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Carla Newton Scrivano Licenciada em Biologia e consultora para projetos relacionados à disciplina Eraldo Rizzo de Oliveira Licenciado em Física e professor da disciplina para a Educação Básica Julio Cezar Foschini Lisbôa Licenciado em Química e professor da disciplina para o Ensino Superior Maria Carolina Cascino da Cunha Carneiro Doutora em Educação Matemática e professora da disciplina para o Ensino Superior Miguel Castilho Junior Licenciado em Biologia e professor da disciplina para a Educação Básica Rubem Gorski Licenciado em Matemática e professor da disciplina para a Educação Básica 1a edição, São Paulo, 2013 CN_iniciaisMP.indd 1 2/8/14 1:41 PM © Ação Educativa, 2013 1a edição, Global Editora, São Paulo 2013 Global Editora Diretor editorial Jefferson L. Alves Gerente editorial Dulce S. Seabra Gerente de produção Flávio Samuel Coordenadora editoriai Sandra Regina Fernandes Assistente editorial Rubelita Pinheiro Edição e produção editorial Todotipo Editorial Revisão de texto Alexandra Fonseca Desirée Araujo S. Aguiar Hires Héglan Izabel Cristina Rodrigues Roberta Oliveira Stracieri Sheila Fabre Tamara Castro Tereza Cristina Duarte Silva Pesquisa iconográfica Tempo Composto Ilustrações Avelino Guedes Caco Bressane Conexão Editorial Luis Moura Planeta Terra Design Cartografia Conexão Editorial Capa Eduardo Okuno Mauricio Negro Foto da capa Eduardo Garcia/Photographer’s Choice/Getty Images (Plataforma de petróleo e navios na baía de Guanabara, Rio de Janeiro, RJ) Projeto gráfico e editoração eletrônica Planeta Terra Design Direitos Reservados Global Editora e Distribuidora Ltda. Rua Pirapitingui, 111 – Liberdade 01508‑020 – Sao Paulo – SP Tel.: (11) 3277‑7999 – Fax: (11) 3277‑8141 global@globaleditora.com.br www.globaleditora.com.br Ação Educativa Diretoria Luciana Guimarães Maria Machado Malta Campos Orlando Joia Coordenação geral Vera Masagão Ribeiro Coordenação editorial Roberto Catelli Jr. Consultora Maria Cecilia Guedes Condeixa Assistentes editoriais Dylan Frontana Fernanda Bottallo Estagiária em editoração Camila Cysneiros Apoio EED – Serviço de Igrejas Evangélicas na Alemanha para o Desenvolvimento Rua General Jardim, 660 – Vila Buarque 01223‑010 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3151‑2333 – Fax: (11) 3151‑2333 r.: 135 acaoeducativa@acaoeducativa.org www.acaoeducativa.org.br Ciência, transformação e cotidiano : ciências da natureza e matemática ensino médio : Educação de Jovens e Adultos. – 1. ed. – São Paulo : Global, 2013. – (Coleção viver, aprender) Vários autores. Bibliografia. ISBN 978-85-260-1865-5 (aluno) ISBN 978-85-260-1866-2 (professor) 1. Educação de adultos 2. Educação de jovens 3. Ensino médio 4. Livros-texto (Ensino médio) 5. Ciências (Ensino médio) 6. Matemática (Ensino médio) I. Série. 13-04050 CDD-373.19 Colabore com a produção científica e cultural. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a autorização do editor. No de Catálogo (aluno): 3154 No de Catálogo (educador): 3155 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Ensino integrado : Livros-texto : Ensino médio 373.19 CN_iniciaisMP.indd 2 2/8/14 1:41 PM Apresentação As estratégias aplicadas na elaboração desta obra baseiam-se no princípio do direito de todos à educação de qualidade, condição fundamental para o exercício da ci- dadania e para a plena participação na vida social. Assim sendo, disponibilizamos uma obra criada particularmente para jovens e adultos que iniciam ou retomam seus estudos formais no Ensino Médio, focando as necessidades de aprendizagem específicas desse público-alvo. A obra está organizada por áreas de conhecimento, sendo este volume dedicado à área de Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias, incluindo as disciplinas de Física, Química, Biologia e Matemática. Para cada uma das três etapas há dois temas orientadores da produção dos capítu- los, um relacionado às Ciências da Natureza e outro, à Matemática: Energia e consumo, Matemática e vida cotidiana, Ambiente e saúde, A Matemática resolvendo problemas, Ciência e produção, Formas e medidas. Ainda que seja indicada, em cada um dos capí- tulos, a disciplina da área relacionada, a quase totalidade deles pode ser trabalhada inter- disciplinarmente, pois trazem questões que permitem abordagens de todas as disciplinas da área de Ciências da Natureza e de Matemática. Nossa expectativa é que esta obra seja capaz de ampliar os conhecimentos de jovens e adultos em busca por maior qualificação profissional e também por um diálogo cons- tante com o mundo vivido. Queremos que a aprendizagem seja realmente significativa para os alunos, mos- trando que o conhecimento abre portas para a construção de um olhar novo sobre o mundo em que vivemos, no qual nos colocamos como cidadãos, sujeitos ativos capazes de intervir na realidade. Nessa perspectiva, devemos nos preparar para viver em um mundo complexo e de rápidas mudanças científicas e tecnológicas. Assim, a disciplina de Matemática e as da área de Ciências da Natureza devem promover a capacidade de entender a ciência e de- senvolver formas de pensar que permitam aos estudantes posicionar-se diante das cons- tantes transformações tecnológicas presentes em nossa sociedade. Dessa maneira acreditamos que os estudantes da Educação de Jovens e Adultos, além de serem cidadãos que buscam maior qualificação escolar e profissional, são também os participantes ativos nas situações comunicacionais da vida contemporânea. Os autores CN_iniciaisMP.indd 3 2/8/14 1:41 PM Etapa 1 UNIDaDE 1 – ENErgIa E coNsUmo capítulo 1 Leia e entenda rótulos e embalagens 7 capítulo 2 Sem energia, nada feito! 13 capítulo 3 O olhar da Ciência no dia a dia 30 capítulo 4 Substâncias químicas: o que são? Onde estão? 40 capítulo 5 Ser ou não ser alimento? Eis a questão! 48 capítulo 6 Quantidades e proporções de substâncias químicas: do remédio ao veneno 56 capítulo 7 Consumo de energia: medidas e contas 64 capítulo 8 Consumo energético: obesidade e anorexia 75 capítulo 9 Os materiais de ontem e de hoje 82 capítulo 10 Quem não se comunica… 89 capítulo 11 Eu e o meu ambiente 101 UNIDaDE 2 – matEmátIca E vIDa cotIDIaNa capítulo 1 Letras e números 111 capítulo 2 Pagamentos e cia. 125 capítulo 3 Cidades, planejamento, ocupações 134 capítulo 4 Dependência entre grandezas: funções 147 capítulo 5 Fórmulas e direitos 163 capítulo 6 Pitágoras, seu teorema e o número irracional 171 Etapa 2 UNIDaDE 1 – ambIENtE E saúDE capítulo 1 O descarte dos materiais que utilizamos: como era, como é? 184 capítulo 2 Luzes, câmera, ação! 193 capítulo 3 O futuro dos materiais que utilizamos: perspectivas de mudanças 205 capítulo 4 Estava escrito nas estrelas 212 capítulo 5 Eu e o futuro do ambiente 224 capítulo 6 A Química no sistema produtivo industrial 233 capítulo 7 “Contudo, ela se move!” 240 capítulo 8 Introdução à Biotecnologia 253 capítulo 9 Doenças profissionais por uso de substâncias químicas 264 capítulo 10 A todo vapor 270 capítulo 11 A saúde do trabalhador 283 Sumário Química Física Biologia Matemática CN_iniciaisMP.indd 4 2/8/14 1:41 PM UNIDaDE 2 – a matEmátIca rEsolvENDo problEmas capítulo 1 Você, a mídia e a Matemática 289 capítulo 2 Sistemas de numeração, de medidas e problemas de contagem 301 capítulo 3 Sistemas de equações, elementos de geometria analítica e probabilidade 312 capítulo 4 Congruência, semelhança e o teorema de Tales 324 Etapa 3 UNIDaDE 1 – cIêNcIa E proDUção capítulo 1 Processos produtivos industriais da Química: como eram, como são e como deverão ser no futuro 334 capítulo 2 Um choque elétrico na modernidade 342 capítulo 3 Biotecnologia, o presente e o futuro: previsões355 capítulo 4 A Química na farmácia 363 capítulo 5 O eletromagnetismo nosso de cada dia 371 capítulo 6 Mudanças na saúde ao longo de História 387 capítulo 7 Química na agricultura 498 capítulo 8 A Física por trás da Medicina 407 capítulo 9 Municípios saudáveis 420 capítulo 10 Descobertas e invenções de substâncias, misturas e transformações químicas 426 capítulo 11 A evolução do pensamento científico 433 UNIDaDE 2 – Formas E mEDIDas capítulo 1 Forma para que te quero? 449 capítulo 2 Trigonometria no triângulo retângulo e outros elementos de geometria analítica 459 capítulo 3 Comprimento e área de figuras com componentes circulares 468 capítulo 4 Volumes e alguns indicadores importantes 479 capítulo 5 Resolução de problemas, progressões e uma nova equação 489 capítulo 6 Inequações, representações gráficas e elementos de geometria analítica 500 Química Física Biologia Matemática CN_iniciaisMP.indd 5 2/8/14 1:41 PM CN_iniciaisMP.indd 6 2/8/14 1:41 PM Etapa 1 75 Capítulo 8 B i O L O g i a etapa 1 Consumo energético: obesidade e anorexia Às vezes, comer muito, em cada uma ou em todas as refeições, não signifi ca que você comeu tudo o que é necessário, tanto em relação aos tipos quanto às quantidades de cada nutriente. Sabemos que uma boa nutrição está relacionada à quantidade e tipos de nutrientes que comemos. O Ministério da Saúde recomenda uma ingestão diária de 2 000 kcal para a popula- ção brasileira acima dos dois anos de idade. O valor de 2 000 calorias (kcal) é apenas um parâmetro, pois o consumo de energia necessário para a manutenção da saúde varia de acordo com sexo, idade, nível de atividade física, estado fi siológico, presença ou ausência de doenças, e ainda o estado nutricional atual da pessoa. neCessidAdes nutriCionAis A pergunta é sempre a mesma, principalmente entre os pequenos: “Mãe, por que eu preciso comer fígado?”. E a resposta também é sempre a mesma: “Para você não fi car doente, meu fi lho” ou “Para você crescer com saúde, minha fi lha”. Não há discussão! Mãe sabe o que diz! Mas será que ela sabe por que diz isso? Pergunte a seus parentes mais velhos como alimentavam seus fi lhos. Que informa- ções eles tinham a respeito e como as obtinham? O que os fazia pensar daquele jeito? É uma forma de você entrar em contato com o conhecimento intuitivo das pessoas e confrontá-los ou comprová-los com o saber científi co. Além de pensar na quantidade e no tipo de comidas que ingerimos (gorduras, proteí- nas e carboidratos), não podemos nos esquecer da prática regular de atividade física, da necessidade de equilibrarmos o que comemos com o que gastamos na forma de energia, além das práticas de higiene, que devem ser adotadas como forma de garantir a qualidade dos alimentos ingeridos. Com todas essas informações, é possível você criar um manual de saúde alimentar na classe e propor à escola que seja feita uma palestra sobre essas questões. Mãos à obra! Não se esqueça de seu papel social perante a comunidade. e QuAndo não Conseguimos CriAr umA rotinA AlimentAr sAudÁVel? Estabelecer rotinas alimentares é um hábito que exige, antes de tudo, certa disciplina e alguma determinação. Nem sempre é fácil deixar de comer alguma coisa apetitosa só porque já atingimos o nosso índice calórico diário. Os restaurantes por quilo são mestres em nos des- viar de nossos intentos nutricionais, uma vez que oferecem uma série de comidas cheirosas e saborosas, com teores calóricos diversifi cados, mas muitas vezes com excesso em alguns tipos de nutrientes. CN_E1_U1_Cap8_Bio.indd 75 2/8/14 12:28 PM Biologia76 Por exemplo, alguém se alimenta de salada de macarrão, maionese de batata e legumes, batata ou mandioca fritas, ravióli de ricota e pudim de leite. Analisando os conteú dos de cada tipo de alimento desse cardápio, você verá que há exagero na quantidade de carboidratos. Faltaram, nessa alimentação, as proteínas e os sais os minerais mais diversificados. E você, sairia satisfeito desse almoço? Iria se sentir bem alimentado? Seu organismo re- ceberia tudo de que precisa? Você estaria bem nutrido? Discuta com seus colegas as possíveis diferenças entre estar bem alimentado e bem nutrido com base nas respostas a essas questões. A não identificação das diferenças entre esses dois conceitos pode levar, em alguns casos, a um consumo exagerado de certos nutrientes, com possíveis carências em relação a outros, não atendendo às necessidades diárias. Eventualmente, cometemos certos exage- ros, mas sabemos como voltar a ter uma alimentação equilibrada e saudável. O problema é quando não conseguimos perceber o nosso desequilíbrio alimentar e não vemos que esta- mos entrando em um processo de difícil retorno – os transtornos ou distúrbios alimentares. A pressão de grupo Aquilo que você come – ou deixa de comer – pode se tornar um caso médico. O tipo de comida ingerida e os hábitos alimentares interferem diretamente na saúde física e mental das pessoas, podendo desencadear alterações de comportamento, prejudicando o relacio- namento com outras pessoas ou com o próprio trabalho. As causas dessas alterações são diversas e vão desde as hereditárias até o esforço para ter um corpo que seja socialmente aceito, segundo os padrões ditados por um grupo social. Por envolver fatores tão variados, a própria definição de transtorno alimentar é objeto de discussão. Alguns autores falam em uma epidemia, gerada pelo culto ao corpo perfeito. Estima-se que essas síndromes afetam cerca de 1% da população mundial, sobretudo mulheres adolescentes e jovens. Ler imagem 1. A imagem abaixo faz alusão a uma das formas de transtorno a li mentar. Fa bi o Ch ia la st ri/ Co ne xã o Ed ito ria l Discuta com os colegas os significados que a imagem acima pode ter. Quando chegarem a alguma conclu- são, cada um deve elaborar um pequeno texto que sintetize as ideias discutidas. 2. Qual a sua sensação ao ver a foto? CN_E1_U1_Cap8_Bio.indd 76 2/8/14 12:28 PM Etapa 1 77 distúrbios AlimentAres Os distúrbios alimentares podem se manifestar de diferentes maneiras, mas é comum todos eles ocorrerem em pessoas com autoimagem muito prejudicada e que buscam um “conserto” dessa situação recorrendo à alimentação inadequada. Esses transtornos recebem nomes diferentes, dependendo do tipo de comportamento de cada pessoa. Alguns deles, aparentemente, podem nem ser caracterizados como um transtorno ali- mentar, mas, se de alguma forma esses hábitos interferem na saúde física e mental, re- presentam problemas. É o caso de pessoas que são “vidradas” por uma alimentação sem agrotóxicos ou aditivos alimentares. Elas são muito rígidas na escolha e na forma de preparo dos pratos que consomem e querem que todos à sua volta sejam assim. Isso pode sinalizar uma forma de transtorno obsessivo-compulsivo ou um início de anorexia. Outra forma aparece na quase compulsão de levantar no meio do sono, “assaltar” a geladeira e voltar a dormir, sem que se lembre de nada no dia seguinte. São pessoas com hábitos alimentares absolutamente normais durante o dia, mas que, muitas vezes, são so- nâmbulas. Cerca de 5% da população pode apresentar o problema; a maioria são mulheres. A obesidade mórbida, outro distúrbio nos hábitos alimentares, tem fatores genéticos envolvidos. Os pacientes, em geral crianças, apresentam um constante e enorme apetite por alimentos extremamente calóricos, podendo chegar à morte por complicações cau- sadas pelo excesso de peso. AnorexiA Essencialmente, a anorexia é o comportamento obsessivo que uma pessoa apresenta para manter seu peso abaixo dos níveis esperados para sua estatura e tipo físico. A pessoa tem uma percepção distorcida do próprio corpo, que a leva a ver-se e sentir-se como “gorda”. Apesar de as pessoas em volta notarem que ela está abaixo do peso, a pessoa nega e quer emagrecer e perder ainda mais peso. O funcionamento mental, de forma geral, está preservado, exceto a imagem que a pessoa tem de si mesmae o comportamento irracional de emagrecimento. A pessoa com anorexia costuma usar de muitos meios para emagrecer. Além da dieta, é capaz de submeter-se a exercícios físicos intensos, induzir o vômito, jejuar, tomar diuréticos e usar laxantes. Para quem não conhece o problema, é estranho como alguém “normal” pode considerar-se acima do peso estando muito abaixo. Não há explicação para o fenômeno, mas ele deve ser levado muito a sério, pois 10% dos casos de pessoas que requerem internação morrem por inanição/desnutrição, suicídio ou desequilíbrio dos componentes sanguíneos. obesidAde Outro distúrbio alimentar, a obesidade é um dos maiores problemas de saúde atual- mente e atinge indivíduos de todas as classes sociais. Apresenta fatores hereditários e cons- titui um estado de má nutrição em decorrência de um distúrbio no balanceamento dos nutrientes, induzido, entre outros fatores, pelo excesso alimentar. O peso excessivo causa problemas psicológicos, frustrações, infelicidade, além de uma grande quantidade de doenças nutricionais. O aumento da obesidade tem relação com o seden- tarismo, a grande disponibilidade atual de alimentos, erros alimentares e com o próprio ritmo CN_E1_U1_Cap8_Bio.indd 77 2/8/14 12:28 PM Biologia78 corrido da vida de hoje. Relaciona-se com dois fatores preponderantes: a genética e a nutrição inadequada. A genética evidencia que existe uma tendência familiar muito forte para a obesi- dade, pois filhos de pais obesos têm de 80% a 90% de probabilidade de também serem obesos. O sedentarismo é a principal causa do excesso de peso e da obesidade. Por esse simples motivo, a atividade física tem de ser a primeira medida de qualquer programa de tratamento da doença. A pessoa sedentária deve começar com uma reeducação física. Se ela mora em apartamento, por exemplo, pode utilizar as escadas em vez do elevador, mas mesmo isso deve ser feito gradativamente. A pessoa que mora no sétimo andar deve subir apenas um lance de escada no primeiro dia e o restante de elevador e ir aumentando o esforço, dia a dia, até conse- guir chegar à sua casa. A partir daí, abre-se espaço para uma atividade física sistemática. Mas é preciso que seja uma atividade aeróbica, como caminhada, esteira, corrida, bicicleta, hidroginástica, natação, dança etc., com elevação da frequência cardíaca a até 75% de sua capacidade máxima. Nessas condições, a primeira coisa que o organismo faz é lançar mão da glicose, re- serva de carboidrato armazenada nos músculos e no fígado, sob a forma de glicogênio. Depois de aproximadamente 30 minutos, quando o glicogênio se esgota, o organismo começa a queimar gordura como fonte de energia para as atividades físicas. As dietas “de passar fome” devem ser descartadas. Até porque, pelo fato de serem desbalanceadas, levam o organismo a se defender espontaneamente delas, fazendo que, após um período sem se alimentar, a pessoa coma muito mais. O que o indivíduo precisa é buscar uma mudança no estilo de vida, pois os fatores comportamentais desempenham o papel mais importante no emagrecimento. Após analisarmos alguns distúrbios alimentares, vamos entender o que acontece com a comida que foi ingerida e quais transformações os nutrientes sofrem durante a digestão. Para facilitar o entendimento desse processo, podemos afirmar que o sistema digestório é o responsável pela redução e transformação de moléculas complexas – entre elas os car- boidratos, as proteínas e as gorduras – em moléculas mais simples. Essa transformação permite que os nutrientes sejam absorvidos pelas células do nosso corpo. Leia, a seguir, uma pequena descrição de como funciona o nosso sistema digestório. Atente para os órgãos e tecidos envolvidos e a diversidade de processos químicos que con- tribuem para aproveitarmos da melhor forma os alimentos que ingerimos diariamente. A digestão HumAnA A digestão é muito importante para a sobrevivência da maioria dos seres vivos, pois é graças a ela e a outros processos relacionados que os nutrientes simples podem entrar em nossas células. O processo começa na boca, com a mastigação e a insalivação. Os dentes são os responsáveis pelo corte e pela trituração dos alimentos, reduzindo-os em tamanhos menores. Os dentes promovem a digestão física, pois não alteram a composi- ção dos nutrientes. A sua ação facilita a ação digestiva da saliva. Os seres humanos possuem, durante a vida, 20 dentes provisórios (dentes de leite) e 32 dentes permanentes. As glândulas salivares (parótidas, sublinguais e submaxilares) produzem a saliva, um líquido viscoso, responsável pelo umedecimento da comida e pela digestão química do amido. Rica em água, sais minerais e em uma enzima chamada ptialina ou amilase salivar, a saliva é responsável pela transformação e redução do amido em maltose. Ela realiza uma digestão química, pois altera a composição dos nutrientes. CN_E1_U1_Cap8_Bio.indd 78 2/8/14 12:28 PM Etapa 1 79 Nela, a água digere e transforma o ami- do em moléculas de maltose, com ajuda da amilase salivar. Na boca, os outros nutrientes complexos, como as proteínas e os lipídios, são apenas reduzidos, não ocorrendo trans- formações químicas em suas composições. Em seguida, o bolo alimentar (massa formada pela comida após a mastigação e a insalivação) é encaminhado para a faringe por meio dos movimentos da língua, que é um órgão também responsável pela percep- ção do sabor dos alimentos. Da faringe, o bolo alimentar passa pela epiglote e se encaminha para o esôfago, um tubo muscular com aproximadamente 25 centímetros de comprimento. Ele reali- za movimentos de contração e relaxamento involuntários em ondas, chamados de mo- vimentos peristálticos. Graças a esses movi- mentos, os alimentos são amassados e mis- turados mais um pouco à saliva, ao mesmo tempo que são empurrados para o estômago. O estômago é um órgão em forma de bolsa, com paredes formadas por muscula- tura lisa. Nele, o bolo alimentar é amassa- do pela ação dos movimentos peristálticos, o que facilita a ação do suco gástrico, um suco digestivo composto de água, sais mi- nerais, ácido clorídrico e pepsina, enzima que ajuda a água na digestão química de proteínas, transformando-as em peptonas. Revestindo internamente a parede do es- tômago, encontramos uma mucosa espessa (tecido epitelial), que produz um muco que protege a parede do estômago da ação do suco gástrico. No estômago, praticamente não há digestão química de mais nenhum outro nutriente complexo além das proteínas. Dependendo da consistência em que o bolo alimentar se encontra no estômago, periodi- camente ocorre liberação de pequena porção líquida dessa mistura para o duodeno, a parte inicial do intestino delgado, órgão que possui cerca de seis metros de comprimento. Ele também realiza movimentos peristálticos e sua parede interna é revestida por glândulas produtoras de um suco digestivo, chamado de suco entérico ou suco intestinal. Ilu st ra çõ es d ig ita is : L ui s M ou ra Digestão química na boca amido + água maltose amilase Ilu st ra çã o di gi ta l: Lu is M ou ra Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fi siologia. 8 ed. Porto Alegre: Artmed: 2012. (Esquema sem escala, cores-fantasia.) boca glândula sublingual glândula parótida esôfago faringe fígado estômago pâncreas ânus vesícula biliar intestino delgado intestino grosso Fonte: Elaborado pelos autores, 2012. (Esquema sem escala, cores-fantasia.) CN_E1_U1_Cap8_Bio.indd 79 2/8/14 12:28 PM Biologia80 Junto com a pasta alimentar vinda do estômago, duas secreções chegam ao intesti- no delgado: a bile, líquido amarelo-esverdeado produzido pelo fígado e armazenado na vesícula biliar, e o suco pancreático, produzido pelo pâncreas. O fígado, a vesícula biliar e o pâncreas são chamados de órgãos anexos à digestão, pois interferem no pro- cesso digestivo, mas não mantêm contato direto com os alimentos. Veja na tabela e nos esquemas a seguiros processos digestivos que ocorrem no intes- tino delgado: Fonte: Elaborado pelos autores, 2012. (Esquema sem escala cores-fantasia.) Ilu st ra çõ es d ig ita is : L ui s M ou ra Digestão química de proteínas no estômago proteínas + água peptonas pepsina Suco digestivo Composição Substrato Ação Produtos fi nais Bile Ácidos e sais biliares Lipídio Digestão física Lipídios menores Suco pancreático Água + tripsina Peptona Digestão química Peptídeo Água + amilase Amido Digestão química Maltose Água + lipase Lipídio Digestão química Ácido graxo e glicerol Suco entérico ou intestinal Água + erepsina Peptídeo Digestão química Aminoácido Água + lipase Lipídio Digestão química Ácido graxo e glicerol Água + maltase Maltose Digestão química Glicose Água + sacarase Sacarose Digestão química Glicose + frutose Água + lactase Lactose Digestão química Glicose + galactose (Esquema sem escala, cores-fantasia.) Ilu st ra çõ es d ig ita is: L ui s M ou ra Digestão física de lipídios no intestino delgado lipídios + bile lipídios menores Fonte: Elaborado pelos autores, 2012. (Esquema sem escala, cores-fantasia.) Digestão química de lipídios no intestino delgado lipídios menores + água ácido graxo glicerol lipase lipase Fonte: Elaborada pelos autores, 2012. CN_E1_U1_Cap8_Bio.indd 80 2/8/14 12:28 PM Etapa 1 81 Digestão química de proteínas no intestino delgado peptonas + água aminoácidos tripsina erepsina Fonte: Elaborado pelos autores, 2012. (Esquema sem escala, cores-fantasia.) Digestão química da maltose no intestino delgado maltoses + água glicoses maltase É no intestino delgado que os nutrientes reduzidos e transformados em moléculas simples são absorvidos por meio de um processo de difusão e passam para o sistema circulatório, que os encaminhará às células. A difusão no intestino delgado ocorre com grande efi ciência, pois a parede interna do órgão é formada por especializações da mucosa intestinal chamadas de vilosidades, que, por sua vez, possuem especializações da membrana plasmática, chamadas de microvilosidades. As vilosidades e microvilosidades aumentam consideravelmente a superfície de ab- sorção do intestino delgado, permitindo que haja uma grande passagem de moléculas simples para a circulação. Como o movimento peristáltico acontece em quase todos os órgãos do sistema diges- tório, o que não foi absorvido é empurrado para o intestino grosso, órgão que se forma no prolongamento do intestino delgado. Na entrada do intestino grosso encontramos o apêndice, órgão pequeno e vermiforme que não tem papel importante no processo digestivo humano, mas que é de suma importância no processo digestivo dos herbívoros. No intestino grosso, os nutrientes que não foram absorvidos pelo intestino delgado são fermentados por bactérias que compõem a nossa fl ora intestinal e que vivem em uma relação de protocooperação com o ser humano. Esses microrganismos nos fornecem vi- taminas K e do complexo B, enquanto fornecemos a eles abrigo e alimento. Como resultado dessa fermentação, surgem fezes misturadas aos líquidos que fi ze- ram parte de todo o processo digestivo (saliva, suco gástrico, suco pancreático, suco en- térico). Grande quantidade de água é reabsorvida e passa para a circulação, evitando que nos desidratemos. Com isso, as fezes se tornam mais pastosas e adquirem uma consis- tência que facilita o seu armazenamento no reto e, depois, a sua eliminação pelo ânus. Alguns problemas digestivos – infecções, alimentos muito gordurosos ou alimentos es- tragados – podem alterar essa absorção. Em vez de a água ser reabsorvida, ela continua nas fezes, acarretando o que chamamos de disenteria ou diarreia. O oposto também pode aconte- cer: o intestino grosso absorve muita água e causa a constipação intestinal ou prisão de ventre, resultando em fezes pouco pastosas e endurecidas, o que difi culta a sua eliminação pelo ânus. aPLiCar CONHeCimeNTOS • PUC-SP (1998) Na aula de Biologia, o professor pediu a seus alunos que analisassem a seguinte afirmação relativa à fisiologia da digestão: “A pepsina e a tripsina são enzimas proteolíticas produzidas no estômago e atuam preferencialmente em meio ácido”. Essa afirmação a) está correta. b) está incorreta, já que as duas enzimas não são proteolíticas. c) está incorreta, já que as duas enzimas atuam preferencialmente em meio alcalino. d) está incorreta, já que apenas a pepsina é produzida no estômago e atua preferencialmente em meio ácido. e) está incorreta, já que apenas a tripsina é produzida no estômago e atua preferencialmente em meio ácido. Ilu st ra çõ es d ig ita is: L ui s M ou ra CN_E1_U1_Cap8_Bio.indd 81 2/8/14 12:28 PM
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