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A reforma do Rio de janeiro no governo Pereira Passos

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licenciatura em história
guilherme wallace de araújo silva
a reforma urbana do rio de janeiro no governo de pereira passos 
Cabo de Santo agostinho
2021
guilherme wallace de araújo silva
a reforma urbana do rio de janeiro no governo de pereira passos
Trabalho apresentado à Universidade Pitágoras UNOPAR, como requisito parcial à aprovação no 7° semestre do curso de Licenciatura em História.
Cabo de Santo Agostinho 
2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	3
DESENVOLVIMENTO	4
CONSIDERAÇÕES FINAIS	11
REFERÊNCIAS	12
INTRODUÇÃO
O Presente trabalho é o resultado de um estudo sobre os principais aspectos da Reforma urbana do Rio de Janeiro no governo de Pereira passos. O desenvolvimento do trabalho se divide em duas partes. A primeira parte traz um plano de aula interdisciplinar, elaborado para solucionar a situação geradora de aprendizagem, buscando garantir a uma turma de segundo ano do ensino médio um conhecimento mais completo sobre o tema, o abordando através das disciplinas de História e Geografia. O plano apresenta os objetivos e os conteúdos que serão trabalhados em cada disciplina, seguindo uma metodologia que promove a figura do professor como mediador e do aluno como responsável por sua aprendizagem tendo o professor como guia.
A segunda parte, é um texto que busca trazer algumas reflexões sobre os principais aspectos da reforma urbanística, tendo como referência os artigos de André Nunes de Azevedo e Mayara Grazielle Consentino Ferreira da Silva. No texto é trabalhado o conceito de dupla reforma, já que o objetivo do governo federal e da prefeitura eram diferentes; mas como ambas convergiram de certa forma, já que uma contribuiu para o objetivo da outra, acabou se tornando uma só na visão de muitos, e acima de tudo, associada unicamente a Pereira Passos. Será observado também como as reformas afetaram a população carioca e os pontos positivos e negativos em relação a intervenção sanitária.
Outro ponto que também será tratado, é sobre o real objetivo de Pereira Passos, que graças a literatura da época, ficou conhecido durante muito tempo como o prefeito das demolições e proibições; mas com base em alguns trechos de cartas apresentadas no texto de Mayara Grazielle e um estudo mais profundo sobre a reforma, teremos um novo olhar sobre Passos.
6
DESENVOLVIMENTO 
	Plano de aula interdisciplinar
	Público alvo: O plano é destinado a alunos do 2º ano do ensino médio.
	Conteúdos:
História
• O contexto brasileiro na época da reforma
• As principais características da reforma municipal e federal
• Um novo olhar sobre a figura de Pereira passos
• A intervenção sanitária e a revolta da vacina
Geografia
• Os principais aspectos físicos, humanos e econômicos do Rio de Janeiro antes da reforma
• As Condições sanitárias e as suas mudanças após a intervenção de Oswaldo cruz
• A importância econômica do porto para o governo federal
• As mudanças nos aspectos físicos e populacionais após a reforma
	Objetivos:
Objetivo geral
• Compreender os principais aspectos físicos, econômicos, políticos e históricos da reforma urbanística do Rio de Janeiro e suas motivações.
Objetivos específicos
• Entender as motivações que levaram a Reforma e seu impacto na sociedade carioca
• Compreender os principais aspectos da intervenção sanitária e seus resultados
• Problematizar a figura de Pereira Passos e as contradições da reforma
	Nº de aulas: 6
	Metodologia:
1) Inicialmente os professores envolvidos deverão organizar um plano de horário em que as aulas serão ministradas de forma sequencial, com uma aula de História e uma aula de Geografia durante o dia, em seguida o plano será entregue a equipe de coordenadores para que possam organizar o horário.
2) Na primeira aula, que será de História, deverá ser aplicado um questionário diagnóstico de dez questões sobre a reforma urbanística, que tem por objetivo analisar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema. Em seguida será trabalhado com os alunos o contexto brasileiro na época da reforma e os objetivos do governo federal e municipal.
3) Na aula subsequente, que será de Geografia, o professor deverá trabalhar com os alunos os principais aspectos físicos, econômicos e humanos do Rio de Janeiro na época da reforma, seguido por um exercício de fixação de dez questões que contemplará ambas as disciplinas, ao final da aula será solicitado aos alunos um texto de dez linhas que deverá ser realizado com base em uma pesquisa sobre as condições sanitárias e a intervenção de Oswaldo cruz, para ser entregue na próxima aula de História.
4) Na segunda aula de História, os assentos da sala deverão ser organizados em forma de círculo onde os alunos comentarão de forma argumentativa e discursiva, sobre a intervenção sanitária e a revolta da vacina, em seguida será dedicado um momento para tirar dúvidas e revisar os pontos em que os alunos apresentam mais dificuldade. Ao final da aula, a sala será dividida em cinco grupos, onde cada grupo deverá realizar uma pesquisa sobre Pereira passos e as contradições da reforma com base em materiais disponíveis na web e nos trechos das suas cartas trocadas com o engenheiro Alfredo Américo disponíveis no artigo “Algumas considerações sobre a reforma urbana Pereira Passos.”, após a pesquisa e análise do artigo, cada grupo deverá discutir entre si sobre o assunto, e através das conclusões cada membro do grupo deverá expressar a sua opinião através de um texto de no mínimo quinze linhas, onde deverão utilizar os trechos das cartas e documentos da época para defender seu ponto de vista. Os textos deverão ser entregues na próxima aula de História.
5) Na segunda aula de Geografia, o professor trabalhará com os alunos a situação econômica do Rio de janeiro e as mudanças promovidas pela reforma, apresentando aos alunos fotos e mapas de antes e depois disponíveis no livro História do Brasil República I, em seguida, será aplicado um questionário de revisão com dez questões. Ao final da aula, deverá ser solicitado aos mesmos grupos formados na segunda aula de História, que desenvolvam uma apresentação em Powerpoint sobre a situação atual do Rio de Janeiro e como a reforma urbanística ecoa na cidade atualmente, para ser apresentado na próxima aula de Geografia.
6) Na penúltima aula, que será de Geografia, os grupos deverão realizar a apresentação solicitada, de forma a observar as contradições da reforma, e com o auxílio do professor, esclarecer as dúvidas dos colegas durante as apresentações. Na aula subsequente, que será de História, os assentos serão organizados em forma de círculo e será aberto um momento de debate, onde com base nas pesquisas realizadas e nos conteúdos abordados por ambas as disciplinas, cada aluno defenderá seu ponto de vista sobre Pereira Passos, a reforma urbanística e a atual situação do Rio de Janeiro. Ao final da aula será aplicado um pequeno questionário de cinco questões, para que os alunos possam dar um Feedback sobre o plano de ensino interdisciplinar, buscando com base nos resultados, melhorar a elaboração de projetos interdisciplinares futuros. 
	Recursos: 
• Notebook
• Datashow
• Programa office Powerpoint
• Programa office Excel 
• Questionário impresso
• Navegador Web
• Imagens
• Textos
	Avaliação: Os alunos serão avaliados durante as aulas, através do desenvolvimento de pesquisas, debates, questionários, apresentações, elaboração de textos, análise de textos e documentos históricos.
	Referências:
SILVA, Mayara Grazielle Consentino Ferreira da. Algumas considerações sobre a reforma urbana Pereira Passos. Urbe, Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: http://doi.org/10.1590/2175-3369.011.e20180179. Acesso em: 15 abr. 2021.
FRACCARO, Laura Candian; AMANCIO, Kleber Antonio de Oliveira. História do Brasil República I. Paraná: Educacional S.A, 2019.
 
 
 A reforma urbanística do Rio de Janeiro, é um assunto abordado por diversas áreas do conhecimento, como apresentado no plano de aulainterdisciplinar acima, o impacto da reforma nas esferas sociais e espaciais, nos mostra um campo de estudo muito caro a Geografia; podemos também estender a outras áreas, no campo da saúde, é possível observar o perigo de se promover uma campanha de vacinação onde a população não é devidamente informada e como a falta de saneamento pode contribuir na proliferação de doenças; no campo da engenharia, pode se observar a velocidade com a qual os prédios foram construídos, a influência da arquitetura europeia e o posicionamento estratégico de alguns edifícios previstos no projeto.
A visão que temos do contexto brasileiro no início do século XX, é de um país onde a opinião pública buscava ao máximo deixar o seu passado colonial e monárquico para trás, isso é confirmado através da análise das fontes históricas; e neste cenário temos uma capital com sérios problemas de infraestrutura e de caráter sanitário, onde boa parte da população era pobre e considerada “incivilizada” pelas elites da época. Podemos deduzir que diante dessa situação, o governo federal juntamente com a prefeitura do Rio de Janeiro, iriam tomar algumas atitudes, com o objetivo de alinhar a capital brasileira com as suas ideias progressistas; a solução, era promover uma reforma urbana. Segundo Silva (2019), o plano de reforma do Rio de janeiro já era considerado antes mesmo de 1903, porém, o governo não podia arcar com as despesas, já que a maioria dos projetos previa muitas desapropriações e demolições, algumas tentativas de concessões foram realizadas, porém, não se efetivaram e quase nada foi realizado.
Durante o congresso de Engenharia em 1900, foi definido que o saneamento, além de promover o embelezamento da cidade, resolveria outros problemas, e considerando isso, o engenheiro Alfredo Américo, elaborou um projeto que priorizava obras de utilidade imediata diminuindo despesas, o que contribui para a sua aprovação.
Em meio a este cenário, a figura de Pereira Passos se mostra bastante interessante. Segundo Azevedo (2016), Passos fazia parte de uma geração que não tinha problemas com o seu passado, enquanto o governo federal estava focado nas questões relativas ao progresso, onde enxergava um futuro que visava o esquecimento do passado e o crescimento econômico, Passos acreditava que o passado não deveria ser esquecido, e sim fundido a essa ideia de modernização que seria expressa através da reforma. Desde os primeiros projetos, Passos se mostrou contra a demolição dos morros do castelo e Santo Antônio (Heranças coloniais), que segundo os engenheiros e médicos, permitiria a circulação do ar evitando a proliferação de doenças. Passos elaborou um projeto que promovia a abertura de duas vias que captariam as brisas oceânicas, visando evitar a demolição dos morros. Passos também reaproveitou as estátuas das musas que se encontravam no porto, as deslocando para o jardim suspenso da Gamboa, salvando-as da destruição. Azevedo nos apresenta questões interessantes que explicam o posicionamento de Passos em relação a preservação de símbolos que traziam a memória o passado do Brasil, dentre eles, podemos citar o contexto a qual foi educado, a influência de sua geração, o historicismo tão marcante na época e sua constante participação em locais como salões de baile. Passos acreditava que os brasileiros contemporâneos deveriam dar continuidade ao projeto de civilização que segundo ele, foi trazido pelos colonizadores. Azevedo também aponta que ao vivenciar a reforma de Paris, Passos associou a ideia de civilização não só a questão da estética, mas também ao controle de comportamento, tanto é que durante a reforma, passos buscou promover novos usos do espaço urbano, aprovando decretos que proibiam a venda de vísceras de animais nas feiras, cuspir no chão ou andar descalço.
Enquanto Passos focava mais na preservação e no comportamento, o governo Federal dava maior importância ao porto, considerado o ponto chave para o desenvolvimento do país. Segundo Silva, o governo Federal via o porto como principal fonte de riqueza para o país, e por isso investiu em sua modernização através de um programa de saneamento e da abertura de três avenidas, buscando facilitar a circulação de mercadorias. Além de investir na modernização do porto, o governo federal também focou na questão sanitária, e convocou o médico higienista Oswaldo Cruz para resolver os problemas relacionados a esse setor. O médico tomou uma série de medidas para erradicar as doenças que sujavam a imagem do Brasil no exterior. Dentre as medidas adotadas, podemos citar o combate aos mosquitos causadores da febre amarela. As medidas previam a conscientização da opinião pública e repreensão de quem não obedecesse, por meio de brigadas sanitárias e leis rígidas. Em 1904, surgiu o cargo de comprador de ratos; a criação do cargo tinha como objetivo o recolhimento destes animais, que continham pulgas transmissoras da peste bubônica. Durante a intervenção, também houve a campanha de vacinação de combate a varíola, que acabou desencadeando um episódio que até hoje apresenta vários questionamentos, a revolta da vacina. Considerada por muitos como resultado do medo e do desconhecimento da população em relação ao medicamento, um olhar mais a fundo, nos mostra outras questões envolvidas e a participação de diversos agentes, dentre eles, os opositores do governo, que alimentavam o medo da população, relatando de forma sensacionalista, a invasão de pessoas estranhas nos lares, aplicando substâncias estranhas nos moradores; de certa forma, os agentes de saúde contribuíram na consistência de tais relatos, já que era de costume a aprovação de leis rígidas que obrigavam a população a se vacinar e que permitam a invasão de agentes nos lares, ou que puniam as pessoas que não relatavam estar doentes como foi o caso do combate à febre amarela em 1903. Os militares positivistas também protestaram contra a vacinação obrigatória, alegando que a invasão aos lares, era um desrespeito a liberdade, e uma afronta aos ideais republicanos. Em 1905, o senador Barata Ribeiro, revogou a lei de vacinação obrigatória, segundo Silva, o combate à febre amarela e a peste bubônica tiveram bons resultados, mas o combate a varíola não seguiu tal curso, já que dependia da ampla vacinação, medida fortemente rejeitada pela população.
Quando analisamos a reforma municipal e federal, percebemos que por mais que seus organizadores tivessem ideias divergentes, ambos tinham o objetivo de tonar o Rio de Janeiro mais atraente através do apelo visual. No caso do presidente Rodrigues Alves, a sua intervenção sanitária e seu investimento na modernização do porto, tinha como principal objetivo, atrair novos negócios e investimentos, promovendo a imagem de um país, segundo Silva, salubre e moderno; Já Passos, buscava convidar a população a adotar uma cultura civilizada em um ambiente civilizado, tanto é que um dos seus projetos, foi colocar de forma proposital a Escola Nacional de Belas Artes, o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional e o Palácio da Justiça Federal, representando os pilares da ideia de civilização; a arte, a ciência e a justiça. Essa observação faz jus ao ponto levantado por Azevedo nas primeiras linhas do seu artigo, onde o autor argumenta sobre a forte influência do aspecto visual na cultura ocidental. 
Algo que também podemos identificar analisando as reformas de forma conjunta, é como cada uma contribuiu para a realização do objetivo da outra, um exemplo claro disso, é a avenida Central, que na visão do governo federal, cumpria o objetivo de facilitar a circulação de mercadorias para o porto, um importante símbolo do progresso, mas ao mesmo tempo fazia parte das ruas previstas no projeto de passos, que tinham o objetivo de ligar vários pontos da cidade ao centro, que representava o seu ideal de civilização.
As diferentes opiniões sobre Pereira Passos, o coloca na longa lista de políticos que são taxados de vilões e mocinhos, mas uma coisa que a história nos mostra diversas vezes, é que não é bem assim. Os trechos das cartas de Passosdisponíveis no texto de Silva, traz a imagem de um ex-prefeito que se defende das críticas feitas por jornais que também o criticavam no período do seu mandato, e esclarece seus reais objetivos durante a reforma, que foram divulgados de forma distorcida por seus opositores. Em um dos trechos, Passos esclarece que não quis proibir a atividade de todos os ambulantes, ele usa como exemplo os vendedores de brinquedos de Paris, que eram autorizados pela prefeitura a realizar tal atividade, já que era assim que conseguiam seu sustento. Outro ponto que Passos busca esclarecer, é sobre a sua associação as diversas desapropriações e demolições que afetaram os cariocas mais pobres durante a reforma; em alguns trechos o prefeito demonstra preocupação com a classe operária, defendendo a construção de casas econômicas próximas ao centro, local do mercado de trabalho, ele também enfatiza a sua decepção sobre o arredamento de casas construídas durante o seu mandato, que tinham o objetivo de aproximar o operário do seu local de trabalho e lhe dar melhores condições de habitação. 
As cartas não falam por si só, em seu texto, Azevedo nos apresenta uma série de intervenções que foram realizadas durante o mandato de Passos, entre elas a ligação de diversos bairros com a região central buscando alcançar toda a população carioca; no centro, as famílias encontravam praças reurbanizadas, com boa iluminação, concertos de música, um aquário público e um teatro de marionetes para crianças. 
A reforma urbana é um tema que ainda divide opiniões, para alguns, foi um projeto que a cidade necessitava, afinal doenças foram erradicadas, edifícios foram embelezados e a cidade estava seguindo um caminho de cidades grandiosas da época; mas para alguns, foi um período de violação das liberdades individuais, de proibições e restrições, afinal, por mais nobres que fossem as intenções de Pereira Passos, nem todos tinham condições de participar do seu projeto civilizador, já que muitos das classes mais pobres foram duramente reprimidos pela polícia por não terem condições de cumprir alguns decretos, principalmente os que eram relacionados a vestimenta ou ao comércio ambulante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudar de forma profunda um tema como a reforma urbanística do Rio de Janeiro, confirma a importância de se estar atento as novas fontes históricas, pois além de contribuir de forma decisiva no trabalho do historiador, permite corrigir visões equivocadas tanto atuais como antigas. Como foi apresentado, esse tipo de abordagem foi decisivo na construção de uma nova visão sobre Pereira Passos, que através do relato de seus opositores, teve a sua imagem diretamente associada aos pontos negativos da reforma, e junto a isso promoveu a obscuridade de pontos positivos. Não se trata de transformar Passos em um Herói que foi muito injustiçado, ou de dizer que situações como a invasão de casas durante a intervenção sanitária foram necessárias para atender a um bem maior, mas sim, expor tudo que é apresentado pelas fontes históricas, problematizando e trazendo novas análises. Outro fator que também devemos considerar, é que outros agentes também participaram do projeto de reforma, como é o caso da polícia, onde podemos deduzir que alguns oficiais abusavam da autoridade na hora de obrigar a população a cumprir os decretos, também podemos imaginar os jornalistas e escritores testemunhando esses abusos contra a população, lhes causando grande comoção e revolta, e ao relatar tais atitudes, as associava a quem estavam no poder; podemos também considerar outros que simpatizavam com a ideia europeia de civilização, testemunhando a construção de belíssimos edifícios e melhorias nas condições sanitárias, relatando tais feitos de forma orgulhosa; tal situação sempre existiu desde os primórdios da política, fazendo valer a existência de tal palavra.
Planejar projetos de ensino interdisciplinares, principalmente no campo da História, demonstra a importância percebida pelos historiadores da escola dos Annales, não basta apenas problematizar eventos históricos, é essencial estudá-los com o auxílio de outras ciências, promovendo assim melhor compreensão. Os estudos dos aspectos físicos, econômicos e sociais da Geografia, demonstram extrema importância para a compreensão do tema proposto, trabalhar de forma interdisciplinar, ajuda o aluno a se situar e a aproveitar melhor o aprendizado, o tornando um cidadão mais capacitado.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, André Nunes de. A grande reforma urbana do Rio de Janeiro e o apelo visual da urbe reformada como retórica e enlevo civilizador. Revista Maracanan, Rio de Janeiro, v.12, n. 14, p. 161 – 174, 2016. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/20867. Acesso em: 15 abr. 2021.
SILVA, Mayara Grazielle Consentino Ferreira da. Algumas considerações sobre a reforma urbana Pereira Passos. Urbe, Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: http://doi.org/10.1590/2175-3369.011.e20180179. Acesso em: 15 abr. 2021.
FRACCARO, Laura Candian; AMANCIO, Kleber Antonio de Oliveira. História do Brasil República I. Paraná: Educacional S.A, 2019.
COSTA, Marcos. A História do Brasil para quem tem pressa. Rio de Janeiro: Valentina, 2016.

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