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Exame Físico do Aparelho Respiratório 1. Inspeção 1.1 Estática ® Forma do tórax: normal, chato, cifótico (encurvamento da coluna torácica), instável traumático, pectus escavatum (infundibiliforme ou com depressão a nível esternal), pectus carinatum (saliência a nível esternal), cifoescoliótico (encurvamento posterior da coluna torácica), em barril (diâmetro anteroposterior se iguala ao transversal), piriforme (inferior alargado), escoliótico (tórax em S) ® Abaulamentos: ausentes ou presentes (localização) ® Depressões: ausentes ou presentes (localização) Normalidade: tórax atípico, ausências de abaulamentos, depressões e lesões elementares de pele torácica. 1.2 Dinâmica ® Tipo respiratório: costal superior/torácica (normal), abdominal ® Ritmo respiratório: apneia (pausa >10s), suspirosa, ortopneia (dispneia em decúbito), tropopneia (dispneia em dec. lateral), Cheyne-Stokes (hiperventilação com apneia central), Biot (respiração irregular e apneias), Kussmaul (rápida e profunda) ® Frequência respiratória: eupneico (12-20mrpm), taquipneico (>20mrpm), bradipneico (<12mrpm) ® Amplitude dos movimentos respiratórios: amplitude normal, superficial ou profunda ® Expansibilidade dos pulmões: simétrica ou assimétrica ® Tiragem: retração respiratória dos espaços intercostais, supra-esternal, supraclavicular. (pres/aus) ® Cornagem: ruído auscultatório intenso e de timbre grave sob o tórax (obstrução alta). (pres/aus) ® Musculatura acessória: esforço respiratório grave, incluindo batimentos de asas de nariz (pres/aus) Normalidade: eupneico, amplitude respiratória normal, expansibilidade simétrica e preservada bilateralmente à inspeção, sem esforço respiratório (tiragem ou musculatura acessória ausentes), ausência de cornagem. 2. Palpação ® Estrutura da parede torácica: normal ou anormal. (particularidades) ® Expansibilidade pulmonar: Fossa supraclavicular. Normalidade: expansibilidade preservada bilateralmente, mãos angularmente iguais. ® Frêmito toracovocal: sensação tátil das vibrações da caixa torácica durante fonação (33). (destacar se distribuição é usual ou onde é aumentado/diminuído/abolido) Também é possível avaliar por ausculta. Normalidade: FTV uniformemente palpável bilateralmente. Normalidade: Parede torácica normal, expansibilidade preservada bilateralmente à palpação, FTV uniformemente palpável bilateralmente. § OBS: patologias pleurais diminuem FTV e patologias pulmonares aumentam FTV. 3. Percussão Determina se os tecidos estão cheios de ar, líquido ou se são sólidos. Técnica: digito-digital (falanges distais do dedo médio). Analisar se o som pulmonar é claro e com distribuição usual. Se não, classificar e localizar. § Maciço: regiões sólidas, sem ar (baço, coração, fígado, músculo). Sensação de dureza/resistência § Submaçico: regiões relativamente densas, com pouco ar (intestino) § Timpânico: cavidades fechadas e presença de ar (intestino, estômago). Sensação de elasticidade § Hipersonoridade pulmonar: timpânico mais fechado, como um misto entre maciço e timpânico Normalidade: som claro pulmonar e distribuição usual à percussão. 4. Ausculta Técnica: paciente sentado com mãos no joelho, tórax despido. Auscultar posterior (vesicular), lateral e anterior (traqueal, bronquial, broncovesicular e vesicular). Normalidade: Murmúrio vesicular fisiológico universalmente audível sem ruídos adventícios. Estertores finos ou crepitantes: final da inspiração, agudos e curtos. Podem ser comparados ao atrito de cabelo ou velcro. São produzidos pela abertura de vias respiratórias devido à pressão exercida pela presença de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar (pneumonia) ou por alteração do tecido de suporte das paredes brônquicas (doenças intersticiais). Estertores grossos ou bolhosos: no início da inspiração e durante toda a expiração. Originados pela abertura e fechamento das vias contendo secreção viscosa e espessa ou pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. Comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias. Roncos e sibilos: na inspiração ou na expiração (mais comum). Originam-se nas vibrações das paredes brônquicas quando há estreitamento, seja por espasmo ou edema da parede ou achado de secreção aderida, como ocorre na asma brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas. Estridor: semiobstrução da laringe ou traqueia. Muito audível, mesmo sem estetoscópio. Síndromes Broncopulmonares e Pleurais Asma brônquica: inflamação crônica de hiper-reatividade de vias inferiores com limitação do fluxo respiratório devido estreitamento difuso de vias de pequeno calibre por edema mucosa, broncoespasmo e hipersecreção, gerando crises de dispneia, chieira, tosse, expectoração mucoide e espessa. ® Inspeção: dispneia, uso músculos acessórios, tórax em posição de inspiração profunda e tiragem. ® Palpação: FTV normal ou diminuído. ® Percussão: normal ® Ausculta: diminuição do murmúrio com expiração prolongada, sibilos. Bronquite: causada por diversos microorganismos. Causa ronco, tosse seca, expectoração mucosa a mucopurulenta se houver infecção secundária. ® Não se observa nada de anormal à inspeção, palpação e percussão. ® Ausculta: estertores grossos em ambos os pulmões. Bronquiectasia: dilatação dos brônquios em consequência da destruição de componentes da parede desses ductos e dos tecidos de sustentação. Gera tosse produtiva com expectoração mucopurulenta. ® Redução da expansibilidade nas bases. ® Ausculta: estertores grossos. Broncopneumonia: Lesões brônquicas com comprometimento alveolar pelo processo inflamatório. ® Ausculta: estertores finos nas áreas de foco de broncopneumonia. Consolidação pulmonar: ocupação dos espaços alveolares por células e exsudato decorrente de pneumonias, infarto pulmonar ou tuberculose. ® Inspeção: expansibilidade diminuída. ® Palpação: expansibilidade diminuída e FTV aumentado. ® Percussão: submacicez ou macicez. ® Ausculta: broncofonia, pectorilóquia e estertores finos Atelectasia: colapso alveolar provocado por obstrução de vias aéreas ou por compressão dos pulmões (cardiomegalia, derrame pleural, neoplasias, pneumotórax). Gera dispneia, desconforto e tosse seca. ® Inspeção: retração do hemitórax e tiragem. ® Palpação: expansibilidade diminuída e FTV diminuído ou abolido. ® Percussão: submacicez ou macicez. ® Ausculta: ressonância vocal diminuída. Enfisema pulmonar: hiperaeração com perda de elasticidade, gerando dispneia. ® Inspeção: expansibilidade diminuída e tórax em tonel em casos avançados. ® Palpação: expansibilidade diminuída, FTV diminuído ® Percussão: sonoridade pulmonar normal no início, hipersonoridade em casos graves. ® Ausculta: murmúrio vesicular diminuído, expiração prolongada e ressonância vocal diminuída. Congestão passiva dos pulmões: causada principalmente por insuficiência ventricular esquerda. O líquido acumula-se no interstício, causando dispneia de esforço, de decúbito e paroxística noturna, além de tosse seca e, as vezes, chieira. ® Inspeção: expansibilidade normal. ® Palpação: expansibilidade e FTV normais. ® Percussão: submacicez nas bases pulmonares. ® Ausculta: estertores finos nas bases e ressonância vocal normal.