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Execução por quantia certa contra devedor solvente 1) Considerações iniciais -> A execução por quantia certa é a execução para cobrança em importância em dinheiro (= pecúnia). É a mais utilizada na prática. Ex: execução por alugueis em atraso; execução da nota promissória. -> Objetivo: expropriar bens do devedor. Artigo 824 CPC: A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais. Obs: é diferente de desapropriação (forma de poder público intervir na propriedade privada). Regida pelo direito administrativo. 1.1) Há 3 formas de fazer a expropriação: 1º) Adjudicação (artigo 876 CPC): ocorre quando o credor aceita o bem que foi penhorado como forma de pagamento da dívida. Ex: João me deve 20 mil. Ajuizei uma execução por quantia certa. Neste caso, o carro de João foi penhorado e vale 20 mil. Posso aceitar esse carro como forma de pagamento e aí será realizada a adjudicação. 2º) Alienação (artigo 879 CPC): venda do bem que foi objeto de penhora. Pode ocorrer de 2 formas: A) Por iniciativa particular (artigo 880 CPC): quem vende o bem é o próprio exequente ou um corretor credenciado em juízo ou um leiloeiro credenciado em juízo. B) Por leilão judicial presencial ou eletrônico (artigo 881 CPC): é designado um leilão judicial para a venda do bem. *Pode ser um leilão: -> Presencial: pessoas comparecem e oferecem lances. -> Eletrônico: realizado pela internet. Resolução 236/16 CNJ. 3º) Apropriação de frutos e rendimentos (artigo 867 CPC): ocorre quando o credor ficar com os frutos e rendimentos que são produzidos pelo bem penhorado. Aqui o credor não fica com o bem, pois não se trata de adjudicação. Ex: imóvel penhorado está alugado. Credor poderá receber os alugueis até que cheue ao valor final. 2) Dicotomia de regimes: *Há 2 sistemas de execução por quantia certa A) Destinado a execução dos títulos extrajudiciais (artigo 824 a 909 CPC): aqui tem-se uma ação de execução que dará origem a um processo autônomo de execução. Defesa do devedor: embargos à execução (artigo 914 e ss CPC), prazo de 15 dias. B) Destinado a execução dos títulos judiciais: quando alguém é condenado a pagar uma importância em dinheiro, a execução dessa determinação é feita dentro de um processo sincrético no módulo executivo de acordo com o artigo 523 CPC. Defesa do devedor: impugnação ao cumprimento de sentença (artigo 525 CPC), prazo de 15 dias. Obs: aplicação subsidiária: as regras da execução por quantia de título extrajudicial são aplicáveis subsidiariamente ao cumprimento de sentença (artigo 771 CPC). 3) Estrutura do rito da execução de título extrajudicial Ex: aluguéis em atraso -> a execução começa com uma petição inicial da ação de execução (observa requisitos). -> se a petição estiver incompleta: o juiz determina a emenda da inicial ou o magistrado também pode indeferir nas hipóteses do artigo 330 do CPC. OBS: de acordo com o STF, somente deve ser acolhido o indeferimento em última hipótese. -> citação do devedor: feita em conformidade com o artigo 829 do CPC, ou seja, o devedor é citado para pagar a dívida em 3 dias, sob pena de penhora de bens. -> penhora/arresto (realizado quando o devedor não for encontrado, mas forem encontrados bens no patrimônio do devedor) e avaliação (oficial de justiça atribui um valor ao bem que foi motivo de penhora ou arresto). -> feita a penhora, intima-se o executado dessa penhora para formular querendo requerimento de substituição do bem penhorado no prazo de 10 dias contados da intimação da penhora (artigo 847 CPC). -> fase de avaliação ou dispensa dessa avaliação (artigos 870 e 871 CPC): não é a avaliação pelo oficial de justiça, é feita por um perito avaliador para que ele atribua um valor ao bem penhorado. Será dispensada quando, por exemplo, as partes concordam com o valor penhorado. -> o juiz dará início a prática dos atos de expropriação: adjudicação, alienação ou apropriação de frutos e rendimentos. -> fase final do procedimento: etapa da extinção da execução por meio de sentença (artigo 925 do CPC). Defesa: recurso de apelação. 4) Petição inicial da ação de execução por quantia certa 4.1) Requisitos Deverá atender requisitos: genéricos e específicos (unidade III – artigos 319, 798 e 799 CPC). -> deve indicar o juízo competente (unidade I). -> qualificar as partes. Descrever fatos, fundamentos jurídicos. Valor da causa. -> é importante o exequente juntar a memória de atualização da dívida e também o título executivo. 4.2) Emenda da inicial Se a PI apresentar algum defeito, o juiz determinará a emenda da inicial. Ex: esqueceu de juntar a memória de atualização da dívida. Artigo 801 CPC. -> prazo de 15 dias para emendar. Obs: como regra, os embargos à execução não paralisam a execução, ou seja, não terão efeito suspensivo. Obs: se o exequente não emendar a PI: o juiz irá proferir uma sentença de indeferimento da PI e extinguindo o processo. Recurso cabível é o de apelação (artigo 1.009 CPC) -> essa apelação tem uma peculiaridade: possibilidade de juízo de retratação pelo magistrado – efeito repositivo (artigo 331 CPC). 5) Citação 5.1) Finalidade na execução por quantia certa artigo 829 CPC): o executado é citado para pagar a dívida no prazo de 3 dias, sob pena de não fazendo, serem penhorados bens do patrimônio dele. -> pode pedir uma moratória, o pagamento parcelado da dívida, tem critérios previsto na lei (916 CPC). Obs: no processo de conhecimento a pessoa é citada para comparecer a uma audiência. 5.2) Fixação de honorários advocatícios: O juiz quando manda citar o executado, no mesmo despacho, fixará os honorários advocatícios sucumbências a serem pagos pelo executado. Valor de 10% do valor que está sendo cobrado. -> esses honorários advocatícios podem ser majorados? A lei fala em 10%, mas PODEM SER majorados em 20% em 2 HIPÓTESES: 1º) quando forem rejeitados os embargos a execução do devedor. 2º) o juiz, ao final do procedimento executivo, levando em conta o trabalho do advogado, aumenta os honorários em até 20%. Ex: uma execução que está tramitando a 10 anos. 5.3) Prazo para pagamento da dívida (artigo 829 CPC) -> prazo de 3 dias contados a partir da citação (ato citatório). 6) Situações possíveis/passíveis de ocorrência A partir da citação, 4 situações podem ocorrer: 1º) Executado é citado e faz o pagamento da dívida. 2º) Executado não é encontrado -> caberá arresto. 3º) Executado se mantém inerte (= não faz nada). 4º) Executado requer o parcelamento da dívida. 7) Pagamento da dívida -> devedor paga a dívida em 3 dias. Juiz proferirá uma sentença de extinção da execução na forma dos artigos 924, II e 925 CPC. Detalhe importante: diminuição de honorários advocatícios sucumbências pela metade (5%). Benefício para o devedor (sanção premial). 8) Devedor não encontrado 8.1) Diligências -> o oficial de justiça ao não encontrar o devedor, deve realizar diligências -> tentar saber por meio de vizinhos, comerciantes se sabem do paradeiro do devedor. *se o oficial de justiça encontrar o devedor realiza a citação. *se não encontrar o devedor, mas encontrar bens no patrimônio do devedor, o oficial irá realizar o arresto (= pré-penhora). Ex: oficial encontra a mãe do devedor, ela diz que o filho está no exterior, mas que a casa em que ela está é dele. 8.2) Arresto: é uma pré-penhora. -> feito o arresto, nos 10 dias seguidos, em 2 oportunidades distintas, o oficial procura novamente o devedor para tentar cita-lo. Obs: se o devedor está se escondendo, poderá fazer citação por hora certa (artigos 252 a 254 CPC). Se não há suspeita de ocultação, o oficial devolve o mandado ao cartório para ser juntado aos autos. -> devolvido o mandado ao cartório, o exequente requererá, por petição simples, a citação por edital do executado. O edital terá um prazo de dilação, estabelecido pelo juiz, de 20 a 60 dias (artigo 257, III CPC). -> finalizado o prazo do edital, fixado pelo juiz, o executado terá ainda 3 dias para fazer o pagamento da dívida. Se não fizer o pagamentoda dívida, o arresto é transformado em penhora. 8.3) Aplicação nos Juizados Especial -> tudo será igual. Enunciado 37 do FONAJE: possibilidade de aplicação do arresto nos JE. -> entretanto, a lei 9.099/95 em seu artigo 18, §2º proíbe a citação por edital. Porém, a jurisprudência, interpretando esse artigo, se aplica apenas ao processo de conhecimento. Logo, é possível a citação por edital nos juizados especiais nos processos de execução. 9) Inércia do devedor -> aqui o executado foi encontrado e citado, mas se manteve inerte. 9.1) Realização da penhora, avaliação e intimação -> o oficial de justiça voltará na casa do devedor e irá penhorar seus bens. Também fará a avaliação desse bem, lhe dando um valor. -> após penhorado e avaliados, o oficial irá intimar o devedor. 9.2) Intimação do devedor (841 CPC) *3 regras em relação a essa intimação: 1º) se a penhora foi feita na presença do devedor: é desnecessária uma intimação formal dele, basta que o oficial certifique a penhora foi feita na presença do devedor/executado. 2º) se o devedor não estiver presente no momento da penhora, mas tinham parentes dele lá: -> se tem advogado nos autos: intima-se o advogado ou a sociedade de advogados do devedor. 3º) caso não tenha advogado no processo: será intimado o próprio executado por meio de carta com aviso de recebimento (famoso AR). 10) Requerimento de parcelamento da dívida (916 CPC) -> é também conhecido como moratória judicial. -> em conformidade com a lei, é um direito do devedor. 10.1) Prazo para requerer o parcelamento -> deve ser formulado no prazo para apresentação dos embargos de execução, ou seja, 15 dias úteis. 10.2) Forma desse parcelamento -> definida em lei = executado terá que pagar 30% a vista e o restante em até 6 prestações mensais, que serão adicionadas de juros de mora de 1% ao mês e correção monetária pelos indicadores oficiais. -> nada impede que o executado faça um acordo com o exequente no sentido de fazer o parcelamento de forma diferida. 10.3) Procedimento desse parcelamento -> o parcelamento é requerido por meio de uma simples petição pelo executado informando o quantas prestações quer pagar. Aqui, ele já tem que pagar os 30% a vista e o restante em ate 6 prestações mensais. -> requerido o parcelamento, o juiz, em respeito ao contraditório, mandará intimar o exequente. Aqui o exequente não pode discordar puro e simplesmente do parcelamento. Ele irá se manifestar impugnando sobre o preenchimento dos pressupostos para requerer o parcelamento. -> após ouvir o exequente, o juiz proferirá uma decisão interlocutória deferindo ou não o parcelamento da dívida. O recurso cabido é o de agravo de instrumento. -> deferido o parcelamento da dívida, o juiz determinará a suspensão dos atos executivos. Isso não quer dizer que os atos executórios vão ser inválidos, eles continuam validos, apenas estarão suspensos. A suspensão vai ate que o executado cumpra o parcelamento que ele propôs. -> se o executado não cumprir o parcelamento da dívida: terá consequências -> 1º) vencimento antecipado de todas as prestações. Ocorre com a continuação da execução, ou seja, a execução que estava suspensa vai prosseguir. 2º) imposição de uma multa de 10% do saldo devedor em aberto, ou seja, das prestações em atraso (= do que falta pagar). *Essa multa será destinada ao exequente. 10.4) Aspectos relevantes do parcelamento no NCPC -> o pedido de parcelamento da dívida é incompatível com a oposição de embargos a execução. Logo, o executado pede o parcelamento ou se defende apresentando embargos a execução. Ocorre preclusão lógica. Artigo 916, §6º CPC: A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor embargos. -> o parcelamento da dívida não se aplica no cumprimento de sentença, ou seja, só se aplicará na execução de título extrajudicial. Artigo 916, §7º CPC: O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença. A jurisprudência que se formou sobre a égide do código antigo deverá ser superada a partir da técnica do overruling (= utilizada quando um precedente é superado a partir do advento de uma lei nova incompatível com o precedente anterior). 11) Penhora 11.1) Conceito: penhora é a vinculação de um determinado bem do patrimônio do devedor a uma execução. Antes da penhora havia muita indeterminação quanto aos bens do patrimônio do devedor que responderiam a execução. Uma vez feita a penhora, ela passa a recair apenas a esse bem. -> Distinção para penhor: penhora não se confunde com penhor. 3 diferenças. PENHORA PENHOR é um instituto de direito processual é instituto de direito material é uma medida executiva, adotada no processo de execução é um contrato que da origem a um direito real de garantia. O bem está penhorado O bem está empenhado ou apenhado
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