A Glândula Hipófise ADENO-HIPÓFISE Hormônios adeno-hipofisários: - Proteicos: GH e prolactina - Glicoproteicos: TSH, LH, FSH - Peptídicos (POMC) ACTH e melanocortinas (MSH, lipotrofina e opiáceos endógenos) HORMÔNIO DO CRESCIMENTO GH e Prl têm estruturas parecidas, o que explica algumas ações em comum. Somatotrofos são metade das células da adenohipófise. Mecanismo: receptores de citocinas, sem atividade quinase intrínseca, mas que interagem com as Janus quinases (JAK) que por sua vez fosforilam as STAT. Outra via é a da MAPK, onde a interação de uma proteína adaptadora, como a Shc, ou a própria JAK leva à ativação da via Ras e Raf e consequentemente à estimulação da via mitogênica da MAPK. Efeitos Crescimento IGF promove crescimento da cartilagem das epífises e é dependente de GH. GH estimula a produção de IGF pelo fígado e outros tecidos. A própria placa epifisária produz IGF-1 em resposta ao GH, que age parácrina e autócrinamente. IGF ativa a mitogênese. Excesso de GH após a puberdade dá acromegalia porque ossos planos, irregulares e curtos, ainda tem resquícios de tecido cartilaginoso (frontais, mandíbula, falanges). E cartilagens nasais. Metabolismo das proteínas GH gera balanço nitrogenado positivo, reflexo de um estímulo da síntese proteica (diretamente pelo GH e indiretamente pelo IGF). Na deficiência de GH ocorre redução da massa de músculo esquelético e cardíaco. Na acromegalia (ou uso de GH como anabolizante), há hipertrofia cardíaca, hepatomegalia, esplenomegalia, macroglossia (às vezes). Metabolismo dos carboidratos e lipídeos Diminuição da utilização da glicose pelos tecidos.(lembrando que em cobaias sem hipófise a administração de GH tem de início um efeito similar ao da insulina, depois inverte). Excesso de GH pode causar hiperglicemia, portanto. Por isso, durante a hiper secreção desse hormônio observa-se aumento da síntese e secreção da insulina. Os dois hormônios são antagônicos. Eventos intracelulares desencadeados pela ligação do GH ao seu receptor interferem na via de sinalização da insulina. GH reduz a sensibilidade à insulina. Aumento da lipólise pelo estímulo da atividade da enzima lipase hormônio-sensível (LHS) e pelo efeito de antagonizar a insulina (que tem efeitos em inibir a quebra de gordura). Os ácidos graxos sendo usados para energia faz com que se gaste menos glicose, o que também explica parte da hiperglicemia induzida pelo GH. Outras funções Sistema nervoso central: melhora das funções cognitivas, humor, memória e sono. GH atravessa a barreira hematoencefálica - não se sabe como, porque afinal ele é uma proteína enorme. Aumenta resposta de linfócitos e macrófagos aos antígenos. Os IGF têm ações similares à insulina em alguns tecidos. Aumentam a oxidação da glicose em adipócitos, estimulam a captação de glicose no diafragma e no coração, estimulam produção de glicogênio no diafragma. Receptor de IGF tem atividade tirosina quinase intrínseca. Regulação da secreção do GH Todas as interações possíveis entre os 4 componentes: GHRH, somatostatina, GH e IGF-1 fazem parte do feedback. Estimuladores: GHRH, VIP, glucagon, neurotensina (esses três últimos provavelmente através do GHRH). O mesmo provavelmente acontece com dopamina, serotonina e noradrenalina, que só estimulam quando injetados no hipotálamo. Demonstrou-se que o TRH, quando em situação de deficiência de hormônios tireoideanos, é capaz de estimular secreção de GH. Provavelmente os somatotrofos têm receptores para TRH que ficam inibidos em presença de T4 e T3. Além disso, na acromegalia o TRH é capaz de gerar secreção de GH. Grelina também é liberadora de GH (receptor acoplado a Gq no somatotrofo - aumenta cálcio, secreta). Inibidores: somatostatina GH estimula liberação de somatostatina. GH inibe liberação de GHRH. IGF estimula liberação de somatostatina. IGF inibe liberação de GHRH. IGF inibe secreção de GH. Hipoglicemia é grande estímulo para liberação de GH porque inibe liberação de somatostatina. Além disso, hipoglicemia é uma condição de estresse, em que o simpático é ativado (via alfa-adrenérgica), estimulando a liberação de GHRH. O simpático também explica porque o exercício leva a liberação de GH. Precisa aumentar a glicemia quando faz exercício. Hiperglicemia estimula liberação de somatostatina. (faz sentido, porque GH gera hiperglicemia). Aminoácidos, especialmente a arginina, estimula liberação de GH porque inibem a liberação de somatostatina. GH por sua vez estimula a síntese proteica. Em pessoas desnutridas ocorre aumento do GH mesmo sem a presença de aa (afinal a pessoa está desnutrida) mas é por causa da diminuição da produção de IGF por falta de insulina(e o IGF inibe o GH). Sono: serotonina nos estágios III e IV aumentam liberação de GH. PROLACTINA Lactotrofos se diferenciam a partir dos somatotrofos. Efeitos Na reprodução Prl tem efeito inibitório sobre a expressão dos receptores de LH e FSH nas gônadas. Por isso podem ocorrer ciclos anovulatórios em pessoas em fase de amamentação. Na lactação Mamogênese na puberdade depende de Prl, estrógeno, progesterona, tireoideanos, insulina, corticosteróides. A Prl age mais no desenvolvimento do sistema lóbulo-alveolar. Prl induz expressão de enzimas relacionadas à síntese de lactose e caseína e a lactaçaõ propriamente dita. A lactação só começa depois do parto, o que sugere que altos níveis de estrógeno e progesterona circulantes inibam a expressão dos receptores de Prl. Os níveis de Prl no sangue já estão bem altos antes do parto, mas não tem efeito por falta de receptor. No metabolismo intermediário Estimula síntese proteica, aumenta a formação de condroitin-sulfato na cartilagem e aumenta glicemia. Também ajuda na resposta imunológicas. Ou seja, funções em comum com o GH, porque são proteínas muito parecidas. Regulação da secreção de Prolactina Dopamina do hipotálamo, que chega pelo sistema porta-hipofisário, inibe liberação de Prl. A dopamina se liga a receptores D2 no lactotrofo, o que diminui AMPc, abre canais de potássio e diminui concentração de cálcio. Inibição de liberação de Prl e da sua transcrição gênica. O GABA inibe também, mas sua concentração no sistema porta é muito baixa para ser considerado um fator importante. O GAP, liberado junto com GnRH, inibe também. Isso explica porque há variações alternadas de secreção de Prl egonadotrofinas em várias situações. Estrógenos estimulam secreção de Prl (em si) e também a quantidade de lactotrofos. TRH estimula secreção de Prl. Glicocorticóides e hormônios tireoideanos tendem a suprimir a secreção de Prl induzida por TRH. Situações de estresse: aumento de secreção da prolactina através da serotonina. Prl estimula liberação de dopamina. NEURO-HIPÓFISE ADH e ocitocina têm alta homologia estrutural. 9 aas, 7 idênticos. Exocitose por entrada de cálcio. Dentro dos grânulos de secreção estão ligados a neurofisinas, que talvez tenham o papel de impedir sua difusão fora de hora. São secretados juntos, mas não ligados, em proporção equimolar, então pode-se medir as neurofisinas no plasma para checar a taxa de secreção hormonal. Não têm papel biológico conhecido. Os neurônios magnocelulares do trato hipotálamo-neuro hipófise (núcleo supraóptico e núcleo paraventricular) secretam ADH ou ocitocina, cada um. 70% secreta ADH. Alguns neurônios do NPV, que são menores e mandam axônios à eminência mediana, sintetizam TRH, CRH, somatostatina, substância P e ADH. São a porção parvicelular do NPV. HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO Ações renais e ações na musculatura lisa dos vasos. Ações renais Age nos túbulos renais estimulando o processo de reabsorção de água do filtrado glomerular, diminuindo a perda de água. Diabetes insipidus: deficiência de ADH, aumento brutal do volume urinário. Age nos receptores V2 nas membranas basolaterais das células epiteliais dos ductos coletores e alça de Henle. Acoplados à Gs, aumento do AMPc, ativação da PKA, aquaporinas levadas à membrana apical (já estavam em vesículas, prontas) e transporte de cloreto de sódio na alça de Henle (a grosso modo, mecanismo que aumenta a absorção de água porque deixa a medula renal mais hipertônica e dilui o líquido intratubular). Ações nos vasos (ação secundária do ADH) Contração das arteríolas, aumento da resistência periférica total, aumento da pressão arterial como consequência. Isso fisiologicamente é imperceptível porque há uma rápida resposta reflexa cardiovascular que mantém a pressão inalterada. Receptores V1 no músculo liso das arteríolas, proteína Gq, ativação da PKC e aumento do cálcio, contração muscular. O choque hipovolêmico é uma situação em que se pode facilmente verificar a importância do ADH na manutenção do tônus vasomotor. Nesse caso há aumento de 100 vezes no ADH plasmático. Por exemplo, cães sem hipófise morrem de pequenas hemorragias. Mas quando se dá ADH eles sobrevivem. Regulação da secreção de ADH Osmolaridade plasmática Em adultos saudáveis, é de cerca de 280 mOsm/kg. Acima disso a secreção de ADH aumenta rápida e progressivamente com o aumento da osmolaridade. É o chamado limiar osmótico de secreção do ADH. Os osmorreceptores estão fora da barreira hematoencefálica, em órgãos circunventriculares como o OVLT (órgão vasculoso da lâmina terminal) e o OSF (órgão subfornical). O mecanismo de ativação dos osmorreceptores é o fluxo de água dessas células em decorrência do aumento da osmolaridade plasmática. Essa perda de água promove uma deformação estrutural da célula, levando a um aumento da frequência de disparo de potenciais de ação. Essas descargas atingem o NSO e o NPV no hipotálamo, que passam a deflagrar também mais potenciais de ação, ou seja, secretam mais ADH. Como o estímulo é por alteração no conteúdo de água, fica claro porque nem todo tipo de soluto tem o mesmo efeito nessas células. São muito sensíveis a alteração de sódio e seus ânions, por causa da baixa permeabilidade da membrana ao sódio. Já glicose e ureia, que penetram mais fácil, não têm quase nenhum efeito na secreção de ADH. Osmorreceptores periféricos A secreção de ADH diminui poucos minutos depois da ingestão de água, antes de a osmolaridade plasmática mudar, porque há receptores em regiões como a veia porta. Ao mesmo tempo, uma pessoa com osmolaridade normal do plasma que ingerir muito sódio terá um aumento de ADH antes de a osmolaridade de seu plasma se alterar. Volemia e pressão arterial Volorreceptores no átrio esquerdo (pouco importantes). Barorreceptores nos seios carotídeos e arco da aorta. Hemorragia leva a aumento de secreção de ADH (aumentar resistência periférica, diminuir a pressão arterial). Estiramento do átrio e da carótida e aorta (resultantes de aumento de pressão e volemia) causam diminuição da liberação de ADH - para que a gente jogue mais água na urina. Hipovolemia causa aumento da secreção de ADH por causa da diminuição desse tônus inibitório. Nervos glossofaríngeo e vago levam informações dos barorreceptores para o núcleo do trato solitário, de onde fibras vão para o NSO e NPV, inibindo a secreção de ADH. Essas fibras inibitórias são noradrenérgicas. Há integração entre esses dois tipos de regulação (osmolaridade x volemia e pressão). Situação de hipovolemia: osmolaridades menores que 280 já são suficientes para ativar secreção de ADH. Mas se a osmolaridade cair abaixo do novo limiar, não vai haver secreção de ADH mesmo que isso fosse esperado com base na volemia/pressão. Situação de hipervolemia: é necessário mais que 280 para ativar secreção de ADH. SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA Angiotensina II é potente vasoconstritor. Angiotensina II estimula liberação de aldosterona. Aldosterona aumenta reabsorção de sódio e água nos rins. Angiotensina II estimula liberação de ADH. Hipovolemia aumenta níveis de angiotensina II. OUTROS FATORES Náusea é estímulo potente para liberação de ADH. Centro do vômito está conectado a NSO e NPV. Nicotina e morfina estimulam o centro do vômito e também a secreção de ADH. Estresse (dor, emocional, exercício) aumenta secreção de ADH. Discussão sobre a relevância disso. Glicocorticoides modulam secreção de ADH porque têm efeito inibitório na sua expressão gênica. Hipóxia estimula liberação de ADH quando associada a hipotensão e ou náusea. O ADH é metabolizado no fígado e excretado pelos rins. Meia-vida de 30 a 40 minutos. OCITOCINA Ação no útero Aumento da frequência e duração dos potenciais de ação do músculo liso do útero. O estrógeno traz o potencial de repouso mais perto do limiar, facilitando a ação da ocitocina. Acredita-se que a ocitocina tem esses efeitos por causa de um aumento generalizado da permeabilidade das membranas das células musculares. Aumenta canais de sódio no sarcolema, aumenta cálcio no citosol (RE e extracelular). Estiramento do colo do útero pelo bebê ativa reflexo neuroendócrino que aumenta secreção de ocitocina. Via medula espinhal e tronco encefálico, chegam aos NPV e NSO. Feedback positivo até a expulsão do feto. Ação na glândula mamária Age nas células mioepiteliais que envolvem alvéolos e ductos galactóforos menores. Reflexo de ejeção do leite desencadeado em resposta à sucção do mamilo. Mecanorreceptores do mamilo disparam potenciais de ação que vão para medula, tronco encefálico e hipotálamo, onde atingem os neurônios ocitocinérgicos. O choro do bebê também ativa esse reflexo. Regulação da secreção As vias que começam com os mecanorreceptores do colo do útero, canal vaginal e mamilo são colinérgicas. As catecolaminas exercem efeitos inibitórios sobre a liberação de ocitocina. Capítulo 64 - A Glândula Pineal A melatonina não faz parte das categorias clássicas de hormônios. É uma indolamina derivada do triptofano. Grupos acetil e metoxi dão à molécula, respectivamente, hidro e lipossolubilidade. Anfotérica. Vai para qualquer lugar. A dupla dá poder antioxidante. A secreção de melatonina faz com que o organismo consiga perceber se é dia ou noite e qual é a estação do ano. A partir daí, são disparados mecanismos adaptativos que envolvem todos os sistemas fisiológicos e que dependem da história evolutiva da espécie - qual estação é melhor para reproduzir, se o animal é noturno ou diurno, etc. De qualquer forma, a melatonina é sempre secretada em período escuro. É a partir da percepção de diferentes durações de período escuro que se sabe qual é a estação do ano. Caminho: Retina Regiões hipotalâmicas periquiasmáticas(principalmente núcleo supraquiasmático) Núcleo paraventricular Neurônios pré-ganglionares do simpático, na medula torácica alta Gânglio cervicais superiores (simpático) Pineal Portanto controle noradrenérgico simpático sobre a pineal varia circadianamente. Beta 1. A serotonina, intermediária entre triptofano e melatonina, tem maiores concentrações durante o dia. A enzima que faz a acetilação da serotonina (NAT) é a mais importante da cadeia de síntese da melatonina, e tem um ritmo circadiano porque é dependente da estimulação noradrenérgica simpática. Aumento do AMPc decorrente do beta 1 e alfa 1 (para adrenalina) aumenta a atividade da enzima dezenas de vezes. O beta 1 vai pela Gs. Alfa 2 vai pela Gq, aumenta cálcio (extracelular e RE) que também ativa NAT. Essas ações do NAT se dão em vários níveis, desde sua fosforilação até mudanças da expressão gênica (PKA->CREB) e alterações de RNAm (livro dá detalhes). A melatonina produzida é imediatamente secretada. Mas há evidências de uma secreção pulsátil. Transporte ligada a proteínas, principalmente albumina. 20 minutos de meia vida. Degradada no fígado e excretada na urina. Melatonina pode agir sem receptores ou com receptores, que podem ser de membrana, citoplasmáticos ou nucleares. Berne e Levy - Capítulo 39 - Regulação hormonal do metabolismo do cálcio e do fosfato A absorção intestinal de cálcio e fosfato é regulada por calcitriol (1,25-di-hidroxivitamina D) e PTH. São denominados hormônios calciotrópicos. Também regulam a quantidade de cálcio e fosfato no sangue, que muda pelos processos de reabsorção/formação óssea e excreção/absorção no rim. Cálcio é encontrado de 3 formas: livre (metade), associado a ânion e ligado a proteínas. A maior parte do fosfato circula de forma livre, mas pode estar junto com proteínas e cátions. Há muito mais fosfato dentro das células do que cálcio. Quando há uma lesão como esmagamento há hiperfosfatemia, muito fosfato no sangue. Como o fosfato gruda no cálcio, isso gera hipocalcemia aguda. PTH PTH estimula produção de vitD ativa. Protege contra a hipocalcemia, recrutando cálcio para o sangue. Meia vida curta, 5 minutos. Baixa concentração de cálcio no sangue estimula secreção de PTH. As células principais da glândula paratireoide têm receptores sensíveis ao cálcio. Apesar de a afinidade ser relativamente baixa, alterações mínimas no cálcio do sangue geram grandes secreções de PTH. Regulação minuto a minuto, muito sutil. Além da regulação da secreção em si, a via ativada pelos receptores de cálcio levam à inibição da expressão do gene do PTH. O gene do PTH também é inibido pela VitD. Osteoblastos têm receptor para PTH. Túbulos proximais e distais dos néfrons têm receptor para PTH. Vitamina D A VitD é um pró-hormônio que precisa ser hidroxilado nos carbonos 1 e 25 para ficar ativo. A luz ultravioleta converte o 7-de-hidrocolesterol em vitamina D3 (colecalciferol) nas camadas basais da pele. Também obtemos na alimentação. Isso vai para o fígado. Lá sofrem a hidroxilação no carbono 25. Nos túbulos proximais dos rins, é novamente hidroxilada, agora recebendo uma hidroxila no carbono 1. Então se gera a versão mais ativa da VitD. A vitamina D e seus metabólitos circulam no sangue ligados principalmente à proteína de ligação da vitamina D (DBP), uma glicoproteína sérica sintetizada pelo fígado. Assim ela tem uma meia-vida mais longa. A 1alfa-hidroxilase é muito controlada a nível transcricional. A 1,25-VitD inibe sua expressão e estimula expressão da 24-hidroxilase. Cálcio baixo no sangue estimula indiretamente a expressão da 1alfa-hidroxilase porque aumenta os níveis de PTH. Cálcio alto no sangue inibe a atividade da 1alfa-hidroxilase diretamente através dos receptores sensíveis a cálcio do túbulo proximal. Alimentação pobre em fosfato estimula a atividade da 1alfa-hidroxilase, sem participação de PTH. A VitD ativa (com as duas hidroxilações) se liga no receptor nuclear da vitD (VDR). O VDR é um fator de transcrição que forma um heterodímero com o receptor do retinoide X. As ações genômicas ocorrem em algumas horas ou dias. Há também efeitos rápidos, como na indução de absorção do cálcio pelo duodeno. Ocorre mais absorção de cálcio no intestino quando temos pouco cálcio no sangue, porque o cálcio baixo estimula fabricação de vitD que por sua vez estimula a absorção no intestino. 3 vias de absorção de cálcio no intestino: - Transcelular, regulada pelo cálcio - Transcelular, regulada por hormônios - Paracelular, passiva A passagem pela membrana apical nos enterócito é facilitada por canais de cálcio (TRPV5 e TRPV6). Dentro do enterócito o cálcio se liga a um tipo de calbindina, que mantém a concentração de cálcio livre baixa dentro da célula, o que por sua vez mantém o gradiente eletroquímico necessário para que o cálcio possa continuar entrando. Na membrana basolateral, o cálcio é colocado para fora contra o gradiente, através da cálcio-ATPase da membrana plasmática (PMCA). Também há trocador de sódio/cálcio. A vitD estimula a produção de todos os componentes envolvidos na absorção do cálcio no intestino. Osso O fator RANKL se liga ao receptor RANK e promove osteoclastogênese e atividade dos osteoclastos, ou seja, reabsorção. Quando o osteoblasto secreta osteoprotegerina (OPG), ela gruda no RANKL e por isso diminui a atividade do RANK, diminuindo a atividade dos osteoclastos. Há receptor para PTH nos osteoblastos, mas não nos osteoclastos. Há receptores de calcitonina nos osteoclastos. Ela tem pouco papel fisiológico em humanos mas pode ser usada terapeuticamente. Os osteoblastos também precisam de vitamina D para depositar osteoide. PTH faz os osteoblastos produzirem RANKL (reabsorção). PTH inibe secreção de OPG. Estrógeno e testosterona e calcitonina estimula secreção de OPG
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