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Resumão de Farmacobotânica Aula 1a – plantas e o homem • Especiarias -> raízes, cascas, sementes, frutos, gemas -> óleos essenciais. • Ervas aromáticas -> folhas de plantas não-lenhosas. Exceção: folhas de louro. - As ervas aromáticas originam-se de várias partes do mundo. Ex.: Tomilho (Thymus spp.) da Europa, estragão (Artemisia dracunculus) do oeste dos EUA e Canadá, louro (Laurus nobilis) do Mediterrâneo, Açafrão (Crocus sativus) do Oriente Médio e o Café (Coffea arábica) da África. - Plantas medicinais são todos os vegetais que contem em um ou em vários de seus órgãos substâncias ou precursores das mesmas que podem ser empregadas para fins terapêuticos. As plantas farmacêuticas já representaram a única fonte de agentes terapêuticos para o homem, mas atualmente apenas 25% dos medicamentos provêm de plantas e 90 espécies são utilizadas terapeuticamente. - Os metabólitos secundários atuam como: • Sinalizadores químicos que permitem a planta responder a estímulos ambientais; • Competição entre plantas; • Defesa contra herbívoros e patógenos; • Proteção contra radiação solar; • Atração de polinizadores e dispersores. A diversidade biológica é um recurso ambiental que fornece produtos para a exploração e consumo. Aula 1b – Classificação de seres vivos Lineu (1707-1778) foi quem elaborou o sistema de classificação universal dos seres vivos, o sistema binomial de nomenclatura, idealizado para evitar confusões com as diferentes designações regionais conferidas às espécies. Para isso, utiliza-se o um nome científico em latim, como Passer domesticus (pardal) ou Crotalus terrificus (cascavel). Existem cinco grandes reinos: Monera (bactérias), Fungi (fungos), Protista (algas, protozoários e mixomicetos), Animalia (animais) e Plantae (plantas). Classificação do homem: Reino: Animalia Filo: Chordata Subfilo: Vertebrata Classe: Mammalia Ordem: Primates Família: Hominidae Gênero: Homo Espécie: Homo sapiens Regras da nomenclatura do Sistema binomial: 1o) O nome da espécie deve ser escrito em latim, e em itálico, ou em negrito ou sublinhado: Zea mays L. ou Zea mays L. ou Zea mays L. 2o) A inicial do gênero deve ser escrita com letra maiúscula; a da espécie, com letra minúscula: Epítetos específicos: Possuem relação com a história do emprego da espécie, apesar de não terem significado quando escritos sozinhos. Ex.: sativa -> cultivado, plantado; Os epítetos específicos podem ainda ser comemorativos (ex.: blakelyi), consistindo em nomes de pessoas latinizados, descritivos (ex.: rubra para cor da flor, hirsutum para folhas peludas), relativas à localização (montana,aquatilis), relativas ao emprego (edulis, que significa comestível ou catártica, relativo a ação laxante ou ainda de acordo com seu emprego como planta medicinal, para o qual se utiliza o epíteto officinalis, que faz alusão à sua valorização pelos boticários de outrora. Nomina conservanda: Cada grupo taxonômico só pode ter um nome correto (associado a um tipo nomenclatural), exceto alguns casos considerados como conservação de nomes (Código Internacional de Nomenclatura Botânica): Espécie Nomina conservanda Nomes corretos Coqueiro Palmae Arecaceae Milho Gramineae Poaceae Repolho Cruciferae Brassicaceae Feijão Leguminosae Fabaceae Orégano Labiatae Lamiaceae Hipérico Guttiferae Clusiaceae Alface Compositae Asteraceae Obs.: Nota-se que nomes conservados terminam em -ae, enquanto nomes corretos terminam em - aceae. - Bioprospecção de flora: Trata-se das estratégias para descobertas de novos fármacos, onde selecionam-se as plantas por critério randômico, etnofarmacológico ou quimiossistemático (metabólitos secundários de distribuição restrita são bons marcadores quimiotaxonômicos). Resumindo: • A sistematização das formas vegetais facilita o entendimento da grande diversidade vegetal; • Dados morfológicos, anatômicos, fitoquímicos, moleculares (etc.) -> sistemas filogenéticos; • Os sistemas filogenéticos refletem a história evolutiva dos táxons, arranjando-os de acordo com as afinidades existentes entre eles; • Compostos químicos de ocorrência restrita são bons marcadores taxonômicos; • A quimiossistemática é uma ferramenta na busca de substâncias bioativas; Aula 1c – Colheita e processamento de plantas medicinais - Drogas vegetais e derivadas: • Droga vegetal: Espécie, parte, órgão ou produtos derivados diretamente destes após processos de coleta, preparo e conservação que apresentam composição e propriedades tais que possibilitem seu uso como forma bruta de medicamento ou como necessidade farmacêutica. Ex.: Folhas de Eucalyptus globulus que atuam sobre o Sistema respiratório após secagem (processo de conservação). • Drogas derivadas: São produtos derivados da planta, obtidos diretamente, sem utilização de processo extrativo delicado. Ex.: Resina de pinheiro obtida após coleta e preparo, ou látex de papoula obtido através de incisões nos frutos e moldado em forma de pães após processo de secagem. Princípio ativo: responsáveis pela ação farmacodinâmica das drogas, podendo ser uma substância ou um conjunto. Ex.: alcalóides (escopolamina e quinina) e glicosídeos cardioativos (folhas de digital). Para que algo seja considerado uma droga vegetal, é necessário que seja de origem vegetal, ter passado pelos processos de coleta, preparo e conservação, não ser obtida através de processos extrativos delicados e possuir propriedades farmacodinâmicas ou ser considerada necessidade farmacêutica. Cultivo x Extrativismo (plantas medicinais) • Quando o cultivo é recomendado? – Há poucas plantas nativas; – Quando as plantas nativas têm distribuição muito espalhada; – Quando as plantas nativas são inacessíveis; – Há necessidade de melhorar o teor de princípios ativos; – Apenas uma variedade apresenta alto teor de constituintes de interesse; – Quando há grande demanda do mercado. • Extrativismo é a principal fonte de drogas vegetais comercializadas. > Problemas: – Variabilidade genética; – Variação de tipos de solos; – Variação de condições climáticas; – Esgotamento das reservas naturais. Pode ser influenciado pelo metabolismo secundário das plantas, o que acarreta uma produção não uniforme. Ex.: Arnica montana L., aplicada em contusões. Quase desaparecida nas regiões alpinas devido ao seu difícil cultivo. Procedimentos de coleta de plantas medicinais: são dados importantes no momento da coleta dos vegetais o conhecimento da morfologia, fisiologia e da variação dos princípios ativos contidos no mesmo. • Folhas -> quando a fotossíntese é mais intensa; • Flores -> época de polinização; • Sementes -> maduras e antes da deiscência do fruto; • Eliminar impurezas como areia, terra e pedaços de outras partes do vegetal; • Evitar material úmido devido ao ataque de fungos. • Princípios ativos X hora do dia: - Plantas alcaloídicas devem ser coletadas em horário em que o calor é mais intenso; - A quantidade de óleo essencial é mais reduzida ao redor de 12 horas e quando há vento intenso; • Princípios ativos X estágio de desenvolvimento da planta: – A quantidade de óleo essencial é menor quando a planta está com semente e maior antes da floração. Ex: Ocimum basilicum (alfavaca); – As folhas maiores de hortelã apresentam menos quantidade de óleo essencial; • Princípios ativos X época do ano: - A quantidade de alcalóides (escopolamina e atropina) varia de acordo com a época do ano. Ex: Datura suaveolens (trombeteira). - Processamento pós-colheita para obtenção da droga vegetal: Secagem: Eliminar certa quantidade de água do órgão vegetal para facilitar a conservação -> evita a ação de agentes deletérios (bactérias, fungos e enzimas). Pode ser realizada de forma natural ou artificial:- Natural: Ao sol, à sombra, mista (sol e sombra); - Artificial: Circulação de ar, estufa com ou sem circulação de ar, esfriamento (liofilização). Estabilização: Visa a inativação de enzimas. Ex: Drogas cardiotônicas (as enzimas desdobram a cadeia de glicosídeo reduzindo sua atividade farmacológica). • Exceção: Mostarda (Brassica nigra) -> Ação enzimática é necessária. • Tipos: – Aquecimento: 80° C durante 15 a 30 minutos (inativa enzimas, não os princípios ativos); – Solvente: álcool; – Irradiação: exposição demorada aos raios ultravioleta; Conclusão: • Conhecimentos de morfologia, fisiologia e da variação dos princípios ativos no vegetal -> Coleta. • Coleta e processamento pós-colheita -> droga vegetal de qualidade. Aula 2a – Diversidade de fungos, algas e plantas (Fontes de produtos naturais) Fungos – seres pluricelulares ou unicelulares heterótrofos. Atualmente conhecem-se mais de 70.000 espécies. Suas aplicações incluem a produção de etanol e fermentação (Saccharomyces cerevisiae) e o desenvolvimento de medicamentos (Saccharomyces boulardii -> Floratil, Tolypocladium inflatum -> ciclosporina). • Amanita muscaria -> Cogumelo de lindo aspecto, vermelho com verrugas brancas, mas extremamente venenoso, já que produz a muscarina, alcaloide de ação violenta sobre o sistema nervoso. • Tuber melanosporum -> trufa comestível altamente apreciada. São micorrízicas, principalmente associadas a carvalhos e aveleiros, procuradas por cães e porcos fêmeas (composto químico semelhante ao feromônio produzido pelo macho). • Morchella esculenta -> As morchelas estão entre os fungos comestíveis mais apreciados. - Reino Plantae -> Organismos autotróficos que realizam fotossíntese. Atualmente inclui algas verdes e vermelhas. - Embriophyta: Briófitas (hepáticas, musgos e antóceros) e plantas vasculares (samambaias e licófitas, gimnospermas e angiospermas). • Levantamento -> vários trabalhos de busca de substâncias com atividade antioxidante (AAO) em algas, porém no Brasil esse campo de pesquisa ainda não foi devidamente explorado, apesar da riqueza da nossa flora ficológica marinha. As algas são seres uni ou pluricelulares aquáticos dulcícolas ou marinhos que apresentam grande importância na produtividade dos ecossistemas aquáticos devido à realização de fotossíntese. A complexidade bioquímica das algas se dá por fatores como a luz, salinidade, variação de umidade, temperatura e herbivoria. - Alga parda: Alginatos (encorpadores de molhos) e Kelps (alimento); - Alga verde: Ulva ou alface-do-mar, são consideradas verduras; - Alga vermelha: Usada no preparo de sushi. Possui também diversas aplicações devido aos seus polissacarídeos carragenana (estabilizantes de emulsões como tintas, cosméticos e laticínios) e ágar (preparo de gelatinas e cápsulas); - Briófitas: Plantas pequenas folhosas ou talosas que representam a transição entre algas e plantas vasculares e são comuns em locais úmidos. Dividem-se nos filos Hepatophyta (hepáticas, 8.000 espécies talosas ou folhosas), Bryophita (musgos, 10.000 espécies folhosas e eretas) e Anthocerophyta (antóceros, 100 espécies inteiramente talosas). As briófitas podem ser fontes de substâncias bioativas: • Lunularia cruciata (Hepática): Atividade antifúngica devido à lunularina e o ácido lunulárico; • Pallavicinia lyelli (Hepática): Atividade antifúngica; • Bryum argenteum (Musgo): Atividade antimicrobiana; • Diplophyllum albicans e D. taxifolium (Musgos): Apresentam atividade anticancerígena devido à diplofilina; Pteridófitas: Samambaias e licófitas (monilófitas) com tecidos condutores eficientes, sustentação devido à lignificação de paredes celulares, crescimento secundário, raízes, caules e folhas bem definidos. São plantas vasculares sem sementes. Seus usos medicinais podem ser exemplificados por: • Adiantum capillus-veneris (avenca): Atividade antidiarreica e hepatoprotetora; • Equisetum arvense: Atividade anti-inflamatória e hipotensora; • Dryopteris filix-mas (feto-macho): Atividades antibacteriana e antiviral; Gimnospermae: São plantas lenhosas (arbustos, árvores ou lianas), ornamentais e que provém madeira de qualidade. São plantas vasculares com sementes. Podem ser gnetófitas (75 espécies com características de gimnospermas e angiospermas), coniferófitas (600 espécies arbustivas ou arbóreas com folhas aciculares), cycadófita (130 espécies de plantas tóxicas e ornamentais com troncos geralmente pequenos, folhas compostas) e ginkgófitas (Ginkgo biloba, folhas em leque com venação dicotômica). Angiospermae: 257.000 espécies de plantas com flores, frutos, sementes e atributos reprodutivos (polinização e dispersão de frutos). Tradicionalmente eram divididas apenas em dicotiledôneas e monocotiledôneas, porém agora seus principais grandes grupos (ou clados) são Angiospermas basais (200 espécies mais ou menos), Magnolídeas (9.000 espécies), Monocotiledoneae (70.000 espécies) e Eudicotiledoneae (175.000 espécies). Aula 2b – Coleções científicas – herbários, xiloteca, carpoteca, drogoteca. Coleta e conservação de material botânico Coleções botânicas são fontes de consulta úteis que fornecem dados sobre as espécies que ocorrem nos diferentes ecossistemas vegetais. Suas principais funções são: - Fornecer identificação de plantas; - Divulgar informações sobre plantas medicinais; - Fornecer material de análise para pesquisa sobre flora; - Conservação ou reflorestamento de áreas sujeitas à devastação; - Centro de treinamento botânico -> taxonomia; Herbário: Coleção de material botânico. Plantas são dessecadas e coladas em cartolina, frutos, sementes e amostras de madeiras são dessecados, flores e frutos são conservados em meio líquido alcóolico. Os herbários são coleções de plantas secas ou partes destas preparadas técnica e cientificamente para ulteriores estudos comparativos, históricos e documentários da flora de uma região ou país. • O que coletar: Ramos de aproximadamente 30cm. • Como coletar: - Evitar material úmido; - Ramos com folhas, flores e frutos (árvores) -> tesoura de alto-poda; - Vegetal inteiro (herbácea) -> pá - Eliminar impurezas -> areia, terra e pedaços de outras partes do vegetal; - Acondicionar o material em sacos plásticos; • Quanto coletar: 3 ramos para permuta com outros herbários. • Quando coletar: Períodos de floração e frutificação (em duas etapas se for necessário). Conservação e legislação: lembrar do fator conservação, visto que plantas raras ou incomuns não devem ser coletadas e sim fotografadas. Plantas nativas são protegidas por leis e precisam de autorização apropriada do país, estado, município ou parque nacional, e não se deve coletar em terras privadas sem autorização do dono. - Após a coleta: Preparar para prensagem e secagem, preparo da exsicata e envio para o herbário para identificação e para servir de material testemunho. • Preparo do material - Prensagem: Processo de preparo da amostra botânica onde o exemplar é acondicionado em folhas de jornal dentro de uma prensa, para posterior submissão a um processo de desidratação em estufa construída para tal fim. As plantas são acomodadas em folhas de jornal e papelão ondulado e prensadas com ripas de madeira e correias para serem inseridas em estufa para secagem de plantas. As trocas dos jornais devem ser diárias e o ressecamento excessivo pode tornar as plantas quebradiças. • Montagem da camisa da exsicata - Costura-se a amostra à cartolina em N ou V com suas folhas alternadas exibindo lado ventral e dorsal; - Envelopa-se as flores em papel manteiga junto com fragmentos desprendidos da amostra; - Etiqueta-se com os dados de coleta (nome dos coletores, data da coleta, nome científico da planta, localização geográfica, características da mesma, identificaçãodo herbário); - Encapa-se com papel pardo resistente (saia); - Registra-se a exsicata no herbário. Envia-se a exsicata para o herbário para que sirva de material testemunho do estudo bem como para a identificação de uma espécie que o coletor desconheça e tenha interesse em estudar. Revisando: • Passo 1: O material vegetal fresco é colocado entre jornais; • Passo 2: Coloca-se o exemplar na prensa e espera a secagem na estufa; • Passo 3: O material é costurado ou colado em papel de cartolina (exsicata); • Passo 4: Enviado ao herbário para identificação e para depósito do material testemunho. Os frutos estróbilos e amostras de madeira são de difícil herborização por sua constituição e tamanho, e por isso são mantidos em coleções separadas: - Carpoteca: Coleção de frutos à parte dos ramos ou plantas secas. - Xiloteca: Coleção de amostras de madeira. Drogoteca: Coleção de drogas vegetais, ou seja, partes de plantas comumente utilizadas medicinalmente e desidratadas obtidas de espécies nativas do Brasil ou exóticas (inscritas na Farmacopeia Brasileira). Aula 2c – Identificação de plantas medicinais e drogas vegetais Objetivo principal da botânica: Fornecer conhecimentos teóricos e práticos que auxiliem na identificação de plantas e ou drogas vegetais. Significado da identificação: Utilizar no preparo de medicamentos a planta correta, garantindo a qualidade e o prestígio do fitoterápico, com detecção de contaminações e falsificações. A identificação é feita por comparação: Identificação de amostras secas do comércio: hidratam-se as amostras com solução reidratante de etanol 50% + glicerina 2:1 e etileno diamina 4%. Identificação macroscópica de drogas vegetais: A Farmacopeia Brasileira identifica muitas drogas vegetais exclusivamente por sua morfologia externa (organografia) e pela morfologia interna (anatomia). A análise rápida de custo reduzido permite a verificação da identidade e o reconhecimento de fraudes ou contaminações. A identificação é feita pela comparação da droga problema com a droga padrão ou literatura especializada de monografias ou farmacopeias. - Material necessário para análise de caracteres macroscópicos da planta: Microscópio estereoscópico (lupa binocular), lupa de mão (10x ou menos), agulhas, pinças de ponta fina e giletes para dissecação e régua milimetrada. - Material necessário para análise de caracteres microscópicos da planta: Micrótomo de Ranvier, micrótomo rotativo, pincel, espátula, giletes, seringas com agulha, corantes, reagentes, microscópio de luz, lâminas e lamínulas. Resumindo: • Caracteres morfológicos e anatômicos: – Taxonomia (Classificação); – Identificação de plantas / autenticação de drogas vegetais; Aula 3 – Caule e raiz Caules diferem de raízes de acordo com sua organografia e sua anatomia. Exemplos de caules medicinais: - Gengibre (Zingiber officinalis - Zingiberaceae) – Estimulante digestivo devido aos óleos essenciais presentes; - Sassafrás (Ocotea pretiosa – Lauraceae) – Ação contra artrite devido ao safrol presente no óleo essencial; Exemplos de raízes medicinais: - Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra – Leguminosae) – Utilizada em pomadas para feridas e loções para a pele; - Ipecacuanha (Carapichea ipecacuanha – Rubiaceae) – Utilizado terapeuticamente como amebicida e emético; - Funções da raiz: fixação da planta, absorção de água e sais minerais e reserva de substâncias. As raízes podem ser normais ou adventícias (origem não embrionária, a partir do caule, folhas ou qualquer outra parte do vegetal). Classificação das raízes: - Subterrâneas: Axial ou pivotante, fasciculada e tuberosa; - Aéreas: Fixadoras ou grampiformes, suportes ou escoras, respiratórias e tabulares; - Aquáticas; Raízes subterrâneas: Raízes aéreas: Funções e importâncias dos caules: Sustentação de ramos folhas, flores e frutos, condução de substâncias alimentares, crescimento e propagação vegetativa, alimentação (batata inglesa) e aplicação industrial na produção de borracha, tintas, resinas e madeiras. Classificação dos caules: - Aéreos: Eretos, rastejantes ou trepadores; - Subterrâneos: Rizomas, tubérculos ou bulbos; - Aquáticos; Caules aéreos: Caules subterrâneos: Adaptações de caule: Raízes e caules aquáticos: Aula 4 – Folha - Organografia As folhas possuem importância na alimentação (alface, repolho, agrião, couve) e medicinal: - Boldo (Pelmus boldus – Monimiaceae) – Colagogo; - Capim-limão (Cymbopogon citratus – Gramineae) – Calmante; - Jaborandi (Pilocarpus microphyllus – Rutaceae) – Colírios; Em geral, as folhas apresentam coloração verde (clorofiladas) e são expansões laterais do caule (Pteridófitas e Fanerógamas). Suas funções compreendem a fotossíntese (nutrição da planta), a respiração e a transpiração. Classificação das folhas: - Quanto à nervura: peninérvia (formato de pena) e paralelinérvia (típicas de Liliopsidas): - Quanto à consistência e superfície: Sendo glabra a folha lisa, pubescente a que apresenta pelos e glauca aquela que apresenta fina camada verde-acinzentada ou verde-azulada resultante da deposição de cera epicuticular. - Quanto à forma do limbo: - Quanto à forma do bordo: - Quanto ao ápice foliar: - Quanto à base foliar: - Quanto ao número de limbos: Filotaxia (disposição das folhas sobre o caule): Modificações de folhas: Denominam-se folhas modificadas aquelas que sofreram modificações estruturais e funcionais, adaptando-se ao ambiente nas quais estão presentes. Ex.: Raízes, caules e folhas possuem grande diversidade morfológica e constituem drogas vegetais com diversos usos. Suas importâncias vão além das drogas vegetais, permitindo a identificação de determinadas espécies medicinais devido às suas formas muito características. Aula 5 – Flor - Organografia Importância das flores: Reprodução sexial das Angiospermas, classificação de plantas (sistemática), medicinal, alimentar e ornamental. O termo angiosperma deriva das palavras gregas Angeion, que significa urna ou vaso, e Sperma, que significa semente. Classificação de flores: Ao conjunto de estames de uma flor denomina-se androceu (aparelho reprodutor masculino), enquanto ao conjunto de pistilos denomina-se gineceu (aparelho reprodutor feminino). O gineceu é formado por folhas modificadas denominadas carpelos, e pode ser classificado quanto à soldadura ou número dos mesmos e quanto ao número de lóculos do ovário. - Quanto à forma do estigma: - Quanto à posição do ovário: - Quanto à simetria floral: - Quanto à soldadura dos estames (filetes e anteras): - Dialistêmones – estames livres; - Gamostêmones – estames soldados; - Quanto ao número de peças de perianto (pétalas e sépalas): - Aperiantada, aclamídea ou nua – ausência dos dois verticilos protetores. Ex.: Pimenta-do- reino; - Monoperiantada ou monoclamídea – ausência de um dos verticilos. Ex.: Mamona; - Diperiantada ou diclamídea – presença de cálice e corola. Ex.: Hibiscus; Obs.: Chamamos de cálice o conjunto de sépalas e de corola o conjunto de pétalas de uma flor. - São exemplos de Drogas constituídas por parte de flor as pétalas de papoula-rubra (Papaver rhoeas), rosa vermelha (Rosa gallica) e Cravo-da-índia (Syzygium aromaticum). - O grão de pólen é um corpúsculo de forma variável (arredondada ou ovóide) que dará origem aos gametas masculinos. Sua estrutura é composta de dois micronúcleos (um vegetativo e um reprodutivo) que originam dois gametas masculinos e duas membranas (exina e intina). A polinização é a transferência do pólen das anteras para o estigma. - As inflorescências são conjuntos de flores localizados em sistemas de ramos que podemser, muitas vezes, confundidos com uma flor única. As inflorescências podem ser definidas como um sistema de ramos que possuem flores dispostas de maneira variada. Podem ocorrer de diversas formas, dentre as quais as principais são rácemo ou cacho, panícula, umbela, espiga, espádice, escorpióide, capítulo, dicásio, sicônio, ciátio e fascículo. Os pigmentos florais podem ser: Carotenóides Flavonóides Carotenos – laranja Antocianinas – azul a roxo e cores avermelhadas Xantofilas – amarelo Antoxantinas – branco marfim ao amarelo Outros – vermelhos e marrons Aula 6 – Frutos e sementes - Organografia Os frutos provêm do desenvolvimento da flor, sendo os ovários desenvolvidos com as sementes já formadas, podendo ser constituídos de diversos ovários e ter ou não estruturas acessórias. A função dos frutos é proteger as sementes e facilitar a dispersão graças às formas variadas. Os frutos são constituídos de um pericarpo que pode ser dividido em: - Epicarpo, que é a camada mais externa proveniente da epiderme externa da parede ovariana; - Mesocarpo, que é a camada intermediária proveniente do mesófilo da folha carpelar e quase sempre possui grande espessura, podendo ou não acumular reservas nos frutos carnosos ou secos respectivamente. É, em geral, a parte comestível dos frutos; - Endocarpo, que é a camada mais interna proveniente da epiderme interna da parede ovariana que faz contato com as sementes. Pode ser lenhoso, constituindo o caroço em drupas, ou a parte comestível, como nas laranjas; Classificação de frutos: - Quanto ao número de sementes: - Monospérmicos – Uma só semente; - Dispérmicos – Duas sementes; - Trispérmicos – Três sementes; - Polispérmicos – Várias sementes; - Quanto à consistência do pericarpo: - Secos – Pericarpo não suculento; - Carnosos – Pericarpo espesso e suculento (armazenam grande quantidade de água, sais e matérias orgânicas); - Quanto ao número de carpelos: - Monocárpicos – provenientes de gineceu unicarpelar; - Apocárpicos – provenientes de gineceu dialicarpelar; - Sincárpicos – provenientes de gineceu gamocarpelar; - Quanto à origem: – Simples – resultam de um ovário apenas, de uma só flor (seja monocárpica ou sincárpica). Ex: Legume (monocárpico), hesperídeo (sincárpico). – Agregados ou múltiplos – resultam dos diversos carpelos separados de um gineceu único - de uma flor dialicarpelar (apocárpico). Cada carpelo originando um aquênio ou uma drupa ou um folículo, etc. Ex: Framboesa, morango. – Infrutescência ou composto – resultam da concrescência dos ovários das flores de uma inflorescência. Ex: Abacaxi. – Complexos ou pseudofrutos (pomo) – resultam de uma só flor, quando outras partes florais além do ovário, participam da sua constituição. Ex: Pêra, caju, maçã. Obs.: Infrutescências são frutos derivados dos gineceus de várias flores, enquanto frutos múltiplos são derivados de um gineceu dialicarpelar e frutos carnosos, secos e pseudofrutos são derivados de gineceu uni ou gamocarpelar. Obs2.: A partenocarpia é o desenvolvimento do fruto sem fecundação, como é o caso da banana. - Os frutos simples carnosos podem ser caracterizados como bagas ou drupas, enquanto os frutos simples secos podem ser caracterizados como deiscentes ou indeiscentes: - Frutos derivados de flores hipóginas possuem as sépalas “acima” do fruto, enquanto frutos derivados de flores epíginas possuem as sépalas “abaixo” do fruto. Drogas constituídas de frutos ou partes: - Casca de laranja doce (epicarpo e mesocarpo) - – estimulante,edulcorante; - Casca de limão (epicarpo e mesocarpo) – anti-séptico e estimulante da função digestiva; – Coloquíntida – fruto desprovido de epicarpo – purgativo; – Kamala – pêlos glandulares do epicarpo – vermífugo; Características morfológicas dos frutos: - Macroscópicas: - Aspecto externo: - Tipo de fruto; - Forma; - Cor, sabor, odor; - Consistência - Aspecto da secção transversal: - Número de lojas; - Tipo de placentação Obs.: O grau de fragmentação dos frutos é um fator limitante nas observações macroscópicas dos mesmos. Secções transversais de funcho, erva-doce e cicuta: A semente é o óvulo fecundado submetido a modificações. A semente é um corpúsculo desidratado de tegumento endurecido que acumula proteínas, lipídeos e carboidratos. Obs.: O albúmen (tecido reserva ou endosperma) de alguns frutos, como o coco, possui grande importância econômica. Sementes de importância farmacêutica: • Farmacopeia Brasileira: - Anis, funcho, cicuta e o coentro (Umbelifereae) -> identificação dos frutos - Baunilha, anis-estrelado, cubeba, cardamomo e zimbro -> identificação dos frutos - Massis da noz-moscada e a noz-de-cola -> drogas constituídas de partes da semente Conclusões - Uma variedade de frutos e sementes possuem importância farmacêutica, alimentar e condimentar; - Frutos podem ser identificados por suas características morfológicas e por suas sementes. Aula 7 – Célula vegetal, Tecidos Vegetais Primários e Aplicação no Controle de Qualidade A célula vegetal é diferente da animal por conter vacúolo central, cloro ou cromoplasto e parede celular, esta última que confere forma e rigidez e pode ser usada na produção de papel (celulose) ou tecido (algodão). Os principais constituintes da parede celular são celulose e lignina, e sua espessura pode variar de acordo com a função e idade da célula (mais espessa em células com função de sustentação e/ou mais velhas). As paredes celulares podem ser classificadas como primárias (campos primários de pontoação e formadas por celulose, hemicelulose e pectinas) e secundária (pontoação, formadas por celulose e hemicelulose), sendo a primeira mais elástica de modo a permitir o crescimento celular, e a segunda mais espessa e rígida por se formar após o alcance do tamanho e forma definitivos da célula. A espessura, coloração e espessamentos desiguais da parede celular são fundamentais para identificar o tipo de tecido, e por isso são aplicados no controle de qualidade. Tipos de impregnação da parede celular: • Lignificação → impregnação de lignina. Ex: Células da madeira; • Suberificação → impregnação de suberina. Ex: Células da cortiça; • Cutinização → impregnação de cutina. Ex: células da epiderme; - Os vacúolos celulares são Células epidérmicas com vacúolo contendo antocianinas. - Os plastídeos podem ser cromoplastos (carotenoides, possuem coloração amarela, alaranjada ou vermelha e estão presentes em folhas, frutos e raízes como a cenoura), cloroplastos (clorofilas e carotenoides do parênquima clorofiliano, responsáveis pela fotossíntese) e leucoplastos (sem pigmentos, sintetizam amido - amiloplastos). - A epiderme é a camada de células mais externas do corpo primário da planta. Nela, algumas estruturas projetadas como os estômatos (estruturas especializadas na realização das trocas gasosas da planta com o meio) e os tricomas (projeções da epiderme das plantas que auxiliam na absorção de água e sais minerais, defesa, entre outras funções) podem ser encontradas. Os tricomas podem ser classificados em: - Tectores: Estruturas uni ou pluricelulares de várias formas, são não glandulares e por isso incapazes de produzir secreções, estando mais relacionados com a redução de perda d’água e diminuição da incidência luminosa, além de formar uma densa cobertura que pode servir como barreira mecânica. Ex.: Fibra de algodão; - Glandulares: São constituídos por uma cabeça uni ou pluricelular e um pedúnculo. Secretam várias substâncias, como óleo, néctar, mucilagem e sucos digestivos, apresentando várias organelas que variam de acordo com o tipo de substância secretada. Ex.: Alecrim; Estômato é uma palavra derivada do grego stoma, que significaboca. Um estômato é formado por duas células especializadas, as células-guarda, que são as únicas células epidérmicas com cloroplastos. As células-guarda delimitam o ostíolo, uma abertura que se comunica com um espaço intercelular localizado logo abaixo da epiderme conhecido como câmara subestomática. Em algumas plantas, encontramos células subsidiárias circundando as células-guarda e, dependendo da forma como estão dispostas, dão ao estômato uma classificação diferente. Os estômatos auxiliam no diagnóstico de drogas de acordo com sua frequência, distribuição e seus tipos, podendo ser: - Anisocíticos: Presentes nos gêneros Cruciferae e Plumbaginaceae, apresentam três células subsidiárias de tamanhos diferentes circundando-os; - Anomocíticos: Presentes nos gêneros Capparaceae, Liliaceae e Polygonaceae, não apresentam células subsidiárias; - Diacíticos: Presentes nos gêneros Acanthaceae e Caryophyllaceae, apresentam suas células subsidiárias dispostas de maneira perpendicular às células-guarda. - Paracíticos: Presente nos gêneros Magnoliaceae e Rubiaceae, apresentam duas células subsidiárias com seus eixos maiores dispostos paralelamente ao das células-guarda; Tecidos do sistema fundamental da célula vegetal: - Parênquima: Responsável pelo preenchimento, fotossíntese e armazenamento. Pode ser localizado na nervura mediana, no pecíolo, na raiz e no caule. O parênquima paliçádico é um tecido composto por células vivas com propriedades meristemáticas, ou seja, possuem capacidade de divisão celular; - Colênquima: Responsável pela sustentação. O tecido colenquimático é um dos tecidos de sustentação das plantas e apresenta suas células vivas reunidas em forma anelar, angular ou lamelar sob a epiderme na periferia de caules, pecíolos, peças florais, frutos e raramente em raízes de eudicotiledôneas; - Esclerênquima: Também responsável pela sustentação. O tecido esclerenquimático é composto de fibras e esclereídeos mortos com protoplasto ausente nas células mais maduras e espessamento homogêneo da parede secundária. Formam cordões de fibras que compõe a bainha do feixe vascular, sendo responsável pela sustentação de monocotiledôneas; - Idioblastos: Células isoladas diferindo em conteúdo e forma das células adjacentes que exercem função especializada no interior do tecido, a qual pode ser de natureza mecânica (conferir rigidez ou capacidade de suporte, como nas folhas e caules de plantas), secreção de muco ou outras substâncias, armazenamento de óleos essenciais ou lípideos, defesa contra a herbivoria através da presença de ráfides, entre outras. - Substâncias ergásticas: Produtos de reserva e metabólitos de atividades celulares que, em geral, ocorrem no vacúolo. Ex.: Amido, proteínas, lipídeos, óleos essenciais, compostos fenólicos, cristais de oxalato ou de carbonato de cálcio. Obs.: A identificação dos compostos ergásticos e idioblastos é útil na diferenciação de espécies, tais como os órgão subterrâneos de veratro (que possui grãos de amido e ráfides) e genciana (que possui gotículas de óleo e cristais aciculares isolados). Sistema vascular: - Floema: Também chamado de líber, é responsável pelo transporte de água e sacarose e composto por elementos crivados (células crivadas e elementos de tubo crivado), tendo como uma de suas principais características a interconexão dos protoplastos pela presença de áreas crivadas em suas paredes, além de apresentar protoplasto vivo e degeneração do núcleo na maturidade. Classifica-se como primário quando constituído por elementos celulares provenientes da atividade do procâmbio e como secundário quando constituído por elementos celulares provenientes da atividade do câmbio: - Xilema: São vasos lenhosos que conduzem água e sais minerais (seiva bruta) das raízes até as folhas, além de atuar na sustentação e armazenamento de nutrientes da planta. Esses vasos são constituídos por células cilíndricas que formam tubos contínuos por toda a planta. O xilema é constituído por tecidos formados por diversos tipos celulares, como as células parenquimáticas, fibras, traqueídes, elementos de vaso e paredes reforçadas constituídas por celulose e lignina. É essencial para o desenvolvimento de plantas de maior porte no ambiente terrestre. O xilema é chamado de primário quando é formado a partir do procâmbio (tecido meristemático primário) e é chamado de secundário quando é formado a partir do câmbio vascular (meristema secundário ou lateral). - Óleos essenciais são monoterpenos e sesquiterpenos altamente voláteis que contribuem para a fragrância ou essência das plantas, sendo produzido por tricomas glandulares (Labiatae), cavidades secretoras (Rutaceae, Myrtaceae), dutos (Pinaceae, Anacardiaceae, Compositae, Leguminosae, Umbelliferae) e células oleíferas (Lauraceae, Zingiberaceae). Possuem propriedades variadas, como antivirótica, antiespasmódica, analgésica, bactericida, expectorante, vermífugo, etc. Conclusão: • A organização anatômica dos órgãos -> distribuição dos tecidos -> fator importante para a identificação de plantas e drogas medicinais. Aula 8 – Meristemas e Sistema vascular primário e secundário O meristema é o tecido vegetal presente em raízes e caules cujas células se dividem continuamente, podendo ser apical ou lateral. O meristema é formado com a geração do embrião após a fecundação da oosfera pelo núcleo espermático, sendo a embriogênese acompanhada do desenvolvimento da semente. O meristema é um tecido embrionário, isto é, possuidor de células indiferenciadas. Sua função é, portanto, originar os tecidos diferenciados da planta, sendo responsável pelo crescimento em tamanho e espessura do vegetal, além de atuar na cicatrização de possíveis ferimentos na planta. O meristema é classificado de acordo com a posição no corpo da planta e quanto ao estágio de desenvolvimento: • Posição: - Meristema apical: Posicionados na região do ápice da raiz, do caule e de suas ramificações e são responsáveis pelo crescimento longitudinal da planta. A partir desse tipo de meristema, é formado o meristema fundamental, a protoderme e o procâmbio; - Meristema lateral: Posicionados paralelamente à superfície do caule e da raiz. Esses meristemas (câmbio vascular, que origina xilema e floema secundário, e felogênio, que origina a epiderme) estão relacionados com o crescimento secundário do caule e da raiz, ou seja, o aumento da espessura; • Estágio de desenvolvimento: - Meristemas primários -> Aqueles que se originam diretamente das células embrionárias e estão relacionados com o crescimento primário da planta. - Protoderme -> epiderme; - Meristema fundamental -> tecidos fundamentais (parênquima, colênquima e esclerênquima); - Procâmbio – tecidos vasculares primários (xilema e floema primários); Ex: Eudicotiledôneas anuais de pequeno porte e maioria das monocotiledôneas. - Meristemas secundários -> Aqueles formados a partir de células diferenciadas que se tornaram novamente meristemáticas, sendo responsáveis pelo crescimento secundário da planta. - Felogênio/câmbio da casca – tecido de revestimento secundário; - Câmbio vascular – tecidos condutores secundários; Ex: Eudicotiledôneas arbustivas e arbóreas e gimnospermas. O meristema pode ser aplicado na micropropagação para a multiplicação de centenas de espécies medicinais: • Eclipta alba (L) Hassk.: – Asteraceae cosmopolita, possui atividade anti-hepatotóxica -> dois cumestanos: wedelolactona e demetilwedelolactona; – Apresenta diferentes quimiotipos com produção irregular dos compostos de interesse; • Maytenus aquifolia e Maytenus ilicifolia: – Espécies que também apresentam quimio e morfotipos; Xilema: Transporta água e solute a longa distância, armazena nutrientes, auxilia no suporte mecânico e forma, com o floema, o sistema vasculardos vegetais. É originado no pró-câmbio. Os tipos celulares presentes no xilema são os elementos traqueais, células mais ou menos alongadas de paredes secundárias espessadas e lignificadas, com pontoações variadas e mortas na maturidade. São responsáveis pela condução da água e dos sais minerais, e podem ser divididas em: - Traqueídes -> Células cilíndricas, alongadas e com numerosos poros, tanto nas paredes laterais, como nas apicais. Não são perfuradas, possuindo somente pontoações pares; - Elementos de vaso -> Células especializadas perfuradas nas extremidades, formando um tubo (vaso). São comumente encontrados em angiospermas, mas estão ausentes na maioria das gimnospermas, como as coníferas; - Classificação do xilema de acordo com o tempo de amadurecimento dos elementos condutores: - Tipos de placas perfuradas: (Ainda em tipos celulares do xilema primário) - Fibras: Células alongadas com paredes secundárias geralmente lignificadas, cuja função envolve sustentação e eventual armazenamento de substâncias. São afiladas na extremidade e possuem paredes celulares espessadas (resultado da lignificação), podendo ser classificadas em libriformes e fibrotraqueíde; - Células parenquimáticas: Atuam, principalmente, garantindo o armazenamento de várias substâncias, como amidos, óleos, compostos tânicos e cristais, além de translocarem água e solutos. Xilema secundário: Presente em árvores e arbustos, tem sua origem no câmbio vascular; - Tipos celulares presentes no xilema secundário: - Parênquima axial: São células de formato retangular e paredes normalmente finas e não lignificadas, bem mais curtas do que os traqueídes axiais, que tem por função o armazenamento de substâncias nutritivas no lenho; - Células quadrada, ereta e procumbente: Formação do parênquima transversal, que transforma e conduz substâncias nutritivas transversalmente. Este parênquima é homogêneo quando formado por apenas um destes tipos de células ou heterogêneo quando formado por uma combinação das mesmas; - Pontoações areoladas (coníferas): Recebem este nome porque em vista frontal se mostra como uma aréola, ou seja, apresenta uma saliência de contorno circular e no centro desta encontra-se uma abertura, também circular; Floema: Principal tecido vegetal de condução de materiais orgânicos, tais como sacarose, hormônios, sais minerais e água (para frutos, folhas jovens e órgãos tuberosos). Assim como o xilema, tem sua origem no pró-câmbio (quando primário) ou no câmbio vascular (quando secundário). Os tipos celulares presentes no floema são os elementos crivados, células com áreas crivadas (pontoações modificadas) nas paredes e sem núcleo nos protoplastos adultos. São células vivas especializadas na condução da seiva elaborada, e podem ser divididas em: - Células crivadas: Células longas com áreas crivadas (pequenos poros) em todas as paredes; - Elementos de tubo crivado: Células longas com placas crivadas, principalmente nas extremidades das células. As placas crivadas são áreas crivadas especializadas, que possuem poros maiores; - Fibras: Possuem novamente função de sustentação e armazenamento, podendo ter importância comercial (Linum e Cannabis); - Células do parênquima: São células diferentes estrutural e fisiologicamente. Podem ser divididas em ordinária (não-especializadas, importantes para o armazenamento de amido, tanino e cristais) ou célula companheira (especializadas e associadas aos elementos de tubo crivado), esta que possui relação ontogenética (processo biológico de desenvolvimento dos indivíduos), papel importante na distribuição de assimilados e no comando das atividades dos elementos de tubo crivado (geração de ATP). As células companheiras dispõem-se paralelamente aos tubos crivados, comunicando-se com estes através de plasmodesmos e auxiliando-os com o transporte da seiva elaborada; Floema secundário: Responsável pelo crescimento secundário, isto é, aumento de espessura de caules e raízes de gimnospermas e eudicotiledôneas le nhosas. • Xilema x Floema: - Células condutoras mortas/ Células condutoras vivas; - Elementos de vaso e elementos de tubo crivado → Angiospermas - Traqueídeos e células crivadas → Pteridófitas e Gimnospermas - Diagnose de drogas vegetais pelo sistema vascular: • Floema secundário -> grande valor na diagnose de drogas constituídas de casca (Farmacognosia); • Cáscara-sagrada e ipê-roxo -> bainha cristalífera ladeando as fibras • Cristais de oxalato de cálcio, fibras, células pétreas, células com conteúdo especial e estruturas secretoras: canais, glândulas, tubos laticíferos; Camadas de crescimento: • Anéis de crescimento: Resultantes da atividade periódica do câmbio vascular (fenômeno sazonal). - Lenho inicial ou primaveril -> Apresenta menor densidade, com células mais largas e paredes mais delgadas; - Lenho tardio ou estival -> Apresenta maior densidade, com células mais estreitas e paredes mais espessas; - Alguns produtos obtidos do lenho: Látex, resina, xarope de maple, âmbar, guitarras e violões, arco de violino; Resumindo: • A organização dos tecidos do sistema vascular e seus tipos celulares são recursos úteis no diagnóstico de drogas vegetais. Aula 9 – Raiz, caule e folha - Anatomia A estrutura primária da morfologia interna dos caules consiste nos sistemas de tecidos dérmico, fundamental e vascular, cujas diferenças podem auxiliar no reconhecimento de diferentes espécies ou clados. No caule de dicotiledôneas, por exemplo, vemos a formação de um raio medular devido à disposição em forma circular do sistema vascular, o que delimita as regiões cortical e medular. Nas monocotiledôneas, por outro lado, o sistema vascular se encontra disperso dentro do caule de forma desordenada, o que não causa essa delimitação. - Diferenças no lenho de plantas: O lenho tardio ou estival é mais compacto e denso do que o lenho inicial ou primaveril. - Cortes histológicos (lâminas de lenho): - 1a Imagem: Seção longitudinal tangencial; - 2a imagem: Seção longitudinal radial; - 3a imagem: Seção transversal; - A) Seção transversal - B) Seção longitudinal radial; - C) Seção longitudinal tangencial Sistema de revestimento secundário: A periderme é um tecido secundário que constitui uma camada protetora substituta da epiderme dos caules, raízes e outras partes das plantas que experimentam crescimento secundário. A periderme é constituída pelo súber (tecido formado por células mortas na maturidade com a impregnação de suberina), felogênio ((câmbio da casca ou câmbio suberoso, meristema lateral que forma a periderme, produzindo súber em direção à superfície da planta e feloderme em direção ao interior) e feloderme (tecido formado pelo felogênio, que se desenvolve em direção oposta ao súber, constituindo a parte interna da periderme). - Caracterização macroscópica do lenho: • Secção transversal - Anéis de crescimento; - Pontos escuros -> canais resiníferos (Pinus); • Secção longitudinal - Formações brilhantes -> cristais; - Caracterização microscópica do lenho: • 3 tipos de cortes (transversal, longitudinal radial e tangencial) • Presença de canais resiníferos • Elementos traqueais - Tipo de pontoações e sua distribuição; - Caracterização macroscópica das cascas: •Forma • Aspecto da superfície externa - Liso, irregular (fendas), laminar (Eucalyptus), escamas (Pyrus); • Aspecto da superfície interna - Fina ou grosseiramente estriadas; - Fibrosas (Mulungu); - Pontos refringentes -> cristais no floema; • Aspecto da secção transversal - Vista desarmada ou pequena lupa; - Duas regiões com coloração distinta; A estrutura primária da morfologia interna das raízes consiste nos sistemas de tecido epidérmico, corticale cilindro vascular. O tecido epidérmico é formado por uma camada única de células e apresenta estruturas chamadas de pelos radiculares (prolongamentos de células epidérmicas que aumentam a superfície de contato e, consequentemente, a capacidade de absorção da raiz). O tecido epidérmico é formado por uma camada única de células, é responsável pela absorção de água e nutrientes do solo e pela proteção da raiz. O tecido cortical ou córtex é a região entre a epiderme e o cilindro vascular que tem origem a partir do meristema fundamental e é formado por células parenquimáticas, isodiamétricas de paredes delgadas, com numerosos espaços intercelulares. A camada interna do córtex diferencia-se em endoderme e ocasionalmente em exoderme, esta última que consiste em uma ou mais camadas de células diferenciadas formadas na periferia do córtex logo abaixo da epiderme. A endoderme é a camada celular uniserial da raiz vegetal primária que separa o córtex do cilindro central das plantas vasculares, sendo, portanto, a camada mais interna daquele. Suas paredes anticlinais radiais e transversais formam as estrias de Caspary, fitas de suberina que forçam a passagem de água e solutos oriundos da camada externa do córtex a atravessar as células da endoderme. A endoderme pode estar presente também no caule, onde, contudo, é muito pouco visível. O cilindro vascular é delimitado externamente pelo periciclo, que pode ser uni ou multisseriado e dar origem às raízes laterais, ao felogênio e à parte do câmbio vascular. Em estrutura primária, a raiz apresenta o floema e o xilema como cordões individuais, distribuídos alternadamente na periferia do cilindro vascular. - Periciclo: Parênquima ou esclerênquima que origina raízes laterais, câmbio vascular e câmbio suberoso; - Diferença das raízes de monocotiledôneas e eudicotiledôneas: monocotiledôneas possuem sistema de raízes fasciculadas,ou seja, não há diferenciação entre uma raíz principal e laterais. Em contrapartida, nas eudicotiledôneas, o sistema radicular é pivotante (ou axial), onde é possível distinguir uma raiz principal de outras laterais. - Caracterização microscópica de raízes medicinais: • Raízes de Eudicotiledôneas - Em geral são de natureza secundária. Ex.: Ipecacuanha; - Estudo de casca e lenho - Inclusões: grãos de amido, mucilagens, inulina, cristais de oxalato de cálcio; canais secretores, fibras e esclereídeos • Raízes de Monocotiledôneas - Inclusões de oxalato de cálcio (rafídes) e células secretoras. - Ex: Salsaparrilha e veratrum Morfologia interna das folhas: -Face adaxial: “frente” da folha; - Face abaxial: “verso” da folha; - Organização do mesófilo de folhas de eudicotiledônea e monocotiledônea: - Características na folha importantes na diagnose de drogas vegetais: • Tipo, distribuição e frequência de estômatos; • N° de estratos celulares; • Compactação das células; • Contorno celular e espessamento da parede; • Inclusões inorgânicas → drusas, rafideos, estiloides, cristais prismáticos e areia cristalina; Resumo: Anatomia de órgãos vegetativos ● Raiz – Organização histológica: Monocotiledôneas x eudicotiledôneas; – Endoderme x periciclo; ● Caule – Crescimento primário: Monocotiledôneas x eudicotiledôneas; – Crescimento secundário: Angiosperma x Gimnosperma; ● Folha – Organização histológica: Monocotiledôneas x eudicotiledôneas; Aula 10 – Técnicas Cito-histológicas Muitas drogas são constituídas por órgãos vegetais ou partes dos mesmos, como as raízes da Ipecacuanha, os caules de hidraste e gengibre, as folhas de boldo e jaborandi, as flores de camomila e arnica, os frutos de erva-doce e funcho ou as sementes de castanha-da-índia e guaraná. O controle das drogas de origem vegetal compreendea identificação da droga por meio da caracterização de sua morfologia externa (dados organográficos), morfologia interna (estudo anatômico), propriedades organolépticas (cor, odor, textura, tipo de fratura, etc), propriedades histoquímicas (testes histoquímicos para identificação de grupos químicos de interesse) e propriedades fitoquímicas (isolamento, purificação e elucidação estrutural dos princípios ativos). • Análise macroscópica: Caracterização organoléptica (cor, odor, textura) e da morfologia externa; • Análise microscópica: Hidratação das drogas secas inteiras ou rasuradas após obtenção da amostra, realização de cortes à mão livre com auxílio de lâminas de barbear seguido de técnicas de coloração e comparação com padrões de Farmacopeias e outras obras de referência; - Metodologia adequada: - Hidratação do material; - Variações teciduais na estrutura interna dos órgãos vegetais; Muitas drogas são fornecidas sob a forma de pó, o que abre espaço para um grande número de adulterações. Analisam-se estas em microscopia ótica com o auxílio das técnicas cito-histológicas, que são o conjunto de práticas destinadas a preparar materiais de origem vegetal para o estudo microscópico. Metodologia para análise: • Obtenção de amostras -Material fresco; – Material completamente seco (drogas vegetais); - Necessário reidratar em Fervura lenta com solução de reidratação ( duas partes de álcool 50°GL e uma de glicerina) -> material deposita-se no fundo: • Cortes histológicos da amostra Os cortes podem ser preparados de três formas: - Lâmina a fresco: Material é coletado, fixado, conservado (desidratação por parafina e historresina ou tratamento com PEG), cortado e inserido em lâmina; - Lâmina semi-permanente: Material é coletado, fixado, conservado (desidratação por parafina e historresina ou tratamento com PEG), cortado, hidratado, corado e inserido em lâmina; - Lâmina permanente: Material é coletado, fixado, conservado (desidratação por parafina e historresina ou tratamento com PEG), cortado, hidratado, corado, novamente desidratado e inserido em lâmina; • Marcha de coloração • Montagem de lâminas •Observação ao microscópio de luz - Reagentes utilizados em testes histoquímicos: São soluções que têm a propriedade de reagir com os compostos químicos nos tecidos, produzindo uma reação colorida, a notar: – Iodo -> para identificação de amido; – Sudan III e IV -> para identificação de óleos; – Floroglucina clorídrica -> para identificação de lignina; – Cloreto férrico -> para identificação de compostos fenólicos; – Ácido acético -> para solubilização de cristais de carbonato de cálcio (solubilidade); – Ácido hidroclórico -> para solubilização de cristais de oxalato de cálcio (solubilidade); – Fenol com óleo de cravo -> para coloração de sílica; – Ácido fluorídrico -> para solubilização de sílica; – Reativo de Steinmetz -> para identificação de amido (azul violáceo), óleo (vermelho), suberina (amarelo pardo), lignina (amarelo ouro intenso), celulose (amarelo esverdeado) e tanino (azul claro). - Plantas medicinais e testes histoquímicos: Plantas medicinais despertam interesse pela abundância de estruturas secretoras como idioblastos, cavidades, canais laticíferos e tricomas glandulares, que produzem secreções ricas em terpenos, alcaloides e compostos fenólicos. A identificação de plantas medicinais pode ser feita por testes histoquímicos onde os compostos são identificados in situ. - Diafanizadores: Líquidos que têm a função de descorar cortes histológicos sem afetar a estrutura da amostra. Ex.: Solução comercial de hipoclorito (água sanitária), solução de NaOH (15%, 20%, 25%...); - Neutralizadores: Líquidos que neutralizam a ação dos líquidos diafanizadores. Ex.: Água acética a 1/500 (ou água acidulada); - Corantes: Substâncias que impregnam e coram as estruturas. Ex.: Safranina (cora paredes lignificadas), azul de Astra (Astrablau, cora paredes celulósicas), azul de metileno, azulde toluidina (corante metacromático que se torna azul na presença de lignina, e roxo na presença de celulose) e safrablau; - Diferenciadores: Retiram o excesso de corante que impregna os tecidos. Ex.: Água destilada; - Meios de montagem: – Água destilada – empregada em cortes sem nenhum tipo de tratamento; – Glicerina 50% – Faz a lamínula aderir fortemente à lâmina. Não evapora rapidamente; – Bálsamo do Canadá – empregado em preparações definitivas, isto é, cortes submetidos ao processo de desidratação. É um meio isento de água; - Lutagem: Método de vedação das lamínulas. Ex.: Parafina ou esmalte incolor; - Etiquetagem: Nome da planta, tipo de corte, região do corte, coloração, meio de montagem e data; - Princípios da microscopia ótica: para desligar corretamente o microscópio deve-se posicionar a objetiva de 4x para baixo, diminuir a intensidade da luz utilizando o potenciômetro e só então desligar o interruptor. - No início e durante as práticas, deve-se: – Secar, cuidadosamente, as lâminas e lamínulas de vidrocom pano TNT ou similar; – Tomar cuidado ao manusear as lâminas de barbear – por isso preste atenção nas técnicas que serão passadas no início da aula prática; – Usar lâminas de barbear velhas para cortar pedaços maiores dos órgãos, e novas para fazer as secções histológicas; – Deixar sempre os pincéis de molho em água durante a marcha de coloração. - Ao final das práticas, deve-se: - Lavar TODAS as vidrarias e deixar sobre a bancada da pia secando; - Fazer a limpeza da bancada com papel e álcool 70%;
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