Buscar

Afogamento: Causas e Fisiopatologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Afogamento 
Introdução 
• Definição: aspiração de líquido não 
corporal por submersão ou imersão. 
Trata-se de incidentes não intencionais de 
submersão em água que provocam lesão; 
• Equivale a 0,7% de todas as mortes 
ocorridas no mundo (mais de 500 mil 
por ano). Este número subestima o total, 
porque não inclui mortes por afogamento 
resultantes de enchentes, inundações, 
acidentes de navegação, tsunamis, 
suicídios ou homicídios; 
• É uma causa importante de morte 
evitável em todos os grupos etários, mas é 
epidêmico em crianças; 
• Causas de morte externa: 
 - 7ª causa de morte em todas as idades; 
 - 5ª causa de morte nos lactentes (< 1 ano 
de idade); 
 - 2ª causa de morte entre 1 e 14 anos de 
idade; 
• Quando se ajusta o tempo de exposição 
à água com o de exposição ao tráfego, o 
risco de morrer afogado é 200x maior do 
que o de perder a vida no trânsito. 
 
→ Estimativa de local de óbitos 
por afogamento não intencionais: 
• Referentes ao Brasil, no ano de 2010; 
• Águas naturais: aproximadamente 
90%; 
 - 75% em água doce; 
 - 25% em rios com correnteza (river 
stream); 
 - 20% em represa (dam); 
 - 13% em remanso de rio (backwater 
river); 
 - 5% em lagoas (lakes/ponds); 
 - 5% em inundações; 
 - 3% em baías (bay); 
 - 2% em cachoeiras (waterfalls); 
 - 2% em córrego (stream); 
 - 15% em praias oceânicas (ocean 
beaches); 
• Águas não naturais: 8,5%; 
 - 2,5 % em banheiros, caixas de água, 
baldes e similares; 
 - 2% em galerias de águas fluviais 
(fluvial); 
 - 2% em piscinas (pools); 
 - 2% em poços (well); 
• No uso de embarcações: 1,5%. 
 
Mecanismo de 
lesão 
• Algo errado à pânico à vítima prende a 
respiração à falta de ar à queda na 
flutuação à exaustão pelo esforço de se 
manter ou chegar até a superfície da água 
à esforço inspiratório reflexo joga água 
na faringe e na laringe, causando uma 
resposta de sufocamento ou 
laringoespasmo à afogamento/parada 
cardíaca à morte; 
• Vítimas de submersão raramente são 
vistas gritando ou acenando por ajuda 
enquanto lutam para se manter acima 
da superfície da água. 
 
Fisiopatologia 
• A água nos alvéolos inativa o surfactante, 
“lavando” os alvéolos; 
• Fluído nos pulmões + perda 
surfactante ( = queda na complacência 
pulmonar, aumento na shuntagem arterial 
(comunicação entre as artérias e as veias), 
Marianne Barone (15A) Disciplina – Prof. Marianne Barone (15A) Atendimento Pré-Hospitalar – Prof. João Santos 
atelectasias (colapso completo ou parcial 
de um pulmão ou de um lóbulo de um 
pulmão) e broncoespasmo) à efeito 
osmótico rompe integridade da 
membrana alvéolo capilar à aumento 
da permeabilidade da membrana à 
edema pulmonar com queda na troca de 
oxigênio. 
 
Fatores de 
submersão 
• Supervisão inadequada: ocorre 
principalmente com lactentes e crianças 
pequenas, em que o principal fator de risco 
é a supervisão inadequada; 
• Capacidade de nadar: não existe 
associação consistente entre a capacidade 
de nadar e o afogamento; 
• Desmaio em água rasa: alguns 
nadadores, em um esforço para aumentar a 
sua distância de nado, hiperventilam de 
modo intencional antes de nadar debaixo 
da água, de modo a diminuir a pressão 
parcial de dióxido de carbono arterial 
(PaCO2), uma vez que o nível CO2 
estimula a respiração; 
 - A queda na PaCO2 diminui o feedback 
ao centro respiratório no hipotálamo 
durante o período em que a respiração é 
presa; 
 - A pressão parcial arterial de oxigênio 
(PaO2) não é significativamente aumentada 
pela hiperventilação; 
 - Conforme o indivíduo continua a nadar 
por baixo d’água, a PaO2 cai muito, 
podendo causar perda de consciência e 
hipóxia cerebral; 
• Imersão acidental em água gelada: as 
alterações fisiológicas que ocorrem com a 
imersão em água gelada podem sofrer 
efeito desastroso ou protetor do frio sobre 
o organismo, dependendo de várias 
circunstâncias. Os resultados adversos 
são mais comuns, resultando em colapso 
cardiovascular e morte súbita minutos 
após a imersão em água gelada; 
• Idade: ocorre mais em pessoas jovens, 
como as crianças pequenas, por causa da 
sua natureza curiosa e pela ausência de 
supervisão dos pais; 
• Sexo: no mundo, homens se afogam e 
morrem em média 5x mais que as 
mulheres. Homens representam +50% das 
vítimas de submersão, com duas 
incidências máximas relacionadas à idade 
(1º pico aos 2 anos de idade e 2º pico aos 
18 anos de idade), que ocorrem por fatores 
como: 
 - Índices de exposição às atividades 
aquáticas; 
 - Consumo de álcool quando próximos da 
água; 
 - Comportamento de risco; 
• Raça: crianças da raça negra estão mais 
envolvidas em incidentes de submersão do 
que crianças da raça branca (3x mais nos 
EUA); 
• Localização: os incidentes por 
submersão tipicamente ocorrem em águas 
naturais, piscinas domiciliares e no oceano, 
mas também ocorrem em baldes. As casas 
em áreas rurais com poços abertos levam a 
um aumento de 7x no risco de afogamento 
de uma criança pequena. Outros lugares 
perigosos são barris de água, fontes e 
cisternas; 
• Álcool e drogas: o álcool é a principal 
droga associada a incidentes por 
submersão, provavelmente por causar uma 
diminuição da capacidade de 
discernimento. Em adultos, nos Estados 
Unidos da América, até 20% a 30% dos 
incidentes em barcos e de submersão 
envolvem o uso de álcool. Os principais 
fatores são: 
 - Alta velocidade; 
 - Direção da embarcação de modo 
imprudente; 
 - Ocupantes em alta imobilização da 
coluna vertebral na água; 
 - Falta de uso de coletes salva-vidas; 
• Doença subjacente ou trauma: uma 
doença causado por uma patologia 
subjacente pode ser responsável pelas 
vítimas de submersão, como: 
 - Hipoglicemia; 
 - Infarto do miocárdio; 
 - Arritmias cardíacas; 
 - Depressão; 
 - Tendências suicidas; 
 - Síncope; 
• Abuso infantil: uma alta incidência de 
abuso infantil ou negligência de incidentes 
por submersão é registrada, principalmente 
em banheiras; 
• Hipotermia: o afogamento pode resultar 
diretamente de uma imersão prolongada, 
que leva a hipotermia. 
 
Fatores que 
influenciam o 
prognóstico em 
água gelada 
• Idade: a menor massa corporal de uma 
criança resfria mais rapidamente que o 
adulto, levando a uma menor formação de 
produtos nocivos pelo metabolismo 
anaeróbio, causando menos lesões 
irreversíveis; 
• Tempo de submersão: quanto menor a 
duração da submersão, menor o risco de 
lesão celular pela hipóxia; 
• Temperatura da água: a água com 
temperatura igual ou abaixo de 21ºC é 
capaz de induzir hipotermia. Quanto mais 
fria for a água, maior a chance de 
afogamento, mas também de 
sobrevivência; 
• Luta: as vítimas de afogamento que se 
debatem menos têm mais chance de ser 
reanimadas (a menos que seus esforços 
sejam bem-sucedidos e evitem o 
afogamento). Menos esforço significa 
menor liberação de hormônios e menor 
atividade muscular; 
• Qualidade da água: as vítimas 
geralmente têm melhor evolução após a 
reanimação se a submersão tiver ocorrido 
em águas limpas, em vez de em águas 
barrentas ou contaminadas; 
• Qualidade da RCP e dos esforços de 
reanimação: vítimas que recebem RCP 
adequada e eficiente, associada a medidas 
apropriadas de reaquecimento e de suporte 
avançado à vida, geralmente, apresentam 
melhor evolução. Toda vítima de 
incidente de submersão deve receber 
esforços completos de reanimação, a 
despeito da presença ou ausência de 
qualquer um desses fatores 
prognósticos; 
• Lesões ou doenças associadas: vítimas 
com lesões ou doenças preexistentes, ou 
que ficam doentes ou sofrem lesão 
juntamente com a submersão, não 
apresentam resultados tão bons quanto os 
indivíduos saudáveis. O risco de 
afogamento em pessoas com epilepsia é 15 
a 19x maior do que o observado na 
população geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classificação 
Grau Apresentação da Vítima Taxa de mortalidade 
(%) 
1 Tosse, sem espuma na boca ou 
nariz 
0% 
2 Pouca espuma em boca ou nariz 1% 
3 Muita espuma em boca e/ou nariz, 
com pulso radial 
4 a 5%4 Muita espuma em boca e/ou nariz, 
sem pulso radial 
18 a 22% 
5 Parada respiratória com pulso 
carotídeo ou sinais de circulação 
(+) 
31 a 44% 
6 Parada cardiorrespiratória 88 a 93% 
Condutas 
→ Retirada da água: 
• Recomendações para o resgate seguro 
de uma vítima que está na água; 
• Alcançar: tente realizar o resgate 
aquático alcançando a vítima com um 
pedaço de pau, remo ou qualquer coisa, de 
modo que o socorrista fique em terra ou no 
barco. Cuidado para não ser 
inadvertidamente puxado para a água; 
• Jogar: quando alcançar não é possível, 
jogue algo para a vítima, como um colete 
salva-vidas ou cordas, para que ela flutue; 
• Rebocar: assim que a vítima tiver uma 
linha de resgate, reboque-a com segurança; 
• Atravessar: caso a entrada na água seja 
necessária, é preferível usar um barco ou 
remo para alcançar a vítima, vestindo 
equipamento de flutuação pessoal; 
• Resgates a nado não são 
recomendados, a não ser que o 
socorrista tenha treinamento adequado, 
já que a vítima pode, rapidamente, 
entrar em pânico e ser violenta, criando 
um possível afogamento duplo. Muitos 
socorristas bem-intencionados tornam-
se vítimas, já que sua própria segurança 
não foi a prioridade. 
 
→ Avaliar os ABC’s: 
• Airway (via aérea), Breathing 
(ventilação), Circulation (circulação); 
• Quando a vítima chega à terra; 
• Consciente: corresponde a 99,5% dos 
casos. Deve-se deitá-la de barriga para 
cima, com o tronco e a cabeça no mesmo 
nível; 
• Inconsciente: corresponde a 0,5% dos 
casos; 
 - Respirando: coloca-la em decúbito 
lateral (PLS), para evitar que aspire o 
conteúdo do estômago em caso de vômito; 
 - Sem respirar: 
 ▷ Coração batendo: respiração boca-
boca; 
 ▷ Coração parado: início rápido de 
RCP

Continue navegando